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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS Campus Dom Idílio José Soares Curso Superior de Química Tecnológica JULIANA GONÇALVES DE LIMA MARCOS VINICIUS ESTEVAM NABOR GABRIELA BECK SALES TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS. SANTOS – SP NOVEMBRO/2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3 2. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................ 4 3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................. 5 4. DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................. 6 4.1. Efluentes .................................................................................................................................... 6 4.2. Efluentes Industriais ................................................................................................................ 7 4.2.1. Tipos de efluentes industriais .................................................................................................... 8 4.2.1.1.Água de lavagem ....................................................................................................................... 8 4.2.1.2.O próprio efluente ..................................................................................................................... 8 4.2.1.2.1. Efluente oleoso .................................................................................................................. 8 4.2.1.2.2. Efluente com elevada carga orgânica .............................................................................. 8 4.2.1.2.3. Efluente com metais pesados ............................................................................................ 9 4.2.1.2.4. Efluente com contaminantes emergentes ......................................................................... 9 4.3. Tratamento de efluentes ........................................................................................................ 10 4.3.1. Etapas do tratamento de efluentes .......................................................................................... 10 4.3.1.1.Tratamento Preliminar: .......................................................................................................... 11 4.3.1.2.Tratamento Primário: ............................................................................................................. 11 4.3.1.3.Tratamento Secundário: ......................................................................................................... 11 4.3.1.4.Tratamento Terciário de efluentes industriais: ...................................................................... 11 4.4. Processos de tratamento ........................................................................................................ 12 4.5. Exemplos de efluentes industriais ......................................................................................... 13 4.5.1. Industria Sucroalcooleira ....................................................................................................... 13 4.5.1.1.Efluente da Industria Sucroalcooleira ................................................................................... 13 4.5.1.2.Tratamento do efluente ........................................................................................................... 14 4.5.2. Industria Textil ........................................................................................................................ 14 4.5.2.1.Tipos de corantes ..................................................................................................................... 15 4.5.2.2.Tratamento do efluente ........................................................................................................... 16 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 18 6. REFERENCIAS ............................................................................................................................. 19 3 1. INTRODUÇÃO Podemos observar nos noticiarios e no nosso dia a dia a crescente preocupação com a crise hidrica que estamos prestes a enfrentar. A quantidade total de água no planeta Terra tem permanecido constante nos últimos 500 milhões de anos. A distribuição dos volumes estocados nos principais reservatórios de água da Terra mostra que 97,5% do volume total constituem os oceanos e mares sendo somente 2,5% é de água doce. Pelo fato de a maior parte dessa água encontrar-se congelada nas calotas polares e nas geleiras ou no subsolo, apena aproximadamente 0,3% da água existente no planeta pode ser utilizada pelo ser humano para o consumo, irrigação e etc. No mundo moderno, a produção de resíduos vem aumentando numa escala considerável, causando vários problemas ambientais e de saúde pública portanto, devido a eminete crise, há um grande interesse por parte de vários setores econômicos, ambientais e políticos