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Indaial – 2019 Políticas de informação Profª. Daniella Camara Pizarro 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Profª. Daniella Camara Pizarro Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: P695p Pizarro, Daniella Camara Políticas de informação. / Daniella Camara Pizarro. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 180 p.; il. ISBN 978-85-515-0401-7 1. Políticas públicas de informação. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 020 III aPresentação Prezado acadêmico, seja bem-vindo! É uma satisfação estar aqui para refletirmos sobre este importante elemento curricular de sua formação acadêmica e profissional. Este livro didático, direcionado à disciplina de “Políticas de Informação”, pretende proporcionar a você conhecimentos obrigatórios presentes na ementa desta referida disciplina. Para facilitar nossa caminhada, vamos trabalhar esses conteúdos reagrupados e inter-relacionados de forma coerente em três unidades. Na Unidade 1, vamos compreender o que significa o desenvolvimento de coleções, bem como refletir algumas questões: por que, para quem, onde e como desenvolvemos coleções. E, por fim, compreender a finalidade da Política de Formação e Desenvolvimento de Coleções. Na Unidade 2, vamos estudar os aspectos sociais, políticos e análise de políticas públicas, seguido da contextualização de políticas públicas culturais. Na Unidade 3, abordaremos as políticas públicas de informação no cenário nacional, as políticas públicas do livro, leitura e bibliotecas no país. E, por fim, as políticas públicas relacionadas às minorias sociais, como, por exemplo, os idosos e as populações de origem africana. Sugerimos a leitura atenta de cada unidade deste livro didático, bem como após cada leitura, exercite seus conhecimentos por intermédio das respostas das autoatividades. Estas foram preparadas visando auxiliar você a reforçar e fixar seu aprendizado nesta disciplina. É importante lembrar que devemos ter uma boa gestão do tempo de estudo na qual possamos praticar uma leitura atenta, calma e que possamos nos concentrar nas reflexões aqui propostas. Desejamos um ótimo estudo e que este material possa contribuir para a sua formação e para sua prática futura como bibliotecário! Tudo de bom! Profª. Daniella Camara Pizarro IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento. Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO ..........................................................1 TÓPICO 1 – O CONCEITO DE POLÍTICA DA INFORMAÇÃO ....................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 O QUE SÃO POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO? ...............................................................................3 2.1 TIPOS DE POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO .................................................................................7 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................10 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................11 TÓPICO 2 – PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO ..............................................13 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................13 2 ABORDAGENS SOBRE AS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................14 2.1 O ESTADO INFORMACIONAL E A POLÍTICA DE INFORMAÇÃO ....................................16 2.2 O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E A INFORMAÇÃO COMO DIREITO UNIVERSAL DE TODO CIDADÃO .....................................................................................................................18 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................22 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................24 TÓPICO 3 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO ................................................................................................................27 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................27 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO: O QUE SÃO? ......................................................27 3 POLÍTICA NACIONAL DE INFORMAÇÃO E OS CONCEITOS DE INFRAESTRUTURA DE INFORMAÇÃO E DA “SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .........30 4 POLÍTICAS PÚBLICAS, MICROPOLÍTICAS E O REGIME DE INFORMAÇÃO .................35 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................40 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................52 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................54 UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS: ASPECTOS SOCIAIS, ANALÍTICOS E CULTURAIS ...................................................................................................................57 TÓPICO 1 – ASPECTOS SOCIAIS, POLÍTICOS E DE ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS: DA ANÁLISE ATÉ OS MODELOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS .......59 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................592 POLÍTICAS PÚBLICAS E OS PAPÉIS DO GOVERNO E SEUS ATORES...............................60 3 ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................................63 4 MODELOS TEÓRICOS PARA COMPREENSÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ..................67 4.1 MODELO SEQUENCIAL OU DO CICLO POLÍTICO (POLICY CICLE) ................................67 sumário VIII 4.1.1 Metáfora dos fluxos múltiplos (Multiple Streams Framework) ...........................................69 4.1.2 Modelo do equilíbrio interrompido (Punctuated Equilibrium Theory) .............................73 4.1.3 Quadro teórico das coligações de causa ou de interesse (Advocacy Coalition Framework – ACF) ....................................................................................................................75 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................83 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................93 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................95 TÓPICO 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS CULTURAIS .........................................................................97 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................97 2 O QUE SÃO POLÍTICAS CULTURAIS? .........................................................................................97 3 POLÍTICAS PÚBLICAS CULTURAIS NO BRASIL ......................................................................99 4 PLANO NACIONAL DE CULTURA (PNC) ..................................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................105 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107 UNIDADE 3 – DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO NO CONTEXTO NACIONAL ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS DO LIVRO, DA LEITURA E PARA BIBLIOTECAS ............................................................................................109 TÓPICO 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO NO CENÁRIO NACIONAL.......111 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................111 2 GOVERNO ELETRÔNICO COMO UMA POLÍTICA PÚBLICA DE INFORMAÇÃO .......112 3 PROGRAMA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, O LIVRO VERDE E O LIVRO BRANCO ..............................................................................................................................................115 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................120 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................128 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130 TÓPICO 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS DO LIVRO, DA LEITURA E PARA BIBLIOTECAS NO BRASIL ......................................................................................................................133 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133 2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS BIBLIOTECAS NO BRASIL .............................................133 3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO: CONHECENDO A POLÍTICA NACIONAL DO LIVRO E O PLANO NACIONAL DO LIVRO E DA LEITURA (PNLL) .....138 3.1 EIXO 1 – DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO...........................................................................140 3.2 EIXO 2 – FOMENTO À LEITURA E À FORMAÇÃO DE MEDIADORES ...........................142 3.3 EIXO 3 – VALORIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA LEITURA E INCREMENTO DO SEU VALOR SIMBÓLICO ............................................................................................................143 3.4 EIXO 4 - DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DO LIVRO..............................................145 3.5 POLÍTICA NACIONAL DE LEITURA E ESCRITA (PNLE) ...................................................146 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................149 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................150 TÓPICO 3 – POLÍTICAS PÚBLICAS, MINORIAS E MOVIMENTOS SOCIAIS: CONHECENDO AS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS POLÍTICAS INFORMACIONAIS VOLTADAS A ESSE PÚBLICO ...........................