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1 COSMETOLOGIA, SEMIOLOGIA E FARMACOLOGIA APLICADA A ESTÉTICA 1 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 2 Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 3 2. FARMACOLOGIA GERAL: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E FARMACOCINÉTICA ................................................................................. 4 3. FARMACODINÂMICA ................................................................................ 7 4. MEDIADORES INFLAMATÓRIOS ............................................................. 9 5. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM COSMETOLOGIA .......................... 11 6. IMUNOLOGIA CUTÂNEA E COSMETOTOXICIDADE: VISÃO GERAL .. 15 7. ACNE: CUIDADOS COSMÉTICOS ......................................................... 22 8. HIPERCROMIA CUTÂNEA IDIOPÁTICA DA REGIÃO ORBITAL ............ 28 9. INGREDIENTES COSMÉTICOS DESPIGMENTANTES ......................... 30 10. INTRODUÇÃO AOS PEELINGS .............................................................. 34 11. COSMÉTICA ANTI-AGING E NEUROCOSMÉTICA ................................ 38 12. CUIDADOS COSMÉTICOS INICIAIS COM A QUEDA CAPILAR ............ 44 13. HIDRATAÇÃO CORPORAL E PRODUTOS ANTIPOLUIÇÃO ................. 47 14. MANEJO COSMÉTICO DE CICATRIZES................................................ 49 15. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 54 3 1. INTRODUÇÃO Cosmetologia é a área da ciência farmacêutica dedicada a desenvolver, elaborar, produzir e acompanhar os efeitos e resultados de produtos cosméticos, além de realizar pesquisas e análises sobre esses produtos. Essa ciência estuda as diferentes formas e possibilidades de ação, aplicação e efeitos dos cosméticos, além de analisar como a matéria prima e seus componentes, de origem natural ou sintética, podem ser utilizados em tratamentos cosméticos. A cosmetologia tem três funções principais: A Função decorativa, também denominada estética, visa promover um aperfeiçoamento na aparência do local onde o produto é aplicado. A Função conservadora, é aquela relacionada com a proteção da pele e seus anexos diante dos efeitos de radiação, umidade, calor, frio intenso e outros de caráter físico e por último a Função corretiva, é aquela relacionada com o produto cosmético com finalidade de corrigir pequenas imperfeições relacionadas a estrutura orgânica da pele e seus anexos. Além disto também pode ser usada para o equilíbrio de pequenas alterações funcionais ou fisiológicas. A Farmacologia é uma ciência biomédica que estuda o comportamento de moléculas ativas com finalidade de diagnóstico, cura ou tratamento de doenças. A Cosmetologia é uma ciência farmacêutica que estuda o desenvolvimento de produtos para limpar, alterar a aparência, perfumar e/ou corrigir odores corporais. Basicamente, os conceitos de Farmacologia são aplicáveis em Cosmetologia: os ingredientes cosméticos possuem mecanismos de ação semelhantes aos da pesquisa com fármacos. Conhecimentos de Farmacologia são importantes para uma visão ampliada e segura durante o planejamento da prescrição cosmética, especialmente porque se trata de prontuários individualizados, já que cada paciente é único em suas necessidades estéticas. A semiologia, ou propedêutica, está relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. A semiologia é muito importante para o diagnóstico e acompanhamento das diversas enfermidades. Diferentemente, os sinais são alterações apresentadas pelos pacientes que podem ser observadas pelo examinador, seja a olho nu ou mesmo com o auxílio de algum equipamento, como um rash cutâneo ou mesmo um sopro cardíaco. É importante ressaltar que para uma semiologia de qualidade ser desenvolvida é de extrema necessidade o conhecimento, 4 por parte do farmacêutico, da fisiologia de órgãos e dos sistemas, pois a partir desse entendimento a avaliação semiológica poderá ser realizado com maior segurança. 2. FARMACOLOGIA GERAL: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E FARMACOCINÉTICA Conceitos fundamentais A Farmacologia é a ciência que estuda os mecanismos de ação das substâncias utilizadas para diagnóstico, tratamento ou cura de doenças, bem como seu comportamento no organismo. Um fármaco é um agente químico que proporciona efeito terapêutico ou preventivo. As formulações que levam fármacos em sua composição são denominadas medicamentos. O termo remédio, por vezes atribuído aos medicamentos, constitui-se, na realidade, qualquer recurso que tenha efeito terapêutico para o paciente. É o caso, por exemplo, das terapias manuais para pessoas estressadas ou depressivas ou um simples banho relaxante. As formas farmacêuticas são as formas como os medicamentos prontos são apresentados aos pacientes. Como exemplo: » Formas farmacêuticas sólidas: cápsulas, comprimidos; » Formas farmacêuticas líquidas: xaropes, suspensões, soluções; » Formas farmacêuticas semissólidas: géis, cremes, loções, pomadas. Cosméticos não possuem finalidade terapêutica, portanto, não são remédios. 5 Farmacocinética – visão geral A Farmacocinética é a parte da Farmacologia que estuda o comportamento do organismo em relação ao fármaco, isto é, o que o organismo faz com o fármaco, como ocorre seu processamento em termos de: 1. absorção; 2. metabolização; 3. distribuição; 4. eliminação do organismo. Absorção: é a passagem da substância ativa do local onde foi administrada para a corrente sanguínea, sem que se desintegre. Metabolização: consiste em um conjunto de reações químicas que tornam a molécula realmente ativa e/ ou mais facilmente absorvida, geralmente conferindo-lhe hidrossolubilidade. Os cosméticos de uso interno, torna-se relevante abordar alguns aspectos sobre o metabolismo hepático: 1. O fígado possui uma rede de processamento de substâncias que chegam até ele via circulação, feito pelo sistema de enzimas do tipo mono-oxigenases, do citocromo P450. Essas enzimas podem sofrer aumento da atividade através do aumento do número de enzimas, o que chamamos de indução. Este efeito pode ou não causar toxicidade, a depender da substância que está sendo processada. 2. O fígado também é responsável pelo efeito de primeira passagem: alguns fármacos sofrem metabolização tão extensa que a quantidade que chega na corrente sanguínea acaba sendo muito menor que a quantidade administrada e absorvida. Eliminação: É a saída dos fármacos do organismo. Geralmente analisa-se a eliminação em termos de Clearance, que é o volume de plasma sanguíneo livre do fármaco por unidade de tempo. Distribuição: é a passagem da substância ativa da corrente sanguínea para os tecidos que são oslocais de ação dos fármacos. Exemplo: produtos para dor de cabeça vão agir na vascularização do sistema nervoso central. É chamado de biodisponibilidade a estimativa da velocidade e tempo gasto para uma molécula chegar na corrente sanguínea, bem como qual a quantidade disponível. Alguns fármacos podem se acumular no tecido adiposo, nos ossos, dentes, olhos, atravessar 6 a barreira hematoencefálica (que protege o sistema nervoso central de substâncias circulantes) e, no caso das gestantes, podem atravessar a barreira placentária. Por isso, todo cuidado é pouco na seleção de fármacos para administração em qualquer tipo de paciente. São fatores que influenciam o sucesso terapêutico: » Forma farmacêutica administrada; » Como ocorreu a administração (via oral, via tópica, injetável – intramuscular, intravenosa etc.); » Forma de movimento do fármaco no organismo. A forma de movimento do fármaco no organismo está relacionada ao modo como a molécula ativa entra na célula. São os três movimentos principais: 1. difusão (passagem) simples direta pela membrana, sem gasto de energia na forma de ATP, comum para moléculas lipossolúveis; 2. difusão facilitada por canais iônicos (canais formados por proteínas carreadoras que levam a molécula de fora para dentro da célula), sem gasto de energia; 3. transporte ativo através de canais proteicos, com gasto de energia. 7 3. FARMACODINÂMICA A Farmacodinâmica é a parte da Farmacologia que estuda o mecanismo de ação do fármaco, isto é, quais modificações gera no organismo, como, por que e quando ocorrem. Os fármacos agem no organismo através de interações com elementos que são chamados de alvos. Um alvo consiste no local específico, em nível molecular, onde o fármaco irá agir. Os principais alvos são: » Enzimas (podem ser inibidas ou ter sua atividade aumentada); » Moléculas transportadoras (podem ser bloqueadas ou ter sua atividade aumentada); » Canais iônicos (podem ser abertos ou fechados); » Receptores específicos: locais de ligação de substâncias endógenas onde fármacos com estrutura química semelhante às substâncias endógenas se ligam. Quanto à ação nos receptores, pode ocorrer ligação do fármaco para simular o efeito de uma substância endógena, no intuito de aumentar o efeito fisiológico causado por esta, ativando o receptor e cascatas de sinalização dentro da célula. A estes fármacos dá-se o nome de agonista. Exemplo: O corpo libera naturalmente adrenalina na corrente sanguínea, que se liga a seus receptores específicos em determinados órgãos. Existem moléculas para o tratamento da asma, por exemplo, que possuem estrutura semelhante à da adrenalina, para ligar-se aos mesmos receptores apenas nas vias aéreas e ativá-los, causando dilatação para maior passagem de ar. 8 O sinergismo entre fármacos acontece quando duas ou mais moléculas, quando