pelo tratamento adequado da água. A Resolução CONAMA nº 357, de 17 de Março de 2005, estabelece que “Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam as condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis”. Os processos de tratamento de efluentes antes de serem adotados devem levar em consideração os seguintes fatores: os custos de investimento; a qualidade e a quantidade de resíduo gerado na estação de tratamento de efluente; a qualidade do efluente tratado; a geração de odor; a segurança operacional; a confiabilidade para o atendimento à legislação ambiental, e também a possibilidade de reuso dos efluentes tratados. O objetivo deste trabalho é apresentar a definição de efluente, apresentar as caracteristicas de efluentes industriais e exemplificar, demonstrando que apesar da significativa quantidade de poluentes gerados, ao utilizar-se conceitos e métodos coerentes as empresas podem conseguir um resultado satisfatório. 4 2. OBJETIVO GERAL Não há como não produzir efluentes, mas podemos diminuir essa produção. Sempre que possível. Muitos materiais levam muito tempo de decomposição no ambiente, trazendo malefícios à sociedade. Devido a isto o correto tratamento e destinação destes efluentes se torna um grande benefício ao meio ambiente. É necessário também que a sociedade empresarial desenvolva uma consciencia ambiental, entendendo que apesar dos custos, o tratamento correto dos efluentes beneficia o meio ambiente, a sociedade em geral e agrega valor a empresa que pratica. 5 3. JUSTIFICATIVA Justifica-se a escolha desse tema em virtude dos atuais acontecimentos relacionados aos problemas com a crise hidrica. Espera-se demonstrar a viabilidade de vários processos, que podem ser uma alternativa viável para destinação final de efluentes industriais, atestando que ao utilizar-se de conceitos e métodos coerentes com o processo, conseguirá um resultado satisfatório. 6 4. DESENVOLVIMENTO 4.1. Efluentes O crescimento populacional cada vez mais rápido e contínuo traz consigo diversos desafios que interferem diretamente na vida de todapopulação, a produção demasiada de efluentes na area industrial é um desses aspectos. Os efluentes são resíduos provenientes de processos produtivos ou do consumo humano. Os efluentes podem ser líquidos ou gasosos, também podem ser subdivididos entre efluentes domésticos e efluentes industriais. Efluentes domésticos: são aqueles que têm sua origem nas residências, hotéis, bares, clubes e comércio em geral. Os efluentes líquidos são as águas contaminadas por incorporação de solutos. Algumas fontes de poluição são: água de descarga, de banho, água de lavagem de roupa e utensílios de cozinha, fossas sépticas, restos de alimentos, água contaminada com sabão e detergente. Efluentes industriais: são os rejeitos produzidos durante os processos de produção de bens e serviços, tais como esgoto sanitário, água de resfriamento, água de lavagem e desinfecção de equipamentos, compostos orgânicos e inorgânicos. Além disso, quando se trata de efluentes gasosos as chaminés industriais são as maiores emissoras, sendo que estes efluentes são rejeitos produzidos devido a reações químicas em processo de combustão, os mais preocupantes são os óxidos de nitrogênio (NO e NO2 – NOx) e os compostos de enxofre (SOx). Após a utilização das águas pelas indústrias, os diversos resíduos e ou energias são incorporados alterando-lhes as suas características físicas, químicas e sensoriais, gerando assim os efluentes líquidos. Para a avaliação da carga poluidora dos efluentes industriais e esgotos sanitários são necessárias as medições de vazão in loco e a coleta de amostras para análise de diversos parâmetros sanitários que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos efluentes. 7 4.2. Efluentes Industriais Efluente industrial é todo o despejo líquido gerado nas diversas etapas de um processo produtivo, isto é, toda a água que é utilizada em uma indústria e, posteriormente, descartada. Mais precisamente, de acordo com a norma brasileira da ABNT – NBR 9800/1987, efluentes industriais são “despejos líquidos provenientes das áreas de processamento industrial, incluindo os originados nos processos de produção, as águas de lavagem de operação de limpeza e outras fontes, que comprovadamente apresentem poluição por produtos utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial”. Existem diversos tipos de efluentes e o efluente que terá origem na sua empresa varia de acordo com a matéria prima utilizada, o processo de produção, e principalmente, o setor da indústria. Por muito tempo não existiu a preocupação de caracterizar a geração de efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio ambiente. No entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental fazem com que algumas indústrias desenvolvam atividades para quantificar a vazão e determinar a composição dos efluentes industriais. As características físicas, químicas