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cálcio, e leite é rico em cálcio, então essa tetraciclina vai se complexar. Calcio é um íon, então a passagem pela membrana plasmática vai diminuir, não atinge o sangue e não exerce seu efeito farmacologico. Se voce toma com agua, a tetraciclina será absorvida, e quando ela é distribuida ela fica reservada nos ossos e nos dentes. Tetraciclina é contraindicado para gestantes - ela ultrapassa barreira, chega no feto e se complexa com o cálcio do bebe = deformidade óssea no feto. Exemplo2: Levotiroxina (Puran T4) - se a pessoa tem hipotireoidismo ela tem que repor T4. O paciente com hipotireoidismo toma levotiroxina de manhã, em jejum, pelo menos 30min antes do café da manhã. Varios alimentos, como o próprio café, se complexam com a levotiroxina dificultando sua absorcao. Se voce toma levotiroxina junto com o café, a concentração plasmática da levotiroxina não é a mesma. Existem situações em que os medicamentos podem influenciar positivamente na absorção dos medicamentos. Sulfato ferroso é um medicamento que se for administrado com sucos cítricos tem sua absorção favorecida. Quando você toma com um suco acido você mantem a acidez do TGI, quando o sulfato ferroso chega no estômago e ele está acido, o ferro desse medicamento se mantem no estado ferroso e consequentemente a absorção é garantida. Se o pH nao estiver acido, o ferro vai pro estado ferrico, que é “inutil”. Quando falamos de absorção, existem um termo que deve ser mencionado. Esse termo é a meia-vida de eliminação. Meia-vida de eliminação é um tempo característico de cada medicamento - cada medicamento possui esse tempo, que é o tempo necessário para que o medicamento seja 50% eliminado do organismo. Imagine que seu paciente é hipertenso e que para tratar a hipertensão ele está utilizando um medicamento chamado propranolol - ele toma todos os dias um comprimido de propranolol 40mg por via oral. Como ele toma esse medicamento por via oral, esse medicamento tem que transpor diversas barreiras - a quantidade que chega na corrente sangüínea não vai ser 40mg, supondo que chegue 30mg. A meia-vida de eliminação do propranolol é de 6 horas. Depois de 6 horas desses 30mg, vai ter 15mg, e depois de 6 horas 7,5mg, depois de 6 horas 3,75mg e assim por diante. Meia-vida de eliminação é o tempo necessário para que o medicamento reduza 50% da sua concentração plasmática. Essa meia-vida de eliminação indica: noção de freqüência posologica do medicamento (isso é definido de acordo com a meia-vida do medicamento). Por exemplo, farmaco que tem meia-vida de eliminação de 2 horas deve ser tomado mais vezes para repor a concentração plasmática. Quanto mais vezes o farmaco tiver que ser tomado durante o dia, menor sua meia-vida de eliminação. Tem medicamento com meia vida de eliminação de 48horas, entao é tomado menos vezes ao dia. Fluoxetina tem meia-vida de eliminação de 5 dias. Então ela é tomada 1 vez ao dia, apenas. Concentração plasmatica X Meia-vida de eliminação: paciente começou a tomar propranolol, concentração plasmática vai aumentando, e vai chegar uma hora que ela vai começar a ser eliminada, aí o paciente toma outro comprimido = equilíbrio na concentração plasmática. Se voce prescreveu o medicamento de 8/8 horas, e o paciente tomar direitinho, vai chegar a um equilíbrio de concentração plasmática que é chamado de CSS (steady state - estado de equilíbrio dinâmico = medicamento terá seu efeito farmacológico constante. Esse steady state só é atingido após 4 a 6 meias-vidas. Se ele tomar propranolol todos os dias, depois de quanto tempo o steady State será alcançado? Propranolol tem uma meia vida de 6 horas. 5 (quantidade de meias-vidas) x 6 (tempo de meia-vida do propranolol) = 30 horas -> depois de 30 horas tomando o medicamento certinho ele vai atingir o steady State. Mas aí o paciente está tomando fluoxetina - tomei o primeiro comprimido de fluoxetina (atinge a concentração plasmática máxima mas vai cair até atingir o steady State). Fluoxetina tem meia-vida de eliminação de 5 dias - 5x5d=25 dias até que ela atinja o steady State. Se o paciente esquece de tomar fluoxetina, ele vai atingir o steady State numa faixa subterapeutica, e o efeito farmacológico não acontece. Se o paciente toma mais do que deveria, ele vai atingir o steady State numa concentração plasmática sobreterapeutica, ou toxica. Hoje eu tomei o ultimo comprimido do medicamento, depois de quanto tempo eu vou ficar totalmente livre do medicamento? Depois de 5x a meia vida de eliminação. Alguns ansioliticos e antidepressivos podem causar dependência. Se você para de tomar excitalopram de uma vez, a concentração plasmática dele vai cair de uma vez, o paciente pode apresentar crise de abstinência. A fluoxetina não causa crise de abstinência se for parado de maneira abrupta, porque ela demora 25 dias para ser eliminada totalmente - o efeito farmacológico vai ser reduzido aos poucos. Amanda Serfiotis - XXXVII Aula 7 - 28/02 Farmacocinética: Distribuição das Drogas Farmacocinética é dividida em 5 grandes etapas: administração, absorção, distribuição, biotransformação, excreção. Administração é introduzir o medicamento no organismo do paciente, e há diversas formas de se fazer isso. Absorção é a passagem do medicamento de onde ele foi administrado para a corrente sangüínea. Depois que um medicamento atinge a corrente sangüínea vai passar por uma etapa de distribuição. Que é a passagem da molécula do fármaco da corrente sangüínea para determinado tecido. Ele está sendo distribuído do sangue para determinado tecido. Quando o farmaco atinge sangüínea, ele vai se deparar com determinado pH. Uma parte do medicamento fica ionizada e outra parte, não-ionizada. Essa fração nao ionizada do medicamento tende a ficar livre, solta na corrente sangüínea, fração livre. A fração ionizada, que fica no sangue, tende a se ligar a proteínas plasmáticas, principalmente na albumina. Ela se transforma, portanto, numa fração ligada. Todo medicamento tem sua fração livre e sua fração ligada. Por exemplo, tem medicamento que chega no sangue e se comporta dessa maneira -> 20% se liga as proteínas plasmáticas e 80% fica livre. E tem medicamento que fica 97% ligado e 3% livre. Cada medicamento se comporta de uma determinada maneira em relação a fração livre e a fração ligada quando ele chega na corrente sangüínea. Por que é importante saber qual é a fração livre e a fração ligada de um medicamento?? A fração do medicamento relacionada com o efeito farmacológico é a fração livre. A fração livre do medicamento é responsável por desempenhar o efeito farmacológico do medicamento. Medicamento chega na corrente sanguinea - uma parte fica livre e a outra ligada, essa parte que ficou livre tem muito mais facilidade para sair do sangue e atingir o tecido, ultrapassar membranas, do que a parte que está ligada a proteínas plasmáticas - albumina é uma macromolécula (a molécula do medicamento ligado a ela vai ter mais dificuldade). Em suma, a parte que ficou livre é mais susceptivel a atingir membranas e o tecido, por isso ela que exerce a ação farmacológica. A fração ligada serve como um reservatório do medicamento. Por exemplo, um fármaco com 97% de fração ligada e 3% de fração livre -> esses 3% sao responsáveis pelo efeito inicial do medicamento - esses 3% vao atingir o tecido para realizar sua função. Só que se tiver só 3% livre e essa proteína ficar