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 POLÍTÍCAS PÚBLICAS PARA AS PESSOAS IDOSAS: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................................................154 IX 2.1 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO ...........................................................................................158 2.2 ESTATUTO DO IDOSO .................................................................................................................160 2.3 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA .....................................................160 2.4 PENSANDO O IDOSO E O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO (TICs) ..............................................................................................................161 3 POLÍTICAS PÚBLICAS PELA PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL: MOVIMENTOS SOCIAIS NEGROS E A INFLUÊNCIA EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO NEGRA .....................................................................................................163 3.1. SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE (SEPPIR) E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA POPULAÇÃO NEGRA E QUILOMBOLA .............................................................................................................................165 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................167 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................169 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................171 X 1 UNIDADE 1 POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os aspectos conceituais e tipologias das políticas de informação; • entender o panorama histórico das políticas de informação; • aprender sobre a legislação que promove o acesso à informação e à cultura; • compreender a sociedade da informação e sua relação com as políticas públicas de informação. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer desta unidade, você irá encontrar autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo estudado. TÓPICO 1 – O CONCEITO DE POLÍTICA DA INFORMAÇÃO TÓPICO 2 – PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO TÓPICO 3 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O CONCEITO DE POLÍTICA DA INFORMAÇÃO 1 INTRODUÇÃO A informação é fundamental na vida de qualquer ser humano. Quando iniciamos a leitura de um livro, de um artigo, de letreiros em outdoors ou em propagandas na televisão estamos obtendo informações que poderão ser úteis para a transformação de nossas vidas nos mais diferentes contextos, tais como educacional, profissional, político, econômico etc. Com a chegada da internet, diariamente somos bombardeados com informações que, em sua maioria, não são relevantes para o nosso dia a dia. No entanto, é um direito do cidadão que o uso da internet permita o acesso às informações. Entre os tipos de informações que os sujeitos possuem estão as informações governamentais, por exemplo, que permitem o acompanhamento e controle das ações do Estado e também sobre os gastos e investimentos. As políticas de informação permitem que as pessoas tenham acesso às informações governamentais, assim como a algumas informações que envolvem organizações, instituições e demais órgãos controlados pela administração pública. Neste tópico, será apresentado o conceito de política da informação, além das suas características, história, legislação e sua relação dentro da sociedade da informação, biblioteconomia e ciência da informação. 2 O QUE SÃO POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO? Considerada uma das formas mais antigas de governança, a política de informação tem sofrido diversas mudanças a partir das sucessivas alterações passadas pelo Estado, principalmente, após a década de 1990. Desde o período de 1960, tomou-se consciência da rapidez das mudanças ocorridas entre o espaço, tempo e fronteiras, assim como, dos processos decisórios (PINHEIRO, 2011). A UNESCO, na década de 1950, incentivou a formação dos centros nacionais de informação, aqueles que, posteriormente, passaram a ter a função de definir o que seriam políticas de informação e de estabelecer os sistemas de informação específicos de cada país (PELUFÊ; SILVA, 2004). UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 4 A implementação de políticas de informação tem sido um desafio em diversos países para que estes possam ingressar e participar efetivamente da chamada Sociedade da Informação (FERREIRA; SANTOS; MACHADO, 2012). Conforme a filósofa Maria Nélida González de Gómez (2003), a Sociedade da Informação se convencionou tendo como base o aporte teórico da filosofia da linguagem. Nesse sentido, a linguagem e a natureza comunicativa da humanidade perpassam todos os âmbitos do agir e do fazer, assim como das esferas das relações de poder. Ao se pensar a concepção de política como a definição do bem comum, é necessário pensar no cuidado com a comunicação, já que esta é carregada de conteúdos informacionais e deve conduzir os indivíduos a alcançarem sua condição humana em todas as possibilidades coletivas de dignidade e de felicidade (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2003). Para se compreender o que são políticas de informação, é necessário o entendimento dos conceitos de política e informação de forma separada. Política é definida como “o estabelecimento, por parte de um país, estado, município, organização, comunidade ou grupo, de estratégias e diretrizes de atuação com uma visão macroeconômica” (LLARENA; PINHO; NÓBREGA, 2013, s.p.). A política pode ser entendida como arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados. Toda política precisa de um plano ou planejamento, definidos como “componentes da política nacional de desenvolvimento das nações, esta que pressupõe a concepção de um modelo global de desenvolvimento” (LLARENA; PINHO; NÓBREGA, 2013, s.p.). Sobre o processo de criação de políticas, leis, normas ou regras, este possui seu início com uma “demanda de institucionalização de uma determinada atividade ou problema, e, além de um conhecimento técnico para a resolução de problemas, é primordial a criação de significado, além da concordância da solução encontrada entre os atores envolvidos” (BASTOS, 2013, p. 20). Quanto à informação, esta é uma força constitutiva na sociedade e pode ser definida como um fenômeno humano e derivado das interações sociais, situada entre o conhecimento e as comunicações (RIBEIRO, 2004). Farias e Vital (2007, s. p.) lembram que “por denotar poder e ser um elemento essencial em todos os processos organizacionais, a informação nunca é neutra, e nem todas as pessoas têm interesse que ‘tudo’ circule nos diferentes setores”. Para compreender mais sobre o conceito de informação, acesse o vídeo “O pensamento vivo da informação”, com Armando Malheiro. DICAS TÓPICO 1 | O CONCEITO DE POLÍTICA DA INFORMAÇÃO 5 FONTE: <https://youtu.be/b_tA5SL--8A>. Acesso em: 30 set. 2019. Conforme o seu histórico evolutivo, as políticas de informação têm levado os Estados a promoverem os avanços científico e tecnológico (DUTRA; CORRÊA; RUAS, 2013). A política de informação aponta a agenda proveniente da tomada de decisão que envolve os atores políticos e sociais, as instituições e seus processos informacionais (COELHO, 2019). Foi a partir dos anos 1950, com o crescimento de alguns Estados do Ocidente, que começou a construção de políticas de informação com o objetivo de produzir os avanços científico e tecnológico sob incentivo dos Estados. Estes passaram a promover a importância da ciência e da tecnologia (C & T) como elementos de modernização da estrutura produtiva, conforme afirma Pinheiro (2011; 2012). O início do uso do conceito começou na área governamental como uma política de Estado e o termo foi criado no pós II Guerra Mundial enquanto um “implemento para as áreas de ciência e tecnologia militar” (DUTRA; CORRÊA; RUAS, 2013, p. 24). Ainda com relação ao conceito, Choo (2011, p. 314) define as políticas de informação como procedimentos operacionais das próprias organizações, assim, são vistas como: regras que especificam o sistema de comunicação que dirige e delimita o fluxo e o uso da informação. Em particular, essas regras definem as características da informação que entra na organização, distribuição e condensação da informação recebida, a distribuição e condensação da informação gerada internamente e as características da informação que devem sair da organização. Para Davenport (1998, p. 52), a política de informação é um componente crítico que “envolve o poder proporcionado pela informação e as responsabilidades da direção em seu gerenciamento e uso”. Enquanto isso, González de Gómez (1999, p. 11) considera que as políticas de informação são “um conjunto de práticas UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 6 e ações encaminhadas à manutenção, reprodução, mudança e reformulação de um regime de informação, no espaço local ou global”. Quanto à abordagem sobre o estudo da política de informação, Braman (2006, p. 9) afirma que este: [...] deve começar com a questão o que é informação. Não há uma resposta fácil [...]