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SUMÁRIO 1. Introdução e Definição ............................................. 3 2. Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas ........... 4 3. Função cognitiva e condições emocionais ....... 6 4. Capacidade funcional ............................................... 9 5. Estado nutricional e condições socioambientais .............................................................12 6. Polifarmácia e medicações inapropriadas ......14 7. Comorbidades e multimorbidade ......................15 8. Outros parâmetros e aplicabilidade ..................16 Referências Bibliográficas ........................................19 3AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO O avançar da idade aumenta de for- ma significativa a multimorbidade e a incapacidade dos indivíduos. Cerca de 65% dos indivíduos entre 65 e 84 anos e 82% dos idosos com 85 anos ou mais são portadores de multimor- bidade (possuem duas ou mais doen- ças crônicas). Esses idosos apresentam muita vul- nerabilidade, seja por problemas cognitivos, funcionais ou psicosso- ciais; suas doenças ou complicações se apresentam de forma atípica, o que dificulta e retarda o diagnós- tico muitas vezes. Com isso, estão sujeitos à mais frequência de iatro- genia, fragilização, internações e institucionalização. A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) surgiu como forma de avaliar esses pacientes, incluindo diversos aspec- tos da sua vida, como o físico (médi- co), o mental, o social, o funcional e o ambiental. Para isso, são utilizados instrumentos capazes de identificar sinais de demência, delirium, depres- são, fragilidade, déficits visuais e au- ditivos, assim como perda do equilí- brio e capacidade funcional. SE LIGA! Convém ressaltar que a AGA detecta as deficiências, incapacidades e desvantagens, mas é imprecisa, quando realizada isolada do exame clínico tradi- cional, para diagnosticar o dano ou lesão responsável por elas. Por isso, a AGA faz parte de um pro- cesso diagnóstico multidimensio- nal e interdisciplinar para identificar as necessidades do idoso e planejar o cuidado e a assistência. Sua utiliza- ção é principalmente para os idosos frágeis e portadores de multimorbida- des. Apesar disso, sua utilização não exclui a avaliação clínica tradicional, que é capaz de identificar distúrbios ou doenças que sejam responsáveis pela diminuição da capacidade ou li- mitação das suas atividades. FLUXOGRAMA – BENEFÍCIOS DA AGA BENEFÍCIOS DA AGA MELHORA A PRECISÃO DIAGNÓSTICA DETECTA PROBLEMAS MÉDICOS INAPARENTES AVALIA RISCOS NUTRICIONAIS DEFINE PARÂMETROS DE ACOMPANHAMENTO DEFINE CRITÉRIOS DE HOSPITALIZAÇÃO E INSTITUCIONALIZAÇÃO IDENTIFICA DIMINUIÇÃO DE CAPACIDADE E LIMITAÇÕES IDENTIFICA RISCO DE DECLÍNIO FUNCIONAL IDENTIFICA RISCOS DE IATROGENIA DIRECIONA PARA MODIFICAÇÕES E ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS PREDITOR DE DESFECHOS DESFAVORÁVEIS – VALOR PROGNÓSTICO 4AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA Como instrumento de diagnóstico multidimensional, a AGA é estruturada para que possa haver um acompanha- mento da evolução do paciente e para avaliar prognóstico. Avalia as 4 princi- pais dimensões (capacidade funcio- nal, condições médicas, funciona- mento social e saúde mental) a partir dos seguintes parâmetros: equilíbrio, mobilidade e risco de quedas; função cognitiva; condições emocionais; de- ficiências sensoriais; capacidade fun- cional; estado e risco nutricional; con- dições socioambientais; polifarmácia e medicações inapropriadas; comorbi- dades e multimorbidade; e outros. MAPA MENTAL – PARÂMETROS AVALIADO Comorbidades e multimorbidade PARÂMETROS AVALIADOS Polifarmácia e medicações inapropriadas Condições socioambientais Função cognitiva Condições emocionais Deficiências sensoriais Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas Estado e risco nutricional Capacidade funcional 2. EQUILÍBRIO, MOBILIDADE E RISCO DE QUEDAS A avaliação da marcha e do equilíbrio são fundamentais para uma vida in- dependentes. Por isso, são compo- nentes essenciais da AGA, já que o envelhecimento causa importantes modificações no aparelho locomotor dos idosos. Durante o exame clínico, deve-se rea- lizar um avaliação neurológica básica, com a pesquisa do sinal de Romberg: com o paciente em posição ereta, pés unidos e olhos fechados, avaliar se há oscilações corpóreas e risco de queda. • Teste de levantar e andar: avaliar o paciente levantando-se de uma cadeira, caminhando por 3 metros e voltando para o mesmo local, tornando a sentar-se. Com isso, se 5AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA avalia o equilíbrio sentado, duran- te a marcha e a transferência. Esse mesmo teste pode ser feito de for- ma cronometrada, de forma a me- dir o tempo de realização da tarefa. Sendo assim, pode-se interpretá- -lo da seguinte forma: ◊ ≤ 10 segundos: independente, sem alterações; ◊ Entre 11 e 20 segundos: in- dependente em transferên- cias básicas; há baixo risco de quedas; ◊ ≥ 20 segundos: dependente em várias atividades de vida diária e na mobilidade; há alto risco de quedas. • Teste de equilíbrio e marcha: Nesse teste utiliza-se uma escala para avaliação de diversos critérios. Para avaliação do equilíbrio, verifi- ca-se alguns aspectos, como: ne- cessidade de uso dos braços para se levantar de uma cadeira; nú- mero de tentativas de se levantar; estabilidade logo que se levanta; se mantém equilíbrio em pé; mo- vimentos de 360° e de se sentar. Para avaliar a marcha, analisa-se se há hesitação no início; o compri- mento, altura e continuidade dos passos; a direção; posição do tron- co; e distância entre os tornozelos. Todos esses aspectos recebem uma pontuação, e quanto menor o escore final, maior o risco de que- das para aquele paciente. • Avaliação da sarcopenia: men- suração da massa muscular, que pode ser feita por métodos an- tropométricos, bioimpedância ou densitometria corporal total. O desempenho muscular é avaliado pela velocidade de marcha e pelo teste de levantar e andar crono- metrado. A força muscular deve ser avaliada com a preensão pal- mar. A avaliação mais sensível da massa muscular em idosos é feita pela circunferência da panturrilha (normal ≥ 31cm). Cada um desses parâmetros avalia- dos tem suas particularidades e limi- tações, por isso a aplicação conjunta de vários instrumentos avalia melhor o equilíbrio dos pacientes. 6AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 3. FUNÇÃO COGNITIVA E CONDIÇÕES EMOCIONAIS Em relação à cognição, avalia-se a atenção, raciocínio, pensamento, me- mória, juízo, abstração, linguagem e outros. Alterações nesses quesitos podem levar à perda de autonomia, com progressiva dependência do ido- so. Os testes utilizados são simples, rápidos, reaplicáveis e que podem ser utilizados por toda a equipe interdis- ciplinar. Com sua aplicação, podem ser identificadas as principais alte- rações na saúde mental do idoso: os quadros demenciais e depressivos. Miniexame do Estado Mental (mini- mental): instrumento rápido e de fácil aplicação, em que se avalia os princi- pais aspectos da função cognitiva. MAPA MENTAL – AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO E MARCHA Força de preensão palmar EQUILÍBRIO, MARCHA E RISCO DE QUEDAS Teste do equilíbrio e marcha Circunferência da panturrilha Avaliação de sarcopenia Teste de levantar e andar (cronometrado) Escala Normal ≥ 31cm 7AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA ASPECTO AVALIADO COMO AVALIAR PONTUAÇÃO Orientação temporal (“qual é o...”