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1 COMO ESTUDAR E APRENDER Neurociência, Psicologia e Filosofia Aplicadas ao Aprendizado 4 FASES DO APRENDIZADO 16 FATORES QUE IMPACTAM NO APRENDIZADO 29 DICAS E TÉCNICAS DE ESTUDO MATHEUS PEDROSO 1 ª EDIÇÃO 2 Matheus Pedroso Estudioso do aprendizado humano “A EDUCAÇÃO É O PONTO EM QUE SE DECIDE SE AMAMOS SUFICIENTEMENTE O MUNDO PARA ASSUMIR RESPONSABILIDADE POR ELE E, MAIS AINDA, PARA O SALVAR DA RUÍNA QUE SERIA INEVITÁVEL SEM A RENOVAÇÃO, SEM A CHEGADA DOS NOVOS E DOS JOVENS.” - HANNA ARENDT @matheus.pedroso.oficial 3 ÍNDICE 1. Para começar .................................................... 006 2. Memórias ......................................................... 009 2.1. Estruturas de memórias .............................. 010 2.2. Memória de trabalho .................................. 011 2.3. Memória de longo prazo ............................. 015 2.4. Criando novas memórias ............................ 018 2.5 Recuperando memórias ............................... 024 3. As 4 fases do aprendizado ................................ 028 3.1. Visão geral .................................................... 029 3.2. Aquisição ...................................................... 031 3.3. Organização e Estruturação .......................... 032 3.4. Armazenamento ........................................... 033 3.5. Recuperação ................................................. 034 3.6. Processo contínuo e interativo ..................... 035 4 ÍNDICE 4. Aquisição .......................................................... 039 4.1. Visão geral ................................................... 040 4.2. Fatores relevantes ....................................... 044 4.3. Energia Mental ............................................ 045 4.4. Recepção dos estímulos .............................. 056 4.5. Atenção dividida .......................................... 063 4.6. Atenção seletiva .......................................... 069 4.7. Atenção sustentada ..................................... 075 4.8 Foco da atenção ........................................... 081 5. Organização e Estruturação ............................. 084 5.1. Visão geral ................................................... 085 5.2. Fatores relevantes ....................................... 087 5.3. Habilidades e conhecimentos prévios ........ 088 5.4. Categorização da informação ..................... 095 5.5. Capacidade de alocação ............................. 109 5 ÍNDICE 5.6. Aplicação clara ............................................ 126 5.7. Variação do conteúdo ................................. 131 6. Armazenamento ............................................... 135 6.1. Visão geral ................................................... 136 6.2. Fatores relevantes ....................................... 145 6.3. Repetição espaçada ..................................... 146 6.4. Carga emocional .......................................... 150 6.5. Sono ............................................................. 154 7. Recuperação ..................................................... 157 7.1. Visão geral ................................................... 158 7.2. Fatores Relevantes ...................................... 164 7.2. Contexto ...................................................... 165 7.3. Coerência emocional ................................... 176 8. Conclusão e próximos passos ........................... 183 9. Referências Bibliográficas ................................. 185 6 PARA COMEÇAR MOTIVAÇÕES E “LICENÇA POÉTICA” Meu objetivo com este livro é ajudar pessoas que não têm conhecimento em neurociências e/ou psicologia a como estudar e aprender de forma mais eficiente. Por isso, utilizo o máximo possível de linguagem simples e evito termos técnicos que possam dificultar a compreensão. Com isso em mente, fiz uso de algumas “licenças poéticas” ao utilizar palavras e termos mais simples ao invés de alguns nomes técnicos que pudessem dificultar o entendimento do conteúdo. 7 PARA COMEÇAR MOTIVAÇÕES E “LICENÇA POÉTICA” Os conhecimentos adquiridos neste livro poderão ser abstraídos e utilizados em qualquer tipo de aprendizado e estudo, no entanto, ele foi elaborado pensando principalmente no ambiente de aprendizado escolar e para quem pretende aprender e estudar para provas. 8 PARA COMEÇAR SUGESTÕES DE LEITURA Durante a leitura deste livro, vá imaginando como você aplicaria cada nova informação em sua rotina de estudo, isso irá lhe ajudar a compreender mais profundamente o conteúdo. Quando chegar nos “fatores relevantes” de cada fase do aprendizado, meu principal conselho é ler apenas um fator por dia e criar estratégias de como incorporá-lo em sua rotina de estudos. Este livro irá lhe apresentar fatores que impactam no aprendizado, mas caberá a você aplicar as dicas e ir testando formas para encontrar o que melhor funcione e seja adequado a sua realidade. 9 MEMÓRIA Capítulo 2 10 MEMÓRIAS ESTRUTURAS DE MEMÓRIAS Para começar, vamos primeiro conhecer um pouco mais sobre duas das principais estruturas envolvidas em nosso aprendizado, a memória de trabalho e a memória de longo prazo, que neste livro iremos representar como ilustrado na figura abaixo: 11 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE TRABALHO Na memória de trabalho é onde ficam as informações que estamos pensando conscientemente no momento, essas informações podem ser provenientes de várias fontes, como: • estímulos externos emitidos pelo ambiente ou pessoas ao nosso redor, como sons, imagens, cheiros, toques e assim por diante; • estímulos internos gerados pelo nosso organismo, como sensações, dores, alterações realizadas pelo sistema autônomo, entre outros; • informações recuperadas da memória de longo prazo; e • informações geradas na própria memória de trabalho por meio da junção e/ou decomposição de outras informações nela presentes. 12 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE TRABALHO 13 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE TRABALHO A memória de trabalho nos torna capazes de pensar estrategicamente, deixando-nos mais eficientes em resolver problemas do cotidiano. Um exemplo de atividade que só somos capazes de realizar por conta desta estrutura de memória é a formulação de estratégias e ferramentas de caça realizada por nossos antepassados pré-históricos, que tinham como principal objetivo lidar com o problema da fome de forma mais eficiente. Um outro exemplo, agora de um problema atual que exige a utilização da memória de trabalho, é estudar para ir bem numa prova. 14 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE TRABALHO Algumas características da memória de trabalho são: • Duração: cerca de 15 segundos, mas pode ser maior ou menor a depender dos estímulos internos e externos que nos impactam e pode variar de pessoa para pessoa e ao longo de nossas vidas; • Capacidade: 2 a 9 informações diferentes, a depender do tipo de informação e podendo variar de pessoa para pessoa e ao longo de nossas vidas; • Tipos de informações armazenadas: podem ser mais simples, como a representação do número “1” e mais complexas como o conceito de filosofia; e • É possível juntar e “decompor” informações para criar novas informações mais simples ou mais complexas. Ex.: “Decompor” os corpos de um peixe e de um ser humano em duas partes, inferior e superior, e depois juntar a parte inferior do peixe com a superior do ser humano para criar uma sereia. 15 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE TRABALHO Já na memória de longo prazo, é onde ficam armazenadas as informações que “esquecemos” momentaneamente, ou seja, as informaçõesque não estão sendo necessárias no momento, mas que podem vir a ser no futuro. Nessa estrutura, podem ser armazenados conceitos, habilidades, experiências pessoais e aprendizados em geral. 16 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE LONGO PRAZO O principal benefício que essa estrutura nos traz é o de nos tornar mais efetivos em lidar com problemas futuros a partir de experiências passadas. Um exemplo prático de utilização é quando estamos estudando para uma prova, onde temos como problema futuro “resolver a prova” e estamos gerando a experiência passada que é o “estudo da matéria”. Algumas características da memória de longo prazo são: • Duração: podem chegar a durar a vida toda; • Capacidade: virtualmente ilimitada, ou seja, apesar de ter um limite é praticamente impossível atingi-lo em vida; • Podem ser explícitas: memórias que conseguimos tornar conscientes. Ex.: Lembrar o nome de alguém, saber resolver equações matemáticas, lembrar de eventos passados, entre outros; e 17 MEMÓRIAS MEMÓRIA DE LONGO PRAZO • Podem ser implícitas: memórias que não conseguimos verbalizar. Ex.: saber andar de bicicleta, saber dirigir um carro, ter uma “intuição” sobre algo e assim por diante. 18 MEMÓRIAS CRIANDO NOVAS MEMÓRIAS Agora que já conhecemos um pouco sobre nossas estruturas de memória, vamos entender como as memórias são criadas e armazenadas. Para facilitar será utilizada uma analogia com “bolinhas” e “traços”. Imagine que nossa memória de longo prazo é constituída por bolinhas e traços, onde as bolinhas representam informações e os traços são as relações entre elas. 19 MEMÓRIAS CRIANDO NOVAS MEMÓRIAS Com isso em mente, imagine que você está estudando o sistema nervoso na matéria de biologia e lê a seguinte frase em seu livro: “o cérebro humano contém cerca de 86 bilhões de neurônios”. Depois de lê-la, imagine que seu cérebro criou a representação das seguintes informações em sua memória de trabalho: “cérebro humano”, “86 bilhões” e “neurônios”. 