ligada ao medicamento por muito tempo, o efeito farmacológico do medicamento vai ser muito curto. A proteina plasmatica serve como um reservatorio -> a medida que a fração livre vai sendo utilizada, a proteína plasmática desliga o medicamento ligado nela. Pensando em porcentagem de ligação a proteínas plasmáticas, qual medicamento tem uma duração de ação mais longa - Medicamento A (20% ligado e 80% livre) ou Medicamento B (97% ligado e 3% livre)? Medicamento B, pois ele tem mais reserva, a fração ligada é maior. A medida que a fração livre vai sendo usada, a proteína plasmáticadesliga a molécula do medicamento que estava sendo reservada. Se a fração ligada é maior, quer dizer que esse medicamento vai sendo desligado aos poucos, mas como ele está muito reservado, vai ter muita molécula para ir se desligando, então a duração de ação vai ser muito mais prolongada. Medicamento A - chega no sangue, 80% fica livre, então 80% vai pro tecido. Tem 20% de reserva, então a liberação da molécula vai acabar muito mais rápido. Então a duração de ação do medicamento B tende a ser muito mais longa do que a fração de ação do medicamento A. Quanto maior a fração ligada maior vai ser a duração de ação no organismo do paciente. Os medicamentos quando chegam na corrente sangüínea se ligam a proteínas plasmáticas e ficam reservados. Qual é a principal proteína plasmática ligadora de medicamentos? A albumina. Albumina é a Amanda Serfiotis - XXXVII principal, mas não a única. Albumina se liga na maioria dos medicamentos; ela tem grande afinidade por fármacos de caráter acido. E existem outras proteínas na corrente sangüínea que se liga a outros tipos de medicamento - por exemplo, alfa1lipoproteina acida tem grande afinidade de ligação pelos farmacos básicos. Também há proteínas plasmáticas ligadoras de medicamentos específicos - transferrina, se liga ao ferro. Ceruloplasmina, se liga a vit B12; Transportina, se liga a glicocorticoides. A mais importante é a albumina, e a segunda mais importante é a alfa1glicoproteina acida. - Paciente está utilizando o medicamento B (VARFARINA). Varfarina é um anticoagulante oral, muito usado no tratamento de TVP. Quando o paciente toma varfarina, ela fica 97% ligada e 3% livre. Um paciente começa a tomar varfarina, mas possui um quadro chamado de hipoalbuminemia (paciente com problema hepático pode ter uma redução dos níveis de albumina). Ele está com a albumina reduzida, e você prescreve varfarina para ele. Ele começa a tomar, numa dose terapêutica. Qual é o risco do uso de varfarina, por um paciente com hipoalbuminemia? Ele está tomando varfarina, e a varfarina depende muito da albumina para se ligar, então a fração livre desse medicamento vai aumentar, porque a fração ligada vai diminuir. Eu tenho 97% mas nao tenho a albumina para ligar, então a fração ligada diminui. Então vamos supor que essa fração ligada vá para 94%. Se a fração ligada diminui para 94%, a livre vai para 6% - dobrei a fração livre. Se eu dobro a fração livre, eu dobro o efeito farmacológico. Consequencia - hemorragia, sangramento. Muitas vezes o paciente está tomando o medicamento dele na dose certa, mas tem sangramentos. Ele está tomando a dose certa, mas quando o medicamento chega no sangue para ser distribuído não tem albumina suficiente para o medicamento ligar. Vou aumentar a fração livre, potencializar o efeito farmacológico - mas cuidado! Eu posso potencializar a tal ponto, que o medicamento passa a ser de efeito toxico ao paciente. Acerca dessa característica do medicamento, devemos nos preocupar em 2 situações: 1) Medicamento se liga muito a albumina; Paciente Hipoalbuminemia tomando o medicamento A. Não vai haver grandes alterações para o paciente. Por exemplo, diminuo a fração ligada de 20 para 15%, logo aumento a fração livre de 80 para 85%. Isso não faz muita diferença no efeito do medicamento. A hipoalbuminemia é complicadora para a distribuição de um medicamento que tem alta fração ligada, porque aí qualquer coisa que reduzir a fração ligada vai aumentar muito a fração livre e eu vou potencializar muito o efeito do medicamento. Cuidado com medicamentos com mais de 90% de fração ligada. - O paciente que utiliza varfarina, na maioria das vezes, também utiliza outros medicamentos. Paciente toma varfarina todos os dias, aí vai e apresenta um estado/reação inflamatória. Para tratar a inflamacao, vou prescrever um AINE. Os AINEs sao medicamentos que se ligam muito a proteínas plasmáticas - sua maioria liga-se mais de 90% a proteínas plasmaticas. Exemplo: FENILBUTASONA - AINE que se liga 95% a proteínas plasmáticas. Voce prescreve o AINE por 5 dias. Aí ele toma um AINE que se liga 95% a proteínas plasmáticas, e toma também a VARFARINA, que se liga 97% a proteínas plasmáticas. Chegam então, 2 medicamentos no sangue que se ligam a proteínas plasmáticas, o que vai acontecer com entre esses medicamentos em relação a proteína? Vai ocorrer uma competição entre eles pela ligação a proteina. O AINE ganha essa competição pois ele se liga com mais força as proteínas plasmáticas. Então o AINE liga seus 95% e a VARFARINA não liga. Então eu aumento a fração livre da varfarina, logo, eu potencializo o efeito farmacológico dela e terei hemorragia. Evitar a administração de VARFARINA e AINE juntos. AINE inibe síntese de tromboxano A2, que é antiagregante plaquetario. - Paciente diabético. Ele usa um antidiabético oral, chamado GLIBENCLAMIDA. Glibenclamida (efeito: diminuir glicemia (glicose)) se liga mais de 90% a proteínas plasmáticas. Aí o paciente começa a tomar um AINE para tratar um processo inflamatorio. O AINE que se liga a 95% das proteínas plasmatica, desloca a glibenclamida da proteina, então a glibenclamida vai ficar mais livre, então vou potencializar o efeito dela -> paciente começa a ter crises hipoglicemicas. Amanda Serfiotis - XXXVII Quando o medicamento se desliga da proteina, ele fica não ionizado, aí volta pro tecido para exercer seu efeito farmacologico. Existem, em nosso organismo, alguns reservatórios de medicamentos que não sao as proteínas plasmáticas (elas sao apenas um tipo de reservatório). Todo medicamento vai se ligar um pouco as proteínas plasmaticas. Outro tipo de reservatório é o tecido adiposo. Tecido adiposo serve como reservatorios de medicamentos lipossoluveis. Exemplo: Voce tem que fazer uma cirurgia utilizando um anestésico geral no paciente. Existem os anestésicos gerais endovenosos (usados na indução da anestesica) e se o procedimento for longo, eu posso manter a anestesia com a infusão continua do endovenoso ou eu posso usar um inalatório. Cirurgia com duração de 6 horas. Vou induzir com um anestésico e posso manter com endovenoso (infusao continua) ou posso manter com um inalatório. Um anestésico endovenoso que é muito conhecido na clinica, é muito lipossolúvel, é o TIOPENTAL. O tiopental é tão lipo que quando voce administra na veia do paciente, ele inicia sua ação em 20 segundos, mas tem uma duração de ação que não ultrapassa 20 min. Ele tem uma duração de ação curta. Então se eu quiser usar tiopental eu vou induzir com tiopental e manter com tiopental em infusão endovenosa continua. Quando o tiopental entra em contato com o organismo do paciente, ele chega no SNC, exerce sua ação e quando ele sai do SNC ele fica reservado no tecido adiposo. 