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Direito Tributário - Legislação, Vigência e Aplicação

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Aula 06
Direito Tributário p/ TRF 2ª Região (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com
videoaulas
Professor: Fábio Dutra
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 06 
 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 95 
AULA 06: Legislação Tributária 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Observações sobre a aula 01 
Legislação Tributária 02 
Vigência da Legislação Tributária 32 
Aplicação da Legislação Tributária 47 
Interpretação da Legislação Tributária 56 
Integração da Legislação Tributária 64 
Lista das Questões Comentadas em Aula 78 
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 95 
 
Observações sobre a Aula 
Olá amigo(a), tudo bem? 
 +RMH� HVWXGDUHPRV� RV� WHPDV� ³/HJLVODomR� 7ULEXWiULD´�� HVWDQGR� LQFOXtGRV�
neste tema o estudo da vigência, aplicação, interpretação e integração da 
legislação tributária. 
 Aprenderemos vários temas interessantes, como as funções da lei 
complementar em matéria tributária, a aplicação retroativa da lei tributária 
etc. 
 Vamos começar então! 
 
 
 
 
 
 
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 06 
 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 95 
1 ± LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 O Código Tributário Nacional inicia o seu Livro Segundo a partir do art. 
96, tratando do tema ³/HJLVODomR� 7ULEXWiULD´. Mas o que vem a ser 
Legislação Tributária? 
 Muitos candidatos desconhecem quais são as fontes do Direito Tributário. 
Tais fontes são divididas pelo ilustre Vittorio Cassone1 em materiais e formais. 
 As fontes materiais (ou reais) representam os fatos que justificam a 
tributação, como, por exemplo, o patrimônio, os serviços, a importação, a 
exportação a transmissão de propriedade etc. 
 Contudo, as fontes materiais por si só não são capazes de fazer surgir a 
obrigação tributária, pois é necessário que elas (as fontes materiais) tomem 
uma forma. Tal forma diz respeito ao processo de elaboração de atos 
normativos, como as leis ou medidas provisórias, capazes de estabelecer uma 
relação jurídico-tributária entre o sujeito ativo (União, por exemplo) e o 
contribuinte. 
 Como consequência desse processo legislativo, por assim dizer, temos as 
denominadas fontes formais, que foram rotuladas no art. 96 do CTN como 
legislação tributária, nos seguintes termos: 
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os 
tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas 
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e 
relações jurídicas a eles pertinentes. 
 ³3URIHVVRU��HQWmR�TXHU�GL]HU�TXH�DV� IRQWHV� IRUPDLV�GR�'LUHLWR�7ULEXWiULR�
são as leis, tratados internacionais, decretos e as normas complementares? 
Exatamente! 
 
Guarde isso: todas as normas que versem sobre 
tributos e relações jurídicas a eles pertinentes (matéria 
tributária de um modo geral) integram a legislação 
tributária! 
Até mesmo a CF/88 integra a legislação tributária 
(sendo fonte do Direito Tributário), sendo esta a 
base de todas as outras! 
 
1
 CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 15ª Edição. 2003. Pág. 45. 
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 06 
 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 95 
 Nesse contexto, é importante ter em mente o conceito de ato 
normativo. Trata-se de hipóteses normativas que são aplicadas às pessoas de 
um modo geral e às diversas situações fáticas. Em síntese, são dotados de 
generalidade e abstração. 
 Imaginemos, a título de exemplo, uma lei municipal que institui o IPTU 
em um determinado Município. Essa lei é dotada de generalidade, pois não 
possui um destinatário específico, incidindo sobre a todas as pessoas que 
praticarem o fato gerador do IPTU (possuir imóvel em território urbano). Além 
disso, o fato de a lei apenas estabelecer hipóteses de incidências abstratas 
(que podem vir ou não a ocorrer no mundo concreto), faz com que a doutrina 
caracterize tais atos normativos como dotados de abstração. 
 Diferentemente do que foi visto acima, os atos concretos são de caráter 
individual, incidindo sobre pessoa determinada, bem como relativo a situações 
ocorridas no mundo concreto. Assim, por exemplo, quando um Auditor-Fiscal 
da Receita Federal, durante procedimento de fiscalização, detecta que o 
contribuinte auferiu rendimentos e deixou de pagar o IR devido, faz-se um 
lançamento de ofício, que é, por essência, um ato concreto. 
Observação: A generalidade e a abstração são características comuns a 
todos os atos normativos. 
 No HQWDQWR�� QHP� WRGRV� RV� DWRV� QRUPDWLYRV� SRVVXHP� D� PHVPD� ³IRUoD´�
jurídica. Assim, podemos definir os atos normativos como primários e 
secundários. 
 Os atos normativos primários, assim denominados por buscarem seus 
fundamentos diretamente da Constituição Federal, são capazes de inovar no 
ordenamento jurídico, criando novos direitos e obrigações. 
 Por outro lado, os atos normativos secundários, quais sejam aqueles 
cujo fundamento de validade é uma norma infraconstitucional (leis, por 
exemplo), não têm o condão de inovar no ordenamento jurídico. 
 
Atos normativos primários em desacordo com o seu 
fundamento de validade são inconstitucionais. 
Atos normativos secundários em desacordo com o seu 
fundamento de validade são ilegais. 
 Retornando nossos olhares ao art. 96 do CTN, podemos dizer que a são 
fontes formais principais do Direito Tributário: Constituição Federal e 
Emendas à Constituição, Leis Complementares e Ordinárias, Leis 
Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos e Resoluções. 
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 06 
 
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 Quanto às fontes formais secundárias, são elas: os decretos e as 
normas complementares. Não se preocupe, pois tudo isso será visto a 
seguir. 
Observação: A doutrina e a jurisprudência não são consideradas fontes 
formais do Direito Tributário. 
 Em suma, o que eu quero que você entenda até o momento é quais são 
as fontes do Direito Tributário, bem como a diferença entre o grau hierárquico 
dos atos normativos primários e secundários, lembrando-se que ambos são 
abstratos. 
1.1 - Constituição Federal e Emendas à Constituição 
 A Constituição Federal é a base de todo o Sistema Tributário Nacional. 
Afinal de contas, é dela que os entes recebem a competência tributária para 
instituir tributos. 
 Além disso, como Lei Maior, traz os princípios norteadores do Direito 
Tributário que, juntamente com as imunidades tributárias, constituem as 
limitações ao poder de tributar. 
 A CF também é responsável por disciplinar o processo legislativo, isto é, 
o processo de criação das principais normas tributárias (leis complementares, 
leis ordinárias etc.). 
 No que se refere à modificação da CF/88, há que se destacar que isso 
somente se faz possível, por meio das denominadas emendas à 
Constituição. Tal processo pode resultar na alteração das regras do jogo, ou 
melhor, das regras norteadoras do todo o sistema tributário, já que, após 
aprovadas, as normas das emendas à Constituição passam a ter a mesma 
hierarquia desta. 
No entanto, cabe relembrar o que foi dito na aula inicial a respeito das 
cláusulas pétreas. Tais normas são previstas como uma espécie de 
blindagem, para que a Constituição não sofra sucessivasemendas que a 
desvirtue dos princípios que foram nela consolidados quando houve sua 
promulgação. 
 Portanto, a título de exemplo, uma emenda à Constituição que traga em 
seu texto regra que reduza a eficácia do princípio da anterioridade (já 
reconhecido pelo STF como cláusula pétrea), estará, na realidade, abolindo os 
direitos e garantias individuais, conforme art. 60, § 4º, IV, da CF/88. 
 
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
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1.2 ± Leis Complementares 
 A lei complementar é ato normativo cujo processo de aprovação é 
mais dificultoso do que o rito comum das leis ordinárias. Sendo assim, o 
legislador constituinte delegou a esse instrumento normativo importantes 
funções, tendo em vista seu maior grau de estabilidade (é mais difícil de 
DOWHUDU�XPD�OHL�FRPSOHPHQWDU��SRLV�H[LJH�³PDLRULD�DEVROXWD´�SDUD�DSURYDomR�GH�
uma LC). 
 Em matéria tributária, vários aspectos foram submetidos à lei 
complementar, inclusive a instituição de alguns tributos. Os alunos sempre 
sentem necessidade de saber quais são os assuntos sujeitos à lei 
complementar. Eu diria que o contato com a disciplina (leitura do nosso 
curso + leitura da CF/88 + resolução de questões) fará com que você 
memorize naturalmente. 
 
