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Hemato 1

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Laboratório de 
Hematologia Clínica
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Rian Stênico Beduschi
Prof.ª Dra. Bruna Amorin
Revisão Textual:
Vinicius Oliveira
Interpretação do Hemograma
Interpretação do Hemograma
 
 
• Correlacionar as informações disponíveis no hemograma com as possibilidades de suspeita 
clínica do paciente;
• Interpretar as possíveis alterações hematológicas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Valores Normais do Hemograma;
• Hemograma nas Anemias Carenciais;
• Hemograma nas Anemias Hemolíticas;
• Hemograma nas Anemias Normocíticas.
UNIDADE Interpretação do Hemograma
Introdução
Contextualizando o cenário: O hemograma é fundamental para o diagnóstico da 
anemia e a procura de sua etiologia, juntamente com dados da anamnese e exame 
físico. Nesta unidade, estudaremos os aspectos do hemograma que sugerem algu-
mas causas de anemia específicas. Desta forma, pretendemos facilitar a correlação 
entre as informações disponíveis no hemograma e as possibilidades de suspeita clí-
nica do paciente, além de fornecer subsídios para que sejam interpretadas possíveis 
alterações hematológicas que venham a ser encontradas ao longo da vida profissio-
nal. Qual é a importância de um conhecimento bem estabelecido sobre as caracte-
rísticas de cada etiopatogenia da síndrome anêmica?
Para que ocorra a correta interpretação do hemograma, devemos saber seus padrões 
de normalidade, alterações características de determinadas etiopatogenias e a correta 
correlação com o quadro clínico do paciente. Sendo assim, estudaremos os parâmetros 
de normalidade do hemograma, as principais etiopatogenias e seus hemogramas carac-
terísticos e, por fim, um painel geral sobre a anamnese e o exame físico que levantam a 
suspeita clínica de anemia. Para que você veja a aplicação de seus conhecimentos, serão 
apresentados relatos de casos clínicos ao final de cada etiopatogenia discutida.
Primeiramente, apresentaremos como são colhidos e processados os hemogramas e 
trataremos de aspectos importantes dessa etapa.
Valores Normais do Hemograma
Hemograma é o nome dado ao exame que avalia todas as séries de células sanguíneas: 
as séries branca, vermelha e plaquetária. A parte que analisa especificamente os aspectos 
quantitativos e qualitativos das hemácias se denomina eritrograma. A parte que analisa 
os leucócitos se denomina leucograma e a parte que avalia as plaquetas, plaquetograma.
Os aspectos analisados no hemograma completo estão listados na Quadro 1.
Quadro 1 – Componentes do hemograma
Série Branca
• Leucócitos;
• Neutrófilos;
• Eosinófilos;
• Basófilos;
• Linfócitos;
• Monócitos.
Série Plaquetária • Plaquetas (contagem e tamanho).
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9
Série 
Eritrocitária
• Hemoglobina (Hb);
• Hematócrito (Ht);
• Hemoglobina corpuscular média (HCM);
• Volume corpuscular médio (VCM);
• Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM);
• Amplitude de distribuição de glóbulos vermelhos (RDW);
• Reticulócitos.
A interpretação dos resultados anormais e seus respectivos achados hematológicos 
está citada na Tabela 1, que deve ser cuidadosamente estudado, pois usaremos esses 
termos ao longo desta unidade. Ao discorrermos a respeito da descrição das principais 
etiopatogenias de anemia, explicitaremos o mecanismo de aparecimento de cada um 
desses achados.
Tabela 1 – Classifi cação dos achados hematológicos
Série Parâmetro Diminuição Aumento
Vermelha
Hb, Hct anemia policitemia
VCM microcitose macrocitose 
HCM, CHCM hipocromia esferocitose
RDW – anisocitose 
reticulócitos reticulopenia reticulocitose
Plaquetária
contagem de plaquetas plaquetopenia ou trombocitopenia
plaquetocitose 
ou trombocitose 
tamanho das plaquetas – macroplaqueta
Branca
leucócitos Leucopenia leucocitose
neutrófilos Neutropenia neutrofilia
linfócitos Linfopenia linfocitose
monócitos monocitopenia monocitose
eosinófilos Eosinopenia eosinofilia
basófilos – basofilia 
Os valores de hemograma normais variam em função da idade, do estado do indiví-
duo e do sexo. Como veremos a seguir, nas crianças os valores de normalidade variam 
de acordo com a faixa etária. Os adultos e idosos, por sua vez, têm praticamente os 
mesmos valores de normalidade, que variam apenas entre os sexos, exceção feita às 
mulheres grávidas, que apresentam variação própria.
