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Apostila Hormônios

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BIOMEDICINA 
CIÊNCIAS BIOMÉDICAS APLICADAS 
 
1. Gônadas: ovários e testículos 
• Desordens gonadais femininas e masculinas 
• Puberdade normal e os distúrbios puberais 
• Menopausa 
• Diagnóstico laboratorial: 
LH, FSH, hCG, Testosterona total e livre, estradiol, androstenediona, DHEA, DHEA-S, 17-
OH-progesterona, PRL e progesterona. 
Testes de estímulo com GnRH. 
 
2. Tumores hipofisários 
• Hiperprolactinemia e prolactinomas 
• Acromegalia 
 
3. Glândulas Adrenais 
• Síndrome de Cushing 
• Insuficiência adrenal primária e secundária 
• Diagnóstico laboratorial: 
Cortisol sérico basal, ritmo circadiano, cortisol salivar, cortisol livre urinário (24 hs), teste de 
supressão com dexametasona (1 mg e 2 mg) e dosagem de ACTH. Testes: ITT e estímulo 
com ACTH sintético. 
 
4. Doenças osteometabólicas 
• Osteoporose 
• Hipocalcemia, hipercalcemia. 
• Diagnóstico laboratorial: 
Cálcio sérico (total, livre), cálcio urinário (24 hs), fósforo sérico, fósforo urinário (24hs), paratormônio 
(PTH), PTHrp, fosfatase alcalina, densitometria óssea, raio X. 
 
5. Marcadores tumorais (somente para alunos de Hormônios II isolado) 
• Calcitonina (CT); Tireoglobulina (TG) 
• Antígeno carcinoembrionário (CEA); -fetoproteína (-FP) 
• Gonadotrofina coriônica humana (hCG) 
• Antígeno prostático específico (PSA): total e livre 
• CA 15-3; CA 19-9; CA 125 
 
6. Discussão de artigos e casos clínicos 
 
 
 
Hormônios II 2 
ESTEROIDOGÊNESE 
 
COLESTEROL DHEA-SULFATO 
 Colesterol desmolase 
 
 17-hidroxilase 17-20 liase 
PREGNENOLONA 17-0H-PREGNENOLONA DHEA ANDROSTENEDIOL 
 
 3 ol desidrogenase 
 
 17-hidroxilase 17-20 liase 5-redutase 
PROGESTERONA 17-0H-PROGESTERONA ANDROSTENEDIONA TESTO DHT 
 
 21-hidroxilase aromatase aromatase 
 
DESOXICORTICOSTERONA 11-DESOXICORTISOL ESTRONA ESTRADIOL 
 
 11-hidroxilase (composto S) 
 
CORTICOSTERONA 
 
 CMO I 
 
18-OH-CORTICOSTERONA CORTISOL 
 
 CMO II (composto F) 
 
ALDOSTERONA 
 
 
ZONA GLOMERULAR ZONA FASCICULADA ZONA RETICULAR 
 
Hormônios II 3 
GÔNADAS 
 
 As gônadas governam o desenvolvimento, a maturação e a nutrição das células germinativas. 
Ajudam, também, no crescimento inicial e no desenvolvimento da prole, no organismo da mãe. 
 
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 
Durante as primeiras 5 semanas de gestação as gônadas masculina e feminina são indiferenciáveis. 
As células germinativas primordiais geram as oogônias e espermatogônias, que se transformam em 
ovócitos e espermatozóides. 
Uma linhagem celular da gônada indiferenciada transforma-se nas células da granulosa do folículo 
ovariano e nas células de Sertoli dos túbulos seminíferos testiculares. A função destas células é homóloga: 
sustentar as células germinativas, estimular sua maturação e orientar seu movimento para o interior do 
sistema de ductos genitais. Além de produzir os hormônios estrogênicos nas mulheres. 
Outra linhagem celular da gônada indiferenciada, as células intersticiais, dá origem às células da 
teca no ovário e às células de Leydig no testículo. A função primária desta linhagem celular consiste em 
secretar os hormônios androgênicos. No homem eles são importantes na diferenciação sexual e produção 
dos espermatozóides, enquanto na mulher os andrógenos são precursores para a síntese de estrógenos. 
 A diferenciação sexual dos órgãos genitais internos depende do testículo. Se o testículo é normal, 
provoca uma diferenciação masculina, que se completa até a 12ª semana de vida intra-uterina, através da 
secreção de testosterona, que desenvolve os ductos de Wolff, e do hormônios antimülleriano, que provoca a 
regressão dos respectivos ductos de Müller. A testosterona provoca também a virilização dos órgãos 
genitais externos. 
 Um indivíduo de cariótipo masculino poderá não ter virilização dos órgãos genitais externos devido a 
transtornos de síntese de testosterona ou a um transtorno da receptividade dos androgênios. 
 
SÍNTESE DOS ESTERÓIDES GONADAIS – esteroidogênese a partir do colesterol (vide figura anexa) 
 
CONTROLE DA SECREÇÃO HORMONAL: 
O hormônio hipotalâmico GnRH estimula os gonadotrofos da hipófise anterior a sintetizarem e 
secretarem as gonadotrofinas – LH e FSH. Os neurônios secretores de GnRH são encontrados na área pré-
óptica do hipotálamo anterior, com terminações nervosas na porção lateral da eminência mediana. As 
gonadotrofinas se ligam aos receptores ovarianos e testiculares e regulam a função gonadal, promovendo a 
produção dos esteróides sexuais (esteroidogênese) e a gametogênese. A secreção das gonadotrofinas é 
episódica, com picos a cada 90-120 minutos. 
As gonadotrofinas são hormônios glicoproteicos, compostos de duas subunidades:  e . A 
subunidade  é idêntica à encontrada nas moléculas de LH, hCG (gonadotrofina coriônica) e TSH. A 
subunidade  confere especificidade e atividade biológica à molécula. A subunidade  do LH é homóloga à 
do hCG. 
 Na mulher, no início da fase folicular, o hipotálamo secreta GnRH em resposta aos baixos níveis de 
estrógenos. O GnRH estimula as secreções de LH e FSH. O FSH estimula o crescimento folicular e a 
síntese de estrógeno pelo folículo. Os níveis de estrógenos aumentam e causam um feedback positivo nas 
secreções de LH e FSH, resultando nos picos pré-ovulatórios de LH e FSH. O pico de LH no meio do ciclo 
leva à ovulação. Após a ovulação, o LH estimula a produção de estrógenos e progesterona pelas células da 
teca interna do corpo lúteo, o que faz com que os níveis de gonadotrofinas caiam. No fim do ciclo, o corpo 
Hormônios II 4 
lúteo regride, por falta de LH, e a produção de estrógenos e progesterona cai. No caso do óvulo ser 
fertilizado e implantado no endométrio, a placenta começa a secretar hCG, que mantém o corpo lúteo e 
continua a produção de estrógenos e progesterona. A secreção de estrógeno pelo folículo é dependente do 
LH e FSH. 
Na infância, as liberações de LH e FSH são fortemente inibidas, apesar dos baixos níveis de 
esteróides gonadais. A puberdade geralmente é iniciada com o surgimento de picos noturnos de LH nos 
meninos e secreção cíclica de LH e FSH nas meninas. Assim, a secreção das gonadotrofinas aumenta, 
estimulando a produção de esteróides gonadais, levando ao desenvolvimento dos caracteres sexuais 
secundários. 
Após a 5ª década de vida, em ambos os sexos, ocorre queda da função gonadal. Nos homens este 
declínio é gradual, enquanto nas mulheres a capacidade reprodutiva é perdida completamente, ocorrendo a 
menopausa. Na ausência de feedback negativo pelos hormônios gonadais as gonadotrofinas se elevam, 
sendo o aumento de FSH maior que o de LH. 
 Nos homens, o FSH estimula o crescimento testicular e aumenta a produção da proteína ligadora de 
andrógenos pela célula de Sertoli. Esta proteína mantém a alta concentração local de testosterona, um fator 
essencial para o desenvolvimento da espermatogênese normal (estimula a espermatogênese). O LH age 
nas células intersticiais ou de Leydig estimulando a produção de testosterona. LH e FSH são importantes 
para a maturação dos espermatozóides. 
Alças de feedback: 
• Feedback positivo: o estrógeno influencia positivamente os efeitos do GnRH nas secreções de 
LH e FSH. A progesterona amplia a duração dos picos de LH e FSH e aumenta o efeito dos 
estrógenos. 
• Feedback negativo: a secreção de FSH na mulher é regulada por feedback negativo dos 
estrógenos e inibina. Na mulher, a falência gonadal primária ou menopausa resultam em 
aumento nos níveis de LH e FSH; no homem, a falência gonadal primária também aumenta o 
LH e FSH. A destruição seletiva dos túbulos seminíferos resulta em azoospermia e aumento 
somente do FSH. A inibina é um polipeptídeo secretado pelas células de Sertoli dos túbulos 
seminíferos. É o maior fator que inibe a secreção de FSH por feedback negativo. Os 
andrógenos estimulam a produção de inibina.TESTÍCULOS 
 
 Os testículos pesam em média 40g cada, com um diâmetro longitudinal de aproximadamente 4,5 
cm no adulto. 80% do testículo adulto são constituídos por túbulos seminíferos; os 20% restantes são 
formados por tecido conjuntivo, dentro do qual estão espalhadas as células de Leydig. Os túbulos 
seminíferos são uma massa de alças que drenam, através dos dúctulos deferentes, para o epidídimo. Este 
funciona como local de armazenamento e de maturação para os espermatozóides. 
 Cada túbulo é limitado por uma membrana basal, que o separa das células de Leydig e do tecido 
conjuntivo. Imediatamente abaixo da membrana basal estão localizadas as espermatogônias e as células 
de Sertoli. À medida que as espermatogônias se dividem e se transformam, sucessivamente, em 
espermatócitos e espermátides, é formada uma coluna de células germinativas, que vai da membrana basal 
até a luz do túbulo, culminando nos espermatozóides. 
Hormônios II 5 
 As células de Leydig são células puramente secretoras de esteróides. Seu principal produto, a 
testosterona, exerce efeitos locais importantes, tanto sobre a replicação das células germinativas como 
sobre as células-alvo distantes. 
 A produção de espermatozóides é um processo contínuo, ao longo da vida reprodutiva do homem. 
São produzidos diariamente cerca de 100 a 200 milhões de espermatozóides. A espermatogênese completa 
dura cerca de 74 dias. 
 
Fisiologia do sistema reprodutor masculino 
Controle da função testicular: 
• Eixo hipotálamo-hipófise-célula de Leydig 
• Eixo hipotálamo-hipófise-túbulos seminíferos 
 
HIPOTÁLAMO 
GnRH 
 
 
Hipófise Anterior 
LH FSH 
 
 
CÉLULA DE LEYDIG CÉLULA DE SERTOLI 
 
Testosterona Espermatozóides e inibina 
 
 
A espermatogênese depende da presença de FSH e de grandes concentrações de andrógenos 
(testosterona) nos túbulos seminíferos. O feedback da secreção de LH é regulado pelos níveis de 
testosterona e estradiol; já o feedback do FSH é regulado por um fator não esteróide denominado inibina, 
originário da célula de Sertoli. 
 