20 MEMÓRIAS CRIANDO NOVAS MEMÓRIAS Feito isso, você prosseguiu com seus estudos e leu novas informações as quais passaram a ocupar os espaços previamente ocupados por “cérebro humano”, “86 bilhões” e “neurônios”, fazendo com que você as “esquecesse”. 21 MEMÓRIAS CRIANDO NOVAS MEMÓRIAS Ao “esquecer”, nosso cérebro armazena essas informações em nossa memória de longo prazo, de forma que sejamos capazes de acessá-las no futuro. 22 MEMÓRIAS CRIANDO NOVAS MEMÓRIAS Além de armazená-las, uma outra estratégia utilizada por nosso cérebro é a de criar relações entre essas informações que estiveram presentes ao mesmo tempo ou em sequências próximas em nossa memória de trabalho. Em nossa analogia, essas relações serão representadas por traços. 23 MEMÓRIAS CRIANDO NOVAS MEMÓRIAS Aspectos importantes que iremos aprofundar mais adiante neste livro: • caso a informação já exista em nossa memória de longo prazo, ela fica mais forte, caso não exista, ela é criada. Da mesma forma, isso acontece com as relações entre as informações, se a relação já existia, ela fica mais forte, se não, ela é criada; • caso essas informações e relações parem de ser utilizadas, elas vão perdendo força, podendo chegar até o ponto de desaparecer; • as emoções que sentimos enquanto as informações estão em nossa memória de trabalho irão classificar essas informações e as relações entre elas em nossa memória de longo prazo, como se fossem etiquetas; e • é possível criar informações mais complexas a partir da criação de relações entre informações mais simples. 24 MEMÓRIAS RECUPERANDO MEMÓRIAS Por fim, vamos entender como recuperamos as informações armazenadas em nossa memória de longo prazo. É bastante comum, e ocorrem a todo momento, situações nas quais as informações presentes em nossa memória de trabalho não são suficientes para resolver o problema que estamos enfrentando. Nesses casos, nosso cérebro começa a enviar “sugestões” de informações que estão armazenadas em nossa memória de longo prazo, com o intuito de ajudar a resolver o problema em questão. Essas sugestões são “escolhidas” de maneira automática a partir das relações criadas entre as informações em situações passadas. Ex.: A informação “2x2” teve uma relação criada com a informação “4” durante aulas de tabuada, então, ao se deparar com o problema “Quanto é 2x2?”, a informação “4” pode ser enviada como sugestão. 25 MEMÓRIAS RECUPERANDO MEMÓRIAS Ao receber essas sugestões, avaliamos se elas podem ou não ajudar, se sim, elas são mantidas em nossa memória de trabalho, se não, elas são negadas e solicitamos mais sugestões de nossa memória de longo prazo. Esse processo se repete até que consigamos resolver o problema atual, desistamos dele, ele deixe de ser um problema ou que apareça outro problema mais urgente a ser resolvido. 26 MEMÓRIAS RECUPERANDO MEMÓRIAS Aspectos importantes sobre a recuperação das memórias que iremos aprofundar mais adiante neste livro: • Quanto mais forte for a relação entre duas informações em nossa memória de longo prazo, mais chances de uma ser enviada como sugestão caso a outra faça parte do problema; • Quanto mais aprendemos sobre algo, ou seja, quanto mais relações de qualidade temos formadas sobre algum assunto, mais certeiras serão as sugestões; • Quanto mais informações sobre o problema tivermos em nossa memória de trabalho, mais orientadas serão as sugestões enviadas; e • As emoções que estamos sentindo durante a resolução de um problema irão influenciar diretamente nas sugestões que serão enviadas por nosso cérebro. 27 MEMÓRIAS PRÓXIMOS PASSOS Tendo em vista o funcionamento de nossas memórias, no próximo capítulo vamos entender como elas estão inseridas no processo de aprendizado como um todo. 28 AS 4 FASES DO APRENDIZADO Capítulo 3 29 AS 4 FASES DO APRENDIZADO VISÃO GERAL Com o intuito de facilitar nosso entendimento sobre o processo de aprendizado, foram propostos inúmeros modelos sobre como ele acontece em nossas mentes, cada um com seus prós e contras. Para este livro, vamos dividir o aprendizado em 4 fases: 1. Aquisição; 2. Organização e Estruturação; 3. Armazenamento; e 4. Recuperação. 30 AS 4 FASES DO APRENDIZADO VISÃO GERAL 31 AS 4 FASES DO APRENDIZADO AQUISIÇÃO Na fase de aquisição, é onde recebemos estímulos externos e internos do ambiente e de nosso próprio organismo, que são transformados em dados codificados por meio de nossos órgãos receptores dos sentidos, depois são traduzidos em informações que nossa mente consciente é capaz de compreender por intermédio de algumas estruturas de nosso córtex cerebral e, por fim, essas informações são encaminhadas para nossa memória de trabalho. 32 AS 4 FASES DO APRENDIZADO ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO Na fase de Organização e Estruturação, é onde juntamos, organizamos, estruturamos e reestruturamos informações a partir de nossa memória de trabalho, de forma que façam sentido juntas e nos possibilitem entender mais sobre algum determinado assunto e/ou criar planos de ação para resolver eventuais problemas que estejamos enfrentando. 33 AS 4 FASES DO APRENDIZADO ARMAZENAMENTO Na fase do Armazenamento, é onde as informações que estavam presentes em nossa memória de trabalho, que já não estão mais sendo necessárias no momento, são “esquecidas” e “guardadas” em nossa memória de longo prazo, o que possibilita sua recuperação no futuro. 34 AS 4 FASES DO APRENDIZADO RECUPERAÇÃO Na fase de Recuperação, é onde utilizamos de fato nossosaprendizados. Ela ocorre quando as informações presentes em nossa memória de trabalho não são suficientes para resolver o problema que estamos enfrentando no presente e, por isso, nosso cérebro começa a recuperar informações de nossa memória de longo prazo e enviá-las como sugestões para nossa memória de trabalho. 35 AS 4 FASES DO APRENDIZADO PROCESSO CONTÍNUO E INTERATIVO Tendo em mente o ato de estudar e as 4 fases do aprendizado descritas, é importante entender que o aprendizado é um processo contínuo e interativo e que as fases acontecem repetidas vezes e de forma simultânea. Outro ponto para termos em mente é que, a cada nova interação, onde as informações sobre o assunto que estamos estudando são: 1) recuperadas; 2) cruzadas com novas informações e reorganizadas; e 3) “esquecidas” e armazenadas novamente. nosso aprendizado fica mais robusto. 36 AS 4 FASES DO APRENDIZADO PROCESSO CONTÍNUO E INTERATIVO Para ilustrar, imagine um quadro no qual vamos incrementando e acrescentando detalhes a cada nova sessão de pintura. Pois bem, agora imagine que cada tópico estudado é como se fosse um quadro e que as interações nas fases do aprendizado é como se fossem uma nova sessão de pintura. 37 AS 4 FASES DO APRENDIZADO PROCESSO CONTÍNUO E INTERATIVO A cada interação (bem feita) de estudo vamos acrescentando mais informações a esse aprendizado, deixando-o mais robusto, mais acessível e de mais fácil compreensão para nós mesmos. 38 AS 4 FASES DO APRENDIZADO PRÓXIMO PASSO Agora que já temos uma visão geral das 4 fases, vamos nos aprofundar em cada uma delas, sempre criando conexões entre teoria e prática e dando dicas para problemas comuns de estudo relacionados a cada tópico. 39 AQUISIÇÃO Capítulo 4 40 AQUISIÇÃO VISÃO GERAL No capítulo “As 4 fases do Aprendizado” vimos que na fase de Aquisição é onde recebemos estímulos externos e os transformamos em informações que somos capazes de entender e tornar conscientes. Agora vamos aprofundar um pouco mais, conhecendo as etapas da aquisição. Recepção dos estímulos: a todo momento o ambiente que nos rodeia e nosso próprio organismo estão emitindo estímulos como sons, cheiros, imagens, toques, sabores, sensações, etc. Alguns desses estímulos chegam até nossos órgãos receptores de sentidos. Codificação dos estímulos: dentre esses estímulos, alguns são codificados em dados que nossa mente inconsciente consegue entender. Tradução dos dados: depois de codificados, parte desses dados são traduzidos e se tornam informações que nossa mente consciente é capaz de compreender. 41 AQUISIÇÃO VISÃO GERAL Informações conscientes: depois de traduzidas, algumas dessas informações podem ser transferidas para a memória de trabalho e se tornar conscientes. O que define, dentre todos os estímulos recebidos, quais serão codificados, dentre os codificados, quais serão traduzidos e, dentre estes quais se tornarão conscientes, é a nossa atenção, que atua de maneira similar a um filtro, selecionando o que julga ser ou não importante para o momento. 42 AQUISIÇÃO VISÃO GERAL A barreira da atenção pode ser tão forte que, em momentos de muito foco, é possível que não percebamos uma sirene de ambulância que passou na rua ao nosso lado. Esse efeito tende a ser bastante evidente em momentos de emoção intensa, como raiva ou medo excessivos por exemplo. Isso ocorre pois, com o intuito de maximizar as chances de superarmos as situações que nos geram essas emoções mais intensas, nosso cérebro, por intermédio da atenção, utiliza a estratégia de selecionar apenas estímulos, dados e informações que acredita terem relações com as causas dessas emoções, podendo barrar todo o resto. Dois aspectos relevantes sobre nossa atenção são: • a atenção é afetada diretamente por nossas emoções; e 43 AQUISIÇÃO VISÃO GERAL • somos capazes de induzir, de forma consciente, o foco de nossa atenção, como veremos mais à frente neste capítulo. 