Hemograma nas Crianças
No que diz respeito à variação dos valores de normalidade em criança em função 
da idade, primeiramente estudaremos os valores do eritrograma. Acompanhe esses va-
lores na Tabela 2.
9
UNIDADE Interpretação do Hemograma
Tabela 2 – Valores da média e do limite inferior da normalidade para 
hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM e CHCM de acordo com a idade
Idade Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%)
Hemácias 
(x 106/µL) VGM (fL) HGM (pg)
CHGM 
(g/dL)
Nascimento 18,0 ± 4,0 60 ± 15 6,0 ± 1,0 110 ± 10 34 ± 3 33 ± 3
3 dias 18,0 ± 3,0 56 ± 11 5,3 ± 1,3 105 ± 13 34 ± 3 33 ± 4
1 mês 14,0 ± 2,5 43 ± 10 4,2 ± 1,2 104 ± 12 33± 3 33 ± 4
2 meses 11,2 ± 1,8 35 ± 7 3,7 ± 0,6 95 ± 8 30 ± 3 32 ± 5
3 – 6 meses 12,6 ± 1.5 35 ± 5 4,7 ± 0,6 76 ± 8 27 ± 3 33 ± 3
1 ano 12,6 ± 1,5 34 ± 4 4,5 ± 0,6 78 ± 6 27 ± 2 34 ± 2
2 – 6 anos 12,6 ± 1,5 37 ± 3 4,5 ± 0,6 81 ± 6 27 ± 3 34 ± 3
6 – 12 anos 12,6 ± 1,5 40 ± 5 4,5 ± 0,6 86 ± 9 29 ± 4 34 ± 3
Fonte: Adaptada de PNCQ
Recém-nascidos
Os bebês que nascem a termo e pré-termo policitêmicos, eritroblastêmicos, hipervolê-
micos e hipersiderêmicos apresentam altos níveis de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Hct).
O volume corpuscular médio (VCM) dos eritrócitos também é elevado nos recém-nas-
cidos. Isso ocorre pelo seguinte mecanismo: os recém-nascidos, pelo pouco tempo fora 
da dependência da oxigenação materna, ainda estão com eritrócitos adaptados para ob-
terem uma maior afinidade pelo oxigênio disponível no sangue materno. Isso ocorria da 
seguinte forma: presença da hemoglobina fetal (HbF), uma hemoglobina que tem maior 
afinidade pelo oxigênio; aumento da concentração de eritrócitos no plasma sanguíneo 
(aumentando o hematócrito); aumento do número de hemácias (causando a policitemia 
fisiológica); e aumento do número de hemoglobinas em cada eritrócito (aumentando o 
CHCM – concentração da hemoglobina corpuscular média).
Período pós-natal
Neste período, após o começo da oxigenação pulmonar (e não mais via circulação 
materna), há um aumento importante da pressão arterial de oxigênio no sangue do 
bebê. Isso, por sua vez, inibe a produção de eritropoietina pelos rins, reduzindo a eritro-
poese na medula óssea. Esse fato se dá em razão da oxigenação via pulmão ser bem 
mais eficaz do que a oxigenação via circulação materna.
Com a produção eritrocitária diminuída, a vida média da hemácia fetal (formada pela 
hemoglobina F) fica em torno de 90 dias. Os valores de hemoglobina (Hb) diminuem 
progressivamente até que a necessidade de oxigênio tecidual seja maior do que aquela 
que a hemoglobina circulante possa oferecer. Assim, com a diminuição da pressão arte-
rial de oxigênio, os rins respondem aumentando a produção de eritropoietina e há leve 
elevação dos valores de hemoglobina novamente.
Esse período de rebaixamento da pressão arterial de oxigênio, que leva à resposta 
renal, é conhecido como anemia fisiológica e ocorre entre 6 e 12 semanas de ida-
de pós-natal, quando as concentrações de Hb nos recém-nascidos a termo, com peso 
adequado para idade gestacional, atingem valores entre 9,5 e 11 g/dL. Essa anemia é 
fisiológica, do tipo normocrômica e normocítica, refletindo o ajuste hematológico desse 
período da vida.
10
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Por fim, é importante ressaltar que a produção de hemoglobina fetal sofre uma dimi-
nuição significativa durante os primeiros 6 meses de vida. Sendo assim, ao final desse 
período, sua representação nas hemoglobinas totais se encontra semelhante à dos adul-
tos: cerca de 1%.
Em relação às plaquetas e aos leucócitos, seus valores são semelhantes aos dos adultos 
e serão vistos no tópico a seguir.
Hemograma nos adultos
Os valores dos parâmetros hematimétricos e das plaquetasnos adultos constam na 
Tabela 3.