Efeitos biológicos dos andrógenos: 
• Diferenciação sexual das genitálias interna e externa durante o desenvolvimento fetal; 
• Na puberdade, desenvolvimento órgãos internos e caracteres sexuais secundários; alterações na voz, 
pêlos corporais e genitais, aumento da massa muscular, aumento da eritropoiese, alterações no 
comportamento social e estirão do crescimento puberal. 
 
Esteróides gonadais: 
Hormônios Secreção testicular (%) Secreção adrenal (%) Conversão periférica (%) 
Testosterona 
Dihidrotestosterona 
Estradiol 
DHEA sulfato 
95 
20 
20 
< 10 
< 1 
< 1 
< 1 
90 
< 5 
80 
80 
- 
 
Hormônios II 6 
 
 5 redutase 
Testosterona Dihidrotestosterona (DHT) 
 
 aromatase Estradiol 
 
Esteróides (testosterona) no sangue: 60% ligada à SHBG (sex-hormone binding globulin) 
38% à albumina 
2% livre 
A SHBG é uma -proteína homóloga à proteína ligadora de andrógenos, secretada pelas células de Sertoli. 
Fatores que  SHBG: estrógenos, hipertiroidismo, cirrose. 
Fatores que  SHBG: andrógenos, hipotiroidismo, obesidade, acromegalia. 
 
 
OVÁRIOS 
 
Anatomia: 
➢ Ovários maduros: um par de estruturas nodulares, medindo 2,5-5,0 x 2 x 1 cm e pesando de 4 a 8 g, 
dependendo do ciclo menstrual. 
 
Embriologia: os ovários se originam das cristas genitais; as células germinativas primordiais originam-se do 
endoderma e migram para as cristas genitais em torno da 6a semana de gestação. Estes oócitos primários 
são circundados por uma camada de epitélio e células mesenquimais formando os folículos primordiais. No 
meio da gestação os oócitos atingem um pico de 7 milhões. As células germinativas primordiais aumentam 
de tamanho e se tornam oogônias. No meio da gestação elas começam a primeira divisão meiótica e se 
tornam oócitos primários. Esta prófase dura até antes da ovulação, que ocorre 12-40 anos mais tarde. 
Cerca de 400 óvulos são perdidos no processo da ovulação durante a vida da mulher. O restante sofre 
degeneração e no período da menopausa poucos estão presentes. 
 
Histologia: 
➢ Uma camada de epitélio germinativo, com células colunares. 
➢ Uma camada densa de tecido conjuntivo, chamada túnica albugínea. 
➢ Porções cortical e medular. A córtex contém folículos (contém o óvulo e as células da esteroidogênese) 
em diversos estágios de desenvolvimento, circundado por tecido conjuntivo e células secretoras de 
esteróides. A medula contém vasos, nervos, fibras musculares lisas e tecido conjuntivo. 
 
Hormônios ovarianos: estrógenos, andrógenos, progesterona, inibina, relaxina, ativinas e folistatinas e 
prostaglandinas. 
➢ O ovário é normalmente a maior fonte de estrógenos. Androstenediona é o principal andrógeno 
secretado pelo ovário, mas pequenas quantidades de DHEA e testosterona também são secretados. 
➢ A esteroidogênese folicular ovariana tem sido explicada pelo mecanismo das duas células: células da 
granulosa e células da teca. Os receptores de FSH presentes na célula da granulosa são estimulados 
pelo próprio FSH, ou seja, novos receptores são criados pelo próprio estímulo do FSH. Além disso, o 
Hormônios II 7 
FSH induz à atividade da enzima aromatase nas células da granulosa. Por sua vez, os receptores de 
LH estão presentes nas células da teca e, inicialmente, ausentes nas células da granulosa; mas, com o 
crescimento dos folículos, o FSH induz o aparecimento de receptores de LH nas células da granulosa. 
As células de teca são responsáveis pela atividade esteroidogênica estimulada pelo LH, resultando 
especificamente na produção de andrógenos. A aromatização desses andrógenos para estrógenos é 
realizada nas células da granulosa, estimulada pelo FSH. 
➢ Na síndrome dos ovários policísticos (SOP) os altos níveis de LH podem promover uma produção 
excessiva de andrógenos pelas células da teca, e as células da granulosa, diante dos níveis mais 
baixos de FSH, podem ter uma capacidade reduzida de converter estes andrógenos em estrógenos. 
➢ Transporte do estradiol: 38% SHBG (grande afinidade), 60% albumina, 1,8 % livre e 0,1% CBG; 
progesterona se liga fortemente à CBG (17,7%) e fracamente à albumina (80%). O nível de SHBG da 
mulher é duas vezes o do homem. 
➢ Principais funções do ovário adulto: síntese e secreção dos esteróides sexuais e liberação do óvulo 
maduro a cada 28-30 dias. 
➢ Efeitos fisiológicos das esteróides hormonais 
Os receptores dos estrógenos estão no núcleo, enquanto os da progesterona estão no núcleo e 
citoplasma. 
 Relaxina: polipeptídeo que parece ter papel no relaxamento dos ligamentos pélvicos e 
amolecimento da cérvix uterina. Secretada pelas células da granulosa luteinizadas. Seus níveis aumentam 
após o pico de LH do ciclo menstrual, durante a menstruação e no final do primeiro trimestre de gestação. 
 Inibina: inibe a secreção de FSH; ativina: estimula a secreção de FSH. 
 Folistatina: proteína ligadora de ativina e inibina; modula a secreção de esteróides pelas células da 
granulosa e retarda o amadurecimento do oócito em desenvolvimento no folículo pré-ovulatório. 
 
Ciclo menstrual 
 O ciclo normal é de 21-35 dias, com média de 28 dias. Em mulheres com ciclos ovulatórios o 
intervalo entre o início da menstruação e a ovulação (fase folicular) é variável, mas a fase lútea é 
relativamente constante, com média de 14  2 dias. A maior variabilidade na duração do ciclo ocorre nos 
primeiros anos após a menarca e nos anos anteriores à menopausa (quando os ciclos anovulatórios são 
mais comuns). 
 Ciclo ovariano: unidade reprodutora básica do ovário – folículo primordial - inativo (oócito pequeno, 
algumas células da granulosa pouco diferenciadas e membrana basal). Quando o folículo primordial deixa 
sua fase de repouso, o oócito aumenta de tamanho, a zona pelúcida começa a se formar (circundará o 
oócito) e as células da granulosa formam uma camada mais diferenciada – folículo primário.Subseqüentemente, as células da granulosa se proliferam formando várias camadas ao redor do oócito e 
uma camada de células externamente à membrana basal se prolifera formando a teca – folículo secundário. 
As células da granulosa continuam a se proliferarem, há acúmulo de líquido entre as camadas da granulosa 
formando o “antrum”. O oócito e parte das células da granulosa são deslocados para um dos lados da 
cavidade folicular - folículo terciário. Há crescimento rápido do folículo, com acúmulo de líquidos e 
crescimento das células da granulosa. O folículo atinge 2-2,5 cm de diâmetro pouco antes da ovulação. 
Após a ovulação as células da granulosa se tornam luteinizadas e juntamente com a camada da teca, 
formam o corpo lúteo. Na ausência de gestação, o corpo lúteo dura 14 dias e é substituído por tecido 
fibroso, corpo albicans. 
Hormônios II 8 
 No caso de ocorrer a gestação, após a nidação, a placenta começa a produzir hCG, que manterá a 
produção de progesterona pelo corpo lúteo até que o tecido placentário assuma a secreção de 
progesterona (em torno de 10ª semana). 
 
 
Principais exames solicitados na investigação das desordens gonadais masculinas: 
 
1. ANÁLISE SÊMEN 
 Com algumas exceções, a análise de sêmen normal exclui disfunção gonadal. No entanto, uma 
única análise anormal não é suficiente para diagnosticar um distúrbio na função testicular. São necessárias 
pelo menos 3 amostras de sêmen, examinadas num período de 2 a 3 meses, para que se possa avaliar a 
função gonadal masculina. O ciclo da espermatogênese se completa em aproximadamente 3 meses. Alguns 
fatores como febre, trauma, exposição a drogas e outros devem ser questionados, pois podem alterar 
temporariamente a espermatogênese. 
 
2. TESTOSTERONA TOTAL E LIVRE: nas condições associadas com baixas concentrações de SHBG, 
considerar a dosagem de testosterona livre. 
Valores normais: 
 testosterona total (homem) 300-1000 ng/dL; (mulher) 30-90 ng/dL; crianças até 50 ng/dL. 
 testosterona livre (homem) 18-40 pg/mL; homem após 60 anos 10-26 pg/mL; mulher 0,9-3,2 pg/mL; 
mulher após 60 anos 0,4-2,2 pg/mL. 
 
3. DOSAGENS SÉRICAS DE LH, FSH e PRL: 
➢ As dosagens de LH e FSH estão elevadas nos casos hipogonadismo periférico. 
➢ A PRL geralmente é dosada nos casos de investigação de hipogonadismo, uma vez que a 
hiperprolactinemia pode causar falência testicular secundária. A PRL age diretamente sobre o 
hipotálamo, inibindo a liberação de GnRH, resultando em redução na secreção das gonadotrofinas e 
testosterona. 
 
4. TESTE DE ESTÍMULO COM hCG (teste do Pregnyl ou Profasi): 
Indicação: criança com criptorquidia. Permite avaliar a presença de tecido testicular. Pode também servir 
como um estímulo para a descida dos testículos criptorquídicos. Administrar uma dose semanal de 50 a 
100 U/Kg peso por 4 a 6 semanas; colher sangue no basal e 48-72 horas após a última dose. Dosar 
testosterona e hCG. 
 
5. TESTE DE ESTÍMULO COM GnRH: 
Indicações: avaliação dos distúrbios puberais e da reserva secretória de LH e FSH 
Cateterizar veia periférica e mantê-la com solução fisiológica. 
Aplicar 100 g de GnRH em bolo IV. 
Tempos de coleta de sangue: 0´ 15´ 30´ 45´ 60´ 
Dosar LH e FSH em todos os tempos e estradiol/testosterona no tempo zero. 
Pico de resposta do LH: entre 15 e 30 min. Pico de resposta do FSH: entre 45 e 60 min. 
Efeitos colaterais: não há. 
Hormônios II 9 
 
6.CARIÓTIPO 
 
 
Principais exames solicitados na investigação das desordens gonadais femininas: 
 
1. DOSAGENS HORMONAIS: LH, FSH, ESTRADIOL, PROGESTERONA E PROLACTINA: 
➢ Os níveis de LH e FSH variam no decorrer do ciclo menstrual, sendo em geral mais baixos na fase 
lútea. O LH tem um pico imediatamente antes da ovulação. Após a menopausa os níveis de LH e 
FSH se elevam muito, principalmente os de FSH. 
➢ O estradiol ou 17-estradiol é o principal estrogênio de origem ovariana. Em condições normais se 
eleva na fase folicular, estando um pouco mais baixo na fase lútea. Está diminuído no 
hipogonadismo, como após a menopausa. 
➢ Progesterona: geralmente realizada na fase lútea, se eleva após a ovulação. 
➢ Prolactina: geralmente dosada nos casos de irregularidade menstrual e na síndrome dos ovários 
policísticos (se encontra elevada em 30% dos casos). 
 