. Os debates sobre o direito comercial internacional, por exemplo, são consistentemente marcados por diferenças entre aqueles que veem fluxos de informações internacionais, como filmes, programas de televisão e filmes, e aqueles que veem esses meios de comunicação como potentes forças culturais. Já em 1980, Garcia afirmou que uma política no campo da informação científica ou tecnológica indica que há princípios sobre o que é desejável e realizável para um país em termos de: produção, transparência e acesso à informação. Assim, por um lado, há uma idealização, por outro, objetivos de atuação e de transformação da realidade numa determinada direção. A operacionalização de uma política inicia-se com a tradução dos princípios de transformação da realidade, através do detalhamento e da delimitação do campo de ação, seguindo-se a formulação de metas, ou seja, dos resultados concretos a serem obtidos dentro de um prazo determinado, visando à implementaçãoda (s) política (s) e das diretrizes (GARCIA, 1980, p. 5). Ficou com dúvidas ainda sobre as políticas de informação? Veja este vídeo disponibilizado pela Profa. Bárbara Coelho intitulado “O que é política de informação”, no qual entrevista as especialistas em Política de Informação, Dra. Terezinha Elisabeth da Silva (Câmara dos Deputados) e Dra. Joana Coeli Garcia (UFPB), no Enancib em Salvador. DICAS FONTE: <https://youtu.be/4urX9CmMVUg>. Acesso em: 17 jun. 2019. TÓPICO 1 | O CONCEITO DE POLÍTICA DA INFORMAÇÃO 7 2.1 TIPOS DE POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO A informação possui um caráter público, material e social da informação desde o início dos tempos. Para os estudos da informação, há a importante tarefa de buscar “conciliar estudos sobre o fenômeno da informação em nosso tempo com estudos das práticas sociais e públicas, das realidades políticas, da economia e da cultura” (FROHMANN, 2006, p. 1). As organizações (bibliotecas, unidades de informação, empresas, instituições, universidades etc.) diariamente são influenciadas pela informação e a cada momento a informação está sob ação do poder, da política e da economia. Dessa forma, o olhar consciente e sistemático para as políticas de informação de dentro de uma organização – seja ela privada ou governamental – é um elemento natural e inevitável para o aperfeiçoamento do uso de sistemas de informação e do conhecimento (DAVENPORT, 1998). Entre os fatores que levam à escolha de determinada política de informação para uma organização estão: o tamanho, o seu ramo de atividade, a estrutura da organização, e essencialmente, quem faz as escolhas e as consequências à organização (DAVENPORT, 1998). Conforme Davenport (1998), existem diversos modelos viáveis para governar a informação em uma instituição, entre eles, destacam-se quatro modelos: o federalismo, feudalismo, monarquia e anarquia. Cada um desses modelos pode ser adequado para um determinado tipo de organização, e formam “a evolução do controle local em contraposição ao controle centralizado do ambiente informacional” (DAVENPORT, 1998, p. 91-92). FIGURA 1 – A EVOLUÇÃO DO CONTROLE DA INFORMAÇÃO Monarquia Federalismo Feudalismo Anarquia Maior controle Central Menor controle Central FONTE: <https://ppgic.files.wordpress.com/2018/07/davenport-t-h-2002.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2019. Davenport (1998, p. 92 apud FARIAS; VITAL, 2007, s.p.) teve os cinco tipos de política da informação sintetizados da seguinte forma: UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 8 Utópico tecnocrático – a forte abordagem técnica como solução para todos os problemas. Enfoca fortemente a modelagem e categorização da informação e está sempre atenta a novas tecnologias de software e de hardware. A política utópica tecnocrática dá mais ênfase à tecnologia que à informação, tecnologia é um suporte que torna possíveis a circulação, armazenamento e disseminação da informação com maior eficácia, com importância indiscutível no processo de gestão da informação. Porém, aliadas à tecnologia, a qualidade, a confiabilidade e a precisão da informação são elementos fundamentais, definidores do ‘sucesso’ da gestão e algumas vezes são negligenciados na política. Anárquico – inexistência de qualquer política de gerenciamento de informação. Os indivíduos determinam seus próprios sistemas de informações e a forma de gerenciamento. A política anárquica não seria exatamente uma política, mas sim a falta dela. Davenport (1998) diz que esse tipo de política é frequente em locais onde os funcionários trabalham essencialmente com conhecimento, como cientistas, consultores, programadores. Cada um cria seu ‘sistema de informação’. Em empresas menores, a situação também é frequente, e possível pelo fato de o presidente ou diretor ter conhecimento e domínio sobre todos os processos, correndo o risco de, na falta do diretor, o caos ser instaurado. Feudalista – o gerenciamento da informação por unidades ou funções individuais, que definem suas próprias necessidades de informações, reportando somente parte das informações para a organização. A política feudalista dificulta ou impede a disseminação da informação na organização como um todo. Sabendo-se que a maior parte da informação que uma empresa necessita encontra-se dentro dela mesma, esse tipo de política cria sérios entraves ao fomento e compartilhamento de informações entre os diferentes pares. O feudalismo não leva em consideração o contexto mais amplo, delimitando-se aos problemas informacionais do setor. Monárquico – o gerenciamento da informação é ditado pelo líder da organização que define o sistema de informações e o nível de acesso dos demais componentes da organização. A política monárquica apresenta características similares à feudalista, sendo que o poder de decisão sobre as informações, fontes que irão circular pela organização, encontra-se centrado em uma pessoa. Federalista – o gerenciamento da informação é feito com a participação de todos os elementos da organização, poucas decisões centralizadas. O objetivo é que a política seja determinada como resultado do consenso. Há uma certa autonomia dos diferentes setores, porém, o objetivo final é sempre compartilhado por todos os membros e as decisões são discutidas com toda a organização. Para Farias e Vital (2007), esses diferentes tipos de políticas de informação trazem vantagens e desvantagens, além de sofrerem com a influência do contexto no qual estão inseridos. Dessa forma, para as autoras, o profissional da informação deve realizar o diagnóstico para saber qual é a política de informação que predomina na organização para trabalhar os seus pontos fortes e fracos de forma a democratizar o acesso, a disseminação e o uso da informação. TÓPICO 1 | O CONCEITO DE POLÍTICA DA INFORMAÇÃO 9 Deve haver uma mudança na cultura da organização e das novas tecnologias via gerenciamento da política de informação (DAVENPORT; ECCLES; PRUSAK, 1992 apud FARIAS; VITAL, 2007). O gerenciamento da política, apoiado por todos os gerentes da organização e tendo a informação como um elemento fundamental para o sucesso, é algo que deve ser focado nos ambientes das organizações. Os próprios tomadores de decisão dentro de uma organização devem identificar suas necessidades de informação e buscar supri-las de forma a obter o conhecimento necessário para a resolução dos seus problemas do cotidiano profissional junto aos contextos políticos e econômicos da sociedade (FARIAS; VITAL, 2007). Para conhecer um exemplo de política da informação, recomenda-se a leitura da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde, com elaboração em 2016 pelo Ministério da Saúde. DICAS FONTE: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_infor_ informatica_saude_2016.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2019. 10 Neste tópico, você aprendeu que: • A política de informação é uma das formas mais antigas de governança. • A UNESCO incentivou a formação de centros nacionais de informação, os quais definiriam o que são políticas de informação e quais os sistemas de informação de cada país. • Um dos desafios encontra-se na implementação de políticas de informação, pois sem elas os países estariam fora do que se convencionou chamar de Sociedade da informação. • As políticas de informação não podem ser compreendidas sem antes compreender o que são políticas e o que é informação. • Por conta da política de informação, os países têm investido na promoção da ciência e da tecnologia. Foi nos Estados do Ocidente que começou a construção de políticas para os avanços científico e tecnológico. • Existem diversos conceitos de políticas de informação. O conceito de Choo (2011) afirma que políticas de informação são regras que especificam o sistema de comunicação que dirige e delimita o fluxo e o uso da informação. • Os cinco tipos de política de informação são: utópico-tecnocrático, feudalista, monárquico, anárquicoe federalista. • O profissional da informação deve fazer o diagnóstico da organização para saber qual política de informação melhor se encaixa. RESUMO DO TÓPICO 1 11 1 Considerando o tópico estudado, responda com verdadeiro (V) ou falso (F) para as seguintes sentenças: a) ( ) As políticas de informação são desnecessárias à gestão das organizações. b) ( ) Os diferentes tipos de política sofrem com a influência do contexto e das especificidades que caracterizam cada organização. c) ( ) O profissional da informação precisa realizar um estudo de comunidade dentro da organização, buscando compreender os pontos fortes e fracos, assim como as melhores formas de democratizar o uso e o acesso à informação. d) ( ) O gerenciamento das políticas da informação não necessita do apoio dos gerentes da organização, pois há a informação como elemento para o sucesso. e) ( ) Uma política no campo da informação científica ou tecnológica indica que há princípios sobre o que é desejável e realizável para um país em termos de: produção, transparência e acesso à informação, além da sua estrutura, recursos de informação e necessidades informacionais de seus usuários (GARCIA, 1980). 