e biológicas do efluente industrial são variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria-prima utilizada, com a reutilização de água etc. Com isso, o efluente líquido pode ser solúvel ou com sólidos em suspensão, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico, com temperatura baixa ou elevada. Entre as determinações mais comuns para caracterizar a massa líquida estão as determinações físicas (temperatura, cor, turbidez, sólidos etc.), as químicas (pH, alcalinidade, teor de matéria orgânica, metais etc.) e as biológicas (bactérias, protozoários, vírus etc.). O conhecimento da vazão e da composição do efluente industrial possibilita a determinação das cargas de poluição / contaminação, o que é fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor. Desse modo, é preciso quantificar e caracterizar os efluentes, para evitar danos ambientais, demandas legais e prejuízos para a imagem da indústria junto à sociedade. 8 4.2.1. Tipos de efluentes industriais Dentre os efluentes industriais, podemos citar os mais comuns: 4.2.1.1. Água de lavagem Primeiramente, toda empresa precisa manter o padrão de qualidade e, para isso, a lavagem do chão de fábrica e maquinários da produção são práticas essenciais. Você deve lavar periodicamente todos os equipamentos para evitar contaminação por bactérias e fungos. Por isso, são diversos tipos de efluentes que tem origem nessa limpeza, sendo que todos eles precisam de um tratamento para descarte ou até reutilização no processo. Como exemplo, pode-se citar a água de lavagem de equipamentos usados na produção de bebidas e alimentos ou de tanques de preparação de saneantes. 4.2.1.2. O próprio efluente Dentro dessa classe serão destacados alguns efluentes específicos: 4.2.1.2.1. Efluente oleoso São mais comuns na indústria automobilística, pois trabalham com combustíveis, lubrificantes e graxas, porém, podem ser gerados a partir da lavagem de peças, tanques e veículos. Além disso, na indústria alimentícia, esse efluente se encontra em locais que armazenam pescados pelo fato de concentrar altos níveis de gordura e proteínas oleosas. No geral este tipo de efluente pode estar em duas formas: livre ou emulsionado. A parte livre é aquela que não está misturada na água e pela diferença de densidade, fica sobre a água. Já o óleo emulsionado se mistura na água e não pode ser distinguido a olho nu. 4.2.1.2.2. Efluente com elevada carga orgânica Sendo encontrado em diversos setores, esse tipo de efluente, se não tratado, pode gerar danos graves ao meio ambiente e provocar doenças nos seres humanos. Enquanto nas indústrias de papel e celulose o efluente é gerado nas etapas de cozimento e branqueamento da produção, no setor agroindustrial, esse efluente é mais comum em em abatedouros e frigoríficos, além das indústrias de laticínios. 9 Por outro lado, na indústria sucroalcooleira, um exemplo do efluente é a vinhaça ou vinhoto. Esse resíduo tem origem após a destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar fermentado para a obtenção do etanol, podendo ser reutilizado como fertilizante ou até mesmo na geração de energia, desde que utilizado da forma correta. 4.2.1.2.3. Efluente com metais pesados Disponível na forma líquida ou gasosa, esse tipo de efluente pode gerar danos irreparáveis tanto para o meio ambiente quanto para o ser humano. Tem origem em indústrias de galvanoplástica, metalúrgicas e até mesmo em incineração do lixo urbano, já que os metais estão presentes em pilhas, aparelhos eletrodomésticos, computadores e celulares. Alguns exemplos de metais pesados são o mercúrio, chumbo, cádmio, manganês, cobalto e níquel. Bem como indústrias de tinta, cloro e plástico que também podem gerar esse tipo de efluente. 4.2.1.2.4. Efluente com contaminantes emergentes Em primeiro lugar, processos convencionais de tratamento não removem esses resíduos. Alguns contaminantes são fármacos, hormônios, pesticidas, entre outros. Esse tipo de efluente pode ser gerado em indústrias, residências e hospitais. Ademais, pelo fato desses contaminantes saírem com o tratamento convencional, alguns deles não tem valores máximos permitidos estabelecidos para descarte na resolução do CONAMA 430/11. Assim, para a remoção de tais contaminantes, devem ocorrer tratamentos avançados, podendo variar entre carvão ativado, membranas e processos oxidativos. A presença desse tipo de efluente pode gerar diversos problemas. Para a fauna aquática, podem causar a feminização de peixes, alteração no desenvolvimento de moluscos e decréscimo de fertilidade em aves. Já para o ser humano, em caso de ingestão (pois podem estar na água do consumo), tais contaminantes podem interferir no metabolismo e sistema endócrino. Esses são alguns tipos de efluentes comuns no dia a diae em muitas indústrias. Entretanto, como citado anteriormente, o resíduo gerado depende de vários fatores na sua produção, levando a uma vasta diversidade de efluentes por todo Brasil. 