2. TESTE DE ESTÍMULO COM GnRH 
3. DOSAGENS DE ANDRÓGENOS: testosterona total e livre, androstenediona, 17OH-progesterona, 
DHEA e DHEA sulfato. 
4. OUTRAS DOSAGENS: glicemia, insulina, SHBG e lípides séricos. 
5. ULTRASSONOGRAFIA PÉLVICA: avaliar útero e ovários. 
6. CARIÓTIPO 
7. CITOLOGIA CÉRVICO-VAGINAL 
 
 
Desordens gonadais masculinas 
 
O distúrbio gonadal que cursa com insuficiência é denominado hipogonadismo. O hipogonadismo pode se 
dever a um problema periférico (gonadal), sendo denominado hipogonadismo hipergonadotrófico, ou 
central (hipofisário ou hipotalâmico), sendo denominado hipogonadismo hipogonadotrófico. 
 
1. SÍNDROME DE KLINEFELTER (disgenesia dos túbulos seminíferos 47,XXY) 
É a causa mais comum de hipogonadismo masculino. Presente em 0,1% dos bebês masculinos 
nascidos-vivos. O genótipo clássico é o 47,XXY. Há alta estatura, com proporções eunucóides 
(membros mais longos que o tronco), testículos pequenos e endurecidos, bem como alterações 
cognitivas e comportamentais. Se correlaciona positivamente com achados epidemiológicos de pais 
mais velhos ao nascimento. O defeito cromossômico se expressa na puberdade, quando as 
gonadotrofinas se elevam, mas os túbulos seminíferos não aumentam e sofrem fibrose e hialinização. 
Os testículos se tornam firmes e pequenos. Há azoospermia. O desenvolvimento dos caracteres 
sexuais secundários pode variar muito entre os indivíduos. As células de Leydig funcionam 
anormalmente. O mecanismo responsável pela deficiência androgênica é desconhecido e o grau de 
disfunção das células de Leydig é variável. O estímulo do LH pode causar uma relação aumentada de 
estradiol/testosterona, resultando em ginecomastia. Há altos níveis de LH e FSH na fase adulta da vida. 
Hormônios II 10 
Há também aumento de SHBG, resultando em testosterona total normal baixa, com testosterona livre 
baixa. 
 
2. ANORQUIA BILATERAL (síndrome dos testículos evanescentes): 
Rara; consiste na ausência de testículos palpáveis na bolsa ou no trajeto inguinal. Pode se dever a uma 
lesão testicular pré-natal, após 16ª semana de gestação, por trauma, infecção, insuficiência vascular, 
resultando em perda do tecido testicular num paciente com fenótipo masculino normal. Não há 
desenvolvimento puberal. LH e FSH se elevam na época da puberdade, com testosterona baixa. Há 
necessidade de exploração cirúrgica cuidadosa para estabelecer o diagnóstico definitivo. Pode ocorrer a 
anorquia unilateral, que é mais comum. 
 
3. CRIPTORQUIDIA 
Ausência unilateral ou bilateral dos testículos na bolsa escrotal. 5% dos recém-nascidos a termo 
apresentam criptorquidia. No primeiro ano de vida a maioria dos testículos desce espontaneamente, 
reduzindo a incidência para 0,2-0,8% com 1 ano de idade. LH, FSH e testosterona são normais. Não há 
hipogonadismo. 
 
4. ORQUITE - falência dos túbulos seminíferos no adulto: pode ser causada por infecção gonocócica, 
hanseníase, irradiação local, vírus da caxumba, uremia, alcoolismo, quimioterápicos, entre outros. 
Há hipoespermatogênese, aplasia das células germinativas e hialinização tubular. Os testículos 
apresentam atrofia leve a moderada. Há infertilidade. Análise do sêmen mostra oligo ou azoospermia, 
com testosterona e LH normais. FSH basal pode ser normal ou alto. 
 
5. HIPOGONADISMO CENTRAL (hipogonadotrófico) 
Panhipopituitarismo por irradiação, tumor, necrose hipofisária, etc. 
Síndrome de Kallmann: consiste numa desordem no desenvolvimento migratório dos neurônios GnRH 
da região do aparelho olfatório para a região pré-óptica do hipotálamo, o que resulta na redução da 
secreção de GnRH e graus variáveis de hiposmia (reduçãodo olfato). Há atraso puberal e baixos níveis 
de LH e FSH. 
 
6. TUMORES TESTICULARES 
1-2% das neoplasias malignas no homem. 2o tipo de câncer mais freqüente entre 20-34 anos. 
95% tem origem nas células germinativas; 5% células do estroma (Células de Leydig). 
Etiologia: desconhecida. 
Fatores predisponentes: disgenesia testicular e criptorquidia. 
Marcadores tumorais: 
• hCG aumentado em 5-10% dos seminomas, 100% dos coriocarcinomas e em mais de 50% dos 
teratocarcinomas ou carcinomas de células embrionárias. 
•  fetoproteína: aumentado em 70% dos tumores de células germinativas não-seminomas. 
•  fetoproteína e hCG estão aumentados em 50% dos tumores germinativos não-seminomatosos. 
 
Hormônios II 11 
7. GINECOMASTIA 
É comum no período neonatal e está presente em 70% dos meninos na puberdade. Causas: fisiológica 
(neonatal, puberal), drogas (andrógenos e anabolizantes, estrógenos, drogas anti-androgênicas, 
cetoconazol, omeprazol, cimetidina, ranitidina, quimioterápicos, amiodarona, verapamil, captopril, etc), 
hiperprolactinemia, hipertiroidismo, cirrose hepática, uremia, tumores testiculares ou adrenais 
feminilizantes, etc. Deve-se dosar na investigação: função hepática e renal, hCG, LH, FSH, TSH, PRL, 
testosterona e estradiol. 
Mecanismos propostos: desequilíbrio estrógeno/andrógeno, com ação no tecido mamário. 
 
Desordens gonadais femininas 
 
1. SÍNDROME DE TURNER: o cariótipo mais freqüente nas pacientes afetadas é 45,X0. É a causa 
mais comum de falência gonadal (hipogonadismo hipergonadotrófico) na menina. A forma clássica 
se caracteriza por baixa estatura, puberdade atrasada, amenorréia primária, pescoço alado, tórax 
em barril, implantação baixa das orelhas e dos cabelos, ovários em fita (disgenesia gonadal), entre 
outras. As determinações laboratoriais que comprovam a insuficiência ovariana são gonadotrofinas 
elevadas e estradiol baixo. 
 
2. MENOPAUSA PRECOCE - falência ovariana prematura: geralmente ocorre antes dos 40 anos. 
Causas: ooforectomia bilateral (retirada cirúrgica dos ovários), quimioterapia, radioterapia e auto-
imune (ooforite autoimune). Pode se associar à tiroidite de Hashimoto neste caso. A confirmação 
diagnóstica é feita com altos níveis de FSH e baixos níveis de estradiol. 
 
3. DESORDENS HIPOFISÁRIAS: tumores, síndrome de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto) e 
outras causas de hipopituitarismo. Há baixos níveis de gonadotrofinas e de estradiol. Não há 
elevação do LH e FSH após estímulo com GnRH. 
 
4. SÍNDROME DE KALLMANN: hipogonadismo hipogonadotrófico + anosmia. Causado pela falha no 
desenvolvimento do lobo olfatório e deficiência de GnRH. 
 
5. AMENORRÉIA HIPOTALÂMICA: funcional (doença, estresse, viagens, etc.), em atletas com 
esforço físico intenso e anorexia nervosa. Hipogonadismo hipogonadotrófico. 
 
6. PSEUDO-HERMAFRODITISMO FEMININO: é o aparecimento de virilização dos órgãos genitais 
externos em meninas com cariótipo 46,XX, cujos órgãos genitais internos são normais. A virilização 
se deve a um excesso de andrógenos de origem supra-renal (hiperplasia adrenal congênita) ou 
materna (tumores virilizantes ou hormônios exógenos). Ao nascimento há genitália ambígua. O 
cariótipo é importante no diagnóstico e para a correção cirúrgica da genitália. 
 
7. PSEUDO-HERMAFRODITISMO MASCULINO: é a ausência de virilização de um feto masculino 
portador de testículos e cariótipo 46,XY. Mecanismos: a secreção de testosterona é insuficiente 
devido a um defeito enzimático da síntese de testosterona a partir do colesterol ou a testosterona é 
secretada normalmente, porém há um déficit do receptor ou ausência da 5-redutase. A síndrome 
de feminização testicular é a mais freqüente. A amenorréia se associa a um desenvolvimento 
Hormônios II 12 
incompleto da puberdade feminina. O desenvolvimento dos seios é normal, mas há ausência de 
pêlos corporais. A vulva é normal, a vagina é reduzida em fundo cego, não se percebendo o útero. 
Nos grandes lábios ou na região inguinal podem ser percebido as duas pequenas massas, que são 
os testículos. Diagnóstico: cariótipo. Tratamento: ressecção das gônadas (risco de degeneração) e 
reposição hormonal. 
 
8. TUMORES OVARIANOS FUNCIONANTES: podem secretar andrógenos, levando à amenorréia e 
graus variáveis de virilização (aumento de pêlos corporais, alterações da voz, atrofia mamária, 
acne, aumento do clítoris, etc) ou estrógenos, causando puberdade precoce na criança, 
sangramento uterino pós-menopausa, irregularidade menstrual ou amenorréia na mulher pré-
menopausa. 
 
9. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP): é uma síndrome caracterizada por anovulação 
crônica e hiperandrogenismo, na ausência de outras etiologias que possam ser identificadas 
(hiperplasia adrenal congênita, síndrome de Cushing e tumores secretores de andrógenos). 
QUADRO CLÍNICO: irregularidade menstrual, infertilidade, hiperandrogenismo (hirsutismo, acne), 
obesidade, hipertensão arterial e acantose nigricans e intolerância à glicose ou diabetes mellitus. Há 
hiperinsulinemia, resistência insulínica e risco aumentado de doença cardiovascular. O hirsutismo 
consiste na presença de pêlos terminais – grossos e pigmentados – na face, tórax, dorso, abdome 
inferior e raiz da coxa. 
 
ETIOPATOGENIA: Uma das características da SOP são os níveis plasmáticos elevados de LH, sem o 
pico ovulatório que ocorre no meio do ciclo menstrual normal. A amplitude e freqüência dos pulsos de 
LH são maiores do que as observadas nas mulheres normais. Sugere-se uma secreção hipotalâmica 
inadequada de GnRH. O FSH, por sua vez, encontra-se em níveis plasmáticos baixos ou nos limites 
inferiores da normalidade. Há um estímulo crônico do ovário pelos altos níveis de LH, levando à 
hipersecreção androgênica e alterações morfológicas ovarianas. Os ovários aumentam de volume, a 
cápsula se espessa e múltiplos folículos em estágios diferentes de maturação e atresia são 
encontrados na superfície. 
Apesar da associação entre SOP e resistência insulínica ser amplamente reconhecida, permanecem 
dúvidas sobre como se inter-relacionam. A hereditariedade também parece estar relacionada à SOP 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: ultra-sonografia pélvica, dosagens de LH, FSH, PRL, testosterona 
livre e total, DHEA, DHEA-S, androstenediona e 17OH-progesterona. 
Relação LH/FSH geralmente maior que 2,5. Há hiperprolactinemia entre 11-40% casos. Andrógenos 
elevados. 
 
