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Formação em EaD: Fundamentos e Práticas da Educação a Distância Educação a Distância: conceitos, histórico, bases legais e políticas públicas Carla Busato Zandavalli AUTORA Carla Busato Zandavalli Campo Grande - MS 2020 Educação a Distância: conceitos, histórico, bases legais e políticas públicas Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ Reitor Marcelo Augusto Santos Turine Vice-Reitora Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo Obra aprovada pela Comissão Editorial da Secretaria Especial de Educação a Distância - SEAD/UFMS Parecer SEAD Nº 02/2020 Comissão Editorial: Daiani Damm Tonetto Riedner (Presidente da Comissão) Ana Karla Pereira Miranda | Antonio Pancracio de Souza | Hercules da Costa Sandim | Milene Bartolomei Silva | Stella Sanches Oliveira Silva Editora UFMS: Elizabete Aparecida Marques - DIEDU/AGECOM Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Marcos Paulo de Souza - DINOV/SEAD/UFMS Revisão linguística e ortográfica: Alcione Maria dos Santos Divisão da Editora UFMS - DIEDU/SECOM/UFMS Portão 14 - Estádio Morenão - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Fone: (67) 3345-7202 - Campo Grande - MS e-mail: diedu.secom@ufms.br Editora associada à Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Coordenadoria de Bibliotecas – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil) Zandavalli, Carla Busato. Educação a distância [recurso eletrônico] : conceitos, histórico, bases legais e políticas públicas / autora, Carla Busato Zandavalli. – Campo Grande, MS : Ed. UFMS, 2019. 1 arquivo. Disponível em formato PDF (47 p.) Bibliografía: p. 46-47. ISBN 978-65-990185-2-7 1. Ensino à distância. 2. Ensino à distância – Brasil. I. Título. CDD (23) 371.35 Bibliotecária responsável: Wanderlice da Silva Assis – CRB 1/1279 SUMÁRIO Sobre a Autora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 Unidade 1 Conceitos e Histórico da Educação a Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 Unidade 2 Bases da EaD no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Unidade 3 Políticas Públicas para a EaD no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Unidade 4 Os Processos de Avaliação, Regulação e Supervisão da EaD no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 CARLA BUSATO ZANDAVALLI Graduada em Pedagogia (FUCMT/1988) e em Educação Artística (UFMS/1988), Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior (FUCMT/1991), Mestra em Educação (UFMS/1997) e Doutora em Educação (UFMS/2009). Atua na formação de professores desde 1989, no nível médio e superior. É professora da UFMS, lotada na Faculdade de Educação. Atua em cursos de graduação, presenciais e a distância, e nos programas de Mestrado em Educação (CPTL) e Mestrado em Ensino de Ciências (INFI). Realiza pesquisas sobre Educação a Distância, Tecnologias aplicadas à Educação, Políticas Educacionais, Avaliação institucional, avaliação em larga escala e Formação de Professores. Acesse o currículo lattes da professora, no link: http://lattes.cnpq.br/4230860008910476 E-mail: carlabzandavalli@gmail.com APRESENTAÇÃO Nesse e-book você conhecerá os principais conceitos, as bases legais e o desenvolvimento da EaD no Brasil, bem como as políticas públicas propostas no país, após os anos 1990, para o desenvolvimento dessa modalida- de. Também serão abordados os aspectos de controle social da modalidade, exercidos pelo Estado brasileiro e seus entes federados, no âmbito da avaliação, regulação e supervisão. O foco será a educação superior, dados os objetivos desse curso de formação mais voltado para a oferta de disciplinas EaD, nos cursos de graduação presenciais. Os principais objetivos desse módulo visam oferecer condições para que o(a) cursista possa: a) Discutir os diferentes conceitos e perspectivas sobre a educação a distância, presentes na produção científica contemporânea; b) Analisar o processo histórico de construção da Educação a Distância no Brasil, seus condicionantes, principais limitações e avanços; c) Identificar as bases legais que regem a oferta de cursos na modalidade a distância no Brasil e a utiliza- ção da modalidade EaD nos cursos presenciais; d) Conhecer e analisar as principais políticas públicas desenvolvidas para a EaD no Brasil, nos anos 2000; e) Identificar como ocorrem os processos de avaliação, regulação e supervisão da Educação a Distância no Brasil e quais as consequências para instituições credenciadas e cursos. 6 CONCEITOS E HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIDADE 1 Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 8 Você sabe como a educação a distância é desenvolvida no Brasil? Quando começou a ser ofertada? Que tipos de práticas foram desenvolvidas? O que é EaD? Vamos começar pelos conceitos! A primeira certeza que se tem ao analisar a literatura da área é a de que a conceitu- ação de educação a distância é bastante diversa. Alves (2009) nos ajuda a entender essa diversidade de conceitos, compartilhando a percepção de vários autores sobre o assunto (Quadro 1). Procure, sem ler o texto a seguir, fazer anotações sobre o que é educação a distância para você. Pense nas experiências que já teve, nas representações presentes no meio social, nas redes e mídias sociais e, caso já possua interesse sobre o assunto, em artigos e textos da área que você já leu. Guarde sua resposta, que são seus conhecimentos prévios sobre o assunto, para confrontá-la com as informações a seguir. Procure ler com cuidado o Quadro 1, pegue suas anotações sobre os seus conhecimentos prévios sobre a EaD e busque aspectos comuns presentes nos conceitos, que permitem identificar características essenciais da educação a distância e depois, confronte o que você identificou com os aspectos a seguir. MÃOS À OBRA Quadro 1 – Conceitos de Educação a Distância Autor (a) Conceitos Dohmem (1967) Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo onde o aluno instrui-se a partir do material de estudo que lhe é apresentado, o acompanhamento e a supervi- são do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível através da aplicação de meios de comunicação, capazes de vencer longas distâncias. Peters (1973) Educação/ensino a distância é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especial- mente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais du- rarem. É uma forma industrializada de ensinare aprender. Moore (1973) Ensino a distância pode ser definido como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas à parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações con- tinuadas que podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outro. Holmberg (1977) O termo Educação a Distância esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imedia- ta supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A Educação a Distância beneficia-se do planejamento, direção e instrução da organização do ensino. Keegan (1991) O autor define a Educação a Distância como a separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial, comunicação de mão dupla, onde o estudante beneficia-se de um diálogo e da possibilidade de iniciativas de dupla via com possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização. Chaves (1999) A Educação a Distância, no sentido fundamental da expressão, é o ensino que ocorre quando o ensinante e o aprendente estão separados (no tempo ou no espaço). No sentido que a expressão assume hoje, enfatiza-se mais a distância no espaço e propõe-se que ela seja contornada através do uso de tecnologias de teleco- municação e de transmissão de dados, voz e imagens (incluindo dinâmicas, isto é, televisão ou vídeo). Não é preciso ressaltar que todas essas tecnologias, hoje, convergem para o computador. Brasil (2005) – De- creto nº 5.622/2005 Art. 1.º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Fonte: Alves (2009, p. 84-86); Brasil (2005). Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 9 Moran (2013) corrobora a ideia de que nesta modalidade a educação é efetivada através do intenso uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), mas acentua que na oferta dos cursos, ela pode vir acompanhada de momentos presenciais. Nesse sentido, vale destacar que para designar essa combinação híbrida, alguns utilizam a expressão “semipresencial”, mas vale o alerta de que ela não se constitui em uma modalidade de ensino. Aretio (1994, p. 12) acentua outro aspecto, o caráter massivo da EaD, indicando que: A educação a distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na sala de aula, de professor e aluno, como meio preferencial de en- sino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização de tutoria que propiciam a aprendizagem independente e flexível dos alunos. Observe que os autores, embora com conceitos diferentes sobre a EaD, apontam alguns aspectos em comum: a) a interatividade, ou seja, a mediação de professores com uso de tecnologias, que possibilita a realização do ensino e da aprendizagem, estando professores e alunos em tempos e lugares diferentes; b) a autonomia dos estudantes no processo de aprendizagem; c) a necessidade de organização e planejamento do ensino; d) a ausência de presencialidade, enquanto distância física entre professor(a) e alunos(as). A expressão “distância”, tanto na conceituação quanto nos sentidos atribuídos à EaD, é algo que toma uma configuração ne- gativa, como se os estudantes estivessem distantes dos professores e tutores ou abandonados à própria sorte. Moran (2013, p. 39, grifos do autor) também se posiciona sobre o tema: A palavra distância tem uma conotação pesada, prejudicial, que remete ao tempo do ensino por correspondência, quando os alunos recebiam o material pelo correio. Hoje como estamos multiconectados, é fácil e barato estudar, conversar e aprender na hora mais conveniente, de múltiplas formas. Por isso muitos preferem utilizar a expressão educação online ou também começa a utilizar-se a denominação educação sem distância (TORI, 2010). A educação a distância é hoje conceituada, no âmbito legal, por meio do art. 1º, do Decreto n.