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SEMIOLOGIA DO IDOSO II

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1 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
 
 
 
Para uma avaliação mais qualitativa e funcional da saúde do idoso é preciso individualizá-lo de forma a promover um melhor 
atendimento. 
A avaliação clínica deve ser individualizada em cada fase da vida. Muitas condições peculiares nessa faixa etária, como as 
demências e as quedas, passam despercebidas ou são mal dimensionadas pela avaliação clínica padrão. 
O processo diagnóstico e, por vezes de direcionamento terapêutico do idoso é conhecido como “Avaliação Geriátrica Ampla” (AGA). 
É sempre multidimensional, frequentemente interdisciplinar e tem por objetivo determinar as deficiências e 
incapacidades apresentadas pelo idoso, objetivando o planejamento do cuidado e de acompanhamento a longo prazo. 
Ela integra o processo clínico padrão, mas enfatiza a avaliação da capacidade funcional e da qualidade de vida. Parâmetros 
objetivos de avaliação, com escalas e questionários padronizados, são muitas vezes empregados para esse fim. 
 
 
O primeiro passo para identificar qual paciente idoso mais se 
beneficiaria da AGA, é a estratificação em níveis de risco 
para declínio funcional. Uma das formas é a ferramenta IVCF. 
Trata-se de um instrumento conciso, fácil de ser utilizado e 
que possui boa correlação com a AGA. 
O IVCF avalia oito dimensões: 
 a idade; 
 a auto-percepção da saúde; 
 as atividades de vida diária (três AVD instrumentais e 
uma AVD básica); 
 a cognição; 
 o humor/comportamento; 
 a mobilidade (alcance, preensão e pinça; capacidade 
aeróbica/muscular; marcha e continência esfincteriana); 
 a comunicação (visão e audição) e; 
 a presença de comorbidades múltiplas, representada por 
polipatologia, polifarmácia e/ou internação recente. 
 As perguntas podem ser respondidas pelo idoso ou por alguém que conviva com ele. É importante que as respostas sempre 
sejam confirmadas pelos cuidadores, pois, muitas vezes, o idoso com déficit cognitivo pode não perceber o problema e não 
apresentar queixa de memória ou de perda funcional nas atividades de vida diária. 
S A Ú D E D O I D O S O 
avaliação geriátrica ampla 
 
2 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 Cada pergunta recebe uma pontuação específica, de acordo com o desempenho do idoso, no total de 40 pontos. Além das 
perguntas, algumas medidas, como a circunferência da panturrilha, a velocidade da marcha e o peso/índice de massa corporal, 
são incluídas para aumentar o valor preditivo do instrumento. 
E S C O R E A pontuação gera três classificações: de 0 a 6 pontos, o idoso tem provavelmente baixa vulnerabilidade 
clínico-funcional, e não necessita de avaliação e acompanhamento especializados; de 7 a 14 pontos, verifica-se risco 
aumentado de vulnerabilidade, que vai apontar necessidade de avaliação mais ampla e atenção para identificação e tratamento 
apropriado de condições crônicas; com 15 ou mais pontos, considera-se alto risco de vulnerabilidade ou mesmo fragilidade 
instalada, que exigem avaliação ampliada. 
 
3 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma vez identificados os indivíduos de moderado e alto risco clínico-funcional, é essencial a AGA. 
Existem diversos modelos disponíveis no Brasil. De forma a avaliar cada um de seus componentes, 
descreveremos em detalhes aqui o modelo sugerido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia 
(SBGG), disponível no site da sociedade. 
 