 
 
 
 
 
 
Hormônios II 13 
CLIMATÉRIO 
 
Entre, aproximadamente 40-65 anos, as mulheres vivenciam uma fase complexa, denominada 
climatério, que é uma síndrome de instalação gradual, com sintomatologia variável quanto ao tipo e 
intensidade e que afeta o organismo como um todo. Durante este período, os ovários, perdem, 
progressivamente, sua capacidade de produção hormonal e de ovulação. O termo menopausa significa a 
última menstruação. 
As alterações na função endócrina não ocorrem abruptamente na menopausa espontânea. O 
climatério se inicia com a redução dos níveis de estrógenos e inibina decorrentes da diminuição do número 
de folículos ovarianos. Isso acarretará uma elevação dos níveis de FSH e encurtamento da 1ª fase do ciclo. 
Posteriormente, a diminuição adicional de folículos resulta em níveis ainda menores de estrógenos, que são 
incapazes de provocar o pico ovulatório de LH, com conseqüente desaparecimento da ovulação e 
diminuição da progesterona. Os níveis dos andrógenos também caem. 
 
QUADRO CLÍNICO: ondas de calor (fogachos), sudorese, insônia, atrofia do epitélio vaginal e uretral, 
incontinência e urgência urinária, pele fina e com rugas, queda de pêlos corporais, ansiedade, depressão e 
irritabilidade. Posteriormente, pode se desenvolver osteoporose, elevação do colesterol plasmático, com 
aumento do risco de doença coronariana. 
 
EXAMES LABORATORIAIS: LH (elevado), FSH (elevado), estradiol (baixo). 
US pélvico, US mamas, mamografia, densitometria óssea (avaliarperda óssea e risco de osteoporose), 
glicemia, colesterol total e frações, triglicérides, TSH (descartar associação de hipotiroidismo). 
 
 
PUBERDADE 
 
 É um estágio no contínuo processo de crescimento e desenvolvimento que se inicia na gestação e 
persiste até o final da vida reprodutiva. Após um intervalo de inércia durante a infância, o gerador de pulsos 
hipotalâmicos aumenta sua atividade no período pré-puberal, levando a um aumento na secreção das 
gonadotrofinas hipofisárias e subseqüente aumento dos esteróides gonadais sexuais, que levam ao 
desenvolvimento sexual secundário, estirão do crescimento e fertilidade. O início da puberdade vêm se 
antecipando com os anos, provavelmente devido às melhores condições sócio-econômicas e nutricionais. 
 Vários fatores endógenos e exógenos podem alterar o início da puberdade: obesidade moderada se 
associa com puberdade adiantada, e obesidade acentuada com atraso puberal. Doença crônica e 
desnutrição geralmente atrasam a puberdade. A idade da menarca da mãe se correlaciona com a da filha, 
indicando a presença de fatores genéticos. 
 Conceitos: 
Telarca – aparecimento das mamas 
Pubarca – aparecimento dos pêlos pubianos 
Menarca – primeira menstruação 
Adrenarca – produção dos andrógenos pelas adrenais 
Gonadarca – produção dos hormônios sexuais pelas gônadas 
 
 Classificação da puberdade segundo Tanner (I-II-III-IV-V): usada para avaliar as mamas, os 
testículos e os pêlos pubianos (meninos e meninas). 
Hormônios II 14 
 
 
FISIOLOGIA DA PUBERDADE 
Alterações físicas associadas à puberdade: 
Meninas: os primeiros sinais de puberdade são aumento da velocidade de crescimento e desenvolvimento 
mamário, pela secreção ovariana de estrógenos. O tamanho e formato das mamas são determinados por 
fatores genéticos e nutricionais. O desenvolvimento dos pêlos pubianos é determinado pela secreção de 
andrógeno pela adrenal e ovários. A telarca e pubarca geralmente ocorrem concomitantemente. 
 
Meninos: o primeiro sinal de puberdade é o aumento testicular (> 2,5 cm ou 4 mL), principalmente pelo 
desenvolvimento dos túbulos seminíferos secundário ao estímulo pelo FSH. O desenvolvimento dos pêlos 
pubianos é determinado pela secreção de andrógenos pela adrenal e testículos. Na presença de um tumor 
secretor de hCG, somente as células de Leydig são estimuladas, e os testículos não crescem como na 
puberdade normal. Espermarca ocorre nos estádio puberais 3-4. 
 
Idade de início da puberdade: dados americanos – meninas de 8 a 13 anos e meninos de 9 a 14 anos. 
Tempo decorrido entre o início da puberdade e o desenvolvimento adulto completo: meninas – de 1,5-6 
anos (média de 4,2 anos); meninos – 2-4,5 anos (média de 3,5 anos). 
 
Estirão do crescimento: é o aumento acentuado da velocidade de crescimento que ocorre na puberdade. 
Envolve um complexo controle endócrino, com participação de vários hormônios, como T3, T4, GH, IGF-I e 
hormônios sexuais. Nas meninas o estirão se inicia logo no começo da puberdade e se completa 
geralmente com a menarca. O ganho estatural é de ~ 25 cm. Nos meninos o estirão ocorre no final da 
puberdade, com ganho de ~28 cm. 
 
Alterações na composição corporal: meninos e meninas pré-puberais apresentam igual proporção de 
massas magra e gorda. Ao final da puberdade, as meninas têm o dobro de tecido adiposo e os meninos 
1,5X a quantidade de massa muscular. 
Outras alterações puberais: ganho de massa óssea, dermatite seborreica, alterações na flora oral, a 
resistência insulínica se acentua (por aumento do GH), etc. 
 
ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS DA VIDA FETAL À PUBERDADE 
Na vida fetal as secreções de GnRH e gonadotrofinas são observadas a partir do final do 1o trimestre, com 
pico no meio da gestação e queda logo após. No termo, as gonadotrofinas estão suprimidas, mas com o 
clearance dos altos níveis de estrógenos circulante o feedback negativo diminui surgindo picos de LH e FSH 
meses após o nascimento. Picos episódicos de gonadotrofinas podem ocorrer até os 2 anos de vida. Após 
os 2 anos até o início da puberdade as secreções das gonadotrofinas são bem baixas. Na peri-puberdade 
os picos de GnRH aumentam em freqüência e amplitude durante as primeiras horas de sono e as 
concentrações de estrógenos e testosterona aumentam algumas horas após. Com o progresso da 
puberdade os picos ocorrem também durante o dia e finalmente, durante todo o dia. No início da puberdade 
as gonadotrofinas são bem sensíveis ao feedback negativo das hormônios sexuais, mas com o decorrer da 
puberdade esta sensibilidade se diminui, requerendo maiores concentrações de esteróides para suprimir o 
LH e FSH séricos. As concentrações dos esteróides sexuais aumentam com o progredir da puberdade. 
 
Resposta ao estímulo com GnRH: em crianças abaixo de 2 anos, as secreções de LH e FSH aumentam 
marcadamente. No período de “pausa” entre 2 e 9-10 anos o GnRH tem pouco efeito na liberação de LH. 
Hormônios II 15 
No período peri-puberal o GnRH induz o aumento do LH. Esta resposta persiste na vida adulta. Não há 
alterações significativas na secreção de FSH após estímulo com GnRH com o início da puberdade. 
 
OVULAÇÃO E MENARCA: o último estágio no desenvolvimento do eixo hipotálamo-hipofisário é a início do 
feedback positivo, levando à ovulação e menarca. Os primeiros ciclos menstruais são anovulatórios – 90% 
dos ciclos menstruais são anovulatórios no primeiro anos após a menarca. 
 
ADRENARCA: a córtex adrenal secreta andrógenos fracos como androstenediona, DHEA e DHEA sulfato; 
esta secreção se inicia geralmente aos 6-7 anos na menina e 7-8 anos no menino. A adrenarca ocorre 
antes da gonadarca. São eventos independentes. 
 
PUBERDADE ATRASADA 
 
É a ausência de desenvolvimento puberal em meninas com 13 anos e meninos de 14 anos. Classificação: 
 
1. Atraso puberal constitucional (LH, FSH e esteróides gonadais baixos) 
 
2. Hipogonadismo hipogonadotrófico (LH, FSH e esteróides gonadais baixos) 
- Desordens do sistema nervoso central (tumores hipotalâmicos ou hipofisários, radioterapia, etc) 
- Deficiência isolada de gonadotrofinas (Sd de Kallmann) 
- Panhipopituitarismo (deficiência de todos os hormônios da hipófise anterior) 
- Doença crônica, desnutrição, anorexia nervosa, atividade física excessiva, etc. 
 
3. Hipogonadismo hipergonadotrófico (LH e FSH altos, esteróides gonadais baixos) 
Meninos: Sd de Klinefelter, anorquia, criptorquidia, etc 
Meninas: Sd de Turner, radioterapia, ooforite autoimune, etc. 
 
 
PUBERDADE PRECOCE 
 
É o desenvolvimento sexual secundário antes dos 8 anos na menina e 9 anos no menino. Se a causa for a 
ativação prematura do eixo H-H-gonadal, é chamada de puberdade precoce verdadeira ou completa. Se 
não houver ativação do eixo é chamada de puberdade precoce incompleta. 
 
Classificação: 
PUBERDADE PRECOCE VERDADEIRA: LH após GnRH com resposta puberal (eixo ativado), esteróides 
gonadais com níveis puberais. Causas: 
- Constitucional 
- Idiopática 
- Desordens do sistema nervoso central: hamartomas, tumores, hidrocefalia, anomalias congênitas, 
traumas, infecções, etc. 
- Síndromes virilizantes: hiperplasia adrenal virilizante, tumor virilizante, etc. 
 
PUBERDADE PRECOCE INCOMPLETA: ausência de ativação do eixo. Causas: 
 
Hormônios II 16 
Meninos: secreção endógena autônoma de andrógenos pelos testículos ou adrenais, administração 
exógena iatrogênica de andrógenos, etc. 
 
Meninas: administração exógena ou secreção endógena autônoma de estrogênio, com níveis baixos de LH 
e FSH. Ex: cistos foliculares, ingestão de estrógenos ou uso de cremes com estrógenos, etc. 
 
Hormônios II 17 
INVESTIGAÇÃO DOS DISTÚRBIOS PUBERAIS: 
 
- LH, FSH, estradiol/testosterona 
- Teste de estímulo com GnRH: pico do LH maior que 7,0 mUI/mL (método imunofluorescente) indica 
ativação do eixo gonadal. 
- TSH, PRL 
- Andrógenos 
- Cariótipo 
- Raio X de punho e mão – idade ósssea 
- Raio X de crânio 
- US pélvicoou de testículos 
- US abdome 
- Tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética de crânio 
 
 
VARIANTES DO DESENVOLVIMENTO PUBERAL: 
 
• Telarca precoce idiopática: aparecimento de mamas antes dos 2 anos, sem outros sinais puberais nem 
aumento da velocidade de crescimento. Resulta da secreção pulsátil de FSH que ocorre nos primeiros 
meses de vida, com algum estímulo ovariano e sem concomitante amento da secreção de LH, diferindo 
assim de uma puberdade verdadeira. O processo é geralmente autolimitado, ocorrendo regressão 
espontânea das mamas. 
 
