Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Física Aplicada as Ciências Biológicas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Marina Garcia Resende Braga Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Cinemática Escalar: Princípios Básicos • Introdução; • Conceitos Importantes; • Algarismos Significativos; • Cinemática – Conceitos Básicos; • Movimento Retilíneo Uniforme (MRU); • Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV). • Apresentar conceitos básicos para compreensão e aplicação em várias áreas da Física; • Reconhecimento de algarismos signifi cativos e ordens de grandezas; • Apresentação de fundamentos de cinemática escalar, com foco em movimento uniforme e movimento uniformemente variado. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Cinemática Escalar: Princípios Básicos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Introdução Para entendermos melhor a importância da Física e de seu estudo para nossa formação, imagine o seguinte cenário: você está assistindo a um documentário so- bre o felino mais veloz do mundo, o guepardo. O narrador afirma que este animal pode superar a velocidade de 100 km/h em apenas 3 segundos (LOPES, 2018). Agora, reflita: com base nessas informações, é possível saber qual a distância per- corrida pelo guepardo? Qual o ramo da Física que podemos estudar para resolver esse tipo de problema? Agora, vamos pensar em outra situação. Você está em um laboratório e precisa saber a massa de uma amostra. Duas balanças estão à sua disposição. Você resolve, então, pesar a amostra nas duas balanças. Em uma delas, o resultado mostra 3,053 kg, enquanto, na outra, o resultado é igual a 3,0 kg. Neste caso, qual balança está correta? Qual a verdadeira massa da amostra? Existe alguma diferença entre os dois resultados obtidos? Bem, ao final desta unidade, você será capaz de responder a todos esses questio- namentos. Estudaremos aqui sobre medidas de grandezas físicas, algarismos signifi- cativos e também princípios básicos de cinemática escalar. Para tanto, iniciaremos nossos estudos com alguns conceitos importantes que você deverá ter em mente para entender melhor o que será tratado nesta unidade. Bons estudos! Conceitos Importantes Apesar de utilizarmos, constantemente, várias fórmulas matemáticas para nos- sos cálculos em Física, esta ciência é, sobretudo, experimental. Logo, para que as medições sejam precisas, é preciso que utilizemos padrões universalmente aceitos. Dessa forma, será possível realizar a repetição dessas medições em vários labora- tórios em todo o mundo e, consequentemente, validar estes resultados (RESNICK; HALLIDAY; KRANE, 2003). No entanto, antes de conversarmos mais sobre padrões e precisão de medidas, vamos nos concentrar no conceito de grandeza física. De forma simplificada, grandeza física é tudo aquilo que pode ser medido e associado a um valor numéri- co e uma unidade. Por exemplo, você consegue medir a distância de sua casa até a padaria mais próxima, bem como a velocidade de um foguete ou de um carro. No entanto, você é capaz de medir sua vontade de concluir este curso? Ou o amor que sente por um ente querido? Nestes últimos dois casos, a medição seria im- possível, certo? Logo, não são grandezas físicas. Por outro lado, velocidade, com- primento, tempo, força e temperatura, por exemplo, são grandezas físicas, pois podem ser associadas a valores numéricos seguidos de uma unidade de medida. 8 9 As grandezas físicas podem ser divididas em dois grupos: • Grandezas escalares: são definidas e perfeitamente entendidas apenas com seu valor numérico e sua unidade. Exemplo: se afirmarmos que a temperatura da água é 25ºC, não precisamos de mais nenhuma informação sobre a grandeza para defini-la. Outras grandezas físicas escalares são: tempo, volume, área, massa, entre outras. • Grandezas vetoriais: para que sejam definidas e completamente entendidas, é necessário que sejam fornecidos: valor numérico, unidade de medida, direção e sentido da grandeza. Grandezas vetoriais são representadas por vetores. Se