44 AQUISIÇÃO FATORES RELEVANTES Pois bem, vamos agora detalhar de forma prática alguns fatores relevantes para nosso aprendizado na fase de aquisição. São eles: 1. Energia mental; 2. Recepção dos estímulos; 3. Atenção dividida; 4. Atenção seletiva; 5. Atenção sustentada; 6. Foco da atenção. 45 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Capítulo 4.3 46 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Apesar de ainda não existir consenso entre os cientistas, existem estudos que indicam que possuímos uma quantidade limitada de energia mental diária e que atividades que exigem autocontrole e força de vontade (como atenção seletiva, atenção sustentada e resolução de problemas complexos) utilizam da mesma fonte de energia. Ou seja, ao utilizar muita energia para atividades que exigem autocontrole, teremos menos energia para resolver problemas complexos e vice-versa, o que pode piorar nosso desempenho nas atividades que realizamos com a energia mais baixa. Por outro lado, em alguns estudos, é possível verificar que pessoas que acreditam possuir uma energia mental menor tendem a ter um desempenho pior em atividades que a exigem, se comparado com quem acredita possuir uma energia mental mais alta ou que não acredite possuir um limite, o que indica que pode haver um fator psicológico importante nessa questão. 47 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Alguns exemplos de atividades que consomem energia mental: • Autocontrole; • Cognição; • Tomada de decisão; e • Força de vontade. 48 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Alguns exemplos práticos do dia a dia: • Manter-se focado em uma atividade por muito tempo; • Resolver exercícios de uma prova; • Fazer dieta baseada em restrições alimentares; • Realizar exercícios físicos de alta intensidade; e • Realizar atividades não prazerosas. 49 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Alguns aspectos relevantes sobre a energia mental: • Pode aumentar com treino; • É recuperada principalmente a partir de boas noites de sono; • Focar em uma coisa só por muito tempo pode aumentar o gasto de energia; • Quando estamos com a energia mental baixa temos a sensação de cansaço e esgotamento; • Motivação pode ajudar a superar os efeitos do esgotamento causado pela energia mental baixa; e • Parece existir um fator psicológico importante relacionado à quantidade de energia mental que cada indivíduo tem disponível para uso diário. 50 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Outro ponto relevante é que a motivação por si só, seja ela intrínseca ou extrínseca, parece ser capaz de nos fazer superar de certa forma os efeitos de esgotamento gerados pela baixa energia e de nos dar um “ânimo” extra para realizar atividades que utilizem energia mental. A motivação extrínseca é aquela que sentimos quando a realização de alguma atividade irá nos gerar algum benefício claro, seja psicológico ou físico. Ex.1: Estudar para passar no vestibular. Ex.2: Trabalhar para ganhar dinheiro. Quando o benefício que iremos ganhar ao finalizar a atividade é claro e valioso para nós, a motivação gerada para realizá-la pode contornar a sensação do esgotamento causada pela baixa energia. Uma outra questão é que, em geral, benefícios que despertam emoções fortes em nós tendem a ser mais efetivos em gerar motivação. 51 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Ex.: “Estudar pelo orgulho que vai sentir por passar no vestibular” é mais forte que apenas “estudar para passar no vestibular”. Já a motivação intrínseca é aquela que sentimos em relação a algo que gostamos muito de fazer, sem que seja necessário nenhum ganho extra. Realizar a atividade, por si só, já nos traz benefíciosuficiente, independente do resultado. Ex.: Estudar sobre aprendizado por gostar de saber como a mente humana funciona. Além de contornar a sensação do esgotamento causado pela baixa energia, quando estamos intrinsecamente motivados em relação a alguma atividade tendemos a economizar energia mental, pois não necessitamos de autocontrole para realizá-la, estamos fazendo-a porque queremos. 52 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Dica 1: Durma bem Alguns estudos recentes vêm mostrando que, além de outras funções, o sono é o principal agente de recuperação do cérebro, o que pode diminuir sua quantidade de energia disponível, afetando diretamente seu desempenho nos estudos. Algumas dicas para melhorar a qualidade do sono são: • Evitar refeições pesadas antes de dormir; • Praticar exercícios físicos regulares, mas evitar fazê-los próximo ao horário de dormir; • Melhorar o ambiente do sono, quanto mais escuro e silencioso melhor; • Evitar atividades na cama que não sejam dormir, como estudar, trabalhar e assistir TV. Prefira outros ambientes para realizar essas atividades; 53 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL • Evitar executar atividades mentalmente estressantes antes de dormir. Reservar pelo menos 2 horas para relaxar a mente e prepará-la para descansar; • Se precisar utilizar computadores ou celulares durante a noite, utilize aplicativos que “barram” a luz azul de suas telas. Caso tenha problemas com seu sono, considere também procurar um especialista da área. 54 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Dica 2: Aumentando a energia mental disponível Uma prática que pode aumentar a quantidade de energia mental disponível ao longo do tempo, seja por fatores psicológicos ou físicos, é começar com períodos menores de estudo e ir aumentando o tempo conforme você vai chegando ao final do período com a sensação de que conseguiria estudar mais. Ex.: Começar com 30 minutos diários de estudo e ir aumentando aos poucos conforme for se sentindo apto ao final da sessão de estudos. 55 AQUISIÇÃO ENERGIA MENTAL Dica 3: Lembre-se da sua motivação Durante uma prova longa importante, sempre que se sentir mentalmente esgotado, tente se lembrar do principal benefício que irá alcançar e como vai se sentir caso consiga atingir seu objetivo de ir bem na prova. As emoções que você irá sentir podem lhe motivar e ajudar a superar a sensação de esgotamento gerada pela baixa energia. 56 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS Capítulo 4.4 57 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS Para que sejamos capazes de transformar estímulos externos em informações úteis para nossas mentes, primeiro precisamos ser capazes de recebê-los, ou seja, os estímulos precisam chegar de forma clara aos órgãos responsáveis por nossos sentidos que, por sua vez, precisam ser capazes de recebê-los e encaminhá-los para os setores de nosso cérebro responsáveis por traduzi-los em informações que consigamos entender. Neste capítulo iremos focar em dois problemas comuns que podem ocorrer durante a recepção dos estímulos, que são a falta de clareza dos estímulos e o mau funcionamento dos nossos órgãos receptores. Vejamos como eles podem ocorrer. Clareza dos estímulos: Ocorre quando por algum motivo ficamos incapacitados de receber os estímulos do ambiente de forma clara, como por exemplo numa sala de aula escura onde fique difícil de enxergar a lousa, ou em uma que fique ao lado de 58 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS uma construção barulhenta e dificulte escutar o que está sendo dito pelo professor. Órgãos receptores: Ocorre quando um ou mais de nossos órgãos receptores possuem problemas que dificultam ou impossibilitam a codificação dos estímulos, como por exemplo um aluno com miopia que não consegue enxergar o que está escrito na lousa. Um outro exemplo é um aluno com problemas de audição que precisa tentar ler os lábios do professor para entender o que está sendo dito. Tanto o problema da clareza dos estímulos quanto do mau funcionamento dos órgãos receptores podem deixar nosso estudo mais cansativo ou até mesmo inviável, pois precisamos utilizar energia mental extra para conseguir focar a atenção e para fazer inferências sobre o que está sendo ouvido ou visto, o que ao longo do tempo pode se tornar uma barreira na motivação para aprender e estudar sem que percebamos. 59 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS É válido pontuar que problemas como os de visão e audição podem parecer óbvios, mas nem sempre são para quem os possui. 60 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS Dica 4: Problemas na visão Alguns sintomas comuns e que podem passar despercebidos são: • Dor de cabeça frequente; • Sensação de vista cansada; • Dificuldade para enxergar à noite; • Vermelhidão e dor nos olhos; • Coceira nos olhos; • Necessidade de estreitar os olhos para enxergar os objetos mais focados; e • Necessidade de esfregar os olhos várias vezes por dia. Caso apresente alguns desses sintomas, desconfie de problemas na visão e procure um oftalmologista. 61 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS Dica 5: Problemas de audição Alguns sintomas comuns e que podem passar despercebidos são: • Deixar volumes de eletrônicos muito altos para conseguir compreender sem fazer força; • Tentar fazer leitura labial durante conversas corriqueiras; • Não ouvir alarmes com frequência; e • Sensação de que todo mundo está falando baixo. Caso apresente alguns desses sintomas, desconfie de problemas na audição e procure um otorrinolaringologista. 62 AQUISIÇÃO RECEPÇÃO DOS ESTÍMULOS Dica 6: Dica óbvia, porém útil e pode fazer a diferença Procure sempre estudar em ambientes bem iluminados e com a menor quantidade de ruído possível. Isso exigirá menos esforço para focar a atenção e facilitará a compreensão, o que, por consequência evitará desperdício de energia mental. 