Tabela 3 – Valores de hemograma normal nos adultos, de acordo com o sexo
Homens Mulheres
Hemácias x 1012/L 5,00 ± 0,5 4,3 ± 0,5
Hemoglobina g/Dl 15,0 ± 2,0 13,5 ± 1,5
Hematócrito (%) 45 ± 5 41 ± 5
Leucócitos x 109/L 7,0 ± 3,0
VGM Fl 92 ± 9
HGM Pg 29,5 ± 2,5
CHGM g/Dl 33 ± 1,5
RDW CV (%)SD (fL) 42,5 ± 3,5
Plaquetas x 109/L 150 - 400
Fonte: Adaptada de PNCQ
Em relação às gestantes, seus valores de eritrograma variam um pouco nos seguin-
tes parâmetros:
• Hemoglobina (Hb): 11,5-16,00 g/dL;
• Hematócrito (Ht): 34-47%;
• Contagem de eritrócitos: 3,8-5,6 × 10¹²/L.
Acesse o levantamento dos “Valores de Referência Hematológicos para Adultos e Crianças“ 
do Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ) e veja todos os valores de referência do 
hemograma completo. Disponível em: https://bit.ly/3o28skP
A rotina laboratorial na hematologia
Um laboratório de rotina realiza vários testes hematológicos por dia, devido à im-
portância destes para a visualização da saúde do indivíduo como um todo. Até alguns 
anos atrás, os testes eram feitos manualmente. Hoje, no entanto, a automação no setor 
de hematologia é uma realidade, sendo importante para diminuir custos, erros humanos 
e o tempo de liberação dos resultados e tornar os processos analíticos e os resultados 
mais confiáveis.
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UNIDADE Interpretação do Hemograma
Processamento das amostras
O processamento das amostras laboratoriais é dividido em três etapas, chamadas de 
fase pré-analítica, analítica e pós-analítica (Figura 1). A fase pré-analítica compreende 
todos os procedimentos realizados antes do ensaio laboratorial. Nela ocorrem, aproxi-
madamente, 46-68% dos erros que afetam a qualidade e a confiabilidade dos resultados. 
A fase analítica começa na análise da amostra e termina quando é gerado um resultado. 
Já a fase pós-analítica se inicia após a geração do resultado e termina na entrega do 
laudo ao paciente.
É fundamental o conhecimento dessas fases para o planejamento de trabalho labora-
torial, a fim de diminuir os riscos de erros, desde o preparo dos pacientes até a emissão 
dos resultados.
Figura 1 – Fases do processamento dos exames laboratoriais
Fonte: Reprodução
A fase pré-analítica na rotina laboratorial
A fase pré-analítica é a maior fonte de erros que afetam a confiabilidade dos resulta-
dos. É, por essa razão, um componente importante para a qualidade em geral do labora-
tório. Uma gama de variáveis afeta o resultado de um espécime de sangue coletado. Há 
três fontes principais de variação pré-analítica que se destacam: variação fisiológica, 
variação na coleta e variação na manipulação da amostra.
Entre as variedades fisiológicas, podemos apontar os fatores relacionados ao paciente, 
como variação cronobiológica, idade, gênero, jejum, postura, raça, altitude do local de 
residência e atividade física.
Veja, a seguir, questões específicas relacionadas às variáveis encontradas nos pacientes.
Variáveis relacionadas ao gênero, etnia, idade e postura
Durante a realização do exame, é de extrema importância que os profissionais rela-
cionados aos exames laboratoriais tenham o conhecimento do sexo, da idade e até da 
raça do paciente, de modo a realizar a interpretação correta dos resultados. Os valores 
12
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de referência variam entre si, de acordo com tais características. Um exemplo em re-
lação à idade é a diferença da contagem de eritrócitos em recém-nascidos, muito mais 
elevada do que em adultos. Outro que cabe destacar é o aumento das células sanguíneas 
do sistema imune também em recém-nascidos, como monócitos, linfócitos e eosinófilos.
A variação racial também pode ser um fator de diferenças hematológicas. Indivíduos 
da raça negra, por exemplo, apresentam redução do número de leucócitos, caracterizan-
do uma falsa leucopenia.
A mudança rápida na postura do paciente também pode determinar alterações nos 
valores hematológicos. Indivíduos deitados ou sentados durante algum tempo antes da 
coleta podem apresentar uma dosagem maior de hemoglobina, volume corpuscular dos 
eritrócitos e contagem dos glóbulos brancos, devido ao afluxo de água e componentes 
séricos do espaço intravascular para o intersticial quando o paciente sai da posição su-
pina para a ereta.