• Pubarca precoce idiopática: definida como aparecimento de pêlos pubianos antes dos 8 anos nas 
meninas e antes dos 9 anos nos meninos, com ou sem aparecimento de pêlos axilares e mudanças do 
odor da transpiração e sem outros sinais de desenvolvimento sexual. Mais freqüente na menina que no 
menino, sendo geralmente secundária à adrenarca precoce. Pode causar aumento transitório da 
velocidade de crescimento e da maturação óssea, mas que não resultarão em perda de estatura. O 
DHEA-S se encontra elevado em até 50% casos. Afastar presença de tumores adrenais e hiperplasia 
adrenal congênita. 
 
 
 
Hormônios II 18 
ADENOMAS HIPOFISÁRIOS 
 
 Os adenomas hipofisários mais freqüentes são os secretores de prolactina, denominados 
prolactinomas. Os prolactinomas ocorrem em 60% dos casos, enquanto os tumores secretores de GH 
(acromegalia ou gigantismo) ocorrem em 20% das vezes e os secretores de ACTH 10% (síndrome de 
Cushing). As hipersecreções de TSH e gonadotrofinas são pouco comuns. Tumores não secretores ocorrem 
em 10% dos casos. 
 Os adenomas hipofisários podem ser classificados de acordo com o tamanho em microadenoma (< 
1 cm de diâmetro) ou macroadenoma (>1 cm de diâmetro). Tumores maiores que 2 cm geralmente se 
estendem fora da sela túrcica, invadindo a região supra-selar, seio esfenoidal e seios cavernosos. Quanto 
maior o tumor, maior a freqüência de comprometimento visual e insuficiência hipofisária. 
 
 
HIPERPROLACTINEMIA 
 
 A prolactina é um hormônio proteico sintetizado pelos lactotrofos da hipófise anterior. Sua secreção 
é tonicamente inibida pelo hipotálamo. A dopamina é o principal fator hipotalâmico inibidor da PRL, 
enquanto o TRH é considerado um potente liberador de prolactina. Sua secreção é também estimulada pelo 
VIP (polipeptídeo intestinal vasoativo) e pelas vias serotoninérgicas. 
Contém 198 aminoácidos. Sua molécula apresenta homologia parcial com GH e lactogênio 
placentário. Ocorre no soro na forma de monômero de PM=23 KDa (“little”) ou como polímeros de PM=48 a 
56 KDa (“big”) ou de 150 KDa (big-big). Moléculas de PRL de PM=150 podem representar agregados de 
PRL com atividade biológica reduzida, clearance plasmático reduzido e com menor capacidade de ligação 
aos receptores da PRL. Isto explica a síndrome clínica de hiperPRL com sintomas mínimos (ciclos 
menstruais normais e galactorréia mínima) - macroprolactinemia. 
 
O principal órgão-alvo da prolactina é a glândula mamária feminina. Na mulher a PRL tem função de 
iniciar e manter a lactação. Sua ação no homem é pouco conhecida. 
 Os níveis de PRL apresentam uma variação diurna, com níveis mais altos durante o sono. Na fase 
folicular do ciclo menstrual os níveis de PRL são mais baixos, elevando-se na fase lútea. Durante a 
gestação os níveis de PRL aumentam muito, atingindo o pico na época do parto. Os níveis retornam ao 
normal 4 semanas após o parto, na ausência de amamentação. Por até 3 meses após o parto, os níveis de 
PRL aumentam em resposta à sucção do mamilo. 
 
Efeito gancho ou hook: é uma condição em que uma amostra com valor muito elevado de um 
determinado hormônio apresenta pequena resposta no ensaio, causando resultados falsamente baixos. Ele 
ocorre quando um excesso de Ag é capaz de saturar simultaneamente tanto o Ac monoclonal de captura 
quanto o Ac monoclonal revelador, impossibilitando a realização do "sanduíche". Pode ser evitado com a 
realização do ensaio em duas fases, ou seja, uma pré-incubação do soro com o Ac de captura, seguida pela 
lavagem e posterior incubação com o Ac monoclonal revelador. 
 
 A hipersecreçcão de PRL é a anormalidade endócrina mais comum do eixo hipotálamo-hipofisário. 
 A hiperPRL causa não só galactorréia, mas também disfunção gonadal. Logo, a dosagem da PRL 
deve ser realizada nos pacientes com galactorréia, suspeita de lesão do eixo hipotálamo-hipofisário, 
Hormônios II 19 
aumento selar e anormalidades gonadais (impotência, diminuição da libido, distúrbios menstruais ou 
infertilidade). 
 
CAUSAS DE HIPERPROLACTINEMIA: 
1. Fisiológicas: gestação, puerpério, amamentação, estresse e exercício físico. 
2. Farmacológicas: drogas bloqueadoras dos receptores de dopamina (clorpromazina, metoclopraminda, 
sulpiride, etc), drogas depletoras de dopamina (reserpina e -metildopa), drogas antagonistas dos 
receptores H2 de histamina, estrogênios e TRH. 
3. Patológicas: prolactinomas, outros tumores hipofisários, secção da haste hipofisária, hipotiroidismo 
primário, síndrome dos ovários policísticos, insuficiência renal crônica, cirrose hepática e lesões na 
inervação intercostal. 
 
 
PROLACTINOMA 
 
 O prolactinoma é um adenoma hipofisário secretor de PRL. O tamanho do tumor varia de 
microadenoma a tumores que invadem as regiões extra-selares. A maioria dos pacientes apresenta ao 
diagnóstico um microadenoma. 
 Incide mais entre 3a e 4a décadas de vida. Acomete igualmente ambos sexos. As mulheres em fase 
reprodutiva geralmente apresentam microadenoma ao diagnóstico, enquanto nos homens e mulheres pós-
menopausa os macroadenomas são mais comuns, provavelmente devido à suspeita clínica ser mais tardia 
nestes. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA HIPERPROLACTINEMIA 
HOMENS 
Galactorréia (< 30%) 
Impotência 
Hipopituitarismo 
Cefaléia 
Alterações no campo visual 
MULHERES 
Galactorréia (30-80%) 
Irregularidade menstrual 
Infertilidade 
Cefaléia 
Alterações no campo visual 
 
Diagnóstico: 
 Avaliar na história clínica: ciclos menstruais, gestação, fertilidade, uso de medicamentos, sinais e 
sintomas de hipotiroidismo ou hipopituitarismo. 
 Dosagem de PRL basal: a coleta requer jejum e paciente em repouso. O ideal na suspeita de hiperPRL é 
se dosar 3 amostras seqüenciais a cada 30 minutos, fazendo-se assim um pool. Os testes dinâmicos 
com dosagem de PRL apresentam pouca utilidade prática. 
Fatores que interferem na coleta: estresse, gestação, amamentação, sono, exercício e hipoglicemia. 
 
Se PRL basal de 20-40 ng/mL, pode ser um pico na secreção da PRL ou estresse ou outras causas não 
patológicas. 
PRL entre 40 e 100 ng/mL é de difícil diagnóstico, pois pode se dever a um microadenoma ou a outras 
causas de hiperPRL. 
PRL entre 100 e 200 ng/mL sugere presença de um micro ou macroprolactinoma. 
Hormônios II 20 
PRL basal > 200 ng/mL é fortemente sugestivo de um macroprolactinoma, pois geralmente há uma 
correlação entre o nível da PRL e o tamanho do adenoma hipofisário. 
 
 Avaliação da função hipofisária anterior: LH, FSH, testosterona/estradiol, TSH, T3, T4, cortisol, teste de 
gravidez (se mulher). Se necesário, fazer o Teste Combinado. 
 Exames de imagem: Raio X de crânio; tomografia computadorizada de hipófise; ressonância nuclear 
magnética de hipófise; campimetria visual. 
 
 
ACROMEGALIA E GIGANTISMO 
 
A acromegalia é uma doença crônica caracterizada por desfiguração facial, aumento das extremidades e 
alterações metabólicas, decorrentes da produção excessiva do hormônio do crescimento (GH) e dos fatores 
teciduais de crescimento GH-dependentes, como o IGF-I (insulin-like growth factor I ou somatomedina C). 
Quando a doença se inicia antes do fechamento das epífises dos ossos longos, acompanha-se de alta 
estatura e recebe o nome de gigantismo. 
 
Doença rara, que acomete ambos os sexos com igual freqüência. Geralmente é diagnosticada entre a 3a e 
5a décadasde vida. 
 
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA ACROMEGALIA 
• adenomas hipofisários produtores de GH: 95% dos casos. 
• tumores secretores de GHRH, levando ao estímulo secundário excessivo do somatotrofo: 
hamartoma hipofisário, ganglioneuroma, tumores carcinóide, brônquico, do trato gastrointestinal 
e pâncreas. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
Cefaléia 
Sudorese excessiva 
Aumento de extremidades (pés, mãos) 
Prognatismo 
Macroglossia 
Hipertensão arterial 
Aumento das regiões supra-orbitárias 
Aumento de partes moles 
Aumento do espaço entre os dentes 
Redução do campo visual 
Aumento tireoideano 
Intolerância à glicose/Diabetes Mellitus 
Hipogonadismo 
 
DIAGNÓSTICO 
1. Dosagem basal de GH basal sérico: as concentrações basais de GH estão elevadas na acromegalia, 
mas flutuam amplamente. Sendo a secreção de GH pulsátil e periódica, sua determinação numa amostra 
isolada pode, às vezes, não ser útil para diagnóstico ou para exclusão da acromegalia. 
 
2. Testes funcionais com dosagem de GH: 
O mais clássico é o teste de supressão do GH após sobrecarga de glicose. O normal é que ocorra a 
supressão da secreção do GH com a glicose, mas na hipersecreção de GH ocorre um efeito paradoxal e o 
Hormônios II 21 
GH se eleva com a administração de glicose. O diagnóstico de acromegalia é feito na ausência de 
supressão do GH abaixo de 1 mcg/L após administração de 75 g de glicose oral. 
Protocolo do teste: requer jejum. Cateterizar veia periférica e dar ao paciente 75g de glicose diluída em 
água, via oral. O primeiro gole é considerado como tempo zero. As amostras deverão ser colhidas antes da 
ingestão e nos tempos 30, 60, 90, 120 e 180 minutos. Dosa-se GH e glicose em todos os tempos. 
Teste de estímulo do TRH com dosagem de GH sérico: cerca de 50% dos acromegálicos apresentam 
aumento nos níveis de GH após estímulo com TRH, indicando que nestes casos há somatotrofos anômalos 
que apresentam receptores para TRH. 
 