63 AQUISIÇÃO ATENÇÃO DIVIDIDA Capítulo 4.5 64 AQUISIÇÃO ATENÇÃO DIVIDIDA A atenção dividida é a capacidade que possuímos em prestar atenção em mais de uma coisa ao mesmo tempo. Ela é bastante importante para nosso dia a dia e também para nossa capacidade de aprender. Dois exemplos do que essa habilidade nos proporciona em relação ao aprendizado são: • Prestar atenção ao que o professor diz e anotar ao mesmo tempo; e • Prestar atenção ao que está lendo e criar aplicações mentais para o conteúdo ao mesmo tempo. No entanto, essa capacidade também pode prejudicar nosso aprendizado caso seja mal utilizada, como quando prestamos atenção à explicação do professor e fazemos outras atividades sem correlação com a aula ao mesmo tempo, como por exemplo mexer no celular. 65 AQUISIÇÃO ATENÇÃO DIVIDIDA Sempre que dividimos nossa atenção, dividimos também o poder de processamento do nosso cérebro entre esses pontos de atenção, que por consequência pode nos levar a não perceber detalhes ou até mesmo partes inteiras do conteúdo, empobrecendo nosso aprendizado. Dois aspectos relevantes da atenção dividida são: • A capacidade da atenção dividida varia de pessoa para pessoa; e • É possível treinar e aumentar a capacidade da atenção dividida. Tendo em mente a capacidade de nossa atenção dividida e utilizando o exemplo de mexer no celular durante uma explicação, deparamo-nos com duas situações: 66 AQUISIÇÃO ATENÇÃO DIVIDIDA • Pessoas que têm a atenção dividida com baixa potência ou destreinada podem ter o aprendizado bastante prejudicado por não conseguirem absorver informação suficiente do conteúdo; e • Pessoas que têm a atenção dividida bem treinada e/ou potente até conseguirão aprender, mas o grau de absorção e retenção será menor que seu potencial total. 67 AQUISIÇÃOATENÇÃO DIVIDIDA Dica 7: Para quem não consegue anotar e prestar atenção à aula ao mesmo tempo: evite sobrecarregar-se e comece a treinar sua atenção dividida aos poucos • Faça menos anotações; • Foque mais a atenção no que o professor está falando e menos na “necessidade” de anotar; • Faça anotações menores que irão funcionar apenas como gatilhos de memória para você lembrar do conteúdo e não que contenham o conteúdo todo; e • Ao anotar, tente de forma consciente continuar ouvindo o que está sendo dito pelo professor. Observação: Se você já consegue anotar e prestar atenção à aula sem problemas, provavelmente já possui uma atenção dividida satisfatória e não precisa se preocupar com essa questão. 68 AQUISIÇÃO ATENÇÃO DIVIDIDA Dica 8: Dicas óbvias, mas úteis • Durante suas aulas ou sessões de estudo, coloque o celular no modo avião ou silencioso. • Evite conversar sobre assuntos paralelos durante as aulas ou enquanto estiver estudando. 69 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SELETIVA Capítulo 4.6 70 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SELETIVA Capacidade que possuímos de selecionar de forma ativa e consciente informações e estímulos internos e externos. Essa habilidade nos permite ignorar informações e estímulos que não são uteis para o momento e focar apenas no que julgamos importante para resolver o problema que estamos enfrentando, aumentando assim nossa chance de sucesso. Ex.: O professor está dando uma explicação importante sobre a matéria de biologia, mas do lado de fora da sala de aula tem um grupo de alunos falando alto e jogando vôlei na quadra. Por meio da atenção seletiva, somos capazes de selecionar apenas os estímulos emitidos pelo professor dentro da sala de aula até chegar ao ponto de nem mesmo ouvirmos e nem lembrarmos que estava havendo um jogo de vôlei ao mesmo tempo. 71 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SELETIVA No entanto, apesar de sermos capazes de selecionar conscientemente nosso foco quando necessário, quanto menos precisarmos utilizar essa habilidade menos energia gastamos. Se estamos estudando em ambientes com muitas distrações, sejam elas quais forem, vamos precisar ficar selecionando nosso foco com mais frequência, o que irá nos cansar mais rápido, podendo prejudicar ou inviabilizar nosso estudo e compreensão. 72 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SELETIVA Alguns aspectos relevantes da atenção seletiva são: • O potencial de conseguir selecionar conscientemente em que prestar atenção varia de pessoa para pessoa e ao longo da vida, podendo ser mais alto ou mais baixo e diminuir ou aumentar; • É possível treinar e aumentar a capacidade da atenção seletiva; • Selecionar ativamente o foco de nossa atenção consome mais energia mental do que quando não precisamos selecionar ativamente; e • Estar motivado em realizar uma atividade pode potencializar a capacidade da atenção seletiva para aquela atividade e diminuir o gasto de energia mental. 73 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SELETIVA Dica 9: Treinando a atenção seletiva Escolha dois áudios ou vídeos que nunca ouviu, coloque-os para tocar em locais diferentes (dois celulares, tv e celular, tv e computador, etc.), selecione um deles para focar e um deles para ignorar. Comece fazendo isso por 30 segundos e vá aumentando o tempo conforme for ficando fácil. Quanto mais treinar e conseguir entender o que foi dito no áudio ou vídeo selecionado, melhor está ficando sua habilidade em selecionar o foco da sua atenção de maneira consciente. 74 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SELETIVA Dica 10: Prefira ambientes com a menor quantidade possível de estímulos visuais e auditivos que não tenham a ver com o estudo Ambientes com muitos ruídos, excessivamente decorados ou que possuam muitos elementos que você goste podem disputar sua atenção, gerando assim uma necessidade constante de selecionar o foco da atenção, que por consequência aumenta o consumo de energia mental, deixando o estudo mais cansativo. 75 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SUSTENTADA Capítulo 4.7 76 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SUSTENTADA O foco de nossa atenção pode mudar de forma natural e inconsciente e seu tempo médio de duração, sem que exista um esforço consciente para mantê-lo, gira em torno dos 30 segundos, o que pode ser um problema quando estamos estudando. A atenção sustentada é a capacidade que temos de manter intencionalmente a atenção focada por períodos de tempo maiores do que ocorreriam naturalmente, mesmo que distrações externas e internas aconteçam. A diferença entre a atenção seletiva e a sustentada é que, na seletiva, você escolhe onde quer prestar atenção e, na sustentada, você escolhe manter por mais tempo a atenção focada no que foi escolhido pela seletiva. 77 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SUSTENTADA Ex.: João está na sala de sua casa estudando e nela a televisão está ligada e têm familiares conversando entre si. Como João possui uma atenção sustentada treinada, apesar das distrações, ele é capaz de manter o foco em seus estudos por longos períodos de tempo. Importante: mesmo João tendo uma atenção sustentada treinada, seria melhor ele estudar em algum lugar mais calmo e com menos distrações, pois assim ele economizaria energia, no entanto, caso ele não tenha outra opção, mesmo sendo mais cansativo, ele será capaz de aprender pela grande capacidade de sua atenção sustentada. 78 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SUSTENTADA Alguns aspectos relevantes da atenção seletiva são: • O potencial de conseguir sustentar a atenção conscientemente varia de pessoa para pessoa e ao longo da vida, podendo ser mais alto ou mais baixo e diminuir ou aumentar; • É possível treinar e aumentar a capacidade da atenção sustentada; • Sustentar ativamente o foco de nossa atenção consome mais energia mental do que quando não precisamos sustentá-lo ativamente; • Quanto mais distrações no ambiente, mais energia gastamos para sustentar nosso foco; e • Estar motivado em realizar uma atividade pode potencializar a capacidade da atenção sustentada para aquela atividade e diminuir o gasto de energia mental. 79 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SUSTENTADA Dica 11: Treinando a atenção sustentada • Estabeleça uma meta diária de estudo. Ex.: 2 horas por dia. • Divida esse tempo em subpartes contendo “tempo de estudo focado” e “intervalo”. • Defina o tempo de cada sessão de estudo focado e de intervalo. Ex.: Estudo focado 15 minutos e intervalos de 5 minutos. • Comece com tempos de estudo focado menores e vá aumentando conforme for ficando fácil manter o foco. Ex.: Quando ficar fácil manter o foco por 15 minutos, aumente o tempo de estudo focado para 20 minutos. • Intercale e execute os períodos de estudo focado e intervalo até completar sua meta de estudo diária. Ex.: 15 minutos estudando focado e 5 de intervalo repetidos 6 vezes para completar 2 horas de estudo. 80 AQUISIÇÃO ATENÇÃO SUSTENTADA • Tente não passar de 50 minutos de estudo focado sem intervalos. • Durante os intervalos faça algo que goste e te relaxe. • Tente encontrar o período de tempo de estudo focado no qual você mais se adapta. Mesmo pessoas com memória sustentada bastante treinadas podem preferir fazer períodos menores que 50 minutos por ficarem mais produtivas. • Distrações podem e provavelmente vão surgir, o importante é que sempre que elas ocorrerem você faça um esforço para voltar ao foco anterior de estudo o mais rápido possível. 