O gênero é um fator pré-analítico que também deve ser analisado, uma vez que os 
gêneros feminino e masculino diferem em relação à ação hormonal, aos metabólitos e à 
massa muscular, o que interfere nos valores de referência, principalmente no hemograma.
Variação cronobiológica e exercício físico
A atividade física deve ser evitada antes da coleta de sangue. Estudos apontam que 
os exercícios de curto, médio e longo prazo, bem como a intensidade do esforço físico, 
podem influenciar vários resultados laboratoriais, inclusive os parâmetros hematológicos.
A leucocitose, caracterizada pelo aumento de leucócitos, e a diminuição no número 
de eritrócitos, que acontece em razão do aumento de hemólise, são características he-
matológicas encontradas após atividade física, que também pode interferir nos exames 
de análise de hemostasia, devido à ativação de plaquetas e de seus fatores de coagu-
lação. Outra variável biológica que interfere nos resultados dos testes laboratoriais é a 
cronobiológica, caracterizada por alterações cíclicas na concentração de alguns parâ-
metros sanguíneos em função do tempo. Por exemplo, o número de leucócitos varia ao 
longo do ciclo circadiano (ciclo biológico de aproximadamente 24 horas): a contagem 
na corrente sanguínea é menor no período da manhã em relação ao período da tarde.
Estilo de vida, gravidez e altitude
O estilo de vida é uma variável fisiológica que pode influenciar a concentração de 
alguns parâmetros hematológicos. Em relação à dieta, por exemplo, indivíduos veganos 
tendem a apresentar menor número na contagem de leucócitos, linfócitos e plaquetas. 
O consumo de tabaco também provoca efeitos hematológicos importantes, como au-
mento nos níveis de leucócitos, eritrócitos, hemoglobina, hematócrito e hemoglobina 
corpuscular média (HCM).
Em relação ao período de gestação, a gravidez é marcada por diversas alterações 
hematológicas que podem parecer patológicas em mulheres não gestantes. A contagem 
de leucócitos pode se apresentar elevada durante a gravidez, caracterizando leucocitose, 
devido ao estresse fisiológico causado pela gestação.
13
UNIDADE Interpretação do Hemograma
Também pode ocorrer trombocitopenia, caracterizada pela diminuição de plaquetas 
devido a uma hemodiluição gestacional.
Com relação à altitude, muitos estudos demonstram que indivíduos que habitam 
locais acima do nível do mar apresentam aumento na quantidade de eritrócitos, hemo-
globina e plaquetas, em comparação com aqueles que residem ao nível do mar.
Uso de drogas e medicamentos
O uso de medicamentos e drogas é considerado uma variável endógena na fase 
pré-analítica. O uso de Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha, altera 
alguns níveis hematológicos. Em indivíduos dependentes dessa droga há diminuição na 
contagem de eosinófilos e monócitos, e aumento dos linfócitos, quando comparados 
com os níveis de indivíduos não dependentes.
O efeito de fármacos também é visto no perfil hematológico de pacientes. Por exem-
plo, drogas antituberculose utilizadas para combater a Mycobacterium tuberculosis pro-
voca aumento nos níveis de hemoglobina, hematócrito e contagem de plaquetas.
Essas variáveis fisiológicas do paciente são importantes e devem ser observadas na 
fase pré-analítica. O laboratório deve ter um protocolo de questionamentos sobre esses 
aspectos, a serem respondidos pelo paciente, durante seu cadastro laboratorial, a fim de 
minimizar erros de interpretação nas fases analíticas e pós-analíticas.
A recepção do paciente e a punção venosa
Após a coleta dos dados de identificação do paciente, como nome, sobrenome, data 
de nascimento, uso de medicamentos, dieta e outros parâmetros explicitados anterior-
mente, o paciente é dirigido até o local decoleta da amostra de sangue.
A coleta de sangue, também conhecida como flebotomia, tem aspectos importan-
tes que precisam ser considerados de modo a minimizar os erros pré-analíticos. As va-
riáveis relacionadas à coleta podem ser divididas em: identificação correta do paciente, 
tempo de duração de aplicação do torniquete e uso do anticoagulante correto, correla-
cionado a cada tipo de exame pedido.
Anticoagulantes utilizados para exames hematológicos
Os anticoagulantes mais utilizados na rotina hematológica são o EDTA e o citrato 
de sódio.
• Ácido etilenodiaminotetracético (EDTA): O EDTA (C10H16N2O8) (Figura 2) é um 
ácido poliprótico (apresenta mais de um hidrogênio ionizável) e tem quatro grupos 
de ácido carboxílico e dois grupos aminas, com elétrons livres, que induzem a rea-
ção de quelação do cálcio. O cálcio é o elemento químico necessário nas reações 
enzimáticas da cascata de coagulação e a sua quelação evita a coagulação do san-
gue e a agregação plaquetária.
