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AULA 15 CESSÃO DE CRÉDITO (3)

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AULA 15 – CESSÃO DE CRÉDITO
Arts. 286 a 298 – cessão de crédito;
Cessão de Crédito
É a transferência que faz o credor (cedente), a outrem, (cessionário), de seus direitos creditórios em determinada relação obrigacional, no todo ou em parte. 
O devedor da obrigação (cedido) não participa necessariamente dela, pois pode ser realizada sem a sua anuência. 
Onerosa é a modalidade mais comum. Podemos dizer que desempenha uma venda. 
Importante salientar que o objeto transferido é a obrigação, e não o contrato (cessão de contrato). 
Assim, transfere-se apenas os elementos ativos, que se separam, a fim de que o cessionário se aproprie. 
Em regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão, mas como toda regra contém uma exceção, abaixo estão alguns créditos que não podem ser cedidos:
Créditos de caráter personalíssimo e a direitos de família: direito ao nome, corpo, alimentos, divisão de bens, etc. 
Caráter estritamente pessoal: músico, alimentos, etc.
Caráter relativo a salários e vencimentos, créditos sem valor patrimonial, créditos relativos a fins assistenciais, etc. 
Créditos de acidente de trabalho;
Créditos de justiça gratuita;
Créditos a herança;
Créditos de bens já penhorados;
Obs: A cessão de obras intelectuais e as de exercício de usufruto são permitidas. 
Deve ser realizada pelo titular do crédito, ser capaz e legitimada. 
Algumas pessoas precisam de legitimação para adquirir seus créditos, como por exemplo os casos do tutor ou curador (não podem ir contra o tutelado ou curatelado), testamenteiros e administradores (não podem adquirir créditos se estiver sob sua administração o direito correspondente). 
Pais, administrando os bens dos filhos, não podem efetuar qualquer cessão sem a autorização do juiz. 
É lícito ao credor ceder seu crédito, se a isso não se opuser:
A natureza da obrigação;
A lei;
Convenção com o devedor. 
A cessão de crédito abrange todos os seus acessórios, salvo se houver disposição em contrário. 
Assim, a cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada, salvo se, em escrito público ou particular, o devedor tiver se declarado ciente da cessão feita. 
	CEDENTE	CREDOR ORIGINÁRIO
	CESSIONÁRIO	NOVO CREDOR
	CEDIDO	DEVEDOR
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Em algumas obrigações constam uma cláusula proibitiva de cessão de crédito, proibindo a sua cessão. Se não há a cláusula, não há do que se opor. 
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
Acessório segue o principal. 
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos.
Para valer a cessão em relação à terceiros, é necessário que exista a celebração mediante instrumento público, visando a publicidade do ato. 
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
As observações do 288 e 289, apenas são exigidas para que a cessão tenha valor contra terceiros. 
O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão em registro de imóveis. 
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Tal observância tem o objetivo de impedir que o devedor pague indevidamente. 
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
Ou seja, permanece a cessão que se completar com a tradição do título cedido. 
EXPLICANDO...
É possível que o mesmo crédito seja cedido pelo credor diversas vezes, formando uma extensa e emaranhada cadeia. A notificação de todas as cessões ao devedor pode causar certa insegurança em relação a não saber para quem pagar. Assim, o ordenamento prevê que prevalece a cessão que se completar com a tradição do título de crédito cedido. 
Então, pagará o devedor a quem tiver o título probante do crédito, cuja a cessão foi notificado. Se houver dúvida do devedor a quem pagar, pode entrar com ação de consignação em pagamento. 
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
Obs: “paga o que sabia para quem sabia”.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
Ainda que não tenha sido notificado ao devedor a cessão de crédito, poderá o cessionário adotar as medidas cabíveis para a conservação do direito que foi objeto da avença. 
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
Ex.:
Ex.: Paulo, devedor no dia 20.02 é notificado por cessão de crédito feita por João em favor de Carlos. Contra o cedente, poderá Paulo opor as exceções surgidas e pendentes até o momento da notificação. Porém, contra o cessionário, titular do crédito atual, poderá o cedido opor as exceções surgidas e pendentes até o instante da notificação e posterior a notificação. 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Então, se o cedente transferiu onerosamente um título nulo ou inexistente, deverá ressarcir os prejuízos causados ao cessionário. Se caso tenha sido a título gratuito, o cedente só responde se tiver agido de má-fé. 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
Ou seja...
A cessão de crédito pode ser pro soluto ou pro solvendo . Na cessão pro soluto o cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor; já na cessão pro solvendo , o cedente responde também pela solvência do devedor.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
Uma vez que o crédito foi penhorado, não pode ele mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora. O devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente o direito contra credor de um terceiro. 
Ou seja, o crédito, uma vez penhorado, deixa de fazer parte do patrimônio do devedor, não podendo ser cedido.

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