você me diz que andou por 2 km, para que o conceito seja completamente en- tendido, é preciso saber qual foi a direção (norte, sul, nordeste, etc.) e o sentido de seu deslocamento. Exemplos: velocidade, aceleração, campo magnético, entre outras. Porém, para que todas essas grandezas possam ser entendidas e suas medições repetidas em vários laboratórios, os cientistas devem chegar a um consenso sobre padrões de unidades e de medição, como veremos a seguir. Sistema Internacional de Unidades (SI) O Sistema Internacional de Unidades (SI) possui como base sete grandezas fun- damentais, das quais podem ser derivadas todas as unidades existentes. Por exem- plo, no SI, a unidade de potência é J/s (Joule por segundo): 1 J/s=1kg m2/s3 Observe que a unidade de potência pode ser definida em termos de unidades base do SI: quilograma (massa), metro (comprimento) e segundo (tempo). É importante sa- lientar que todas estas definições foram e são discutidas em encontros da Conferência Geral de Pesos e Medidas (RESNICK; HALLIDAY; KRANE, 2003). A Tabela 1 mostra as sete unidades de base do SI e suas grandezas correspondentes. Tabela 1 – Unidades-base do SI e suas grandezas correspondentes Grandeza Unidade Massa quilograma (kg) Comprimento metro (m) Tempo segundo (s) Corrente elétrica ampère (A) Intensidade luminosa candela (cd) Quantidade de substância mol (mol) Temperatura termodinâmica kelvin (k) Fonte: Resnick, Halliday e Krane (2003) 9 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Importante! O Sistema Internacional de Unidades (SI) é amplamente aceito e usado em todo o mundo. No entanto, ele não é o único sistema de unidades existente. Tem-se ainda o sistema de uni- dades inglesas, ainda muito utilizado nos EUA, o sistema gaussiano e também o cgs (cujas unidades-base são o centímetro (comprimento), o grama (massa) e o segundo (tempo). Você Sabia? No entanto, para entender essas unidades de medida e poder realizar compa- rações e repetição de experimentos em laboratórios ao longo do mundo, de modo a todos entenderem o que significa 1 metro, 1 kg ou 1 mol, por exemplo, é ne- cessário que haja padrões de comparação. Nesta unidade,veremos como foram definidos os padrões de tempo, comprimento e massa. Padrões de Tempo, Comprimento e Massa Antigamente, o segundo era definido como 1/86400 do dia solar médio. No entanto, devido a irregularidades na rotação da Terra, essa interpretação tornou-se insatisfatória, pois esta medição estaria sempre suscetível a erros. Logo, buscando minimizar estes erros e buscar um padrão mais confiável, a Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) definiu o segundo da seguinte forma (INMETRO, 2012): O segundo é a duração de 9192631770 períodos da radiação correspon- dente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133. (...) Essa definição se refere a um átomo de césio em repouso, a uma temperatura de 0 K. (INMETRO, 2012, p. 25) Agora, vamos pensar no comprimento. O que corresponde a 1 metro? De acordo com a CGPM, a definição de metro é a seguinte: O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo du- rante um intervalo de tempo de 1/299792458 de segundo. (INMETRO, 2012, p. 24) Pensando agora na grandeza massa, observe a definição de quilograma: O quilograma é a unidade de massa; ele é igual à massa do protótipo internacional do quilograma. (INMETRO, 2012, p. 24) O protótipo internacional do quilograma (também conhecido como Le Grand K, “o grande K”, em francês), no entanto, por tratar-se de um objeto físico, está sujeito a mudanças ao longo do tempo, seja por corrosão, dilatação, entre outras. Ou seja, isso significa que, ao longo dos anos, o padrão de medição de massa pode não ser tão confiável. Para resolver este problema, buscando mais exatidão nas medidas, os cientistas estão debatendo a redefinição deste padrão. Esta redefinição está prevista para ocorrer em 2018 (INMETRO, 2018). 