? Ano/ Mês/ Dia do mês/ Dia da semana/ Hora 5 pontos Orientação espacial (“onde estamos?”) Local específico/ Local genérico/ Bairro ou rua próxima/ Cidade/ Estado 5 pontos Memória imediata Nomear 3 objetos e pedir para o paciente repetir: “Carro, vaso, tijolo”. (Se ele não conseguir, ensinar até aprender, no máximo até 6 vezes) 3 pontos Atenção e cálculo Pedir para o paciente diminuir 7 de 100 (5 vezes sucessivas). (Alternativa: soletrar a palavra “mundo” na ordem inversa”) 5 pontos Memória de evocação Repetir os 3 objetos nomeados antes 3 pontos Linguagem Mostrar um relógioe uma caneta e pedir para nomear 2 pontos Pedir para repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá” 1 ponto Seguir o comando de 3 estágios: “Pegue este papel com a mão direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão”. 3 pontos Ler e executar a ordem: “Feche os olhos” 1 ponto Escrever uma frase 1 ponto 1 ponto Teste do desenho do relógio: ava- lia a execução, memória, habilidades, abstração e compreensão verbal, porém recomenda-se sua utilização apenas para aqueles pacientes com no mínimo 4 anos de estudo. Como fazer? Forneça ao paciente um papel em branco e um lápis ou caneta; so- licite-o que desenhe um relógio com todos os números e ponteiros, mar- cando 2:45h. Após a realização de todo o teste, sua interpretação (pontos de corte) varia conforme a escolaridade do pacien- te. Ou seja: se o paciente não alcan- çar a pontuação de corte, é uma for- ma de alerta para a equipe de saúde investigar melhor o aspecto cognitivo. Analfabetos 20 pontos 1 a 4 anos de estudo 25 pontos 5 a 8 anos de estudo 26 pontos 9 a 11 anos de estudo 28 pontos > 11 anos de estudo 29 pontos 8AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA SAIBA MAIS! Muitos idosos têm alterações na cognição secundário a distúrbios do sono. Dentre estes, podemos ter: insônia; SAHOS (síndrome da hipopneia obstrutiva do sono); síndromes das pernas inquietas (desconforto nos MMII ao fim do dia que atrapalham o sono); distúrbios do sono REM (não muito comum, mas que contribui para o diagnóstico da demência de Levi); e distúrbios do ritmo circadiano. que a depressão nesses pacientes não se apresentam de forma tão típica. • Escala de depressão geriátrica (GDS): utilizada para rastreio de quadros depressivos nos idosos, já PERGUNTAS SIM NÃO 1. Você está satisfeito com sua vida? 0 1 2. Você deixou muitos de seus interesses e atividades? 1 0 3. Você sente que sua vida está vazia? 1 0 4. Você se aborrece com frequência? 1 0 5. Você se sente se bom humor a maior parte do tempo? 0 1 6. Você tem medo que algum mal vá lhe acontecer? 1 0 7. Você se sente feliz a maior parte do tempo? 0 1 8. Você sente que sua situação não tem saída? 1 0 9. Você prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? 1 0 10. Você se sente com mais problemas de memória do que a maioria? 1 0 11. Você acha maravilhoso estar vivo? 0 1 12. Você se sente um inútil nas atuais circunstâncias? 1 0 13. Você se sente cheio de energia? 0 1 14. Você acha que sua situação é sem esperanças? 1 0 15. Você sente que a maioria das pessoas está melhor do que você? 1 0 Para interpretar a Escala de Depres- são Geriátrica, deve-se considerar > 5 pontos sugestiva de depressão. SE LIGA! A depressão nos idosos pode se apresentar com algumas particula- ridades, como: diminuição da resposta emocional; diminuição do sono; perda de prazer em atividades habituais; rumi- nações sobre o passado; perda de ener- gia; perda de peso; sintomas psicóticos (alucinações, delírios); apatia; e sintomas somáticos importantes (poliqueixas) 9AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 4. CAPACIDADE FUNCIONAL A capacidade funcional se refere à aptidão do idoso em realizar as tare- fas da vida diária, como cuidar de si mesmo e ter uma vida independente, ou seja, é determinada pelo grau de autonomia e independência. As Atividades Básicas da Vida Di- ária (ABVD) estão relacionadas ao autocuidado, como tomar banho, se vestir, manter higiene adequada, se deslocar da cama para a cadeira, ter continência urinária/ fecal, ser capaz