81 AQUISIÇÃO FOCO DA ATENÇÃO Capítulo 4.8 82 AQUISIÇÃO FOCO DA ATENÇÃO Agora que sabemos como utilizar a atenção dividida de forma eficiente e que somos capazes de selecionar e sustentar o foco de nossa atenção, precisamos entender que saber “onde” ou “em que” focar nossa atenção também é algo necessário para quesejamos efetivos em nossos estudos. Ex.: João é um aluno muito dedicado e com atenção seletiva e sustentada bastante potentes, no entanto, ao estudar para uma prova de física ele resolve focar seus estudos apenas em decorar as fórmulas e não em entender como e quando utilizá-las. Ao chegar na prova, João sabia todas as fórmulas necessárias para tirar 10, mas errou todos os exercícios, pois não sabia como e qual fórmula utilizar para resolver cada exercício. 83 AQUISIÇÃO FOCO DA ATENÇÃO Dica 12: O tempo de estudo pode não significar muito se os aspectos estudados não batem com o que será cobrado, por isso, antes de começar e durante os estudos para uma prova procure entender qual o estilo de prova e quais aspectos de cada matéria são mais cobrados Ex.: Ao estudar para uma prova de física, tente entender qual o estilo do seu professor ou da instituição que elabora a prova. Seguem alguns pontos de atenção: • Em geral, as provas possuem mais exercícios teóricos ou práticos? • Dentre os exercícios práticos, eles tendem a exigir uma boa interpretação de texto ou são mais diretos? • Têm muitos exercícios que se dividem em subquestões? Essas subquestões em geral tem relação umas com as outras? O exercício “a” me dá alguma pista sobre como resolver o “b”? • Tem muita pegadinha ou os exercícios que parecem fáceis são fáceis mesmo? 84 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO Capítulo 5 85 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO VISÃO GERAL Na fase de “Organização e Estruturação” é onde juntamos, quebramos, organizamos, estruturamos e reestruturamos informações por meio de nossa memória de trabalho. As informações utilizadas nessa fase são provenientes da fase de Aquisição, na qual estímulos internos e externos são traduzidos em informações que somos capazes de entender de forma consciente, e também da fase de Recuperação, em que recuperamos informações que “já sabemos” e estão armazenadas em nossa memória de longo prazo. 86 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO VISÃO GERAL Em outras palavras, é nessa fase que podemos criar e adquirir novos conhecimentos a partir de novas informações e conhecimentos prévios. Quando não executamos bem essa fase, os novos aprendizados podem ficar de difícil acesso, perderem-se e até mesmo ficarem confusos ao ponto de atrapalhar mais do que ajudar no futuro. É também nessa fase onde podemos transformar informações que “já sabemos” em informações que “conseguimos utilizar de forma prática”, o que pode ser essencial em algumas situações. 87 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO FATORES RELEVANTES Pois bem, vamos agora nos aprofundar em alguns fatores relevantes da Organização e Estruturação: 1. Habilidades e conhecimentos prévios; 2. Categorização da informação; 3. Capacidade de alocação; 4. Aplicação clara; 5. Variação do conteúdo. 88 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS Capítulo 5.3 89 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS Desde que nascemos, nosso cérebro já está pronto para adquirir novas informações e, para aprender, ele utiliza algumas estratégias, dentre elas podemos citar: • Juntar coisas que já sabíamos com novas informações; e • Reorganizar, dividir e criar novas conexões entre conhecimentos diferentes que já possuíamos. Essas estratégias permitem que, a partir de informações simples, consigamos aprender coisas cada vez mais complexas. No entanto, caso algum aprendizado exija que tenhamos alguma habilidade ou conhecimento prévio que ainda não possuímos, podemos ter dificuldades em adquiri-lo. 90 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS Ex.: Se no início de nossa vida escolar deixarmos de aprender algum fundamento básico, como por exemplo a operação de divisão da matemática, podemos ter dificuldades para o resto de nossa vida acadêmica, pois a divisão será necessária e utilizada como ferramenta tanto na própria matemática como também em outras matérias como física, química e até biologia. 91 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS É importante dizer que a falta de habilidade e/ou conhecimento prévio pode se manifestar de várias formas, dentre elas podemos citar: • Falta de conhecimentos específicos em alguma matéria, como a operação de divisão na matemática, a concordância verbal no português, o conceito de elétron na química e assim por diante; e • Falta de alguma habilidade específica, como interpretação de texto, raciocínio lógico, visão espacial, abstração de conceitos, etc. 92 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS Dica 13: Identificando lacunas de conhecimento É muito comum ouvir a frase “sou ruim em tal matéria”, no entanto, uma frase mais adequada seria “estou ruim em tal matéria”, pois na maior parte das vezes o que está acontecendo é que existe uma lacuna de conhecimento que, com alguma investigação, pode ser identificada e preenchida. Ex.: Maria foi mal numa prova de física em que todos os exercícios envolviam encontrar a velocidade média de objetos, sendo alguns exercícios mais teóricos e outros mais práticos. No entanto, antes de assumir “Fui mal na prova pois sou ruim em física”, desta vez, Maria resolveu investigar mais a fundo qual era o motivo de ter ido mal fazendo algumas questões a si mesma: • Fui mal na prova porque não lembrava das fórmulas? 93 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS • Fui mal na prova porque não entendi o conceito de velocidade média e, por isso, não entendi o que era para ser calculado? • Fui mal na prova porque não consegui interpretar o que as questões pediam e, por consequência, não consegui aplicar as fórmulas? • Fui mal na prova porque errei nas contas por não saber fazer operações matemáticas? • Fui mal na prova por mais de um dos motivos anteriores? 94 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO HABILIDADES E CONHECIMENTOS PRÉVIOS Feita essa reflexão, Maria identificou que apesar de ter entendido o conceito de velocidade média e saber as fórmulas, sua dificuldade era entender o que as questões pediam e, também, ela errava muito nas contas por não ter aprendido direito multiplicação de números grandes, por isso, decidiu dedicar-se e treinar para melhorar sua habilidade de interpretação de textos e revisar a matéria de multiplicação. Portanto, da próxima vez que se deparar com alguma matéria que não costuma ir bem, antes de assumir que isso ocorre pois você é ruim, considere refletir sobre qual ou quais aspectos dessa matéria você tem dificuldade. Com alguma persistência você irá encontrá-los e será capaz de atacar o problema de forma mais efetiva, como no exemplo da Maria. 95 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Capítulo 5.4 96 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO A categorização é uma das estratégias que o nosso cérebro utiliza para nos ajudar a interpretar e entender o mundo. Alguns exemplos básicos de formas de categorização que realizamos todos os dias estão relacionados a tamanho, peso, utilidade, cor, velocidade, etc. Um exemplo prático de categorização de um objeto: “esse objeto é uma faca, é pequena, é leve e serve para cortar vegetais com mais facilidade”. Quando não categorizamos as informações que recebemos de forma eficiente, tendemos a armazená-las mais “soltas” e/ou de forma confusa, sem um contexto claro em nossa memória de longo prazo, isso pode dificultar a recuperação dessa informação no futuro e, mesmo que seja recuperada, pode estar confusa e não nos ajudar muito. 97 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Por outro lado, quando categorizamos asinformações de forma eficiente, criamos relações mais robustas, o que pode tornar o seu armazenamento, sua recuperação e utilização mais otimizados. De modo geral, uma boa prática quando estamos estudando algo novo ou revisando estudos anteriores é categorizar as informações que recebemos ou estamos revisitando de maneira objetiva. 98 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Algumas formas básicas e eficientes de categorização das informações de um estudo são: • A que parte da matéria a informação pertence; • O que é essa informação; • Para que serve essa informação; • Como posso utilizar essa informação na prática; • Quando devo utilizar essa informação; e • Quando não devo utilizar essa informação. 99 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Exemplo prático Informação: “v = d / t’’ A que parte da matéria a informação pertence: Cinemática, que é uma matéria da física mecânica. O que é essa informação: A fórmula da velocidade média Para que serve essa informação: Para calcular qual a velocidade média de um objeto que percorre uma determinada distância em metros num determinado período de tempo em segundos. Como posso utilizar essa informação na prática: Trocando a letra “d” pela distância percorrida pelo objeto em metros e “t” pelo tempo que demorou para percorrer essa distância em segundos. Ex.: um objeto percorreu 10 metros em 2 segundos, portanto, vou trocar “d” por 10, obtendo “v = 10 / t” e “t” por 2, obtendo “v = 10 / 2”. 