2 Identifique qual é o propósito/objetivo da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde – PNIIS, disponibilizada como leitura complementar do Tópico 1 desta unidade. I. Promover o uso inovador, criativo e transformador da tecnologia da informação, melhorando os processos de trabalho em saúde e, assim, resultando em um Sistema Nacional de Informação em Saúde (SNIS) articulado e que produza informações para os cidadãos, a gestão, a prática profissional, a geração de conhecimento e o controle social, garantindo ganhos de eficiência e qualidade mensuráveis através da ampliação de acesso, equidade, integralidade e humanização dos serviços de saúde, contribuindo, dessa forma, para a melhoria da situação de saúde da população. II. Identificar as necessidades informacionais, o mapeamento dos fluxos formais (conhecimento explícito) de informação nos diferentes ambientes da organização, até a coleta, filtragem, análise, organização, armazenagem e disseminação, objetivando apoiar o desenvolvimento das atividades cotidianas e a tomada de decisão no ambiente corporativo. III. Uma ação que promoverá a conquista da “cidadania digital” e contribuirá para uma sociedade mais igualitária, com a expectativa da inclusão social. IV. Levantar algumas referências da abordagem cognitiva de análise de políticas públicas para a compreensão da constituição da educação básica do campo, um referencial que integra, na atualidade, a política educacional brasileira. V. Direcionar, para escolas rurais com turmas multisseriadas, a instauração de uma nova prática pedagógica, buscando promover a melhoria da qualidade do ensino fundamental. AUTOATIVIDADE 12 Conforme os itens descritos, marque a resposta CORRETA: a) ( ) As questões I e II estão corretas. b) ( ) Somente a questão I está correta. c) ( ) As questões I, II e III estão corretas. d) ( ) As questões IV e V estão corretas. e) ( ) As questões II, III e IV estão corretas. f) ( ) Somente a questões IV está correta. g) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 3 Conforme Davenport (1998), existem cinco tipos de políticas de informação. Entre os tipos, encontra-se a política anárquica, que se refere: a) ( ) À ênfase ligada à tecnologia. Tecnologia é um suporte que torna possíveis a circulação, armazenamento e disseminação da informação com maior eficácia, com importância indiscutível no processo de gestão da informação. b) ( ) À inexistência de qualquer política de gerenciamento de informação. Os indivíduos determinam seus próprios sistemas de informações e a forma de gerenciamento. A política não seria exatamente uma política, mas sim a falta dela. c) ( ) Ao gerenciamento da informação por unidades ou funções individuais. Estas definem suas próprias necessidades de informações, reportando somente parte das informações para a organização. d) ( ) À apresentação de características similares à feudalista, sendo que o poder de decisão sobre as informações, fontes que irão circular pela organização encontra-se centrado em uma pessoa. e) ( ) Ao objetivo que a política seja determinada como resultado do consenso. Há uma certa autonomia dos diferentes setores, porém, o objetivo final é sempre compartilhado por todos os membros e as decisões são discutidas com toda a organização. 4 Para González de Gómez (1999, p. 11), as políticas de informação são “um conjunto de práticas e ações encaminhadas à manutenção, reprodução, mudança e reformulação de um regime de informação, no espaço local ou global”. A partir da leitura deste tópico, elabore um conceito de políticas de informação para a sua organização. 5 Como foi percebido ao longo do Tópico 1, existem desafios para a implementação de políticas de informação. Qual é o principal deles? a) ( ) Planos e planejamento. b) ( ) Filosofia da linguagem. c) ( ) Concepção política. d) ( ) Sociedade da informação. e) ( ) Fenômenos humanos e sociais. 13 TÓPICO 2 PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No contexto da sociedade da informação, as mudanças mundiais demarcadas fortemente pelos paradigmas técnicos, econômicos e das tecnologias da informação têm incentivado a competitividade entre Estados. A informação é poder, e o estabelecimento de uma sociedade da informação permeada pelo poder do controle da informação e do capital se tornou o principal objetivo daqueles que desejam ser considerados países de primeiro mundo. Embora se tenha como afirmativa de que estamos na sociedade da informação, é preciso compreender que sociedades como a brasileira ainda não levam a informação para todo e qualquer cidadão. Comunidades carentes, ribeirinhas, indígenas, carcerárias, entre outras, ainda estão longe de possuírem o acesso às informações que, de fato, tragam mudanças efetivas para suas vidas. Mesmo que diuturnamente se tenha contato com uma gama de informações, a maioria daquilo que se recebe não é relevante para a transformação de sujeitos pertencentes a determinadas classes sociais, econômicas, de cor, religião, sexualidade ou cultura. Como profissionais da informação e bibliotecários, deve-se refletir sobre o papel da informação, seu acesso e uso pelas populações que compõem a sociedade brasileira. Dessa forma, neste tópico, será apresentada a informação como um direito universal a partir das declarações de direitos humanos e da Constituição Federal Brasileira. Neste tópico, você estudará as políticas da informação e as contribuições da Ciência da Informação para a discussão desse campo, bem como sobre o conceito de estado informacional, estabelecido por Sandra Braman e as legislações de promoção de acesso à informação. UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 14 2 ABORDAGENS SOBRE AS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO As sociedades têm criado historicamente seus próprios parâmetros para institucionalizar as informações que produzem buscando que estas sejam mais ou menos dependentes da ação do Estado (LIMA; MALIN, 2011). Em diferentes países, “o conflito que tem se estabelecido para os diferentes Estados é o de pertencimento ou não à sociedade que rebatiza o mundo com uma nova era” (AUN, 2000, p. 1). Os Estados estão buscando reestruturar suas políticas de informação e as substituindo por programas de curto prazo como solução de emergência à participação neste ambiente. González de Gómez é uma das epistemólogas da Ciência da Informação a enfatizar que “a política de informação emerge como tema e domínio relativamente autônomo, em nível nacional e internacional, no cenário do pós- guerra, associada às políticas de ciência e tecnologia” (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002, p. 27). A ligação entre a informação e apolítica encontra-se estabelecida pela inclusão da informação na esfera de intervenção do Estado (País), em especial, no que se refere à dimensão de racionalidade administrativa, onde a informação torna-se um dos fatores estratégicos do desenvolvimento científico-tecnológico (SILVA; PINHEIRO, 2011). A Ciência da Informação tem discutido sobre política de informação, embora ainda precise de maior aprofundamento em seus aspectos teóricos e contextuais, como elencam os autores Frohmann (1995), McClure e Jaeger (2008) e Silva e Pinheiro (2011). Especificamente sobre o conceito de política de informação, Aun (2000) e Silva e Pinheiro (2011) apontam que ainda existem na literatura algumas dificuldades quanto aos aspectos semânticos e conceituais entre os termos política, planos, programas, diretrizes, regras que levam à confusão sobre a utilização adequada dos termos. Como mudança, a sociedade contemporânea passa a possuir uma nova configuração e a dar uma nova dimensão à política da informação. Outra questão levantada na literatura refere-se à confusão semântica e conceitual que há entre os termos política, planos, programas, regras e diretrizes, como resultado de uma mudança nas formas de gestão dos Estados a partir do processo neoliberal. Essa nova configuração da sociedade contemporânea modifica a “face da informação” e o seu contexto social se transfigura, dando nova dimensão à política de informação (SILVA; PINHEIRO, 2011). As transformações ocorridas na sociedade fazem com que ocorra um deslocamento dos discursos sobre as políticas de informação dando um lugar de neutralidade. No entanto, não se pode esquecer que as políticas são os resultados das relações de poder e, portanto, a neutralidade não existiria na política visto que “onde há poder, o poder se exerce, mesmo que não se consiga determinar a titularidade desse poder”, conforme aponta Foucault (1989) citado por Silva e