de se alimentar e andar. Para analisar o grau de dependência do idoso, são coletadas informações com o próprio paciente e os cuidados/ familiares. As escalas mais utilizadas são a Escala de Katz e o Índice de Barthel. • Escala de Katz: considera que a perda funcional segue uma ordem, em que primeiro se perde a capa- cidade de se banhar, depois de se vestir, se transferir e se alimentar. FLUXOGRAMA – FUNÇÕES COGNITIVAS E CONDIÇÕES EMOCIONAIS FUNÇÕES COGNITIVAS E CONDIÇÕES EMOCIONAIS – TESTES DE RASTREIO MINIMENTAL DESENHO DO RELÓGIO ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (GDS) Considerar escolaridade diante da interpretação > 5 pontos: sugestiva de depressão 10AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 1. Tomar banho Não recebe ajuda (I) Recebe ajuda para lavar apenas uma parte do corpo (I) Recebe ajuda para lavar mais de uma parte do corpo ou não toma banho sozinho (D) 2. Vestir-se Pega as roupas e se veste completamente sem ajuda (I) Pega as roupa e se veste, mas não amarra os sapatos (I) Recebe ajuda para pega as roupas ou se vestir (D) 3. Uso do vaso sanitário Vai ao banheiro, se limpa e ajeita as roupas sem ajuda (I) Recebe ajuda para ir ao banheiro, para se limpar ou para ajeitar as roupas (D) Não vai ao banheiro para eliminação fisiológica (D) 4. Transferências Deita-se e sai da cama, senta e levanta da cadeira sem ajuda (I) Deita-se e sai da cama e/ou senta e levanta da cadeira com ajuda (D) Não sai da cama (D) 5. Continência Controla inteiramente a micção e evacuação (I) Tem “acidentes” ocasionais (D) Necessita de ajuda para manter o controle da micção e evacuação; usa cateter ou é incontinente (D) 6. Alimentação Alimenta-se sem ajuda (I) Alimenta-se sozinho, mas recebe ajuda para cortar carne ou passar manteiga no pão (I) Recebe ajuda para se alimentar (D) 5 ou 10 pontos, a depender do grau de dependência. Ou seja, ao final da pontuação, o idoso pode apresentar dependência total (0 pontos) até in- dependência máxima (100 pontos). Além das atividades básicas, o ido- so precisa executar atividades roti- neiras do dia a dia para ter uma vida independente e ativa na comunida- de. Essas atividades são as Ativida- des Instrumentais da Vida Diária (AIVD), mais complexas e que in- cluem arrumar a casa, telefonar, via- jar, fazer compras, preparar alimen- tos, controlar e tomar remédios, além de administrar seu dinheiro. A partir dessa análise, pode-se determinar se Independente significa “sem super- visão, direção ou ajuda pessoal ati- va”. Baseia-se no estado atual e não na capacidade para a realização das atividades. Considera-se que um pa- ciente que se recusa a realizar uma função não realiza a mesma, embora se considere capaz. Índice de Barthel: outra escala muito utilizada, que avalia a independên- cia funcional e a mobilidade. Leva em consideração 10 funções: banhar-se, vestir-se, prover higiene, usar vaso sanitário, se mover entre cama e ca- deira, continências, alimentação, de- ambulação e subir e descer escadas. Para cada uma dessas funções, o paciente receberá a pontuação de 0, 11AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA o idoso tem condições ou não de vi- ver sozinho, sem supervisão. Escala de Lawton: é uma das mais utilizadas para avaliar as AIVD, em que a pontuação máxima é 27 pontos (maior independência) e a mínima, 9 pontos (maior dependência). SE LIGA! As deficiências sensoriais são comuns na população idosa e são moti- vos de perda de qualidade de vida, por- que tornam-se obstáculos para a reali- zação de atividades diárias. SAIBA MAIS! Atividades mais avançadas, como dirigir automóvel, praticar esportes, pintar e tocar instru- mentos são específicas para cada indivíduo. Por serem influenciadas por fatores sociocultu- rais e educacionais, são não incluídas na avaliação funcional do idoso. Ou seja, não são fun- damentais para uma vida independente, apesar