4 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
I D E N T I F I C A Ç Ã O : 
Na identificação, já é possível perceber nuances da 
avaliação do idoso. 
A situação conjugal e o local de residência podem 
ser marcadores de vulnerabilidade social e de 
saúde, na medida em que viúvos e residentes de 
instituições de longa permanência tendem a ter 
piores desfechos em várias condições de saúde. 
Outros pontos relevantes são a escolaridade e as 
fontes de renda, medida para acesso e aderência 
aos tratamentos. 
Aspectos religiosos são importantes, tanto pelo 
engajamento social, quanto na perspectiva da preparação para o fim da vida. 
D I A G N Ó S T I C O S / M E D I C A M E N T O S : 
 Na pessoa idosa, a presença de comorbidades é a regra. A coexistência de mais de uma doença torna 
novos diagnósticos e as intervenções terapêuticas mais complexos. 
 Um inventário com os problemas mais relevantes para aquele indivíduo norteia as futuras condutas, 
bem como permite a comunicação com outros integrantes da equipe que assistem o paciente, assim 
como o estadiamento de cada uma das principais doenças. 
 Entre as intervenções em saúde, o uso de medicamentos é a principal forma de iatrogenia no idoso. 
 Pessoas idosas frequentemente utilizam muitos medicamentos, prescritos por diferentes médicos, 
adquiridos de parentes ou nas farmácias, o que aumenta o risco de interações medicamentosas e 
eventos adversos. Todos os fármacos em uso devem ser revistos a cada encontro com o paciente. 
 O melhor método para se detectar risco de problemas relacionados a medicamentos é pedir ao idoso 
que traga todos medicamentos à consulta, incluindo vitaminas, herbais e aqueles adquiridos por outra 
via que não a prescrição médica. 
 POLIFARMÁCIA é o termo que indica o uso 
concomitante de cinco ou mais 
medicamentos, que marca o aumento do risco 
de ventos adversos relacionados a fármacos. 
 
 
D I M E N S Ã O F U N C I O N A L : 
 
5 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
Funcionalidade é a capacidade de gerir a própria vida e de 
cuidar de si mesmo. Uma pessoa é considerada saudável 
quando é capaz de realizar suas atividades sozinha, de 
forma independente e autônoma, ainda que tenha doenças. 
A perda de funcionalidade não é natural à medida que 
envelhecemos e exige investigação e intervenções 
apropriadas. Um idoso deve ser avaliado em três níveis de 
funcionalidade: 
 nas atividades da vida diária (AVD ́s) básicas, aquelas 
desempenhadas para o autocuidado; 
 as AVD ́s instrumentais, aquelas relativas à habilidade 
para manter de modo independente as atividades 
domésticas; 
 as AVD ́s avançadas, relativas aos papeis sociais, 
comunitário ou laboral. 
A seguir, relacionamos, nas tabelas 2 e 3, dois instrumentos 
simples de avaliação das AVD ́s básicas e instrumentais, amplamente utilizadas no nosso meio e indicadas na diretriz da SBGG. 
 
 
 
6 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
Ressalta-se aqui a pesquisa de incontinências, condições 
comuns e com grave repercussão na vida do idoso. São 
definidas com a perda involuntária de urina ou de fezes, 
quase sempre com problemas sociais graves.. 
 
Sua intensidade pode variar desde episódios ocasionais de 
gotejamento de pequenas quantidades de urina até a 
incontinência urinária (IU) e/ou fecal contínuas. A saúde 
física, o bem-estar psicológico, as condições sociais e os 
custos com a assistência à saúde podem ser afetados 
negativamente pelas incontinências. 
Muitas das incontinências são tratáveis, desde que 
devidamente reconhecidas. 
 
Adicionalmente às medidas de avaliação de independência 
para AVD ́s, é importante determinar o risco de quedas, que 
está intrinsecamente relacionado à marcha. Por si só, a 
redução da mobilidade e os distúrbios da marcha são 
marcadores de pior prognóstico no idoso. 
 
Todo idoso deve ser inquirido ativamente quanto à 
ocorrência de quedas. Mais de um evento no último ano, uma 
ou mais quedas com lesões secundárias, o idoso que refere 
desequilíbrio e o desequilíbrio detectado no exame físico são 
preditores de risco aumentado de quedas e indicam 
necessidade de avaliação pormenorizada. 
 
