Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Piodermites – Infecções Bacterianas Agudas Mecanismos de defesa da pele • Ph baixo – em torno de 5,5. • As características mecânicas da camada córnea dificultam a penetração das bactérias depositadas em sua superfície (maleabilidade e integridade da função de barreira). • Substâncias constituintes das glândulas sebáceas, como ácidos graxos insaturados, possuem propriedades antibacterianas. • Peptídeos antimicrobianos produzidos pelos queratinócitos possuem ação antibacteriana direta e são ativadores da resposta imune. • Relativo ressecamento da pele pode funcionar como fator limitante do crescimento de bactérias (gram negativas). • Fenômeno da interferência bacteriana: efeito supressor de cepas bacterianas sobre outras. Por exemplo, a presença de cepas bacterianas não patológicas como o S. epidermidis podem limitar o desenvolvimento de cepas de S. aureus. Assim, é importante manter essa flora protetiva que permita a “concorrência” entre as bactérias. Patogênese Fatores determinantes do comportamento clínico da infecção: • Patogenicidade do microrganismo: presença de elementos antifagocitários na superfície do microrganismo e capacidade de produção de toxinas. • Porta de entrada para o germe. • Respostas do hospedeiro à infecção. Impetigo O impetigo apresenta duas manifestações clínicas diferentes que são a Impetigo não bolhoso e o Impetigo Bolhoso. O não bolhoso geralmente é causado por Estreptococos e o bolhoso por estafilococos que geram toxinas responsáveis por criar uma espondilose e um destacamento dentro da epiderme causando o aspecto de vesiculação ou bolhas nas lesões cutâneas. O impetigo não bolhoso possui aspecto mais seco com áreas exulceradas recobertas por secreção purulenta e crostas melicéricas. - Tem predisposição pela região óstio nasal. Impetigo Não Bolhoso Impetigo Bolhoso Estreptococos – S. pyogenes, Secundária a Estafilococos Estafilococos – toxinas esfoliativas Forma mais comum e mais contagiosa Menos comum Predomínio de crostas Predomínio de bolhas Mácula eritematosa evolui para uma vesícula ou bolha purulenta superficial (efêmera) e rapidamente se transforma em uma crosta. Lesões satélites isoladas ou coalescer Vesicobolhas flácidas mais duradouras, áreas com bolhas recentemente rotas erosadas circundadas por restos de bolhas na periferia das lesões e recobertas por crostas melicéricas. Pode ocorrer linfoadenopatia regional Sintomas sistêmicos são raros. Mais comum em áreas expostas como face (perinasal e perioral) e extremidades. Complicações (raro): glomerulonefrite, escarlatina, urticária e eritema polimorfo. Raro Obs: A higiene das crianças são fatores predisponentes para os dois casos. Diagnóstico diferencial Na primeira imagem é possível ver pequenas crostas na periferia com uma lesão maior no centro já tendendo a cura caracterizando um Impetigo não bolhoso. Na segunda há uma infecção fúngica das camadas superficiais da epiderme denominada de Tinea corporis, que possui como característica importante o crescimento centrífugo (dentro para fora) com forma Arciforme ou Circinada com o Centro tendendo a cura. Na primeira imagem é possível ver lesões vesiculares em base eritematosa com tendência a deixar a pele erosada indicando Impetigo Bolhoso. Além disso, geralmente o impetigo não acomete região de mucosa. Na segunda imagem existem múltiplas vesículas pequenas em base eritematosa caracterizando Herpes simples. A primeira imagem apresenta uma lesão com uma placa eritematosa central com pústulas satélites na periferia, bem acometida em dobra causando um intertrigo candidisíaco. Na segunda imagem apresenta lesões bolhosas em região de dobra com conteúdo purulento indicando Impetigo Bolhoso. Tratamento Medida essencial são a higiene e remoção das crostas com água morna e sabão de 2 – 3 vezes ao dia para prevenir a formação de novas crostas. Se houver dificuldade na retirada, as crostas devem ser amolecidas previamente com um óleo ou vaselina ligeiramente aquecida. Antibioticoterapia: a escolha quanto tratamento tópico ou oral irá levar em consideração a extensão das lesões, da presença de sinais e sintomas sistêmicos, gravidade e presença de doenças subjacentes. Tópico – Gentamicina, neomicina, eritromicina, ácido fusídico ou mupirocina 2 vezes ao dia. Sistêmico o Não bolhoso: Penicilinas ou derivados. o