º 9.057, de 25 de maio de 2017, da seguinte forma: Art. 1º Para os fins deste Decreto, considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático- -pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comuni- cação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. (BRASIL, 2017a, p. 3, grifo nosso). Observa-se que em relação ao Decreto nº 5.622/2005, os acréscimos feitos no conceito salientam a necessidade de “pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros”, ou seja, percebeu-se no intervalo temporal de 2005 a 2017, e dada a substancial expansão da modalidade, que a EaD não pode ser uma adaptação Por falar em Moran, faça uma pausa para assistir um vídeo em que ele participa. Acesse o vídeo “O que é a Educação a distância”, produzido pela TV Escola, Programa Salto para o Futuro, um programa produzido pelo MEC, em 2000, no início da oferta de cursos na modalidade a distância no Brasil. Link para acessar o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Riwqmxnv7p4 HORA DO VÍDEO Nudson Realce Nudson Realce Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 10 simples do ensino presencial, mas requer conhecimentos específicos da modalidade, acompanhamento e avaliação que considerem suas peculiaridades. Vale ressaltar que as determinações legais, porém, por si só não garantem a sua efetividade, algo ainda a ser constituído em uma parcela de instituições que ofertam cursos a distância, pois ela ainda enfrenta muitas resistências mesmo com o incremento diário de tecnolo- gias ao ensino presencial. A oferta da Educação a Distância, disseminada e aceita na maior parte dos países industrializados, ganhou acentuadas críticas no Brasil, sendo considerada por alguns autores (GIOLO, 2008; BARRETO, 2010; HYPO- LITO, 2010), sinônimo de massificação e de ausência de qualidade, ideias também presentes no meio social em relação à EaD no Brasil. Oliveira (2008, p. 11) ao comentar o processo de desconfiança e desprestígio da EaD, considera que já há uma redução dos preconceitos em relação à essa modalidade e defende a percepção de que a qualidade não é definida pela modalidade de ensino, mas pela qualidade da proposta pedagógica: A introdução das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) na educação pode não represen- tar uma inovação pedagógica, pois a utilização de sofisticados recursos tecnológicos em velhas práticas educacionais não é garantia de uma nova educação. Assim sendo, o critério para analisar uma proposta de EAD parece não estar na mediação tecnológica, mas na concepção didático-pedagógica que subjaz tanto ao suporte tecnológico como à sua utilização na mediação pedagógica. Oliveira (2008, p. 11) A autora afirma que a proposta pedagógica dos cursos na modalidade a distância precisa ser diferente e até mais exigente do que a oferta nos cursos presenciais, mas sem perder de vista que há aspectos que precisam ser mantidos em ambas as modalidades. No Brasil, desde o advento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), cursos de graduação das duas modalidades – presencial e a distância, precisam atender aos requisitos nelas colocados, bem como em outras resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) e, a depender do sistema de ensino em que se enquadra, elementos legais e normativos dos âmbitos estaduais e/ou municipais.O que precisa ficar claro é que o estudante não pode ter seu percurso formativo ou perfil profissiográfi- co prejudicado por estar cursando a modalidade a distância. A escolha pela modalidade não implica em deixar de realizar atividades teórico-práticas que são essenciais à formação, como os estágios (obrigatório e não obrigatório), o Trabalho de Conclusão de Curso, a iniciação científica, aulas de campo, entre outros, pois essas atividades são realizadas nos municípios do polo de apoio ao ensino e, a depender do Projeto Pedagógico do Curso, pode contar com apoio de tutores presenciais para acompanhamento dessas ativi- dades. Alonso (2010) também questiona a percepção intrínseca da baixa qualidade posta para a EaD e alerta para o fato de que o processo de expansão dessa modalidade não difere da lógica de expansão da edu- cação superior como um todo, que vem sendo marcada pela privatização e pelo baixo desempenho dos estudantes, portanto não se trata da modalidade em si, mas da forma de desenvolvimento das políticas educacionais, dos marcos legais e regulatórios para esse nível de ensino no Brasil. E você? O que pensa sobre isso? Para refletir um pouco sobre isso, veja o vídeo produzido pela Equipe da Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf ). Link para acessar o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ISxvJ_CWPzI HORA DO VÍDEO Nudson Realce Nudson Realce Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 11 As origens da EaD são descritas pelos teóricos da área de formas bastantes diferentes, muitos dos quais apontam uma lógica geracional marcada pelas modificações tecnológicas. Gonçalves (2013) explicita essas gerações com ênfase nas tecnologias para mediação do processo de ensino e de aprendizagem (Quadro 2): Quadro 2 – Gerações da EaD GERAÇÃO PERÍODO MÍDIAS 1ª 1850-1960 Material impresso, rádio e televisão 2ª 1960-1985 Áudio, televisão, vídeo, fax, papel impresso 3ª 1985-1995 Tecnologias propiciadas pelos computadores em rede: correio eletrônico, chat, internet, videoconferência 4ª 1995-atual Convergência das tecnologias propiciadas pela internet de alta velocidade (banda larga), com interatividade e possibilidades de interação e autonomia do aprendiz. Fonte: Gonçalves (2013). Vianney (2000), por sua vez, caracteriza o desenvolvimento da EaD por meio do domínio tecnológico, indicando a existência de três gerações (Quadro 3): Quadro 3 – Gerações da EaD no Brasil Geração Época Características 1ª Desde o início da EaD Estudo por correspondência, no qual o principal meio de comunicação era o material impresso, geralmente um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios enviados pelo correio. 2 A partir de 1970 Surgem as primeiras Universidades Abertas, com design e implementação sistematizados de cursos a distância, utilizando, além do material impresso, transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV a cabo. 3ª A partir de 1990 Esta geração é baseada em redes de conferência por computador com estações de trabalho multimídia e redes de videoconferência. Fonte: Vianney (2000). Antes de começar a leitura, para aquecer um pouco, acesse o vídeo “Educação a distância: educação a distância no Brasil”, produzido pela TV Escola, Programa Salto para o Futuro, um programa do MEC. O vídeo, desenvolvido em 2000, ilustra o início da oferta de cursos na modalidade a distância no Brasil. Este vídeo traz informações menos completas do que as descrições que se seguem, mas ilustram aspectos importantes, além de contar com a participação de dois grandes especialistas em EaD no Brasil, os professores João Vianney e José Armando Valente. Link para acessar o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=-dYA9tAelPQ HORA DO VÍDEO Nudson Nota Escrever uma relação entre as duas visões sobre a geração EaD. Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 12 O autor apresenta a cronologia da EaD no Brasil de 1904 a 2000, na qual detalha aconteci- mentos importantes, alguns marcos para o avanço dessa modalidade. Alves (2009) detalha essas gerações. Sobre as origens da EaD no Brasil o autor indica que an- tes de 1900, segundo estudos do IPEA, existiam anúncios em jornais no Rio de Janeiro ofere- cendo cursos de datilografia por correspondência, ministrados por professoras particulares, mas aponta que o marco mais significativo ocorre em 1904 com a instalação das Escolas Internacionais, filiais de organizações norte-americanas que ofereciam cursos por correspon- dência aos setores de comércio e serviços e envio de materiais impressos pelos correios. A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, instituída em 1923, apresenta outro domínio tecnoló- gico da primeira geração – o rádio - com a oferta de cursos de educação popular, transmi- tidos em estados brasileiros, mas que também repercutiam em outras regiões da América. Uma iniciativa privada, sem fins lucrativos, que passou para a responsabilidade do Ministério da Educação, em 1936, em razão das duras exigências por parte do Governo brasileiro que se preocupava com a possibilidade da transmissão de programas considerados “subversivos” (ALVES, 2009). Em 1937 foi implantado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação, sendo desenvolvidos inúmeros programas, inclusive privados. Em 1946, o Serviço Nacional do Comércio (Senac), desenvolveu a Universidade do Ar, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. (ALVES, 2009). Em 1959, a Igreja Católica, por meio da Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB), criou escolas radiofônicas que deram origem ao Movimento de Educação de Base (MEB), com o intuito de desenvolver um amplo programa de educação de base para as populações mais carentes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O Decreto 50.370/1961 estabeleceu que a administração federal, a partir de convênio com o Ministério da Educação e da Cultu- ra, e outros órgãos, ofereceria os recursos para o desenvolvimento do Programa (OLIVEIRA, 1989). Oliveira (1989) observa que o MEB, embasado no pensamento social cristão, passou da busca ao combate dos efeitos da desigualdade social, para uma postura revolucionária de combate à estrutura desigual, sobrevivendo ao golpe civil militar em razão da força da Cúpu- la da Igreja Católica, mas com modificações estruturais de suas atividades após 1964. A partir de 1965, passou a integrar os interesses do Estado e constar, após a criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), como seu organismo auxiliar. Em 1961, foi criada pela Rede Unida de Televisão, a Fundação João Batista do Amaral (FJBA), trazendo outro domínio tecnológico – a televisão, que recebia recursos de natureza pública e privada, incluído aporte financeiro da United States Agency for International Development (USAID), da igreja, de sindicatos e da sociedade em geral. Oliveira (1989, p. 85-87) descreve a estrutura dos cursos oferecidos. Esse material compõe um Guia elaborado pela extinta Universidade Virtual Brasileira (UVB.br), intitulado: “Preparação de professores autores e tutores para a Educação a Distância”, publicado em 2000. O programa educativo da FJBA compreendia: a) um curso de alfabetização via TV composto de 78 programas de 50 minutos cada; b) um curso complementar (2a. série) com 70 programas; c) formação de TV Clubes “ ... para estímulo ao esforço cooperativo, debate de problemas da comunidade e recuperação vocacional dos estudantes já a1fabetizados”.’ Para esses cursos foi organizada, na Guanabara uma Rede de 105 TV Escolas geralmente localizadas em locais não convencionais (igrejas, clubes, fábricas, quartéis, penitenciárias... ). A partir de 1964 a FJBA atuou sobretudo junto ao Exército, na alfabetização de recrutas, e junto ao Sistema Penitenciário. O pessoal docente era composto de: professores de estúdio, para a apresentação das aulas de TV; monitores, geralmente, estudantessecundaristas, voluntários ou recebendo uma pequena remuneração, que tinham a função de “ ... manejar o televisor, distribuir o material escolar (e) atender os alunos”; supervisores-professores jubilados, encarregados da supervisão escolar. A equipe técnica de produção compreendia um setor pedagógico (35 pessoas) e setores especializados em produção de TV. Era coordenado pela Profa. Alfredina de Paiva e Souza, que, como veremos, também será a coordenadora da primeira equipe técnica do MOBRAL. O material didático era composto de: instruções escritas para os monitores e livros-caderno para os alunos. Sua concepção se apoiava em pressupostos teórico-metodológicos muito comuns, na época, nos meios educacionais tradicionais (MEC e Escola privada) que, no mínimo, poderíamos localizar entres as “pedagogias do consenso” - para usar a expressão de Beno Sander. [...]. Do ponto de vista metodológico eram utilizados métodos, procedimentos e técnicas comuns, na época, em outros programas de educação de adultos como por exemplo, as palavras geradoras. Estas eram selecionadas tomando por base os “interesses básicos” da população brasileira: futebol (Pelê, Vavâ), Campeões brasileiros, etc. e estavam relacionadas com as temáticas do futebol, da música popular, dos costumes e usos regionais, etc. A avaliação dos resultados dos cursos de alfabetização (lª. série) e continuação (2ª série), apresentara excelentes resultados, ultrapassando muitas vezes os 80% de alunos aprovados. Nudson Realce Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 13 O Mobral foi desenvolvido em setembro de 1967 pelo governo militar, inicialmente como uma campanha, cumprindo orientações da UNESCO e com forte interesse por parte do Governo do General Costa e Silva, que institui, entre as ações voltadas ao combate do analfabetismo, o Decre- to 61.321, que tratava em seu art. 1º, sobre: [...]”Todas as emissoras de televisão, oficiais e particulares, deveriam prestar seu concurso ao esforço nacional, em prol da alfabetização funcional e da educação continu- ada de adultos”. O órgão encarregado de produzir as aulas de alfabetização pela TV seria a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa (FUNTEVÊ). (OLIVEIRA, 1989, p. 101, grifo nosso). O Decreto n.º 61.313 instituía a “Rede Nacional de Alfabetização Funcional e Educação Continu- ada de Adultos”, destacando-se, nesse Decreto, a utilização por parte da União de parcela dos horários de todas as emissoras e programas, “[...]na educação dos adultos analfabetos, visando melhorar suas condições de vida e a integrá-los nas conquistas da civilização e da cultura e nos direitos e deveres para com a pátria”. (OLIVEIRA, 1989, p. 101). O Mobral, vinculado ao MEC, é transformado em fundação, por meio da Lei n.º 5.379 de 15 de dezembro de 1967, tendo autonomia administrativa e financeira, bem como, capacidade de celebrar convênios com quaisquer entidades, públicas ou privadas: Oliveira (1989) observa que as tecnologias são utilizadas com diferentes perspectivas no que chamou de primeiro e segundo MOBRAL, tendo o primeiro MOBRAL um enfoque mais pedagógi- co-político, coordenado por educadores experientes em processos de alfabetização de adultos e o segundo, abordagem essencialmente tecnocrática, coordenado por administradores e econo- mistas, que introduzem a teoria do capital humano neste programa. O autor salienta, porém, que desde o início, a lógica do Governo militar foi utilizar mídias e tecnologias como meio de contro- le ideológico do conteúdo presente no material didático. Alves (2009) relembra que o Código Brasileiro de Telecomunicações, publicado em 1967, deter- minou a necessidade de haver programas educativos em todas as emissoras de radiodifusão, havendo mais incentivos, por exemplo, para universidades e fundações. Em 1969 foi criado o Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais, que previa a utilização de rádio, televisão e outras mídias, seguido de Portaria do Ministério das Comunicações que definia tempo obrigatório e gratuito que as emissoras comerciais deveriam ceder para a transmissão de programas educativos, algo revisto em 1990 (ALVES, 2009). Ainda conforme Alves (2009), em 1994 houve ampla reestruturação do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa, com coordenação da Fundação Roquete Pinto. O autor salienta que não foram observados resultados positivos sobre a programação educativa transmitida nos canais abertos e sob a responsabilidade do Estado, indicando que o insucesso talvez tenha ocorrido em razão dos horários de transmissão incompatíveis com os horários dos potenciais estudantes. Destaca os programas de sucesso criados pela Fundação Roberto Marinho, como os telecursos e critica o desvínculo da TV Educativa e da Rádio MEC ao Ministério da Educação: Art. 1º Constituem atividades prioritárias permanentes, no Ministério da Educação e Cultura, a alfabetização funcional e, principalmente, a educação continuada de adolescentes e adultos. Parágrafo único. Essas atividades em sua fase inicial atingirão os objetivos em dois períodos sucessivos de 4 (quatro) anos, o primeiro destinado a adolescentes e adultos analfabetos até 30 (trinta) anos, e o segundo, aos analfabetos de mais de 30 (trinta) anos de idade. Após êsses dois períodos, a educação continuada de adultos prosseguirá de maneira constante e sem discriminação etária. Art. 2º Nos programas de alfabetização funcional e educação continuada de adolescentes e adultos, cooperarão as autoridades e órgãos civis e militares de tôdas as áreas administrativas, nos têrmos que forem fixados em decreto, bem como, em caráter voluntário, os estudantes de níveis universitário e secundário que possam fazê-lo sem prejuízo de sua própria formação. Art. 3º É aprovado o Plano de Alfabetização Funcional e Educação Continuada de Adolescentes e Adultos, que esta acompanha, sujeito a reformulações anuais, de acôrdo com os meios disponíveis e os resultados obtidos. Art. 4º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir uma fundação, sob a denominação de Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL de duração indeterminada, com sede e fôro na cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, enquanto não fôr possível a transferência da sede e fôro para Brasília. Art. 5º O MOBRAL será o Órgão executor do Plano de que trata o art. 3º. Art. 6º O MOBRAL gozará de autonomia administrativa e financeira e adquirirá personalidade jurídica a partir da inscrição no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, do seu ato constitutivo, com o qual serão apresentados seu estatuto e o decreto do Poder Executivo que o aprovar. [...]