10 11 Para saber mais sobre a definição dos padrões para todas as unidades de medida das gran- dezas fundamentais, acesse o seguinte link: http://bit.ly/2YYQ65mEx pl or Agora que já sabemos mais sobre padrões e unidades de medida, aprenderemos sobre precisão e algarismos significativos. Vamos lá? Precisão versus exatidão A quantos ovos corresponde uma dúzia? Doze ovos, não é mesmo? Podemos dizer que uma dúzia tem, exatamente, 12 ovos. Quando fazemos a contagem de qualquer coisa, a medida é exata. No entanto, se formos medir a massa de uma amostra em laboratório, por exemplo, dependendo da balança, podemos obter re- sultados diferentes. Neste caso, as medidas são inexatas. Logo, quando realizamos qualquer trabalho científico, estamos sujeitos a incertezas nas medidas. Segundo Matos (2013, p. 25), “sempre existem incertezas em medidas de grandezas”. Mas, qual a diferença entre precisão e exatidão? Suponhamos a seguinte situa- ção: temos duas balanças (A e B) para pesar uma mesma amostra. Os resultados obtidos podem ser vistos na Tabela 2. Tabela 2 – Massas de amostra dadas por duas balanças diferentes Equipamento Valor verdadeiro (por convenção) 1ª Medida 2ª Medida 3ª Medida 4ª Medida Média A 13,0 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0 B 13,0 13,3 13,1 13,2 13,1 13,2 Observando a Tabela 2, podemos tirar algumas conclusões. As medidas forne- cidas pelo equipamento A mostram que ele é bastante preciso, pois as variações entre as quatro medições foram muito pequenas (no caso do exemplo, não houve variação entre as medidas, mas em casos reais essa é uma situação bem difícil de ocorrer). No entanto, a média das medidas apresentadas pelo equipamento A apre- senta um desvio maior do valor verdadeiro, fazendo com que ele seja menos exato que o equipamento B. Resumindo, podemos dizer que o equipamento B é mais exato e menos preciso que o equipamento A. Precisão: medida do grau de aproximação entre valores de medidas individuais (MATOS, 2013, p. 25). Exatidão: grau de aproximação entre medidas individuais e o valor correto ou verdadeiro (MATOS, 2013, p. 25). Ex pl or 11 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Não entendeu muito bem a diferença entre exatidão e precisão? Acesse o seguinte link: http://bit.ly/2FZltEe. Ex pl or Algarismos Significativos Notação Científica Antes de conversarmos sobre algarismos significativos, veremos o conceito de notação científica. Reflitamos um pouco: qual a altura média do ser humano? Suponha que seja por volta de 1,70 m. É um número bem fácil de se escrever, certo? No entanto, as grandezas físicas podem ter uma intensidade muito grande ou muito pequena. A massa de um vírus, por exemplo, pode ser estimada em 0,000000000000001 (RESNICK; HALLIDAY; KRANE, 2003). Agora, imagine ter de escrever esse número várias vezes em um trabalho cien- tífico. Complicado, não é mesmo? Logo, para facilitar a escrita de números muito grandes ou muito pequenos, foi criada a notação científica (também chamada de notação exponencial ou notação padrão), que consiste em escrever o número usando potências de dez. Observe a seguinte fórmula: N= c × 10e em que N é o número que você deseja escrever em notação científica; c é uma constante e está nos intervalos de 1≤ c <10 (em módulo), considerando o conjunto dos números reais; e e (conhecido por ordem de grandeza) é uma constante per- tencente ao conjunto dos números inteiros. Vamos tentar escrever a massa de um vírus em notação científica? • N = 0,000000000000001 • c = 1 • e = -15 (quantidade de casas deslocadas após a vírgula) Logo: N= 1 × 10-15 Outros exemplos: N=800000000 → 8 × 108 N=63000 → 6,3 × 104 N=0,000025 → 2,5 × 10-5 12 13 Ordem de Grandeza Ordem de grandeza é o mais próximo que uma potência pode chegar de uma potência de 10. Como determiná-la? Basta analisar o valor de c na notação científica do número. Se c estiver mais próximo que 1, a ordem de grandeza será 10e; se c estiver mais próximo de 10, a ordem de grandeza será 10e+1. Se c <3,16, a ordem de grandeza será 10e. Por outro lado, se c ≥3,16, a ordem será 10e+1 (CHAVES; SAMPAIO, 2017). Exemplos: 8 × 108 – ordem de grandeza = 109 6,3 × 104 – ordem de grandeza = 105 2,5 × 10-5 – ordem