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INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION Seção 4 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CONSTITUCIONAL 2 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION Diante da decisão do juiz de primeiro grau que julgou parcialmente procedente a ação com o afastamento das indenizações por danos morais, mas decidiu pela procedência da ação quanto aos danos materiais, você deverá demonstrar o inconformismo da parte contra a parte desfavorável dessa decisão No papel do advogado Josué, tomou todas as medidas judiciais cabíveis para atender às necessidades de suas clientes, elaborando a petição do chamado Recurso Inominado, para que os danos morais sejam indenizados na exata medida. Vamos conferir o espelho da peça elaborada? EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE TAUBATÉ/SP PRIORIDADE IDOSO1 1 Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. §1º O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo. Seção 4 DIREITO CONSTITUCIONAL Na prática! Questão de ordem! 3 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION RECORRENTE: MARIA E ANA. RECORRIDA: ZUMBI TELEFONIA. [5 linhas] MARIA, idosa, tradutora (documentos anexos), com endereço XXX, e sua filha, ANA, professora de ensino fundamental (documentos anexos), ambas representadas por seu advogado inscrito na OAB nº XXX, consoante procuração anexa, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência interpor o presente RECURSO INOMINADO, nos termos do art. 41 e seguintes da Lei nº 9.099/95, em razão do inconformismo contra a sentença proferida neste Juizado Especial Cível de Taubaté/SP, a fls. () dos presentes autos digitais, requerendo que seja este recebido com as razões anexas no Colégio Recursal Cível da 47ª CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA – TAUBATÉ. Recolheram as partes a guia de custas processuais recursais calculadas em 2% do valor da causa, conforme comprova o documento anexo. Nestes termos, pede deferimento. Local, data. _____________________________ JOSUÉ Número de inscrição na OAB §2º A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. §3º A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária. §4º Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis. §5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade especial aos maiores de oitenta anos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017). 4 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION RAZÕES DO RECURSO INOMINADO RECORRENTE: MARIA E ANA. RECORRIDA: ZUMBI TELEFONIA. ORIGEM: JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE TAUBATÉ/SP. Egrégia Turma do COLÉGIO RECURSAL DA COLÉGIO RECURSAL DA 47ª CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA – TAUBATÉ Trata-se o presente Recurso Inominado interposto pelas recorrentes Maria e Ana, representadas pelo advogado que esta subscreve (§2º do art. 41 da Lei nº 9.099/95), em razão do inconformismo contra a sentença de primeiro grau que julgou parcialmente procedente a demanda, afastando da condenação as reparações relativas ao dano moral sofrido pelas recorrentes por parte da empresa Zumbi Telefonia, ora recorrida. DAS CUSTAS DO PREPARO Recolheram as partes a guia de custas processuais recursais calculadas em 2% do valor da causa, conforme comprova o documento anexo. DA TEMPESTIVIDADE O presente recurso foi interposto tempestivamente, dentro do prazo de contados da ciência da sentença, nos moldes do art. 42 da Lei nº 9.099/95. DOS FATOS Conforme consta dos autos, a empresa Zumbi Telefonia causou diversas lesões aos direitos das partes autoras em sua relação de consumo, levando ao julgado na sentença de fls. () a confirmar a ocorrência de diversos danos materiais que serão indenizados. Por outro lado, equivocou-se o excelentíssimo magistrado de primeiro grau ao entender descabidos os pedidos de indenização por dano moral realizados na inicial, por 5 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION julgar que eles representam apenas mero aborrecimento às recorrentes, o que não condiz com a realidade trazida aos autos. Eis a decisão ora recorrida: “Por mais que a atitude da empresa ré fuja de qualquer tipo de razoabilidade justificável e agindo com evidente má-fé e desídia por parte dela, não há motivos para a condenação em danos morais pois que houve mero dissabor por parte das autoras, em vista que essas coisas infelizmente acontecem diariamente com essas empresas de telefonia”. Conforme ficou comprovado no curso do processo, a senhora Maria, de 76 anos, compareceu a uma loja da empresa Zumbi Telefonia, uma concessionária de telefonia fixa, telefonia móvel, internet banda larga e TV