. Art. 9º O pessoal do MOBRAL será, pelo seu presidente, solicitado ao Serviço Público Federal. Art. 10. O MOBRAL poderá celebrar convênios com quaisquer entidades, públicas ou privadas, nacionais, internacionais e multinacionais, para execução do Plano aprovado e seus reajustamentos. Art. 11. Os serviços de rádio, televisão e cinema educativos, no que concerne à alfabetização funcional e educação continuada de adolescentes e adultos, constituirão um sistema geral integrado no Plano a que se refere o art. 3º. (BRASIL, 1967, p. 1, grifo nosso). https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5379-15-dezembro-1967-359071-publicacaooriginal-1-pl.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5379-15-dezembro-1967-359071-publicacaooriginal-1-pl.html Nudson Realce Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 14 A própria TV educativa, por razões inexplicáveis, não pertence à estrutura do MEC, mas sim ao Minis- tério da Cultura, e poucos são os programas educacionais veiculados. Aliás no campo da radiofusão, a Rádio MEC também não está ligada ao MEC, apesar de manter o nome. O surgimento de TV fechada (especialmente a cabo) permitiu que algumas novas emissoras se dedicassem de maneira correta à educação, destacando-se as TVs universitárias, o Canal Futura, a TV Cultura,dentre outras que difun- dem algumas de suas produções também em canais abertos. Há de se louvar o sistema adotado pela TV Escola, sob a mantença do poder público federal, que gera bons programas. Porém, a forma de difusão depende das emissoras abertas ou a cabo para o acesso da população em geral. As escolas recebem, por satélite (e com o apoio dos correios), os benefícios. Os frutos são bastante produtivos. (ALVES, 2009, p. 10). Nos anos 1990 são instituídos os primeiros cursos de nível superior, em educação a distância, mesmo antes da Lei n.º 9.394/1996, mediante a brecha legal da oferta dos cursos de caráter experimental. Em 1994, o Núcleo de Educação a Distância do Instituto de Educação da UFMT, criou o Curso de Licenciatura em Educação Básica, autorizado pela Resolução 88, do Conselho Diretor da UFMT e iniciado em 1995, sendo reconhecido pelo CNE em 1999. Nesse curso o modelo proposto previa a utilização de material impresso e aulas presenciais em polos. Kipnis (2009, p. 211) esclarece que: O modelo trabalhava com pólos, tendo por base uma estrutura administrativo-pedagógica, com pes- soal de apoio às atividades de secretaria e uma equipe de orientadores acadêmicos responsáveis pelo acompanhamento e orientação do processo de aprendizagem dois alunos de vários municípios. A motivação do Curso desenvolvido pela UFMT era a demanda das prefeituras do estado de Mato Grosso, para cumprir a meta colocada pelo Plano Nacional de Educação (2001-2010), instituído por meio da Lei n.º 10.172, de 9 de janeiro de 2001, de que os professores da educação básica tivessem formação em nível superior. Várias outras instituições públicas federais começaram a oferta da graduação a distância, com o mesmo objetivo, portanto a EaD no Brasil, como confirmam os dados do Censo da Educação Superior, é iniciada para a oferta de cursos de Pedagogia e de Formação de Professores, por grandes instituições pú- blicas: Universidade Estadual do Ceará; Universidade Federal de Alagoas; Universidade Federal de Ouro Preto; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Universidade Federal do Paraná; Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina; Universidade do Estado de Mato Grosso. Outro marco importante, em 1995, foi a criação da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), uma iniciativa de educadores interessados em disseminar essa modalidade de ensino, que teve e tem importância na consolidação da EaD no Brasil (KIPNIS, 2009). A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é considerada precursora da Educação a Distância no âmbito da pós-graduação, com uso de uma outra tecnologia – a videoconferência - em um curso desen- volvido em 1996, no programa de pós-graduação do departamento de Engenharia de Produção. Kipnis (2009) cita várias outras iniciativas pioneiras: a) Projeto Veredas – uma parceria entre 18 universidades, centros universitários e outras IES, com a Secretaria de Educação de Minas Gerais, para a oferta de 15 mil vagas destinadas a professores dos Apenas no ano 2000 o Censo da Educação Superior passou a registrar dados sobre a Educação a Distância no Brasil, apresentando as instituições já indicadas e cursos de formação de professores e de Pedagogia. Embora o Censo registre a Universidade do Estado de Mato Grosso, trata-se da UFMT. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Nudson Realce Nudson Realce Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 15 anos iniciais do ensino fundamental, que não possuíam nível superior, para a rede estadual e redes mu- nicipais, em 21 pólos regionais. b) Curso normal superior com mídias interativas – desenvolvido em 2000, a partir de uma parceria entre a Universidade Estadual de Ponta Grossa e a Universidade Eletrônica do Brasil, atendendo a 23 municípios do Paraná, tendo como público professores em exercício sem nível superior, tendo como principal mídia a videoconferência. c) Programa especial de licenciatura plena para professores das séries iniciais do ensino funda- mental – desenvolvido em 2001, pela Secretaria da Educação de São Paulo, em convênio com a USP, UNESP e PUC-SP, a partir da experiência do Paraná, também para professores dos anos iniciais do ensino fundamental, em 46 ambientes de aprendizagem, de 34 municípios de São Paulo. d) Rede do saber – rede de comunicação interna do estado de São Paulo (IntraGov), que conecta as di- retorias de ensino aos órgãos centrais e de apoio à Secretaria de Educação e à PUC-USP e USP, reunindo computadores, interligados em rede, salas de videoconferência e laboratórios em 89 municípios, com o objetivo de expandir as atividades de formação de quadros da Secretaria de Educação desse estado. e) Curso especial de graduação a distância de pedagogia - a UnB, em 2001, em parceria com a Secre- taria de Educação do Distrito Federal, para atingir cerca de 5000 professores. Essas experiências inicialmente isoladas deram origem à criação de redes virtuais, no início dos anos 2000, como a Unirede, consórcio que reuniu 80 instituições públicas de educação superior para a oferta de cursos a distância; o Instituto Universidade Virtual Brasileira – a UVB, outro consórcio de dez IES privadas, que foi credenciado pelo MEC para a oferta de cursos de bacharelado pela internet; e a Ricesu que reuniu um grupo de instituições católicas. A expansão da modalidade ocorreu a partir dos anos 2000, com o incremento dos cursos em Instituições Privadas. Na Tabela 1 observa-se que embora ainda haja predomínio de concluintes, cursos e matrículas na modalidade presencial, houve crescimento muito substantivo na modalidade a distância, do período ini- cial de registro no Censo da Educação Superior, em 2000, para o mais atual, 2018, pois representa 37% das matrículas na educação superior, considerando-se instituições que ofertam as duas modalidades. Quando observado o dado geral, porém, o total de matrículas é de 8.450.755 (presenciais e a distância) e desse total, 2.056.511 matrículas são ofertadas na EaD (24%). https://www.aunirede.org.br/portal/ Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 16 Tabela 01 - Número de Concluintes, Número de Cursos e Matrículas nos Cursos de Graduação Presenciais e a Distância, em IES que ofertam ambas as modalidades. Brasil. 2000 e 2018. Ano Concluintes Cursos Matrículas Graduação Presencial Graduação a Distância Graduação Presencial Graduação a Distância Graduação Presencial Graduação a Distância 2000 324.732 450 10.585 07 2.694.245 1632 2018 527.990 273.873 15.891 3.177 3.454.255 2.056.511 % 62,59 60.760 50,12 45.285 28,20 125.911 Fonte: INEP/ Sinopse Estatística da Educação Superior (2000; 2018). Observa-se, assim como na modalidade presencial, a massiva privatização, pois embora a oferta da EaD tenha nascido nas IES públicas, em 2018, as Instituições privadas são responsáveis por 84% dos cursos e 92% das matrículas na EaD (Tabela 02). Tabela 02 – Cursos e Matrículas na EaD no Brasil, por categoria administrativa. 2000 e 2018. Ano Aspectos Total Pública Privada 2000 Cursos 07 07 07* 2018 Cursos 3.177 495 2.682 % - 45.285% 6.971% 38.214% 2000 Matrículas 1632 1632 4.240* 2018 Matrículas 2.056.511 172.927 1.883.584 % - 125.911% 10.496% 44.324% Fonte: INEP/ Sinopse Estatística da Educação Superior (2000; 2002; 2018). * Em 2000 não havia cursos e matrículas na esfera privada para a educação a distância, por isso foram utilizados os dados de 2002, momento em que começa o registro na esfera privada. Na Tabela 03, verifica-se que a maior presença da EaD, nos dados mais recentes, concentra-se nas regiões sul e sudeste, seguidas das regiões centro-oeste, nordeste e norte. Unidade 1 - Conceitos e histórico da Educação a Distância 17 Tabela 03 – Número de concluintes, cursos e matrículas nas modalidades presencial e a distância, nasIES que ofertam ambas as modalidades, por região. 