3. Dosagem de IGF-I basal: grande parte dos efeitos biológicos do GH ocorre pela ação da IGF-I. Os níveis 
de IGF-I possuem boa correlação com a secreção integrada de GH, sendo sua medida considerada 
como o índice mais sensível de atividade da doença. 
4. Dosagem basal de PRL sérica: útil na avaliação da acromegalia, pois 20-40% dos pacientes apresentam 
elevação desse hormônio. 
5. Avaliação da função hipofisária anterior: dosagens basais e teste combinado, se necessário. 
6. Raio X de crânio; tomografia computadorizada; ressonância nuclear magnética de hipófise 
Hormônios II 22 
ADRENAL 
 
➢ Anatomia: as duas adrenais pesam juntas de 8 a 10 g. Do peso total, 90% corresponde à córtex e 10% 
à medula. Ricamente vascularizadas. 
➢ A adrenal se divide em duas partes: medula e córtex. A córtex adrenal produz principalmente cortisol, 
aldosterona e andrógenos e a medula produz as catecolaminas, como a adrenalina, noradrenalina e 
dopamina. 
 
➢ A córtex se divide em 3 zonas: glomerular, fasciculada e reticular. 
1. Zona glomerular: camada mais externa; produz aldosterona; é deficiente em 17-hidroxilase, logo, não 
produz cortisol nem andrógenos. 
2. Zona fasciculada: camada do meio; produz cortisol e andrógenos; composta por células ricas em 
lipídios; responde agudamente ao ACTH. 
3. Zona reticular: camada mais interna; produz cortisol e andrógenos; composta por células pobres em 
lipídios; mantém a secreção de cortisol basal e a induzida por estímulo prolongado do ACTH. 
 
➢ O ACTH regula as secreções hormonais das zonas fasciculada e reticular. A ausência de ACTH leva à 
atrofia destas zonas. 
➢ A secreção hormonal da zona glomerular é regulada pelo K+ e sistema renina-angiotensina (descrita a 
seguir). 
➢ Colesterol: é o precursor do cortisol e andrógenos. Fontes de colesterol: lipoproteínas plasmáticas, 
colesterol livre sérico e a partir do acetato (na glândula). O ACTH estimula a conversão de colesterol em 
pregnenolona. 
➢ Os andrógenos adrenais – DHEA, DHEA-S e androstenediona – têm atividade androgênica intrínseca 
mínima, mas contribuem para a androgenicidade pela conversão periférica em andrógenos mais 
potentes, como testosterona e dihidrotestosterona (DHT). 
➢ Regulação das secreções de cortisol e andrógenos adrenais – eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA): 
CRH → ACTH → córtex adrenal. O próprio cortisol regula sua secreção através do feedback 
negativo. 
 
➢ CRH (hormônio liberador da corticotrofina) se liga a receptores na membrana celular do corticotrofo e 
aumenta a síntese e secreção do ACTH hipofisário. A vasopressina também estimula a secreção de 
ACTH, mas não a síntese. 
➢ A regulação do eixo HHA é feita pela ação combinada de várias vias neuronais e fatores circulantes, 
como os glicocorticóides. Os glicocorticóides inibem a síntese e secreção de CRH e modificam a 
reposta induzida pelo estresse. 
➢ O eixo HHA é ativado em resposta ao estresse hemodinâmico, metabólico (hipoglicemia), psicológico 
(dor, imobilização, etc) e físico. Estresse emocional e treinamento prolongado (atletas profissionais) 
resultam em ativação persistente do CRH central. 40-70% dos pacientes com depressão maior têm 
hipersecreção mantida de ACTH e cortisol. Tumores como carcinóide brônquico, nefroblastoma, 
feocromocitoma, carcinoma medular da tireóide e tumores de ilhotas podem secretar CRH e co-secretar 
ACTH (quadro clínico e laboratorial semelhante à síndrome de ACTH ectópico). 
➢ No 1o trimestre de gestação o CRH é baixo, começa a aumentar no 2o trimestre, com pico no termo e 
diminui rapidamente 24 horas após o parto. O CRH está aumentado em condições patológicas como 
gestação gemelar, retardo do crescimento intrauterino e hipertensão da gravidez. 
➢ O ACTH deriva da pró-opiomelanocortina (POMC), que é uma molécula grande, precursora de ACTH, 
MSH (melanocortina), lipotrofina e endorfina. A secreção de ACTH é regulada pelo SNC e pelos 
níveis séricos dos glicocorticóides. Sua secreção é estimulada principalmente pelo CRH, mas também 
pela vasopressina e catecolaminas. Situações de estresse, como dor, infecção e choque elétrico, 
aumentam a secreção de ACTH. O ACTH estimula as secreções dos esteróides adrenais, como 
glicocorticóides e andrógenos. Os glicocorticóides inibem as secreções de ACTH e CRH. A 
administração prolongada de glicocorticóides ou a hipersecreção endógena leva à atrofia adrenal e 
inibição do eixo HHA. A supressão do eixo HHA pode durar de 6 a 12 meses após a retirada de um 
tumor causador de síndrome de Cushing. Infecções microbianas e lesão tecidual ativam o eixo HHA, via 
Hormônios II 23 
interleucinas e FNT, aumentando a secreção dos glicocorticóides, que possivelmente inibem a produção 
de citocinas no foco inflamatório. 
 
➢ Mecanismos do controle neuroendócrino: 
1. Ritmo circadiano: pico às 8:00 da manhã, diminuindo no decorrer do dia, atingindo 50% do valor do pico 
às 16:00 e nadir à noite. Começa a aumentar novamente após 3-5 horas de sono. 
Fatores que alteram este ritmo: ritmo do sono, exposição claro-escuro, horário das refeições, estresse 
físico (doença, fome, trauma, cirurgia), estresse psicológico, distúrbios neurológicos, síndrome de 
Cushing, doença hepática e renal e alcoolismo. As secreções de ACTH e cortisol apresentam 
pulsatilidade com um intervalo de 39 minutos entre os pulsos e uma duração de 19 minutos para cada 
pulso. 
2. Resposta ao estresse: o estímulo é captado pelo SNC, estimulando a secreção de CRH pelo 
hipotálamo, que estimula a secreção hipofisária de ACTH. Altas doses de glicocorticóides exógena ou 
endógena bloqueiam esta reposta. 
 
* Efeito da secreção circadiana do ACTH nos andrógenos adrenais: DHEA e androstenediona possuem 
periodicidade circadiana semelhante ao ACTH e cortisol; DHEA-S não tem ritmo diurno, pois seu 
clearance é prolongado. 
 
➢ Circulação: o cortisol e os andrógenos adrenais se ligam às proteínas plasmáticas (forma inativa – pool 
circulante). Cortisol: 10% na forma livre (~1 g/dl) , 75% ligado à CBG(globulina ligadora de cortisol) e 
15% à albumina. A albumina tem maior capacidade de ligação ao cortisol, mas menor afinidade; os 
glicocorticóides sintéticos estão largamente ligados à albumina, exceto a prednisolona, que se liga à 
CBG. Os andrógenos se ligam principalmente à albumina, mas numa ligação fraca. No entanto, a 
testosterona se liga à SHBG, uma globulina específica. 
 
➢ Metabolismo: 
Os esteróides são metabolizados em formas inativas e hidrossolúveis no fígado e 90% é excretado pelos 
rins. 
Fatores que alteram o metabolismo do cortisol: 
▪ Crianças e idosos têm menor metabolismo; 
▪ Doença hepática crônica; 
▪ Hipotiroidismo e hipertiroidismo; 
▪ Inanição, anorexia nervosa e gestação apresentam redução no clearance por aumento de CBG; 
Os andrógenos adrenais podem ser degradados e inativados ou convertidos em andrógenos mais potentes, 
como testosterona e DHT. DHEA pode ser convertido em DHEA-S na adrenal, fígado e rim ou ser 
convertido em androstenediona. 
 
Efeitos biológicos dos glicocorticóides: aumentam a gliconeogênese hepática, inibem a captação de 
glicose pelo músculo e tecido adiposo, aumentam a lipólise, aumentam a deposição de gordura no tronco, 
diminuem a síntese proteica e aumentam a proteólise. 
A administração de glicocorticóides aumenta os leucócitos polimorfonucleares circulantes e reduz os 
linfócitos, monócitos e eosinófilos. Reduz a migração de células inflamatórias para o local de injúria (ação 
anti-inflamatória), além de ter ação imunológica reduzindo a produção de interleucinas, o processamento de 
antígenos e a produção de anticorpos (interleucina-1 estimula as secreções de CRH e ACTH). Aumenta o 
débito cardíaco e o tônus vascular periférico. 
O excesso de glicocorticóides inibe os fibroblastos, resultando em pele fina, formação de estrias e 
cicatrização difícil. Inibe a formação óssea, estimula a reabsorção óssea, reduz a absorção intestinal de 
cálcio e aumenta a excreção urinária de cálcio (osteopenia). Inibe o crescimento em crianças. Causa 
hipertensão arterial. Aumenta a pressão intraocular em pacientes predispostos (glaucoma). 
 
 
 
 
Hormônios II 24 
SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA 
 
 O principal regulador da zona glomerular é o sistema renina-angiotensina. A renina é uma enzima 
proteolítica liberada pelas células justaglomerulares do rim em resposta a uma série de estímulos, como a 
redução da pressão na arteríola aferente do glomérulo, diminuição do fluxo tubular de sódio na mácula 
densa e aumento da secreção de prostaglandinas. A renina converte o angiotensinogênio em angiotensina 
I, que é transformada pela enzima de conversão em angiotensina II no leito capilar pulmonar. A 
angiotensina II tem ação vasoconstritora e age estimulando a secreção de aldosterona. 
 A concentração de potássio também é importante na regulação da aldosterona. A hiperpotassemia 
estimula e a hipopotassemia reduz a produção de aldosterona. A postura ereta é um forte estímulo para a 
secreção de renina. Elevações agudas de ACTH plasmático podem estimular a via de síntese da zona 
glomerular. Mecanismos de feedback: a retenção de sódio e água aumenta o volume plasmático e reduz a 
secreção de renina; o sistema nervoso autônomo também afeta a secreção de renina; o fator natriurético 
atrial age como antagonista da renina e aldosterona. 
Os principais mineralocorticóides secretados pela córtex adrenal são aldosterona e 
desoxicorticosterona. Os principais órgãos-alvo para a ação dos mineralocorticóides são os rins, mucosa 
gastrointestinal, glândulas salivares e sudoríparas. Causam reabsorção de sódio nos túbulos renais 
(coletores e contornados distais) e excreção de íons potássio e hidrogênio. 
 Mecanismo da hipertensão arterial induzida pelos mineralocorticóides: expansão do volume 
plasmático e extracelular (retenção de sódio e água), aumento da resistência vascular periférica e efeito 
inotrópico positivo (aumenta o débito cardíaco). 
 