De acordo com a jurisprudência do STF, não há 
hierarquia entre lei complementar e lei ordinária! O 
que ocorre é a definição de temas específicos, reservados 
a lei complementar. 
 Contudo, vamos citar abaixo os casos de lei complementar! 
 Em relação à instituição de tributos, estão submetidos à lei 
complementar: 
x Empréstimo Compulsório (EC); 
x Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF); 
x Impostos Residuais (I.Res.); 
x Contribuições Sociais Residuais (CSR). 
 Em regulação à regulamentação específica de alguns tributos, fica a 
lei complementar responsável pelas seguintes funções: 
x ITCMD�� HP� FDVRV� UHODFLRQDGRV� DR� H[WHULRU� �OHU� DUW�� ����� †� �ž�� ,,,�� ³D´� H�
³E´��� 
x ICMS: como dito na aula anterior (se necessário, retorne e leia), temas que 
possam gerar conflitos entre os Estados, situações peculiares ao ICMS e 
basH�GH�FiOFXOR�H�FRQWULEXLQWHV��OHU�DUW�������†��ž��;,,��³D´�D�³L´�� 
x ISS: define serviços tributáveis pelo ISS, fixa alíquotas mínimas e 
máximas, exclui sua incidência sobre as exportações de serviços e regula a 
forma como os benefícios fiscais são concedidos (ler art. 156, III, c/c art. 
156, § 3º, I, II, e III); 
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
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x Contribuições Sociais: fixa limites para a concessão de isenção ou anistia 
de algumas contribuições sociais (art. 195, § 11). 
 Além do que já foi visto, a CF/88 também concedeu três importantes 
funções para a lei complementar, quais sejam: 
x Dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária; 
x Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
x Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária. 
Observação: As limitações ao poder de tributar, embora sejam reguladas por 
lei complementar, somente podem ser criadas pelo texto constitucional. 
No que se refere especificamente às normas gerais em Direito 
Tributário (ou legislação tributária, não faz diferença nesse momento), a 
CF/88 discriminou o que deve ser disciplinado nas leis complementares. Você 
vai perceber que alguns casos já foram estudados no nosso curso, outros, não: 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação 
aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos 
geradores, bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência 
tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas 
sociedades cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as 
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive 
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 
155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da 
contribuição a que se refere o art. 239. 
 
 
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A alíneD� ³G´ refere-se ao Simples Nacional. Sobre tal 
regime, é importante consideramos o seguinte (CF/88, 
art. 146, par. único): 
I - será opcional para o contribuinte; 
II - poderão ser estabelecidas condições de 
enquadramento diferenciadas por Estado; 
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a 
distribuição da parcela de recursos pertencentes aos 
respectivos entes federados será imediata, vedada 
qualquer retenção ou condicionamento; 
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão 
ser compartilhadas pelos entes federados, adotado 
cadastro nacional único de contribuintes. 
Dando continuidade ao estudo das funções da lei complementar, 
vejamos ainda a importante função deste diploma normativo, definida no art. 
146-A, da CF/88: 
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais 
de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da 
concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, 
estabelecer normas de igual objetivo. 
Observação: Trata-se de previsão para a edição de lei complementar 
estabelecer critérios especiais de tributação (o que não se confunde com 
instituição de novos tributos), podendo a lei ordinária federal estabelecer 
outros critérios adicionais, além dos que tiverem sido definidos em lei 
complementar. 
 Não se preocupe, por não conhecer alguns conceitos acima descritos. 
Como eu disse, é estudando que se vai consolidando o conhecimento e, ao 
final, tudo vai se encaixar! 
 Então, a grosso modo, podemos resumir as atribuições da lei 
complementar em matéria tributária da seguinte forma: 
 
 
 
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1.3 ± Leis Ordinárias 
 Em nosso sistema tributário, as leis ordinárias são a regra, quando o 
assunto é instituição de tributos. Vimos no tópico anterior que há alguns 
tributos cuja instituição fica a cargo da lei complementar. Contudo, trata-se de 
exceções pontuais. 
 Assim, é a lei ordinária municipal, estadual ou federal que institui, por 
exemplo, as taxas e as contribuições de melhoria. 
Observação: O fato de os entes federados gozarem de autonomia faz com 
que não haja hierarquia entre as leis federais, estaduais e municipais. 
 O art. 97 enumera situações que estão restritas ao princípio da 
legalidade (ou reserva legal). Senão, vejamos: 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto 
nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, 
ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito 
passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, 
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidadespara as ações ou omissões contrárias 
a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
Lei 
Complementar 
Instituição alguns tributos 
Regulamentação de alguns tributos 
Conflitos de Competência 
Limitações ao Poder de Tributar 
Normas Gerais em Matéria Tributária 
EC/IGF/I.Resid./CSR 
ITCMD/ICMS/ISS/CS 
Critérios especiais de tributação 
Prevenir desequilíbrios 
da concorrência 
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 Seguindo a linha de raciocínio desse dispositivo, somente a lei pode 
instituir os tributos, como também somente a lei pode extingui-los. Do mesmo 
modo, embora haja algumas exceções (exceções ao princípio da legalidade), 
somente as leis podem majorar ou reduzir os tributos. 
 No que se refere à definição do fato gerador, da fixação da alíquota e da 
base de cálculo dos tributos, você deve saber que isso se refere ao momento 
de instituição dos tributos. Ou seja, quando se está instituindo um 
determinado tributo, a lei deve prever tais elementos! 
 Essa regra não se confunde com a exigência de que a lei complementar 
defina os fatos geradores, base de cálculo e contribuintes dos impostos 
previstos na CF/88 (art. 146, III, a), já que, neste caso, a lei se refere 
apenas às normas gerais. 
 Como exemplo, temos o fato gerador do IPI. No CTN, foi definido que o 
IPI poderia incidir sobre a arrematação de produtos apreendidos ou 
abandonados e levados em leilão. Correto? No entanto, no momento da 
instituição do IPI, o legislador optou por não incluir a referida situação como 
hipótese de incidência do tributo. 
 Portanto, de um lado temos a lei complementar que disciplina os fatos 
que podem ser tributados pelos impostos; de outro, os fatos geradores 
definidos na lei instituidora. 
Lembre-se também que a restrição do art. 146, III, a, é aplicável 
apenas aos impostos. Logo, não é necessário que haja definição de fatos 
geradores, bases de cálculo e contribuintes de outras espécies tributárias em 
lei complementar. 
Observação: Por ora, guarde apenas que obrigação tributária principal tem 
por objeto o pagamento de tributos e multas. 
 Por último, destacamos ainda a necessidade de que as multas 
(cominação de penalidades) sejam estabelecidas apenas mediante lei. 
Nesse sentido, atos infralegais (como os decretos, por exemplo) não possuem 
competência para criar penalidades. 
1.4 ± Medidas Provisórias 
 Como esse assunto já foi estudado em aula anterior, cabe-nos apenas 
relembrar que as medidas provisórias são atos normativos temporários 
com força de lei, expedidos pelo Chefe do Poder Executivo, que podem vir ou 
não a ser convertidos em lei. 
Direito Tributário para TRF 2ª Região - AJAJ 
Curso de Teoria e Questões 
Prof. Fábio Dutra- Aula 06 
 
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 Deve-se saber que as MPs podem tratar sim de matéria tributária 
bem como instituir tributos, inclusive isso consta na Magna Carta (art. 62, § 
2°), quando esta dispõe sobre a instituição e majoração de impostos por meio 
de MP, e que, além disso, esse tem sido o entendimento do STF. 
1.5 ± Leis Delegadas 
 Semelhantemente às medidas provisórias, as leis delegadas são 
elaboradas pelo Presidente da República e possuem a mesma força de uma 
lei ordinária. 
 Contudo, como o próprio nome do instrumento normativo se apresenta, 
faz-se necessária uma delegação do Poder Legislativo, por meio de uma 
resolução do Congresso Nacional (e não do Senado!). 
Destaque-se que não há nada que impeça o Poder Executivo de 
introduzir normas tributárias por meio de leis delegadas, desde que não sejam 
temas reservados à lei complementar. 
Observação: As leis delegadas não são temporárias como as medidas 
provisórias. 
 