Testes específicos podem auxiliar na avaliação, sobretudo 
por torná-la mais objetiva e para se observar resposta aos 
tratamentos. A descrição desses testes pode ser vista na 
tabela 4.7 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
A V A L I A Ç Ã O N E U R O P S I C O L Ó G I C A : 
A Incapacidade Cognitiva é um dos principais problemas da saúde do idoso. 
O termo cognição refere-se ao conjunto das capacidades mentais superiores. Todas às vezes, em que há um comprometimento 
dessas funções, capaz de prejudicar ou mesmo impedir a pessoa de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo, há Incapacidade 
Cognitiva. 
Termos como “confusão” e “lucidez” são muito amplos e imprecisos e têm pouca utilidade clínica. 
Todo paciente acima de 60 anos, sobretudo aqueles com suspeita de Incapacidade Cognitiva, devem ser avaliados globalmente, uma 
vez que comorbidades frequentemente são causa ou fator de piora da cognição. 
A anamnese e o exame físico devem, portanto, ser abrangentes. 
O histórico de medicamentos, o uso de drogas lícitas ou ilícitas, trauma crânio-encefálico e doenças psiquiátricas devem ser 
investigados, assim como internações hospitalares e outras intervenções terapêuticas. 
Também é fundamental a avaliação quanto à presença de depressão, uma vez que ela pode ser causa ou associar-se a outras causas 
de deterioração da cognição. Instrumentos como a Escala de Depressão Geriátrica são úteis para rastreamento dessa condição 
(tabela 5). 
Juntamente com a avaliação das atividades da vida diária e o 
rastreamento de depressão, testes simples de avaliação da 
cognição podem ser realizados em qualquer contexto e fornecem 
importantes parâmetros sobre o status cognitivo do idoso. 
A tabela 6 relaciona alguns dos testes mais empregados, seus 
componentes e a maneira de interpretá-los. Deve ser ressaltado 
que nenhum resultado dos testes de avaliação cognitiva 
comprova ou afasta definitivamente o diagnóstico de demência. 
A avaliação global do quadro clínico, associado com a 
observação de desempenho em atividades da vida diária é 
essencial. 
 
 
 
 
 
8 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
 
A V A L I A Ç Ã O N U T R I C I O N A L : 
O estado nutricional alterado associa-se a inúmeras doenças no 
idoso, piora seu prognóstico e também a qualidade de vida. 
Por outro lado, um bom cuidado nutricional parece estar 
diretamente relacionado ao envelhecimento bem-sucedido. 
Há várias formas de se identificar o idoso que se encontra em risco 
ou com comprometimento nutricional. A triagem pelo questionário 
de Mini Avaliação Nutricional (tabela 7) pode ser um ponto de 
partida. 
 
O principal parâmetro antropométrico útil à avaliação nutricional no idoso é o índice de massa corporal (IMC), obtido dividindo-se o 
peso corporal (kg) pela altura ao quadrado (m2). Tanto o baixo peso quanto o sobrepeso têm efeitos deletérios conhecidos para a 
saúde geral. Importante ressaltar que os valores do IMC aumentam com o passar da idade, uma vez que a adiposidade aumenta, 
mesmo com o peso estável. 
Consequentemente, para os idosos, sugerem-se diretrizes de idade-específica para o IMC, que compreende o intervalo entre 22 e 
27kg/m2. Valores de IMC abaixo de 22 e acima de 27 devem ser considerados como risco potencial para deterioração da saúde geral. 
 