Bolhoso: Cefalosporinas (cefalexina, Cefadroxila), Clindamicina. Macrolídeos (eritromicina) em pacientes alérgicos à penicilina. Em caso de Recorrência – descolonização. A descolonização é feita através do uso de um antimicrobiano aplicando 2 vezes ao dia por 7 dias. Será 1 semana usando e 3 semanas sem usar para fechar um ciclo. Todos da família devem usar. Serão feitos de 4 a 6 ciclos. Obs: Não tomar Sol, pois irá formar uma cicatriz hipercrômica na região da lesão. Erisipela e Celulite - O agente mais comum entre elas é o estreptococo. Deve-se buscar por portas de entrada principalmente nos membros inferiores através de ulcerações ou dermatomicoses, traumas e picadas de inseto. - Não há predileção de sexo e faixa etária. - Localização mais comum em membros inferiores. Erisipela Agente: Streptococcus Beta hemolítico do grupo A. - Acomete apenas Derme Superficial. - Eritema e edema com bordas bem delimitadas e início súbito. Vesículas, bolhas e áreas hemorrágicas podem existir principalmente em idosos. - Membros inferiores e face. - Febre, calafrios, mal estar e adenite. - Dor pouco importante. - Recorrência frequente → edema e fibrose (Elefantiase). Celulite Agente: S. pyogenes, S. aureus, Streptococcus Beta Hemolítico do grupo A e Haemophilus SP (mais comum em crianças). - Acomete a Derme profunda e pode evoluir para tecido celular subcutâneo. - Eritema e edema, bordas mal delimitadas, aspecto em casca de laranja. Vesículas, bolhas, pústulas e tecido necrótico podem existir. - Criança: face e cervical. Adulto: membros inferiores. - Dor mais pronunciada. - Recorrência é rara. Fatores de Risco: ▪ Feridas, fissuras, solução de continuidade na pele; ▪ Infecção fúngica (intertrigo, tinea pedis). ▪ Insuficiência venosa, obesidade, linfedema, úlceras crônicas. Celulite Tratamento Repouso e elevação do membro com compressa fria para ambas as doenças. Erisipela: Penicilina e derivados. Celulite: Cefalosporina ou macrolídeos. Em casos de quadros recidivantes utilizar Penicilina como profilaxia ( 1 aplicação a cada 21 dias) ou Sulfametoxazol – trimetoprim, além de tratar os outros componentes associados aos fatores de risco como uso de meias elásticas em caso de insuficiência venosa. Foliculite superficial, osteofoliculite ou Impetigo de Bockhart Infecção do óstio folicular pelo S. aureus. • Pequena pústula folicular centrada por um pelo com pequeno halo eritematoso → ruptura → dessecação → crosta. A pústula não interfere no crescimento do pelo ou cabelo. - Pode ser lesão única ou numerosas lesões em áreas pilosas. - Sem predileção de sexo ou idade. Diagnóstico diferencial: erupções acneiformes (na face), foliculite decalvante ou tinea capitis (couro cabeludo), foliculites pitiriospóricas e miliária pustulosa (a miliária é o acometimento do acrossiringeo – o ducto da glândula écrina, mais comum no pescoço). Erisipela Tratamento Sabonete antisséptico para diminui a flora de estafilococos na pele. Antibióticos tópicos – caso haja muitas lesões. Evitar atrito utilizando roupas largas com tecidos mais leves. Sicose da barba Pústula folicular centralizada por pelo em área da barba – é a mesma foliculite, porém pela localização é denominada como sicose da barba. Tendem a se cronificar podendo ocorrer placas vegetantes e infiltradas. A sicose da barba não interfere com o crescimento dos pelos. Diagnostico diferencial: tinea da barba. Deve ser feitoum exame micológico direto + cultura para auxiliar no diagnóstico diferencial. Outro diagnóstico diferencial é a Pseudosicose da barba. Na sicose da barba ocorre uma infecção do óstio folicular por uma bactéria causando a lesão. Na pseudosicose o problema da lesão está no tipo de pelo como demonstrado na imagem abaixo. Pacientes de fototipos 4,5 e 6 o pelo pode crescer encaracolando impedindo o rompimento do óstio causando uma inflamação. Hordéolo / terçol x calázio - Infecção das glândulas de Zeiss ou de Moll (glândulas sebáceas dos folículos pilosos dos cílios) = hordéolo externo. - Infecção da glândula de Meibomius que produz a camada lipídica do filme lacrimal = hordéolo interno. - Obstrução e inflamação da glândula Meibomius = calázio. Tratamento Remoção de fatores predisponentes: blefarite crônica, não remoção de maquiagem, manipulação inadequada e falta de higiene com lentes de contato e rosácea ocular. Limpeza minuciosa com compressas de