 
Tanto as medidas provisórias como as leis delegadas não 
podem tratar de assuntos reservados à lei 
complementar! 
1.6 ± Resoluções 
As resoluções são atos normativos com força de lei, emanados pelo 
Poder Legislativo sem qualquer participação do Executivo, o que faz com que a 
GRXWULQD�DV�GHQRPLQH�³leis sem sanção´� 
 Podem ser editadas pelo Congresso Nacional ou por suas casas, Câmara 
dos Deputados e Senado Federal. 
São as resoluções do Congresso Nacional que são utilizadas para 
aprovar a delegação ao Presidente de República para editar as leis delegadas. 
Em matéria especificamente tributária, toma relevância as resoluções 
do Senado Federal, Casa de representação dos Estados-Membros no 
Congresso Nacional, ao tratar de vários aspectos atinentes aos impostos de 
competência estadual. 
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Como já vimos todos eles de forma detalhada na aula anterior, nesse 
momento julgo necessário apenas esquematizarmos o assunto: 
RESOLUÇÕES DO SENADO FEDERAL 
TRIBUTO ALÍQUOTA FACUL/OBRIG INICIATIVA APROVAÇÃO 
ITCMD Alíquota Máx. OBRIGATÓRIO - - 
IPVA Alíquota Mín. OBRIGATÓRIO - - 
ICMS 
Alíq. Máx. 
Oper. 
Internas 
FACULTATIVO 
MAIORIA 
ABSOLUTA 2/3 Senado 
ICMS 
Alíq. Mín. 
Oper. 
Internas 
FACULTATIVO 
 
1/3 Senado MAIORIA 
ABSOLUTA 
ICMS 
Alíq. Interest. 
ou 
exportação 
OBRIGATÓRIO 
Pres. Rep. 
ou 
1/3 Senado 
MAIORIA 
ABSOLUTA 
 
 
2EVHUYH�DV�VHWDV��SRLV�HODV� LQGLFDP�XP�³esquema´�SDUD�
memorizar. As alíquotas mínimas exigem quórum 
menor para iniciativa, aumentando para aprovação, 
elevando ainda mais na aprovação das alíquotas 
máximas, cujo quórum é o maior. 
Obs.: Os quóruns das alíquotas Interestaduais ou 
Exportação são iguais aos das mínimas, com o acréscimo 
do Presid. Rep. 
 Amigo(a), decorando essa tabelinha que eu preparei, tenha certeza de 
que você vai acertar questões que a esmagadora maioria dos candidatos 
erra na hora da prova. Afinal de contas, não é nada fácil de decorar isso sem 
um esquema! 
1.7 ± Decretos Legislativos 
 De forma análoga às resoluções, os decretos legislativos são atos 
normativos de competência exclusiva do Poder Legislativo, não estando 
sujeitos à sanção presidencial. 
 Em matéria tributária, os decretos legislativos entram em cena em dois 
momentos, que consiste na aprovação de tratados internacionais firmados 
pelo Presidente da República, cujo procedimento será detalhado em tópico 
específico, bem como no disciplinamento das relações jurídicas 
decorrentes de medida provisória não convertida em lei (vimos isso na 
aula sobre o princípios constitucionais). 
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1.8 ± Decretos-leis 
 Durante os seus estudos, certamente você vai se deparar com a figura 
dos decretos-leis. São atos normativos com força de lei, editados pelo 
Presidente da República, e que foram substituídos pelas medidas provisórias na 
CF/88. 
 Uma pergunta que se faz é: se foram substituídos pelas MPs, porque 
ainda existem decretos-leis em vigor? Foram recepcionados pela atual CF por 
conterem conteúdos com ela compatíveis. 
 
 
Não confunda decretos-leis com decretos! 
Decretos-leis possuem força de lei. 
Decretos, em matéria tributária, não possuem força de 
lei. 
1.9 ± Tratados e Convenções Internacionais 
 ,QLFLDOPHQWH�� FDEH� GHVWDFDU� TXH� ³WUDWDGRV´� H� ³FRQYHQo}HV´� são 
expressões sinônimase dizem respeito a acordos bilaterais (entre duas 
partes) ou multilaterais (entre diversas partes). 
 De acordo com as lições de Bernardo Ribeiro de Moraes2: 
³7UDWDGo (ou convenção) internacional vem a ser o ato jurídico firmado 
entre dois ou mais Estados, mediante seus respectivos órgãos 
competentes, com o objetivo de estabelecer normas comuns de direito 
LQWHUQDFLRQDO�´ 
 A fim de compreendermos melhor o assunto, vejamos as etapas do 
procedimento de celebração dos tratados internacionais: 
1. Negociação e Assinatura: realizadas pelo Poder Executivo. 
2. Aprovação ou Referendo: aprovação (ou homologação) do 
Legislativo, por meio de decreto legislativo. Este instrumento autoriza 
o Presidente da República a ratificar o tratado. 
3. Ratificação: realizada pelo Chefe do Executivo, mediante depósito do 
respectivo instrumento (é nessa etapa que o Estado se compromete a 
cumprir o tratado a nível internacional). 
 
2
 MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de direito tributário. 3ª Edição. Pág. 26 
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4. Promulgação: edição de decreto do Presidente da República a fim de 
que o conteúdo do tratado internacional passe a ter vigência interna. 
5. Publicação: essencial para que o tratado produza efeitos internamente. 
Observação: De acordo com o STF, os tratados e convenções internacionais 
só produzem efeitos internamente depois de percorrer TODAS as etapas 
acima previstas. É de se destacar que, para a Suprema Corte, não há 
exceções para os tratados realizados no âmbito do Mercosul. 
 
 
Como consequência dessa obrigatoriedade, o STF decidiu 
que a CF/88 não consagra o princípio do efeito 
direto nem o postulado da aplicação imediata dos 
tratados e convenções internacionais. 
Não obstante o fato de os internacionalistas entenderem que a 
incorporação dos tratados internacionais ao direito brasileiro se dá apenas 
decreto presidencial, isto é, após a ratificação do tratado no âmbito 
internacional, há doutrinadores, a exemplo do eminente jurista Paulo de Barros 
Carvalho3, que defendem a introdução ao sistema normativo brasileiro pelo 
decreto legislativo. 
Por conta disso, reiteradas vezes encontramos questões de provas 
afirmando que os tratados internacionais em matéria tributária ingressam ou 
se incorporam ao sistema tributário nacional por decreto legislativo. Caso você 
se depare com uma questão versando sobre tal assunto, tome cuidado! Se 
for o caso, analise as demais alternativas antes de definir a resposta. 
De posse dos conceitos básicos de tratados e convenções internacionais, 
podemos verificar como o CTN abordou o assunto: 
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou 
modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela 
que lhes sobrevenha. 
 De acordo com a literalidade do dispositivo, os tratados internacionais 
revogam ou modificam a legislação tributária, devendo ser observados pela 
OHJLVODomR� VXSHUYHQLHQWH�� $� H[SUHVVmR� ³UHYRJDP� RX� PRGLILFDP´� JHURX� IRUWH�
discussão doutrinária e jurisprudencial, as quais veremos resumidamente a 
seguir. 
 
3
 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª Ed. Saraiva, 2013, p. 88 
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Na visão da doutrina, especialmente do professor Luciano Amaro 4 o 
conflito entre a lei interna e o tratado deve ser resolvido em favor da norma 
especial, que é o tratado: 
³O conflito entre a lei interna e o tratado resolve-se, pois, a favor 
da norma especial (do tratado), que excepciona a norma geral (da lei 
interna), tornando-se indiferente que a norma interna seja anterior 
ou posterior ao tratado. Este prepondera em ambos os casos 
(abstraída a discussão sobre se ele é ou não superior à lei interna) 
porque traduz preceito especial, hDUPRQL]iYHO�FRP�D�QRUPD�JHUDO�´ 
Nesse sentido, diante desse conflito, resolvido em favor da norma 
especial, ocorreria, então, a revogação da lei interna? Não! Na verdade, 
segundo a doutrina, haveria suspensão da eficácia da norma nacional: 
³���� QmR� VH� WUDWD�� D� ULJRU�� GH� UHYRJDomR� GD� OHJLVODomo interna, mas de 
suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readquirirá 
a sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for 
GHQXQFLDGR�´� (TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e 
Tributário. 16ª Ed. Renovar, 2009, p.49) 
 Portanto, se o tratado algum dia vier a ser denunciado, deixando de 
produzir efeitos internos, a lei interna readquire sua eficácia, isto é, volta 
a produzir efeitos normalmente. E o STF, qual o posicionamento da 
Suprema Corte sobre esse tema controverso? Vamos verificar! 
O STF já se posicionou no sentido da paridade normativa entre os 
tratados internacionais e as leis ordinárias: 
"(...) PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS 
INFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. - Os tratados ou 
convenções internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito 
interno, situam-se, no sistema jurídico brasileiro, nos mesmos planos 
de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis 
ordinárias, havendo, em conseqüência, entre estas e os atos de direito 
internacional público, mera relação de paridade normativa. (...)" 
(STF, ADI 1.480-MC/DF, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 
04/09/1997) 
 
 
4
 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 14ª Ed. Saraiva, 2008, p.181 
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Para o STF (ADI 1.480-MC/DF), tratados internacionais 
não podem tratar de matéria reservada a lei 
complementar. 
Nesse contexto, podemos admitir que os tratados internacionais 
possuem o mesmo status das leis ordinárias. Com efeito, se uma lei 
ordinária for editada posteriormente à internalização de um tratado 
internacional, e for com este incompatível, prevalece a lei interna, deixando de 
ser aplicado o tratado internacional. 
Essa é a visão atual do STF, que diverge do conceito de especialidade 
trazido pela doutrina. 
Observação: Existe a possibilidade de esse entendimento do STF 
mudar, quando do julgamento do RE 460.320. O Min. Gilmar Mendes já 
demonstrou o entendimento a respeito da prevalência dos tratados 
internacionais, em seu voto. 
 
