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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO - RJ CONDOMÍNIO BOSQUE DAS ARARAS, neste ato, representado pelo seu síndico, MARCELO RODRIGUES, já devidamente qualificado nos autos de ação indenizatória, movida por JOÃO XXX, também já devidamente qualificado na inicial, pelo rito ordinário, por intermédio do seu advogado in fine assinado, ut instrumento de mandato anexo, com endereço profissional (endereço completo), com fulcro no artigo 335 do CPC, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em tempo hábil propor: CONTESTAÇÃO 1. PRELIMINARMENTE DA ILEGITIMIDADE PASSIVA A indenização buscada pelo autor não goza de legitimidade. No caso em tela, tem-se o conhecimento, conforme os autos, de que o objeto fora arremessado do apartamento 601 que é parte individualizada, portanto, trata-se de uma unidade autônoma conforme preceitua o art. 938 do Código Civil, vejamos: Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. Nesse sentido, é cristalino o entendimento que a legitimidade de atuação no polo passivo da lide no caso em tela, é de exclusividade do proprietário ou possuidor do apartamento 601, unidade autônoma nos termos do artigo supra, portanto, impossível de admitir a legitimidade passiva de outrem vez que reconhecida a autoria do fato. 2. DA SÍNTESE DOS FATOS O autor da indenização pleiteada, alegou ter sido atingido por um porte de vidro que fora atirado da janela do apartamento 601 do Condomínio Bosque das Araras. Relatou na inicial que após ser atingido veio a desmaiar em decorrência do impactado sofrido. Em seguida, foi socorrido por transeuntes que passavam pelo local que acionaram o resgate do Corpo de Bombeiros que o levaram para o Hospital Municipal X. João, passou por procedimentos cirúrgicos para estagnar uma hemorragia interna decorrente do acidente. Dias posteriores ao procedimento cirúrgico ao qual fora submetido, João alegou ter se sentiu mal tendo que retornar ao Hospital X para atendimento onde foi identificado um erro no procedimento realizado e, em razão disso, teria que se submeter a um novo procedimento cirúrgico para retirada de uma gaze esquecida dentro de seu corpo por ocasião da primeira cirurgia realizada culminando em uma infecção no local. Ademais, alega o autor da indenização, ter sofrido danos decorrentes do acidente sofrido e cirurgia a que foi submetido, requerendo o pagamento de lucros cessantes, pelo tempo em que ficou afastado de suas funções laborais bem como pelo segundo procedimento realizado, além de pleitear danos morais. Esta é a síntese momentânea dos fatos. 3. DO MÉRITO No caso em tela, imperioso o conhecimento da improcedência da obrigação de indenização pleiteada pelo autor no tocante aos danos sofridos em decorrência da segunda cirurgia a qual foi submetido para retirada da gaze. Ora, se os danos foram causados nesta cirurgia, não há que se falar em indenização de responsabilidade decorrente do fato de ter sido atingido pelo pote de vidro. Temos claramente a ocorrência de um erro médico por ocasião de um procedimento cirúrgico realizado, ou seja, ato falho cometido pela equipe médica do Hospital Municipal X onde os procedimentos foram realizados no autor. Portanto, resta evidente que o Hospital Municipal X deve ser demandado quanto à responsabilidade pelo erro cometido internamente em suas dependências, uma vez comprovado. Vejamos o que dispõe a legislação civil vigente para estas situações: Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Ademais, ressalta-se que embora haja algum relacionamento com a queda do pote de vidro que foi lançado do apartamento 601, unidade individualizada do Condomínio Bosque das Araras, é necessário que o dano seja consequência imediata do fato que o produziu, conforme a teoria do dano direto e imediato que alcançou muito prestígio na doutrina e na jurisprudência brasileiras, fundamentada no art. 403 supra. Ainda pela teoria da causalidade adequada, somente o fato idôneo ou adequado para produzir o dano é que deverá ser levado em consideração para o estabelecimento da responsabilidade civil (art. 403 do Código Civil). Na mesma linha é a jurisprudência atual dos Tribunais Pátrios (grifo nosso): EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. QUEDA EM POÇO. MORTE. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL NA ESFERA CRIMINAL. COISA JULGADA NO CÍVEL. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE. TEORIA DA CAUSA DIRETA E IMEDIATA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. - Consoante artigo 67 do Código de Processo Penal, a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime não impede a propositura da ação civil. - Dentre as várias teorias existentes para explicar o nexo de causalidade, o Código Civil, no seu artigo 403, adotou a teoria da causa direta e imediata, de modo que para a responsabilização civil é necessário que o dano se ligue diretamente à causa determinante para a sua ocorrência. - Ausente a demonstração do nexo entre a causa e o efeito, incabível se mostra a responsabilização civil pleiteada. (TJMG - Apelação Cível 1.0699.15.005137-2/001, Relator(a): Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata , 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/02/2019, publicação da súmula em 22/02/2019) Evidenciado nos autos que as complicações que levaram o autor a uma segunda cirurgia, não há como ser responsabilizado o Condomínio Bosque das Araras pelos danos daí decorrentes, considerando o rompimento do nexo de causalidade. Finalmente, no tocante aos lucros cessantes fixados no valor de R$ 20.0000,00 (vinte mil reais) atribuídos pelo autor na inicial, o entendimento é que seja nomeado um perito para analisar se o montante está corretamente calculado. 4. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer: a) O acolhimento da preliminar de decadência de ação por ilegitimidade passiva, com a consequente extinção do processo sem a análise do mérito nos termos do art. 337, XI do CPC; b) Julgar a improcedência parcial dos pedidos do autor, alegados na inicial; c) A condenação do autor nas custas processuais e honorários advocatícios, a serem arbitrados conforme o sábio critério de Vossa Excelência, nos moldes do Art. 85 do Código de Processo Civil; d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas. Nesses termos em que, Pede Deferimento. Cidade, XX de XXXXX de 20XX. (Advogado – OAB/XX nº) Turma: DIR5AN-MCD – Prática Civil Membros do grupo realizador da atividade André Andrade da Silva ............................. 81716756 Douglas Pereira de Freitas .........................81716487 Maurício Antônio Arruda de Lara ................81723870 Vinícius Teodorak Souza ............................818146713
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