associadas na administração, potencializam um único efeito, por mecanismos semelhantes ou diferentes. Exemplos em cosmetologia: controladores de oleosidade e adstringentes, quando associados, favorecem a eliminação de comedões, no tratamento da acne. Os fármacos que se ligam a um receptor para bloquear a ação das substâncias endógenas são chamados de antagonistas. Exemplo: Existem moléculas semelhantes à adrenalina que se ligam aos receptores para adrenalina no coração, visando reduzir a frequência cardíaca e a força de contração, no intuito de controlar a pressão arterial: sem a ligação de adrenalina, o coração não recebe estímulo para fazer mais força /contrações que o necessário, o que colabora para o abaixamento da pressão arterial. Natureza da atividade farmacológica: são diferenças existentes para receptores de ação reguladora sobre funções fisiológicas. São classificadas em: » Antagonismo competitivo: quando duas substâncias disputam a ligação pelo mesmo alvo. Vence a que tiver o melhor perfil químico para se ligar ao alvo; » Antagonismo químico: ocorre alteração da estrutura química de um fármaco, o que causa perda da função original; » Antagonismo fisiológico: ocorre alteração da função de um fármaco por outro, sem alteração da estrutura química; » Antagonismo farmacocinético: ocorre alteração dos parâmetros farmacocinéticos (absorção, metabolismo, distribuição, excreção) de um fármaco por outro. Se duas ou mais substâncias apresentam qualquer tipo de antagonismo, não devem, portanto, ser associadas na mesma formulação nem administradas simultaneamente. Quando um fármaco é administrado de maneira contínua ou repetida (não necessariamente por erros de medicação), existe o risco de desenvolvimento de taquifilaxia, que é a perda do efeito do fármaco por alterações causadas ou mesmo perda dos alvos no organismo. Diferentemente desta condição, enquadra-se o conceito de adaptação fisiológica, que é a redução do efeito de um fármaco por respostas do organismo que tendem à condição de homeostase, o que gera tolerância ao fármaco. 9 4. MEDIADORES INFLAMATÓRIOS O processo inflamatório é uma resposta do organismo que se inicia nos vasos sanguíneos em direção aos tecidos quando há lesão por qualquer agente etiológico. A finalidade da inflamação é proteger o organismo através de mecanismos para destruição e eliminação do agente etiológico, além de reparar a área afetada. Desta forma, pode-se entender que existem diversos tipos e intensidades de inflamação, variando o agente e a área afetada. Quando são exagerados, os processos inflamatórios causam doenças como processos dolorosos, alergias, autoimunidades e destruição tecidual. O controle da inflamação, atualmente, é feito principalmente com anti- inflamatórios não esteroidais e corticoterapia, a depender do caso. Não existe uma sequência exata estrita para os eventos da inflamação, isto é, as etapas podem ocorrer simultaneamente, porém, três fases principais podem ser identificadas: Fase aguda de fenômenos vasculares: ocorre vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular, com extravasamento de proteínas e outras biomoléculas. Fase tardia: ocorre infiltração de células do sistema imune como neutrófilos e outros fagócitos por diapedese e migração dessas células para o local da inflamação, para captura e destruição do agente causador da inflamação. Fase de degeneração tecidual com fibrose. O conhecimento das principais substâncias envolvidas na inflamação torna-se importante para os estudos de farmacologia e cosmetologia, considerando que, conhecendo como mediam os processos inflamatórios, pode-se planejar melhor os cuidados cosméticos para diversas condições inestéticas associadas à inflamação, como a acne e as cicatrizes. Os mediadores da inflamação são os responsáveis pelo caráter considerado uniforme dos processos inflamatórios, não importando se o agente etiológico é uma bactéria, um corpo estranho, radiação etc. A depender da doença (ex.: alergias, neoplasias malignas, psoríase), apesar dos mediadores serem quimicamente semelhantes, as associações fisiologicamente 10 programadas variam, inclusive em quantidade. Principais mediadores dos processos inflamatórios: » Histamina: encontrada pré-formada na maioria dos tecidos corporais, tem sua ação condicionada aos receptores onde se liga, a saber: › Receptores H1 (várias regiões corporais): contração da musculatura lisa, brônquios, bronquíolos; edema, eritema, prurido, aumento da secreção de muco e da permeabilidade de capilares; indução de vômito. › Receptores H2 (estômago): estimula a secreção de suco gástrico. » TXA2 (Trombxano A2): faz vasoconstrição e estimula a agregação plaquetária. » PAF (Fator de Agregação Plaquetária): estimula a agregação plaquetária, é vasodilatador, aumenta a permeabilidade vascular e tem ação quimiotática (atração) de células imunológicaspara o local da inflamação. » Bradicinina: ação vasodiltadora, aumenta a permeabilidade vascular, estimula a contração do intestino. Em casos onde há parasitoses intestinais envolvidas, a contração do intestino é importante para a eliminação do parasita nas fezes. Prostaglandinas » PGE2: reduz o limiar da nocicepção, tem ação sinérgica com substâncias que causam dor por estimulação das terminações nervosas, causa febre e broncoconstrição. » PGI2: tem ação vasodilatadora e antiagregação plaquetária. Leucotrienos » LTB4 (Leucotrieno B4): promove adesão, ativação e proliferação de células imunológicas. » LTC4 (Leucotrieno C4): broncoconstritor. » LTD4 (Leucotrieno D4): vasodilatador. » LTE4 (Leucotrieno E4): vasoconstritor. 11 5. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM COSMETOLOGIA » Cosméticos: formulações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas para uso externo (cabelo, pele, unhas, lábios, dentes e mucosa da cavidade oral) com finalidade exclusiva de limpar, alterar a aparência, perfumar e/ou corrigir odores corporais, para proteger a pele ou mantê-la em bom estado (sadia). » Cosmecêuticos: termo não reconhecido pela Anvisa nem pelos órgãos regulatórios de produtos cosméticos e farmacêuticos internacionais. Indica cosméticos cujas fórmulas possuem propriedades terapêuticas associadas, sendo usados nos “tratamentos cosméticos”. São produtos para acne, caspa, esmalte para micoses etc. » Grau de risco I: produtos isentos de registro do Ministério da Saúde, oferecendo riscos mínimos ao usuário. Ex: shampoos/condicionadores comuns, hidratantes etc. » Grau de risco II: produtos que devem ter segurança e eficácia comprovadas, além do registro no Ministério da Saúde. Ex: produtos para acne, despigmentantes, anticaspa, para micoses, para área dos olhos, filtros solares, para uso nas mucosas (como as soluções para bochechos) e produtos de uso infantil. » Cosméticos naturais: estendem seus efeitos para todo o organismo. As fases oleosas são feitas com ceras e esqualeno naturais, além da lanolina e ésteres, fosfolipídios derivados biológicos. Não são usados produtos sintéticos nem conservantes sintéticos. Os ativos são todos naturais. Ex.: blend (mistura) de óleos naturais. » Produtos orgânicos: produtos com certificação diferencial conferida por órgão competente (como o EcoCERT), cuja formulação não leva itens sintéticos como silicones, fragrâncias, polietilenoglicol (PEG), corantes, derivados do petróleo nem produtos de origem animal. Todos os componentes da fórmula são exclusivamente 12 naturais e seguem rígidos padrões de produção (sem agrotóxicos, processamento em indústrias de padrão trabalhista ouro etc.) sendo, portanto, certificados. Não são feitos testes em animais. No mínimo, 95% dos produtos envolvidos (e a empresa) devem ser certificados. Os produtos são livres de metais pesados, toxinas e OGM (organismos geneticamente modificados – os transgênicos). Vias de penetração da pele e de hidratação É fundamental diferenciar: Óstio: local de saída da secreção gerada pela glândula sebácea e dos pelos. Poro: local de saída de glândula sudorípara. São vias de penetração dos princípios ativos na pele: » Transdérmica: substâncias de baixo peso molecular, caráter anfótero (isto é, são hidrossolúveis e lipossolúveis), passam pela pele e caem na corrente sanguínea. Uso exclusivo de medicamentos. » Transfolicular: passam entre o folículo piloso e a papila dérmica. Área com pouco pelo (especialmente idosos), tem hidratação mais difícil, por deficiência neste mecanismo, já que o folículo fica obstruído. » Transcelular: por difusão, os ativos passam de uma célula para a outra. Ocorre principalmente com ativos lipofílicos. O pH alcalino aumenta emoliência da pele por clivagem da queratina da camada córnea; por isso, o caráter alcalino tem maior permeabilidade da pele, um fator de risco para uso dos produtos. A importância da hidratação A redução da espessura da pele e do tecido subcutâneo, por ação química e/ou ambiental, são os principais mecanismos de desidratação, além da nutrição inadequada. A perda de água transepidermal, entendida como a evaporação da água dos tecidos mais profundos até a epiderme, ocorre naturalmente na pele, até mesmo para regulação de temperatura corporal. É importante que qualquer produto cosmético possa proporcionar hidratação, para garantir a integridade do tecido e para que o ativo exerça sua função corretamente. São vias de restauração da hidratação da pele por cosméticos: 13 » Oclusão: os poros são obstruídos e a água da pele não evapora. » Umectação: são usados ativos higroscópicos para