6 horas recebendo tiopental - aí acaba a cirurgia. O tempo de recuperação será muito longo. Quando voce desliga a maquina de infusão demora muito para o paciente voltar, porque se a concentração plasmática do tiopental está abaixando, a gordura do tecido adiposo vai liberar o tiopental para a corrente sanguinea. Esse tiopental vai sendo liberado para a corrente sangüínea, e vai voltando pro SNC, e vai causando hiperpolarização. O paciente nao vai sair desse estado de anestesia tao cedo, até que o medicamento seja totalmente liberado da corrente sangüínea. Por isso tiopental não é um anestésico interessante para manter a anestesia, ele é interessante só para induzir. Tiopental, usar quando o paciente for direto pro CTI, que não tem preocupação com o tempo de recuperação. Propofol é muito utilizado para manter. Osso também é um reservatório. Exemplo de medicamento que fica reservado no osso - TETRACICLINA. Tetraciclina não deve ser tomado com leite porque ela tem afinidade pelo cálcio. Aí o paciente toma tetraciclina com agua, ela vai ser absorvida, vai ser distribuida. Quando ela é distribuida, ela vai ligar no cálcio do osso. Se ela fica ligada no cálcio do osso ela vai ficar reservada ali, no cálciodos dentes também. O fígado é usado como reservatório para alguns medicamentos. METAPRINA, usado no tratamento de malária, tem grande afinidade pelos hepatócitos e vai sendo liberada dos hepatocitos gradativamente, e cai na corrente sangüínea para exercer seu mecanismo de ação. Cada medicamento possui um reservatorio. Porém o principal reservatório dos fármacos é a proteína plasmatica. **Importante: VOLUME DE DISTRIBUIÇAO -> é a capacidade do medicamento sair da corrente sangüínea e atingir os tecidos para exercer seu mecanismo de ação. Cada medicamento tem o seu volume de distribuição. O volumando de distribuição de um medicamento é dado em litros. Volume real de distribuição: um medicamento pode se distribuir em até quantos litros de liquido no nosso organismo? Adulto de 70kg - 40L de liquido. Então o medicamento pode se distribuir em até 40L de liquido. Só que na farmacologia usamos o volume aparente de distribuição. Tem medicamento que tem volume de distribuição de 4.000L. Tem medicamento que tem volume de distribuição de 0,6L (isso mostra que o medicamento tem volume de distribuição pequeno). Exemplo: DIAZEPAM e VARFARINA. Qual tem volume de distribuição de 4000L? Diazepam age no SNC - quando ele chega na corrente sangüínea ele precisa se distribuir pros tecidos para exercer sua ação. Varfarina age no sangue - não precisa sair do sangue e atingir tecido para atingir seu mecanismo de ação., então o volume de distribuição de anticoagulante é baixo. Volume de distribuição de um benzodiazepínico tem que ser alto - ele tem que atingir muito o tecido para a tingir seu efeito farmacologico. Quanto maior a % de ligação de um medicamento a proteína plasmática, menor o volume de distribuição. Amanda Serfiotis - XXXVII Se o medicamento está muito ligado a proteína plasmatica, ele terá mais dificuldade de atingir o tecido. Você está no hospital, e chega um paciente intoxicado com determinado medicamento. Ele tomou varias comprimidos de um medicamento que chega no SNC. Aí eu vou fazer uma hemodiálise - vou facilitar a excreção do medicamento. Mas não sao todos os medicamento que eu consigo fazer hemodiálise. Para saber se é indicado fazer hemodiálise se olha o volume de distribuição do medicamento. Se um medicamento tiver baixo volume de distribuição você indica fazer uma hemodiálise - ele tem baixa capacidade de atingir o tecido, então ele está ficando no sangue. Medicamento com alto volume de distribuição sai do sangue fácil e atinge o tecido. Cada medicamento tem um protocolo para caso de intoxicacao. Paciente chegou intoxicado com um medicamento depressor do SNC. Aí vou manter os sinais vitais, e em seguida pensar na forma de excreção do medicamento. Intoxicação por LITIO - age no SNC, mas litio é um cation. Se ele é um cation, ele tem dificuldade de ultrapassar membrana. Quando ele chega no sangue ele quase não se liga a proteína plasmática, mas o volume de distribuição dele é baixo mesmo que ele se ligue pouco a proteína. Como ele tem dificuldade de ultrapassar membrana a tendencia é que ele fique circulando no sangue por muito tempo. Intoxicação por litio eu faço hemodialise. Pensando na distribuição - a ação de determinado medicamento cessa apenas quando a fração ligada acabar e quando a fração livre tiver sido eliminada do corpo. Aula 8 - 11/03 Biotransformação -Distribuição: é a capacidade do medicamento de sair da corrente sangüínea e atingir um determinado tecido. Quando o medicamento atinge determinado tecido, ao ser distribuído, ele se liga em um determinado receptor em uma célula no tecido e produz o seu efeito farmacologico. Então o medicamento, durante a distribuição, atinge um determinado tecido, se liga no seu local de ação, exerce um mecanismo de ação e, consequentemente gera um efeito farmacológico. Mas temos que lembrar que depois que o medicamento exerce seu efeito farmacológico ele está pronto para ser eliminado do organismo. Dentro da farmacocinetica existem 2 etapas responsáveis pela eliminação: biotransformação e excreção. Então nós podemos classificar a etapa de biotransformação como sendo uma etapa de eliminação do organismo. A biotransformacao também é chamada de metabolização. A biotransformação é um conjunto de reações bioquímicas que ocorrem em um local especifico do organismo onde a molécula do fármaco será modificada e o produto dessa modificação é chamado de metabólito. Esse metabólito pode ser uma substancia que possua atividade farmacológica, que é o que nós chamamos de metabólito ativo ou esse metabólito pode ser um produto sem atividade (metabólito inativo). Um medicamento, ao passar pelo processo de biotransformacao, pode ser um metabólito ativo ou ele pode se transformar em um metabólito inativo. Existem 4 classes que a gente pode separar quando falamos de biotransformação: 1.Drogas ativas que ao serem metabolizadas se transformam em metabólitos inativos - Na maioria dos casos, os medicamentos ao serem biotransformados estão nessa classificação. O medicamento, depois que ele exerceu seu efeito farmacológico, pode ser inativado e depois excretado. Na maioria das vezes eu tomo um medicamento que já é uma substancia ativa no meu organismo, exerce seu efeito, e depois do efeito ele passa pelo processo de biotransformacao e aí se transforma num metabólito inativo. Exemplo: Propranolol -> paciente toma um comprimido de 20mg, ele vai cair na corrente sangüínea e o propranolol já vai ligar no receptor beta, bloqueando o receptor beta e exercendo sua função. Depois que ele exerceu sua função ele vai ser biotransformado e vai se transformar num metabólito que não tem utilidade e vai ser excretado no organismo. Amanda Serfiotis - XXXVII 2.Drogas ativas que ao serem biotransformadas se transformam em metabólitos ativos - Existem medicamentos que quando o paciente toma, quando ele cai na corrente sangüínea ele vai exercer a sua função, só que ao passar pelo processo de biotransformacao ele começa a gerar metabólitos que ainda possuem atividade. Então esse medicamento vai continuar no organismo se ligando aos seus receptores e preservando a ação farmacológica. Medicamentos que geram metabólitos ativos tendem a ter uma meia-vida de eliminação mais prolongada. Ao invés de o medicamento ser excretado rapidamente, ele fica gerando metabólitos ativos, então sua duração de