9 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
Outra medida útil, que avalia não somente o estado nutricional, mas também a capacidade funcional e o risco de quedas, é a 
circunferência da panturrilha (CP). Uma CP inferior a 31 cm é considerada, atualmente, o importante indicador clínico de sarcopenia, 
risco de incapacidade funcional e de queda. 
R I S C O C A R D I O V A S C U L A R E A L C O O L I S M O : 
Apesar da prevalência de tabagismo hoje ser menor em idosos, quando comparados aos adultos mais jovens, a carga tabágica maior 
implica maior risco para doenças relacionadas ao cigarro. 
Há benefícios em parar de fumar, mesmo na idade avançada. Quando uma pessoa para de fumar aos 65 anos, estima-se que homens 
aumentem a expectativa de vida em 1,4-2,0 anos e mulheres, em 2,7-3,4 anos. 
Em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, sua maioria composta de idosos, a melhora sintomática após a cessação do 
tabaco é evidente. 
O hábito de tabagismo deve ser avaliado em toda pessoa idosa, assim como o aconselhamento e o tratamento para a cessação do 
tabagismo. 
Aproximadamente, 15% dos idosos evoluem com problemas de saúde relacionados ao consumo de álcool, sobretudo por sua interação 
com medicamentos e condições crônicas. Dois a quatro por cento preenchem critérios para alcoolismo. O uso de bebidas alcoólicas 
pode impactar negativamente na funcionalidade e na cognição. 
Fatores de risco para abuso de álcool em idosos incluem: 
 luto 
 depressão, 
 ansiedade 
 dor 
 incapacidade física e 
 história prévia de abuso de bebidas alcoólicas. 
O aconselhamento médico é efetivo na redução do uso de álcool e deve sempre ser utilizado. Na medida em que não há níveis seguros 
ou benéficos para consumo de álcool bem determinados, esse não deve ser uma recomendação para manutenção da saúde de idosos. 
Um idoso fisicamente ativo tende a ser mais saudável quando 
comparado ao sedentário. Os benefícios da atividade física vão 
além da prevenção de doenças cardiovasculares. 
Qualquer quantidade de atividade física é melhor que nenhuma 
e nunca é tarde para se tornar fisicamente ativo. Portanto, é 
essencial delimitar o tipo, a frequência e a intensidade das 
atividades físicas praticadas, incluindo as aeróbicas, de flexibilidade, fortalecimento muscular e equilíbrio. 
O incentivo à prática de atividades físicas para o idoso sedentário deve ser sempre feito, adaptadas às condições crônicas e de 
funcionalidade de cada indivíduo. 
D É F I C I T S S E N S O R I A I S E S O N O : 
Mudanças na acuidade visual e auditiva seguem invariavelmente o envelhecimento. A baixa acuidade visual é um fator de risco para 
quedas e, em alguns estudos, está associada a aumento da mortalidade. 
 
10 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
O impacto na perda visual em qualidade de vida é significativo, e muitas de suas causas são potencialmente tratáveis. É importante 
que o idoso faça uma avaliação oftalmológica a cada um ou dois anos, para se identificarem lesões que exijam tratamentos 
específicos. 
A perda auditiva é a terceira condição crônica que mais interfere na qualidade de vida do idoso, atrás apenas da hipertensão e da 
osteoartrose. São consequências da presbiacusia, depressão, isolamento social, aumento do risco de hospitalização, declínio 
cognitivo e perda funcional. 
A audiometria tonal é o teste de escolha para avaliação de perdas auditivas, mas testes simples como o de sussurro são sensíveis e 
específicos na detecção de perdas auditivas relevantes. A identificação pode, assim, direcionar para os tratamentos adequados. 
Aproximadamente 50% dos idosos referem dificuldade para dormir. A piora do sono não é consequência do envelhecimento, mas de 
doenças que o acompanham, maior número de medicamentos e aumento da incidência de doenças específicas do sono. 
O histórico de dificuldades para dormir e um registro dos padrões de sono são, em geral, suficientes para diagnóstico e 
direcionamento do tratamento. 
A melhora desses problemas resulta na melhora significativa da qualidade de vida e na funcionalidade diurna dos idosos. 
A vacinação está diretamente relacionada à melhor qualidade e à 
expectativa de vida. 
Pessoas imunocompetentes têm mais condições de enfrentar 
adversidades associadas à ação de vírus e bactérias, portanto, é um 
grande equívoco negligenciar a prevenção de danos à saúde por meio de vacinas, independentemente da faixa etária. 
De modo geral, todas as vacinas podem ser aplicadas aos idosos. Algumas requerem precauções especiais, como é o caso da vacina 
do sarampo, da caxumba, da rubéola, da varicela e da febre 
amarela, compostas de vírus vivos atenuados. 
Os principais objetivos da vacinação em idosos são evitar doençasinfecciosas potencialmente graves; reduzir a suscetibilidade e o 
risco de quadros infecciosos graves pela presença de 
comorbidades; prevenir a descompensação de doenças crônicas 
de base causada por doenças infecciosas; melhorar a qualidade e a expectativa de vida. 
Um dos principais determinantes em saúde do idoso é o grau 
de suporte social, sobretudo no âmbito familiar. 
Com o evoluir das perdas funcionais, isso fica mais evidente, e 
a presença de cuidadores, sejam formais ou informais, se faz 
essencial para o cumprimento de qualquer plano de cuidado. 
Para se avaliar o grau de suporte social, no paciente sem déficit cognitivo grave, recomenda-se o questionário APGAR da família, 
destinado a refletir a experiência do idoso com seus relacionamentos mais próximos. 
 