reduzir a volatização da água da superfície da pele. » Restauração: feita através de elementos originais da pele como proteínas (hidrolizados – para maior absorção), colágeno, carboidratos e lipídeos que são inseridos nas fórmulas. Também podem ter filtro solar. Formas de apresentação dos cosméticos (variações de veículos) » Cremes: são emulsões óleo/água ou água/óleo de boa consistência (maior viscosidade). » Loções: microemulsões de baixa ou média viscosidade. » Géis: redes poliméricas hidratáveis (natrosol, carbopol, aristoflex, pemulen, sepigel, etc.) de boa consistência em geral. São os veículos mais escolhidos para peles oleosas. » Leites: microemulsões de pouca viscosidade, para limpeza de pele. » Tônicos: soluções vasodilatadoras, refrescantes, rubefacientes e cicatrizantes. São próprias para recuperar a nutrição, ph e tônus da pele (izotonizantes). Finalizam a etapa de limpeza. » Sticks: preparações sólidas de ácidos graxos e álcool etílico, solidificados por estearato de sódio. Podem ser hidratantes, despigmentantes etc. » Óleos: preparações de origem vegetal/animal, líquidos à temperatura ambiente. » Sabonetes: líquidos, glicerinados, barra (tradicionais), shower gel, esfoliantes, antissépticos (íntimos). » Shampoos: De pH alcalino, podem ser: hidratantes, anticaspa, antiresíduos, infantis, antiqueda etc. 14 Conceitos de Química » pH: índice de acidez tolerado por áreas corporais ou substâncias ativas. Varia de 0 a 14, sendo que até 7 o pH é ácido, em 7 é neutro e de 7 a 14 é alcalino ou básico. O pH das diferentes áreas corporais está no quadro a seguir. Conhecer o pH das diferentes áreas corporais é fundamental para a escolha do cosmético: produtos muito ácidos ou muito alcalinos podem causar danos sérios às áreas onde são aplicados, como queimaduras e lesões. Além disso, observar o pH das substâncias é fundamental para que possam ser associadas sem que haja incompatibilidades. » Solubilidade: capacidade de uma substância se dissolver na presença de outra. Podem ser classificadas em: insolúveis (caráter hidrofílico/fábico), pouco solúveis, livremente solúvel, solúvel. » Fotossensibilidade: característica das substâncias que podem ser alteradas/ inativadas pela luz. » Higroscopicidade: capacidade de uma substância agregar água para sua estrutura. Ex.: as substâncias com sódio (Na+2). Alterações físicas e químicas dos cosméticos Os cosméticos podem, quando mal conservados ou se forem malformulados, apresentar alterações físicas e/ou químicas, que impossibilitam o uso do produto pelo 15 risco de causar algum efeito colateral no usuário ou mesmo nenhum efeito, pela inativação da substância ativa. As principais alterações são: » Alterações de cor (oxidação); » Alterações do odor (contaminação); » Separação de fases (tensoativo inadequado); » Formação de precipitado; » Presença de sobrecamada com mal cheiro/alteração de odor (contaminação bacteriana). 6. IMUNOLOGIA CUTÂNEA E COSMETOTOXICIDADE: VISÃO GERAL A imunologia é uma ciência biológica que trata dos mecanismos e respostas complexas desenvolvidas pelo organismopara reconhecimento e consequentemente eliminar ou conter substâncias ou corpos estranhos que invadem o organismo, como vírus, microrganismos, proteínas e outras moléculas que podem alterar o funcionamento normal do corpo. Existe também o reconhecimento de substâncias próprias do organismo, para que não sejam inclusas nestas vias de defesa, o que aponta um alto nível de organização e segurança destes mecanismos. A este conjunto dá-se o nome de imunidade. A resposta imune é, na realidade, uma via integrada, composta por mecanismos complexos simultâneos de defesa. Contudo, para facilitar o estudo, divide-se a resposta imune em dois ramos: 1. Resposta Imune Inata: é a imunidade que o indivíduo traz consigo quando nasce. Os mecanismos da imunidade inata se instalam de maneira rápida como componente de defesa e agem de maneira inespecífica para diferentes agressores, isto é, usam o mesmo mecanismo de defesa para qualquer agente reconhecido como estranho ao organismo. 16 A amamentação é importante para este mecanismo, uma vez que os anticorpos da mãe são transmitidos ao feto pelo leite, conferindo certa capacidade de defesa orgânica à criança. As respostas da imunidade inata são feitas por células chamadas de fagócitos, (células capazes de capturar o agente agressor e destruílo com substâncias presentes em grânulos no citoplasma), a saber: a) basófilos; b) eosinófilos (atuam principalmente em defesa contra parasitas); c) macrófagos (localizados nos tecidos internos); d) células NK; e) sistema de complemento (proteínas que complementam a defesa contra microrganismos de maneira geral). Alguns agentes agressores podem ser mais fortes que outros, tanto que, quando existe necessidade de tratamento por medicação, as dosagens e o tipo de medicamento costumam variar significativamente. A esta propriedade dos agentes agressores dá-se o nome de virulência. O fato de a imunidade inata não agir de maneira diferenciada para diferentes agressores, portanto, indica que os mecanismos inatos podem não ser eficientes em determinados casos, já que o nível da defesa deve ser proporcional ao da virulência (que podemos entender também como nível de periculosidade), e não existe esta variação na imunidade inata. Para desenvolver respostas mais eficientes e específicas, existem os mecanismos da imunidade adaptativa: 2. A imunidade adaptativa é adquirida ao longo da vida do indivíduo através de contato direto com o agressor por exposição, vacinas, transfusão etc. Atua através de diversos mecanismos (propriedade de complexidade) de forma específica para o combate (propriedade de especificidade), sendo capaz de agir rapidamente caso um agente agressor previamente combatido entre no organismo novamente (capacidade de memória imunológica), como nas vacinas e reinfecções. A imunidade adaptativa realiza a vigilância imunológica, que é o monitoramento da entrada e presença de agentes agressores e substâncias relacionadas. Falhas 17 neste monitoramento podem causar neoplasias malignas. A imunidade adaptativa se desenvolve principalmente a partir de anticorpos e antígenos. Os anticorpos (também conhecidos por imunoglobulinas) são glicoproteínas que reconhecem os agentes agressores (antígenos) de maneira específica e ligam-se a estes (para cada antígeno é produzido um tipo de anticorpo). Esta ligação funciona como um mecanismo de marcação do antígeno, avisando aos demais componentes do sistema imune que há algo de estranho no organismo que deve ser eliminado. Os antígenos são moléculas que possuem a capacidade de serem reconhecidas pelas células e moléculas do sistema imune, ou seja, são capazes de se ligarem aos receptores celulares e anticorpos. O antígeno pode ser uma fração da estrutura de bactérias, vírus, fungos, protozoários, helmintos ou substâncias solúveis produzidas por microrganismos e outras células. A maioria dos antígenos são proteínas, porém, alguns são polissacarídeos, lipídeos ou glicolipídeos. Os antígenos normalmente possuem vários locais onde o anticorpo pode se ligar que são chamados de epítopos. Existem epítopos que podem induzir uma resposta imune mais forte, como podem ter resposta mais fraca. Esta resposta depende da sua estrutura química, que definirá o nível da força de ligação (complexação) ao anticorpo. Os antígenos são chamados de imunogênicos quando são capazes de induzir uma resposta imune, são chamados de alergênicos quando induzem reações de hipersensibilidade (alergias) e são chamados de tolerogênicos quando são capazes de inibir o desenvolvimento de uma resposta imune. Na imunidade adaptativa, o antígeno é capturado pelo linfócito B (célula imunológica) e processado para geração do epítopo. Este fragmento do antígeno é então apresentado ao linfócito T (os linfócitos possuem capacidade de memória e especificidade), que libera substâncias (citocinas) que estimulam o linfócito B a produzir anticorpos específicos para o antígeno capturado. Estes anticorpos se ligam a outras células imunológicas. Quando o antígeno se ligar ao anticorpo, a célula imunológica libera substâncias presentes no seu interior para eliminar o antígeno, através do rompimento da membrana celular, o que chamamos de desgranulação. Desta forma, se estabelecem os mecanismos de defesa. 