 
A FCC adotou o posicionamento do Ministro Gilmar 
Mendes, entendendo que o art. 98 do CTN conferiu 
caráter de norma supralegal aos tratados internacionais, 
isto é, acima das leis internas e abaixo da CF/88. 
 
 Ainda sobre os tratados internacionais, cabe destacar que, muito embora 
o art. 111, II, do CTN, afirme que a outorga de isenção deve ser interpretada 
literalmente, o GATT (acordo internacional já citado em outra aula) prevê o 
princípio do tratamento nacional, que foi explicado pelo ilustre professor 
Ricardo Vale nos seguintes termos: 
³Em linhas gerais, o princípio do tratamento nacional (também 
chamado de princípio da paridade) proíbe os membros da OMC de 
conceder tratamento mais favorável aos produtos domésticos do que aos 
produtos de outros membros da OMC, uma vez que estes últimos 
tenham adentrado o território aduaneiro.´� (Curso deComércio 
Internacional, Prof. Ricardo Vale) 
Súmula STF 575 - À mercadoria importada de país signatário do (GATT), ou 
membro da (ALALC), estende-se a isenção do imposto de circulação de 
mercadorias concedida a similar nacional. 
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 Conforme a súmula acima citada, percebemos que este é o 
posicionamento da Suprema Corte (e do STJ também) no sentido da extensão 
do benefício fiscal. 
 Ressalte-se que o art. 152 da CF/88 também preceitua que é 
vedado aos Estados, Distrito Federal e Municípios estabelecer 
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em 
razão de sua procedência ou destino. 
 Por fim, não se pode esquecer do que aprendemos acerca das exceções 
ao princípio da vedação às isenções heterônomas. Na ocasião, vimos que, de 
acordo com o STF, agindo o Presidente da República como Chefe de Estado, 
seria possível conceder isenções de tributos estaduais e municipais, 
sem que se caracteriza isenção heterônoma. 
1.10 - Decretos 
 Os decretos são atos normativos de competência privativa do Chefe do 
Poder Executivo. Em Direito Constitucional, certamente você irá aprender que 
há o decreto autônomo e o decreto regulamentar± ou de execução. 
 O decreto regulamentar se restringe ± como o próprio nome diz ± a 
regulamentar o conteúdo das leis. Trata-se, pois, de ato normativo secundário 
ou infralegal, já que retira seu fundamento das próprias leis. 
Observação: O decreto regulamentar não inova no ordenamento jurídico, 
criando deveres e obrigações. Apenas regulamenta assuntos já previstos em 
lei. 
 Nesse ínterim, é relevante citarmos as palavras de Hely Lopes Meirelles5: 
"Como ato administrativo, o decreto está sempre em situação inferior à 
da lei e, por isso mesmo, não a pode contrariar. O decreto geral tem, 
entretanto, a mesma normatividade da lei, desde que não 
ultrapasse a alçada regulamentar de que dispõe o Executivo" 
 O decreto é um instrumento normativo amplamente utilizado pelo 
Presidente da República para regulamentar leis em matéria tributária. 
Cite-se, por exemplo, o Regulamento do IPI (Decreto 7.212/2010), que 
regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do IPI. 
 
5
 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 171. 
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 No mesmo sentido, tem-se o Regulamento Aduaneiro (Decreto 
6.759/2009), o qual regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e 
a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. 
 Diferentemente do decreto regulamentar, o decreto autônomo é editado 
na ausência de previsão legal, o que faz com que inovem no ordenamento 
jurídico. Seu uso é muito restrito, não sendo possível disciplinar assuntos 
pertinentes à legislação tributária. 
 &RP�HIHLWR��VHPSUH�TXH�YRFr�OHU�³GHFUHWR´�HP�'LUHLWR�7ULEXWiULR��OHPEUH-
se apenas do decreto regulamentar. 
 Na esteira desse raciocínio, vejamos o que diz o art. 99 do CTN: 
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das 
leis em função das quais sejam expedidos, determinados com 
observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. 
 Por fim, cabe observar que, embora os decretos sejam normas 
secundárias, o CTN não as considera como normas complementares, pois 
no caput do art. 100 são apresentadas, na dicção do legislador, as normas 
complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos 
decretos. 
 
 
Os decretos não foram considerados pelo CTN como 
normas complementares. 
 Por falar em normas complementares, vamos estudá-las?! 
1.11 ± Normas Complementares 
 Continuando nosso estudo, pergunta-se: se os decretos, atos normativos 
secundários, não são normas complementares, o que viriam a ser tais normas? 
 O art. 100 do CTN estabelece o seguinte: 
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das 
convenções internacionais e dos decretos: 
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; 
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição 
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; 
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III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades 
administrativas; 
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios. 
 Vamos estudar a seguir cada um dos quatro tipos de normas 
complementares. 
1.11.1 ± Atos Normativos Expedidos pelas Autoridades Administrativas 
 Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são 
normas secundárias, de caráter geral e abstrato, com objetivo de orientar 
contribuintes ou instruir servidores públicos, na realização de atos e 
procedimentos administrativos relativos a tributos. 
 Dessa forma, tais atos normativos são normas complementares das leis, 
dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos. 
 Destaque-se que pode haver hierarquia entre os atos normativos, a 
depender do grau hierárquico da autoridade que os expediu. Assim, por 
exemplo, no âmbito do Ministério da Fazenda, as portarias ministeriais são 
superiores às instruções normativas, pois o Ministro da Fazenda (edita 
portarias ministeriais) ocupa posição hierárquica superior ao Secretário da 
Receita Federal (edita instruções normativas). 
 São exemplos desses atos normativos as portarias ministeriais e as 
instruções normativas (como acabamos de ver), as ordens de serviço, os 
pareceres normativos, atos declaratórios normativos etc. 
 
Os atos normativos não vinculam o Poder Judiciário. 
1.11.2 ± As Decisões dos Órgãos Singulares ou Coletivos de Jurisdição 
Administrativa, a que a Lei Atribua Eficácia Normativa 
 Com base nos princípios do contraditório e da ampla defesa, na 
administração tributária existem órgãos administrativos, cuja função é julgar 
as impugnações dos contribuintes frente às imposições tributárias. 
 As decisões desses órgãos produzem efeitos concretos (não são 
abstratas) em relação a contribuintes determinados (não são gerais). Essa é a 
regra. 
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Contudo, o que se permite no art. 100, II, do CTN, é que a lei atribua 
eficácia normativa (caráter geral e abstrato) às decisões dos órgãos 
administrativos responsáveis pelo julgamento dos recursos apresentados pelos 
contribuintes. 
 