11 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
O acrônimo APGAR, proveniente da língua Inglesa, é de Adaptação (“adaptation”), Participação (“partneship”), Crescimento (“growth”), 
Afeição (“affection”) e Resolução (“resolution”). 
 
 
O paciente assinala uma das três escolhas, as quais têm a seguinte pontuação: 
 2 pontos para "Quase sempre", 1 ponto para "Às vezes", e 0 para "Raramente". Os pontos para cada uma das cinco 
questões são totalizados. 
 O resultado de 7 a 10 sugere uma família altamente funcional. 
 O resultado de 4 a 6 sugere uma família moderadamente disfuncional. 
 O resultado de 0 a 3 sugere uma família gravemente disfuncional. 
 
 Conhecidas como os 5 is 
 Insuficiência cognitiva 
 Incontinência urinária e/ou fecal 
 Instabilidade postural e quedas 
 Imobilidade 
 Iatrogenia 
 Sarcopenia/fragilidade 
• geralmente têm múltiplas etiologias 
• não constituem risco de vida eminente, mas 
associam-se a maior mortalidade 
• podem ocorrer concomitantemente e compartilham 
fatores de risco entre si 
• Associam-se a perda de funcionalidade e 
comprometem a qualidade de vida 
 
 
12 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
 
 
Uma das medidas adotadas para a adequação da atenção aos idosos é o rastreamento de problemas de saúde por meio de 
ferramentas padronizadas, possibilitando a identificação de pacientes que necessitam de intervenções específicas e 
individualizadas, de acordo com o problema apresentado. Realizado numa etapa prévia à consulta médica, com questionários e 
técnicas passíveis de serem utilizados por diferentes profissionais de saúde, o rastreamento de transtornos nos níveis físico, mental 
e social possibilita a otimização dela. 
Embora se perceba a necessidade de avaliação global dos idosos, não são muitos os instrumentos capazes de realizar a triagem de 
várias funções ao mesmo tempo, por exame direto. É possível identificar na literatura abordagens por telefone e questionários de 
autoavaliação, estratégias de eficácia questionável em regiões onde predominam a pobreza e a baixa escolaridade, onde o exame 
objetivo traria mais benefícios. 
Outros instrumentos multidimensionais têm sido elaborados, como o de Overcash et al destinado, segundo os autores, ao “pré-
rastreamento” de idosos atendidos em serviços de oncologia. Focalizada em apenas quatro dimensões, esta “AGA abreviada” (AGA-
a), de acordo com os autores, contém os 19 elementos com a maior correlação item-escala de instrumentos de avaliação de AVDs 
(3), AIVDs (4), depressão (4) e cognição (8), dentre os quais o MEEM e a Escala de Katz. Subescores para cognição e depressão indicam 
a necessidade de aplicar todo o instrumento, mas com relação à capacidade funcional, não há pontos de corte e a necessidade de 
assistência em qualquer função implica em avaliação completa da dimensão. 
 
13 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
orientação 
• Dias da semana (1 ponto) 
• Dia do mês (1 ponto) 
• Mês (1 ponto) 
• Ano (1 ponto) 
• Hora (1 ponto) – aceitar erro de até 60 min 
• Local específico (1 ponto) 
• Instituição (casa ou rua) (1 ponto) 
• Bairro ou rua próxima (1 ponto) 
• Cidade (1 ponto) 
• Estado (1 ponto) 
registro 
 Repetir as palavras (3 pontos): 
• vaso 
• carro 
• tijolo 
 (Pontue as palavras repetidas na primeira tentativa. Se houver erros, repita até 3 vezes para o aprendizado). 
cálculo 
 Sete seriado: 
• 100-7= 
• 93-7= 
• 86-7= 
• 79-7= 
• 72-7= 
• 65.... 
 