de contribuírem beneficamente para a saúde física e mental, melhorando a qualidade de vida. EXEMPLO DE DOENÇAS E SUA INCAPACIDADE FUNCIONAL DANO Exemplos: DEFICIÊNCIA INCAPACIDADE DESVANTAGEM Doença Anomalia ou perda na estrutura corporal, aparência ou função de um órgão ou sistema Restrição ou perda de habilidades Consequências sociais e comprometimento da qualidade de vida Doença de Alzheimer Deficiência cognitiva Diminuição da capacidade para as AIVD e ABVD Dificuldades no relacionamento social e nas atividades econômicas Trauma raquimedular Paraplegia Dificuldade para deambular, manter continência Dificuldades de locomoçãoe nas atividades de lazer e econômicas 12AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 5. ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS O estado nutricional é um aspecto importante na avaliação da condição de saúde, principalmente dos idosos. Suas restrições funcionais dificultam a ida às compras e à cozinhar, o que os deixam mais suscetíveis a quadros de desnutrição. A Miniavaliação Nutricional (MAN) é o único instrumento validado para a avaliação nutricional dos idosos. Tem o objetivo de avaliar o risco de desnutrição, objetivando intervir, se necessário. Inclui a avaliação de 18 itens, nos quais se consegue um es- core máximo de 30 pontos. Pontua- ções abaixo de 17 caracterizam des- nutrição; entre 17 e 23,5, risco de desnutrição; e acima de 24, bom es- tado nutricional. Alguns destes itens avaliados são: medidas antropomé- tricas, informações dietéticas, estilo de vida, medicações e autopercepção sobre o estado de saúde. A condição socioambiental dos idosos é um dos parâmetros mais complexos de serem quantificados. Devem ser avaliadas as relações e atividades sociais, além dos recursos de suporte disponíveis (social, fami- liar, financeiro). O Apgar da família e dos amigos é um instrumento que pode ser utilizado, no qual o profis- sional faz algumas perguntas sobre a relação do paciente com os familiares, como mostrado abaixo. Se o total do escore for <3, há acentuada disfunção nas relações familiares e de amizade; de 4 a 6 pontos, moderada disfunção; >6 pontos, disfunção leve ou ausente. FLUXOGRAMA – CAPACIDADE FUNCIONAL CAPACIDADE FUNCIONAL ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA (ABVD) trocar Escala de Katz ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD) Índice de Barthel Escala de Lawton 13AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA PERGUNTAS PONTUAÇÃO Está satisfeito e pode contar com seus familiares/ amigos para resolver seus problemas? 0 – Raramente 1 – Ocasionalmente 2 – Frequentemente Está satisfeito com a forma com que seus familiares/ amigos conversam e compartilham os problemas com você? 0 – Raramente 1 – Ocasionalmente 2 – Frequentemente Está satisfeito com a forma com que seus familiares/ amigos aceitam e apoiam suas vontades e decisões? 0 – Raramente 1 – Ocasionalmente 2 – Frequentemente Está satisfeito com a forma com que seus familiares/ amigos expressam afei- ção e respondem às suas emoções, como raiva, sentimento de culpa, medo, afeto? 0 – Raramente 1 – Ocasionalmente 2 – Frequentemente Está satisfeito com a forma com que você e seus familiares/ amigos compar- tilham o tempo juntos? 0 – Raramente 1 – Ocasionalmente 2 – Frequentemente capacitado e treinado para sua tare- fa, além de verificar como está a sua carga emocional. Cuidadores que não são capacitados/ treinados, ou que estão sob alto nível de estresse tra- zem consequências negativas à saú- de e qualidade de vida do idoso. As necessidades especiais devem ser avaliadas, objetivando uma adap- tação do ambiente. Ou seja, sua re- sidência deve ser adequada às suas limitações, para preservar (ou recu- perar) sua independência e evitar quedas. Deve-se avaliar, ainda, se o cuidador (se formal ou informal) é FLUXOGRAMA – ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO SOCIOAMBIENTAL ESTADO NUTRICIONAL MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL (MAN) Avalia risco de desnutrição CONDIÇÃO SOCIOAMBIENTAL Apgar da família e amigos Identifica a disfunção nas relações familiares e de amizade 14AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 6. POLIFARMÁCIA E MEDICAÇÕES INAPROPRIADAS Com o envelhecimento, há aumento da necessidade do uso de medica- ções para controlar as várias doen- ças crônicas coexistentes, o que con- figura a multimorbidade. Esse uso de diversos medicamentos, apesar de muitas vezes necessário, coloca o idoso em maior risco para a ocor- rência de eventos adversos, desde os mais simples até o óbito. O uso de 5 ou mais drogas é consi- derada uma polifarmácia, porque aumenta a probabilidade de desfe- chos adversos importantes na assis- tência geriátrica: fragilidade, incapa- cidade, mortalidade e quedas. Por isso, durante a consulta com um ido- so, deve-se questionar sobre quais medicações faz uso, sua posologia, há quanto tempo utiliza e qual o motivo. Além disso, importante destacar que muitos pacientes utilizam medica- mentos inapropriados, que não têm sua eficácia comprovada e cujo risco para as reação adversas excedem seu benefício. Esses medicamentos inapropriados devem ser identifica- dos e, se possível, substituídos por outros melhor tolerados. O critério STOPP/START discute as prescrições potencialmente inapro- priadas (STOPP) e aquelas potenciais omissões prescritórias (START). As omissões prescritórias são aquelas que podem causar danos se omitidas, mas que algumas vezes não são pres- critas por medo dos efeitos adversos. FLUXOGRAMA – POLIFARMÁCIA E MEDI- CAÇÕES INAPROPRIADAS Mais risco X menos benefício POLIFARMÁCIA E MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS STOPP: prescrições inapropriadas START: omissões prescritórias Aumento de desfechos adversos ↑ Fragilidade, incapacidade, mortalidade e quedas 15AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 7. COMORBIDADES E MULTIMORBIDADE Comorbidade se refere ao efeito combinado de doenças adicionais so- bre uma condição principal apresen- tada pelo paciente. Já a multimorbi- dade é a ocorrência de duas ou mais doenças crônicas. CONCEITO: Multimorbidade é a coexis- tência, em um mesmo indivíduo, de duas ou mais doenças crônicas, sem relação de causa e efeito e sem que nenhuma delas possa ser considerada como pro- blema principal. Entender a multimorbidade dos pa- cientes idosos é essencial, já que in- fluenciam na expectativa de vida, na tolerância, nas intervenções diag- nósticas e terapêuticas, no prognós- tico funcional e na qualidade de vida. Dessa forma, índices de comorbida- des devem fazer parte da avaliação, principalmente de pacientes hospi- talizados, com condições agudas ou que venham a necessitar de interven- ções mais invasivas (como a doença oncológica). Figura 1. Número de doenças crônicas por grupos de idade. Fonte: Barnett K, Mercer SW, Norbury M et al. Epidemio- logy of multimorbidity and implications for health care, research, and medical education: a cross-sectional study. The Lancet, 2013. Um dos índices mais utilizados é o Índice de Comorbidade de Charl- son (ICC), que abrange 19 condições que estão associadas à mortalidade. Essas condições recebem pesos es- pecíficos, a depender dos riscos rela- tivos de mortalidade para os idosos. 16AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA PESO CONDIÇÃO 1 Infarto do miocárdio / Insuficiência cardíaca congestiva / Doença vascular periférica / Demência / Doença cerebrovascular / Doença pulmonar crônica / Doença do tecido conjuntivo / Diabetes mellitus leve, sem complicação / Úlcera péptica 2 Hemiplegia / Doença renal moderada ou grave / Diabetes mellitus com complicação / Tumor / Leucemia / Linfoma 3 Doença do fígado moderada ou grave 4 Tumor maligno, metástase / AIDS Comorbidade-Idade de Charlson (ICIC). Se 0 pontos, a mortalidade em 1 ano é de 12%; se 1 ou 2 pontos, 26% de mortalidade; se 3 ou 4 pon- tos, 52%; e se ≥ 5 pontos, 85%. Uma variação dessa escala acres- centa um ponto para cada déca- da acima dos 50 anos, somando ao escore obtido na escala original; essa variação é chamada de Índice COMORBIDADE X MULTIMORBIDADE COMORBIDADE Efeito combinado de doenças adicionais sobre uma condição principal MULTIMORBIDADE Ocorrência de duas ou mais doenças crônicas X 8. OUTROS PARÂMETROS E APLICABILIDADE A pesquisa da presença ou não de maus-tratos consiste em um desafio para a equipe de saúde, por diversas razões. Porém, é essencial que dian- te da presença de qualquer sinal de maus-tratos os profissionais tenham uma atenção maior com o paciente para melhor investigação. A estimativa do risco cardiovascular é outro parâmetro muito relevante, pela prevalência das doenças cardio- vasculares na população idosa e por guiar o tratamento dessas doenças. Diversosestudos demonstraram que a AGA não tem um custo-benefí- cio importante para todos os idosos: naqueles pacientes robustos e fun- cionais, ela muda pouco a conduta dos profissionais. Por isso, diante de uma anamnese clínica tradicional, deve-se identificar os pacientes que 17AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA se beneficiam da aplicação da AGA, como aqueles que: • Estão hospitalizados por doenças agudas; • Sofreram trauma; • Portadores de múltiplas doenças crônicas (multimorbidade); • Fazem uso de 5 ou mais me- dicamentos, principalmente os psicotrópicos; • Moram sozinhos ou residem em instituições; • Apresentaram 1 ou mais quedas; • Muito idosos (≥ 80 anos); • Diagnóstico recente ou tratamento de câncer; • Necessitam de tratamentos inva- sivos, cirurgias ou diálise; • Perda de capacidade cognitiva e/ ou funcional. MAPA MENTAL - APLICABILIDADE DIAGNÓSTICO OU TTO DE CÂNCER QUANDO APLICAR A AGA? ≥ 80 ANOS HISTÓRIA DE QUEDA HOSPITALIZADOS TRAUMA MULTIMORBIDADE MORAM SÓ OU INSTITUCIONALIZADOS POLIFARMÁCIA TRATAMENTOS INVASIVOS PERDA DE COGNIÇÃO/ FUNCIONALIDADE 18AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA MAPA RESUMO – AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA Processo diagnóstico multidimen- sional Determinar as deficiências ou habilidades dos pontos de vista médico, psicossocial e funcional Equilíbrio e mobilidade ABVD AIVD Função cognitiva Rastreio para depressão Disponibili- dade e adequação de suporte familiar e social Condições ambientais Lista de problemas Estado funcionalObjetivoDefinição Forma adequada de planejar intervenções visando a manutenção e recuperação da capacidade funcional Saúde mental Minimental Desenho do relógio Escala de depressão geriátrica (GDS) Funciona- mento social Apgar familiar e de amigos Condições médicas Comorbidades Gravidade das doenças Inventário de medicamentos Deficiências sensoriais Avaliação nutricional Avaliação Geriátrica Ampla Escala de Barthel Índice de Katz Escala de Lawton 19AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Elizabete Viana de Freitas, Ligia Py. Tratado de geriatria e gerontologia. – 4ª ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Jeffrey B. Halter, Joseph G. Ouslander, Stephanie Studenski, Kevin P. High, Sanjay Asthana, et al. Hazzard’s Geriatric Medicine and Gerontology. 7th edition. Mc Graw- Hill Education, 2017. Elizabete Viana de Freitas, et al. Manual prático de geriatria. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan, 2017. Brie a. Williams, et al. CURRENT geriatria: diagnóstico e tratamento. 2ª ed. Porto Alegre, AMGH, 2015. Barnett K, Mercer SW, Norbury M et al. Epidemiology of multimorbidity and implications for health care, research, and medical education: a cross-sectional study. The Lancet, 2013. 20AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
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