2018. Região Concluintes Cursos Matrículas Graduação Presencial Graduação a Distância Graduação Presencial Graduação a Distância Graduação Presencial Graduação a Distância Norte 32.334 1.313 906 111 208.737 11.460 Nordeste 88.714 9.449 3.052 450 685.146 101.940 Sudeste 269.684 100.946 6.952 1.368 1.675.268 810.841 Sul 96.426 138.965 3.641 988 622.708 945.658 Centro-Oeste 40.832 23.200 1.340 260 262.396 186.612 Total 527.990 273.873 15.891 3.177 3.454.255 2.056.511 Fonte: INEP/ Sinopse Estatística da Educação Superior (2018). Essa distribuição espelha as desigualdades socioeconômicas no país, salientando-se que a região nor- deste é uma das mais populosas e com um dos menores índices de escolarização, só perdendo para a região norte (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2018). O Resumo Técnico do Censo da Educação Superior mais recente (INEP, 2017), indica aspectos predo- minantes nas duas modalidades, quanto às matrículas. Em ambas as modalidades, predominam o sexo feminino e a categoria administrativa privada; no presencial predominam as matrículas no turno noturno e em bacharelados, já na modalidade a distância, predominam as licenciaturas e não há turno definido dada a modalidade. A presença da EaD na esfera pública é reforçada pela proposição, em 2005, do Sistema Universidade do Brasil (UAB), um programa fomentado e coordenado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que será detalhado no item sobre as políticas educacionais para a modalidade. BASES DA EAD NO BRASIL UNIDADE 2 Unidade 2 - Bases da EaD no Brasil 19 Quanto às bases legais da Educação a Distância, os primeiros indícios de sua normatização no Brasil ocorrem por meio da autorização de oferta de cursos ou escolas experimentais, que se inicia a partir da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961: Art. 104. Será permitida a organização de cursos ou escolas experimentais, com currículos, métodos e períodos escolares próprios, dependendo o seu funcionamento para fins de validade legal da autorização do Conselho Estadual de Educação, quando se tratar de cursos primários e médios, e do Conselho Federal de Educação, quando de cursos superiores ou de estabelecimentos de ensino primário e médio sob a jurisdição do Governo Federal (BRASIL, 1961, p. 11429) Vale ressaltar que essa abertura, nos anos 1960, deu espaço para cursos a distância, desenvolvidos com ferramentas não digitais, pois no início foram utilizados essencialmente materiais impressos e comunicação via rádio, já que o uso de mídias como a televisão, as fitas de DVD, os CD-ROM e uso da internet são bem mais recentes. A Lei 5.692, de 15 de agosto de 1971, que revoga parcela da 4.024/1961 e é instituída como nova LDB, mantém e amplia essa possibilidade, assegurando a possibilidade de experiências pedagógi- cas autorizada pelos respectivos Conselhos de Educação (Art. 64), bem como, o uso de tecnologias no ensino supletivo compatível com a modalidade a distância (Art. 25): Art. 25. O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos. § 1º Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem às suas finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam. § 2º Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a utilização de rádios, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam alcançar o maior número de alunos. [...]. Art. 64. Os Conselhos de Educação poderão autorizar experiências pedagógicas, com regimes diversos dos prescritos na presente Lei, assegurando a validade dos estudos assim realizados. (BRASIL, 1971, p. 6592, grifo nosso). Apesar das brechas legais, é apenas com a publicação da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em vigor, que a educação a distância passa a ser explicitamente modalidade de ensino, sendo mantida a possibilidade de cursos de caráter experi- mental. O Art. 80 já coloca elementos centrais para a oferta: a possibilidade de oferta em todos os níveis e modalidades de ensino; a necessidade de credenciamento das instituições para tanto; a definição específica de requisitos para os exames e registro de diploma na modalidade; a responsabilidade de cada sistema de ensino (federal, estadual e municipal) para definir os requisitos de produção, controle e avaliação dos programas na modalidade a distância. Dada a complexidade do tema, o Art. 80 foi regulamentado inicialmente pelo Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, revogado pelo Decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005 e, por sua vez, revogado pelo Decreto n.º 9.057, de 25 de maio de 2017, o último em vigor. Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público; (Redação dada pela Lei nº 12.603, de 2012) II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições desta Lei. (BRASIL, 1996, p. 27833, grifo nosso) https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1998/decreto-2494-10-fevereiro-1998-397980-publicacaooriginal-1-pe.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1998/decreto-2494-10-fevereiro-1998-397980-publicacaooriginal-1-pe.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2005/decreto-5622-19-dezembro-2005-539654-publicacaooriginal-39018-pe.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12603.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12603.htm#art1 Nudson Realce Nudson Realce Unidade 2 - Bases da EaD no Brasil 20 A análise comparativa dos três decretos aponta para a fragilidade do primeiro - Decreto 2.494/1998, que não acrescenta muitos aspectos além dos já previstos no Art. 80 da LDB e em outras leis e normativas da educação superior, e causa maiores dificuldades ao definir de forma muito genérica a Educação a Distância, reforçando o autoconhecimento, como se a EaD fosse uma autodidaxia, o aprender sozinho, com apoio apenas dos recursos tecnológicos. Essa situação é revista no Decreto 5.622/2005, que acentua a mediação didático-pedagógica, a relação interativa entre estudantes e professores, que desenvolvem atividades educativas – não a distância – mas “em lugares ou tempos diversos”, ou seja, o foco é a mediação e a interativi- dade, não a separação física ou temporal dos sujeitos. No Decreto 9.057/2017, além da manu- tenção dessa lógica, acentua-se a necessidade de pessoalqualificado, políticas de acesso, acompanhamento e avaliação compatíveis à modalidade. O segundo decreto (BRASIL, 2005), instituído após cinco anos dos processos de credenciamen- to das IES, já apresenta aspectos bem delineados e uma maior preocupação com a qualidade da oferta, especialmente em face ao crescimento da modalidade e a criação dos consórcios privados. Acrescente-se ainda, o fato de que em 2004, com a instituição da Lei n.º 10.861, que cria o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) e apresenta aspectos de supervisão e regulação, vinculados à avaliação, surgem novas preocupações sobre a qualidade da oferta, o que se expressa no Art. 16 do Decreto n.º 5.622/2005. Vale destacar nesse Decreto: a) A vinculação entre avaliação da aprendizagem para fins de promoção, conclusão e di- plomação com o cumprimento das atividades e a realização de exames presenciais, preva- lecendo o resultado desses exames sobre outras formas de avaliação. b) A necessidade de delimitação geográfica da oferta de cursos; c) A abertura para a oferta de cursos de mestrado e doutorado, algo que o art. 80 da LDB não restringia, mas que o Decreto 2.494/1998 limita ao remeter a autorização da oferta à regulamentação própria; d) A garantia de metodologia e organização próprias à modalidade, mas com a previsão de momentos presenciais para: avaliações de estudantes; estágios obrigatórios e defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente e atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso. O Decreto 9.057/2017, instituído após dezessete anos de credenciamento das IES para a oferta da EaD e um processo acentuado de privativação da modalidade, faz um movimento contrário ao do decreto anterior, caminhando para uma maior flexibilização, no sentido em que acolhe as reivindicações das IES privadas que defendem o ensino totalmente a distância e a extinção de atividades/momentos presenciais. Entre elas destacam-se os grandes grupos privados, geridos por Fundos de capital aberto, que ofertam cursos de baixas mensalidades, com currículo empobrecido, pela retirada e/ou ausência de acompanhamento de atividades necessariamente presenciais e importantes à formação profissional, como os estágios, as atividades teórico-práticas e de pesquisa. Nudson Realce Nudson Realce Nudson Realce Unidade 2 - Bases da EaD no Brasil 21 Embora mantenha a necessidade dos polos de apoio ao ensino, o Decreto retira a obrigatoriedade de as avaliações serem presenciais e da preponderância das notas dessas avaliações sobre ava- liações de atividades a distância. Prevê, no art. 4.