Hormônios II 25 
AVALIAÇÃO LABORATORIAL 
 
DOSAGENS BASAIS: 
 
1) Dosagem de cortisol sérico basal: a amostra deve ser colhida entre 7 e 9 horas da manhã. Sua 
dosagem isolada é de baixa sensibilidade e especificidade. Coleta com paciente em repouso, em jejum, 
com veia cateterizada por pelo menos 30 minutos. 
2) Avaliação do ritmo circadiano do Cortisol: feita pela coleta de amostras séricas para dosagem de 
cortisol às 8, 16 e 24 horas (opcional). O desaparecimento do ritmo circadiano é um das alterações mais 
precoces da síndrome de Cushing. O teste é bastante sensível, mas pouco específico, pois condições 
como estresse, alcoolismo e depressão podem abolir o ritmo. 
3) Dosagem de cortisol salivar: dosa a fração livre do cortisol. Não tem estresse, pode ser coletado em 
casa e encaminhado no dia seguinte ao laboratório. Útil em crianças, pela facilidade da coleta. Sua 
concentração é bem menor que no soro e os valores de referência estão sendo padronizados. 
4) Dosagem de ACTH plasmático: usada para diagnóstico diferencial entre síndrome de Cushing ACTH-
dependente e ACTH-independente, mas com problemas de sensibilidade. Dosado por RIA, possui 
limitações técnicas e práticas, além de custo elevado. O ACTH é instável no plasma, sendo 
rapidamente inativado por enzimas proteolíticas. Na coleta usa-se seringa e tubo gelados e centrífuga 
refrigerada; colher em jejum, em tubo plástico com EDTA, pois o ACTH é absorvido pelo vidro. 
Apresenta sensibilidade e precisão insatisfatórios para baixas concentrações. 
5) Andrógenos séricos: testosterona livre e total, androstenediona, DHEA-S, 17-OH-progesterona, DHEA, 
11-desoxicortisol, DHT, 17-OH-pregnenolona. Indicados nos casos de hiperandrogenismo. 
6) Dosagem de Cortisol livre na urina: quando dosado em urina de 24 horas representa uma integração da 
secreção diária de cortisol. Os métodos empregados baseiam-se na cromatografia líquida de alta 
performance (HPLC) ou em radioimunoensaios. Bom para avaliação da hipersecreção de cortisol, mas 
sem sensibilidade para investigação de insuficiência adrenal. 
 
TESTES DE ESTÍMULO: 
 
7) Teste de tolerância à insulina (ITT): indicado na avaliação do eixo HHA. A hipoglicemia estimula o eixo e 
avaliamos a secreção de cortisol. 
Aplicar: Insulina simples 0,05 - 0,1 U/Kg peso. 
Tempos de coleta de sangue: 0´ 15´ 30´ 45´ 60´ 90´. Dosar cortisol e glicemia. 
Picos de resposta: Glicemia: entre 15 e 30 min; Cortisol: entre 60 e 90 min. 
Durante o teste, usar glicosímetro para controle da glicose no sangue capilar em todos os tempos 
descritos acima. O paciente deve apresentar sintomas clínicos de hipoglicemia e/ou taxa de glicose < 40 
mg%. Cuidados: manter sempre glicose hipertônica preparada na seringa para ser usada em caso de 
hipoglicemia severa. Resposta normal do cortisol: pico maior que 18-20 g/dl. 
 
8) Teste de estímulo com ACTH sintético (antigo teste da cortrosina): indicação - avaliação da reserva 
adrenal. Administra-se EV 250 g de ACTH sintético e colhe-se sangue para a dosagem de cortisol nos 
tempos 0 e 60 minutos. Resposta normal do cortisol: pico maior que 18-20 g/dl aos 60 minutos. 
9) Teste de estímulo com ACTH sintético: indicação – avaliação de hirsutismo e pubarca precoce. Este 
teste é como descrito acima, mas dosa-se os andrógenos adrenais além do cortisol. Este teste identifica 
os defeitos de síntese ao nível das enzimas 21-hidroxilase, 11-hidroxilase e 3ol-desidrogenase. O teste 
deve ser realizado na fase folicular, se a paciente menstruar. Administra-se EV 250 g de ACTH e 
colhe-se sangue tempos 0 e 60 minutos. Dosar nos tempos basais: LH, FSH, PRL, testosterona, 
estradiol e DHEAS. Dosar em todos os tempos: cortisol, 17OH-progesterona, DHEA, androstenediona, 
17-pregnenolona e composto S (11-desoxicortisol). Pode fazer o teste simplificado, dosando-se 
somente cortisol e 17-OH-progesterona nos dois tempos. 
 
TESTES DE SUPRESSÃO: 
 
10) Teste de supressão do cortisol com administração de dexametasona: 
Hormônios II 26• Supressão do cortisol com 1 mg de dexametasona: consiste na administração oral de 1 mg de 
dexametasona às 23 horas e na coleta de sangue às 8 horas da manhã seguinte, para dosagem de 
cortisol. A resposta normal é o valor de cortisol abaixo de 3 g/dl. Resultados falso-positivos podem 
ocorrer por falhas na ingestão ou absorção da droga, pelo uso concomitante de hidantoinatos, no 
alcoolismo, na depressão endógena e na obesidade. Usada na investigação de hipercortisolismo. 
• Supressão do cortisol com 2 mg de dexametasona: realizado como o teste acima, mas com dose de 
2mg. Uma resposta normal é a queda do nível de cortisol para valores inferiores a 3 g/dl. São raras as 
respostas falso-positivas e falso-negativas. Usada na investigação de hipercortisolismo. 
• Supressão com 8 mg de dexametasona: teste indicado quando paciente já apresenta hipercortisolismo 
confirmado e necessita investigar a causa deste. Baseia-se na premissa de que altas doses de 
glicocorticóides suprimem a produção de ACTH e cortisol nos pacientes com Doença de Cushing, mas 
não naqueles com síndrome de ACTH ectópico ou tumores adrenais. É realizado administrando-se 2 
mg de dexametasona a cada 6 horas por 02 dias ou uma dose única de 8 mg às 23 horas, com coleta 
às 8 horas do dia seguinte. Uma resposta com queda dos valores de cortisol a níveis abaixo de 50% do 
valor basal é considerada positiva e característica de Doença de Cushing. A maioria dos pacientes com 
Doença de Cushing suprime com 8 mg, embora alguns necessitem de doses maiores. Pacientes com 
síndrome de ACTH ectópico podem, eventualmente, apresentar supressão. 
 
 
 
SÍNDROME DE CUSHING 
 
Conceito: grupo de desordens clínicas e metabólicas caracterizadas por hiperfunção da córtex adrenal, 
associadas à produção excessiva de glicocorticóides ou glicocorticóides e andrógenos. 
 
Classificação: 
▪ ACTH-dependente: o hipercortisolismo decorre da secreção excessiva de ACTH. 
▪ ACTH-independente: o hipercortisolismo independe da secreção de ACTH. 
 
CAUSAS MAIS COMUNS: 
▪ Doença de Cushing: tumor hipofisário secretor de ACTH; 60% 
▪ Tumor produtor de ACTH ectópico 20% 
▪ Adenoma adrenal 10% 
▪ Carcinoma adrenal 5% 
 
QUADRO CLÍNICO: 
Ganho de peso, obesidade central, face em lua cheia, pletora facial, fraqueza muscular, adinamia, 
depressão, irregularidade menstrual e amenorréia (em mulheres), hirsutismo, estrias, acnes, pele fina e de 
difícil cicatrização, poliúria, redução da libido, hipertensão arterial, intolerância à glicose ou Diabetes 
Mellitus. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
1º passo: Investigação de hipercortisolismo: 
1. Teste de supressão do cortisol sérico com dexametasona (1 ou 2 mg): ausência de supressão - (cortisol 
> 3g/dL) 
2. Dosagem de cortisol urinário livre em urina de 24 horas: acima do valor de referência do método. 
3. Dosagem do cortisol às 24 hs: > 7,5 g/dL 
4. Ritmo circadiano do cortisol: perda do ritmo. 
2º passo: Investigação da causa do hipercortisolismo: 
5. Dosagem sérica de ACTH; 
6. Dosagem dos andrógenos séricos; 
Hormônios II 27 
7. Teste de supressão do cortisol sérico com 8 mg de dexametasona: usado somente para casos de S. de 
Cushing ACTH dependente, para diferenciar doença de Cushing de S. Cushing por secreção ectópica 
de ACTH. 
8. Exames de imagem: RNM de hipófise, US de abdome e adrenais, TC de adrenais. 
 
- Causas de não supressão do cortisol com dexametasona: alcoolismo, doença psiquiátrica e estresse. A 
fenitoína causa aumento do metabolismo da dexametasona, que não suprime adequadamente a 
secreção de cortisol, causando um teste falso-positivo. O uso de estrógenos pode aumentar a CBG 
resultando em níveis elevados de cortisol. Outras causas de falso-positivos: 1% indivíduos sadios, 13% 
obesos e 25% dos pacientes hospitalizados e cronicamente doentes. Falso-negativos ocorrem em 2% 
dos casos. 
- Supressão com baixa dose de dexametasona: usada para distinguir indivíduo normal daqueles com 
síndrome de Cushing. 
- Supressão com altas doses de dexametasona: usada para distinguir Doença de Cushing das demais 
causas de hipercortisolismo. 
 
 
 
 
INSUFICIÊNCIA ADRENOCORTICAL 
 
Conceito: É a redução das secreções de glicocorticóides e mineralocorticóides pelas adrenais. Pode ser 
classificada em: primária (problema adrenal) e secundária (problema central). 
 
INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA (OU DOENÇA DE ADDISON) 
 
Causada por uma disfunção ou destruição da córtex adrenal; há deficiência de glico e mineralocorticóides. 
 
Causas: 
• Auto-imune (adrenais pequenas e atróficas, associada a outras doenças auto-imunes); 
• Hemorragia adrenal (acomete pacientes gravemente enfermos, com aumento do volume adrenal 
bilateralmente); 
• Infecções: tuberculose, citomegalovírus, histoplasmose, paracoccidiodomicose, etc; 
• Linfoma ou metástases tumorais (pulmão, mama, gastrointestinal, rins); 
• Drogas que bloqueiam a síntese do cortisol: cetoconazol, metapirona, mitotane, etc. 
 
Fisiopatologia: 
- A perda de mais de 90% da córtex adrenal resulta em manifestações clínicas de insuficiência adrenal; 
- A destruição adrenal pode ser: 
- Crônica (gradual); 
- Aguda: precipitada por estresse cirúrgico, trauma, infecção, etc. 
 
Quadro clínico geral: 
➢ Na insuficiência adrenal crônica os sinais e sintomas são progressivos e aparecem insidiosamente: 
fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso, hiperpigmentação da pele, hipotensão arterial, náuseas e 
vômitos, “fome” por sal. 
➢ Na insuficiência adrenal aguda o quadro é de hipotensão arterial e choque, febre, desidratação severa, 
náuseas, vômitos, anorexia, hipoglicemia, apatia e fraqueza. 
 
 
Hormônios II 28 
Diagnóstico laboratorial: 
Dosagem de eletrólitos: hiponatremia, hiperpotassemia; 
Hemograma: normal ou mostrar anemia (normocítica/normocrômica), neutropenia, eosinofilia, linfocitose 
relativa. 
Glicose: pode ocorrer hipoglicemia. 
 
 
INSUFICIÊNCIA ADRENAL SECUNDÁRIA 
 
Secreção deficiente de ACTH pela hipófise, causando hipossecreção de glicocorticóides. 
 