14 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 (Se houver erro prossiga a partir do número correto. Considere correto se o indivíduo se corrigir espontaneamente). 
 MEMÓRIA DE EVOCAÇÃO (3 pontos) 
linguagem 
 Aponte para um lápis e um relógio (2 pontos) 
 Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” (1 ponto) . 
 COMANDO DE 3 ESTÁGIOS (3 pontos) . 
• (Pegue o papel com a mão direita, dobre no meio e coloque no chão) 
 LER E OBEDECER À FRASE FECHE OS OLHOS 
 ESCREVER UMA FRASE QUE FAÇA SENTIDO (1 ponto) 
 COPIE O DESENHO ABAIXO (1 ponto) 
 
resultado 
Normal: >=26pontos (8 ou + anos de escolaridade); 22 pontos (4 anos); 18 (analfabeto). 
Uma pontuação > 5 indica rastreio positivo para 
transtorno depressivo 
Pontuação > 8 depressão moderada 
Pontuação > 10 depressão grave 
 
 
 
 
 
15 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
 
O objetivo do cálculo do risco cardiovascular global é identificar os indivíduos que devem ser aconselhados e que devem receber 
tratamento para prevenir a doença cardiovascular, bem como estabelecer o nível de agressividade da terapêutica. 
a quem deve calcular o risco cardiovascular global? 
O risco cardiovascular global deve ser calculado nos indivíduos considerados em risco de desenvolver doença aterosclerótica, ou seja, em 
prevenção primária da doença cardiovascular. Estes indivíduos são os que têm fatores de risco mas ainda sem doença estabelecida. 
Os indivíduos com doença aterosclerótica estabelecida, são considerados de alto risco e devem ser abordados de forma intensiva, tratando todos 
os factores de risco agressivamente. Os doentes com Diabetes Mellitus (DM)tipo 2, os com Diabetes Mellitus tipo 1 com microalbuminúria, os 
indivíduos com níveis muito elevados de um único fator de risco, os com aneurisma da aorta abdominal ou com Insuficiência Renal Crónica são 
considerados, em termos de risco cardiovascular global, equivalentes aos doentes com doença cardiovascular estabelecida e devem ser 
abordados como de alto risco. 
Nos casos considerados de alto risco, o cálculo do risco cardiovascular global não é utilizado para avaliar o grau de risco, uma vez que esse já 
é conhecido, mas pode ser útil para avaliar o benefício das intervenções terapêuticas usadas, ao permitir comparar um valor prévio de risco 
com um segundo, obtido após terapêutica. 
como calcular? 
Para calcular o risco cardiovascular global, e de acordo com as European Guidelines on Cardiovascular Disease Prevention, 1 deve fazer-se a 
avaliação dos seguintes parâmetros: 
 Anamnese: história de doença cardiovascular prévia, história familiar de doença cardiovascular prematura, tabagismo, hábitos 
dietéticos, actividade física, nível social e educacional; 
 Exame objetivo: pressão arterial, frequência cardíaca, ausculta cardiopulmonar, palpação de pulsos periféricos, índice de massa 
corporal, perímetro da cintura, fundoscopia [se houver hipertensão arterial (HTA) grave]; 
 
16 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
Foram criadas escalas de avaliação do risco cardiovascular global, instrumentos que permitem quantificar o risco de um determinado indivíduo, 
resultante da presença simultânea de vários fatores de risco cardiovascular. O uso destas escalas vai permitir: 
Quantificar o risco e identificar quais os indivíduos com risco elevado; 
Avaliar a necessidade e a intensidade da intervenção terapêutica, ao estabelecer valores de risco a partir dos quais deve ser ponderada 
a introdução de terapêutica farmacológica, para além das medidas terapêuticas não farmacológicas; 
Motivar os indivíduospara alterar comportamentos, uma vez que são instrumentos muito úteis para explicar o conceito de risco 
cardiovascular, bem como as implicações de ter um risco elevado e ilustrar quais os benefícios passíveis de serem obtidos com a 
redução dos fatores de risco existentes. 
De acordo com o valor de risco obtido, definir intervalos de vigilância médica e estabelecer objetivos terapêuticos. 
Existem várias escalas para cálculo do risco cardiovascular global. Abordaremos as escalas de Framingham (ver Figura 1 e 2) e SCORE 
(Systematic COronary Risk Evaluation)(ver Figura 3), pelas seguintes razões: 
 A escala de Framingham, americana, teve uma importância muito grande no desenvolvimento do conceito de risco global e é a base 
da criação de muitas outras escalas, incluindo a usada no Adult Treatment Panel III (ATP III); 
 O SCORE é o instrumento recomendado na Europa e no nosso país, de acordo com a circular normativa da Direção-geral de Saúde, 
publicada em Abril de 2007 
escala de framingham 
Foram criadas quatro folhas de cálculo do risco cardiovascular: uma com base no colesterol total e outra no colesterol LDL, para 
cada um dos sexos. 
Os parâmetros usados para o cálculo do risco cardiovascular global são, em categorias, a idade, o colesterol total, o colesterol HDL, 
a pressão arterial e ainda a presença ou não de diabetes e tabagismo. Um risco aos 10 anos superior ou igual a 20% foi 
arbitrariamente recomendado como o limite a partir do qual deverá haver uma intensa intervenção para modificação dos fatores de 
risco. 
Um risco absoluto global aos 10 anos de 20% significa que, nos próximos 10 anos, em cem indivíduos com os mesmos fatores de risco, 
vinte vão sofrer um evento coronário (fatal ou não fatal). 
Existe ainda uma tabela que permite o cálculo do risco relativo, ou seja, relaciona o valor obtido com o valor médio de risco para 
uma pessoa da mesma idade. O cálculo do risco relativo é importante porque a idade, só por si, constitui um fator de risco 
cardiovascular. 
Este facto assume particular relevância nos extremos etários, porque o risco absoluto tende a ser baixo nos jovens e elevado nos 
idosos. A riscos absolutos baixos pode corresponder riscos relativos elevados e vice-versa. 
 
