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Intraempreendedorismo e Liderança Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Eva Susana Soares de Oliveira Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Liderança na Prática • Introdução; • Liderança Servidora; • Liderança Nível Cinco; • O Pipeline de Liderança; • Intraempreendedorismo e Liderança. • Discutir sobre a prática da liderança, autoliderança e empoderamento como instrumentos do empreendedor e intraempreendedor nas organizações contemporâneas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Liderança na Prática Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Liderança na Prática Contextualização Uma vez mais, a arte de liderar será motivo de reflexão! Seria de fato uma arte? Depende, mais uma vez, depende... E depende de tantas variáveis! Afinal, o que se observa é que, quanto mais se estuda, mais se descobre que nada se sabe. O que remete a Sócrates (2018) e sua célebre frase: “tudo que sei é que nada sei!” Houve um tempo, em que essa frase soava aquela falsa humildade que tanto se vê. Contudo, depois de mais de meio século de caminhada, sua frase ainda se torna incrivelmente verdadeira. Poder-se-ia parafraseá-la assim: quanto menos sei – mais acho que sei; quanto mais sei – menos sei que não sei! A vida é um longo caminho e, como também disse o poeta Britto (2018), “é caminhando que se faz o caminho”! Certamente, todos lideram em algum lugar, em algum momento, quiçá, em mui- tos momentos e em muitos lugares. E como se lidera? Como autocrata, democrata, ou liberal? Sendo ou não influenciado pelo liderado? Até que ponto? Será que, às vezes, quem toma o comando é o liderado? Será que se possibilita ao liderado crescimento, desenvolvimento, transformação? Ou, se impede, bloqueia o outro? E, nesse caso, o liderado sobrevive como plantas que crescem na sombra de outras, às vezes, grandes frondosas árvores. Conforme o Chief Executive Officer da AmBev, Brito (2018) líder medíocre atrai seguidores medíocres e líder talentoso atrai seguidores talentosos. Pergunte-se: que lugar me é mais adequado? E, como liderado? Como me comporto? Apenas sigo? Influencio a liderança? Como? Afinal, que relevância tem o tema liderança? 8 9 Nas companhias? No mundo? Na vida? Toda família tem um líder ou mais. Cidades, estados, países são dirigidos por líderes. Nas rodas de amigos, às vezes se lidera, outras vezes se é liderado! Talvez você tenha se arrependido de ter liderado ou seguido em alguns momen- tos da própria história. Mas só se sabe o resultado das escolhas que se faz depois de fazê-las! Tudo é caminho, estrada de aprendizagem! Sucesso e fracasso caminham juntos, então, segundo Pesce (2018), deve-se cele- brar cada sucesso e aprender com cada fracasso. Isso pode ser uma boa estratégia! Se o bom líder é o que possibilita a transformação dos seus seguidores e do meio em que atua, talvez se possa propor uma reflexão que possibilite um primeiro passo em direção à autotransformação: Como lidero? Como me comporto como liderado? Dar respostas, jamais; possibilitar ao indivíduo encontrá-las dentro de si é o ade- quado. Assim, quem sabe, poder-se-á ampliar as próprias possibilidades de ver o mundo do jeito que ele é, com mais alegria. Alegria pelo simples fato de estar vivo e na liderança da própria vida! 9 UNIDADE Liderança na Prática Introdução Quanto mais se estuda, mais se verificam as inúmeras variáveis que interferem no processo de liderança. Se, no início, pensou-se que era suficiente ter determinados traços e a liderança já estaria garantida, no caminhar, percebe-se que é preciso muito mais. Posteriormente, pensou-se que o líder poderia ser autocrata, democrata ou li- beral e, quiçá, nem se tenha pensado que se pudesse fazer uma mistura de todas essas possibilidades e utilizá-lo de acordo com os