Causa principal: terapia com glicocorticóides. Outras causas: lesões no eixo hipotálamo-hipofisário. 
Fisiopatologia: a deficiência de ACTH é o evento primário, levando à deficiência de cortisol e andrógenos 
adrenais. A secreção de aldosterona permanece normal. 
Quadro clínico: não há hiperpigmentação da pele. Não há sintomas de deficiência de mineralocorticóides, 
como desidratação e hipotensão arterial. 
 
Diagnóstico laboratorial: 
Dosagem de eletrólitos: Na e K geralmente normais. Pode haver hiponatremia, por retenção de água. 
Hemograma: normal ou pode mostrar anemia (normocítica/normocrômica), neutropenia, eosinofilia, 
linfocitose relativa. 
Glicose: pode ocorrer hipoglicemia. 
 
 
Dosagens hormonais para diagnóstico da insuficiência adrenal (primária e secundária) 
 
1. Dosagem basal de cortisol sérico: pode ser normal na insuficiência adrenal parcial; não recomendado. 
2. Dosagem de cortisol urinário livre: não utilizado. 
3. Teste de estímulo rápido com ACTH sintético: avalia a reserva adrenal. 
Resposta subnormal do cortisol ao estímulo com ACTH indica diminuição da reserva adrenal, mas não 
permite a diferenciação entre insuficiência primária e secundária. Dosar nestes casos ACTH basal. 
Resposta normal do cortisol ao estímulo com ACTH não exclui uma insuficiência adrenal secundária 
parcial. Nestes casos, realizar teste de tolerância insulínica (ITT). Este teste avalia a integridade funcional 
das adrenais e dá apenas uma noção indireta da função hipotalâmico-hipofisária. Seu resultado, no entanto, 
pode ser anormal na insuficiência secundária grave, devido à atrofia da córtex adrenal. 
 
4. Teste de tolerância insulínica (ITT) com dosagem de cortisol sérico: a hipoglicemia age estimulando o 
eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal. 
 
5. Dosagem de ACTH plasmático: usada para diferenciar insuficiência adrenal primária de secundária. Na 
primária o ACTH é geralmente >100pg/mL. Na secundária o ACTH pode ser baixo ou no limite inferior 
da normalidade. 
 
Hormônios II 29 
 
METABOLISMO ÓSSEO 
 
CÁLCIO 
- Papel central na regulação do metabolismo e fisiologia celular. 
- 98% do cálcio do organismo adulto se encontra no esqueleto; o restante se divide entre o fluido 
extracelular e os tecidos (p. muscular). 
- Cálcio extracelular: controle rígido, pois age na contração muscular, transmissão sináptica, agregação 
plaquetária, coagulação, exocitose celular e secreção hormonal. 
- Cálcio intracelular: mantido em concentrações 10.000-X mais baixas que no extracelular, pois funciona 
como segundo mensageiro dentro da célula. Estes níveis são mantidos através de bombas iônicas. 
- Cálcio sérico se encontra nas formas: 
50% livre ou ionizado – forma ativa 
50% ligado 5% compostos não-proteicos (fosfato, citrato, sulfato e bicarbonato) 
45% proteínas plasmáticas (p. albumina) 
- O pH e a concentração proteica no líquido extracelular alteram a distribuição do cálcio. A diminuição do 
pH aumenta a ionização do cálcio; a hipoalbuminemia reduz o cálcio total, sem alterar o cálcio iônico. A 
redução de 1g/100ml na albumina sérica reduz o cálcio total em ~0,8 mg/100ml. 
- Variação diurna do cálcio ionizado: pico às 21 h e nadir às 9 h. Há também pequena variação no cálcio 
urinário: pico às 23 h e nadir às 11 h. 
- Níveis normais: Cálcio total 8,5 – 10,5 mg/dl. 
Cálcio iônico 4,4 – 5,2 mg/dl 
- Manutenção da homeostase do cálcio envolve: intestino, osso e rim. 
- Principais hormônios envolvidos: paratormônio (PTH) e 1,25-dihidroxicolecalciferol [1,25(OH)2D3]. 
- Ingestão diária de cálcio: 800 – 1200 mg/dia. 
- O cálcio deriva do leite e derivados. É absorvido no duodeno e jejuno por transporte ativo. O intestino 
absorve somente 10-20% do cálcio ingerido. 
- A perda de cálcio se dá principalmente pela excreção urinária (50-200 mg/dia). 
 
FÓSFORO 
- 85% se encontra no esqueleto. O restante é encontrado nos fosfolípides, ácidos nucleicos, 
nucleotídeos, constituintes celulares, etc. 
- Maior parte do fósforo se encontra no compartimento intracelular. 
- Níveis normais: 2,5 – 4,8 mg/dl. Crianças em crescimento têm níveis mais elevados (4–7 mg/dl). 
- Seus níveis são flutuantes, variando com a dieta e devido a desvios entre os compartimentos intra e 
extracelulares. 
- Ritmo diurno: valores mais altos à tarde e à noite, atingindo o dobro dos valores da manhã. 
- Encontrado em quase todos os alimentos. Ingesta diária de fósforo no adulto: varia de 800 a 1000 
mg/dia. 
- 2/3 do fosfato ingerido é absorvido no intestino por mecanismo ativo (p. jejuno). Dieta rica em fosfato ou 
com baixo teor de cálcio aumentam os níveis séricos de fósforo. Vitamina D estimula a absorção de 
fósforo. Excretado pelos rins. A insuficiência renal leva ao aumento do fósforo. 
- Controle da homeostase: intestino, rim e esqueleto. 
 
 
PTH 
- Secretado pelas 4 glândulas localizadas adjacentes à tireóide. A paratireóide é composta por células 
epiteliais e estroma gorduroso. 
- Função do PTH: regular a concentração de cálcio extracelular. 
Hormônios II 30 
- A célula da paratireóide apresenta um sensor para o cálcio – receptor de membrana (receptor do 
cálcio). A elevação do cálcio estimula o receptor e inibe a secreção de PTH. A hipocalcemia estimula o 
PTH. Hipermagnesemia inibe a secreção de PTH, enquanto a hipomagnesemia moderada estimula sua 
secreção. A hipomagnesemia severa inibe o PTH. 
- PTH – molécula intacta: peptídeo com 84 aminoácidos, com extremidades amino e carboxi-terminais. 
- Ensaio: PTH-intacto, por IRMA ou quimioluminescência. Valor normal: 10-60 pg/ml. 
- Ações do PTH: 
1. Estimula a conversão renal de 25-OHD3 em 1,25(OH)2D3. A 1,25(OH)2D3 estimula a absorção 
de cálcio intestinal; 
2. Reabsorção de cálcio do osso para manter sua concentração sérica; 
3. Estimula a reabsorção tubular renal de cálcio; 
4. Inibe a reabsorção tubular do fósforo (utilidade pouco conhecida); 
- Mecanismo de ação do PTH: ligação ao seu receptor no rim e osso. 
 
* PTHrP (proteína relacionada ao PTH): peptídeo com porção amino-terminal semelhante à do PTH, 
produzido em abundância por tumores malignos. Se liga ao mesmo receptor que o PTH, produzindo 
hipercalcemia severa. Não cruza o ensaio do PTH. 
 
CALCITONINA 
- Peptídeo com 32 aminoácidos, secretado pelas células C da tireóide. 
- Principal função: inibir a reabsorção óssea mediada pelo osteoclasto. 
- A célula C possui o receptor sensor de cálcio em sua membrana, aumentando a secreção de calcitonina 
em resposta à hipercalcemia e reduzindo-a na hipocalcemia. 
- Antagonista fisiológico do PTH. 
- O importância da calcitonina ainda não está bem clara, pois seu excesso ou diminuição aparentemente 
não causam alterações no metabolismo mineral. 
- Interesse clínico: marcador tumoral de carcinoma medular de tireóide e uso terapêutico como inibidor da 
reabsorção óssea. 
 
 
 
VITAMINA D 
- Hormônio esteróide. Sua forma endógena – colecalciferol (vitamina D3) - é sintetizada na pele pela luz 
ultravioleta, a partir do metabólito do colesterol (7-dehidrocolesterol). 
- Não há fonte natural dietética de vitamina D. 
- Vitamina D2 (ergocalciferol), acrescentada a alguns alimentos, é produzida pela irradiação UV do 
ergosterol da planta. 
- A vitamina D precisa ser metabolizada no fígado (25-hidroxilação - 25-OHD3) e rim [1-hidroxilação - 
1,25(OH)2D3] para se tornar ativa. 
- 25-OHD3: pouca atividade biológica, mas é o maior metabólito circulante da vitamina D. 
- Papel da vitamina D: aumentar os níveis plasmáticos de cálcio e fósforo. Ela facilita a absorção 
intestinal de cálcio e a reabsorção renal de fosfato. 
- O PTH estimula a síntese de 1,25(OH)2D3. 
 
 
OSSO – ANATOMIA E REMODELAÇÃO 
 
Funções do osso: 
1. Sustentação das extremidades e cavidades corporais; 
2. Fixação dos músculos e locomoção; 
Hormônios II 31 
3. Reservatório de íons como cálcio, fósforo, magnésio e sódio. 
 
- Osso cortical: composto de camadas densas de colágeno mineralizado (encontrado nos ossos longos). 
- Osso trabecular: aparência esponjosa, constitui a maior parte do esqueleto axial (ex: vértebras). 
- 2/3 do peso do osso: mineral; restante, água e colágeno. 
- Osso mineral: duas formas – cristais de hidroxiapatita e fosfato amorfo de cálcio. 
- Tipos de células ósseas: 
1. Osteoblasto: célula formadora de osso, com receptores para PTH e vitamina D. Responsável pela 
produção das cadeias proteicas precursoras de colágeno (prolina, hidroxiprolina, etc) e secreção de 
fosfatase alcalina. As células diferenciadas se dirigem para a superfície óssea. No processo de 
mineralização, os cristais de hidroxiapatita são depositados nas camadas de colágeno, formando o osso 
lamelar. A mineralização requer: cálcio, fósforo e fosfatase alcalina. 
2. Osteócito: célula óssea em estado de repouso. 
3. Osteoclasto: célula gigante, multinucleada, especializada na reabsorção óssea, com receptores para 
calcitonina. Se adere à superfície óssea e secreta ácidos que quebram a matriz óssea, liberando os 
peptídeos de colágeno (piridinolinas). 
 
 
 
HIPERCALCEMIA 
 
Manifestações clínicas: 
- Alterações no sistema nervoso central: letargia, depressão, psicose, ataxia e coma; 
- Alterações neuromusculares: fraqueza, hipertonia muscular, miopatia proximal; 
- Efeitos cardiovasculares: hipertensão, bradicardia; 
- Efeitos renais: cálculos, poliúria, diminuição da filtração glomerular, nefrocalcinose; 
- Efeitos gastrointestinais: náuseas, vômitos, constipação intestinal e anorexia. 
 
Mecanismos que levam à hipercalcemia: 
1. Aumento da reabsorção óssea; 
2. Aumento da absorção gastrointestinal de cálcio; 
3. Diminuição da excreção renal de cálcio. 
 
Causas de hipercalcemia: 
- Hiperparatiroidismo primário 
- Hipercalcemia hipocalciúrica familiar benigna 
- Hipercalcemia relacionada à malignidade (causada por PTHrP, vitamina D ou lesões ósseas líticas)

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