18 Hipersensibilidades As hipersensibilidades são transtornos imunológicos caracterizados por erros na programação fisiológica do sistema imune, de modo que atuam de maneira inadequada, prejudicando a saúde do indivíduo. São tipos: Hipersensibilidade tipo 1 (alergias): é caracterizada pelo excesso de produção de anticorpos IgE para mínimas quantidades de antígenos, geralmente inertes para a maioria da população. Os fagócitos liberam o conteúdo dos seus grânulos, causando sinais e sintomas diversos, a depender do órgão afetado, como rinite, dermatite, conjuntivite e rinossinusite. Hipersensibilidade tipo 2: também chamada de citotóxica, ocorre quando o anticorpo se liga a uma superfície celular e não a reconhece como normal, estimulando o sistema imune a destruí-la. O caso mais clássico é a anemia hemolítica do recém -nascido, onde os anticorpos da mãe destroem as hemácias do feto em caso de variação do fator RH. Hipersensibilidade tipo 3: ocorre quando há a formação de imunocomplexos patogênicos com forte potencial inflamatório, por excesso de anticorpos ou por erros na programação da avidez. Hipersensibilidade tipo 4: chamada de tardia, envolve a participação de células imunológicas (linfócitos T, macrófagos etc.) sem anticorpos livres, na geração de resposta inflamatória. Os sinais são percebidos no mínimo 48h depois do início, por isso recebe o nome de tardia. Cosmetotoxicidade A Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. A toxicidade é a capacidade potencial de geração de danos às estruturas biológicas, o foco de estudo da Toxicologia. A Toxicologia de cosméticos trata das reações adversas e os efeitos decorrentes do uso inadequado ou da susceptibilidade individual aos produtos. Agente tóxico ou toxicante é a substância capaz de causar dano a um sistema biológico, em condições específicas de exposição. Os xenobióticos são substâncias que o organismo reconhece como estranho, através de mecanismos imunológicos. Intoxicação é um processo patológico causado 19 por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico gerado pelas alterações bioquímicas no organismo. Na intoxicação aguda, os sintomas surgem geralmente em algumas horas após curto período de exposição ao agente tóxico. Poderá se manifestar de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de substância absorvida e da sensibilidade do organismo. A intoxicação subcrônica indica exposição moderadaou pequena a produtos alta ou medianamente tóxicos e as conseqüências surgem mais lentamente. A intoxicação crônica tem surgimento em meses ou até anos, após exposição a agentes tóxicos, podendo causar danos irreversíveis à saúde do indivíduo. Principais vias de intoxicação por cosméticos » A via dérmica é a mais comum de intoxicações pela maioria dos agentes. A absorção depende principalmente da composição da formulação, tempo de exposição, solubilidade, grau de ionização, dimensão das moléculas, se ocorre hidrólise no pH da epiderme, estado de hidratação da camada córnea, umidade ambiental, temperatura do corpo e do ambiente e exposição à luz solar. Além das dermatites, são consequências da intoxicação por via dérmica: › Fotolergia: indução de resposta alérgica da pele semelhante à mediada pela radiação UV. › Fototoxicidade: potencial do material induzir uma resposta irritante da pele mediada por irradiação UV. › Teratologia: toxicidade potencial para o feto. Mais comum para produtos de uso interno. São elementos fundamentais na toxicologia cutânea: composição e dosagem da formulação, nível de exposição, quantidade da substância permeada, classe do cosmético na qual o ativo pode ser utilizado, método, duração e frequência de aplicação, quantidade de produto em cada aplicação e possível exposição do produto à luz solar. » Via respiratória: As vias aéreas são revestidas de mucosas altamente irrigadas, portanto o potencial de absorção nesta área é considerado elevado. Produtos que 20 geram gases, fumaças, neblinas e poeiras, principalmente em espaços confinados ou com pouco arejamento, podem causar intoxicação. Embora não seja a unanimidade, pode-se afirmar que os cosméticos são produtos seguros quando utilizados de maneira adequada e seguindo as recomendações do fabricante. As reações adversas com esses produtos não são frequentes, e, quando ocorrem, na maioria dos casos, é devido ao uso de forma inadequada ou a acidentes. Nas últimas décadas, muitos ingredientes foram banidos da composição de cosméticos em todo o mundo, como o hexaclorofeno (conservante), compostos de mercúrio e halogenados, propelentes de clorofluorcarbono e ingredientes geradores de nitrosaminas. Para garantir a segurança de produtos de higiene, cosméticos e perfumes, são necessárias comprovações que vão desde o histórico de segurança do produto e de suas matérias-primas até a realização de ensaios toxicológicos específicos. Em princípio, para todo produto cosmético, seja ele de grau de risco 1 ou 2, o fabricante tem por obrigação dispor dos dados de segurança. São considerações a serem feitas por tipo de produto: » Produtos para uso infantil – irritação cutânea primária; » produtos para a área dos olhos – irritação ocular cumulativa; » Produtos para os cabelos, como tinturas e alisantes de cabelo – irritação dérmica e do couro cabeludo; » Produtos para proteção das radiações solares – testes de fototoxicidade e fotoalergia; » Produtos para a higiene íntima – testes clínicos de irritação de mucosa genital em humanos; » Produtos destinados à pele sensível – testes de irritabilidade acumulada, sensibilização, fototoxicidade e fotoalergia cutânea; » Produtos que no rótulo contenham as expressões “hipoalergênico”, “não comedogênico”, “não acnogênico”, “dermatologicamente oftalmológico + ginecologicamente testado”, “clinicamente testado”, “produto para gengiva sensível” e “produto para pele + couro cabeludo sensível” – testes comprobatórios dessas 21 propriedades. Também, sempre que a rotulagem mencionar atributos, tais como “não irritante”, “não arde os olhos” etc. São questões problemáticas em toxicologia dos cosméticos: Corantes: As moléculas tintoriais podem causar irritações à pele e ao ouro cabeludo, uma vez que são produtos sintéticos e geralmente misturas de variados polímeros. Muitos fabricantes têm optado por retirar os produtos coloridos do mercado quando há suspeitas de toxicidade, já que os altos custos para provar a sua segurança nem sempre justificam economicamente a permanência no mercado. Fragrâncias: também são produtos sintéticos, e o sintoma inicial mais comum é o aparecimento de rinite com a aplicação tópica do produto. Formaldeído: substância de elevado potencial carcinogênico, com o uso permitido pela Anvisa como conservante (até 0,2%) e até 5% para endurecer unhas. O uso nas concentrações permitidas não proporciona alisamento capilar, com risco de forte queda após o procedimento. Tensoativos: como são moléculas anfifílicas, o manto hidrolipídico pode ser removido e a perda de água transepidermal facilitada, especialmente os de cadeia pequena, que podem se instalar na pele com mais facilidade. Atualmente existe uma tendência para opção por fosfolipídios orgânicos, que são mais semelhantes aos lipídios da pele. Parabenos (sistema conservante): além do risco de dermatite de contato, existe o risco de lesão de queratinócitos em caso de exposição solar e potencial cancerígeno com uso prolongado. O uso de conservantes naturais tem sido uma opção interessante para a indústria cosmética e para a manipulação, especialmente os produtos orgânicos e de apelo green-concept. Metais: a toxicidade por metais pesados é um problema antigo. Além da indução de dermatites, o potencial tóxico se expande para a carcinogênese, por exemplo, no caso dos sais de alumínio usados em formulações antiperspirantes. Na prática, os produtos cosméticos são raramente associados com sérios danos à saúde. Entretanto, isto não significa que produtos cosméticos sejam sempre seguros, especialmente considerando os efeitos em longo prazo. Considerando que estes produtos podem ser usados extensivamente durante um amplo período de tempo, é 22 fundamental garantir sua segurança e eficácia, controlando a toxicidade do produto final e dos seus ingredientes. 7. ACNE: CUIDADOS COSMÉTICOS A acne é uma patologia crônica de alta prevalência e de etiologia multifatorial: causas genéticas, hormonais, alimentares, climáticas, medicamentosas, cosméticas e o estresse podem desencadear a doença. É caracterizada pela hiperqueratinização e oclusão folicular, com hipersecreção sebácea e proliferação da bactéria Propioniumbacterium acnes. É mais comum entre adolescentes, mas pode se estender até os 30 anos, acometendo os homens com mais severidade. A procura masculina por tratamentos estéticos constitui a maior parte dos casos. Os locais mais afetados são a face, a região peitoral e o dorso. Aproximadamente 80% das pessoas a desenvolvem em algum momento da vida, representando mais de 30% das causas de consultas dermatológicas. O uso de cosméticos pela população leiga é irracional, com alta incidência de reações adversas. O sucesso do tratamento depende da seleção correta dos produtos e procedimentos, da disciplina e da adesão do paciente às medidas planejadas. Alergias e seleção de cepas resistentes de bactérias, em especial do Propionibacterium acnes, após uso prolongado bactericidas tópicos são as principais causas de falhas do tratamento de boa adesão. Patogenia: ocorre processo inflamatório crônico do folículo pilossebáceo, com quatro fatores considerados principais: 23 1. obstrução do folículo piloso, secundário à descamação anormal dos queratinócitos foliculares; 2. aumento da oleosidade e produção sebácea; 3. proliferação da bactéria anaeróbica Propionibacterium acnes (P. acnes) e seu metabolismo, gerador de produtos irritantes; 4. desencadeamento de respostas imunes e inflamatórias induzidas pelo P. acnes ou Staphylococcus aureus (bactéria da foliculite). Os queratinócitos se descamam formando um tampão que obstrui o folículo. Essa alteração pode estar associada a mudanças na composição sebácea por defeito na proliferação celular controlada porhormônios andrógenos.A partir daí, ocorre a formação do microcomedão (lesão microscópica), a fase inicial da acne. Os comedões são essencialmente saturações dos folículos pilossebáceos por sebo e queratina. A dor, comum nas acnes graus 2 e 3, vem do processo inflamatório gerado pelo sebo. São tipos de comedões: » Comedão fechado: pequena estrutura que bloqueia o fluxo do sebo, obstruindo o folículo e levando ao acúmulo de fragmentos celulares, bactérias e lipídeos na luz do folículo. Inflama com facilidade (o conteúdo do sebo é altamente inflamatório). » Comedão aberto: se vasos linfáticos forem pressionados até a saída da linfa, o local pode ficar com acúmulo de melanina como mecanismo de resposta, constituindo o comedão aberto, a lesão enegrecida por depósito de melanina, que sofre oxidação pela luz e pelo ar. O aumento na produção do sebo pode ser devido ao aumento de andrógenos circulantes (caso da maioria dos adolescentes), por maior resposta da glândula aos andrógenos ou ambas as causas. A influência da testosterona na acne: na pele e no couro cabeludo, verifica-se a presença da enzima 5α-redutase, que converte testosterona em 5- dihidroxitestosterona (5-DHT). A 5-DHT tem ação cem vezes mais potente que a testosterona no tocante à produção de sebo, obstruindo os folículos, causando a inflamação da acne e também a queda capilar. Como a testosterona é predominante em homens, a acne ocorre com mais severidade, por causa deste mecanismo. 