ação vai ser mais longa. Ex: Benzodiazepínicos - Diazepam, Midazolam (atua no receptor de GABA, hiperpolarizam o neuronio e deprimem o SNC do paciente) possuem indicação clinica diferentes. Por exemplo, se o paciente vai fazer endoscopia (antes da endoscopia é utilizado um fármaco sedativo no paciente até para facilitar o exame, que é considerado invasivo e, consequentemente, melhorar a conduta terapêutica. Endoscopia é um procedimento curto. Aí voce tem que escolher um benzodiazepínico para fazer antes da endoscopia. Se a endoscopia é um medicamento curto, e eu tenho que fazer e depois liberar esse paciente, eu tenho que utilizar um benzodiazepínico de duração de ação curta. Midazolam - é uma droga ativa, que ao ser biotransformado se transforma numa droga inativa; midazolam liga no receptor de GABA, quando ele se desliga desse receptor ele passa pelo fígado para ser biotransformado e já vai ser formado o metabólito inativo desse medicamento, então ele vai ter uma duração de ação considerada curta no organismo. Diazepam - é um fármaco ativo que ao ser biotransformado se transforma em um metabólito ativo, chamado oxazepam; aí o oxazepam, por ser um metabolito ativo, não vai ser eliminado na urina, então esse oxazepam que foi gerado no fígado volta pro SNC para continuar hiperpolarizando o neuronio; aí esse oxazepam volta pro fígado para ser metabolizado, aí ele gera outro metabólito ativo, que volta pro SNC para hiperpolarizar o neuronio. Só depois ele volta pro fígado e se transforma num inativo, que vai ser excretado. Então eu posso dizer que o diazepam tem uma duração de ação muito longa.Interessante para ser utilizado em procedimentos de duração longa. Situação clinica de pacientes que tem insônia mas a insônia dele é no final da noite. Tem paciente que deita e dorme, mas aí chega 4h da manhã e não consegue dormir mais. Eu vou dar o medicamento antes dele dormir. E como eu sei que a insônia dele está no final da noite, eu preciso dar a ele um medicamento que ao ser biotransformado vai se transformar em um metabólito ativo. 3. Drogas inativas que ao serem biotransformadas se transformam em metabólito ativo - é chamado pró-fármaco . Ex: Prednisona - glicocorticoide que nao tem atividade direta, porem ao ser biotransformada ela se transforma em prednisolona, e a prednisolona que é capaz de produzir o efeito farmacológico de glicocorticoide. Ex: Um paciente que tem Parkinson tem toda a sintomatologia devido a alteração de um NT do SNC, que é a dopamina. O paciente que tem Parkinson tem redução dos níveis de dopamina na via nigro-estrital. A baixa de dopamina na via nigro-estrital ocasiona Parkinson ao paciente. Se o paciente tem Parkinson e é a redução da dopamina que está causando a doença, nada mais lógico do que a gente repor a dopamina desse paciente. Mas nao existe comprimido de dopamina para tratar paciente com Parkinson, porque a dopamina é um NT que não consegue ultrapassar barreira HE. Então ela nao conseguiria chegar ao seu local de ação, que é a via nigro-estrital. Então vamos utilizar um pró-fármaco, que é a Levodopa. A levodopa é um recursos da síntese de dopamina. A levodopa vai ser absorvida, vai atingir a corrente sangüínea e, a levodopa é um precursos da síntese de dopamina, e tem condições de ultrapassar a barreira HE. Então ela chega no SNC, e no SNC existe uma enzima responsável por biotransformar a levodopa. No SNC a levodopa sofre a ação de uma enzima chamada dopa-descarboxilase (é uma enzima que está presente no SNC também). Essa dopa- descarboxilase é responsável por transformar a levo-dopa em dopamina. A levodopa é um fármaco inativo. Então quanto mais eu aumento a síntese de levodopa no meu paciente, mais eu aumento a síntese de dopamina. Quem está fazendo a biotransformação nesse caso é a enzima. Amanda Serfiotis - XXXVII A biotransformação é um conjunto de reações bioquímicas, então enzimas sao responsáveis por biotransformar o medicamento. O medicamento pode ser biotransformado em varios locais do organismo, apesar de o principal ser o fígado. O fígado é o principal local de biotransformação porque no fígado existe uma grande quantidade e variedade de enzimas biotransformadoras, porem nem todo medicamento é biotransformado no fígado. Há medicamento que sao biotransformados no sangue. Exitem enzimas pulmonares que biotransformam o medicamento. Ex: Tiopental - o tiopental é um medicamento que não deve ser utilizado para a manutenção do estado anestésico porque é um fármaco muito lipossolúvel, então ele fica reservado no tecido adiposo e a duração de ação dele ficaria muito longa. Hoje, no lugar de tiopental, para ser utilizado na manutenção da anestesia existe o Propofol. Propofol é um dos anestésicos endovenosos mais utilizados na clinica. Ele é muito usado para manter porque ele tem biotransformação hepática, e também sofre biotransformacao em outros locais do organismo, exemplo: pulmão. Quando o propofol circula no organismo e passa pelo pulmão, ele já sofre biotransformacao, pois lá tem enzimas que degradam o propofol. Então se voce utiliza propofol por via endovenosa para manter uma cirurgia, ele não vai ter risco de acumular no organismo do paciente, porque ele está sofrendo a biotransformacao hepática e em outros tecidos, então a sua biotransformacao é muita rapida. E a biotransformação prepara o organismo para ser excretado, então a duração de ação dele fica até mais curta. Se voce tiver que utilizar um medicamento para manutenção da anestesia, o propofol é o mais indicado, por que ele sofre metabolismo hepático e extra-hepático. Ele sofre o metabolismo no fígado e também no pulmão. Isso justifica o uso do propofol por médicos que querem manter a anestesia. Mas esse propofol também é muito lipossoluvel, porem possui uma atividade muito alta de biotransformacao. Onde tiver enzima para biotransformar o fármaco pode ser biotransformado. Essas enzimas podem alterar de quantidade no organismo, dependendo do medicamento e da duração que voce toma aquele medicamento. Tem medicamento que se for usado de maneira continua é capaz de aumentar as enzimas biotransformadoras. Ex: Propranolol - tem paciente que toma propranolol a vida inteira, mas ele não é capaz de aumentar as enzimas metabolizadoras. Fenobarbital (anticonvulsivante) - se o paciente toma por um periodo longo ele é capaz de aumentar as enzimas metabolizadoras. 4.Drogas que não sofrem biotransformação Existem medicamentos que nao necessitam serem biotransformados para serem excretados. Existem medicamentos que sao excretados sem sofrer biotransformação. Ex: Existem um anestésico geral inalatorio chamado Oxido Nitroso. Quando ele inala, chega nos alvéolos, é absorvido, chega no SNC. Ele é um anestésico inalatorio que é 99,9% excretado sem passar pelo processo de biotransformação. Ele é quase 100% excretado pelo ar exalado, sem passar pelo processo de biotransformacao. Isso é importante para um paciente que tem problemas hepáticos. Ex: Oxido nitroso e Halotano (tambem é um anestésico inalatorio) - o oxido nitroso é um anestésico inalatorio que é 99,9% excretado sem passar pelo processo de biotransformação e o Halotano é 60% excretado sem sofrer biotransformação, ou seja, 40% do halotano precisa passar pelo metabolismo hepático para ser excretado. O paciente tem uma insuficiencia hepatica, ele precisa utilizar um anestésico inalatorio nesse paciente e voce sabe que ele tem dificuldade de biotransformar medicamentos. Nesse caso, seria melhor um oxido nitroso. O halotano é 40% biotransformado no fígado e ao passar pelo fígado o halotano gera metabólitos hepatotoxicos. Então se o paciente não pode mesmo usar halotano. Mas o halotano é mais potente que o oxido nitroso. Então voce vai ter que avaliar de paciente para paciente qual é mais utilizado. Amanda Serfiotis - XXXVII Isso é muito importante porque existem medicamento que passam pelo processo de excreção sem ser biotransformados. Quanto mais hidrossoluvel for o medicamento, menos ele necessita do processo de biotransformacao para ser excretado. Porque se ele for hidrossolúvel ele se solubiliza com facilidade na urina e é excretado facilmente por via renal. Se o medicamento for lipossolúvel ele necessita de passar pelo processo de biotransformação para se transformar em um metabólito hidrossolúvel e ser excretado pelos rins. A biotransformacao é subdividida em 2 tipos de reações químicas. 