contextos situacionais. E, pode ser também, que muitos tenham feito isso. Até determinado momento da história da liderança, o liderado nem mesmo foi visto, percebido como parte do processo de liderança. Como assim? Já que até mesmo uma criança muito pequena, consegue, em todo momento, interferir nos movimentos dos adultos, seus líderes: pai, mãe, avó, avô e outros. Aliás, na sociedade em que se vive na atualidade, as crianças têm interferido muito além da medida. Muitas crianças tomam os lugares dos próprios pais, lide- rando as decisões familiares. Infantolatria – As consequências de deixar as crianças serem o centro da família. Disponível em: https://goo.gl/ZgACA4. Ex pl or Liderança é um tema muito presente no dia a dia de todos! Para Bert Hellinger (2007), existe uma série de leis ocultas que atuam sobre os sistemas, ou seja, sobre as famílias, os diversos grupos e organizações. São as leis do amor: forças dinâmicas e articuladas que atuam sobre os grupos, sobretudo nas famílias, sem que os sujeitos que os compõem percebam. Quando essas leis são ignoradas, causam grandes desordens, conflitos, doenças e dores. Em contrapartida, quando respeitadas, possibilitam um fluxo harmonioso de bem estar. A hierarquia é uma das leis do amor: quem chega primeiro tem precedência sobre quem vêm depois. Desse modo, os pais têm primazia sobre os filhos, bem como o primeiro filho tem preferência sobre o segundo filho e assim consecutiva- mente. A ordem fica invertida quando os filhos se sentem maiores e ou melhores que os pais. Essa arrogância poderá trazer ao filho fracassos, doenças e até mesmo destinos difíceis. 10 11 Assista ao vídeo e aprenda sobre as leis que regem os sistemas. Disponível em: https://youtu.be/fLi2SXi-6VEEx pl or Verifica-se, assim, quão importante é aprender e refletir sobre liderança. E ir além, refletir sobre o próprio comportamento! Estudar e aprender devem possibilitar não apenas a conquista de certificados, status, melhoria no salário, mas sim mais recursos para lidar com a vida que desafia a todo instante. E você? Como o seu estilo de liderança influencia a sua vida? Os seus relacionamentos? Você é o líder bonzinho? Aquele que não tem coragem de dizer não? Você é o líder durão? Aquele que, mesmo quando percebe que está errado, não conse- gue reconhecer? Haveria outras possibilidades?Com certeza, sim. Além de tudo que já foi estudado, há muito mais para aprender sempre. Liderança Servidora Blanchard (2012) diz que, quando as pessoas lideram em alto nível, tornam o mundo melhor, pois focam as metas no bem comum e isso requer um líder especial: o líder servidor. Segundo o autor, o termo “liderança servidora” foi cunhado por Robert Greenleaf nos anos 1970 e a liderança servidora é o centro da filosofia de Jesus – “líder servidor altamente comprometido e eficaz” (BLANCHARD, 2012, p. 252). Assista ao vídeo Mario Sergio Cortella – Gestão de Pessoas Liderança e Coaching. Disponível em: https://youtu.be/923F4HxB6u4Ex pl or Liderar não é se servir, mas servir! (CORTELLA, 2018). O líder servidor trabalha para o crescimento e desenvolvimento dos colabora- dores, estabelece uma cultura de confiança e respeito, possui poder de persuasão, busca incessantemente compreender as necessidades da equipe, e é comprometido com sua evolução. 