água morna. Antibióticos em colírios e pomadas oftálmicas. - Casos crônicos, especialmente de calázio, podem estar indicados para o tratamento cirúrgico. Furunculose Processo infeccioso começando a partir do folículo pilossebáceo que se estende para o tecido ao redor desse folículo piloso podendo haver mais de um folículo piloso acometido (carbúnculo). - Não possui predileção por sexo ou idade. O nódulo do furúnculo é eritematoso, doloroso e quente e após 2 a 4 dias torna-se flutuante. O furúnculo só é drenado quando já possuir essa área de flutuação. As principais áreas de acometimento são áreas pilosas sujeitas a atrito e com sudorese mais intensa como pescoço, face, axilas e nádegas. Fatores predisponentes (raros): diabetes, doenças hematológicas, subnutrição, defeitos na quimiotaxia de neutrófilos, deficiência de imunoglobulinas e imunodepressões infecciosas ou medicamentos. Placa eritematosa, endurecida e infiltrada com região central de flutuação. Obs: Todo furúnculo é um abscesso, mas nem todo abscesso é um furúnculo. Porque o furúnculo obrigatoriamente teve inicio no folículo piloso, diferente do abscesso que não possui essa relação de origem. Além disso, caso a furunculose apresente mais de uma área de flutuação será denominada de carbúnculo. Pode ser feito exame bacteriológico e antibiograma em casos complexos ou recidivos, mas no geral o diagnóstico e clínico e compreende como causa as cepas de estreptococos e estafilococos. Tratamento Avaliar fatores predisponentes externos como exposição a agentes químicos industriais, particularmente óleos, pressão excessiva de roupas e cintos, obesidade, hiperhidrose e pelos encravados. Hidradenite supurativa Enquanto o furúnculo não possui uma área de flutuação pode ser feito calor local para ajudar na organização dessa secreção em uma área para drenagem. Drenagem cirúrgica (área com flutuação): a drenagem cirúrgica é o padrão ouro para lesões não complicadas com área de flutuação clara e, somente ela, já é suficiente para o tratamento. Mas ainda pode ser feito associação entre a drenagem cirúrgica com a antibioticoterapia sistêmica. - Complicações: recidivas, sangramento e disseminação sistêmica da infecção. Antibioticoterapia sistêmica: indicada se houver celulite coexistente, paciente imunocomprometido ou corpo estranho (enxerto vascular, telas, cateteres e válvulas). Em caso de recorrência realizar descolonização. A topografia em que o furúnculo está localizado é de extrema importante na conduta terapêutica: • Lesões no Trígono perigoso da face podem possuir extensão para a região intracraniana, por meio do seio cavernoso devendo assim realizar o tratamento em ambiente hospitalar. • Lesões na região perianal podem evoluir para fasciíte necrotizante (síndrome de Fournier) tendo indicação de drenagem com antibioticoterapia sistêmica. Caso da Cecília: Paciente relata lesões recorrentes após tratamento para furunculose. A paciente não possui Furunculose e sim Hidradenite supurativa, uma condição que faz diagnóstico diferencial com a Furunculose e consiste em inflamação crônica e supurativa das unidades pilossebáceas associadas a glândulas apócrinas. Inicio com alterações foliculares / oclusão → dilatação e inflamação + infecção bacteriana e inflamação do ducto da glândula e de tecidos vizinhos → após esses eventos ocorrerem repetidamente causará fibrose e formação de trajetos fistulosos. - Mais comum em mulheres e tem início durante ou após a puberdade. As áreas mais acometidas são as axilas, aréola mamária, genitais externos, região inguinocrural e perianal (regiões de glândulas apócrinas). Tétrade de oclusão folicular: acne conglobata + foliculite dissecante + cisto pilonidal + hidradenite supurativa. Fatores predisponentes: • Desodorantes e antiperspirantes • Raspagem, depilação mecânica ou por depilatórios. • Roupas justas. • Doenças sistêmicas – Diabetes, anemia e obesidade. Exame bacteriológico da secreção: geralmente não é necessário ser feito. Estafilococos, estreptococos e, eventualmente, Escherichia coli ou espécies de Proteus. Tratamento O tratamento deve ser realizado pelo médico especialista: o Cuidados locais. o Depilação laser. o Drenagem de abscessos. o Antibioticoterapia: tetraciclina, eritromicina, doxiclina, SMX – TMP. o Isotretinoína oral. o Infliximabe, adalimumabe. o Ressecação cirúgica ampla.
Compartilhar