1.Reações de Fase 1: reação de oxidação, reação de redução, hidrólise, ciclização, desciclização. Em todas essas reações eu estou modificando a molécula do medicamento, com o objetivo de alterar a molécula do fármaco tornando-o um metabólito ativo ou inativo. 2.Reações de Fase 2: a principal reação de fase 2 é a reação de conjugação com o acido glicurônico. Ou seja, a molécula do fármaco vai ser conjugada com a molecula do acido glicurônico. O principal objetivo da reação de fase 2 é tornar a molécula do medicamento mais hidrossolúvel, facilitando o processo de excreção. Acido glicuronico é uma molécula muito hidrossolúvel. Então eu pego uma molécula de acido glicurônico e junto com a molécula do fármaco. Quando eu faço isso, o fármaco torna-se mais hidro tambem, então ele vai ser excretado por via renal com maior facilidade. Outro exemplo é a reação de sulfatação, de acetilação, metilação. Tudo com o intuito de tornar a molécula do medicamento mais hidrossolúvel. Quanto mais lipo o medicamento for, mais ele tem que passar pelas reações de fase 2. Tem medicamento que é lipossolúvel, não passa pela reação de fase 1 e já para pela 2 direto.Tem medicamento que só passa pela reação de fase 1 e não passa pela 2. Mas deve-se saber o objetivo de cada reacao. O fígado é o principal órgão biotransformador dos medicamentos, porque lá existe um conjunto de enzimas responsáveis por biotransformar o farmaco. O principal conjunto é chamado de Citocromo P450. Citocromo P450 é o conjunto de enzimas presentes no fígado responsáveis por biotransformar os medicamentos no fígado. As enzimas do citocromo P450 tem a capacidade de oxidar os medicamentos, elas sao capazes de promover oxidação. Elas sofrem então reação de fase 1. Dentro do citocromo p450 existem varias isoenzimas. Por exemplo: CYP3A4, CYP2D6, CYP2D1, CYP2C9, CYP2C19. Existem varias enzimas responsáveis por biotransformar o medicamento, e cada enzima é responsável por biotransformar um grupo de medicamentos. Essas enzimas podem ter sua quantidade variável de paciente para paciente. A principal enzima, que varia sua quantidade entre os individuos, é a CYP2D6, é uma enzima que sofre muito polimorfismo genetico. Isso explica o fato de que muitas pessoas tem efeitos farmacológicos distintos mesmo utilizando o mesmo fármaco. Por exemplo, eu vou prescrever propanolol (Beta-bloqueador é sempre metabolizado pela CYP2D6). Se eu tenho 2 pacientes com hipertensão (um negro e um asiatico) e os dois possuem hipertensão grau 1, eu preciso prescrever um antihipertensivo para eles. Os pacientes negros sao capazes de produzir mais CYP2D6 do que os pacientes brancos. Propranolol é um fármaco ativo que ao ser biotransformado é transformado em um metabolito inativo. Se eu prescrever um propranolol para um paciente negro, o efeito farmacológico dele será menor, porque ele vai ser mais biotransformado, vai ser transformado em metabolito inativo e aí vai sendo excretado mais rapidamente. Então beta-bloqueador nao é um fármaco de primeira escolha para negros, pois o efeito farmacológico vai ser menor, e a PA não vai se estabilizar como deveria. De acordo com essas enzimas do citocromo p450, podemos classificar os pacientes de 3 tipos: 1.Metabolizadores lentos - é aquele paciente que tem menos enzimas do citocromo p450, então ele metaboliza o medicamento mais lentamente, e a tendencia é que o medicamento seja excretado mais lentamente também. 2.Metabolizadores selvagens - quantidade normal de enzimas do citocromo p450. Amanda Serfiotis - XXXVII 3.Metabolizadores rápidos - pacientes que tem muitas enzimas do citocromo p450. Por exemplo, Midazolam (benzodiazepínico) é metabolizado pela CYP3A4. Se voce tiver uma quantidade normal de CYP3A4 no organismo voce é considerado um metabolizador selvagem, e aí voce toma midazolan, em 2 minutos voce já está dormindo. Se voce for um metabolizador rápido de CYP3A4, se voce administrar a dose terapêutica a pessoa não dorme. Tem como a gente avaliar a quantidade de enzimas que a gente tem no organismo. Posso pegar um medicamento que é metabolizado pela CYP2D6 e ofereço ao paciente. E depois de algum tempo eu coleto a urina dele e avalio quanto tem do fármaco e a quantidade de medicamento no sangue. E vejo a velocidade de metabolismo desse medicamento - quanto está sendo excretado na urina comparado ao que tá na corrente sanguinea. Eu consigo avaliar quanto ele tem de enzima de acordo com sua capacidade de excreção do medicamento. Cada enzima do cit p450 metaboliza um grupo de medicamento CYP3A4 - é a enzima do citocromo p450 que metaboliza uma quantidade maior de medicamentos. E existem varios medicamentos que sao metalizados pela CYP3A4. Ex: Anticoncepcionais -> sao biotransformados pela CYP3A4, o contracepctivo é biotransformado, inativado e então, excretado pelo organismo. Só que o que acontece é que a CYP3A4 metaboliza outros fármacos - varios anticonvulsivantes (Fenobarbital, Fenitoína, Carbamazepina). Existem medicamentos que sao considerados indutores enzimáticos (ou seja, ele aumenta a quantidade de determinada enzima). A maioria dos anticonvulsivantes sao biotransformados pela CYP3A4 e sao indutores dessa enzima. Ex: uma mulher com epilepsia, foi diagnosticada aos 14 anos de idade e começou a utilizar carbamazepina para tratar suas crises epiléticas. Hoje ela tem 25 anos de idade, só que ela não pode parar de tomar, porque se ela parar ela vai ter a crise. A quantidade de CYP3A4 vai estar aumentada. Mas aos 23 anos ela começou a utilizar um anticoncepcional oral, e depois de 6 meses essa mulher engravidou. Por que? Porque ela tinha muita CYP3A4 devido a indução pelo anticonvulsivante. Se ela tem muita CYP3A4, o anticoncepcional estava sendo metabolizado mais rápido do que deveria. Se ele estava sendo biotransformado muito mais rápido e a biotransformacao prepara o medicamento para ser excretado, quer dizer que o contraceptivo está sendo excretado mais rapido, então seu efeito farmacológico diminui. A maioria dos anticonvulsivantes é considerada teratogenica. Se ela engravidou tomando esse anticonvulsivante em alta dose, a criança pode nascer com má formação fetal. A mulher tem que usar um anticoncepcional com uma dose maior de hormonio. Indução enzimatica é um problema. CYP2E1 - existem varias substancias que sao biotransformadas pela CYP2E1. Existem medicamentos que sao biotransformados pela CYP2E1 e existe também o álcool. A principal enzima que metaboliza o