de grandeza = 10-5 Saber escrever um número em notação científica é essencial para o estudo de algarismos significativos. De acordo com Matos (2013, p. 26), “consideramos como algarismos significativos todos os dígitos de uma grandeza medida, inclusive, aqueles considerados incertos”. Com essa definição, podemos responder a um dos questionamentos propostos no início desta unidade. Qual a diferença entre 3 kg e 3,053 kg? Ora, neste caso, a primeira medida (3 kg) é mais incerta que a segunda (3,053 kg), pois possui apenas 1 algarismo significativo, enquanto a segunda possui 4 algarismos significativos. A medida de 3 kg sugere que a massa da amostra está entre 2 kg e 4 kg, enquanto a medida de 3,053 kg sugere que a massa está entre 3,052 kg e 3,054 kg. É importante ressaltar que o último dígito de uma medida é chamado de duvidoso. No caso, para 3,053, o dígito duvidoso é o 3. No entanto, quando o dígito é o zero, temos que tomar mais cuidado, pois eles podem ou não ser considerados algarismos significativos. Por isso, algumas regras devem ser seguidas (MATOS, 2013): • Se o zero estiver entre dois dígitos diferentes de zero, este é considerado um algarismo significativo. Por exemplo: 1000987 cm2 possui sete algarismos sig- nificativos, pois, neste caso, o zero deve ser contabilizado; • Se o zero estiver no início de um número (popularmente, os “zeros à esquerda”), não deve ser considerado algarismo significativo. Por exemplo: 0,1 kg possui apenas um algarismo significativo (o “1”), porque o zero, neste caso, não conta. Outros exemplos: 0,0092 m/s (2 algarismos significativos) e 0,00000002344 J/s (4 algarismos significativos); 13 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos • Se o zero estiver no final de um número e após a vírgula, deve ser considerado algarismo significativo. Observe o exemplo: 0,0006005 m possui quatro algaris- mos significativos, pois os zeros entre os dígitos 6 e 5 devem ser considerados; • Se o zero estiver no finalde um número, pode ou não ser significativo. Por exemplo: 8750 m3 (três ou quatro algarismos significativos); 9000 m/s (um, dois, três ou quatro algarismos significativos). Para ter certeza sobre como classificar o zero, referente a esta última regra, a notação científica é de grande ajuda. Uma velocidade de 9000 m/s, por exemplo, pode ser escrita das seguintes formas: • 9 x 103 m/s – um algarismo significativo; • 9,0 x 103 m/s – dois algarismos significativos; • 9,00 x 103 m/s – três algarismos significativos; • 9,000 x 103 m/s – quatro algarismos significativos. Importante! É importante ressaltar que a ordem de grandeza (103, no caso) não aumenta o número de algarismos significativos. Importante! Algarismos Significativos e Precisão Todos os instrumentos de medição trazem consigo uma precisão específica. Considere as réguas nas Figuras 1 e 2, por exemplo (obs.: as réguas não apresentam medidas em escala real). 0 1 2 3 4 5 Figura 1 – Regra graduada em centímetros 0 1 2 3 4 5 Figura 2 – Regra graduada em milímetros Suponha que um físico necessite realizar uma medida e disponha dessas duas réguas. Os resultados encontrados são os seguintes: Tabela 3 Régua Resultados Régua graduada em centímetros 2,3 Régua graduada em milímetros 2,36 14 15 Os dígitos sublinhados são duvidosos, pois o físico precisa supor quais são eles, visto que as réguas não possuem informações precisas além de sua graduação. No entanto, podemos afirmar que a medida da régua graduada em milímetros é mais precisa, pois possui mais algarismos significativos. Importante! É importante ressaltar que, ao escolher seu instrumento de medida, você deve ter bom senso. Por exemplo, para medir a distância entre duas cidades é coerente utilizar o quilô- metro. Para medir o comprimento dos dedos das mãos, por exemplo, é conveniente usar o centímetro, e assim por diante. Importante! Soma e Subtração com Algarismos Significativos Na soma ou subtração de dois ou mais números, quando consideramos os alga- rismos significativos, devemos manter a quantidade de algarismos significativos do