Pinheiro (2011, p. 1631). TÓPICO 2 | PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO 15 A Ciência da Informação originalmente se preocupou com a geração, o armazenamento e a disseminação da informação para seu uso de forma efetiva vinculada a campos temáticos da ciência e tecnologia. Posteriormente, trouxe seu olhar para os movimentos da globalização e seu impacto na comunicação e transferência da informação, conduzindo “a um estado de tensão na distribuição de informação de valor agregado ou de mercado e as informações de bem público e de livre acesso” (AUN, 1997, p. 1). Entre as questões a serem definidas nas políticas de informação, encontram-se a dosagem, as prioridades e valores da informação, assim como a duplicidade entre o acesso e o limite, o direito público e o privado. Frohmann (1995) aborda a política pública como área da pesquisa dentro da Ciência da Informação. Para o autor, existiram muitos debates sobre o tema, não havia sinais de que as políticas de informação tenham sido implementadas. O tema da política da informação possui um leque de problemas devido às diferentes concepções trazidas, tornando o tema complexo (FROHMANN, 1995). Dentro das limitações sobre o tema política de informação dentro da Ciência da Informação, o autor destaca: • a interpretação da questão da política de informação sob o foco da produção documental governamental, ou seja, a política do governo para os documentos do governo; • a restrição do foco da pesquisa em política de informação diante dos problemas de produção, organização e disseminação das informações científica e tecnológica; • o foco epistemológico estreito da Ciência da Informação sobre política de informação; • o caráter instrumental da pesquisa, com ênfase nas maximizações técnica e gerencial do fluxo da informação (ênfase para a implementação de tecnologias, aprimoramento da comunicação entre departamentos no âmbito da administração pública, aumento do acesso aos documentos governamentais) e; • a ausência de ênfase na relação entre informação e poder (FROHMANN, 1995, s.p.). Na evolução do tema política da informação, a conexão entre tecnologia e seus papéis humano e social vinculados à preocupação com as políticas de informação e o privilégio dado a determinados campos conceituais e teóricos passaram a ser o foco de pesquisas da área a partir da década de 1970 (AUN, 1997). O tema política de informação, na opinião de Silva e Pinheiro (2011), tem que ser refletivo e verificado sobre a necessidade de atualização conceitual. Também é importante compreender que a sociedade da década atual é diferente daquela de 1970 e 1980, período quando as pesquisas e produções sobre política de informação dentro da Ciência da Informação começaram a ser evidenciadas. “Intensas transformações afetaram profundamente a sociedade nessas [...] décadas, modificando também a maneira como pensamos, agimos e trabalhamos as questões da informação” (SILVA; PINHEIRO, 2011, p. 1627). Dentro do Estado Brasileiro, as atividades informacionais sempre estiveram ligadas à figura gestora do país. Com relação aos novos modos de UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 16 institucionalização e de disseminação da informação, estes têm sido criados tanto no contexto nacional como internacional, um resultado dos esforços organizados e mobilizados pela sociedade civil na sua relação com o Estado (LIMA; MALIN, 2011). Na década de 1980, o quadro institucional começou a incorporar de forma mais explícita uma nova organização, parceria e mediadora envolvendo os movimentos sociais e de organizações da sociedade civil, tais como as Organizações Não Governamentais (ONGs) (LIMA; MALIN, 2011). O governo brasileiro buscou introduzir-se na chamada Sociedade da Informação a partir do ano de 1996, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, programa que foi lançado em dezembro de 1999 e coordenado pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia. 2.1 O ESTADO INFORMACIONAL E A POLÍTICA DE INFORMAÇÃO O Estado informacional se refere a uma “fase da evolução humana em que o poder informacional é fator decisivo para os Estados, em seus processos de disputa e controle” (PINHEIRO, 2011, p. 1487). De forma emergente, o “poder informacional permeia os meios clássicos de poder estatal: instrumental, estrutural e simbólico, constituindo-se como um quarto instrumento” (PINHEIRO, 2011, p. 1487). Para Braman (2006), o Estado sabe muito mais sobre indivíduos do que os indivíduos sobre o Estado. Com o advento da democracia representativa, o conhecimento individual sobre as atividades e processos realizados pelos governos e também o conhecimento sobre os próprios cidadãos se tornaram algo que muitos buscam apreender para repartir os recursos e a representação. As exigências informativas do Estado acabaram por aumentar, buscando conhecer os indivíduos, grupos e comunidades que seriam utilizadores de suas políticas. Nas décadas após o estabelecimento de agências reguladoras e de programas de redes de segurança, as leis e os regulamentos foram também criados para aumentar a simetria entre o conhecimento do cidadão sobre o Estado e do Estado sobre o cidadão (BRAMAN, 2006). No entanto, Braman (2006) afirma que nunca houve de fato uma simetria absoluta ou a completa transparência, pois a necessidade de proteção da segurança nacional manteve em sigilo as informações críticas sobre o governo e as leis de privacidade buscam proteger algumas informações e pessoas do governo. Com o estado informacional, no entanto, aumenta a capacidade estatal de reunir e processar informações sobre seus cidadãos. Em contrapartida, a capacidade de o cidadão aprender o que o governo tem realizado, investido, TÓPICO 2 | PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO 17 decidido ou exterminado tem diminuído. Isso tem acontecido, pois o uso das técnicas de vigilância sobre o indivíduo tem aumentado (BRAMAN, 2006). Atualmente, se forem analisadas as mídias sociais comofacebook, instagram, twitter e demais redes sociais, percebe-se que as informações pessoais se encontram cada vez menos sigilosas e a privacidade ameaçada. Para utilizar uma mídia social como o facebook, por exemplo, é preciso cadastrar seus dados pessoais e assinar os termos de privacidade dessas redes. Os aplicativos em smartphones, jogos on-line e demais produtos e serviços como a internet banking coletam informações dos seus clientes e depois as comercializam para empresas e prestadores de serviços. FIGURA 2 - PÁGINA INICIAL DE CADASTRO NO FACEBOOK E A RELAÇÃO DE DADOS SOLICITADOS FONTE: <https://www.facebook.com/>. Acesso em: 17 jun. 2019. No que se refere ao Estado, observa-se que há uma demanda da sociedade para que o Estado aumente a sua transparência. Entre as informações governamentais que mais causam interesse nos cidadãos estão as informações legislativas e as informações que embasam a construção de políticas públicas. Estas são necessárias para a implementação de ações que promovam a igualdade de direitos e o pleno exercício da cidadania dos cidadãos a partir do acesso à informação sobre o tema (CERÓN; LIMA, 2013). Entretanto, há uma precariedade da organização da informação governamental, conforme afirmam Ceron e Lima (2013), e isso afeta a eficácia das formulações de políticas públicas de informação, que deixam de levar em consideração os requisitos necessários de informação para a formulação e suporte. UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 18 2.2 O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E A INFORMAÇÃO COMO DIREITO UNIVERSAL DE TODO CIDADÃO A informação é construtora da cidadania. A cidadania é observada como um conjunto de conquistas que perpassam as questões políticas, civis e sociais e está contextualizada a diversos acontecimentos resultantes da ação dos sujeitos de nossa sociedade. No entanto, quando se analisa o que é repassado à sociedade no que se refere à informação, percebe-se que o repasse está aquém do que é necessário para mudanças efetivas da sociedade (PELUFÊ; SILVA, 2004). O conceito de cidadania presume a participação do indivíduo na sociedade, sendo que seu exercício se dará de maneira mais efetiva e consciente se ele possuir embasamento crítico acerca dos acontecimentos político-sociais (PELUFÊ; SILVA, 2004). Ao se refletir sobre a informação, deve-se buscar entender quais os instrumentos normativos a indicam como um direito humano. Comecemos, então, com a Declaração dos Direitos Humanos – anteriormente intitulada de Universal dos Direitos do Homem – aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 10 de dezembro de 1948, um dos primeiros documentos criados em prol da atribuição dos direitos e deveres das pessoas (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, [1948] 2009). Em seu artigo 19, a Declaração infere que “todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, [1948] 2009, s.p., grifo nosso). Desse aspecto, pode-se entender que é a partir do acesso à informação que surgirá uma conscientização crítica sobre a realidade, pois, pelo intercâmbio de informações, os sujeitos sociais se comunicam, tomam conhecimento de seus deveres e direitos e também tomam decisões sobre suas vidas em todos os níveis (educacional, profissional, coletivo, individual, econômico etc.) (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, [1948] 