24 Ingredientes cosméticos para uso tópico Ácido azelaico: diminui a síntese de melanina inibindo as tirosinases e também inibe a 5α-redutase, impedindo o progresso da acne. Uso de 10 – 20% em pH 6,5. Ácido glicólico: acelera a renovação celular. É usado de 5 a 10% para acne e clareamento, em pH 3 a 4. O uso excessivo ou inadequado pode causar lesões, pigmentações e cicatrizes. Ácido glicirrízico: obtido do alcaçuz, é anti-inflamatório e antialérgico. Usado de 0,1 a 2% em pH 3. Ácido lático: antipruriginoso em baixos teores (0,5 – 2%), acelera a remoção celular em 5 – 15%. pH 3,8 a 4. Lactato de amônia desodorizado: derivado do ácido lático, é usado de 12 – 20% para o tratamento da acne, foliculite e para diminuir compactação da camada córnea, melhorando também a hidratação. Ácido salicílico: principal ácido do tratamento da acne. Tem ação clareadora suave e antioleosidade até 2% e queratolítica acima de 2%, sendo usado em calos, por exemplo. Uso em faixa de pH até 4,5. » Glicosan salicílico: ciclodextrinas de liberação prolongada. Uso de 1 a 5%. Gluconolactona: renovador celular com potencial similar ao ácido retinoico e ação antiacneica similar ao peróxido de benzoíla. Uso de 3 a 10% em pH 3,5 a 4,5. Pode ser usada em tônicos faciais. Biotina (Vitamina B6): usada de 0,1 a 1%, em ampla faixa de pH. A associação com chá verde e sulfato de zinco promove alto efeito secativo. Peróxido de benzoíla: libera oxigênio contra as bactérias anaeróbias e possui ação queratolítica. O uso contínuo por 1 ou 2 semanas pode causar descamação. Dermatites de contato ruborizadas são o efeito colateral mais comuns, sendo desconfortáveis. Uso de 2 a 5% em ampla faixa de pH. Nicotinamida (Vitamina B3): tem ação anti-inflamatória suave, sendo usado a 4%, em ampla faixa de pH. Resorcina: queratolítico, antisséptico e antisseborreico, é 25 usado de 2 a 5%, especialmente em soluções hidroalcoólicas, em ampla faixa de pH (geralmente ácido). Antibióticos de uso tópico Óleo de melaleuca (Tea tree oil): antifúngico, antisséptico e cicatrizante, é atóxico e levemente adstringente, com odor característico. Usado de 2 a 5%. » Epicutin: forma microencapsulada do óleo, que permite que o produto seja praticamente inodoro. Usado de 3 a 5%. Óleo de copaíba: usado de 2 a 5%, ampla faixa de pH. Praticamente inodoro. Irgasan: produto sintético que pode ser usado em diversas apresentações cosméticas. Uso de 0,1 a 1%, em ampla faixa de pH. Eritromicina: antibiótico sintético de pH neutro. Usado de 1 a 3%. ATENÇÃO: VENDA EXCLUSIVA COM RECEITA MÉDICA. Clindamicina: produto sintético considerado o mais potente para acne. Usado de 1 a 2% em pH 4. ATENÇÃO: VENDA EXCLUSIVA COM RECEITA MÉDICA. Ext. Glic. Própolis: possui compostos antioxidantes, cicatrizantes e bactericidas. Uso de 3 a 10% em ampla faixa de pH. Sulfato de cobre: antiséptico geralmente associado ao sulfato de zinco. Utilizado em geral a 1%. Derivados do enxofre Enxofre precipitado: tem ação queratolítica, antioleosidade e antisséptica. Por ser insolúvel, é mais bem aproveitado em gel. É usado de 2 a 10%, em ampla faixa de pH. Biosulphur / Tiolisina Complex: possuem as mesmas funções do enxofre ppt, sendo o biosulphur usado de 0,5 a 2% em gel, creme e shampoos, e a tiolisina, uma forma orgânica do enxofre, usada de 2 a 5%. Cicatrizantes, calmantes e regeneração celular Alantoína Alfabisabolol Ext. glic. Camomila/Calêndula/Aloe Vera 26 Drieline Depantenol Óleo de rosa mosqueta Vitaminas A, E Hidratantes PCA-Na Algasan Hidroviton Ac hialurônico Elastina Aquaporine Active Controle da oleosidade: seborreguladores Espironolactona: atua inibindo a 5α-redutase, diminuindo a conversão de testosterona em 5-DHT. Usada a 0,4; 0,6 e 1% em gel e solução hidroalcoólica. Matipure / Anti-oil spheres: são ativos da classe dos silicatos, que promovem alta adsorção da oleosidade excessiva, sem deixar a pele ressecada, promovendo o efeito “mate”. O uso em filtros solares pode diminuir o fator de proteção. Adstringentes Chá verde ext. glic. / Hamamelis ext. glic. Possuem alto poder de fechamento dos poros por precipitação de proteínas. Também podem ser utilizados em tônicos. Uso de 3 a 10%. » A associação do chá verde com vitamina B6 e sulfato de zinco reduz muito a oleosidade, com forte efeito seborregulador e adstringente. Sulfato de zinco/ Gluconato de zinco: além de adstringentes, têm ação antisséptica, sendo usados de 0,5 a 2% em cremes, loções e géis, em ampla faixa de pH. Controlam a oleosidade por inibir a 5α-redutase. Por serem solubilizados em água, podem aumentar a fluidez das fórmulas. Produtos avançados Sepicontrol A5: antiacneico que atua sinergicamente sobre as cinco principais causas do desequilíbrio visto nas peles oleosas: 1. diminui a ação da enzima 5α-redutase; 2. diminui a proliferação bacteriana; 27 3. diminui a síntese de lipases (minimiza a formação de ácidos graxos livres peroxidáveis); 4. diminui a ação das elastases (reduz a propagação da inflamação); 5. Combate radicais livres (reduz a inflamação). Azeloglicina: ácido azelaico ligado a duas moléculas do aminoácido glicina. Possui ação menos agressiva que o ácido azelaico. pH de 5 a 11, uso de 5 a 10%. ATENÇÃO: INCOMPATÍVEL COM ALGUNS FILTROS SOLARES. Acnebiol: composto de ácido salicílico associado ao salicilato de dimetilsilanodiol (anti-inflamatório, antioxidante, queratolítico e antiedema), acetilmetionato de zinco, colágeno e elastina hidrolizados e extratos vegetais cicatrizantes e hidratantes. Usado de 4 a 8% em pH de 4,5 a 7,5. AcneControl: adstringente, anti-inflamatório, inibidor da lipogênese e da 5α-redutase, antioxidante, renovador celular e antimicrobiano contra o P.acnes. É capaz de reduzir o tamanho dos poros em até 60% e reduzir em até 16% o número de glândulas sebáceas ativas. Usado de 3 a 8%. Acnacidol: seborregulador, queratolítico e antimicrobiano, composto por um lend de AHA derivados da geleia real. É capaz de reduzir a secreção sebácea em quase 400%, e o número de glândulas sebáceas ativas em quase 200%. Aqualicorice PU: extrato obtido do alcaçuz com ação antioxidante e seborreguladora por inibição da 5α-redutase. Tem ação antimicrobiana contra fungos e P.acnes. Usado de 0,5 a 1% em pH 5 a 7.Trikenol: comedolítico, seborregulador e antimicrobiano, é composto de extrato de Manuka (planta da família da melaleuca), ácido salicílico e extratos vegetais derivados do salgueiro, a fonte dos derivados salicílicos. Usado de 0,2 a 0,8% em ampla faixa de pH. 28 8. HIPERCROMIA CUTÂNEA IDIOPÁTICA DA REGIÃO ORBITAL A hipercromia cutânea idiopática da região orbital (ou pigmentação da região infraorbital) é uma manifestação cosmética facial desagradável, cujo aspecto escurecido da região orbitária dá aspecto cansado à face. Os tratamentos clínicos atuais apresentam dificuldade de melhora, porém resultados duradouros. As causas não são totalmente conhecidas, mas cogitam-se como causas primárias: tendência hereditária, depósito de melanina na derme por transtornos locais de pigmentação e danos à grande vascularização superficial visível. Entre as causas secundárias estão tumores pituitários, distúrbios tireoidianos, síndrome de Cushing (causada pelo uso excessivo de corticoides, gerando alterações nos eletrólitos e nos lipídeos: ocorre elevação do teor de melanina basal da epiderme e derme superficial), doenças autoimunes e neoplasias. Também ser pós-inflamatória, pós-traumático, ou causado por medicações fotossensibilizantes. Patologia: Existem processos superficiais e angiológicos (relacionado aos vasos sanguíneos) envolvidos: os primeiros envolvem o excesso de produção e transferência de melanina para células imunológicas (macrófagos teciduais). Já os angiológicos envolvem a deposição de compostos de ferro (principalmente a hemossiderina) contido no interior das hemácias (glóbulos vermelhos) nos finos vasos sanguíneos da região orbital e periorbital, que sofrem rompimento após extravasarem da circulação para a derme por ação mecânica ou 29 química (processo inflamatório local): depois de oxidados, os compostos adquirem a coloração característica na área dos olhos. Os sais de ferro também se acumulam nas células imunológicas, podendo ser depositados na derme com a morte destas células, aumentando o grau da hipercromia. A presença de trombo residual no interior dos vasos tratados determina periflebite, que favorece a eritrodiapedese (vazamento das hemácias pelos vasos sanguíneos) e a estimulação dos mastócitos perivasculares, que liberam histamina. Isto provoca a contração