100 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Quando devo utilizar essa informação: Em exercícios que pedem para calcular a velocidade média e que me fornecem os dados da distância percorrida em metros e do tempo gasto em segundos. Ex.: Num treino de corrida, uma atleta de elite percorreu 400 metros em 40 segundos. Qual a velocidade média da atleta durante esse percurso? Nesse exercício foram fornecidos a distância percorrida, que é 400 metros, e o tempo gasto, que é 40 segundos, portanto, encaixa-se nos requisitos de quando posso utilizar a fórmula “v = d / t”. Então, utilizando a categorização de “como utilizar de forma prática”, sei que posso trocar “d” por 400, obtendo “v = 400 / t”, “t” por 40, obtendo “v = 400 / 40”, chegando ao resultado que a velocidade média foi de 10 metros / segundo. 101 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Quando não devo utilizar essa informação: Quando o exercício não pergunta sobre velocidade média ou quando não me fornece dados suficientes para calculá-la. 102 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Algumas perguntas que levam a formas mais avançadas de categorização das informações para quem já tem prática em categorizar são: • Essa é uma informação chave do estudo? • Como essa informação se relaciona com o tópico estudado? • Como essa informação se relaciona com a matéria de forma mais ampla? • Consigo utilizar essa informação de forma prática ou preciso me aprofundar mais? • Essa informação é importante ou irrelevante para meus estudos no momento? Por quê? 103 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Dica 14: Treinar categorização das informações de forma eficiente Para quem não tem prática nenhuma, comece criando o hábito de categorizar conscientemente as informações dos estudos em relação a qual parte das matérias elas pertencem. Conforme essa prática for ficando natural, vá acrescentando mais categorizações como “Para que serve essa informação”, “Como posso utilizar essa informação na prática” e assim por diante. Para quem já possui o hábito e prática em categorizar, vá incluindo as categorizações avançadas citadas anteriormente neste capítulo. É claro que é inviável tentar categorizar toda informação que chega a todo o tempo de forma consciente, mas com alguma prática e persistência essas categorizações começam a ocorrer de forma natural e automática. 104 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Dica 15: Reserve alguns momentos para refletir sobre o que estudou e criar categorizações eficientes Uma boa prática a ser incorporada à sua rotina é, toda vez que finalizar uma sessão de estudos, reservar alguns momentos para refletir sobre o que foi estudado, fazendo-se questionamentos que irão lhe ajudar a categorizar e organizar melhor esse conteúdo em sua mente. 105 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Dica 16: Quanto mais você erra e entende porque errou, mais você está aprendendo Quanto mais erramos e entendemos os motivos dos nossos erros, melhor conseguimos categorizar as informações relacionadas a um determinado aprendizado, e, quanto melhor categorizadas, mais efetivos seremos ao utilizá-las em situações futuras. Portanto, não encare erros como algo ruim, e sim como uma oportunidade de aprender mais. Para melhores resultados em provas importantes, prepare-se expondo-se o máximo possível a situações em que você pode errar e aprender com seus erros sem grandes consequências, como na resolução de listas de exercícios e de simulados. 106 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Dica 17: Dê uma olhada rápida no material no dia anterior No dia anterior ao estudo ou da aula, dê uma olhada rápida no material focando apenas nos títulos e grandes tópicos da matéria que será estudada. Ao fazer isso, no dia do estudo ou da aula você já terá uma pré- estrutura de categorização em sua mente do novo aprendizado, o que facilitará na estruturação durante o estudo. 107 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO Dica 18: Considere utilizar mapas mentais ou anotações em tópicos para criar seus resumos O mindmap é uma ótima ferramenta de categorização das informações, na qual representamos de forma gráfica as relações entre as informações. 108 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CATEGORIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO As anotações em tópicos são uma forma textual e de fácil implementação que, de maneira similar aos mapas mentais, nos ajuda a categorizar e organizar melhor as informações em nossas mentes. -------------------------------------------------------------------- Cérebro - Lobo Frontal: - Funções executivas, comportamento, raciocínio lógico. - Lobo Occiptal: - Especializado na visão. - Lobo Parietal: - Calor, toque, posição do corpo. - Lobo Temporal: - Audição, formação de memórias, aprendizado semântico. -------------------------------------------------------------------- 109 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Capítulo 5.5 110 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Nossa memória de trabalho, que dentre outras funções, é responsável pela nossa criatividade e compreensão consciente de nossos estudos, possui capacidade de alocação limitada, que pode variar dependendo do que está sendo estudado, de pessoa para pessoa e ao longo de nossas vidas. 111 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Alguns aspectos relevantes da nossa capacidade de alocação: • Varia em média de 2 a 9 “espaços”; • Varia de pessoa para pessoa; • Varia dependendo do tipo de informação. Ex.: uma mesma pessoa pode ter uma capacidade mais elevada para matemática e mais baixa para português e vice-versa; • Varia ao longo de nossas vidas; e • Pode aumentar a capacidade mediante treino. 112 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO O que parece ser uma diferença prática importante entre pessoas que possuem baixa e alta capacidade de alocação é que, quanto mais alta, maior a oportunidade de reter e manipular informações ao mesmo tempo, tendo assim um maior potencial de categorizaçãodessas informações, o que pode nos tornar mais eficientes no armazenamento, recuperação e utilização posterior dessas informações, como explicado no capítulo “Categorização da Informação”. 113 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Um outro aspecto relevante é que pessoas que possuem uma capacidade menor de alocação parecem ser mais suscetíveis a “perder informação” devido a distrações, enquanto que pessoas com uma capacidade de alocação mais elevada, por terem “mais espaço disponível”, parecem ser mais eficientes em classificar se a informação presente é relevante ou irrelevante para o momento, tendo assim mais chances de serem eficazes na escolha do seu foco de atenção. 114 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO De maneira similar, quando existe uma grande quantidade de informações disponíveis, pessoas com capacidade de alocação menor podem ter mais dificuldades em distinguir quais informações são mais e menos importantes para o momento, e também em como elas se relacionam entre si, o que pode dificultar na compreensão do tópico estudado. 115 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Dica 19: Treinar capacidade de alocação Estudos vêm mostrando que alguns tipos de treinamentos para capacidade de alocação têm resultados mais localizados, ou seja, ao treinar capacidade de alocação para uma atividade específica você aumenta a capacidade para aquela atividade, mas não para as outras. Os estudos também mostram que podem haver treinamentos que melhoram a capacidade geral, no entanto, por conta da complexidade, para este livro vou focar nos que possuem resultado mais localizado. Uma boa forma de treinar sua capacidade de alocação é criar o hábito de categorizar as informações, descrito no capítulo “Categorização da Informação”, onde de forma consciente e ao longo do tempo, você vai incorporando mais categorizações às informações que está estudando. Com certa persistência, a quantidade de categorizações 116 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO que você consegue fazer e manter em mente vai aumentando. 117 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Dica 20: Se você tem dificuldades, coloque as etapas no papel Tentar resolver de cabeça as etapas de exercícios mais complexos de matemática, física e química pode ser um bom treino para sua capacidade de memória de trabalho, no entanto, se ainda tem dificuldades nas etapas e erra muito, ao iniciar o estudo de uma nova matéria, revisar alguma matéria que ainda não entendeu direito e durante uma prova importante, considere colocar todas as etapas no papel. Essa prática pode evitar que sua memória de trabalho seja sobrecarregada, pois ao escrever você libera espaço de alocação em sua memória de trabalho para outras informações, é como se você ganhasse espaço extra de alocação. Essa prática também te ajuda a sistematizar o aprendizado em sua mente e pode economizar energia mental. 118 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Dica 21: Agrupe informações gatilho Uma prática que pode ajudar em algumas situações tanto para quem possui alta quanto baixa capacidade de alocação é o agrupamento de informações gatilho, que junta dois conceitos o “Agrupamento de informações” e “Informações gatilho” O agrupamento de informações, como o nome já diz, baseasse em agrupar informações. Ex.: Se você precisar manter em mente os números “3” “4” “9” “3” “6” “2” “5” “7” “3” nessa ordem, você irá precisar de 9 espaços, que já é mais do que a maioria da população possui. Agora, se você agrupar os números de 3 em 3, vai obter “349” “362” “573”, que ocupa apenas 3 espaços em sua memória de trabalho. As informações gatilho são aquelas que lhe fazem lembrar de outras informações. 