O tubo de EDTA tem a tampa roxa; tradicionalmente, esse anticoagulante tem sido 
recomendado para testes hematológicos e imuno-hematológicos, pois permite a 
melhor preservação da morfologia das células sanguíneas.
14
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No entanto, o EDTA induz alterações nas estruturas químicas dos fatores de coagu-
lação e, por isso, não pode ser utilizado para a análise desses fatores;
Tubos de EDTA. Disponível em: https://bit.ly/3kxM016
• Citrato de sódio: O citrato de sódio (Na3C6H5O7.2H2O) (Figura 2) em solução a 3,2% 
ou 3,8% é utilizado como anticoagulante nos exames para análise dos parâmetros de 
coagulação e função plaquetária. Esse anticoagulante age através da quelação do íon 
cálcio sanguíneo, formando complexos de citrato de cálcio e impedindo a coagulação 
do sangue pela ausência de cálcio livre: 3 Ca++ + Na3 (citrato) → Ca (citrato) + 3 Na
+.
Diferentemente do EDTA, esse anticoagulante preserva os fatores lábeis V e VIII da 
coagulação e permite realizar análises de tempo de protrombina (TTPa) e tempo 
de tromboplastina ativada (TTPa). A proporção utilizada no tubo de coleta é de 9 
de sangue para 1 de citrato (9:1).
É muito importante observar a razão correta entre o sangue coletado e a quantida-
de de citrato. Uma coleta de sangue menor que a proporção 9:1 eleva o tempo dos 
testes de coagulação.
Em contrapartida, em casos em que a quantidade de sangue coletado for maior que 
a proporção com o citrato, pode haver microcoagulações nas amostras, alterando 
os valores dos exames hematológicos.
Figura 2 – Tubos de citrato
Fonte: Reprodução
Suspeita clínica do paciente anêmico
Na síndrome anêmica, a presença das manifestações clínicas está relacionada à:
• Velocidade da instalação da anemia;
• Intensidade da anemia;
• Idade em que a anemia ocorre;
• Curva de dissociação do oxigênio da hemoglobina.
A maioria dos pacientes com anemia leve não apresenta sinais ou sintomas. Alguns 
deles podem apresentar sinais ou sintomas gerais, como palidez das mucosas, fadiga, 
cansaço, anorexia e irritabilidade.
15
UNIDADE Interpretação do Hemograma
Dependendo da intensidade e da velocidade de instalação da anemia, ocorre hiperci-
nese circulatória, com taquicardia, pulso amplo e presença de sopro sistólico.
A seguir, veja alguns dados obtidos em anamnese, os quais são importantes para 
definir a etiopatogenia da anemia.
• Idade: Nos neonatos, a anemia é geralmente resultante de perda sanguínea, ane-
mia hemolítica congênita ou infecção congênita. A anemia detectada entre o 3º e 
o 6º mês de vida sugere hemoglobinopatia.
Prematuros, crianças de até 2 anos e adolescentes são pacientes predispostos à 
anemia ferropriva devido à alta taxa de crescimento. Crianças acima de 2 anos, 
principalmente em países em desenvolvimento, também estão predispostas a esse 
tipo de anemia.
Em casos de anemia em adultos e idosos, deve-se sempre descartar a presença de 
neoplasia, principalmente em homens e mulheres na pós-menopausa;
• Sexo: Algumas causas de anemia hereditária são ligadas ao cromossomo X, como 
a deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e a deficiência de piruvato-
quinase (PK).
É importante ressaltar que mulheres em período fértil têm maior predisposição a 
desenvolver anemia ferropriva, em razão da perda sanguínea pela menstruação;
• Raça/etnia: As hemoglobinas anormais S e C são mais comuns em negros e po-
pulações hispânicas. Já as síndromes talassêmicas são mais comuns em indivíduos 
oriundos do Mediterrâneo e do sudeste asiático. Ambas as hemoglobinopatias po-
dem causar doença quando em homozigose, dando origem a quadro anêmico;
• Sinais e sintomas: Escurecimento e/ou vermelhidão na urina e icterícia sugerem 
anemia hemolítica. Melena, hematêmese, epistaxe importante ou perda menstrual 
excessiva sugerem anemia por perda sanguínea e/ou deficiência de ferro.
Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor em crianças ou sinais de neuropatia 
em jovens, adultos e idosos podem estar associados à deficiência de ferro, vitamina 
B12 e/ou folato.