operando de menor precisão. Por exemplo: Sem considerar a regra acima, o resultado é o seguinte: 54,365+8,01+5,241+10,547=78,163 Considerando o operando de menor precisão (8,01), devemos ter apenas 3 alga- rismos significativos na resposta. Logo, o resultado será 78,2. No entanto, você pode estar se perguntando: por que 78,2 e não 78,1? Neste caso, quando fazemos esse tipo de transformação, devemos nos atentar ao dígito que vem logo após o último algarismo significativo que consideraremos. No caso, o dígito que vem logo após o 1 é o 6. Como 6 é maior que 5, temos que adicionar uma unidade ao dígito que o antecede. No caso, temos que 78,163 é mais próximo de 78,2 do que de 78,1. Como regra geral, podemos considerar o seguinte: • Se o dígito for menor que 5, não alteramos nenhum valor durante a aproxi- mação. Por exemplo: temos o número 12,3 e queremos aproximá-lo para o inteiro mais próximo. Neste caso, seria 12, pois 3 é menor que 5; • Se o dígito for maior que 5, adicionamos uma unidade ao dígito que o antece- de. Por exemplo: se o número for 12,7 e queremos aproximá-lo para o inteiro mais próximo, a resposta será 13, pois 7 é maior que 5; • Se o dígito for igual a cinco, devemos tomar mais cuidado. Primeiramente, de- vemos observar o dígito que o antecede. Se o dígito for par, o número é man- tido. Se for ímpar, acrescenta-se uma unidade a ele. Por exemplo: 14,65 – o dígito que antecede o 5 é par, logo, deve-se manter o número, aproximando-o para 14,6. Agora, se for 14,75 - como sete é ímpar, devemos acrescentar uma unidade a ele, aproximando-se para 14,8. 15 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Cinemática – Conceitos Básicos A cinemática é um ramo da Física responsável por estudar e analisar o movimento dos objetos. Podemos utilizá-la, por exemplo, para estudar o movimento de animais, células e foguetes. Com ela, também, podemos encontrar a solução de uma das questões propostas no início da unidade, sobre a corrida de um guepardo. Mas, antes de voltarmos a isso, vamos definir alguns termos fundamentais para o bom entendimento da cinemática. Importante! É importante ressaltar que a cinemática não estuda as causas do movimento (possíveis forças envolvidas, por exemplo). Este estudo é feito por outro ramo da Física, conhecido por dinâmica. Importante! Referencial Imagine que você está viajando com um amigo, e ambos estão dentro de um carro. Você está dirigindo e seu amigo se encontra no outro banco, ao seu lado. Somente com base nessas informações, você consegue responder se está em re- pouso ou em movimento? Se fizermos essa pergunta a uma pessoa que se encontra parada na estrada e observa o carro em movimento, ela responderá que você está em movimento. No entanto, para seu amigo que viaja a seu lado, você está em repouso. A partir dessa situação hipotética, podemos concluir o quão grande é a importância de um referencial (também chamado de sistema de referência) para o estudo da cinemática. Para definirmos repouso e movimento, temos que ter bem definido o conceito de referencial em mente. Diz-se que um corpo está em repouso (ou parado) quando, comparado a um determinado referencial, sua posição não varia ao longo do tem- po. Pensemos novamente na situação da viagem de carro. Se seu amigo for usado como sistema de referência, você estará em repouso, pois sua posição em relação a ele não muda ao longo do tempo. Já num corpo em movimento, ocorre a variação de posição ao longo do tempo, comparando-se a um referencial. Se considerarmos a pessoa parada na estrada como referencial, você estará em movimento, pois ela observará você se movendo junto com o carro ao longo da estrada. 