2009). Após essa Assembleia Geral da ONU, foi solicitado aos países-membros que os mesmos publicassem o texto da Declaração para que ele fosse disseminado, lido e explicado, em especial nas escolas e demais instituições educacionais, sem distinção política ou econômica dos Países ou Estados (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, [1948] 2009). Quarenta anos após, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, artigo 5º, inciso XIV, passa a ser “assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional” (BRASIL, 1988, s.p., grifo nosso). Ainda no artigo 5º, no inciso XXXIII, a Constituição afirma que: TÓPICO 2 | PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO 19 todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988, s.p., grifo nosso). Sobre o item, a Constituição traz um regulamento identificado pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que vigora para os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do Ministério Público, além das autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista, empresas públicas e demais entidades que sejam direta ou indiretamente controladas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL, 2011). Conhecida desde sua implementação como Lei de Acesso à Informação, a lei e seus procedimentos buscam assegurar ao cidadão o direito fundamental de acesso à informação. A Lei traz ainda as diretrizes para que seja executada: I- observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II- divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; III- utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV- fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V- desenvolvimento do controle social da administração pública (BRASIL, 2011, s.p.). Com relação aos conceitos, a Lei aborda os conceitos de: a) Informação: refere-se a dados, processados ou não, contidos em determinado meio, suporte ou formato, que podem ser usados para produção e transmissão de conhecimento; b) Documento: refere-se à unidade de registro de informações em quaisquer formatos ou suportes; c) Informação sigilosa: refere-se àquela informação submetida de forma temporária para restrição de acesso público em razão de ser imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; d) Informação pessoal: refere-se à informação relacionada à pessoa natural identificada ou identificável; e) Tratamento da informação: refere-se ao conjunto de ações relacionadas à produção, recepção, classificação, acesso, uso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informação; f) Disponibilidade: a qualidade da informação que pode ser usada e conhecida pelos indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados; g) Autenticidade: refere-se à qualidade da informação produzida, expedida, recebida ou modificada por determinada pessoa, equipamento ou sistema; UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 20 h) Integridade: refere-se à qualidade da informação não modificada, incluindo a sua origem, trânsito e destinação; i) Primariedade: relaciona-se à qualidade da informação que foi coletada na fonte, com o máximo de detalhes possíveis, sem nenhuma modificação (BRASIL, 2011). Com relação ao acesso à informação e à divulgação, a Lei infere que cabe aos órgãos e às entidades do poder público o seguinte: a) A gestão transparente da informação, de forma a propiciar o amplo acesso à mesma e a sua divulgação; b) A proteção da informação, de forma a garantir a sua disponibilidade, autenticidade e integridade; c) A proteção das informações sigilosas e da informação pessoal, observadas a disponibilidade, autenticidade, integridade e a restrição ao acesso (BRASIL, 2011). Entre os direitos observados, encontra-se o direito da obtenção à: a) Orientação quanto aos procedimentos para a consecução de acesso, assim como a localização da informação parasua obtenção e uso; b) Informação contida em registros ou documentos que tenham sido produzidos ou acumulados por órgãos ou entidades, recolhidos ou não aos arquivos públicos; c) Informação que tenha sido criada ou custodiada por pessoa física ou alguma entidade privada decorrente de vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo não exista mais; d) Informação primária, íntegra, autêntica e atual; e) Informação referente às atividades exercidas por órgãos e entidades, incluindo aquelas relativas à política, organização e serviços; f) Informação relacionada à administração do patrimônio público, utilização de recursos de ordem pública, licitação de contratos administrativos; g) Informação relativa à implementação, acompanhamento e resultados de projetos, programas e ações de órgãos e entidades públicas, além de metas e indicadores. Ainda, informações relativas ao resultado de auditorias, prestações e tomadas de contas, inspeções feitas por órgãos de controles interno e externo, inclusive prestações de contas relativas a exercícios anteriores. Com relação às informações que não são compreendidas pelas Lei de acesso à informação, estão aquelas que fazem parte de projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos onde o sigilo é necessário para a segurança da sociedade e do país. TÓPICO 2 | PANORAMA DAS POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO 21 Sobre as informações parcialmente sigilosas, a lei afirma que está assegurado ao cidadão o acesso à parte não sigilosa por intermédio de certidão, extrato ou cópia com as partes sob sigilo ocultadas do documento apresentado. Como podemos observar, a Lei de acesso à informação tem propiciado ao cidadão a oportunidade de obter maior controle sobre as informações públicas. Assim, consegue participar dos processos de tomada de decisão de forma mais crítica e exigir ações do Estado, assim como o monitoramento para ações de combate à corrupção (FERREIRA; SANTOS; MACHADO, 2012). Acesse o site da Organização das Nações Unidas (ONU) e leia na íntegra a Declaração Universal: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. DICAS 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • As sociedades têm criado historicamente seus próprios parâmetros para institucionalizar as informações que produzem buscando que estas sejam mais ou menos dependentes da ação do Estado. • Os Estados estão buscando reestruturar suas políticas de informação e as substituindo por programas de curto prazo como solução de emergência. • A política de informação emerge como tema e domínio relativamente autônomo, em nível nacional e internacional, no cenário do pós-guerra, associada às políticas de ciência e tecnologia. • A Ciência da Informação tem discutido sobre política de informação, embora ainda precise de maior aprofundamento em seus aspectos teóricos e contextuais, como elencam os autores Frohmann (1995), McClure e Jaeger (2008) e Silva e Pinheiro (2011). • A sociedade contemporânea passa a possuir uma nova configuração e a dar uma nova dimensão à política da informação. • As transformações ocorridas na sociedade fazem com que ocorra um deslocamento dos discursos sobre as políticas de informação. • Frohmann (1995) aborda a política pública como área da pesquisa dentro da Ciência da Informação. Para o autor, existiram muitos debates sobre o tema, não havia sinais de que as políticas de informação tenham sido implementadas. Considera que o tema política da informação possui um leque de problemas devido às diferentes concepções trazidas. • Para Frohmann (1995), existem limitações do tema política de informação dentro da CI. • Na evolução do tema política da informação, a conexão entre tecnologia e seus papéis humano e social vinculados à preocupação com as políticas de informação e o privilégio dado a determinados campos conceituais e teóricos passaram a ser o foco de pesquisas da área a partir da década de 1970. • Dentro do Estado Brasileiro, as atividades informacionais sempre estiveram ligadas à figura gestora do país. 23 • O Estado informacional se refere a uma “fase da evolução humana em que o poder informacional é fator decisivo para os Estados, em seus processos de disputa e controle”. • Para Braman (2006), o Estado sabe muito mais sobre indivíduos do que os indivíduos sobre o Estado. • Com o estado informacional, no entanto, aumenta a capacidade estatal de reunir e processar informações sobre seus cidadãos. Em contrapartida, a capacidade de o cidadão aprender sobre o que o governo tem realizado, investido, decidido ou exterminado tem diminuído. • Há uma demanda da sociedade para que o Estado aumente a sua transparência. • Entre as informações governamentais que mais causam interesse nos cidadãos, estão as informações legislativas e as informações que embasam a construção de políticas públicas. 