10 4.3. Tratamento de efluentes A prevenção à poluição refere-se a qualquer prática que vise a redução e/ou eliminação, seja em volume, concentração ou toxicidade, das cargas poluentes na própria fonte geradora. Inclui modificações nos equipamentos, processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos e substituição de matérias-primas e substâncias tóxicas que resultem na melhoria da qualidade ambiental. Qualquer que seja a solução adotada para o lançamento dos resíduos originados no processo produtivo ou na limpeza das instalações, é fundamental que a indústria disponha de sistema para tratamento ou condicionamento desses materiais residuais. Primeiro, para tratar os efluentes, é necessário haver um estudo acerca das suas características, baseado na descrição dos materiais empregados nas etapas do processo produtivo. É avaliada a presença de substâncias orgânicas e inorgânicas, metais pesados, hidrocarbonetos, corantes, detergentes, dentre outros. Com esses dados, consegue-se definir quais indicadores devem ser utilizados, afim de quantificar as substâncias presentes no efluente. Também são medidos parâmetros como pH, temperatura, cor, turbidez, alcalinidade, oxigênio dissolvido e a vazão. Indicadores globais como quantidade de matéria orgânica, óleos e graxas, toxicidade e sólidos devem ser avaliados através de determinados métodos. Alguns dos mais conhecidos para identificar a matéria orgânica presente no efluente são DQO – Demanda Química de Oxigênio e DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio. Quanto aos sólidos, tem-se a análise de Sólidos Sedimentáveis em Cone de Imhoff e de Sólidos Totais, obtendo, através deste, os sólidos em suspensão e dissolvidos, fixos e voláteis. Essas análises são requeridas na maioria dos casos. 4.3.1. Etapas do tratamento de efluentes De acordo com a sequência apresentada, divide-se as técnicas de tratamento de efluentes industriais em 4 etapas. Cada uma delas serve como uma preparação ou condicionamento para a etapa posterior. 11 4.3.1.1. Tratamento Preliminar: Evita obstruções e danos nos equipamentos da planta, ao reduzir os sólidos grosseiros em suspensão, com o uso de grades, peneiras ou caixas de retenção de areia. Também é nesta etapa que o efluente é neutralizado, através do ajuste do pH, e equalizado, caso ele apresente características físico-químicas e vazões muito variáveis. 4.3.1.2. Tratamento Primário: Aqui, de 40 a 70% dos sólidos suspensos e o material flotante são removidos, através de técnicas como sedimentação, coagulação/floculação, flotação e precipitação química. 4.3.1.3. Tratamento Secundário: São os processos biológicos, tanto anaeróbios quanto aeróbios, que utilizam a matéria orgânica como substrato para microrganismos, obtendo gases, como o biogás, sólidos inorgânicos e material biológico sedimentável. Também são removidos os poluentes biodegradáveis aqui. Destacam-se as técnicas de lodo ativado, lagoa aerada, lagoa de estabilização, filtros biológicos e digestores anaeróbios. A partir dessa etapa é possível o descarte do efluente, visto que ele já vai possuir os padrões mínimos requeridos pela legislação, bem como a utilização do efluente tratado na agricultura, desde que não seja destinado ao consumo humano. 4.3.1.4. Tratamento Terciário de efluentes industriais: É o tratamento avançado, requerido para se obter a chamada água de reúso, que pode ser utilizada na irrigação, na indústria – na alimentação de caldeiras, refrigeração e água de processo – e para fins urbanos potáveis ou não, dependendo das técnicas utilizadas. Para tornar a água praticamente potável novamente, técnicas bastante onerosas são necessárias, como o uso de membranas em processos de ultra ou nanofiltração e osmose reversa. Há ainda as técnicas de adsorção com carvão ativado, para tratar os micropoluentes orgânicos, lagoa de maturação, para microrganismos patogênicos, troca iônica, para metais pesados, e oxidação química, para a DQO residual. 12 Ao escolher quais equipamentos de cada etapa do tratamento utilizar e o dimensionamento dos mesmos, leva-se em conta as características do efluente, descritas acima, alguns fatores econômicos, o espaço para tratamento, a vazão do efluente, entre outros. 4.4. Processos de tratamento Figura 1: Processos de tratamentos Fonte: CIMM, 2004 13 4.5. Exemplos de efluentes industriais 4.5.1. Industria Sucroalcooleira A relação da indústria alcooleira com o plantio de cana-de-açúcar está intimamente ligada ao Brasil desde o período do seu descobrimento. A grande área territorial e os diversos tipos de clima evidenciados em nosso país facilitam a cultura de diversos tipos de matéria prima, entre elas, a cana-de-açúcar. A indústria de etanol visa, principalmente, à utilização da cana-de-açúcar como combustível. Com o avanço do petróleo, entretanto, a produção de álcool foi se tornando cada vez menos prioritária. O início dos conflitos mundiais e os sucessivos aumentos de preço do barril de petróleo, por sua vez, incentivaram a criação do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL), em novembro de 1975, o qual foi responsável pelo desenvolvimento do setor. 