16 17 Agora, reflita um pouco: considerando a Terra como referencial, você está em repouso ou em movimento? Discuta sua resposta com seus colegas e tutores no fórum de discussão. Lembre-se sempre que: repouso e movimento são sempre relativos, ou seja, dependem de um referencial. Dimensões de Corpos Em cinemática, os corpos ou objetos podem ser considerados: • Ponto material ou partícula: neste caso, as dimensões do corpo são muito pequenas se comparadas às demais dimensões do problema. Por exemplo, se desejamos calcular a velocidade média de um ônibus ao longo de uma rodovia de 1000 km, o tamanho do ônibus é muito inferior ao tamanho da rodovia. Por isso, ele pode ser considerado como uma partícula ou ponto material; • Corpo extenso: neste caso, é necessário considerar as dimensões do corpo no problema. Por exemplo, um carro de aproximadamente 4 m fazendo uma baliza em uma vaga de 7m. Como as dimensões são muito próximas, o carro é considerado um corpo extenso. Trajetória, Posição e Deslocamento Geralmente, estes termos causam muita confusão aos estudantes de cinemá- tica. Comecemos pelo conceito de trajetória. Durante o movimento, um corpo ocupa posições sucessivas, o que chamamos de trajetória do corpo. Essa trajetó- ria pode ser circular, retilínea, elíptica, entre outras, como é mostrado nas Figuras 3 e 4. E é importante ressaltar que a forma da trajetória do movimento de um corpo pode variar de acordo com o referencial. Figura 3 – Trajetória parabólica de uma bolinha jogada por uma menina Fonte: Acervo do Conteudista 17 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Figura 4 – Trajetória retilínea de uma bolinha ao ser jogada de uma colina Fonte: Acervo do Conteudista Quando estamos estudando a trajetória de um corpo em relação a um referen- cial, devemos sempre escolher uma origem, ou seja, aquele ponto onde o movi- mento de iniciou e a partir do qual serão contadas as suas posições. As trajetórias podem ter diferentes direções e sentidos. Quando jogamos uma bolinha para cima, por exemplo, sua trajetória será vertical para cima até perder a velocidade e cair. Nessa queda, sua trajetória será vertical para baixo. Agora, vamos entender melhor comoa posição varia ao longo de uma trajetória. Observe a Figura 5. Figura 5 – Diferentes posições ao longo de uma trajetória Fonte: Acervo do Conteudista Através da Figura 5, podemos observar que a trajetória é retilínea, com direção horizontal e sentido positivo para a direita. Em relação à posição, José encontra-se na origem da trajetória (0 km). Maria, por sua vez, ocupa a posição +10 km, enquanto João está na posição -20 km. Pela posição, podemos identificar onde o corpo se encontra ao longo de uma trajetória. Outro importante conceito é o de deslocamento escalar. O deslocamento escalar é medido pela diferença entre a posição final e a posição inicial de um corpo. Vamos usar a situação da Figura 6 como exemplo. Figura 6 – Trajetória de Joana Fonte: Acervo do Conteudista 18 19 Vamos imaginar a seguinte situação: Joana trabalha em uma papelaria. Sua mãe pediu que ela passasse na padaria depois do trabalho antes de ir para casa. Neste caso, o deslocamento de Joana seria dado por: �S S S� � 0 em que ∆S representa o deslocamento escalar, S a posição final e S0 a posição inicial de Joana. Considerando a casa de Joana como referencial e origem da tra- jetória, temos que a posição inicial é na papelaria (-10 m) e sua posição final é em sua casa (0 m). Logo: �S mJoana � � � � �0 10 10( ) Portanto, o deslocamento escalar de Joana foi igual a 10 m, pois as únicas coi- sas que importam são suas posições final e inicial na trajetória. No entanto, temos que ter em mente a diferença entre deslocamento e distância percorrida. Note que, antes de ir para casa, Joana também foi à padaria, percorrendo, ao todo: D D D m m mJoana papelaria à padaria padaria à casa� � � � �30 20 50 A distância D percorrida por Joana foi igual a 50 m. Para calcular esta distância, basta somar todos os trechos percorridos ao longo da trajetória. A partir deste exem- plo, é possível notar a diferença entre deslocamento escalar e distância percorrida. Tipos de Movimento De acordo com o deslocamento ao longo da trajetória, os movimentos podem ser classificados como: • Movimento progressivo: neste caso, o deslocamento escalar é positivo, ou seja, ocorre no sentido positivo da trajetória, segundo um determinado referencial; • Movimento retrógrado: neste caso ocorre o contrário. O deslocamento es- calar é negativo, indicando que o movimento ocorre no sentido adotado como negativo ao longo da trajetória. Usando o exemplo do deslocamento de Joana, temos um movimento progres- sivo, visto que seu movimento ocorreu no sentido positivo da trajetória. Nesta unidade, consideraremos apenas movimento retilíneos, ou seja, que pos- suem uma mesma direção. Logo, trataremos de princípios de cinemática unidi- mensional, na qual não há variação de direção, apenas de intensidade e sentido de grandezas. 