11 UNIDADE Liderança na Prática Liderar é colocar-se a serviço de alguém e, sempre que possível, a serviço de muitos (HELLINGER, 2007). O líder servidor é uma mistura equilibrada de líder e servo, ao mesmo tempo em que elogia e apoia os liderados, provoca reflexão, encoraja, orienta e indica caminhos. “Liderança servidora é levar as pessoas a um nível mais alto, liderando as pessoas em um alto nível.” (BLANCHARD, 2012, p. 261). Como ser líder e servo ao mesmo tempo? Ex pl or Figura 1 – Martin Luther King Jr. (2018), ativista político, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo Fonte: Wikimedia Commons Conforme Blanchard (2012) é possível liderar e servir ao mesmo tempo, pois a liderança envolve dois aspectos: visão e implementação: • Primeiro aspecto da liderança: liderança visionária – o líder define a direção, comunica os valores e a missão, que devem ser repetidos quantas vezes se fize- rem necessárias, até que todos tenham clareza do caminho a seguir. Crianças olham para os pais, jogadores para treinadores e os colaboradores para seus líderes organizacionais. • Segundo aspecto da liderança: liderança servidora – depois de esclarecer os valores, missão, objetivos e metas, o líder passa a atuar como servidor na implementação do negócio, projeto, ideia. O líder dedica-se a compreender o que os colaboradores precisam para alcançar as metas: O que você precisa? O que falta? O que mais posso fazer para ajudá-lo a realizar o trabalho com excelência? O que posso fazer por você? Líderes servidores fazem a diferença na vida dos colaboradores, trazem à tona o melhor das pessoas, e elas se comportam como se fossem donas do lugar onde atuam. 12 13 Para (BLANCHARD, 2012, p. 259-261), o líder servidor tem os seguintes com- portamentos: • Olha para o futuro: Trata-se do poder da visão arrebatadora com foco no futuro, nítida, que con- templa metas e estratégias. É papel do líder levar as pessoas de um lugar para o outro, de um ponto no presente para um ponto no futuro. • Envolve e desenvolve as pessoas: Após estabelecer a visão e a direção, o líder pode virar a pirâmide hierárquica de cabeça para baixo e se engajar em apoiar e desenvolver sua equipe de acor- do com a visão anteriormente estabelecida, passando de líder para servidor. O que mais você precisa para atingir as metas? O que eu posso fazer para possibilitar-lhe o alcance das mesmas? • Reinventa continuamente e seus três aspectos: O líder servidor se dedica a aumentar suas habilidades e conhecimentos conti- nuamente, é um eterno aprendiz; para ele aprender, é condição para perma- necer líder. O líder servidor desperta o desejo de crescimento nos seus seguidores, defende a causa de que aprender é absolutamente necessário e por toda a vida, consciente de que cada qual escolhe transformar ou não esse conceito em realidade. O líder servidor reinventa a estrutura organizacional sempre que perceber que ela já não serve mais à organização, aos colaboradores e aos clientes, sabe que a estrutura organizacional deve ser fluida e flexível. Desse modo, cria estruturas e sistemas estimulantes que caracterizam as organizações de alto desempenho, prepara-se e prepara sua equipe para os imprevistos, especialmente diante de tantas variáveis ambientais incontroláveis da contemporaneidade. • Valoriza resultados e relacionamentos: O líder servidor valoriza resultados e relacionamentos, reconhece que ambos são fundamentais no longo prazo, cuida dos clientes e dos colaboradores e obtém lucro como resultado de servir a todos. • Personifica os valores: O líder servidor vive de forma congruente com os valores que defende, suas ações confirmam suas palavras, é um exemplo vivo do que prega, faz o que fala e fala o que faz. Enquanto alguns estilos de liderança preocupam-se em se servir, a liderança servidora tem o foco em servir ao próximo, é uma liderança que vem do coração, sabe que o que importa na vida é o que dá e não o que recebe. 