das células endoteliais formando fendas que favorecem a saída das hemácias e consequente a pigmentação. Pacientes alérgicos, além de todas as causas já citadas, ainda têm mais um agravante: a estase venosa causada pela congestão nasal, de modo que, além dos sais férricos precipitados na área dos olhos, existe também a presença de histamina, um dos principais mediadores químicos das alergias. Portanto, este paciente deve ser encaminhado ao médico ou ao farmacêutico para os cuidados medicamentosos com a alergia. Ao longo do tratamento, com a redução da congestão nasal, a estase tende a diminuir, facilitando o clareamento local. A piora ocorre por influenciar na microcirculação local, especialmente na distribuição de oxigênio, o que piora o aspecto. É importante ressaltar que os resultados dos tratamentos cosméticos são lentos, devendo estar associados a procedimentos faciais. Massagens locais para favorecer a circulação e a drenagem prévias aos cosméticos são de grande importância. São princípios ativos indicados para a hipercromia cutânea idiopática da região orbital: » Vitamina K1: substância importante na cascata de coagulação capaz de eliminar o sangue extravascular. Usada a 1% em pH de 4 a 5. » Beta-escina: usada a 1% em ampla faixa de pH. É adstringente, anti-inflamatório e descongestionante venoso, usado em cremes, loções ou géis. » Biorusol: uso de 0,5 a 1% em pH 5 a 8. É anti-inflamatório e antiedema. » Bioskinup Contour: reduz a produção de mediadores da inflamação, causando vasodilatação local com extravasamento de líquidos responsáveis pela alteração da coloração e formação do edema da região periorbital, reduzindo as olheiras e minimizando a deposição anormal de hemossiderina na área dos olhos. 30 » Ácido tioglicólico a 2% em bastão: Sua afinidade pelo ferro é alta, sendo capaz de quelar a hemossiderina, reduzindo a pigmentação. Contudo, por ser um ácido em uma região sensível, oferece risco de sensibilização. Neste caso, o uso do ácido deve ser suspenso, e produtos calmantes devem ser utilizados até a melhora. » Melscreen Coffee Skin: Composto por 3 potentes antioxidantes naturais que normalizam o equilíbrio celular e conferem uma proteção avançada. Extrato de café rico em ácido ferúlico; rutina, flavonoide anti-inflamatório; carcinina, peptídeo de potente ação antioxidante atuam contra a glicação do colágeno e na proteção da fragmentação do DNA. Uso: 1 a 4%. 9. INGREDIENTES COSMÉTICOS DESPIGMENTANTES Patologia geral das hiperpigmentações Os melanócitos são células dendríticas (tipo de células do sistema imune) produtoras do pigmento melanina. Correspondem a 13% das células da epiderme e estendem os seus filamentos para as camadas mais superficiais, de modo que a pigmentação atinja camadas mais superficiais. A glândula hipófise, do SNC, em resposta à luz do sol, fabrica o hormônio melanoestimulante. Após a síntese de melanina nos melanócitos, esta é transferida para as células das camadas mais superficiais através dos filamentos que se projetam para o citoplasma das demais células. Este mecanismo protege o material genético das células contra os danos da radiação UV, isto é, a pigmentação é um mecanismo fisiológico de defesa. O exagero 31 desta produção por ação hormonal, exposição ao sol ou agressões à pele como ferimentos, depilação e processo inflamatório local, gera a hipermelanose, que pode evoluir com diferentes tonalidades do marrom ao castanho escuro. A rota de síntese da melanina envolve as enzimas tirosinases 1,2 e 3, que convertem a tiroxina até a melanina. A inibição destas enzimas e a dispersão da melanina acumulada (a depender da região corporal, melhora da drenagem, ou por descamação) são as opções atuais de tratamento. A maioria dos transtornos de hiperpigmentações são de comportamento refratário e recidivante, por isso entende- se que a despigmentação é um processo difícil. O tratamento com os produtos tradicionais e peelings é recomendado durante o inverno, quando a incidência solar é naturalmente menor. Os AHA em pH de 4 a 5 e em baixas concentrações são substâncias tradicionalmente usadas, além da hidroquinona, que não é um produto cosmético, mas um recurso medicamentoso para as desordens de pigmentação. Contudo, já estão disponíveis os despigmentantes avançados, de pH de 5 a 7, menos agressivos e de resultados satisfatórios. Um aspecto peculiar da relação hidratação e manchas: a hidratação reduz a produção de melanina e a quantidade de substâncias pró-inflamatórias na pele, que também tem ação pigmentante sobre a pele. Portanto, manter a pele hidratada colabora na prevenção de recidivas de hipercromias indesejadas. O fato de o tempo estar nublado não quer dizer que não há a radiação UVA/UVB! São ingredientes cosméticos tradicionais: » Ácido azelaico: diminui a síntese de melanina inibindo as tirosinases e também reduz a conversão de testosterosa em 5 – ∝ – testosterona, impedindo o progresso da acne. Uso de 10 – 20% em pH 6,5. » Ácido fítico: obtido do arroz, aveia ou gérmen de trigo, inibe as tirosinases e também tem ação antioxidante e anti-inflamatória. Uso de 0,5 a 2% em pH 4 a 4,5. » Ácido glicólico: acelera a renovação celular (dispensa a melanina), diminuindo a espessura e a compactação da camada córnea. Estimula a síntese de colágeno, sendo usado para atenuar linhas fixas de expressão e rugas. É usado de 2 a 10% para acne e clareamento, e de 30 a 70% para peelings, especialmentepara linhas de 32 expressão recentes, em pH 3 a 4. O uso excessivo ou inadequado pode causar lesões, pigmentações e cicatrizes. » Ácido glicirrízico: obtido do alcaçuz, é anti-inflamatório e antialérgico, uma boa opção de associações com outros ácidos utilizados para manutenção do tratamento, ou mesmo para o início. Usado de 0,1 a 2% em pH 3. » Ácido kójico: despigmentante obtido do arroz, tem baixo índice de irritação da pele. Atua inibindo a tirosinase. Uso de 1 a 3% em pH 3 a 5. » Ácido lático: antipruriginoso em baixos teores (0,5 – 2%), acelera a remoção celular em concentração de 5 – 15%, diminuindo a compactação da camada córnea. pH 3,8 a 4. › O lactato de amônio desodorizado, um sal derivado do ácido lático, é usado de 12 – 20% para o tratamento da acne, foliculite e para diminuir compactação da camada córnea, melhorando também a hidratação. » Hidroquinona: proibida em muitos países da Europa pelo potencial cancerígeno, a hidroquinona age bloqueando as tirosinases ativas e causando alterações na membana dos melanócitos, eliminando-os. Causa eritema com descamação e até erupções na pele, não devendo ser usada por mais de 3 meses. Usada de 2 a 10% em pH 4. Mediante as opções avançadas, é relevante evitar o uso de hidroquinona. Despigmentantes avançados Aqualicorice PT: extraído do alcaçuz, é antioxidante e despigmentante, por inibir a síntese de melanina. Usado de 0,5 a 1% em pH 5 a 7. Antipollon HT: é um silicato de alumínio sintético, que adsorve a melanina de liberação recente e a já fixada na pele, não agindo sobre a tirosinase e praticamente não oferece sensibilização à pele, podendo, portanto ser utilizado por gestantes. É um adjuvante útil no tratamento das efélides, podendo ser usado de 0,5 a 4% em pH de 4 a 10. Arbutim: derivado da hidroquinona, também atua sobre a tirosinase, mas tem menos efeitos adversos e faixa de pH mais flexível. Uso de 1 - 3% em pH 5 - 8. IDB light: idebenona lipossomada, inibe a tirosinase. Usado de 2,5 a 10% em pH 3 a 8. 33 Isocell citrus: agente clareador baseado em citroflavonoides da casca do limão, com atividade antitirosinase. Associado a fosfolipídeos, tem aumento da biodisponibilidade, penetração e a atividade. Kinetin L: Associação de ácido alfa-lipoico, VC-PMG e Adenin. Usado padronizadamente a 10% em pH 4,8 a 8. Melawhite: glicopeptídeo que atua sobre a tirosinase, usado de 2 a 5% em ampla faixa de pH. VC-PMG: Fosfato de ascorbil magnésio: derivado hidrossolúvel da Vit C. Uso de 1 a 3% em pH 7 a 9. Melfade: extrato obtido da uva-ursi que contem arbutim e metilarbutim, associado ao VC-PMG. Usado de 3 a 8%. VC-IP: Derivado lipossolúvel da Vit C. Uso de 0,05% a 1% em pH 4 a 6. O fato de ser lipossolúvel confere ao ativo certa fixação superior na pele, por isso é usado em menor concentração. Thalasferas de Vit. C: VC-PMG encapsulado em esferas de colágeno, para liberação gradual. Uso de 5 a 10% em pH 5,5 a 7. Em associação com o chá verde, reduz a degradação do colágeno. Uso interessante na área dos olhos. Radizen: complexo antioxidante composto de Vitaminas A, E, C e extrato de Ginkgo biloba. Uso de 2 a 10% em ampla faixa de pH. Whitessence: extrato de jaca de origem asiática livre de hidroquinona, uso em pH de 6 a 8, de 1 a 3%. 