Por fim, sintomas infecciosos, como febre ou tosse, e aplasia secundária a hepatite 
sugerem etiologia infecciosa da anemia;
• Fatores dietéticos: Dietas pobres em ferro hemínico (que está presente princi-
palmente em carne vermelha), vitamina B12, ácido fólico e outros oligoelementos 
sugerem anemia carencial. Introdução de leite de vaca antes do primeiro ano de 
vida sugere anemia por deficiência de ferro;
• História prévia de anemia e histórico familiar: Episódios prévios de anemia suge-
rem hereditariedade. Anemia em paciente que previamente tinha avaliação laborato-
rial documentada normal sugere etiologia adquirida.
Hiperbilirrubinemia no período neonatal sugere etiologia hemolítica. Microcitose 
ao nascimento sugere perda intrauterina crônica ou síndrome talassêmica.
Familiares com histórico de icterícia, cálculos de vesícula ou esplenomegalia suge-
rem anemia hemolítica hereditária;
• Medicamentos e exposição a agentes tóxicos: Anemia após exposição a me-
dicamentos oxidantes sugere anemia por deficiência de G6PD. A exposição a 
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cloranfenicol e agentes imunossupressores pode determinar anemia aplástica. Já o 
uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) ou de ácido acetilsalicílico (AAS) 
pode favorecer as perdas sanguíneas;
• Doenças de base associadas: Doença renal, neoplasias malignas, doenças infla-
matórias/autoimunes podem estar associadas a anemia.
Ao exame físico, também podem ser verificados achados que sugerem anemia, con-
forme detalhado no Tabela 4.
Tabela 4 – Achados no exame físico que sugerem anemia
Local Aachado Etiologia Provável
Pele
Hiperpigmentação Anemia de Fanconi
Púrpura e petéquias Anemia hemolítica autoimune,anemia aplásica
Icterícia Anemia hemolítica e anemia aplásica
Úlcera em membro inferior Anemia falciforme
Face Fronte, malar e maxilarproeminentes
Anemias hemolíticas congênitas,
talassemia major, deficiência
grave de ferro
Olhos Hemorragia vítrea Anemia falciforme
Boca
Glossite Anemia por deficiência de vitamina B12, anemia ferropriva
Queilite angular Anemia ferropriva
Mãos Unhas em forma de colher Anemia ferropriva
Baço Esplenomegalia Anemia hemolítica, anemia secundária a processos inflamatórios
Sistema 
nervoso central
Irritabilidade, apatia Anemia ferropriva
Irritabilidade, apatia Anemia por deficiência de vitamina B12
Acidente vascular encefálico Anemia falciforme
• Descreva pelo menos três cuidados necessários nas fases analíticas para garantir a quali-
dade de um hemograma;
• Elabore um quadro com a definição de: microcitose, hipocromia, macrocitose, esferoci-
tose, anisocitose, leucocitose e leucopenia.
Hemograma nas Anemias Carenciais
As anemias carenciais compreendem um grupo de anemias causadas por deficiên-
cias em elementos essenciais para a produção da série eritrocítica, sendo eles o ferro, a 
vitamina B12 (ou cobalamina) e o folato (ou ácido fólico).
Esse tipo de anemia pode ocorrer em qualquer indivíduo; entretanto, ocorre principal-
mente em crianças na fasede crescimento mais acelerada, até 2 anos de idade, devido 
à maior necessidade de produção de novas células e/ou a uma alimentação inadequada.
17
UNIDADE Interpretação do Hemograma
Como consequência, essas crianças podem ter limitação do desenvolvimento cogni-
tivo, aumento de chance de adquirir infecção, aumento de mortalidade e morbidade. É 
importante atentar-se também para indivíduos idosos e alcoólatras, uma vez que neles 
há incidência de problemas alimentares e absortivos.
Hemograma na anemia ferropriva
A deficiência de ferro no organismo leva à anemia, em razão da diminuição da 
eritropoese. É a principal causa de anemia no mundo. Menor ingestão desse elemento 
e/ou menor absorção (que ocorre principalmente nos intestinos) pode afetar todas as 
pessoas. Afeta, principalmente, crianças em fase de crescimento (até dois anos e ado-
lescentes, majoritariamente), gestantes, pessoas que perderam grandes quantidades de 
sangue, pessoas infectadas por parasitas intestinais etc.
A alteração no metabolismo do ferro leva à alteração de elementos que compõem seu 
metabolismo. Assim, estão presentes na anemia ferropriva:
• Diminuição de ferro sérico, causada por menor ingestão e/ou absorção desse elemento;
• Diminuição da ferritina sérica, causada por diminuição dos estoques macrofágicos; e
• Aumento da transferrina sérica, causado por produção dessa proteína carreadora 
pelo fígado, de forma compensatória.