17 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 
escala score 
 O SCORE foi elaborado por várias sociedades europeias 
 Pretende substituir ou complementar o Framingham nos países europeus. Foi iniciado em 1994 e é baseado em bases de dados 
muito maiores do que o estudo de Framingham 
 Criou folhas de cálculo para as regiões da Europa consideradas de baixo e de alto risco cardiovascular. Este aspecto é 
importante porque há grandes diferenças na Europa no que respeita às mortes por IAM e AVC. 
 Esta escala avalia mortalidade por doença cardiovascular total (exclui os eventos não fatais). O valor obtido corresponde ao 
risco absoluto de doença cardiovascular fatal aos 10 anos (doença coronária fatal + doença não coronária fatal – AVC fatal e 
doença vascular periférica fatal). 
 O SCORE é constituído por duas tabelas, uma para cada sexo, subdivididas em duas outras – para fumadores e não fumadores. 
As idades estão organizadas em escalões, assim como os valores do colesterol e da pressão arterial sistólica. 
 As tabelas apresentam maior detalhe nas faixas etárias dos 50 aos 65 anos, período em que as mudanças no risco ocorrem 
mais rapidamente. Suprimiu-se a faixa etária dos 30 anos, uma vez que estes estão praticamente isentos de risco nos 
próximos dez anos. Assim, mostrar-lhes o risco poderia dar uma mensagem errada sobre o risco a longo prazo dos indivíduos 
jovens com fatores de risco elevados. 
 No SCORE existem dois modelos: um baseado no colesterol total; outro na razão colesterol total/colesterol HDL. Pessoas com 
múltiplos factores de risco tendem a ter níveis de colesterol HDL mais baixos, o que sustenta a preocupação de que ao não 
considerar o valor do HDL se esteja a subestimar o risco. 
 O valor de risco obtido deve ser multiplicado por 4 no caso das mulheres diabéticas e por 2 nos homens diabéticos. Deve ser 
multiplicado por 1,5 se houver antecedentes pessoais de AVC. 
 As intervenções terapêuticas não farmacológicas e farmacológicas agressivas são recomendadas para riscos iguais ou 
superiores a 5%. Existe também uma tabela de risco relativo. 
 Os endpoints utilizados são reprodutíveis, o que constitui uma grande vantagem em relação à escala de Framingham. 
 O risco de morte por doença coronária e não coronária (AVC e doença vascular periférica) podem ser avaliados 
separadamente, através das aplicações informáticas. 
 A doença cardiovascular não coronária representa uma grande proporção do total do risco cardiovascular nas regiões da 
Europa com taxas mais baixas de doença coronária, pelo que o seu cálculo é importante. 
 
18 GERIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA| RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 
 No entanto, salienta-se que o cálculo do risco cardiovascular total é preferível quando se tomam decisões terapêuticas ou 
quando se faz educação do doente.

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