álcool é a alcool-desidrogenase. Porém do citocromo P450, a enzima metabolizadora do etanol é a CYP2E1 (enzima que biotransforma o etanol). O alcool quando utilizado de maneira crônica (etilista cronico) é considerado indutor enzimatico de CYP2E1. Quem bebe há mais tempo voce torna-se mais tolerante ao alcool, por que voce vai ter mais CYP2E1 no seu organismo, voce ta metabolizando o álcool mais rápido e ele será, então, excretado mais rápido. Quanto mais tempo e quanto mais a pessoa bebe, de maneira crônica, mais CYP2E1 ela vai ter no fígado. Então o alcool vai ser biotransformado mais rapido, assim como outros medicamentos metabolizados pela CYP2E1. Ex: Paracetamol. Paracetamol é hepatotoxico. O paracetamol, ao ser biotransformado, gera um metabólito hepatotoxico. Pensando em um etilista cronico, com muita CYP2E1. Quando ele tomar paracetamol, a biotransformação do paracetamol vai ser acelerada. Vai gerar mais metabólito acelerado. Não combina paracetamol e alcool. Se o alcool induz CYP2E1 ele acelera a biotransformação dos metabólitos hepatotoxicos, aumentando a lesão hepática. Num paciente normal, com CYP2E1 normal, a dose do paracetamol começa a ser hepatotoxica acima de 4g. Se o paciente tem CYP2E1 induzida pelo álcool, por exemplo, ele não precisa tomar 4g para ser toxico, uma dose menor já pode ser toxica, porque está tendo muita metabolizacao do paracetamol, então ele vai gerar muito metabólito. Amanda Serfiotis - XXXVII Etanol quando usado de maneira crônica é indutor de CYP2E1. Etanol quando utilizado de forma aguda vai ser inibidor de CYP2E1. Vai ser inibidor porque o álcool chega em grande quantidade no fígado e toda CYP2E1 gruda nela, e assim não deixa a CYP2E1 metabolizar outros fármacos. Existem medicamentos que sao indutores enzimáticos. E existem medicamentos que sao inibidores enzimaticos. CYP2C19 - exemplos de medicamento metabolizado pela CYP2C19 -> Diazepam. E alguns medicamentos sao capazes de inibir a CYP2C19, como Omeprazol. Aí a pessoa toma omeprazol e toma diazepam junto. Diazepam depende da CYP2C19 para ser biotransformada, e a CYP2C19 vai estar inibida, então o metabolismo do diazepam vai estar lento. Se o metabolismo do diazepam vai estar lento, quer dizer que ele vai permanecer mais tempo no organismo, então o efeito dele vai estar potencializado, e aí voce pode ter uma depressão mais profunda do SNC - como ele está sendo excretado mais lentamente, a tendencia é que ele fique no organismo por um período de tempo maior. O medicamento pode ser inibidor enzimatico de varias enzimas. Omeprazol por ser inibidor de CYP2C19 vai potencializar a ação do diazepamporque ele faz com que o diazepam seja biotransformado mais lentamente, excretado mais lentamente, então ele fica mais tempo armazenado no organismo. Omeprazol, junto com clopidogrel (anti agregante plaquetario). Clopidogrel é muito usado em pacientes com risco de trombose. Qual é a interação que ocorre entre o omeprazol e o clopidogrel? Clopidogrel é um pró-fármaco (farmaco inativo que precisa ser biotransformado pela CYP2C19 para se transformar em um metabolito ativo). Omeprazol é inibidor de CYP2C19, então ele diminui o efeito do clopidogrel. Risco de formação de trombo. Simetidina é um protetor gastrico (diminui a secreção de acido clorídrico no estômago). Também é inibidor de CYP2C19 e portanto causa interação com outros medicamento metabolizados por essa enzima. Fluoxetina - antidepressivo e ansiolitico metabolizado pela CYP2D6, e a fluoxetina é inibidora de CYP2D6. Medicamentos metabolizados por CYP2D6: beta-bloqueadores, anti-psicóticos. Aula 9 - 14/03 Continuação de Biotransformação Aula passada: há medicamentos capazes de produzir inibição enzimática e existem medicamentos capazes produzir indução enzimática (sao aqueles que aumentam a quantidade das enzimas do citocromo p450. E consequentemente aceleram o metabolismo do medicamento). Dentre os indutores enzimáticos: há os que induzem a CYP3A4, CYP2D6, CYP2C19, anticonvulsivantes. -Anticonvulsivantes e contraceptivos hormonais -> os anticonvulsivantes, por induzirem a CYP3A4 aceleram o metabolismo do contraceptivo e reduzem a sua eficacia. Além dos anticonvulsivantes, outros farmacos capazes de interagirem com o contraceptivo, temos alguns antibióticos. Existem alguns antibióticos que tambem sao capazes de induzir o metabolismo dos contraceptivos por induzirem a CYP3A4. Antibiótico corta o efeito do anticoncepcional? Realmente, existe essa interação medicamentosa. Porem nao sao todos os antibióticos que induz CYP3A4. O principal antibióticos que induz CYP3A4 é a RIFAMPICINA. É muito utilizado no tratamento de tuberculose e outras bactérias. Ele tem uma capacidade de estimular a produção de CYP3A4 e acelerar o metabolismo dos contraceptivos. Ainda nao está provado que outros antibióticos induzam essas enzimas. Porém, os antibióticos podem interagir com os contraceptivos da seguinte maneira: os antibióticos (de amplo espectro - que eliminam Amanda Serfiotis - XXXVII grande quantidade de bacterias) podem eliminar as bactérias da flora intestinal e, por isso, reduzirem a ativadade do contraceptivo. Por que? Na grande maioria das vezes, os contraceptivos sao utilizados na forma combinada (estrógeno + progestógeno, na mesma pilula). Esse estrógeno e progestógeno, quando utilizados por via oral (na mesma pilula), eles sao absorvidos pelo intestino, e ao serem absorvidos e distribuídos, chegam ao fígado para serem biotransformados. Quando o estrogeno chega no figado, ele é 50% metabolizado e se transforma em metabolito ativo (e ele vai exercer sua função) e 50% do estrogeno que chega até o fígado se transforma em metabolito inativo (vai ser inativado durante essa passagem pelo figado). Esse metabolito inativo volta pro intestino pela circulação entero-hepática e eles sofrerao ação de enzimas intestinais produzidas pelas bactérias da flora. Pra que os metabólitos inativos vao sofrer ação dessas enzimas presentes no intestino? Para que eles sejam ativados. Então a bacteria do TGI é responsável por produzir enzimas. Aquele metabolito inativo do estrogeno quando chega ao intestino, sofre ação dessas enzimas produzidas pela bactéria, para que esse metabolito inativo seja ativado. Esse metabolito que se ativou no intestino cai de novo na corrente sanguinea, para exercer sua função. Então as bactérias da flora intestinal sao imprescindíveis para o efeito farmacológico do contraceptivo. Se o antibiótico tem o espectro de ação grande, ou seja, ao invés de eliminar só a bacteria do foco infeccioso, começar a eliminar bactérias da sua flora normal, ele vai eliminar bactérias da flora intestinal, esse metabolito inativo que chega no intestino nao vai sofrer atividade, ou seja, nao vai se ativar, e consequentemente o efeito farmacológico do contraceptivo vai diminuir. Então realmente existe essa interacao. Tem muita gente que chega e fala que engravidou tomando anticoncepcional e estava tomando antibiotico. Durante a utilização desse antibiotico, é interessante fazer a utilização de métodos de barreira. Penicilina, amoxicilina, ampicilina, benzetacil podem tambem eliminar as bactérias da flora intestinal. Alguns induzem CYP3A4, mas o principal mecanismo é a eliminação das bactérias da flora intestinal. É o Estrógeno do contraceptivo que impede a ovulação. O Progestógeno diminui o risco de fecundação pois aumenta o espessamento do muco, atrofia do endometrio