4.5.1.1. Efluente da Industria Sucroalcooleira A vinhaça é um resíduo proveniente da produção do etanol, junto com o bagaço e a palha, é altamente poluidor. É considerada um resíduo classe IIA: não inertes, porque contém substâncias solubilizadas que ultrapassam a concentração máxima permitida e para cada litro de etanol, é gerado aproximadamente 15 litros de vinhaça. No geral, é composta por 93% de água e 7% sólidos, que correspondem a 75% de compostos orgânicos e biodegradáveis e 25% de compostos minerais. Tem como principais componentes orgânicos: glicerol, ácidos lático, etanol, ácido acético, frutose, glicose, sacarose, galactose, acetato, oxalatos e citratos e principais componentes inorgânicos: potássio, enxofre, cálcio, nitrogênio, fósforo e magnésio. Apresenta valor de DBO: 16000 mg.L-1, extremamente alto quando comparado com outros efluentes industriais, baixo pH (aproximadamente 4,3) e alta corrosividade (não só pelo valor do pH, mas também por ser gerada em altíssimas temperaturas durante a produção do etanol. Também possui pequenas quantidades de metal pesado, que são utilizados no cultivo da cana de açúcar, mas dentro do valor aceitável, sem representar (mais) riscos. Quando descartadas em sistemas aquáticos, dificultam a penetração solar, pela coloração escura e turbidez. A Portaria n° 322, publicada em novembro de 1978, proíbe o lançamento direto/indireto da vinhaça, em qualquer coleção hídrica. Também obriga que as industrias sucroalcooleiras apresentem projetos de sistemas que utilizem a vinhaça e águas residuais ou sistemas de tratamento desse resíduo. 14 4.5.1.2. Tratamento do efluente O tratamento de efluentes da indústria sucroalcooleira pode ser dividido em duas etapas principais: Tratamento Preliminar: esta etapa visa ao recolhimento do bagaço de cana residual da extração que possa se encontrar no efluente. Ela é composta, geralmente por etapas: gradeamento, desarenador e calha Parshall. Tratamento Biológico: nesta etapa, o efluente líquido recebe tratamentos anaeróbio e aeróbio com a utilização de microrganismos visando à degradação da matéria orgânica, diminuindo a carga orgânica e se tornando viável o lançamento do efluente no corpo receptor. Compõem esta fase do tratamento a equalização e os tratamentos anaeróbio e aeróbio. Figura 2: Fluxograma do tratamento 4.5.2. Industria TextilDentro da indústria têxtil, o que mais preocupa os ambientalistas é a etapa de tingimento, por fazer uso de diversos produtos químicos durante o processo. Entre eles, os corantes sintéticos. O primeiro corante sintético foi a malveína, descoberta pelo químico inglês William H. Perkin, dando origem à essa indústria com diferentes cores e tonalidades e substituindo os corantes de origem natural utilizados antes (derivados de insetos, vegetais, moluscos, entre outros). 15 Eles são classificados como poluentes emergentes, junto com outras substâncias químicas que não possuem programas de monitoramento, nem legislação em relação a qualidade ambiental, mas estão cada dia mais presentes no meio ambiente pelo homem. 4.5.2.1. Tipos de corantes Corantes Solubilidade Química presente Ácidos Solúveis1 pelo menos um grupo sulfônico (– so3 - ) Azoicos insolúveis em água 2 pelo menos um grupo azo (–n=n–) Branqueadores grupos azometino (–n=ch–) ou etilênico (–ch=ch–) ligados a anéis aromáticos. A cuba insolúveis em água 3 pelo menos dois grupos aromáticos. Diretos solúveis em água pelo menos duas cadeias azo, interagindo entre si pela força de van der waals. Dispersivos insolúveis em água4 não possuem nenhum grupo azo. De enxofre insolúveis em água grupos de polisulfetos (–sn - ). Pré-metalizados íons metálicos. 1: possuem afinidade com a fibra celulósica do tecido. 2: a fibra é impregnada com agentes de acoplagem para a fixagem do corante. 3: a fibra é aplicada com ditionito em solução alcalina para a fixagem do corante. 4: aplicados através de suspensão. Por conta de toda essa química envolvida, a maioria dos corantes são de difícil degradação, permanecendo no meio ambiente por muito tempo e prejudicando a fauna e a flora. Ao serem descartados incorretamente, em rios, mares e lagos, eles impedem que a luz solar entre nas camadas mais profundas, prejudicando a fotossíntese e a qualidade da água (há a diminuição da solubilidade de oxigênio). O problema fica ainda maior quando a degradação não é completa, pois geram subprodutos tóxicos tanto para o homem, quanto para os organismos aquáticos. 