13 UNIDADE Liderança na Prática Esses maravilhosos líderes sabem que suas posições, bens materiais, bem como a própria vida, são temporários, assim sendo, sabem que a missão deles é cuidar de tudo e de todos. A liderança servidora é adequada aos tempos de hoje, porquanto as pessoas pro- curam um propósito significativo e elevado e princípios que realmente funcionem. Blanchard (2012), em seu livro Liderança de alto nível: como criar e lide- rar organizações de alto desempenho, conta que, quando Margie Blanchard foi questionada sobre o que era liderança, ela apenas disse: “É amar sua missão, amar seus clientes, amar seu pessoal e amar a si mesmo o suficiente para sair do caminho, para que outras pessoas possam se tornar magníficas.” (BLANCHARD, 2012, p. 268). Liderança Nível Cinco Com relação à liderança nível cinco, será feita uma reflexão com base no livro de Collins: Empresas feitas para vencer (2006). Collins nasceu nos Estados Unidos, estudou em Stanford, foi consultor da Mckinsey & Company, é professor, mestre e doutor em Administração e, na atualidade, é um dos mais respeitados pensadores do mundo dos negócios. Figura 2 – James C. Collins, em Denver, Colorado, 2017 Fonte: Wikimedia Commons 14 15 Para o autor, existem diferentes níveis de liderança e o líder nível cinco é o líder que estava no topo das companhias pesquisadas por Jim Collins, segundo estudo relatado no seu livro Good to great e Empresas feitas para vencer em português. As companhias estudadas por Collins foram aquelas que cresceram três vezes mais que a média dos seus concorrentes, durante no mínimo quinze anos, empresas como: Gillette, Philip Morris, Circuit City, Kimberly-Clark, Wells Fargo. A partir dos extraordinários resultados apresentados pelas companhias, Collins aprofundou- -se nos estudos para compreender quem eram as pessoas que as lideravam. Quem são os líderes extraordinários do livro: Empresas feitas para vencer? Quais os seus traços, estilos, comportamentos? Ex pl or Para surpresa de Collins (2006), diferentemente dos líderes de personalidade forte e que se tornam celebridades, os líderes nível cinco, do livro Empresas feitas para vencer, parecem ter vindo de Marte, pois possuem uma modéstia irresistível, são quietos, reservados, apagados, tímidos, bem-educados, discretos, uma mistura de humildade pessoal com intensa vontade profissional. Para (COLLINS, 2006, p. 62), a liderança nível 5, contempla dois lados: vontade profissional e humildade pessoal, que serão explanados a seguir: Vontade Profissional • É um líder que gera resultados extraordinários, impulsiona a empresa para a excelência; • Possui determinação inabalável, faz o que for necessário para gerar melhores resultados de longo prazo; • Foca em construir uma empresa excelente – construir uma boa empresa está fora de cogitação para o líder nível 5, ele quer o excelente; • O líder nível 5 não culpaoutras pessoas, ou fatores externos, ao contrário, assume toda responsabilidade pelos resultados ruins. Humildade Pessoal • Foge da bajulação, não se vangloria, possui uma modéstia irresistível. • Com determinação e calma, motiva e inspira por meio do próprio exemplo. • A ambição do líder nível 5 é direcionada para a empresa e não para si mesmo, prepara seus sucessores para serem ainda melhores do que ele. • Atribui o crédito pelo sucesso da empresa à equipe, a outras pessoas, a fatores externos e até mesmo à boa sorte. 15 UNIDADE Liderança na Prática Os líderes das Empresas feitas para vencer, são “[...] fanaticamente infectados por uma necessidade incurável de gerar resultados contínuos” (COLLINS, 2006, p. 66). E, portanto, esses líderes fazem o que for necessário para levar a empresa à excelência. Os líderes das Empresas feitas para vencer começam retirando as pessoas erradas do barco e colocando as certas, são líderes rigorosos nas decisões que envolvem pessoas: • Na dúvida, não contrate; continue procurando, atrair as pessoas certas é ponto crucial; • Nas mudanças que envolvam gente, certifique-se se não se trata de alguém que apenas está no lugar errado; • Coloque as melhores pessoas nas melhores oportunidades, não nos maio- res problemas; • As pessoas certas são o ativo mais importante da companhia, talentos e traços de caráter inatos definem mais a pessoa certa