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AULA 08 - OBRIGAÇÕES

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AULA 08 – CESSÃO DE CRÉDITO E ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
1. Cessão de crédito:
· Credor cedente: Sujeito que era credor originalmente.
· Credor cessionário: Novo credor 
A vontade das partes pode impedir que um crédito seja cedido (embora a lei permita). 
Art. 286 – CC: O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
Art. 287 – CC: Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
A transmissão da obrigação principal se estende às obrigações acessórias. 
A cessão de crédito pode ser total ou parcial. 
A cessão de crédito não exige o consentimento do devedor. Tal negócio jurídico é válido e eficaz entre o cedente e cessionário. Para que o negócio tenha eficácia para o devedor e para terceiros, a lei traz, contudo, alguns requisitos. 
Art. 288 – CC: É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1 o do art. 654.
Art. 289 – CC: O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
Art. 290 – CC: A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Art. 291 – CC: Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
Art. 292 – CC: Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. 
O primeiro sujeito a notificar é aquele que terá o direito de receber o crédito. 
Exemplo de terceiros: Um credor de B, C, o qual apresenta interesse na transmissão da cessão de crédito. 
Art. 293 – CC: Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
Art. 294 – CC: O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
Art. 295 – CC: Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 296 – CC: Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Art. 297 – CC: O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
Art. 298 – CC: O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
2. Atividade de fixação:
1) Analise como se dá a eficácia de uma cessão de crédito em relação a:
a) Cedente e cessionário: Eficaz independentemente de notificação ao devedor. A eficácia, portanto, é imediata;
b) Cedido: Precisa ser notificado, pois, caso contrário, a cessão será ineficaz; 
c) Terceiros: Consoante o art. 288, CC, é ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1 o do art. 654. O parágrafo 1º do art. 654 do Código Civil, determina que: “O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos”. Ademais, deve-se ocorrer o registro em prol da eficácia em relação a terceiros. 
2) Explique, explorando as possibilidades, a responsabilidade do cedente no que toca à existência do crédito e à solvência do devedor. 
A responsabilidade no que tange à existência é pautada na existência de um crédito (a dívida ainda não foi paga). É importante saber se a cessão de crédito se deu a título oneroso (o novo credor pagou algo) ou gratuito (só há benefícios). Assim, segundo o art. 295 do CC, “na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé”. 
Consoante o art. 296 do CC, “salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor”. O artigo subsequente completa ao afirmar que “o cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança”. Observa-se que a lei limita essa responsabilidade: tal responsabilidade não recai sobre o valor da dívida, mas sobre o valor pago pela dívida (B paga a A 900 para ceder os 1000 – B responde com base nos 900, ou seja, o valor pago pela dívida).
3) Diferencie assunção de dívida por delegação e por expromissão. 
Tanto a expromissão quanto a delegação são formas de assunção de dívida. No primeiro caso, o expromitente, novo devedor, assume a dívida diretamente com o credor, sem acordo com o devedor primitivo. Já a delegação, como o nome indica, ocorre quando o antigo devedor delega sua dívida. 
A mudança do devedor só pode ser feita com delegação do credor, a qual pode acontecer por dois caminhos: por delegação (o antigo devedor delega sua dívida ao novo devedor) ou por expromissão (o novo devedor procura diretamente o credor).
 