24 1 Conforme o material estudado, identifique quais as limitações elencadas por Frohmann sobre o tema da política de informação na Ciência da Informação. I. A interpretação da questão da política de informação sob o foco da produção documental governamental, ou seja, como política do governo para os documentos do governo; II. A restrição do foco da pesquisa em política de informação diante dos problemas de produção, organização e disseminação das informações científica e tecnológica; III. O foco epistemológico estreito da Ciência da Informação sobre política de informação; IV. O caráter instrumental da pesquisa, com ênfase na maximização técnica e gerencial do fluxo da informação (ênfase para a implementação de tecnologias, aprimoramento da comunicação entre departamentos no âmbito da administração pública, aumento do acesso aos documentos governamentais) e; V. A ausência de ênfase na relação entre informação e poder. Após a leitura das sentenças, marque a resposta correta: a) ( ) As respostas I e II estão corretas. b) ( ) As respostas III e IV estão corretas. c) ( ) As respostas I, II e III estão corretas. d) ( ) As respostas III, IV e V estão corretas. e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 2 Leia a sentença a seguir: Nas décadas após o estabelecimento de agências reguladoras e de programas de redes de segurança, as leis e os regulamentos foram também criados para aumentar a simetria entre o conhecimento do cidadão sobre o Estado e do Estado sobre o cidadão (BRAMAN, 2006). Para Braman (2006), nunca houve de fato uma simetria absoluta ou a completa transparência, visto que: a) ( ) O comportamento informacional se refere ao modo como os indivíduos lidam com a informação, o que inclui a busca, o uso, a alteração, a troca e o acúmulo. b) ( ) A necessidade de proteção da segurança nacional manteve em sigilo as informações críticas sobre o governo e as leis de privacidade buscam proteger algumas informações pessoais do governo. c) ( ) É necessário entender que mudar a maneira como as pessoas usam a informação e construir uma cultura informacional são desafios da gestão da informação nas organizações. AUTOATIVIDADE 25 d) ( ) A necessidade de formação e capacitação continuada dos recursos humanos para o uso adequado dessas ferramentas e para o desenvolvimento das potencialidades das aplicações em prol das atividades desempenhadas pelo Centro de Pesquisa. e) ( ) Uma organização processa a informação para dar sentido a seu ambiente, para criar novos conhecimentos e para tomar decisões. 3 Conforme a Lei de Acesso à informação, existe um tipo de informação que se refere àquela informação submetida de forma temporária à restrição de acesso público em razão de ser imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Marque a resposta em que aparece a qual tipo de informação o conceito se refere: a) ( ) Informação pessoal. b) ( ) Informação sigilosa. c) ( ) Informação primária. d) ( ) Informação de organizações não-governamentais. e) ( ) Informação relacionada ao patrimônio público. 4A lei de acesso à informação aborda as informações que não são contempladas por sua implementação. Quais tipos de informação são excluídos da referida lei? 5 Conforme a Lei de Acesso à informação, quais os conceitos de autenticidade, integridade e primariedade? 26 27 TÓPICO 3 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A sociedade da informação tem sido discutida desde o final do século XX, início do século XXI. Tal termo foi criado para tentar explicar de uma forma mais fácil sobre constituição da sociedade pós-industrial e do paradigma técnico- econômico (WERTHEIN, 2000). Dentro das transformações que fazem parte da sociedade da informação está a constituição de sociedades menos industrializadas e onde o paradigma da tecnologia da informação e da comunicação está presente nas transformações existentes dentro das sociedades. Dentro deste contexto da sociedade da informação, a informação é a matéria-prima, na qual as tecnologias penetram e afetam as atividades humanas (tanto individual ou coletivas) sob o predomínio da sociedade em rede (CASTELLS, 2000; WERTHEIN, 2000). Atrelado ao desenvolvimento da sociedade da informação, encontram-se as ações realizadas pelo governo que se destinam a resolver obstáculos presentes dentro dos setores (saúde, educação, economia etc.) daquele país. Tais ações são as conhecidas políticas públicas, criadas pelos governos em forma de atividades que são elaboradas visando agir e influenciar na vida dos cidadãos. Neste tópico será apresentado o conceito de políticas públicas, além das políticas públicas de informação, alguns tipos de políticas públicas no contexto da gestão da informação, assim como, uma breve contextualização sobre políticas nacionais de informação, os conceitos de “infraestrutura de informação” e da “sociedade da informação”. 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO: O QUE SÃO? As políticas públicas de informação têm sido estudadas dentro da Ciência da Informação juntamente com os esforços para a compreensão do papel do Estado e suas implicações na sociedade atual. Dessa forma, o estudo das políticas públicas tem buscado observar qual a lógica existente entre o Estado e a Sociedade, identificando as relações existentes entre seus atores e compreendendo as dinâmicas da ação pública (JARDIM; SILVA; NHARRELUGA, 2009). 28 UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO Para saber um pouco mais sobre o conceito de política pública, acesse e leia o Diccionario Crítico de Ciencias Sociales. DICAS As políticas públicas são compreendidas como o “Estado em ação” e, conforme Muller e Surel (2004, p. 11), a ação do Estado pode ser considerada como o lugar privilegiado em que as sociedades modernas, enquanto sociedades complexas, vão colocar o problema crucial de sua relação com o mundo através da construção de paradigmas ou referenciais, sendo que o conjunto de matrizes cognitivas e normativas intelectuais determina, ao mesmo tempo, os instrumentos graças aos quais as sociedades agem sobre elas mesmas. Quanto ao conceito, este encontra-se entre os interesses e as metas políticas e burocráticas, mas não necessariamente de forma congruente, manifestando-se como algo além do aparato governamental. Dessa forma, a política de informação se expressa para além do campo formal das leis e dos regulamentos, incluindo práticas e ações informacionais de determinados contextos em que se integram sujeitos, instituições e interesses, cujas manifestações nem sempre são reveladas por mecanismos formais (SILVA, 2011; PEREIRA; SILVA, 2015; BARCELOS; PEREIRA; SILVA, 2017). FONTE: FERRI DURÁ, J. Políticas públicas. In: REYES, R. Diccionario crítico de ciencias sociales. 2004. Disponível em: http://www.ucm.es/info/eurotheo/diccionario. Acesso em: 1° out. 2019. TÓPICO 3 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 29 Dessa forma, assim como as “políticas públicas são desenvolvidas para serem implementadas em contextos específicos de informação, as políticas de informação também dependem dos diversos segmentos e contextos comunitários para se desenvolverem no cotidiano das pessoas” (PEREIRA; SILVA, 2015, p. 7-8). Desse modo, as políticas de informação são elaboradas e direcionadas com o intuito de atender às demandas, suprir as necessidades e atender às exigências das comunidades. Portanto, encontram-se além do que o aparato governamental engloba. De fato, pelo caráter público dessas políticas, há a multiplicação de seu desempenho e a inter-relação com o governo e a sociedade (PEREIRA; SILVA, 2015). Entre os tipos de Políticas Públicas de Educação no contexto da gestão da informação, podemos citar como exemplos: a) Sistema Integrado de Gestão Educacional (SIGE): o sistema é o de gerenciamento de informações da Secretaria de Educação do Estado do Ceará- SEDUC. Desenvolvido em parceria com o CETREDE da Universidade Federal do Ceará, objetiva a otimização e modernização dos processos administrativos e de compartilhamento e integração de informações entre as instituições de ensino e a SEDUC (PEREIRA; SILVA, 2015). FIGURA 3 – SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO EDUCACIONAL FONTE: <https://docs.google.com/file/d/0B6WATAW0l5S9alM0OXEzcVQ5aWs/edit>. Acesso em: 17 jun. 2019. 30 UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO b) Sistema de Acompanhamento das Ações do Paic (SAAP): é um sistema informatizado de gerenciamento de informações desenvolvido visando à coleta de informações para o município poder entender a sua rede escolar, direcionar e acompanhar as ações de gestão e das práticas educacionais do Programa de Alfabetização na Idade Certa – PAIC (PEREIRA; SILVA, 2015). c) Plano de Ações Articuladas (PAR): o planejamento multidimensional da política de educação colocou à disposição dos municípios, estados e do Distrito Federal, instrumentos para avaliação e de implementação de políticas de melhoria da qualidade da educação, em especial da educação básica pública (BRASIL, 2007). Desse modo, o PAR “apresenta o detalhamento das ações e subações selecionadas por cada estado ou município” (BRASIL, 2007, s.p.) e é coordenado pelas secretarias municipais e estaduais de educação, contando com a participação de gestores, de professores e da comunidade local em seu processo de elaboração (PEREIRA; SILVA, 2015). FIGURA 4 – PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR) FONTE: <https://www.fnde.gov.br/images/headers/par-1240-247.