A regra é que as decisões dos órgãos de jurisdição 
administrativa não possuem eficácia normativa, salvo 
por expressa disposição legal! Guarde isso! 
 Citemos, como exemplo, a atribuição do Conselho Administrativo de 
Recursos Fiscais (CARF), órgão julgador de segunda instância no Processo 
Administrativo Fiscal no âmbito federal, para editar súmulas com efeitos 
vinculantes para os demais órgãos da administração tributária federal. 
 As referidas súmulas são editadas após reiteradas decisões no mesmo 
sentido, e, como se pode ver, possuem evidente eficácia normativa. 
1.11.3 ±As Práticas Reiteradamente Observadas pelas Autoridades 
Administrativas 
 As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas 
nada mais são do que os usos e costumes por ela adotados. Trata-se, 
então, da praxe administrativa. 
 Diante do princípio da legalidade, somente lei pode instituir tributos. 
Podemos dizer também que as leis permanecem em vigor até que outra a 
modifique ou revogue (art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro). 
 Como consequência das restrições acima ditas, os usos e costumes 
somente podem ter finalidade interpretativa, não podendo introduzir novas 
normas nem revogar aquelas já existentes. 
 Nesse sentido, os usos e costumes em matéria tributária ocorrem, por 
exemplo, quando determinada norma é interpretada pela autoridade 
administrativa num sentido, e os contribuintes seguem tal entendimento como 
correto. 
1.11.4 ± Os Convênios que Entre si Celebrem a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios 
 Os convênios (também denominados ajustes de cooperação ou de 
colaboração) são firmados pelas pessoas políticas, quais sejam a União, os 
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Estados, o DF e os Municípios, na busca do aprimoramento das atividades 
de fiscalização e arrecadação tributária. 
 São atos infralegais celebrados pelo Poder Executivo, não inovando, 
portanto, a ordem jurídica. Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF 
(ADI 1.857/SC), não é exigida a aprovação do Poder Legislativo, 
diferentemente do que ocorre com os tratados internacionais. 
 Os convênios fiscais podem ser celebrados com os seguintes objetivos 
específicos: 
x Permuta de informações entre os entes federados (ler art. 199 do 
CTN); 
x Reconhecimento de extraterritorialidade da legislação tributária (ler 
art. 102 do CTN); 
x Uniformização de procedimentos (obrigações acessórias). 
Não se preocupe em entender, apenas faça uma leitura atenta aos 
dispositivos acima mencionados. Todos os conceitos serão devidamente 
explicados em momento oportuno. 
 ³3URIHVVRU��HVVHV�FRQYrQLRV�VmR�RV�PHVPRV�TXH�RV�(VWDGRV�FHOHEUDP�QR�
âmbito do CONFAZ, relativamHQWH�DR�,&06"´�Não, não são os mesmos. 
 Os convênios do ICMS, realizados no âmbito do CONFAZ são atos 
normativos primários, inovando a ordem jurídica. Essa é a típica 
diferença entre eles. 
 Nesse ponto, cumpre-nos ressaltar que, embora os convênios do ICMS 
sejam atos normativos primários, não se confundem com as leis, pois não são 
editados pelo Poder Legislativo. 
 Sendo assim, continua valendo aquela exceção ao princípio da 
legalidade em relação à fixação das alíquotas do ICMS-Combustíveis, 
estudada na aula sobre os princípios constitucionais. 
1.11.5 ± Observância das Normas Complementares 
A observância de qualquer das 4 normas complementares previstas no 
DUW�������GR�&71��JHUD�DV�VHJXLQWHV�³SURWHo}HV´�DR�FRQWULEXLQWH��SUHYLVWDV�QR�
parágrafo único do mesmo artigo: 
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui 
a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a 
atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. 
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 Desse modo, se o contribuinte observar as normas complementares 
aplicáveis à sua situação, não é possível aplicar-lhe penalidades, nem cobrar 
juros de mora e nem mesmo atualizar o valor monetário da base de cálculo do 
tributo. 
 A fim de ilustrar o que foi visto, segue abaixo uma decisão do STJ: 
Tributário. Práticas Administrativas. Se o contribuinte recolheu o tributo à 
base de prática administrativa adotada pelo fisco, eventuais diferenças 
devidas só podem ser exigidas sem juros de mora e sem atualização 
do valor monetário da respectiva base de cálculo (CTN, art. 100, III c/c 
par. único). Recurso Especial conhecido e provido, em parte. 
(STJ, Segunda Turma, REsp 98.703/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, Julgamento 
em 18/06/1998) 
 
Observação: Observe que o tributo continua sendo devido. 
 
Questão 01 ± FCC/MPE-PA-Promotor de Justiça/2014 
 
Dispõe o art. 98, do Código Tributário Nacional que os tratados e as 
convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária 
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. A partir do dispositivo 
legal é possível afirmar que os tratados e as convenções internacionais 
a) são normas de nível constitucional, vinculando o poder constituinte derivado 
quando se tratar de matéria tributária, por expressa disposição no Código 
Tributário Nacional, desde que suas normas não contrariem normas do poder 
constituinte originário. 
b) sobrepõem-se a toda legislação interna, inclusive sobre os dispositivos 
constitucionais acerca de matéria tributária. 
c) não se sobrepõem às normas constitucionais vigentes ao tempo de sua 
ratificação, mas o poder constituinte derivado que vier a ser exercido após a 
ratificação do tratado deve obediência aos seus ditames. 
d) são normas supralegais, mas encontram limite nas normas constitucionais, 
não podendo dispor de forma contrária àquilo que está disciplinado na 
Constituição acerca de matéria tributária. 
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e) são normas supraconstitucionais e podem, desde que a ratificação pelo 
Congresso se dê em dois turnos de votação, por maioria qualificada de 2/3, 
modificar as disposições constitucionais acerca da matéria tributária. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: Os tratados internacionais em matéria tributária não são 
normas de nível constitucional. Alternativa errada. 
 
Alternativa B: Os tratados internacionais não se sobrepõem às normas 
constitucionais. Alternativa errada. 
 
Alternativa C: Os tratados internacionais em matéria tributária não são 
normas de nível constitucional, não podendo se sobrepor ao poder constituinte 
derivado que vier a ser exercido após a sua ratificação. Alternativa errada. 
 
Alternativa D: A FCC adotou o entendimento do Min. Gilmar Mendes, 
considerando que os tratados internacionais são normas supralegais. 
Alternativa correta. 
 
Alternativa E: Os tratados internacionais em matéria tributária não podem 
modificar as disposições constitucionais. Alternativa errada. 
 
Gabarito: Letra D 
 
Questão 02 ± FCC/DPE-RS-Defensor Público/2014 
 
Considerando a espécie normativa Lei Complementar, é correto afirmar: 
a) A União, mediante Lei Complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios no caso de investimento público de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional ou estadual, observado o princípio previsto no 
DUWLJR������LQFLVR�,,,��DOtQHD�³E´��GD�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO� 
b) Lei Ordinária pode revogar conteúdo de Lei Complementar, quando esta 
tratar do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas 
sociedades cooperativas. 
c) Não há hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar, mas apenas 
âmbitos materiais de atuação distintos. 
d) Cabe à Lei Complementar estabelecer normas gerais em matéria de 
legislação tributária, regulando exclusivamente obrigação, lançamento, crédito, 
prescrição, decadência e isenção tributária. 
e) Lei Ordinária poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o 
objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da 
competência de a União,por Lei Complementar, estabelecer normas de igual 
objetivo. 
 
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Comentário: 
 
Alternativa A: Esta questão exigia um pouco além do que o simples 
conhecimento de que é a lei complementar a norma definida na CF/88 para 
instituir empréstimos compulsórios. É necessário que se lembre do que já foi 
estudado, relativamente a um dos pressupostos fáticos que enseja a instituição 
GHVVD�HVSpFLH�WULEXWiULD��TXDO�VHMD�³LQYHVWLPHQWR�S~EOLFR�GH�FDUiWHU�XUJHQWH�H�
de relevaQWH�LQWHUHVVH�QDFLRQDO´��PDV�QmR�HVWDGXDO��'H�TXDOTXHU�PRGR��GHYH-
se observar, neste caso, o princípio da anterioridade. Alternativa errada. 
 
Alternativa B: Se a lei complementar disciplina tema que lhe foi reservado 
pela CF/88, esta norma somente pode ser alterada por outra lei complementar, 
como é o caso da LC que trate do adequado tratamento tributário ao ato 
cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Alternativa errada. 
 
Alternativa C: De fato, o que ocorre é a reserva de determinados assuntos ao 
tratamento pela lei complementar. Alternativa correta. 
 
Alternativa D: A lei complementar possui várias outras funções além de 
regular obrigação, lançamento, crédito, prescrição, decadência e isenção 
tributária. Alternativa errada. 
 
Alternativa E: De acordo com o art. 146-A, da CF/88, cabe à lei 
complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o 
objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da 
competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. 
Alternativa errada. 
 
Gabarito: Letra C 
 
Questão 03 ± FCC/PGM-João Pessoa-PB-Procurador/2012 
 
Sobre lei complementar em matéria tributária, é correto afirmar que é a única 
fonte para instituir as contribuições de intervenção no domínio econômico, de 
competência federal e estadual. 
 
Comentário: Primeiramente, salta aos olhos o erro grotesco da questão em 
dizer que as CIDE são de competência federal e estadual, quando na verdade 
trata-se de tributo de competência exclusiva da União. Além disso, a 
instituição das CIDE não foi reservado à lei complementar. Questão errada. 
 