119 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Ex.: A informação “leite” me faz lembrar das informações “bebida” e “branca”. Juntando esses 2 conceitos, uma boa forma de aplicá-los em nossos estudos é criar pequenas frases ou palavras fáceis de guardar e que lhe darão gatilhos para mais informações. Ex.: Imagine que o exercício de uma prova exija que se lembre das formas de classificação dos seres vivos, que são "Reino”, “Filo”, “Classe”, “Ordem”, “Família”, “Gênero” e “Espécie“. Caso você ainda não possua as relações entre essas informações muito bem estabelecidas em sua memória de longo prazo, essa atividade exigirá um esforço mental grande e também ocupará boa parte ou totalmente sua memória de trabalho. Para facilitar a recuperação e otimizar a alocação de espaço em nossa memória de trabalho, podemos utilizar o termo inventado “ReFiCOFaGE 7” que é a junção das primeiras letras das classificações, 120 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO está em ordem da mais abrangente para a menos abrangente e o 7 no final nos faz lembrar que são 7 classificações. É valido lembrar que o agrupamento de informações gatilho só irá ajudar caso você tenha ou crie relações fortes entre os gatilhos e as informações desejadas. 121 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Dica 22: Se você utiliza metas de tempo para estudar, use alarmes Quando possuímos metas de tempo de estudo determinadas, como por exemplo “estudar por 20 minutos e fazer uma pausa”, e não colocamos alarmes para nos avisar quando devemos parar, passamos a dividir nossa atenção entre o estudo e a atividade de ficar checando se já passou o tempo necessário. Essa atividade de checagem do tempo irá dividir seu foco e ocupar espaços em sua memória de trabalho o que pode diminuir a eficiência de seu estudo. Portanto, considere programar alarmes sempre que tiver metas de tempo. Essa prática fará com que sobre mais espaço disponível em sua memória de trabalho para o que realmente interessa, que são as informações do estudo. 122 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Dica 23: Entenda quando a música pode atrapalhar e quando pode ajudar nos estudos. Quando pode atrapalhar Ao ouvirmos música estamos a todo momento sendo impactados por estímulos externos que irão competir por espaço em nossa memória de trabalho. Para quem possui capacidade de alocação baixa, qualquer interferência pode ser prejudicial, pois espaços valiosos de informação poderão ser ocupados pelos elementos da música (letra, melodia, etc.). Caso a pessoa tenha uma capacidade de alocação elevada e o estudo for simples para ela, ouvir música pode não atrapalhar, pois toda informação necessária para o estudo pode estar presente na memória de trabalho e ainda “sobrar” espaço para elementos da música. 123 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO No entanto, mesmo para pessoas com capacidade de alocação elevada, caso o estudo seja muito complexo para ela e/ou a música possua um grau de interferência muito grande, a música pode ainda assim prejudicar o aprendizado. Uma classificação generalizada de grau de interferência da música, da que mais interfere para a que menos interfere, temos: “Música com vocal num idioma que entendo” > “Música com vocal num idioma que não entendo” > “Música apenas instrumental com variações bruscas na melodia” > “Música apenas instrumental sem variações bruscas na melodia”. Quando pode ajudar Nosso cérebro possui um mecanismo que podemos chamar de habituação, no qual estímulos, mesmo que muito evidentes como “um trem passando” e “buzinas”, podem deixar de se tornar conscientes em nossas mentes. 124 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Esse efeito acontece quando um evento, como um alarme, ocorre repetidas vezes e nada importante acontece em seguida, como algum ganho ou perda. A cada vez que o evento ocorre e nada acontece,nosso cérebro vai diminuindo a importância dele, até chegar ao ponto de não enviar mais essa informação ao nosso consciente com o intuito de economizar energia e espaço. Em paralelo, se toda vez que algum evento ocorre, mesmo que não percebamos esse evento de forma consciente, e nós executamos um mesmo comportamento logo em seguida ou ao mesmo tempo, nosso cérebro cria um link de ação e reação entre o evento e o comportamento. Esse processo podemos chamar de condicionamento. 125 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO CAPACIDADE DE ALOCAÇÃO Pois bem, juntando esses dois mecanismos de habituação e condicionamento e aplicando ao ouvir música durante o estudo, se toda vez que começarmos a estudar colocarmos a mesma música ou a mesma playlist, ao longo do tempo, poderemos ficar habituados e condicionados. Ou seja, as interferências geradas pela música podem parar de se tornar conscientes na maior parte do tempo, deixando de ocupar espaço em nossa memória de trabalho. Essa música ou playlist poderá também se tornar o gatilho para o comportamento de estudar, o que pode nos ajudar a focar mais rápido no estudo. 126 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO APLICAÇÃO CLARA Capítulo 5.6 127 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO APLICAÇÃO CLARA Como visto no capítulo “Memórias”, nossa memória de trabalho evoluiu de maneira que nos tornou biologicamente capazes de, a partir da junção de informações que já sabíamos e novas informações, traçar e executar planos de ação visando solucionar problemas que estejamos enfrentando no presente. No entanto, ao longo do tempo e à medida que fomos evoluindo como indivíduos e como sociedade, passamos a utilizar essa estrutura também para nos preparar previamente para problemas futuros, o que hoje em dia chamamos de estudar. 128 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO APLICAÇÃO CLARA Como o estudo é uma “invenção” humana e pouco compreendida por grande parte da população, é comum estudar de forma ineficiente, sem levar em conta o funcionamento natural de nossas memórias, que são: Memória de trabalho: juntar e utilizar novas informações, recebidas do ambiente e de nosso organismo, e informações recuperadas da memória de longo prazo para resolver algum problema no presente. Memória de longo prazo: armazenar informações que são úteis no presente para serem recuperadas em situações similares no futuro, aumentando nossas chances de sucesso. 129 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO APLICAÇÃO CLARA Com isso em mente, uma boa prática para que sejamos mais efetivos em nossos estudos é sempre termos uma aplicação imediata e clara do que estamos estudando, desta forma transformamos nosso estudo em um problema do presente, utilizando assim nossas estruturas de memória de forma mais natural e eficiente. Quando não temos uma aplicação clara de nosso estudo em mente, nosso cérebro tem dificuldades em entender qual problema está sendo resolvido com as informações do estudo e, por consequência, terá dificuldade em recuperá-las, pois, como não existe um problema claro sendo resolvido, será complicado reconhecer problemas futuros semelhantes e para os quais essas informações poderiam ser úteis. 130 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO APLICAÇÃO CLARA Dica 24: Criando aplicações claras Duas formas de criação de aplicações claras são: • Estudar projetando mentalmente como utilizar os novos aprendizados em situações futuras específicas. Essa projeção mental faz com que problemas futuros sejam vistos como problemas presentes em nosso cérebro. Ex.1: Ao estudar matemática, ir projetando mentalmente como utilizaria as novas informações para resolver exercícios práticos. Ex.2: Ao ler as dicas deste livro, ir projetando mentalmente como as aplicaria em suas sessões de estudo. Ex.3: Estudar projetando como ensinaria o novo aprendizado para outras pessoas; • Criar analogias com o novo aprendizado. Nesse caso, a própria criação da analogia torna-se a aplicação clara, ou seja, o problema a ser resolvido. 131 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO VARIAÇÃO DE CONTEÚDO Capítulo 5.7 132 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO VARIAÇÃO DE CONTEÚDO É comum o desejo de querer aprender mais coisas em menos tempo, o que de fato é possível alcançar para a maioria das pessoas, por meio de autoconhecimento e conhecimento do funcionamento do cérebro. Para que tenhamos um melhor desempenho, precisamos estar cientes de nossas limitações e criar estratégias com o intuito de minimizá-las. Uma limitação importante que possuímos, é que ao estudarmos muitos tópicos diferentes de uma mesma matéria ou matérias muito próximas dentro do mesmo dia, podemos criar relações indesejáveis entre as informações desses tópicos, o que pode “bagunçar” o armazenamento delas, dificultando seu entendimento posterior. 133 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO VARIAÇÃO DE CONTEÚDO Ex.: Estudar cálculo de velocidade média e de aceleração de um objeto no mesmo dia. Pôr as duas matérias tratarem de distância, tempo e velocidade, podemos misturar os conceitos se os estudarmos muito próximos um do outro. 134 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO VARIAÇÃO DE CONTEÚDO Dica 25: Diversifique seu estudo diário Ao preparar seu cronograma de estudos, prefira colocar matérias que sejam distantes umas das outras no mesmo dia. Ex.: Matemática, História e Química. Prefira também estudar mais matérias por menos tempo do que menos matérias por mais tempo. Ex.: Estudar 4 matérias diferentes por 30 minutos cada tende a ser mais produtivo que estudar apenas 1 matéria por 2 horas. 