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2019. Para aprender mais sobre o Plano de Ações Articuladas (PAR) do Ministério da Educação, visite o Relatório Público disponibilizado no site: http://simec.mec.gov.br/cte/ relatoriopublico/principal.php. DICAS 3 POLÍTICA NACIONAL DE INFORMAÇÃO E OS CONCEITOS DE INFRAESTRUTURA DE INFORMAÇÃO E DA “SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Política e informação se relacionam, dentro do escopo e abrangência do paradigma de soberania da atualidade, por uma duplicada referência ao Estado e a uma constituição de comunicação flexível e desigual. A partir da década de 1950, essa relação começa a ser explicitada em programas de governos e de políticas públicas. Entre os fatos que demarcaram a construção do campo das políticas de TÓPICO 3 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 31 informação, encontra-se o “Weinberg Report” (U.S. President’s Science and Advisory Commitee, 1963) dos EUA – que define o escopo e a abrangência de uma política de informação - além das agendas internacionais da ONU para a Educação, Cultura e Ciência (UNESCO). Com suas ações, o objetivo era o estabelecimento de um programa intergovernamental e cooperativo visando à promoção e otimização do acesso e do uso da informação. Dessa forma, objetivava-se a superação de lacunas científicas e informacionais entre os mais diversos países de diferentes graus de desenvolvimento (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002). Com a organização da definiçãoda política de informação, haveria o Estado como agente privilegiado de sua elaboração e implantação, e a ciência e a tecnologia estariam sob o seu domínio. Além disso, a convicção do papel da informação no desenvolvimento de um mundo moderno não se mostrou eficaz para a formulação de estruturas institucionais, informação científico-tecnológica e em parâmetros tecnológicos e organizacionais (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002). O que acontece de fato é que os sistemas nacionais de informação científica e tecnológica não conseguem ser expressos em um domínio que seja estável e transparente dentro de instituições, pautas como agendas de elaboração de políticas públicas. Isso acontece porque a informação é objeto de políticas tácitas e indiretas, ou porque o escopo e a abrangência dessas políticas, quando colocados juntos ao grande volume de políticas públicas, são deslocados, reformulados ou realocados conforme as prioridades dadas pela conjuntura e que estão em constante mudança (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002). No final da década de 1970, começou a construção de um cenário com a unificação das novas tecnologias da informação e da comunicação, denominadas TICs. Passaram a ser utilizados recursos diferenciados, assim como diferentes abordagens para o estudo das relações entre as TICs e as transformações culturais nos processos de trabalho, nas práticas e nos modelos de gestão (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002). Assim, deu-se a passagem para o que para alguns chamou-se de mudança revolucionária nos modos de produzir, e para outros concretizou a ruptura na passagem de uma sociedade industrial para uma pós-industrial (BELL, 1976 apud GONZÁLEZ DE GOMÉS, 2002). Para outros, tratou-se de uma ruptura estabelecida na passagem de uma sociedade focada no modo fordista para um modo pós-fordista de produção. Esses novos arranjos relacionados ao Estado encontram-se expressos pelos intelectuais Manuel Castells (1999) e Bruno Latour (2000) ao utilizarem o conceito de rede para a sua representação. Para Castells, o Estado-rede representa uma nova fórmula político- institucional, caracterizada pela redistribuição de competências e recursos de coordenação entre distintos atores, jurisdições e níveis institucionais e organizacionais governamentais e não- governamentais, compondo os processos decisórios contemporâneos. As novas tecnologias de comunicação e informação forneceriam 32 UNIDADE 1 | POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, PANORAMA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO os meios para manter ativas as relações entre os agentes e as instituições envolvidos nas novas cadeias decisionais e acionais, com diversas modalidades de complexidade e extensão: locais, regionais, transnacionais (CASTELLS, 1999; JESSOP, 1998). Sem entrar neste momento na discussão dos grandes quadros teóricos ou históricos, interessa-nos resgatar enunciados e acontecimentos mais específicos que contribuam para o reconhecimento do estatuto atual da relação entre política e informação (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002, p. 29). No final da década de 1970 que começaram a se desenvolver atividades econômicas com a principal função de produção, processamento ou distribuição da informação. Isso acontecia de forma diferente daquelas atividades em que a informação era colocada como secundária ou subordinada à função principal, conforme afirma Porat (1977) citado por González de Goméz (2002). A partir disso, estabeleceu-se o que hoje se chama de quarto setor, que era um pouco mais autônomo que os sistemas anteriores e que afetou a economia como um todo. Assim, os discursos sobre os sistemas nacionais de informação científico- tecnológica enquanto algo do Estado passaram a ser substituídos por um discurso focado no econômico. González de Goméz (2002, p. 29) traz como exemplo: Zurkowski (1984), presidente da Associação das Indústrias da Informação, usa o conceito de ‘infoestrutura’ como uma composição dos termos ‘informação’ e ‘estrutura’ para designar “a miríade de elementos necessários para sustentação da sofisticada capacidade de manipulação da informação”. Ao mesmo tempo em que procura mapear essa “infoestrutura” em suas crescentes complexidade e expressão, Zurkowski se pergunta pelas possibilidades de integração das tecnologias, dos mercados e dos diferentes segmentos das indústrias da informação como o caminho de sobrevivência e oportunidade de fortalecimento do setor, superando suas atuais segmentações, suas justaposições e conflitos, suas formas oportunistas e imprevisíveis de agregação e de expansão. A indústria da informação desde seu início busca a integração econômica no polo da produção. Assim, passaram a existir duas tendências: a primeira tendência indicava uma crescente importância e a autonomia nos campos econômicos, políticos e sociais dos fenômenos comunicacionais e informativos, onde os novos modelos tecnológicos e econômicos passam a ser estruturais e estruturantes das atividades sociais. A segunda “sustentando a constituição de um setor diferenciado das atividades, da indústria e dos mercados de informação, “o quarto setor”, diferenciado do setor de serviços” (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002, p. 30). No entanto, houve, ao que parece, uma interceptação do desenvolvimento da segunda tendência por parte da primeira, em que, segundo Maria Nélida Gonzaléz de Goméz (2002), os fenômenos, os processos e as atividades informacionais passaram a ser identificados como planos de construção das atividades e manifestações sociais, econômicas e culturais. Para a autora, isso se deve à sociedade da informação e à infraestrutura da informação. Há o que a autora chama de “deslocamento discursivo” no campo TÓPICO 3 | SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMAÇÃO 33 estratégico do Estado para o campo da economia, onde ocorre a passagem do modelo do ‘quarto setor’ à ‘infraestrutura de informação’, perpassando todas as atividades sociais. Assim, ocorre uma profunda alteração nos “cenários da informação e a reformulação dos agregados de atores políticos, econômicos e sociais que deveriam compor os novos arranjos organizacionais do domínio” (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002, p. 30). Castells esclarece o ponto principal dessa mudança ao inferir que: O termo sociedade da informação destaca o papel desta última na sociedade. Sustentarei, porém, que a informação, em seu sentido mais amplo, ou seja, como ‘comunicação do conhecimento’, tem sido fundamental em todas as sociedades, incluída a Europa medieval, que estava estruturada e em certa medida unificada em torno do escolasticismo, isto é, em conjunto, um marco intelectual... Em contraste, o termo informacional indica o atributo de uma forma específica de organização social na qual a geração, processamento e transmissão da informação convertem-se em fontes fundamentais da produtividade e do poder, devido às novas condições tecnológicas que surgem no período histórico (CASTELLS, 1997, p. 47 apud GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002, p. 30). Em 1994, um dos carros-chefes da política norte-americana do governo Clinton foi o programa da Global Information Infrastructure (GII), apresentado em 1994 na reunião Internacional Telecommunication Union naquele ano em Buenos Aires. Al Gore, vice-presidente dos Estados Unidos, consolidou, na reunião de apresentação, a associação entre infraestruturas e informação ao conceito de rede, mercado e globalização. A ruptura paradigmática ocorreu a partir do conceito de infraestrutura ser anexado juntamente com o termo informação. Infraestrutura é genericamente atribuída como um conjunto de instalações, recursos, meios que são requeridos para que uma atividade, organização ou sociedade funcione (GONZÁLEZ DE GOMÉZ, 2002). A infraestrutura de informação propõe-se como comunicacional e produtiva, nela acontece tanto a transmissão como a geração de valor. Liderando um modelo aberto e expansivo da “pax” globalizada, lançava-se uma convocatória de investimento nesse novo tipo de infraestrutura que, diferentemente das redes
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