 
 
 
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Questão 04 ± FCC/PGM-João Pessoa-PB-Procurador/2012 
 
Sobre lei complementar em matéria tributária, é correto afirmar que o Imposto 
Residual, de competência da União, é instituído por lei complementar, tal qual 
o Imposto Extraordinário instituído em caso de guerra externa ou sua 
iminência. 
Comentário: No exercício da competência residual, a União pode instituir 
impostos residuais, mediante edição de lei complementar, o que não ocorre em 
relação aos impostos extraordinários, que podem ser instituídos por lei 
ordinária. Questão errada. 
 
Questão 05 ± FCC/PGM-João Pessoa-PB-Procurador/2012 
 
Sobre lei complementar em matéria tributária, é correto afirmar que é a fonte 
legislativa prevista na Constituição Federal para estabelecer normas gerais em 
matéria de legislação tributária, tal como definição de obrigação e crédito 
tributário. 
 
Comentário: Dentre outras funções da lei complementar previstas na CF/88, 
podemos citar o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação 
tributária, tal como definição de obrigação e crédito tributário. Questão 
correta. 
 
Questão 06 ± FCC/PGM-João Pessoa-PB-Procurador/2012 
 
Sobre lei complementar em matéria tributária, é correto afirmar que é fonte 
instituidora de impostos e taxas não discriminados na Constituição Federal, 
desde que atrelados à competência residual da União. 
 
Comentário: A CF/88 apenas permite a instituição de impostos não 
discriminados em seu texto, o que deve ocorrer mediante lei complementar. 
Não há previsão para instituição de outras taxas. Questão errada. 
 
Questão 07 ± FCC/ISS-SP-Auditor Fiscal do Município/2012 
 
A legislação tributária de um determinado município paulista atribui eficácia 
normativa às decisões de seus órgãos coletivos de jurisdição administrativa. 
 
Esse órgão, por sua vez, em determinada ocasião, proferiu decisão 
administrativa dessa natureza, concluindo pela não incidência de um 
determinado tributo municipal. 
 
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Esse entendimento, todavia, não reflete a jurisprudência firmada nos tribunais 
judiciais superiores, que têm sido em sentido diverso, pela incidência desse 
tributo. 
 
Com base na regra da legislação municipal que atribui eficácia normativa às 
decisões de seus órgãos coletivos de jurisdição administrativa, muitos 
munícipes deixaram de pagar o referido tributo, seguindo o entendimento 
desse tribunal administrativo. A fiscalização, porém, tomando ciência de que os 
tribunais judiciais superiores firmaram entendimento em sentido diverso, pela 
incidência desse tributo, adotou a mesma interpretação da legislação firmada 
nos tribunais superiores e passou a fazer o lançamento do referido tributo, 
observando os prazos decadenciais. 
 
Relativamente a essa situação, a Fazenda Pública municipal 
a) poderá reclamar o tributo devido, mas não poderá impor penalidades, nem 
reclamar juros de mora ou atualização monetária pelo imposto pago 
extemporaneamente. 
b) poderá reclamar o tributo devido, bem como impor penalidades e reclamar 
juros de mora e atualização monetária pelo tributo pago extemporaneamente. 
c) poderá reclamar o tributo devido e impor penalidades, mas não poderá 
reclamar juros de mora ou atualização monetária pelo imposto pago 
extemporaneamente. 
d) poderá reclamar o tributo devido, impor penalidades e reclamar atualização 
monetária sobre o imposto pago extemporaneamente, pois isso não implica 
aumento da base de cálculo do imposto, mas não poderá reclamar juros de 
mora pelo imposto pago extemporaneamente. 
e) nada poderá reclamar do contribuinte, nem mesmo o valor nominal do 
tributo, pois ele agiu em conformidade com decisão proferida em processo 
administrativo tributário à qual a lei daquele município atribui eficácia 
normativa. 
 
Comentário: Primeiramente, é necessário saber que são normas 
complementares, nos termos do art. 100, II, do CTN, as decisões dos órgãos 
singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia 
normativa. 
 
Em segundo lugar, é relevante se lembrar de que o par. único, do art. 100, do 
CTN, estabelece que a observância das normas complementares exclui a 
imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do 
valor monetário da base de cálculo do tributo. 
 
Dessa forma, no caso mencionado na questão, como o contribuinte observou 
as decisões que possuem caráter normativo, a Fazenda Municipal, ao seguir o 
posicionamento dos tribunais superiores, pode tão somente exigir o tributo 
devido, não cabendo a imposição de penalidades, juros de mora ou atualização 
monetária. 
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Gabarito: Letra A 
 
Questão 08 ± CESPE/DPU-Defensor Público Federal/2015 
 
Julgue o seguinte item com base nas normas gerais de direito tributário: os 
costumes, como as práticas reiteradamenteobservadas pelas autoridades 
administrativas, não são expressamente citados entre as fontes destinadas a 
colmatar lacunas na legislação tributária; eles são, sim, considerados normas 
complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos 
decretos. 
Comentário: De acordo com o art. 100, III, do CTN, as práticas 
reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas são reconhecidas 
como normas complementares das leis, dos tratados e convenções 
internacionais e dos decretos. Não são métodos de integração da legislação 
tributária, cuja função é colmatar lacunas na legislação tributária, mas 
integram a própria legislação tributária, já que as normas complementares, 
nos termos do art. 96, do CTN, estão compreendidas na legislação tributária. 
Questão correta. 
 
Questão 09 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 
 
Há hierarquia entre leis ordinárias tributárias federais, estaduais e municipais, 
quando cuidam de temas que não são de disciplina de normas gerais. 
 
Comentário: Todas as leis ordinárias tributárias federais, estaduais e 
municipais devem obedecer as normas gerais de direito tributário dispostas em 
lei complementar da União. Contudo, não há que se falar em hierarquia entre 
as leis instituidoras de tributos dos diversos entes federativos, dada a 
autonomia de cada ente. Questão errada. 
 
Questão 10 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 
 
Os convênios celebrados entre as unidades federativas são considerados 
normas complementares. 
Comentário: De acordo com o art. 100, IV, do CTN, São normas 
complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos 
decretos os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios. Questão correta. 
 
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Questão 11 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 
 
É possível que lei delegada discipline matéria reservada a lei complementar, de 
acordo com a CF, como, por exemplo, para tratar de prescrição tributária como 
norma geral. 
 
Comentário: De acordo com o art. 68, § 1º, da CF/88, a lei delegada não 
pode dispor sobre matéria reservada á lei complementar. Questão errada. 
 
Questão 12 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
Os tratados e as convenções internacionais não são aptos a revogar ou 
modificar a legislação tributária interna, pois não fazem parte da chamada 
legislação tributária. 
 
Comentário: O candidato poderia até ficar na dúvida se a questão deseja a 
resposta com base no CTN (revogação da lei interna) ou na doutrina 
(suspensão da lei interna). De qualquer modo, os tratados internacionais 
fazem parte da legislação tributária (CTN, art. 96), o que torna a questão 
claramente incorreta. Questão errada. 
 
Questão 13 ± CESPE/PGM-RR/2010 
 
Em matéria de legislação tributária, a casa legislativa do município pode 
estabelecer norma dispondo sobre crédito, diferentemente do disposto em lei 
complementar. 
 
Comentário: Conforme estudamos, cabe à lei complementar estabelecer 
normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre crédito. Nesse 
sentido, não é possível aos Municípios contrariar as normas gerais. Questão 
errada. 
 
Questão 14 ± ESAF/MPOG-APO/2015 
 
Sobre a legalidade em matéria tributária, é incorreto afirmar que: 
a) apesar das disposições contidas sobre a matéria no Código Tributário 
Nacional, a essência da configuração sobre as matérias tributárias que 
dependem de veiculação de lei em sentido estrito/formal, ao menos desde a 
Constituição Federal de 1988, encontra-se disposta ou é diretamente 
decorrente do próprio texto constitucional. 
b) os tratados, acordos e convenções internacionais sobre matéria tributária 
dos quais o Brasil participe, uma vez regularmente internalizados no direito 
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brasileiro e quando não digam respeito a direitos humanos, possuem 
hierarquia normativa equivalente à de lei ordinária federal. 
c) a regular observância pelo sujeito passivo das normas integrantes da 
legislação tributária exclui a imposição contra ele de penalidades relacionadas 
à obrigação principal acaso inadimplida, salvo se as normas em questão forem 
posteriormente declaradas inconstitucionais pelo STF. 
d) necessariamente depende de previsão em lei em sentido estrito/formal a 
cominação de penalidade para infrações da legislação tributária. 
e) necessariamente depende de previsão em lei em sentido estrito/formal a 
definição do fato gerador da obrigação tributária principal. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: É a CF/88 que definiu o princípio da legalidade tributária, razão 
pela qual as situações que dependem de edição de lei formal encontram-se 
dispostas ou são diretamente decorrentes do próprio texto constitucional. 
Alternativa correta. 
 