º a existência de atividades presenciais (tutorias, avaliações, estágios, práticas profissionais e de laboratório e defesa de trabalhos, conforme os pro- jetos pedagógicos ou de desenvolvimento da instituição de ensino e do curso) a serem realizadas na sede da instituição de ensino, nos polos de educação a distância ou em ambiente profissional, condicionadas às determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais de cada curso. Retira a obrigatoriedade de credenciamento para as IES públicas, condicionando a análise de qualidade da oferta às avaliações externas realizadas no âmbito do SINAES, mas vincula a oferta de cursos de pós-graduação Stricto Sensu (mestrados e doutorados) à distância, à aprovação da Capes. Acompanhando o Decreto 9.057/2007, o MEC institui a Portaria Normativa nº 11, de 20 de junho de 2017, que estabelece normas para o credenciamento de instituições e oferta de cursos superio- res a distância, em conformidade com o referido decreto. A Portaria traz acréscimos em relação ao Decreto, um deles é o esclarecimento acerca das atividades presenciais. Esse detalhe é importan- te, no sentido de conferir condicionalidades ao ensino totalmente a distância, algo não muito claro até então. Outro aspecto diferencial é a caracterização dos requisitos mínimos para os polos EaD que segundo a legislação anterior precisavam ser credenciados e passam a ser criados pelas próprias instituições já credenciadas, observando-se limites vinculados ao conceito institucional mais recen- te de no mínimo 3 (Quadro 4): Portarias dessa mesma natureza são emitidas por parte de cada sistema estadual e municipal, que não serão tratados aqui pela amplitude dos sistemas no país. Art. 11. O polo EaD deverá apresentar identificação inequívoca da IES responsável pela oferta dos cursos, manter infraestrutura física, tecnológica e de pessoal adequada ao projeto pedagógico dos cursos a ele vinculados, ao quantitativo de estudantes matriculados e à legislação específica, para a realização das atividades presenciais, especialmente: I - salas de aula ou auditório; II - laboratório de informática; III - laboratórios específicos presenciais ou virtuais; IV - sala de tutoria; V - ambiente para apoio técnico-administrativo; VI - acervo físico ou digital de bibliografias básica e complementar; VII - recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação -TIC; e VIII - organização dos conteúdos digitais. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017, p. 3-4). Art. 8º As atividades presenciais, como tutorias, avaliações, estágios, práticas profissionais e de laboratório e defesa de trabalhos, previstas no PDI e PCC, serão realizadas na sede da IES, nos polos EaD ou em ambiente profissional, conforme definido pelas DCN. § 1º A oferta de cursos superiores a distância sem previsão de atividades presenciais, inclusive por IES detentoras de autonomia, fica condicionada à autorização prévia pela SERES, após avaliação in loco no endereço sede, para comprovação da existência de infraestrutura tecnológica e de pessoal suficientes para o cumprimento do PPC, atendidas as DCN e normas específicas expedidas pelo MEC. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017, p. 2-3, grifo nosso). http://bit.ly/32duHqh http://bit.ly/32duHqh Nudson Realce Nudson Realce Unidade 2 - Bases da EaD no Brasil 22 Quadro 4 – Quantitativo anual de polos, por conceito institucional Conceito Institucional Quantitativo anual de polos 3 50 4 150 5 250 Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Portaria Normativa nº 11, de 20 de junho de 2017. Disponível em: http://bit.ly/32duHqh. Acesso em: 11 out. 2019. Os vários aspectos que antes eram autorizados pelo órgão do respectivo sistema, no caso do Sistema Federal de Ensino, passam a ser apenas informados ao Ministério enquanto atualização cadastral no e-MEC. Também passa a ser permitido o remanejamento de vagas autorizadas de um curso de EaD entre polos, sob responsabilidade da IES credenciada, sendo processado como atualização cadastral. A portaria define também os procedimentos e condicionalidades para a extinção de polos. Outro aspecto descrito na Portaria são os requisitos para as parcerias para a oferta da EaD. detalhan- do os processos de regulação e supervisão realizados pela SERES, para a modalidade a distância, o que será exposto em item posterior. No âmbito da utilização da EaD no ensino presencial, a primeira menção sobre o assunto se dá por meio da Portaria MEC N.º 4.059/2004, que “trata da oferta de 20% da carga horária dos cursos supe- riores na modalidade semipresencial”, essa portaria foi revogada em 2016, em função da publicação da Portaria MEC nº 1.134, de 10 de outubro de 2016, por sua vez também revogada pela Portaria n.º 1.428, de 28 de dezembro de 2018, normativa em vigor, que “dispõe sobre a oferta, por Institui- ções de Educação Superior - IES, de disciplinas na modalidade a distância em cursos de graduação presencial” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2018, p. 59). A primeira portaria, autoriza, para cursos já reconhecidos, a oferta de 20% do currículo por meio da modalidade a distância. A segunda, bastante breve, apresenta poucas alterações, entre as quais a exi- gência de presencialidade da avaliação, de encontros presenciais e de tutoria com profissionais qualificados. Art. 18. A oferta de cursos superiores a distânciaadmitirá regime de parceria entre a IES credenciada para educação a distância e outras pessoas jurídicas, preferencialmente em instalações da instituição de ensino, exclusivamente para fins de funcionamento de polo de EaD, respeitado o limite da capacidade de atendimento de estudantes. § 1º A parceria de que trata o caput deverá ser formalizada em documento próprio, o qual conterá as obrigações da entidade parceira e estabelecerá a responsabilidade exclusiva da IES credenciada para educação a distância ofertante do curso quanto a: I - prática de atos acadêmicos referentes ao objeto da parceria; II - corpo docente; III - tutores; IV - material didático; e V - expedição das titulações conferidas. § 2º É vedada a delegação de responsabilidade da IES para o parceiro, de quaisquer dos atos previstos no § 1º deste artigo. § 3º O documento de formalização da parceria de que trata o § 1º deverá ser elaborado em consonância com o PDI, e seus aspectos acadêmicos devem ser divulgados no endereço eletrônico da IES. Essa portaria é um dos poucos atos normativos que usam essa expressão “modalidade semipresencial”, modalidade que na verdade não existe no âmbito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/1996. http://bit.ly/32duHqh https://abmes.org.br/legislacoes/detalhe/1989/portaria-n-4059 https://abmes.org.br/legislacoes/detalhe/1988/portaria-n-1134 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/57496468/do1-2018-12-31-portaria-n-1-428-de-28-de-dezembro-de-2018-57496251 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/57496468/do1-2018-12-31-portaria-n-1-428-de-28-de-dezembro-de-2018-57496251 Nudson Realce Unidade 2 - Bases da EaD no Brasil 23 A Portaria em vigor, instituída em 2018, flexibiliza a oferta, pois não requer mais que o cur- so seja reconhecido para ser ofertado 20% a distância, basta que a IES possua ao menos um curso de graduação reconhecido para tanto. Acentua a necessidade de identificação das disciplinas ofertadas a distância, na matriz curricular do curso e a indicação da meto- dologia a ser utilizada nessas disciplinas no projeto pedagógico do curso. Consta, tam- bém, a possibilidade de ampliação do limite de 20% da oferta a distância para 40%. Essa ampliação fica condicionada à observância dos limites específicos estabelecidos nas DCNs de cada curso e é vedada para os cursos de graduação presenciais da área de saúde e das engenharias. Observa-se ainda, que os cursos presenciais que optarem em exceder os 20% da carga horária total do currículo, não serão dispensados da avaliação in loco nos processos regulatórios de renovação de reconhecimento. Indica-se também, a circunscrição geográfica das atividades pedagógicas e acadêmicas do curso presencial que ofertar disciplinas a distância, que devem ser realizadas exclusiva- mente na sede ou campi da IES e a necessidade de que os estudantes matriculados sejam informados previamente da oferta das disciplinas EaD no curso presencial, bem como divulgação dessa escolha nos processos seletivos, identificando de maneira objetiva, disci- plinas, conteúdos, metodologias e formas de avaliação. São mantidas a necessidade de tutoria com profissionais qualificados para a oferta em EaD e a presencialidade nas seguintes situações: Art. 9º As avaliações das disciplinas na modalidade a distância em cursos presenciais, bem como as atividades práticas exigidas nas respectivas DCN, devem ser realizadas presencialmente, na sede ou em um dos campi da IES. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2018, p. 59, grifo nosso). A semi-presencialidade, embora não exista efetivamente como modalidade de ensino, foi bastante criticada nos anos 2000 em perspectivas diferentes: no âmbito dos cursos pre- senciais a introdução dos 20% a distância é considerada, por alguns, como sinal de perda de qualidade e, de outro lado, no âmbito da modalidade a distância, para os defensores de cursos totalmente a distância, há críticas em relação à presencialidade na EaD, garanti- da pela existência de polos de apoio ao ensino e de atividades presenciais ou momentos presenciais. A questão da existência de momentos presenciais, um pouco mais relativizada no Decre- to n.