16 4.5.2.2. Tratamento do efluente A maioria das técnicas de tratamento de efluentes não é 100% eficaz nesses casos, e geralmente necessita da combinação de mais de um tipo de tratamento. Entre as opções físicas, químicas e biológicas, os tratamentos biológicos são os que tem se mostrado com maior custo- benefício, pois possuem além do menor custo, uma alta eficiência e pouca geração de subprodutos e poluição secundária. Biológicos: Biorremediação: uso de microrganismos que transformam substâncias químicas tóxicas, em substâncias menos nocivas, utilizando a biotransformação por enzimas de diversos microrganismos para o processo de degradação. Químicos: Oxidação eletroquímica: utiliza o elétron como reagente, não é poluente e é muito eficaz, no entanto há um alto custo energético, não sendo utilizado em escalas industriais Ozonização: faz a oxidação de diversos compostos orgânicos, eliminando poluentes orgânicos por adição eletrofílica, ou de formas indiretas (reações radicalares). Físicos: Adsorção: é uma técnica físico-química que possui diversos pontos positivos, entre eles: a não necessidade de grandes áreas físicas, o baixo investimento financeiro, o curto período de tratamento e a não geração de substâncias nocivas após o tratamento. Além da possibilidade de reaproveitamento de um resíduo já existente como adsorvente. A remoção das moléculas específicas é feita por alguns tipos de interações, podendo ser tanto físicas, quanto químicas. As interações químicas são mais fortes em relação às físicas, resultando em um menor tempo e maior taxa de remoção. Quando há a formação de ligações covalente ou iônicas, o processo pode ser chamado de quimiossorção, e quando as ligações são físicas, como forças de Van der Waals, ligações de hidrogênio ou de dissulfeto, são chamadas de fisissorção. 17 Biodegradação: Um microrganismo presente no meio ambiente, transforma uma molécula química mais complexa em uma mais simples, utilizando-a como fonte de carbono para obtenção de energia. Degradação bacteriana: há uma etapa enzimática, que utiliza a quebra das ligações azo, pela enzima azoredutase (e um doador de eletrons). Não são todos os resíduos que podem ser clivados pelas enzimas bacterianas. Degradação fúngica: podem degradar ou mineralizar, as substâncias que as bactérias não podem, há a produção de um conjunto de enzimas intra e extra celulares (são enzimas lignolíticas). 18 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desse trabalho foi apresentar processos de recuperação como uma alternativa viável para destinação final de resíduos industriais, demonstrando que ao utilizar-se de conceitos e métodos coerentes com o processo conseguirá um resultado satisfatório. Devido ao crescimento populacional contínuo e com a evolução das industrias com o passar dos anos, ascendeu-se a discussão sobre a problemática e demasiada produção de efluentes industriais e seu posterior descarte, muitas vezes incorreto. Avaliando esses aspectos, a sociedade necessita buscar soluções ambientalmente apropriadas e satisfatórias para a destinação correta e possível reaproveitamento desses materiais inservíveis. O lançamento inadequado de efluentes de diferentes fontes impacta nas características do solo e da água, podendo poluir ou contaminar o meio ambiente. A poluição se dá quando esses efluentes modificam o aspecto estético, a composição ou a forma do meio físico. Já a contaminação acontece quando há a mínima ameaça à saúde de pessoas, animais e plantas. As consequências vão desde prejuízos alarmantes para mananciais, desequilíbrio do ecossistema aquático, até a poluição da atmosfera por gases tóxicos, que se refletem no meio ambiente e na população. Além disso, a política pública é lesada por ter custos elevados com a recuperação das áreas degradadas quando não repassadas aos responsáveis pela ação danosa. Isso sem contar as águas contaminadas, que podem causar graves doenças, como hepatites, cólera, diarréia e levar até mesmo à morte. Com isso, destaca-se a importância da conscientização das industrias, sendo um passo necessário para a obtenção de tais resíduos que posteriormente serão destinados ao processo de recuperação que mais se adeque a necessidade do responsável pelo resíduo, onde deve ser analisado as características físico-químicas dos materiais, avaliando assim em que segmento o ele pode ser utilizado. 19 6. REFERENCIAS CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL MECANICA. Efluentes Industriais. [S. l.], [2015?]. Disponível em: https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/3669-efluentes-industriais. Acesso em: 19 nov. 2021. LIMA, Diego Roberto Sousa. Microcontaminantes emergentes – o que são, as fontes, a legislação e os tratamentos. [S. l.], [2019?]. Disponível em: https://oakenergia.com.br/blog/microcontaminantes-emergentes-tipos-fontes-e-tratamento/. Acesso em: 19 nov. 2021. CONSEQ. Efluentes: quais são os principais tipos? [S. l.], [2019?]. 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Disponível em: https://www.tratamentodeagua.com.br/wp- content/uploads/2017/06/tratamento-de-efluentes-rs.pdf. Acesso em: 18 nov. 2021.
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