do que o conhecimento e capa- cidades específicas. A hierarquia da liderança nível 5, segundo (COLLINS, 2006, p. 40), é a seguinte: • Nível 1: Indivíduo Altamente Capacitado Contribui através do talento, conhecimento, técnicas e bons hábitos de trabalho. • Nível 2: Membro Colaborador da Equipe Contribui com suas capacidades individuais para que os objetivos do grupo sejam atingidos, trabalham eficazmente em equipe. • Nível 3: Gerente Competente Organiza pessoas e recursos de maneira efetiva e eficiente em direção aos objetivos determinados anteriormente. • Nível 4: Líder Eficaz Fomenta o comprometimento com visão clara e forte, vai atrás dessa visão, estimula altos padrões de desempenho. • Nível 5: Executivo de Nível 5 Constrói excelência duradora, por meio de uma mistura de humildade pessoal e força de vontade fundamentada no profissionalismo. Assista ao vídeo de Collins, palestra Empresas feitas para vencer ou Good to Great. Disponível em: https://youtu.be/BQH3pMzlhzsEx pl or 16 17 O Pipeline de Liderança O estudo será feito com base no livro Pipeline da liderança: o desenvolvimen- to de líderes como diferencial competitivo, de Charan (2009), que, juntamente com Stephen Drotter e James Noel, desenvolveu pesquisas que resultaram no livro. Figura 3 – Ram Charan Fonte: hbrascend.org Ram Charan consultor do Bank of America, Ford, DuPont, Biogenex entre outras, foi considerado pela Business Week como o segundo melhor profissional para elaboração de programas internos corporativos de desenvolvimento de líderes nos Estados Unidos. Os autores comparam a liderança ao pipeline, cuja tradução é tubulação, um cano que se desdobra em canais diferentes, da mesma maneira a liderança também faz um caminho que vai gerando desdobramentos e transformações, exigindo que o líder se transforme à medida que escala os seis diferentes níveis da liderança: gerenciar a si mesmo a gerenciar outros, gerenciar gestores, gerente funcional, gerente de negócios, gerente de grupo e gestor corporativo. O Pipeline de Liderança objetiva detectar e desenvolver talentos, fomentar a liderança nos vários níveis da companhia, desenvolver planos de carreira, planejar a sucessão empresarial. Conforme Charan (2009), de forma sucinta, será feita uma reflexão das seis passagens da liderança: • 7º Passagem: Gestor Corpo; • 6º Passagem: Gestor Grupo; • 5º Passagem: Gestor de Negócios; • 4º Passagem: Gestor Funcional; • 3º Passagem: Gestor de Gestores; • 2º Passagem: Gestor dos outros; • 1° Passagem: Gestor de si. 17 UNIDADE Liderança na Prática • Passagem 1: Gerenciar a si mesmo a gerenciar outros Nessa etapa, o trabalhador deixa de ser um realizador de tarefas, para fazer com que outros as realizem, é preciso aprender a planejar, atribuir tarefas, treinar, motivar, mensurar. Precisam ser desenvolvidas habilidades para gerir pessoas, dar feedback, ge- renciar conflitos, delegar, e ainda habilidades de coaching, que se referem a desenvolver pessoas, explorando e desenvolvendo seu potencial, levando-as de um ponto para o outro. Lidar como a nova agenda também exige mudanças, pois ela será impactada por muitas reuniões, é preciso ter disponibilidade para ouvir a equipe, seus problemas, ideias, dúvidas, projetos, e ainda ter tempo para ir até os colabora- dores, circular, verificar. No novo papel, os valores também devem mudar, o líder deve discutir, explicar e conectar os colaboradores às estratégias organizacionais, dar sentido ao tra- balho para os liderados. • Passagem 2: De gerenciar outros a gerenciar gestores Nessa etapa, o líder deve, definitivamente, deixar as tarefas individuais e aprender habilidades de seleção, delegação de trabalho gerencial, mensuração do progresso de seus liderados, atentar ainda mais para as questões estratégicas que envolvem o negócio e desenvolver visão sistêmica. É preciso tempo para