e alteração da contração das tubas uterinas. A deficiencia do estrógeno causa uma deficiência do efeito farmacológico do contraceptivo. -Metabolismo de Primeira Passagem Dentro das etapas da farmacocinetica, o natural é que o medicamento seja absorvido, depois distribuido, exerce seu efeito e depois ele será biotransformado para ser excretado. Mas há medicamentos que sao biotransformados antes de serem absorvidos, antes de caírem na circulação sistemica. Mas como? Tem medicamentos que sao utilizados por via oral que, ao invés de chegarem no intestino e serem absorvidos para a circulação sistêmica, eles caem na veia porta-hepatica (VPH). O medicamento tá no intestino e cai direto na VPH. A VPH é a veia que liga o intestino ao figado. Então se o medicamento tem capacidade de cair na VPH, ele vai chegar ao fígado primeiro, ser biotransformado (uma parcela daquele medicamento já vai ser metabolizada antes que ela caia na corrente sanguinea. Então a gente conceitua metabolismo de primeira passagem como: a capacidade do medicamento ser biotransformado no fígado (na maioria das vezes), antes de atingir a circulação sistemica. ->Existem medicamentos que podem sofrer metabolismo de primeira passagem sem, necessariamente, passar pelo fígado. Por exemplo, tem medicamento que sao utilizados por via tópica/dérmica que podem sofrer a ação de enzimas presentes na pele. Então antes de chegar no sangue, ele vai entrar em contato com enzimas na pele, e essas enzimas podem biotransformar esse medicamento - uma parcela do principio ativo já vai ser biotransformada antes de atingir a corrente sanguinea. ->Outro exemplo: no nosso intestino tambem existem enzimas do citocromo p450. Por exemplo, nós temos CYP3A4 no intestino. As enzimas do citocromo p450 nao estão presentes exclusivamente no figado. Elas podem estar no intestino, e aí na medida em que eu tomo o medicamento por via oral e ele chega no intestino, ele se depara com essa enzima, então ele já vai ser degradado ali. ->Analgésicos Opioides (MORFINA) - a dose de morfina oral tem que ser muito maior do que a dose de morfina parenteral. Por isso que hoje, a prescrição de morfina por via parenteral é muito mais interessante, porque os analgésicos opioides sofrem intenso metabolismo de primeira passagem. Então quando voce toma morfina por via oral e ela chega no intestino, uma grande fração dela vai ser biotransformada, e o pouco que Amanda Serfiotis - XXXVII sobrar vai atingir a corrente sanguinea. Então a biodisponibilidade (fração do medicamento que chega no sangue) da morfina por via oral é baixa, porque ela sofre um intenso metabolismo de primeira passagem. A biodisponibilidade de um medicamento pode estar totalmente relacionada com sua capacidade de sofrer metabolismo de primeira passagem. A quantidade dessas enzimas (do cit p450, por exemplo) no intestino é variável de um individuo para o outro. Então muitas vezes, voce toma morfina numa dose, e quando voce tem menos enzimas no intestino, vai biotransformar menos, logo, vai chegar mais no sangue - maior efeito farmacológico. Já um paciente que tem muita CYP3A4 no intestino, quando ele toma um ccomprimidode morfina, 60% será biotransformado, então vai chegar pouco no sangue. O efeito farmacologico dos medicamento pode variar. Um dos motivos da variabilidade do efeito farmacológico é a diferença na quantidade de enzimas no intestino e, consequentemente, a capacidade do medicamento de sofrer metabolismo de primeira passagem. De maneira geral, temos que pensar: quando o medicamento sofre um intenso metabolismo de primeira passagem, a tendencia é que eu aumente a dose do medicamento para manter seu efeito farmacologico (porque uma parte grande já vai ser biotransformada). Mas como que eu sei se um medicamento vai ou nao vai sofrer metabolismo de primeira passagem? Isso já é previamente descrito nos livros e artigos. “A biodisponibilidade desse medicamento é baixa porque ele sofre um intenso metabolismo de primeira passagem.” Isso já é descrito. Ninguém tem que decorar. Atualmente, um dos analgésicos opioides mais utilizados por via oral, da mesma classe da morfina, são CODEÍNA (Paracetamol: Tilex+Codeína) e OXICODONA. Eles sao os que sofrem menos metabolismo de primeira passagem. Então se voce tem um medicamento com dor intensa e voce tem que prescrever um medicamento por via oral, é melhor voce prescrever oxicodona do que morfina. Além de a oxicodona ser mais potente, ela tem maior biodisponibilidade, ela chega muito mais a corrente sangüínea do que a morfina tem capacidade de chegar. Codeína é da mesma classe da morfina, porem com uma potencia menor. E oxicodona tem potencia maior. Codeína é utilizada tambem na forma de xarope. Paciente que tem tosse alérgica sem secreção pode utilizar xarope de codeina. Porque a codeína atua no centro da tosse, diminuindo a ação desse centro da tosse e o paciente tem a tendência de tossir menos. Codeína pode ser utilizada na forma de xarope ou em pacientes intubados (diminui o reflexo da tosse e mantem o paciente com menos reações ruins). Codeína age no SNC, causa dependencia. EXCREÇÃO Depois que o farmaco é biotransformado, ele está pronto para ser excretado. Muitas vezes o fármaco passa pelo processo de biotransformacao para se preparar para o processo de excreção. Quando falamos de excreção de fármacos, a primeira coisa que vem na cabeça sao os rins. Eles é o principal órgão responsável por excretar medicamento, mas nao é o unico. O medicamento pode ser excretado por qualquer secreção do nosso organismo. O medicamento pode ser excretado pelas lágrimas, pela saliva, pelo suor, pela bile, pelas fezes, pelo leite materno. Benzodiazepinico é um medicamento que é biotransformado e depois excretado pelo leite materno. Se a mae tomar um benzodiazepinico e amamentar, se esse benzodiazepinico excreta metabolito ativo, o bebe estará tomando esse benzodiazepinico. Zolpiclone - usado no tratamento da insônia - efeito: gosto amargo na boca, pois o proprio medicamento, ou o metabolito do medicamento está sendo excretado pela saliva e isso realmente pode diminuir a adesão do paciente ao tratamento. Amanda Serfiotis - XXXVII Existem medicamentos excretados pelos pulmões - anestésicos gerais inalatórios. -Mas sem duvidas, a principal via de excreção dos fármacos é a via renal. A maioria dos medicamentos é excretada por via renal, através de 2 mecanismos diferentes: excretado por filtração glomerular ou por secreção tubular. Aí temos que conhecer as características do medicamento para saber se ele é excretado por filtração ou secreção. Para que o medicamento seja excretado por filtração glomerular, ele tem que ter algumas características basicas (para que ele consiga ser filtrado) = ter baixo peso molecular, ter menor numero de cargas possíveis, ele tem que ter um tamanho menor do que 20.000Dalton (20kDa). Mas a maioria dos medicamentos é considerada uma macromolécula - maior que 20kDa. Então se eles nao conseguem ser excretados por filtração glomerular, eles conseguem ser excretados por secreção tubular. A maioria dos fármacos sao excretados pelos rins por secreção tubular. Durante a secreção tubular o medicamento vai ultrapassar a membrana dos túbulos através de uma proteína transportadora. No tubulo renal existem proteínas transportadoras de substancias acidas/básicas. Isso é fisiologico, pois no meu organismo eu produzo substancias que sao acidas ou básicas e