Alternativa B: Esse é o entendimento do STF a respeito dos tratados, acordos 
e convenções internacionais sobre matéria tributária. Alternativa correta. 
Alternativa C: Se o sujeito passivo atendeu ao disposto na legislação 
tributária, não há que se falar em imposição de penalidades, mas tão somente 
do pagamento do tributo devido, se for o caso. Ou seja, independe de haver 
posterior declaração de inconstitucionalidade por parte do STF. Alternativa 
errada. 
 
Alternativa D: É o que prevê o art. 97, V, do CTN. Alternativa correta. 
 
Alternativa E: É o que prevê o art. 97, III, do CTN. Alternativa correta. 
 
Gabarito: Letra C 
 
Questão 15 ± ESAF/ATRFB/2012 
 
Os decretos que apenas em parte versem sobre tributos compreendem-se na 
H[SUHVVmR�³OHJLVODomR�WULEXWiULD´� 
 
Comentário: Ora, se o decreto versa sobre tributos, integra a legislação 
tributária, ainda que também regulamente outros assuntos. Questão correta. 
 
Questão 16 ± ESAF/AFRFB/2012 
 
Sobre o decreto em matéria tributária, assinale a opção incorreta. 
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a) Em geral, possui a mesma normatividade da lei, desde que não ultrapasse a 
alçada regulamentar de que dispõe o Executivo. 
b) Não se limita a reproduzir as leis, podendo inovar com relação à criação de 
deveres e obrigações, desde que não extrapole aquelas. 
c) Sendo o regulamento da lei, embora não possa modificá-la, tem a missão de 
explicá-la e de prover minúcias não abrangidas pela norma geral editada 
pelo Legislativo. 
d) No âmbito estadual, cabe ao Governador do estado, e no âmbito municipal, 
ao Prefeito a edição de decretos regulamentando as leis federais, estaduais e 
municipais. 
e) Não se sujeita, quer no controle concentrado, quer no controle difuso, à 
jurisdição constitucional. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: A banca utilizou as palavras de Hely Lopes Meirelles, de um 
PRGR� LPSUHFLVR�� 2� FRUUHWR� QmR� VHULD� GL]HU� ³HP� JHUDO´�� PDV� VLP� ³R� GHFUHWR�
JHUDO´��&RQWXGR��SRU�WHU�VLGo dito que o decreto não pode ultrapassar a alçada 
regulamentar de que dispõe o Poder Executivo, a banca considerou esse item 
correto. 
 
Alternativa B: Nós estudamos que o decreto não pode inovar no ordenamento 
jurídico. Portanto, o item está errado, sendo, então, o gabarito da questão. 
 
Alternativa C: De fato, essa é a função precípua do decreto: explicar a lei e 
prover minúcias não previstas no texto elaborado pelo Poder Legislativo. Item 
correto. 
 
AlternativaD: Os decretos regulamentares são de competência do Chefe do 
Poder Executivo, no âmbito federal, estadual e municipal. Item correto. 
 
Alternativa E: A ESAF se pautou no RE 189.550, do STF, em cuja ementa foi 
dito que ³VH� R� UHJXODPHQWR� YDL� DOpP� GR� FRQWH~GR� GD� OHL�� RX� VH� DIDVWD� GRV�
limites que esta lhe traça, comete ilegalidade e não inconstitucionalidade, pelo 
que não se sujeita, quer no controle concentrado, quer no controle difuso, à 
MXULVGLomR� FRQVWLWXFLRQDO´. Não vamos nos aprofundar no estudo desse tema, 
pois isso será feito em Direito Constitucional. Item correto. 
 
Gabarito: Letra B 
 
Questão 17 ± ESAF/Procurador-PGFN/2012 
 
Sobre os tratados e as convenções internacionais em matéria tributária, a teor 
do disposto no Código Tributário Nacional, revogam a legislação tributária 
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Sobre o tema, julgue a 
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assertiva a seguir: consoante entendimento do STF, ainda quando fundados 
em tratados de integração, como no âmbito do Mercosul, os tratados e 
convenções internacionais só produzem efeito internamente após se completar 
o ciclo de aprovação interna previsto na Constituição Federal. 
 
Comentário: Há que se respeitar o rito que estudamos para que o tratado 
internacional produza efeitos internamente. Não há exceções para os 
tratados firmados no âmbito do Mercosul. Questão correta. 
 
Questão 18 ± ESAF/Procurador-PGFN/2012 
 
Sobre os tratados e as convenções internacionais em matéria tributária, a teor 
do disposto no Código Tributário Nacional, revogam a legislação tributária 
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Sobre o tema, julgue a 
assertiva a seguir: A expressão "revogam" não cuida, a rigor, de uma 
revogação, mas de uma suspensão da eficácia da norma tributária nacional, 
que readquirirá a sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for 
denunciado. 
 
Comentário: A questão transcreve o art. 98 do CTN, e explica o entendimento 
majoritário da doutrina, ou seja, não há revogação, mas sim suspensão da 
eficácia da norma tributária interna. Questão correta. 
 
Questão 19 ± ESAF/Procurador-PGFN/2012 
 
Sobre os tratados e as convenções internacionais em matéria tributária, a teor 
do disposto no Código Tributário Nacional, revogam a legislação tributária 
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Sobre o tema, julgue a 
assertiva a seguir: O sistema constitucional brasileiro não consagra o princípio 
do efeito direto e nem o postulado da aplicabilidade imediata dos tratados e 
convenções internacionais. 
 
Comentário: Vimos que deve ser respeitado o ciclo de aprovação para que os 
tratados internacionais produzam efeitos internos. Como consequência, o STF 
decidiu que a CF/88 não consagrou o princípio do efeito direto nem o da 
aplicabilidade imediata dos tratados e convenções internacionais. Questão 
correta. 
 
Questão 20 ± FGV/ISS-Cuiabá/2016 
Somente a lei pode estabelecer a cominação de penalidades para ações e 
omissões contrárias a seus dispositivos. 
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Comentário: De acordo com o art. 97, V, do CTN, somente a lei pode 
estabelecer a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias 
a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas. Questão correta. 
Questão 21 ± FGV/ISS-Cuiabá/2016 
Os tratados e convenções internacionais podem revogar ou modificar a 
legislação tributária interna. 
Comentário: De acordo com a literalidade do art. 98, do CTN, os tratados e 
as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária 
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Questão correta. 
Questão 22 ± FGV/Agente Fazendário-Niterói/2015 
 
A espécie normativa encarregada de dispor sobre conflitos de competência em 
matéria tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
é: 
a) Emenda Constitucional; 
b) Lei Complementar federal; 
c) Decreto federal; 
d) Lei Ordinária federal; 
e) Convênio. 
 
Comentário: O art. 146, I, da CF/88, estabelece que cabe à lei complementar 
dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
 
Gabarito: Letra B 
 
Questão 23 ± FGV/Consultor Legislativo - MA/2013 
 
As portarias expedidas por autoridade administrativa caracterizamͲse como 
normas complementares no direito tributário. 
 
Comentário: As portarias expedidas por autoridade administrativa são 
consideradas normas complementares no direito tributário, em razão do 
diposto no art. 100, I, do CTN. Questão correta. 
 
 
 
 
 
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2 - VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 2�HVWXGR� GR� WHPD� ³9LJrQFLD� GD� /HJLVODomR� 7ULEXWiULD´� VHUi� GLYLGLGR� HP�
vigência temporal e vigência espacial, para facilitar o aprendizado do aluno. 
 A vigência temporal diz respeito ao estudo da legislação no tempo, isto 
é, quando uma lei começa a vigorar. Já a vigência espacial está relacionada 
ao território onde incidirá a legislação tributária. Fique ligado nas duas 
palavras-chave grifadas. 
2.1 ± Vigência Temporal da Legislação Tributária 
Quando estudamos os princípios constitucionais tributários, 
PHQFLRQDPRV� GLYHUVDV� YH]HV� DV� SDODYUDV� ³YLJrQFLD´� H� ³SURGXomR� GH� HIHLWRV´��
Está lembrado? 
 Vimos que, de acordo com o princípio da irretroatividade, por exemplo, 
não se pode cobrar tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes do 
início da vigência da lei que instituiu ou aumentou tais tributos. 
 Estudamos também que, conforme o princípio da anterioridade, se uma 
lei majora um tributo em junho de 2010, por exemplo, a regra é que a 
majoração só venha a produzir efeitos em janeiro de 2011. Correto? 
 Chegou, portanto, o momento de dirimirmos qualquer dúvida que tenha 
pairado sobre o assunto! Vamos lá! 
 Na fase final do processo de elaboração de uma lei, ocorre a 
promulgação e publicação desse diploma normativo, temos uma lei que é 
presumivelmente válida, isto é, presume-se que a lei tenha sido elaborada 
seguindo-se os aspectos formais (iniciativa, quóruns de aprovação etc.) bem 
como os aspectos materiais (conteúdo compatível com o texto 
constitucional). 
 