º 9.057/2017, requer uma reflexão mais aprofundada, pois o processo histórico de ins- tituição da modalidade no Brasil foi marcado pela pecha da “baixa qualidade” do ensino, de “terceira categoria”, algo muito acentuado pelas corporações profissionais, Conselhos, Sindicatos e Associações, que em algumas áreas fizeram campanhas sistemáticas e até intentaram ações jurídicas para a impedir a oferta de cursos de graduação à distância no país, gerando também dificuldades para o exercício da profissão no caso de egressos da EaD. Art. 3º O limite de 20% (vinte por cento) definido art. 2º poderá ser ampliado para até 40% (quarenta por cento) para cursos de graduação presencial, desde que também atendidos os seguintes requisitos: I - a IES deve estar credenciada em ambas as modalidades, presencial e a distância, com Conceito Institucional - CI igual ou superior a 4 (quatro); II - a IES deve possuir um curso de graduação na modalidade a distância, com Conceito de Curso - CC igual ou superior a 4 (quatro), que tenha a mesma denominação e grau de um dos cursos de graduação presencial reconhecidos e ofertados pela IES; III - os cursos de graduação presencial que poderão utilizar os limites definidos no caput devem ser reconhecidos, com Conceito de Curso - CC igual ou superior a 4 (quatro); e IV - A IES não pode estar submetida a processo de supervisão, nos termos do Decreto nº 9.235, de 2017, e da Portaria Normativa MEC nº 315, de 4 de abril de 2018. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2018, p. 59). Nudson Realce Nudson Realce Nudson Realce Unidade 2 - Bases da EaD no Brasil 24 Esses precedentes requerem dos profissionais que atuam na EaD um cuidado muito maior na proposição dos projetos pedagógicos e no desenvolvimento de cursos nessa modali- dade, bem como a compreensão do perfil dos estudantes adultos que buscam, especial- mente em municípios do interior do país, essa modalidade por não terem acesso ao ensino superior em instituições presenciais, por serem egressos da Educação de Jovens e Adultos ou por estarem afastados dos bancos escolares por muito tempo. Esses estudantes pos- suem um perfil diferente daqueles que buscam os cursos presenciais como primeira opção e na faixa etária típica para a escolarização líquida na educação superior, ou seja, de 18 a 24 anos. Eles têm, em geral, maior dificuldade de acesso às tecnologias da informação e da comuni- cação, bem como, lacunas importantes do processo de escolarização da educação básica, o que dificulta a autonomia intelectual requerida pela EaD, e traz necessidade de compre- ensão e utilização de princípios da andragogia e da heutagogia, demandas maiores de mediação e interatividade, bem como, maior intensidade de momentos presenciais nos polos. O modelo de EaD, totalmente a distância, requer o perfil do estudante com boas condições de acesso às TICs, disciplina e autonomia intelectual, boa formação na educação básica e que opta, intencionalmente, pela flexibilidade desse tipo de oferta. De outro lado, é preciso considerar que a garantia constitucional do padrão de qualidade de ensino em todos os níveis e modalidades, exige o desenvolvimento de ciclos formati- vos com as mesmas condições de qualidade, em ambas as modalidades, o que vem sendo buscado por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), dos padrões de qualidade para oferta da modalidade a distância e dos processos de avaliação externa, coordenados pelo INEP, no âmbito do SINAES. Nas DCNs, a articulação teoria-prática é uma premissa importante, o que implica também na realização de atividades presenciais no futuro campo de atuação profissio- nal. O INEP tem emitido, a cada ciclo avaliativo, desde 2015, relatórios detalhados sobreos resul- tados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), demostrando que não há diferenças significativas entre o desempenho dos estudantes nas modalidades de ensino. Esses relatórios apresentam também a análise do questionário socioeconômico dos estudantes, e têm apontado, nos últimos anos, que o melhor desempenho, na maior parte dos cursos, é de estudantes de universidades públicas federais situadas nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, em ambas as modalidades. Em 2019 ainda não constam mudanças normativas ou legais significativas para a educação su- perior e a modalidade EaD. Seguem informações sobre as Políticas Públicas para a EaD no Brasil. ALMEIDA, M.E.B. DE. As teorias principais da andragogia e da heutagogia. In: LITTO, F.M.; FORMIGA, M.M.M. Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 105-111. PARA SABER MAIS... Nudson Realce Nudson Realce POLÍTICAS PúBLICAS PARA A EAD NO BRASIL UNIDADE 3 Unidade 3 - Políticas Públicas para a EaD no Brasil 26 Para detalhar as políticas públicas para a EaD no Brasil, nos anos 2000, torna-se essencial descrever, mes- mo que brevemente, os antecedentes que possibilitaram o desenvolvimento das mesmas, a partir dos anos 1980. Nos anos 1980, muitas ações voltadas ao uso de tecnologias no âmbito escolar foram desencadeadas pelo Estado Brasileiro e passaram pela formação continuada de professores com uso das TICs enquanto programas de educação a distância, com diferentes bases tecnológicas. As primeiras ações ocorreram em 1981, com a realização do I Seminário Nacional de Informática na Educação, patrocinado pelo MEC, SEI e CNPq, sediado na Universidade de Brasília, do qual emergiram várias recomendações: a) criação de um grupo interministerial para propor subsídios à elaboração de um Programa de Informática na Educação; b)realização de novos seminários anuais; c) a implantação de centros-piloto em universidades brasileiras voltados para o desenvolvimento de estudos e pesquisas, capazes de subsidiar a futura Política Nacional de Informática na Educação. (BRASIL, 1994). O Quadro 5 apresenta as principais ações decorrentes desse Seminário e outras desencadeadas pela União nos anos 1980 e 1990. Quadro 5 – Ações relativas ao desenvolvimento da Política Nacional de Informática na Educação no Brasil Ano Ações 1981 Publicação do documento “Subsídios para a implantação do Programa de Informática na Educação”, elaborado pelo MEC, SEI e CNPq, que estabelecia as linhas de ação norteadoras da introdução da informática na educação, dentre as quais o desenvolvimento de experiências técnico-científicas no País, em cinco instituições brasileiras, a partir de janeiro de 1982. 1981 Realização do II Seminário Nacional de Informática na Educação, sediado na Universidade Federal da Bahia e tendo como tema central “O impacto do computador na escola: subsídios para uma experiência- piloto do uso do computador no processo educacional brasileiro”. 1983 Criação de uma Comissão Especial junto à Secretaria Especial de Informática, e solicitando o engajamento de universidades brasileiras para implantação de centros-piloto voltados para o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre o uso de computador como instrumento auxiliar no processo de ensino aprendizagem, que deram origem ao Projeto EDUCOM, sob a coordenação do Ministério da Educação, implantado em cinco universidades brasileiras (UFRGS, UFPE, UNICAMP, UFMG e UFRJ), voltado para a pesquisa e a formação de recursos humanos. 1985 Implementação dos Centros-Piloto do Projeto EDUCOM, em função da disponibilidade e alocação de recursos financeiros por parte das agências financiadoras da política educacional, científica e tecnológica. 1986 Criação do Comitê-Assessor de Informática e Educação no MEC. Aprovação do Programa de Ação Imediata em Informática na Educação, que, dentre as ações principais, recomendava a realização de concursos anuais de “software” educacionais brasileiros, a implantação de centros de informática no ensino fundamental e médio, a realização de pesquisas e um novo incremento ao Projeto EDUCOM, além da realização de cursos de especialização em Informática Educativa, destinados a professores e técnicos das secretarias de Educação e colégios federais de ensino técnico (Projeto FORMAR), acrescido de ações de intercâmbios e cooperação técnica, nacional e internacional. Nudson Realce Nudson Realce Unidade 3 - Políticas Públicas para a EaD no Brasil 27 1987 Realização de concursos anuais de “software” educacionais brasileiros, uma jornada de trabalho para o estabelecimento de políticas e diretrizes de informática educativa, três cursos de especialização em informática educativa junto à Universidade Estadual de Campinas e à Escola Técnica Federal de Goiás (Projeto FORMAR). Implantação de 19 Centros de Informática na Educação -CIEd -junto às Secretarias Estaduais de Educação, 15 Centros de Informática na Educação Tecnológica - CIET - e 8 Centros de Informática na Educação Superior. Para a implantação desses centros, buscou-se a formação do professor para a utilização da informática na prática educativa, visando a formação do aluno para lidar e produzir numa sociedade informatizada e a interiorização das tecnologias da informação nos diversos sistemas de ensino do País. 1989 Realização da Jornada de Trabalho Luso Latino-Americana de Informática na Educação, promovida pelo Ministério da Educação e co-patrocinada peia Organização dos Estados Americanos (OEA), na qual foram. Essa jornada delineados projetos de pesquisa e formação de recursos humanos com possibilidade de integrar um futuro programa de cooperação técnica multinacional em informática educativa. Essa Jornada de Trabalho contou com a presença do Sr. Ministro da Educação do Brasil Carlos Sant’Anna que, atendendo solicitação da comunidade acadêmica e científica nacional, autorizou, em 25 de maio de 1989, a institucionalização do Programa, a criação de uma coordenação executiva de informática educativa e o estabelecimento de uma rubrica específica no Orçamento da União, a partir do exercício de 1990. 