que precisam passar por secreção tubular. O medicamento aproveita essas proteínas para sofrer secreção. Motivos pros medicamentos serem eliminados por secreção tubular: eles sao grandes (a própria molécula do medicamento é grande; e quando a molécula do medicamento está circulando está circulando no sangue, na maioria das vezes ele está circulando ligado a uma proteína plasmática. A principal proteina plasmatica a que ele se liga é a albumina, e a albumina é uma macromolécula. O medicamento está no sangue, está circulando - molécula do medicamento + molécula da albumina - albumina tem peso molecular de 68kDa, então mesmo se a molécula for pequena, mas estiver ligada a albumina, ela nao passa por filtração glomerular, mas passa por secreção tubular. Porque a proteina transportadora é capaz de separar a molécula do fármaco, da molécula da proteina plasmatica. Esse medicamento vai passar por entre as celulas endoteliais (sem a albumina - porque ela nao consegue passar), e o medicamento passa pelas proteínas transportadoras. Não tem sinalização e quando ela vai passar por transporte intracelular, pelo tamanho da molécula da albumina ela para. Só que a ligação que acontece entre o fármaco e albumina é uma ligação fraca - pra ela conseguir se desligar. Quanto maior a fração ligada do medicamento, maior a tendencia dele ser excretado por secreção tubular. -Existem alguns fatores que podem influenciar na velocidade de excreção dos medicamentos pelos rins -> existem fármacos que dependem dos transportadores de molécula acida ou básica para conseguir ser excretado. Vamos imaginar um medicamento de caráter acido: então ele depende de um transportador de substancias acidas para passar para o tubulo renal. Ex: HIDROCLOROTIAZIDA, FUROSEMIDA - eles precisam passar pelo tramsportador para atingir o tubulo renal, exercer sua função e depois ser eliminada. Hidroclorotiazida precisa passar para o tubulo para exercer sua função (bloquear a reabsorção de sódio e potassio). No meu organismo, fisiologicamente eu produzo substancias acidas. Um exemplo de substancia acida que a gente produz fisiologicamente, é o acido úrico. E o acido urico nao pode ficar acumulado na corrente sangüínea, ele tem que ser eliminado, porque o acumulo de acido urico pode gerar problemas para o paciente. Só que tanto o acido urico quanto o Hidroclorotiazida dependem do mesmo transportador para sofrer secreção tubular. Ambos sao acidos. Ocorre, portanto, uma competição entre o acido urico e a hidroclorotiazida pelo processo de secreção tubular. Nesse caso, quem ganha a competição é o hidrocloratiazida. Então ele vai passar para o tubulo renal, e quando ele passa para o tubulo renal, ela deixa um excesso de acido urico no sangue. Um dos efeitos colaterais de alguns diuréticos, como Hidroclorotiazida e Furosemida é a GOTA. Há pacientes que começam a tomar um diurético e com o tempo passam a se queixar de sintomas que se assemelham com sintomas da gôta. Amanda Serfiotis - XXXVII Por causa da competição pela proteína transportadora, o acido urico ficou acumulado e a hidrocloratiazida passou pelo processo de secreção. Temos que pensar: medicamento chegou no tubulo; quando o medicamento chega no tubulo, ele pode ter 2 destinos - 1)ser eliminado pela urina (é o que esperamos) e, 2)ser reabsorvido no tubulo (reabsorcao tubular). Mas para ele sofrer a reabsorção tubular ele tem que ser pequeno (tem que ter capacidade de ultrapassar o tubulo renal, para ser reabsorvido, pois para voltar nao tem proteína transportadora), nao pode ter cargas (forma nao-ionizada) e tem que ter uma certa lipossolubilidade (para conseguir ultrapassar membrana). O pHda urina do paciente pode influenciar nesse processo de reabsorção, acelerando ou retardando a reabsorção tubular. Quando e em que situação isso é importante? Isso é importante quando o paciente está intoxicado com um medicamento. Ex: Paciente intoxicado por um medicamento, tentou suicídio, e nao existe antídoto para esse medicamento, e ele possui um alto volume de distribuição. Se nao tem antídoto nao tem como bloquear receptor. Se ele tem alto volume de distribuição, isso é um fato importante pois nao vai adiantar fazer uma hemodialise. Lavagem gastrica nao adianta, pois o medicamento já está no sangue. Outra forma de acelerar a excreção do medicamento é alterando o pH da urina - se voce aumenta o pH da urina, voce pode forcar a excreção desse fármaco. Como? Imagina um paciente que chega intoxicado por um medicamento chamado FENOBARBITAL. Fenobarbital é um anticonvulsivante, atua no SNC potencializando a ação do GABA, então ele é um depressor do SNC. Então ele deprime o SNC com grande facilidade e a margem de segurança do fenobarbital é muito baixa (a dose eficaz é muito próxima da dose toxica/letal). Intoxicação por fenobarbital é grave pois o SNC pode ser tao deprimido que pode levar a depressão do centro que controla a respiração. Então o risco maior da intoxicação por fenobarbital é uma depressão respiratória, por causa da depressão profunda do SNC. Existe antidoto? Nao. Pode fazer hemodialise? Pode, mas nao é a principal forma de se tratar um paciente intoxicado por fenobarbital. A melhor maneira de se tratar intoxicação por fenobarbital é basificando a urina do paciente. *Por que? Fenobarbital é um farmaco de carater acido (ele é um acido fraco) - quando fenobarbital chega no tubulo renal, ele nao perde sua característica de acido fraco. O medicamento é um acido fraco, se ele se deparar com a urina, e a urina estiver acida (tendendo a acidez), o fenobarbital estará na sua forma nao- ionizada. Se ele fica nao-ionizado a tendencia é que ele seja reabsorvido - ultrapassa membrana com facilidade. Noutra situação, chega o fenobarbital na urina e urina está básica, se a urina está basica e o fenobarbital é acido, ele ficará ionizado (com carga). Se o fenobarbital fica ionizado, ele perde a capacidade de ser reabsorvido, então a tendência é que seja eliminado pela urina. Quando voce nao vai usar esse protocolo? Quando o paciente tiver problema renal. Relembrando: fármaco ácido em ambiente básico - fica ionizado (perde a capacidade de reabsorver) Como basificar a urina do paciente? Oferecer bicarbonato de sódio. E se o paciente estiver intoxicado por fármaco de caráter básico? Voce acidifica a urina (utiliza Acido Ascórbico - vitamina C -> vai acidificar a urina e ionizar o fármaco de caráter basico, aumentando sua excreção). Clearance Renal das Drogas É a capacidade do rim de remover uma determinada substancia, em um volume especifico de sangue, por minuto. O clearance renal é importante para avaliar a função dos rins e sua capacidade de eliminação das drogas. O principal parâmetro analisado no paciente é o clearance de creatinina. Por que? A creatinina é uma substancia 100% eliminada por filtração glomerular, sem sofrer reabsorção tubular, ou seja, o que for eliminado na urina de creatinina, foi total responsabilidade dos rins (está funcionando como deveria). O clearance de creatinina normal para um paciente adulto, com media de 70kg, pode variar de 100-130mL/ min - função renal normal. Se o clearance de creatinina reduz, quer dizer que a função renal reduz e que há necessidade de ajuste de dose para aqueles medicamentos que dependem dos rins para serem excretados. Na maioria das vezes o medicamento vai ser 100% eliminado pelos rins, sem sofrer biotransformação. Amanda Serfiotis - XXXVII