Deste modo, haverá uma baixa saturação da transferrina sérica (ou seja, menos molé-
culas carreando ferro), o que culmina na chamada desitropoese ferropênica, que, por 
fim, leva à anemia ferropriva. Na anemia ferropriva, observam-se hemácias microcíticas 
e hipocrômicas (link a seguir), e algumas podem até apresentar formas alteradas (poiqui-
locitose). Desse modo, tem-se um hemograma que acusa queda dos seguintes parâme-
tros: hemoglobina e/ou hematócrito; VCM, HCM e/ou CHCM. No seguimento, deve ser 
feita dosagem de ferritina e saturação de transferrina para confirmação do diagnóstico 
de anemia ferropriva.
Extensão sanguínea de paciente com anemia ferropriva instalada com hipocromia evidente. 
A CHCM – 32,1% foi obtida de equipamento Coulter T 890. Nessa situação, a análise da 
extensão sanguínea é a forma mais correta para avaliar a hipocromia.
Disponível em: https://bit.ly/2W6p6EA
Relato de caso clínico: anemia ferropriva
Sr. João, de 52 anos, previamente hígido, possui hemograma indicando uma anemia 
microcítica e hipocrômica. O médico, sabendo que a principal causa de anemia micro-
cítica (VCM baixo) e hipocrômica (HCM/CHCM baixos) é a deficiência de ferro, pede 
mais exames laboratoriais (ferritina e transferrina sérica), para confirmar o diagnóstico 
de anemia ferropriva. Entretanto, sabendo que a anemia ferropriva é uma hipótese bem 
forte, em virtude da alta incidência, começa a pesquisar causas da possível anemia fer-
ropriva. Durante a consulta, o Sr. João relata que suas fezes se encontram escurecidas, 
o que indica uma possível hemorragia digestiva alta. Assim, o médico pede também 
exames de pesquisa de sangue oculto nas fezes.
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Na consulta seguinte, o médico recebeu o resultado positivo do exame de pesquisa de 
sangue oculto nas fezes e o de baixa ferritina e transferrina sérica, fazendo o diagnóstico 
de anemia ferropriva por perda sanguínea em trato gastrointestinal. Ele encami-
nhou o paciente para colonoscopia, a fim de pesquisar a origem desse sangramento. 
Esse encaminhamento foi feito com urgência, por hipótese de câncer colorretal.
Hemograma na anemia por deficiência de vitamina B12 e folato
Uma vez que os hemogramas das anemias por deficiência de vitamina B12 e folato cur-
sam com as mesmas alterações, estudaremos em conjunto essas duas causas de anemias ca-
renciais. Entretanto, tenha em mente as causas de deficiência de cada um desses elementos.
Como você deve recordar de Hematologia Básica, ambos esses elementos são es-
senciais para uma eritropoese eficaz. Assim, nesse tipo de anemia, observa-se uma eri-
tropoese ineficaz devido à incapacidade de maturação do material genético das células.
Esses eritrócitos, apesar de muitas vezes serem normocrômicos (HCM e CHCM nor-
mais), têm volume aumentado, com valores de VCM altos, o que indica macrocitose (Figu-
ra 3), podendo até mesmo ultrapassar 100 fL/células, o que determina a megaloblastose.
Figura 3 – Hemácias macrocíticas e neutrófi lo hipersegmentado
Fonte: BAIN, 2016, p. 74
Devido às alterações de forma (poiquilocitose) e tamanho das células, é possível detec-
tar anisocitose (RDW elevado) no hemograma.
Em casos graves, pode haver neutropenia com presença de neutrófilos hiperseg-
mentados (reveja a Figura 3) e plaquetopenia, com plaquetas com tamanho e forma 
alterados. Isso também ocorre em razão da dificuldade de síntese de material genético, 
causando imaturação em todas as séries de células sanguíneas.
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UNIDADE Interpretação do Hemograma
Relato de caso clínico: anemia por deficiência de folato
Sra. Rosângela, 65 anos, com artrite reumatoide em tratamento há 8 anos com me-
totrexato, é atendida pelo médico de rotina, que nota, no hemograma, uma anemia 
macrocítica e normocrômica, com VCM acima de 102 fL/célula, indicando uma mega-
loblastose. Com isso, ele começa a pesquisar possíveis causas de anemia por deficiência 
de vitamina B12 e folato, sendo descartadas todas as causas de má absorção, déficit de 
ingestão, aumento de demanda e álcool. Por exclusão, conclui seu diagnóstico como 
anemia por deficiência de folato induzida por metotrexato, um antagonista do folato. 
Desse modo, o profissional pede ao reumatologista da paciente que reavalie o tratamento 
da artrite reumatoide e veja a possibilidade de realizar outra escolha terapêutica.