Dissemos presunção de validade, pois a lei pode ser 
contestada a qualquer tempo no âmbito do Poder 
Judiciário. 
 Com a publicação da lei, é necessário saber o momento em que ela 
passará a ter vigência, sendo este, via de regra, o momento em que a lei 
começa a impor as suas regras aos destinatários. 
 Vejamos o que diz o art. 8º da LC 95/1998 (Lei Complementar que 
estabelece as regras sobre elaboração de leis): 
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Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a 
contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo 
conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de 
sua publicação" para as leis de pequena repercussão. 
 O que o dispositivo estabelece é que entre a publicaçãoda lei e a sua 
vigência haja um prazo razoável para que as regras estabelecidas na lei 
tenham amplo conhecimento por parte dos cidadãos. 
 Contudo, o mesmo dispositivo permite que a lei traga uma cláusula (em 
um artigo específico) que estabelece a vigência imediata, a partir da data 
de publicação da lei. 
 Nesse contexto, estabelece o art. 1º da Lei de Introdução às normas do 
Direito Brasileiro (LINDB): 
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o 
país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, 
quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
 Portanto, a lei pode prever a data em que terá início a sua vigência, 
inclusive estabelecer que a vigência será imediata. Contudo, caso a lei seja 
omissa quanto à sua vigência, esta se iniciará em 45 dias, contados da 
publicação. 
 
A possibilidade de aplicação da lei brasileira no exterior 
pode ocorrer por meio de tratado internacional. 
Repare a diferença entre o prazo do princípio da 
noventena (90 dias) e o da LINDB (3 meses). SÃO 
DIFERENTES! 
 
Observação: De acordo com o art. 101 do CTN, a vigência da lei tributária 
segue as regras aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvadas as 
disposições específicas do CTN. Assim, a LINDB é aplicável ao Direito 
Tributário. 
No caso de não haver coincidência entre a data de publicação da lei e o 
início de sua vigência, denominamos esse intervalo temporal de vacância da lei 
ou vacatio legis. 
 Aí eu te pergunto, colega concurseiro(a): terminado o prazo conhecido 
por vacatio legis, se houver, a lei já produz efeitos, ou seja, a lei é eficaz? 
Logo acima, eu disse que, com a vigência, em regra, a lei produz efeitos. 
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15/12/13 29/01/14 14/03/14 
 Em matéria tributária, é muito importante discernimos tais diferenças 
conceituais, haja vista a existência dos princípios constitucionais 
tributários da anterioridade e da noventena, que obstam a produção de 
efeitos das leis que instituem ou majoram tributos. 
 Assim, por exemplo, imagine que a Lei X, que dispõe sobre a majoração 
das alíquotas do ITR, seja publicada em 15 de dezembro de 2013, nada 
dispondo sobre o início da sua vigência. 
 Como a lei é omissa em relação à sua vigência, devemos seguir a regra 
geral da LINDB, ou seja, a vigência iniciará em 45 dias a partir da publicação 
oficial da lei. Portanto, a lei entrará em vigor no dia 29 de Janeiro de 2014. 
 Mas a lei seria eficaz? É óbvio que não, pois o ITR está sujeito 
cumulativamente ao princípio da anterioridade e noventena, certo? 
 Nesse caso, a partir de 29 de Janeiro, a Lei X estará vigente, mas ainda 
não será eficaz. A produção de efeitos começará somente em 14 de Março de 
2014 (quando decorrer 90 dias da publicação da lei, em obediência ao princípio 
da noventena). 
 Vamos ilustrar o exemplo, com base na linha do tempo: 
 
 
 
 
 
O que eu quero que você entenda é que a regra é: norma vigente, 
norma eficaz. Contudo, quando se trata de instituição ou majoração de 
tributos, nem sempre a lei vigente é eficaz, tendo em vista que a maioria 
dos tributos estão sujeitos ao princípio da noventena ou anterioridade ou aos 
dois, cumulativamente. Não se esqueça também de que o conceito de eficácia 
está intimamente relacionado à produção de efeitos. 
 
Grave isso: vacatio legis é o período entre a publicação 
da lei e o início da vigência, e não o período entre a 
vigência e a publicação. 
Publicação da 
Lei X 
vacatio legis 
Início da Vigência 
da Lei X 
Produção de 
efeitos da Lei X 
Em vigor/Sem Efeito 
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 Sabe-se, então, que a norma pode estar vigente, e não ser eficaz (não 
produzir efeitos). Correto? Mas aí eu te pergunto: poderia haver uma lei eficaz 
e não mais vigente? Poderia sim! Imagino que agora tudo se tornou confuso 
novamente, não é mesmo? Vamos com calma! 
 Embora seja assunto de outra aula, você se lembra da aula em que 
aprendemos algumas noções do lançamento tributário? Você também se 
lembra que o fato gerador ocorre quando há a concretização de uma hipótese 
de incidência prevista em lei, correto? 
 O art. 144 do CTN, ao dispor sobre o lançamento, afirma que, ao realizá-
lo, a autoridade fiscal deve levar em consideração a lei que estava vigente na 
data da ocorrência do fato gerador, ainda que a lei tenha sido 
posteriormente revogada. 
 Para entender melhor esse assunto, você deve saber que a autoridade 
nem sempre realiza o lançamento no momento da ocorrência do fato gerador. 
Há um bom tempo hábil para fazê-lo. Ocorre que no momento do lançamento 
a lei que vigorava na data do fato gerador já pode ter sido revogada. E aí? Ela 
ainda produz efeitos especificamente para aquele lançamento. 
 Portanto, a título de exemplo, se no momento da ocorrência do fato 
gerador a alíquota do tributo era 10%, e no momento do lançamento a lei que 
estipulava a alíquota de 10% já tenha sido revogada, sendo a alíquota do 
tributo majorada para 15%, aplica-se aquela (10%)! 
 Você não deve se preocupar com detalhes no momento, pois tudo isso 
será mais do que aprofundado em nosso curso. O que importa no momento é 
entender que é possível uma lei não estar vigente, mas ainda assim 
produzir efeitos. 
 
Esse fato é denominado ultratividade da lei tributária. 
 Portanto, vamos memorizar o seguinte: 
x Regra geral: A lei vigente normalmente é eficaz; 
x Exceção 1: A lei vigente pode não ser eficaz, em caso de instituição ou 
majoração de tributos; 
x Exceção 2: A lei não mais vigente (revogada) pode ser eficaz, produzindo 
efeitos no lançamento tributário (CTN, art. 144). 
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A vigência de uma norma está relacionada à sua validade formal, 
enquanto a eficácia desta normal se relaciona à sua validade social. 
De acordo com Miguel Reale6, ³validade formal ou vigência é, em suma, 
uma propriedade que diz respeito à competência dos órgãos e aos 
processos de produção e reconhecimento do Direito no plano 
normativo. A eficácia, ao contrário, tem um caráter experimental, 
porquanto se refere ao cumprimento efetivo do Direito por parte de 
uma sociedade, ao reconhecimento (Anerkennung) do Direito pela 
comunidade, no plano social, ou, mais particularizadamente aos efeitos 
sociais que uma regra suscita através de seu cumprimento�´ 
 Por fim, relativamente às leis que necessitam de regulamentação por 
decreto para que produzam efeitos, podemos citar a seguinte jurisprudência do 
STJ: 
TRIBUTÁRIO E CIVIL. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA 
DECORRENTE DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL DE SEGURADO 
ESPECIAL. ART. 25, DA LEI Nº 8.212/91. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA. LEI Nº 
8.540/92. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO. DECRETO Nº 789/93. 
EXIGÊNCIA. VACATIO LEGIS. 
(...) 
4. Distinção entre eficácia e vigência. No caso de leis que necessitam de 
regulamentação, sua eficácia opera-se após a entrada em vigor do 
respectivo decreto ou regulamento. O regulamento transforma a estática 
da lei em condição dinâmica. É lícito ao regulamento, sem alterar o 
mandamento legal, estabelecer o termo a quo de

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