34 10. INTRODUÇÃO AOS PEELINGS A palavra peeling vem do inglês que significa descamar. Consistem em recursos de esfoliação acelerada induzida produtos específicos, resultando na remoção controlada de porções da epiderme e/ou derme com posterior regeneração de novos tecidos. Com a ação dos ativos, ocorre estímulo da liberação de mediadores do processo inflamatório, resultando em espessamento da epiderme, depósito de colágeno, reorganização dos elementos estruturais da pele e aumento do volume dérmico. Objetivo dos cuidados pré-peeling: » Preparo para o peeling: iniciar a descompactação do extrato córneo; » Aumentar o poder de permeação dos ativos aplicados durante o peeling; » Acelerar a resposta inflamatória e a descamação da pele. Objetivo dos cuidados pós-peeling: » Recuperar o manto hidrolipídico, pH, nutrição e a hidratação; » Prevenir repigmentações indesejadas; 35 » Potencialização e manutenção dos resultados obtidos. Ingredientes cosméticos para o pré-peeling » Alfa-hidroxi-ácidos (AHAs): são os ácidos tradicionais: ácido glicólico, lático, mandélico, tioglicólico, tricloroacético e glicirrízico. Em baixas concentrações, aceleram a taxa de renovação celular e estimulam a síntese de novas fibras de colágeno. A diferença entre queratolíticos típicos como a resorcina e o ácido salicílico e os AHAs é que estes atuam sobre os as células maduras e superficiais da camada cónea, isto é, de fora para dentro; os AHAs atuam sobre as células germinativas profundas, (formação do estrato córneo), ou seja, de dentro para fora. Sugestão para o preparo do paciente: Ácido glicólico __10% Ácido lático __ 5% Ácido kójico __2% Gel base qsp 30g Ácido glicólico ___ 6% Ácido salicílico ___2% Propolis ext._____5% Sabonete gel base qsp 60ml Ingredientes cosméticos para o pós-peeling 36 » Ácido ascórbico (vitamina C): recupera a elasticidade, firmeza e hidratação da pele, melhora a textura cutânea e reduz a síntese de melanina, além de ser um antirradical livre. » Vitamina P: atua regulando a permeabilidade e fragilidade capilar. » Ácido glicirrízico: anti-inflamatório, antiedematoso. » Hamamélis: adstringente, vasoconstritor. » Drieline/Alfabisabolol: calmantes, anti-inflamatórios. Atenção: produtos pós-peeling devem ser exclusivamente de pH 7. Sabonete: Chá verde ext. glic. ____5% Calêndula ext. glic.____5% Camomila ext. glic.____5% Azuleno _________0,02% Sabonete LÍQUIDO qsp Aplicar com movimentos circulares suaves e deixar agir por 30 segundos. Hidratantes Alfabisabolol ___2% Drieline____1% Vegelip___8% Aloe-vera ext. __10% Loção hidratante qsp Thalasferas de Vitamina C____10% Ácido Hialurônico __________8% Adenin _______0,1% Aquaporine Active _____5% Vitamina E _________1% Sérum qsp Etapas da execução do peeling 1. Higienização da pele com sabonete: o uso de ácidos no sabonete (ex: salicílico ou glicólico) seguida de álcool 70% ou acetona para ação desengordurante, facilitando uma ação homogênea do produto. Em cabine, pode-se utilizar, por exemplo, um sabonete gel com ácido glicólico de 10% e ácido salicílico a 5%. Usar em pH mínimo de 4. 2. Aplicação do produto para o peeling, observando a melhor técnica e o tempo de permanência na pele do paciente; 37 3. Neutralização (caso necessário) e remoção manual do produto restante. Peeling de ácido tioglicólico Usado no tratamento de hiperpigmentações de várias origens, como as dos membros inferiores, decorrentes de problemas vasculares. Utilizado de a 10-20%, apresenta a vantagem de não provocar edema ou eritema, porém pode produzir leve esfoliação. Pode ser usado a 10%, em veículo gel, a cada 15 dias, num total de 5 sessões iniciais. A 1ª aplicação pode ter duração máxima de 2 min., podendo-se acrescentar tempo aos poucos (ex.: 1 min.) nas seções seguintes. Ainda com o paciente deitado, o produto é retirado com gaze e, em seguida, completada sua remoção com água em abundância. Pode-se usar sabonete líquido neutro para auxiliar a remoção. Existe a manipulação deste ácido a 2% em bastões para o uso na área dos olhos, contra a hiperpigmentação da região infraorbital. Peeling de ácido glicólico O ácido glicólico possui a menor molécula entre os AHAs, tendo grande emprego na indústria cosmética. Atua reduzindo a coesão entre os corneócitos por interferir na ligação da proteína filigrina que une um corneócito ao outro.Uma hipótese de como o ácido glicólico atua atenuando as rugas é pelo fato de aumentar a síntese de glicosaminoglicanos, proteínas multiramificadas que tem a propriedade de fixar a molécula de água em suas ramificações. Por este fato é possível reter água no interior da derme, o que contribui para diminuição das rugas superficiais e médias. Em exposições mais curtas (tempos normalmente utilizados nos peelings convencionais de ácido glicólico, variando entre 1 e 3 min.) o ácido glicólico, nas concentrações padrão de 30%, 50% e 70%, pode causar menos danos que o ATA em concentrações convencionais. O ácido glicólico pode ser utilizado em gel ou em solução hidroalcoólica. Quando se faz o peeling com ácido glicólico em nível corporal, visando tratar a flacidez da pele ou recuperar lesões produzidas por estriamento da pele (estrias), são vistas algumas dificuldades naturais como a excessiva dificuldade de penetrar o gel de ácido glicólico a 70%. Utilizar solução hidroalcoólica composta por ácido glicólico, ácido láctico e ácido salicílico, respectivamente a 20, 15% e 15%. Essa solução pré-peeling queratolítica abre a camada córnea para a penetração do 38 ácido glicólico gel 70%, que é aplicado sobre a solução pré-peeling após três a cinco minutos de permanência na região. Peeling de ácido salicílico O ácido salicílico é um β-hidroxi-ácido de aplicação cosmética especialmente em acne. Também pode ser utilizado nos pés associado a ureia, para melhorar o aspecto e a textura. O peeling de ácido salicílico geralmente é feito em solução hidroalcoólica de 20 a 30%. Como geralmente não se solubiliza totalmente, deve-se ter cuidado na aplicação para que os cristais não atinjam os olhos e nem as fossas nasais. Como os demais outros, age das seguintes formas: 1. Estimulação do crescimento epidérmico mediante a remoção do estrato córneo, induzindo a epiderme a espessar-se. 2. Destruição de camadas específicas de pele lesada, dependendo do tipo de agente utilizado e sua concentração, obtendo melhor resultado estético. 3. Indução de uma reação inflamatória no tecido mais profunda que a necrose provocada pelo agente esfoliante para induzir a produção de colágeno novo na derme. Peeling de ácido mandélico Mais indicado para peles morenas a negras e para acne, é um ácido de elevado peso molecular, sendo considerado o mais seguro para aplicação mesmo em solução hidroalcoólica. Geralmente é utilizado de 20 a 30%, em seções quinzenais ou semanais. 11. COSMÉTICA ANTI-AGING E NEUROCOSMÉTICA Conceitos » Queratina: camada celular morta que confere rigidez à pele e cabelo. » Colágeno: fibras proteicas ativas que conferem resistência aos tecidos. 39 » Elastina: proteína fibrosa que forma, com o colágeno, a estrutura proteica fibrosa do tecido conjuntivo, garantindo elasticidade à pele. » Fibroblastos: atuam produzindo glicosaminoglicanos, essenciais para manter a hidratação da pele. » Ceramidas: frações de proteínas e lípides que ocupam os espaços intercelulares. Eventos do envelhecimento » Perda gradativa de funções orgânicas: produção de radicais livres, exposição solar (gera alta carga de ROS), exposição à poluição e outros agentes tóxicos. » Diminuição do potencial metabólico: processamento lento das reações bioquímicas no organismo, lesões no material genético. » Pele: perda do turn-over celular, com perda da espessura da pele e de proteínas estruturais. » A partir dos 23 anos: fotoenvelhecimento: (hidratação/fotoproteção/renovação celular). » 35 anos: foto e cronoenvelhecimento (todos+despigmentantes /antioxidantes). » 50 anos: fotocronoenvelhecimento e queda da produção hormonal (todos+antiglicantes). › Hidratação reforçada após os 45 anos: perda maior da capacidade de retenção de água por fatores nutricionais, hormonais, e produção de radicais livres, que agem nas membranas celulares. Ações dos cosméticos tradicionais » Antioxidante » Despigmentante » Hidratante » Renovação celular » Promotores de firmeza e elasticidade (tensores) Ações inovadoras dos cosméticos » Antioxidantes universais » Linha antiglicante » Efeito Lifting 40 » Estimulantes dos fatores de crescimento e da síntese de colágeno » Inibidores de metaloenzimas » Peptídeos sinalizadores O que não pode faltar nos produtos cosméticos anti-aging: » Hidratação » Fotoproteção » Renovação celular » Antioxidantes Hidratação e silício orgânico » O silício é um dos principais componentes da formação e organização da matriz extracelular, cuja presença garante a manutenção da hidratação e da elasticidade. » Com o passar dos anos, pelas ações do clima e pela ação dos radicais livres, o teor de silício decresce, gerando sinais típicos como rugas e flacidez. » A perda da hidratação e do manto hidrolipídico levam à sensibilidade excessiva da pele, com vermelhidão, ressecamento e descamação: ocorre processo inflamatório em resposta ao baixo nível de hidratação. Substâncias hidratantes » Ácido hialurônico: usado de 1 a 10% em pH 5,5 a 7. Altamente hidrofílico, adsorve 90% do seu peso em água, melhorando a elasticidade da pele, sendo indicado já nos primeiros cuidados anti-aging. A falta de ácido hialurônico (normal em abundância na pele) dá aspecto de pele seca, mas não aumenta a sensibilidade. Suaviza linhas de expressão e marcas de cicatrizes. » Alantoína: cicatrizante e hidratante, especialmente usado em fórmulas para as mãos. Uso: 0,5-2%. » Aquaporine active: aumenta a quantidade de canais proteicos responsáveis pela circulação de água entre as células. Uso de 2 a 5%. pH 5 a 7. » Depantenol: pró-vitamina B5, regenera o epitélio (cicatrizante) recuperando a nutrição e a taxa de renovação celular. Uso de 0,5 a 5%. pH 3,5 a 7,5. » Elastina: mimetiza a elastina corporal, repondo-a na pele. Uso de 1 a 3%. pH 5 a 7. 