19 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Velocidade Escalar Média Usamos a grandeza velocidade para medir o quão rápido se move um corpo. A velocidade escalar média de um objeto depende de dois fatores principais: deslocamento escalar (variação de posição) e variação de tempo. O cálculo desta velocidade é dado por: V S t S S t tmédia �nal inicial = = − − ∆ ∆ 0 Exemplo: suponha que um carro parte do km 320 de uma rodovia às 12h e chega ao km 600 às 16h. Qual foi a velocidade escalar média, em km/h, do carro ao longo deste percurso? Primeiramente, vamos calcular as variações de tempo e posição do carro: � � t t t h h h S S S km km km final inicial� � � � � � � � � � 16 12 4 600 320 280 0 Como já temos as variações de tempo e posição nas unidades pedidas pelo pro- blema, podemos calcular a velocidade escalar média da seguinte forma: V S t km h km hmédia = = = ∆ ∆ 280 4 70 / Observe que a velocidade média encontrada tem um valor positivo. Isso significa que o movimento foi progressivo (Vmédia > 0). Se o movimento fosse retrógrado, a velocidade seria negativa (Vmédia < 0). Importante! A unidade para velocidade escalar média de acordo com o SI é m/s. Importante! Aceleração Escalar Média A aceleração escalar média mede a variação da velocidade ao longo de determi- nado tempo, sendo calculada através da seguinte fórmula: a v t v v t tmédia �nal inicial �nal inicial = = − − ∆ ∆ Exemplo: um trem parte do repouso e alcança 108 km/h em 10 s. Qual a acele- ração média, em m/s, deste trem? 20 21 Primeiramente, vamos verificar se as unidades do problema estão consistentes. Temos que uma velocidade em km/h e um tempo em segundos. Então, devemos transformar km/h em m/s. Veja como ocorre essa conversão na Figura 7. Figura 7 – Transformação de km/h em m/s e vice versa Fonte: Acervo do Conteudista Em segundo lugar, se o trem parte do repouso, significa que ele parte de uma velocidade igual a 0 km/h e de um tempo também igual a 0 s. Com isso, já temos tudo o que precisamos para calcular a aceleração do trem: v km h m s a v v t t �nal média �nal inicial �nal inici = = = − − 108 3 6 30 / , / aal m s m s s s m s s m s= − − = = 30 0 10 0 30 10 3 2 / / / / Importante! A unidade para aceleração escalar média de acordo com o SI é m/s2. Importante! Agora que já estudamos conceitos iniciais de cinemática, passemos ao estudo do movimento retilíneo uniforme e do movimento retilíneo uniformemente variado. É im- portante ressaltar que ambos consideram apenas trajetórias em linha reta. Movimento Retilíneo Uniforme (MRU) No movimento retilíneo uniforme, os corpos não possuem aceleração. Pode-se dizer também que a aceleração é constante e igual a zero. Isso significa que a velo- cidade é constante durante o movimento. Podemos calcular a posição de qualquer objeto em MRU utilizando a seguinte função horária: S(t)=S0+v × t em que So é a posição inicial do corpo (em t = 0), t é o tempo de deslocamento e v é a velocidade média do corpo. Vejamos um exemplo de aplicação da função horária da posição no MRU. 21 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Exemplo: Maria pratica exercícios físicos todos os dias. Uma vez ao dia, faz uma caminhada percorrendo uma trajetória retilínea em velocidade constante. Sabe-se que Maria partiu da posição de 20m e, quando atingiu 50s, já estava na posição de 80m. Com base nestas informações, qual é a função horária da posição neste caso? Temos: S0=20 m; t=50 s; S=80 m; v=? Para determinar a função da posição neste caso, temos que encontrar a velocidade de Maria. Podemos fazer da seguinte forma: S S v t v v v m s� � � � � � � � � � � � � �0 80 20 50 80 20 50 60 50 1 2, / A partir deste resultado, conclui-se que a função horária da posição é dada por: S(t)=20+1,2 × t Com esta função, podemos calcular a posição de Maria em vários instantes. Daí a importância desta função para o MRU. Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV) Já no movimento retilíneo uniformemente variável, há aceleração constante. Ou seja, temos variação de velocidade e também de posição de um corpo. A função horária da posição para o MRUV é dada por: S t S v t a t� � � � � � �0 0 2 2 em que v0 e a representam a velocidade inicial e a aceleração escalar constante do corpo, respectivamente. Como também há variação de velocidade, também temos uma função horária para esta, sendo dada por: v(t)=v0+ a × t Quando não temos informações sobre o tempo de percurso do objeto, podemos usar a Equação de Torricelli para encontrar a velocidade final (v) do objeto: v2=v0 2 + 2 × a × ∆S Exemplo: Um carro se movimenta de acordo com a seguinte função horária da velocidade, considerando unidades do SI: v(t)= 14+6t 22 23 Determine: a) A velocidade inicial do carro. Comparando-se a função dada no problema com a função horária da velocidade, temos: v(t)= vo + a × t v(t)=14 + 6t Portanto, podemos concluir que a velocidade inicial do carro é igual a 14 m/s.A aceleração média do carro. Comparando-se a função dada no problema com a função horária da velocidade, temos: v(t)=v0+ a × t v(t)= 14 + 6t Portanto, podemos concluir que aaceleração média do carro é igual a 6 m/s2. b) Qual posição o carro ocupará em t = 7s (considere a posição inicial do carro So = 0m. Agora, temos que utilizar a função horária da posição para comparação e, consequentemente, realização do cálculo. Observe a função horária da posição: S t S v t a t� � � � � � �0 0 2 2 Já sabemos a velocidade inicial e a aceleração média do carro, bem como a po- sição inicial do mesmo. Logo, podemos substituir na fórmula: S t t t( ) = + × + ×0 14 2 26 Simplificando a fórmula: S t t t( ) = × + ×14 2 26 Para saber a posição do carro em t = 7s, basta substituir na fórmula: S t m�� � � � � � �7 14 7 7 2 245 26 Logo, a posição do carro em t = 7s é S = 245m. 23 UNIDADE Cinemática Escalar: Princípios Básicos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Biofísica Para saber mais sobre unidades, padrões e grandezas, estude o Capítulo 1 do livro: DURÁN, J. E. R. Biofísica. São Paulo: Prentice Hall, 2003. 318 p. Biofísica Para entender melhor e praticar exercícios sobre cinemática escalar aplicada a Ciências Biológicas, estude o Capítulo 3 do livro: DURÁN, J. E. R. Biofísica. São Paulo: Prentice Hall, 2003. 318 p. Vídeos Física Total - Aula 02 - Conceitos iniciais de Cinemática https://youtu.be/_6ILoTeChCE Leitura Qual foi a maior velocidade que uma pessoa já alcançou? Qual o limite do ser humano? Leia a seguinte reportagem e descubra uma das maiores velocidades que um ser humano já alcançou. Você consegue imaginar que alcançou tal feito? http://bit.ly/2G53OLk 24 25 Referências CHAVES, A.; SAMPAIO, J. F. Física Básica - Mecânica. Rio de Janeiro - RJ: LTC, 2017. 309 p. INMETRO. Sistema Internacional de Unidades SI: 1ª Edição Brasileira da 8ª Edição do BIPM, 2012. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/pu- blicacoes/si_versao_final.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018. INMETRO. Institutos de Metrologia estão próximos de um acordo sobre a redefinição do padrão do quilograma, 2016. Disponível em: <http://www.inme- tro.gov.br/noticias/verNoticia.asp?seq_noticia=3918>. Acesso em: 10 abr. 2018. LOPES, V. Qual a velocidade que um guepardo pode atingir? Disponível em: <https://www.peritoanimal.com.br/qual-a-velocidade-que-um-guepardo-pode-atin- gir-20829.html>. Acesso em: 10 abr. 2018. MATOS, R. M. Noções básicas de cálculo estequiométrico. Campinas - SP: Átomo, 2013. 104 p. RESNICK, R.; HALLIDAY, D.; KRANE, K. S. Física 1. 5ª. ed. Rio de Janeiro - RJ: LTC, 2003. 390 p. 25
Compartilhar