por assinatura, a única com esses serviços disponíveis em sua região, situada na cidade e comarca de Taubaté/SP, para adquirir um pacote de serviços de internet banda larga e televisão por assinatura. Após serem apresentados os produtos, o vendedor informou que somente poderiam ser contratados os serviços se fossem adquiridos, de forma conjunta, um aparelho celular pós-pago, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), e uma linha telefônica fixa, ambos com mensalidade de R$ 200,00 (duzentos reais), com vigência pelo prazo mínimo de 12 meses. Além disso, foi exigido que a sua filha, Ana, professora do ensino fundamental, que a acompanhava, assinasse o contrato em nome dela, pois foi dito que, em razão de sua idade avançada, haveria maior risco de morte durante o contrato, inclusive por ser grupo de risco da Covid-19, o que poderia trazer prejuízos à empresa Zumbi. Assim, apesar de o serviço ser prestado em sua residência e Maria ser a responsável pelo pagamento, somente a sua filha pode constar como contratante. Tendo em vista a extrema necessidade da internet para que pudesse prestar seus serviços de tradutora, Maria aceitou as exigências da empresa. Após a formalização do contrato, a empresa Zumbi informou haver o prazo de sete dias para instalação e que não poderia indicar uma data e um horário corretos, devendo a contratante aguardar em horário comercial a chegada de um funcionário credenciado. Somente após 11 dias, quatro a mais do que a data aprazada, os funcionários compareceram na residência de Maria. Após quebrarem duas paredes e estragarem o piso de sua sala, instalaram a internet e o telefone fixo, deixando de instalar a televisão a cabo por alegarem falta de estrutura. Contudo, foi informado a ela que tanto o atraso na instalação como esses prejuízos não seriam indenizados, em razão de haver no contrato uma cláusula retirando da empresa Zumbi qualquer responsabilidade, e que essa exclusão constante do contrato de adesão havia sido devidamente assinada pela filha contratante, Ana. 6 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION Dois meses após a contratação, o serviço de instalação ainda não foi concluído, mas as mensalidades dos serviços, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), foram cobradas,bem como o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), que foi debitado de sua conta de forma equivocada, pelo serviço de instalação, o qual, no contrato, constava como sendo absolutamente gratuito. Percebe-se facilmente que o que aconteceu com as recorrentes extrapola em muito o mero aborrecimento, causando grave lesão à esfera íntima de ambas as recorrentes e de forma ainda mais intensa na recorrente Maria, que foi tida como incapaz em relação à sua idade e ao maior risco de perecer em razão da Covid-19. A necessidade de comprovação desse sofrimento, apesar de não ter sido apontada pelo magistrado, se mostra absolutamente indevida, ocorrendo ipso facto, ou seja do próprio absurdo e abjeto modo de agir da empresa Zumbi. Indenização – Dano moral – Prova – Desnecessidade. "Não há falar em prova do dano moral, mas, sim, no provado fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato, impõe-se a condenação, sob pena de violação do art. 334 do Código de Processo Civil (753811220098260224 SP0075381- 12.2009.8.26.0224, Relator: Orlando Pistoresi, Data de Julgamento: 18/01/2012, 30ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/01/2012). Percebe-se que não se trata de mero dissabor experimentado por Maria, mas, sim, de dor e sofrimentos verdadeiros em ser tratada sem dignidade, a ser considerada incapaz em razão de sua idade. O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar de dano moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angustias no espírito de quem ela se dirige. Recurso especial não conhecido (STJ – 4º T- REsp. 403.919 – Rel. Cesar Asfor Rocha – j. 15.05.2003 – RSTJ 171/351). Evidente o cabimento do dano moral no presente caso, quando o causador do dano ultrapassa a esfera do razoável e ofende a dignidade da vítima com efetiva violação de sua integridade psíquica e moral, causando-lhe dor, sofrimento e humilhação que desborda a normalidade das relações sociais. Quando os limites do tolerável ou o repúdio causado pelo agir danoso extrapola os limites das relações cotidianas, não podemos tratar o assunto como mera frustração ou dissabor. Além disso, o fato de o magistrado admitir que empresas de telefonia causam esses sofrimentos de forma comum e rotineira somente comprova que a empresa Zumbi, de forma reiterada, extrapola em absoluto o limite do razoável, não havendo mero dissabor por parte 7 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION das recorrentes, mas, sim, um constante desrespeito à lei e aos consumidores por parte da recorrida. DO DIREITO Fez-se necessária, portanto, a reforma da decisão recorrida quanto aos danos morais, não havendo mero dissabor por parte das recorridas, mas verdadeira e grave lesão às suas dignidades, tornando obrigatória a aplicação da norma jurídica prestigiada no art. 186 do Código Civil – “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002, [s. p.]) – e no inciso VI do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor – “VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos” (BRASIL, 1990, [s. p.]). Além disso, é patente que a atitude da empresa recorrida feriu gravemente os direitos fundamentais previstos no Estatuto do Idoso, como o direito ao respeito, consistente na inviolabilidade da integridade psíquica e moral, abrangendo a preservação da identidade e da autonomia da recorrente Maria; também, no que tange ao descumprimento do dever de zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento discriminatório, desumano, vexatório ou constrangedor2. Como sanção ao descumprimento desse dever, além dos aspectos indenizatórios civis, a legislação prevê a tipificação penal, apontando a prática de crime nesse tratamento discriminatório: Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. (BRASIL, 2003, [s. p.], grifo nosso) Ora, se o próprio legislador compreende que essa discriminação perpetrada pela empresa recorrida é de tal maneira grave que merece ser tipificada como crime, como pode 2 “Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. [...] §2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. §3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor." (BRASIL, 2003, [s. p.]). 8 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION o magistrado considerar tal atitude como mero aborrecimento? Evidentemente, a resposta é um patente equívoco que deverá ser corrigido por Vossas Excelências, com a reforma da decisão. DO PEDIDO Diante do aqui exposto, requerem as autoras de Vossas Excelências que seja conhecido e provido o presente Recurso Inominado com reforma da sentença no que se refere aos danos morais, para que a empresa Zumbi Telefonia seja condenada a pagar indenização de danos morais, em razão da discriminação de idade da autora Maria, a ser arbitrada por Vossas Excelências, em valor não inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Nestes termos, pede deferimento. Local, data. ______________________ JOSUÉ Número de inscrição na OAB 1. O que são danos materiais? Danos materiais são aqueles que causam uma diminuição quantitativa e/ou qualitativa no patrimônio do lesado. 2. O que são danos morais? Danos morais são aqueles que não geram uma lesão aos bens materiais do lesado, mas acarretam dano à dignidade da vítima com a violação de sua integridade psíquica e moral, causando-lhe dor, sofrimento e humilhação que desborda a normalidade das relações sociais. 3. Os danos morais sempre foram previstos em nossa legislação? Resolução comentada 9 INFORMAÇÃO INTERNA – INTERNAL INFORMATION Não, apesar de a maioria da doutrina a admitir, foi somente com a Constituição de 1988 (incisos V e X do art. 5º) que ela foi prevista de forma geral para quaisquer relações jurídicas. Antes, somente a Lei de Imprensa trazia alguns parâmetros legislativos sobre o tema, e a jurisprudência pátria era muito refratária a essa espécie de indenização. 4. O que é dano moral indireto? Os danos morais diretos ocorrem quando a lesão recai especificamente sobre um direito imaterial, como a honra ou a dignidade, o bom nome. No dano indireto, há lesão a um bem ou interesse de natureza patrimonial, mas, de modo reflexo, produz um prejuízo a um bem de natureza extrapatrimonial, como ocorre em um desaparecimento de um bem de estima pessoal ou familiar, como a perda de um álbum de família, o qual é insubstituível. 5. As pessoas jurídicas podem sofrer danos morais? Sim, o Código Civil prevê a hipótese em seu art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade” (BRASIL, 2002, [s. p.]); e o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 227 com o seguinte teor: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” (BRASIL, 1999, [s. p.]). Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.Acesso em: 1º jun. 2021. BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 9 jun. 2021. BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm. Acesso em: 6 jun. 2021. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 9 jun. 2021. BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm. Acesso em: 9 jun. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm
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