selecionar e desenvolver líderes, criar sinergia com a equipe e gerir conflitos. O líder torna-se um maestro que deve orquestrar diferenças. Cada vez mais o líder está em evidência, portanto, precisa ter coerência entre o que fala e faz, os valores e atitudes que assume. A agenda torna-se ainda mais complexa, com mais reuniões, passa-se selecionar líderes, delegar, dar feedback, e administrar conflitos. • Passagem 3: De gerente de gestores a gerente funcional Nessa etapa, o líder deverá desenvolver ainda mais as habilidades de comu- nicação, gerenciar áreas das quais ainda não tem muito conhecimento, mais maturidade gerencial e foco no longo prazo serão fundamentais. O líder deve ter maturidade para assumir o papel de líder funcional: capaci- dade de pensar na função a partir de diferentes pontos de vista, criar sinergia com outras funções; pensamento estratégico, abordagem holística; valorizar o que não sabe, reconhecer que não sabe, fazer perguntas, ouvir com atenção; identificar sinais de disfunção; desenvolver gestores maduros, estratégicos e capazes de assumir plenamente a responsabilidade pela função. 18 19 • Passagem 4: Do gerente funcional ao gerente de negócios É uma passagem extremamente importante, pois agora o líder se tornará respon- sável por resultados financeiros, com autonomia, o que pode representar vanta- gem ou desvantagem, dependendo do profissional, bem como da companhia. O profissional precisará de mais habilidades na administração do tempo e nos valores do trabalho: será necessário comandar funções diferentes e trabalhar com um maior número de pessoas, a boa comunicação e a capacidade de lidar com a diversidade serão essenciais. Os líderes devem: mudar a forma de pensar – passar a pensar em termos de lucratividade e vantagem competitiva sustentável –; administrar a complexida- de – fazer relações entre diversas pessoas, funções e processos –; aprender a valorizar todas as funções –; alto nível de visibilidade – é observado em cada palavra e ação. • Passagem 5: De gerente de negócios a gerente de grupo Cada vez mais o líder precisa inspirar, valorizar e apoiar os seus liderados e os seus sucessos. Perspectiva global, holística, capacidade para administrar as complexidades dos negócios, mensurar as estratégias, desenvolver e avaliar os gerentes serão habilidades requeridas nesta etapa. Os líderes devem: valorizar o sucesso dos outros e dos negócios alheios; geren- ciar e desenvolver os gerentes de negócios; vincular o negócio à corporação – alinhar-se às metas e estratégias corporativas, monitorar e garantir a execu- ção dessa conectividade –; administrar o oculto – dedicar tempo para refletir,aprender e desenvolver estratégias em relação ao invisível. • Passagem 6: De gerente de grupo a gestor corporativo Nessa etapa, o líder tonar-se mais visionário, preocupa-se com o todo, longo prazo, construir valores. Os líderes devem: entregar resultados financeiros; definir o direcionamento da empresa; definir o lado “soft” da empresa – administrar os relacionamentos sociais, energizar as pessoas em todos os níveis organizacionais –; manter van- tagem na execução – foco na realização e nos resultados –; conduzir a empresa em um contexto global mais amplo – posição ativa para solucionar problemas globais como questões ambientais, segurança e saúde–; uma transição signifi- cativa de valores. Por conseguinte, selecionar, capacitar e reter líderes torna-se essencial, cada passagem exige do profissional novos saberes. Assim sendo, líderes prepara- dos, seguramente, alcançam muito mais sucesso e consequentemente, condu- zem a companhia nessa mesma direção. 