135 ARMAZENAMENTO Capítulo 6 136 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL A fase de Armazenamento ocorre quando as informações presentes em nossa memória de trabalho deixam de ser conscientes, ou seja, quando “esquecemos” momentaneamente essas informações. Essas informações que possuem um potencial de nos ajudar a resolver problemas similares no futuro ao serem “esquecidas”, ativam o mecanismo de nosso cérebro, que é capaz de armazená-las em nossa memória de longo prazo, tornando-as acessíveis posteriormente. Tendo em mente o capítulo “Memórias”, no qual introduzimos a analogia de bolinhas e traços, vamos relembrar alguns aspectos relevantes do armazenamento das informações em nossa memória de longo prazo: 137 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Quando “esquecemos” e transferimos uma informação de nossa memória de trabalho e ela ainda não existia em nossa memória de longo prazo, uma bolinha que a representa é criada. 138 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Quando “esquecemos” e transferimos uma informação de nossa memória de trabalho e ela já existia em nossa memória de logo prazo, o armazenamento fica mais forte. 139 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Com o passar do tempo, caso não utilizemos mais a informação, não gerando mais “fortalecimentos”, a força de seu armazenamento vai diminuindo, podendo até desaparecer. Por isso, em geral, é mais fácil lembrar de coisas que estudamos no dia anterior do que coisas que estudamos tempos atrás e não utilizamos mais. 140 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Quando transferimos uma relação entre informações de nossa memória de trabalho e ela ainda não existia em nossa memória de logo prazo, ela é armazenada. 141 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Quando transferimos uma relação entre informações de nossa memória de trabalho e ela já existia em nossa memória de logo prazo, o armazenamento fica mais forte. 142 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Caso não relacionemos mais as informações em nossa memória de trabalho, não gerando mais “fortalecimentos”, a força de seu armazenamento vai diminuindo, podendo até desaparecer. 143 ARMAZENAMENTOVISÃO GERAL • Somos capazes de criar informações mais complexas por meio da junção de informações mais simples que possuem relações muito fortes. 144 ARMAZENAMENTO VISÃO GERAL • Ao armazenar informações e relações entre elas em nossa memória de longo prazo, as emoções que sentimos durante a fase de Organização e Estruturação vão funcionar como etiquetas que irão classificá-las em nossa memória de longo prazo. 145 ARMAZENAMENTO FATORES RELEVANTES Com isso em vista, vamos nos aprofundar em três fatores relevantes da fase de Armazenamento: 1. Repetição espaçada; 2. Carga emocional; 3. Sono. 146 ARMAZENAMENTO REPETIÇÃO ESPAÇADA Capítulo 6.3 147 ARMAZENAMENTO REPETIÇÃO ESPAÇADA Para nos aprofundar na fase de armazenamento, vamos primeiro listar três características importantes de nossas memórias: • As informações e relações entre informações armazenadas em nossa memória de longo prazo vão perdendo força conforme o tempo passa, caso não as revisitemos, podendo chegar ao ponto de ficarem tão fracas que seremos incapazes de recuperá-las. • Informações e relações entre elas ficam mais fortes em nossa memória de longo prazo a cada interação de recuperação e “esquecimento” delas. • O fortalecimento das informações e relações entre elas em nossa memória de longo prazo só ocorre quando de fato esquecemos essas informações, ou seja, quando ficamos repetindo mentalmente, mantemos essas informações em nossa memória de trabalho, o que não gera “esquecimento” e, por consequência, não fortalece o seu armazenamento e nem o das relações entre elas. 148 ARMAZENAMENTO REPETIÇÃO ESPAÇADA Com essas características em mente, uma boa estratégia para mantermos nossos aprendizados sempre disponíveis para quando precisarmos é a repetição espaçada, na qual revisamos o conteúdo estudado de tempos em tempos. Algumas formas eficientes de revisão, que podem ser utilizadas durante a aplicação da repetição espaçada, são: • Resolução de exercícios; • Leitura de resumos; e • Mentalizações e projeções mentais sobre o conteúdo em questão. 149 ARMAZENAMENTO REPETIÇÃO ESPAÇADA Dica 26: Crie um cronograma com revisões Não existe uma periodicidade certa de revisões, ela vai variar de pessoa para pessoa e vai depender também da matéria estudada e da quantidade de conteúdo que precisa ser coberto. Um bom ponto de partida é reservar um dia para revisar o que estudou durante a semana, que pode ser feita por meio de exercícios práticos; e programar uma revisão mensal de todo o conteúdo, que pode ser feita por meio de simulados e/ou leitura de resumos. Lembrando que esse espaçamento pode não funcionar para todo mundo e em todas as situações. É importante sempre testarmos e validarmos o que funciona para a gente. Um exemplo: caso a sugestão de espaçamento inicial não dê bons resultados ou seja inviável, tente alguma variação com revisões menos ou mais espaçadas. 150 ARMAZENAMENTO CARGA EMOCIONAL Capítulo 6.4 151 ARMAZENAMENTO CARGA EMOCIONAL A principal função de nossa memória de longo prazo é armazenar informações que podem nos ser úteis no futuro. A criação de novas memórias é baseada na premissa de que, quanto mais importante é essa informação no presente, mais chances ela possui de ser importante no futuro. Por isso, nosso cérebro tende a criar armazenamentos mais fortes quando entende que as informações e relações entre elas são importantes no presente. Uma das estratégias evolutivas de nosso cérebro para classificar se uma informação é importante ou não são as associações que criamos entre as informações e as emoções que sentimos, que ocorrem ao experienciarmos uma emoção ao mesmo tempo que temos acesso a alguma informação. Ex.: Se estamos sentido felicidade ao estudar matemática nosso cérebro associará felicidade à matemática. 152 ARMAZENAMENTO CARGA EMOCIONAL De forma bem resumida, podemos classificar as emoções como sendo de alta ou baixa intensidade e de valência positiva ou negativa. As informações que são relacionadas com emoções de intensidades maiores e com valência negativa tendem a gerar armazenamentos mais fortes. Importante: Emoções de intensidade extrema podem gerar traumas, o que pode dificultar o acesso às informações associadas a elas. 153 ARMAZENAMENTO CARGA EMOCIONAL Dica 27: Coloque emoção em seus estudos Durante a fase de Organização e Estruturação, utilize as dicas de projetar aplicações claras mentalmente ou criar analogias com o estudo. Esses exercícios mentais já irão ativar emoções positivas e negativas. Ex.1: Você irá ativar emoções negativas quando estiver tentando criar uma analogia com o conteúdo e, durante o processo descobrir que ela não fará sentido. Ex.2: Você irá ativar emoções positivas quando conseguir projetar mentalmente a resolução de um exercício aplicando as novas informações aprendidas. Outra dica é, ao resolver exercícios, dê importância real a eles, não os resolva só por resolver. E ao corrigi-los, quando errar, sinta-se incomodado, quando acertar, sinta-se feliz. 154 ARMAZENAMENTO SONO Capítulo 6.5 155 ARMAZENAMENTO SONO O sono além de auxiliar em outras fases do aprendizado, também possui um efeito direto no armazenamento, pois enquanto dormimos, as informações e relações elas classificadas como importantes por nosso cérebro são fortalecidas, e as classificadas como não importantes são enfraquecidas. Ou seja, dormir mal, além de nos gerar outros problemas, também faz com que não aproveitemos os efeitos benéficos do sono de potencialização do armazenamento, o que posteriormente facilitaria a recuperação das informações estudadas. 156 ARMAZENAMENTO SONO Dica (repetida, mas importante): Durma bem! Mesma dica dada no capítulo “Estruturação e Organização”. 157 RECUPERAÇÃO Capítulo 7 158 RECUPERAÇÃO VISÃO GERAL A fase de recuperação inicia-se quando nos deparamos com problemas que não conseguimos resolver apenas com as informações presentes em nossa memória de trabalho. Quando isso acontece, ativamos o mecanismo de nosso cérebro que busca por informações que foram adquiridas, processadas e armazenadas em situações anteriores similares a que está sendo vivenciada no presente. Essa estratégia visa aumentar as chances de sucesso em resolver o problema atual. A seguir, iremos ilustrar como funciona o fluxo de recuperação de informações: 159 RECUPERAÇÃO VISÃO GERAL 1) Alguns dos estímulos internos (corpo e mente) e externos (ambiente) que recebemos são codificados, traduzidos e tornam-se conscientes por intermédio da nossa atenção, que funciona como um filtro. 160 RECUPERAÇÃO VISÃO GERAL 2) O conjunto dessas informações conscientes pode ser interpretado em nossa mente como um problema a ser superado. Ex.: Durante uma prova de física, nos deparamos com a pergunta “O que diz a 2ª lei de Newton?”, ou seja, um problema que precisa ser superado para conseguirmos uma boa nota. 161 RECUPERAÇÃO VISÃO GERAL 3) Quando consideramos que as informações presentes em nossa memória de trabalho não são suficientes para superar o problema, recorremos às informações armazenadas em nossa memória de longo prazo, recuperando-as como sugestões. 162 RECUPERAÇÃO VISÃO GERAL 4) O processo de recuperação com o intuito de resolver o problema em questão continua até que consigamos resolver o problema atual, desistamos dele, ele deixe de ser um problema ou que apareça outro problema mais urgente a ser resolvido. Quatro características relevantes durante a recuperação de informações são: • Quanto mais forte for a