Buscar

Filme "Precisamos falar sobre Kevin"

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

“Precisamos falar sobre o Kevin”
Visto o complexo de édipo e o massacre na escola, no filme “precisamos falar sobre o Kevin”,
se faz bastante interessante para uma análise psicanalítica. Pois a ocorrência de massacres
dentro de escolas são devido ao bullying, transtorno mental, violência, até mesmo por conta
de um ambiente familiar frágil, que é o caso de Kevin, que desde a gestação de Eva, houve
complicações relacionadas ao emocional da mãe, em alguns casos, diversos aspectos são
associados para que o sujeito aja de tal maneira, como um crime. Portanto Kevin já inicia sua
vida tendo que lidar sozinho com seu interior. Pois Eva é bem sucedida em tudo,
financeiramente e amorosamente, mas não aceitou saber que estava grávida, pois se sentia
uma mulher livre e que sua vida a partir dali, começa a desmoronar.
No início do filme, passa a cena da mãe não conseguindo lidar com a criança, pois Kevin
sempre chorava quando estava com a mãe, pois não havia um vínculo entre ambos e havia um
incômodo e frustração da parte de Eva, e o bebê acaba sentindo isso, pois a mãe transfere
todo o sentimento que sente.
Freud (1950/1985/1989) enfatiza que a primeira experiência de satisfação deixa marcas no
psiquismo de tal forma que, cada vez que algum desconforto se presentifica, o bebê tenta
resgatar tal experiência (de satisfação) por uma via alucinatória. Por não se saciar, o bebê
chora, clama o outro de alguma forma. Porém, essa primeira experiência não é totalmente
representada, algo dela se perde, há um resto que persiste sem representação e se constitui
como ponto de furo de onde o desejo pode advir.
Eva se sente incomodada pelo fato de achar que ter um filho agora, atrapalharia sua vida
profissional, fica abalada emocionalmente e não consegue ter sentimentos maternos com
Kevin.
Para Winnicott (1958/2000), mães tem um preparo psíquico saudável, para receber seus
filhos após o nascimento, como realizar as tarefas básicas do dia-a-dia, como amamentar,
trocar fraldas, entre outras atividades, mas Eva teve complicações durante o parto, pois teve
muita dor ao dar a luz, e não se sentia pronta para ter um filho.
Visto que para Eva, o sofrimento dela é consequência de um papel tradicional da sociedade,
em qual mulheres viram mães, tem o papel da maternidade, tem o papel dela de ser uma
mulher livre, bem sucedida, etc, se resultando em uma maternidade contrariada, que
dificultou bastante na relação entre ambos, que consequentemente Kevin, acaba a desafiando
cada vez mais, não tendo limites e Eva não conseguindo controlá-lo. Mas a relação com o pai
era totalmente diferente, ele estava feliz com a gravidez e esperava muito por Kevin, tinha
uma boa relação com o filho e dizia a Eva que era uma fase que ele estava com ela.
Eva tentava criar um vínculo com Kevin, mesmo ela não conseguindo ter aquele amor
materno, se colocando no lugar do bebê e se identificando. Eva ficava frustrada ao ter que
lidar com as ações de Kevin.
Durante o desenvolvimento infantil, a falha materna provoca reações que interrompem o
"continuar a ser", provocando uma ameaça de aniquilação.
Tal falha é sentida como uma ameaça à existência pessoal, não como uma falha da mãe. As
mães que não conseguem entrar nesse estágio inicial do desenvolvimento do filho acabam
muitas vezes por tentar compensar posteriormente o que ficou perdido, através de mimos, por
exemplo, o que pode prejudicar o desenvolvimento dos limites na criança (Winnicott,
1958/2000).
Uma coisa que chama a atenção, é que Eva não tem segurança em lidar com Kevin, como
conseguir segurar ele no colo, quando crescidinho, de por limites.
Ao segurar o bebê com segurança, acaba passando a ele uma confiança e segurança, e Eva
têm grandes dificuldades em suprir as necessidades do filho e cuidar do mesmo.
Consequentemente há uma divergência entre ambos, pois Eva não consegue brincar e se
comunicar com Kevin, e recebe apenas agressões verbais e físicas, enquanto seu marido
consegue controlar a situação. Eva se revolta com Kevin, e cada vez mais, ele demonstra
controle sob sua mãe, e mostra nas cenas que ele se diverte ao provocá-la e desafiá-la.
A saúde mental do indivíduo é construída desde o início pela mãe, que oferece o que
Winnicott (1987/2002) nomeia como ambiente facilitador, ou seja, "ambiente em que os
processos evolutivos e as interações naturais do bebê com o meio podem desenvolver-se de
acordo com o padrão hereditário do indivíduo" (p. 20). Eva não parece ter conseguido
oferecer tal ambiente para o filho.
O ambiente familiar pode ser definido como um sistema que tem a função de proteção, tanto
física quanto emocional, e que Kevin não tinha.
Kevin foi uma criança, que desde o início foi rejeitada pela mãe, e ao decorrer de seu
crescimento, via sua mãe tentando compensar essa falha maternal, mas não havendo nenhum
tipo de vínculo entre ambos, obviamente que Kevin sentia tudo isso, e desafiar e provocar
eram as ferramentas que ele tinha, para chamar a atenção dela ou até mesmo puni-la.
A provocação ocorria através do comportamento dele com o pai, usava palavras fortes com
Eva, insultando-a. Kevin necessitava de proteção, atenção e amor materno, e não era
correspondido desde que estava na barriga.
E como houve no filme, com a família e o Kevin, ocorre muito no mundo inteiro, por conta de
seus contextos. Jovens acabam cometendo crimes, por consequência de tais contextos em que
habita. Mas muitas vezes não há tempo de se perguntar por qual motivo tal pessoa faz tal
ação, é tão marcante que logo julgamos e punimos, mas por trás sempre há um motivo para
que tal pessoa tenha feito o ato. Mas essas situações vão muito mais além do que ser um
criminoso.
No filme aparece também o conceito de Édipo, em que Freud relata-o a partir do ano de 1910.
Kevin ama sua mãe, que não lhe dá o que necessita, tendo que provocá-la para ter sua
atenção, e no final do filme, Kevin mata toda a família, menos sua mãe.
Segundo Lacan somos assujeitados antes mesmo do nosso nascimento. Nosso nome é um
exemplo desse assujeitamento ao desejo do outro, e é através da linguagem que iremos tomar
emprestado o reino das palavras e os seus significantes que nos determinam e nos marcam.

Continue navegando