19 UNIDADE Liderança na Prática Intraempreendedorismo e Liderança E agora? O que conecta intraempreendedorismo e liderança? Ex pl or O que se observa nas companhias é que intraempreendedorismo e liderança estão profundamente conectados. Por um lado, as organizações desejam trabalhadores intraempreendedores: que trabalhem como se fossem o próprio dono, proativos, inovadores, autônomos; por outro lado, muitas vezes, a liderança impossibilita, quiçá, impede o desenvolvimen- to dos intraempreendedores e, consequentemente, da cultura intraempreendedora. Qual o perfil mais adequado de liderança no desenvolvimento do intraempreendedorismo? Ex pl or Hashimoto (2018) realizou uma pesquisa com quinze líderes sobre o desafio de liderar intraempreendedores, mais especificamente buscou compreender como os líderes identificam, desenvolvem, retêm e mantêm motivados esses profissionais. Segundo o autor, os líderes afirmaram que liderar intraempreendedores é um grande desafio: são profissionais talentosos e autossuficientes, demandam pouca su- pervisão e lidam bem com a autonomia, contudo, são rebeldes, intransigentes, auto- confiantes em excesso, só acatam ordem quando convencidos da sua necessidade. Como o líder pode promover o intraempreendedorismo? Ex pl or De acordo com os estudos realizados, alguns pontos podem ser considerados: As lideranças mais focadas nos relacionamentos, apoiadoras, que possibilitam o crescimento e o desenvolvimento dos liderados são mais apropriadas. Ambientes mais democráticos, em que o respeito impere em todas as direções são ideais. Importante considerar que, embora todos possam se tornar líderes, ninguém nasce pronto, o indivíduo nasce e vai se fazendo (CORTELLA, 2007). Por conseguinte, é preciso investir na capacitação dos líderes, prepará-los para as diferentes passagens da liderança Charan (2009), compreendendo a capacitação como um processo contínuo e constante de desenvolvimento. 20 21 As companhias que desejam profissionais empreendedores precisam construir uma cultura que possibilite atrair, desenvolver e reter esses trabalhadores, e o ponto essencial nesse processo é preparar suas lideranças para lidarem com esses profissionais. Figura 4 – Sonhar é preciso! Fonte: iStock/Getty Images Sonhar é a primeira etapa do planejamento estratégico (SOUZA, 2016), portanto, sonhar é fundamental, é o que dá o start, o início. É importante sonhar com companhias que respeitem, compensem, valorizem verdadeiramente seus trabalhadores e com profissionais que desejam, de fato, con- tribuir para o crescimento da empresa, trabalhando com dedicação, empenho e paixão pelo negócio. Além disso, sonhar com uma cultura organizacional em que o espírito de colabo- ração, reciprocidade, equilíbrio no dar e tomar sejam elementos essenciais é preciso! Não obstante, lembre-se: sonhar é apenas a primeira etapa do processo, conse- quentemente, companhias e trabalhadores precisam arregaçar as mangas, pôr as mãos na massa e trabalhar para construir esse novo mundo. O desafio é enorme, mas o impossível não existe, especialmente para aqueles que estudam e acreditam no empreendedorismo e no intraempreendedorismo. O caminho é longo, a escolha é de cada um. Passo a passo, pode-se transfor- mar o ambiente, às vezes, ainda hostil, em um lugar onde a vida possa fazer mais sentido, como ensina Cortella (2007). Esperar que outros façam, ou esperar por condições ideais, é apenas esperar, e como bem disse o saudoso Vandré (2018), em sua canção “Pra não dizer que não falei das flores: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Como disse o grande educador brasileiro Freire (2018): 21 UNIDADE Liderança na Prática É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo. (FREIRE, 2018, p. 01) Figura 5 – Atitude Fonte: iStock/Getty Images Qual a verdadeira essência da vida? A razão da vida? Ex pl or Felizmente, já se vislumbram companhias extraordinárias dando início a esse novo tempo, elas fazem diferente e fazem a diferença. Passo a passo! Imagine... Se é que você consegue: o que os líderes e empreendedores fizeram, fazem e farão pelo planeta Terra?Ex pl or Seja qual for a escolha do indivíduo, seguramente, colabora neste momento, na construção dos próximos tempos – seja como líder, liderado, empreendedor, intra- empreendedor, ou, se preferir, trabalhador. Cada qual traz o seu saber. O mundo é um sistema complexo, em perfeita interação, tudo está ligado e interligado, o todo está nas partes e as partes estão no todo, por conseguinte, os resultados das escolhas de cada um, compõem o futuro de todos. Como disse Donne (2018). 