(NINA, 2017)
Assunção de dívida não se confunde com pagamento. No negócio jurídico de assunção de dívida, uma pessoa se tornou devedora, tendo que pagar em um dia futuro. 
A assunção pode ser total ou parcial, cumulativa (o antigo devedor permanece na relação) ou imperatória. 
4) Partindo do pressuposto que a cessão de posição contratual não é expressamente regulamentada pelo Código Civil de 2002, e realizando análise por analogia com as formas de transmissão das obrigações, é possível que aquela se realize independentemente da autorização da outra parte que integra o referido contrato?
Cessão de contrato ou cessão de posição contratual é a transferência da posição (ativa ou passiva) em um contrato, a um terceiro, com todos os direitos e deveres. Necessariamente ocorre em contratos bilaterais, com execução não concluída. Exige-se o consentimento da outra parte, especialmente no que concerne aos contratos a título oneroso, aplicando-se por analogia o art. 299, do Código Civil, que trata da assunção de dívida.
3. A assunção de dívida no Código Civil: 
CAPÍTULO II
Da Assunção de Dívida
Art. 299 – CC: É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Art. 300 – CC: Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
Art. 301 – CC: Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
Art. 302 – CC:O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
Art. 303 – CC: O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.
No caso de anulação da assunção resultante, por exemplo, de coação, os sujeitos retornam à condição original (o coator à condição de devedor).
As exceções pessoais do antigo devedor não se estendem ao novo credor por razões óbvias (condições pessoais).
O art. 303 do CC expressa uma exceção: Existência de crédito hipotecário. Ex: Se A comprou um imóvel de B, diz que assumiu e notifica o credor para que ele se manifesta em 30 dias. Se o credor ficar em silêncio por 30 dias, compreende-se uma aceitação tácita. 
ATIVIDADE DE REVISÃO – AVALIAÇÃO I: 
1) Geraldo, que trabalha como uber, resolveu tirar um final de semana de folga e emprestou seu veículo (avaliado em trinta mil reais) para que suas amigas Maria e Larissa o utilizassem durante esse período. Ocorre que Maria, dirigindo alcoolizada, acabou por bater num poste, destruindo totalmente o veículo, embora miraculosamente tenha sobrevivido sem maiores danos. Diante deste quadro, pode Geraldo tomar medidas contra suas até então amigas?  (limite de linhas: 12 – valor: 3,5). 
Ante o exposto, é notório que Geraldo pode tomar medidas contra as suas até então amigas, Maria e Larissa. Com a destruição do veículo, que ocorreu por culpa de Maria, já que ela dirigiu embriagada, a prestação indivisível se transformará em divisível. Como Maria e Larissa não são devedoras solidárias, Geraldo pode cobrar metade do equivalente a cada uma delas (trinta e cinco mil reais divido por duas: quinze mil de cada devedora) mais perdas e danos à Maria, devido à necessidade de se indenizar Geraldo pelos dias não trabalhos enquanto uber. 
2) Analise a veracidade da seguinte frase: “Os deveres anexos, que decorrem da função corretiva da boa-fé subjetiva, são normalmente divididos pela doutrina em apenas duas espécies: assistência e lealdade” (limite de linhas: 12 – valor: 3,5) 
O fragmento anterior é falso. Corrigindo-o, obtemos: “Os deveres anexos, que decorrem da função supletiva da boa-fé objetiva, são normalmente divididos pela doutrina em cinco espécies: proteção, cuidado, informação, assistência e lealdade”. 
3) Cláudia firmou contrato com Luísa e Glauber, renomados cirurgiões plásticos, para que o último lhe realizasse cirurgia estética. A escolha especificamente desse cirurgião se deu após muita pesquisa, tendo a paciente por fim concluído que ele seria o mais indicado. Destaque-se que no contrato ambos ficaram como devedores solidários. No dia da cirurgia, entretanto, Glauber estava muito cansado e, após a sedação da paciente, sem consultar mais ninguém, acabou delegando a realização da cirurgia a seu assistente, William, e foi para casa mais cedo. A despeito desse fato, a cirurgia foi bem-sucedida, dentro das expectativas regulares. Cláudia, entretanto, se sentiu ultrajada pelo fato. Tendo ela lhe procurado como advogado(a), que linha de argumentação desenvolveria numa possível ação indenizatória contra os médicos? (limite de linhas: 10 – valor: 3,0)
Diante da quebra de expectativa legítima criada por Cláudia e o profissional específico ter sido um fator determinante para o consentimento com a cirurgia (obrigação de fazer personalíssima/infungível) a paciente poderá solicitar o equivalente de qualquer dos dois médicos – Luísa e Glauber – já que esses são devedores solidários e houve um inadimplemento da obrigação, mesmo que a cirurgia tenha sido bem sucedida. Ademais, vale ressaltar Cláudia pode solicitar as perdas e danos somente do culpado, Glauber.

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