41 » Hidroviton: uso de 1 a 2%. Conhecido como fator de hidratação natural (NMF), contém ureia, alantoína, lactato de sódio e aminoácidos, sendo altamente nutritivo. Aumenta a ação da elastina quando associados. A ureia, está em baixa concentração, não sendo comedogênica neste caso. » Iris iso: aumenta a tonicidade, hidratação e elasticidade da pele, especialmente em mulheres menopausadas. Inibe a colagenase e a elastase, melhorando o aspecto das linhas de expressão. Uso de 3 a 5%. pH de 5 a 10. » Óleo de silicone: uso de 3 a 10%. Cuidado: sensação pegajosa se uso superior a 5% (shampoos) » Óleos vegetais: macadâmia, amêndoas, semente de uva, girassol, rosa mosqueta, oliva, germen de trigo, prímula, etc. Uso de 3 a 10%. Cuidado com os excessos em pele oleosa. » Pca-Na (sal sódico do ácido pirrolidônico): agrega água à sua molécula, depositada na pele ou nos cabelos. Pode ser usado para qualquer tipo de pele. Uso: 1 a 2%. Silipearl: silício orgânico associado a proteínas, oligominerais e aminoácidos das pérolas. Repões a hidratação e a nutrição da pele. Uso de 1 a 10%. » Structurine: usado em pH menor que 8, favorece a síntese de proteínas e lipídeos epidérmicos. Uso de 2 a 5%. ATIVO DE REFORÇO DA HIDRATAÇÃO. Tensores » Tensine: extraído das proteínas do trigo, reduz o efeito das rugas por horas através da formação de filme elástico resistente. Uso de 3 a 10% em pH 6,5. » Raffermine: derivado as soja, contem glicoproteínas e polissacarídeos de efeito tensor sobre a pele. Uso de 2 a 5%. pH 4,5 a 7. » DMAE: ativo tradicional no tratamento das linhas de expressão. Uso de 1 a 5%. (odor forte). Antioxidantes universais Combatem os radicais livres em todos os tecidos, atuando em alvos celulares hidrofílicos e lipofílicos. » Melscreen Coffee Skin: composto por três potentes antioxidantes naturais que normalizam o equilíbrio celular e conferem uma proteção avançada. (Extrato de Café- 42 rico em ácido ferúlico;rutina, flavonoide anti-inflamatório; carcinina, peptídeo de potente ação antioxidante, atua contra a glicação do colágeno e na proteção da fragmentação do DNA) Uso: 1 a 4% (área dos olhos). » Alistin: pseudopeptídeo que protege a membrana celular, proteínas e enzimas cutâneas contra o estresse oxidativo. Protege o DNA celular contra os danos causados pela radiação UV e previne a ligação cruzada das proteínas. » Anti-ox Night: atua nos danos celulares causados por radicais livres, sendo importante para a etapa de primeiros cuidados (ação preventiva superior). Como também apresenta efeito reparador com o uso regular, pode ser indicado para o uso após os 35 anos. » Vitamina A: uso de 0,1 a 1%. Melhora a elasticidade da pele e a renovação celular, por estimular seu metabolismo e a multiplicação celular (repitelizante). O baixo teor da vitamina facilita a formação de comedões acneicos e leva ao ressecamento da pele. pH 4,5 a 7. › Utilizar ácido hialurônico e vit.A nos cosméticos dos primeiros cuidados antiaging promove prevenção eficaz de linhas de expressão. » Vitamina E: uso de 0,5 a 5%. Melhora a nutrição da pele e proporciona bronzeado mais suave quando usado nos filtros solares. pH 3,5 a 8. » Ascorbosilane C: silanol associado a vit.C, com ação regeneradora e hidratante, impede a formação de radicais livres e peróxidos. Uso de 3 a 4%. pH 3,5 a 6,5. Anti-inflamatórios » Alfabisabolol: anti-inflamatório obtido da camomila, útil em ampla faixa de pH. Uso: 0,1 a 2%. » Drieline: polímero da glicose extraído do levedo de cerveja (Saccharomyces cerevisiae) que estimula síntese de colágeno nos fibroblastos. Uso de 1 a 2%. » Bioskinup Contour: reduz a produção de mediadores da inflamação, causando vasodilatação local com extravasamento de líquidos responsáveis pela alteração da coloração e formação do edema da região periorbital, reduzindo as olheiras e minimizando a deposição anormal de hemossiderina na área dos olhos. 43 › Alantoína, D Pantenol e o Óleo de Melaleuca também são opções de ativos calmantes para procedimentos pós-barba/pós-depilatórios. Inibidores de metaloenzimas Metaloenzimas são enzimas (com grupos metálicos funcionais) que degradam outras proteínas e renovam a matriz extracelular. Inibir a atividade das metaloenzimas proporciona melhoria de firmeza, elasticidade, resistência e integridade da pele. São ações das metaloenzimas na pele: » Remodelamento dos componentes da matriz extracelular (MEC) por meio da degradação do colágeno, elastina e fibronectina. » Ativação das células inflamatórias e indução da angiogênese. MDI Complex® (Glicosaminoglicanas de origem marinha): inibe a Gelatinase A (MMP-2), Gelatinase B (MMP-9) e Metaloelastase (MMP-12), que degradam colágeno e elastina. Inibidores da reação de glicação (Proteína/Lípideo + glicose = Produtos de Glicação Avançada – PGA) » Os PGA levam à formação de ligações irreversíveis entre diferentes moléculas, alterando suas propriedades bioquímicas e iniciando respostas fisiológicas anormais. A glicação de proteínas do colágeno contribui para a rigidez e a perda de elasticidade dos tecidos cutâneos. » Adenin: N6-furfuriladenina - Fitormônio sintético. Diminui a perda transepidérmica de água, mantendo a hidratação e umidade da pele. Com ação clareadora, promove brilho, reduz rugas finas e a aspereza da pele, melhorando o aspecto de áreas fotocronodanificadas. Possui pH neutro. Uso de 0,01% a 0,1% em cremes, filtros solares, géis e loções. Pode ser usado por gestantes com segurança. Sinalizadores e regeneradores » Matrixyl: uso de 2 a 5%, pH 5,5 a 7. Tensor, estimula os fibroblastos dérmicos a sintetizar colágeno, polissacarídeos (GAGs e ácido hialurônico) e fibronectina. Apresenta grande afinidade pelos fibroblastos, além de aumentar a resposta celular ao TGFβ (citocina antiinflamatória). 44 » Pro-Collasyl: alta concentração de silanetriol associado a colágeno marinho e peptídeos de arroz. Atua diretamente sobre os fibroblastos, estimula a biossíntese de colágeno, intensificando a reparação e renovação celular. O uso suaviza linhas finas além de conferir efeito tensor similar ao aspecto natural. Atua também como agente nutriente para a pele, melhorando a textura e a hidratação. pH 2,5 a 4,5. Uso de 2 a 4%. » Biodynes TRF: derivado de leveduras, é rico em aminoácidos, minerais e vitaminas, sendo as últimas classes de ativos complexados a aminoácidos, o que facilita a permeabilidade pela pele. Citoestimulante, aumenta a síntese de colágeno e elastina, sendo útil em fórmulas pós-peeling e para a área dos olhos. Usado em pH 3 a 10% em ampa faixa de pH. 12. CUIDADOS COSMÉTICOS INICIAIS COM A QUEDA CAPILAR O cabelo tem como funções principais à proteção do couro cabeludo, o aumento da função sensorial e pode se apresentar em três diferentes estágios: anágeno (crescimento), catágeno (estágio de transição ou repouso) e telógeno (estágio de queda). Acima de 6 meses, na maioria das vezes, representa uma queda dentro da normalidade, pois o ciclo capilar envolve fases de crescimento (anágena), repouso (catágena) e queda (telógena) ou pode representar uma alopecia androgenética, principalmente nos homens. A queda de cabelo quando ocorre além dos limites normais (cerca de 100 fios diários) exige atenção, considerando o efeito negativo provocado a longo prazo na qualidade de vida dos pacientes. 45 A alopecia é condição genética comum de queda dos cabelos, produzida pela ação dos hormônios andrógenos circulantes. É caracterizado pela perda e afinamento progressivo dos cabelos com redução da fase anágena, geralmente acompanhado de alterações dos folículos pilosos no couro cabeludo, sendo influenciada pelo uso inadequado de produtos tópicos, fumo, uso de medicamentos para o tratamento de neoplasias malignas e por fatores emocionais (fator questionado na comunidade científica). No homem, a alopecia é geneticamente determinada; na mulher, além do fator genético, associa-se também à presença de problemas endócrinos, fatores nutricionais como a carência de ferro e zinco e fatores ambientais. A importância dos hormônios está muito vinculada à ideia de que a testosterona circulante seria a principal fonte de problemas relacionados à calvície. Sabe-se hoje o item que mais importa é a taxa de conversão de testosterona em 5-DHT pela 5α-redutase, que aumenta ainda mais a oleosidade local, acelerando a obstrução do folículo. A presença da testosterona em excesso no corpo feminino causa a síndrome SAHA (seborreia, acne, hirsutismo e alopecia). Como homens têm naturalmente níveis mais altos de testosterona, a alopecia tende a ser mais grave, além da acne e seborreia. A enzima aromatase é responsável pela conversão de testosterona e seus derivados em estradiol. Localmente, este mecanismo funciona como proteção do folículo piloso contra a alopecia, pois diminui a quantidade de testosterona e consequentemente de 5-DH. As áreas afetadas pela alopecia em homens e mulheres se diferenciam principalmente por este aspecto: mulheres possuem maior quantidade de aromatase nas áreas mais afetadas em homens, além de, na maioria dos casos, maior volume e extensão capilar, o que contribui para manter o aspecto capilar por tempo maior. Os cosméticos para os cuidados da alopecia têm caráter paliativo: não necessariamente irão eliminar a queda capilar, uma vez que existem fatores genéticos e hormonais envolvidos. Para tanto, é necessário encaminhamento ao médico para adequação hormonal. A seguir as principais vias do tratamento cosmético da queda capilar. Controle da oleosidade e caspa (dermatite seborreica) » Cetoconazol: tem ação anti-fúngica. É usado a 2% (shampoo). 46 » Piroctone Olamina (Octopirox): usado de 0,5 a 1%. Potente antisseborreico. » Piritionato de Zinco: usado de
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