22 23 Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não pergun- tes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. (DONNE, 2018, p. 01) Figura 6 – Juntos Fonte: iStock/Getty Images 23 UNIDADE Liderança na Prática Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Jim Collins https://bit.ly/2K0LhF9 Ram-Charan https://bit.ly/1KPXUO9 Livros Dignidade para Todos: alto desempenho com liderança baseada em valores DESPAIN, James E.; CONVERSE, Jane B. Dignidade para todos: alto desempenho com liderança baseada em valores. São Paulo: Pearson, 2004. (E-book). Academia de Liderança: como desenvolver sua capacidade de liderar JUCÁ, Fernando et al. Academia de liderança: como desenvolver sua capacidade de liderar. Campinas, SP: Papirus, 2013. (E-book). Vídeos Empresas feitas para vencer https://youtu.be/BQH3pMzlhzs Cortella - 5 competências essenciais de um líder https://youtu.be/7eQ73HVWcJc 24 25 Referências BLANCHARD, Ken. Lideranç a de alto ní vel: como criar e liderar organizaç õ es de alto desempenho. Porto Alegre: Bookman, 2012. BRITTO, Sérgio. Enquanto Houver Sol. Disponível em: <https://www.vagalume. com.br/titas/enquanto-houver-sol.html>. Acesso: 26 ago. 2018. BRITO, Carlos. AmBev na Endeavor - Brasil Júnior. Disponível em <https:// www.youtube.com/watch?v=XBl2DQB9Z78>. Acesso em: 17 ago. 2018. CHARAN, Ram. Pipeline da liderança: como criar e gerir uma empresa líder. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. COLLINS, James Charles. Empresas feitas para vencer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. CORTELLA, Mário Sérgio. Qual a sua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. 10ª ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2007. ________. Gestão de Pessoas Liderança e Coaching. Disponívelem: <https:// www.youtube.com/watch?v=923F4HxB6u4>. Acesso em 27 ago. 2018. DONNE, John. Nenhum homem é uma ilha isolada. Disponível em: <https:// www.pensador.com/frase/NTE2MzQ4/>. Acesso em: 30 ago. 2018. FREIRE, Paulo. Esperança. Pedaços & Trechos. Disponível em:< https://plus.google. com/114757469942584983991/posts/aAkLmx1yeAS>. Acesso em: 30 ago. 2018. HASHIMOTO, Marcos. O desafio de liderar intraempreendedores. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/empreendedorismo/o-desafio-de-lider- ar-intraempreendedores/86823/>. Acesso em: 30 ago. 2018. HELLINGER, Bert. As ordens do amor: um guia para o trabalho com conste- lações familiares. São Paulo: Cultrix, 2007. MARTIN LUTHER KING JUNIOR. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2018. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index. php?title=Martin_Luther_King_Jr.&oldid=52813054>. Acesso em: 17 ago. 2018. PESCE, Bel. Cinco maneiras de matar os seus sonhos. Disponível em: <https:// www.ted.com/talks/bel_pesce_5_ways_to_kill_your_dreams?language=pt- BR#t-278695>. Acesso em: 27 ago. 2018. SÓCRATES. Só sei que nada sei, e o fato de não saber... Disponível em: <https://www.pensador.com/frase/NDU0NTQ1/>. Acesso 26 ago. 2018. SOUZA, César. Você é do tamanho dos seus sonhos. 4 ed. Best Business, 2016. VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei das flores. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=ZOgLC8evSJ0>. Acesso em: 30 ago. 2018. 25
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