1989 Por meio da Portaria Ministerial/GM n° 549 foi instituído, na Secretaria Geral, o Programa Nacional de Informática Educativa - PRONINFE. 1991 Foi sancionado II Plano Nacional de Informática e Automação (PLANIN), por meio da Lei n° 8.244, contendo metas específicas para o desenvolvimento da informática educativa no que se refere ao seu uso e à formação de recursos humanos para a área. 1996 Criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED), no âmbito do Ministério da Educação, por meio do Decreto nº 1.917, de 27 de maio de 1996. 1997 Criação do Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), por meio da Portaria MEC nº 522, de 9 de abril de 1997, Projeto desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (Seed) em parceria com os governos estaduais e municipais, que surgiu como uma expansão do Proninfe, tendo como principal atribuição a de introduzir o uso das TICs nas escolas públicas. 2004 Aprovação de nova estrutura regimental do MEC e de mudanças na estrutura da SEED, por meio do Decreto 5.159, de 28 de julho de 2004, aprovou a nova estrutura regimental do MEC, alterando, a estrutura da SEED, organizada em três diretorias: Diretoria de Infraestrutura Tecnológica - DITEC, Diretoria de Produção de Conteúdos e Formação em Educação a Distância - DPCEAD e Diretoria de Regulação e Supervisão - DRESEAD. A partir dessa reorganização a SEED que passou a assumir as funções de regulação e supervisão da educação superior a distância. 2007 Por meio do Decreto MEC n° 6.300, o Proinfo passou a denominar-se Programa Nacional de Tecnologia Educacional, tendo como principal objetivo promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica, fomento à melhoria do processo de ensino e aprendizagem com o uso das tecnologias de informação e comunicaçãoe promoção da capacitação dos agentes educacionais envolvidos nas ações do Programa, sendo inclusive criada um ambiente colaborativo de aprendizagem para esse fim – o e-PROINFO. Fontes: BRASIL (1994); Zandavalli e Pedrosa (2014); Ministério da Educação (2008). Nudson Realce Nudson Realce Nudson Realce Nudson Realce Nudson Realce Unidade 3 - Políticas Públicas para a EaD no Brasil 28 Os programas PRONINFE, EDUCOM e PROINFO foram importantes portas de entrada para a informatização das escolas brasileiras e, posteriormente, para o desenvolvimento do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), principal política de desenvolvimento da modalidade a distância no país, nos anos 2000, implementada pela SEED/MEC, a partir de um conjunto de ações de suporte. Entre as ações e programas da SEED que deram suporte à UAB, podem ser citados os progra- mas: TV Escola, Proinfo Integrado, Mídias na Educação, Pró-infantil, Curso de Especialização na modalidade a Distância Tecnologias em Educação, Educação Profissional e Tecnológica a Distância (E-TEC Brasil), Programa Banda Larga nas escolas. A SEED foi extinta em 2011 e o Sistema UAB passou a ser operacionalizado pela Capes, desde 2009, a partir da publicação da Portaria MEC 318, de 02 de abril de 2009. O Sistema Univer- sidade Aberta do Brasil, foi instituído por meio do Decreto 5.800, de 8 de junho de 2006, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior na modalidade a distância no país. Para o desenvolvimento do Sistema UAB, nos mesmos moldes já operados no PROINFO, o referido decreto acentua o regime de colaboração entre entes federativos, especialmente, quanto aos locais físicos das ofertas – os polos de apoio presencial. Para saber mais sobre esses programas acesse o Relatório de Gestão da SEED (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2010). http://bit.ly/2q8uqGZ I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica; II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento; IV - ampliar o acesso à educação superior pública; V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País; VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação. Art. 2o O Sistema UAB cumprirá suas finalidades e objetivos sócio-educacionais em regime de colaboração da União com entes federativos, mediante a oferta de cursos e programas de educação superior a distância por instituições públicas de ensino superior, em articulação com pólos de apoio presencial. § 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se o pólo de apoio presencial como unidade operacional para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância pelas instituições públicas de ensino superior. § 2o Os pólos de apoio presencial deverão dispor de infra-estrutura e recursos humanos adequados às fases presenciais dos cursos e programas do Sistema UAB. Art. 3o O Ministério da Educação firmará convênios com as instituições públicas de ensino superior, credenciadas nos termos do Decreto no 5.622, de 19 de dezembro de 2005, para o oferecimento de cursos e programas de educação superior a distância no Sistema UAB, observado o disposto no art. 5o. Art. 4o O Ministério da Educação firmará acordos de cooperação técnica ou convênios com os entes federativos interessados em manter pólos de apoio presencial do Sistema UAB, observado o disposto no art. 5o. Art. 5o A articulação entre os cursos e programas de educação superior a distância e os pólos de apoio presencial será realizada mediante edital publicado pelo Ministério da Educação, que disporá sobre os requisitos, as condições de participação e os critérios de seleção para o Sistema UAB.(BRASIL, 2006, p. 4). PARA SABER MAIS... https://www.semesp.org.br/portal/pdfs/juridico2009/Portarias/02.04.09/n318_02.04.09.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5800.htm Nudson Realce Nudson Realce Unidade 3 - Políticas Públicas para a EaD no Brasil 29 O Sistema UAB se constitui e se consolida no Brasil a partir da articulação entre a União, Estados e Municípios, tendo papel relevante as Instituições Públicas de Ensino Superior, que foram as precursoras no desenvolvimento do sistema e preponderam entre as instituições participantes. No âmbito financeiro, além da dotação orçamentária do MEC, a UAB contou com a dotação orça- mentária do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que instituiu editais de bolsas para referido Sistema. A Resolução/CD/FNDE n.º 44, de 29 de dezembro de 2006, estabe- leceu orientações e diretrizes para a concessão de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes dos cursos e programas de formação superior e definiu os componentes do sistema e suas funções. A Resolução/CD/FNDE n.º 44, de 29 de dezembro de 2006 estabeleceu os primeiros requisitos para a Concessão de bolsas, algo que foi sendo alterado, ao longo do tempo (Tabela 4): Tabela 4 – Funções e tipos de bolsas pagos pelo Sistema UAB em 2006. FUNÇÕES CARACTERÍSTICAS VALOR DA BOLSA EM R$ (2006) Coordenador/Suplente da UAB nas Instituições Federais de Ensino Superior - IFES professor ou pesquisador designado/indicado pelas instituições vinculadas ao Sistema UAB, que atuará nas atividades de coordenação e apoio aos pólos presenciais, e no desenvolvimento de projetos de pesquisa relacionados aos cursos e programas implantados no âmbito do Sistema UAB. 1.200,00 Professor/Pesquisador professor ou pesquisador designado/indicado pelas instituições vinculadas ao Sistema UAB, que atuará nas atividades típicas de ensino, de desenvolvimento de projetos e de pesquisa, relacionadas aos cursos e programas implantados no âmbito do Sistema UAB, sendo exigida experiência de 03 (três) anos no magistério superior. 1.200,00 Tutor a Distância participante dos cursos e programas da UAB, selecionado pelas instituições vinculadas ao Sistema UAB, para o exercício das atividades típicas de tutoria em educação a distância, sendo exigida experiência no magistério ou formação pós-graduada. 600,00 Coordenador de Pólo professor da rede pública, em efetivo exercício a mais de 3 (três) anos em magistério na educação básica, que será responsável pela coordenação do pólo de apoio presencial. 900,00 Tutor Presencial professor da rede pública estadual ou municipal, da cidade sede do pólo, selecionado pelas Instituições de Ensino Superior vinculadas ao Sistema UAB, com formação de nível superior – licenciatura - e experiência comprovada de no mínimo um ano no magistério na educação básica. 500,00 Fonte: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (2006). Art. 4º São integrantes do Sistema UAB: I. O Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Básica (SEB), da Secretaria de Educação Superior (SESu), da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), da Secretaria de Educação a Distância (SEED) e a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – responsáveis pela articulação e gestão do Sistema UAB – que terão as seguintes competências: a. colaborar com os demais integrantes do Sistema UAB para a organização e divulgação do Cadastro Permanente de Professores cursistas, cadastro de professores e pesquisadores, tutores e coordenadores de pólos, para os quais serão concedidas as bolsas de estudo e pesquisa de que trata esta Resolução; b. monitorar, analisar e registrar mensalmente
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