Relato de caso clínico: anemia por deficiência de vitamina B12
Sra. Laura, 42 anos, vai ao médico com queixa de cansaço excessivo. É identifica-
da, no hemograma, uma anemia macrocítica e normocrômica, com VCM de 104 fL/
célula, indicando uma megaloblastose. O médico começa a pesquisar possíveis causas 
de anemia por deficiência de vitamina B12 e folato, sendo descartadas todas as causas 
de déficit de ingestão, aumento de demanda e indução por drogas. Ao investigar causas 
absortivas, ele nota que a Sra. Laura usa omeprazol diariamente há 15 anos, o que pode 
ter levado ao déficit de absorção da vitamina B12. Por exclusão, ele conclui o diagnóstico 
de anemia por deficiência de vitamina B12 causada pelo uso crônico de omeprazol, 
um dificultador da absorção desse elemento. Desse modo, o médico realiza outra esco-
lha terapêutica para a azia.
As Figuras 4 e 5 ilustram como os equipamentos que utilizam a impedância realizam a de-
terminação do VCM em eritrócitos pequenos e grandes. Com o predomínio de pulsos elétri-
cos que correspondem ao volume dos eritrócitos, são gerados histogramas de células.
Figura 4 – Esquema representando células microcíticas e macrocíticas
Fonte: Adaptado de SILVA, 2016, p. 112
Já a Figura 5 ilustra um histograma de eritrograma normal com VCM de 88 fentolitros (A). 
Populações microcíticas deslocam o histograma para o lado esquerdo (B), enquanto eritró-
citos macrócitos formam histograma deslocado para a direita (C):
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Figura 5 – Histogramas
Fonte: SILVA, 2016, p. 112-113
Importante!
A mistura de populações normais e patológicas pode ser visualizada nos histogramas de 
distribuição celular. Anemias em tratamento e períodos pós-transfusionais são alguns 
exemplos de condições em que a dupla população de eritrócitos pode ser observada. O tra-
tamento das anemias carenciais (ferro, ácido fólico e vitamina B12) geralmente apresenta 
populações de tamanho muito variado; nesses casos, dependendo da sensibilidade do equi-
pamento hematológico, o valor do RDW chega a não ser liberado. A figura a seguir mostra 
uma anemia ferropriva (histograma com desvio à esquerda), antes e depois do tratamento, 
com gráfico apresentando a recuperação dos eritrócitos após o início da terapia, provavel-
mente em fase finalde tratamento (maior quantidade de eritrócitos à direita do gráfico).
Figura 6 – Histograma: A) desvio à esquerda
e B) dupla população eritrocitária
Fonte: SILVA, 2016, p. 117
• “Esta anemia é causada pela deficiência de vitamina B12, ácido fólico ou induzida por 
drogas, como quimioterápicos. Na anamnese do paciente pode-se observar pele ama-
relada. Em relação ao hemograma, observam-se VCM e RDW elevados e na microscopia 
observam-se hemácias macrocíticas e pode haver neutrófilos hipersegmentados. A 
plaquetopenia e a neutropenia podem coexistir”. O texto anterior se refere a um qua-
dro típico de qual anemia?
• Uma mulher de 27 anos queixa-se de fadiga, palpitações e anorexia. O médico solicitou 
hemograma e verificou-se o seguinte:
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UNIDADE Interpretação do Hemograma
Tabela 5
Parâmetro Valor encontrado
VCM 78 fl
CHCM 26g/dl
HCM 26 pg
Com base nos dados acima, responda: pelo que a anemia provavelmente é causada?
Hemograma nas Anemias Hemolíticas
A hemólise é o fenômeno de destruição eritrocitária e normalmente é fisiológica. 
Entretanto, quando há exacerbação desse processo por quaisquer que sejam as causas, 
gera-se um desequilíbrio de destruição e regeneração eritrocitária, levando à anemia, 
denominada anemia hemolítica.
Portanto, esse tipo de anemia ocorre ante o encurtamento da sobrevida dos eritrócitos 
e/ou a diminuição da capacidade regenerativa da medula óssea.
As anemias hemolíticas podem ser hereditárias ou adquiridas. As causas de ane-
mias hemolíticas adquiridas mais importantes são: hemoglobinúria paroxística noturna 
(HPN), síndrome hemolítico-urêmica, valvulopatias, próteses valvares, etc.
A seguir, vamos comentar a apresentação clássica do hemograma em duas hemo-
globinopatias hereditárias que causam anemias hemolíticas: a anemia falciforme e as 
talassemias (estas e aquela são oriundas do encurtamento da sobrevida eritrocitária).
Importante!
Nas anemias hemolíticas, devido à exacerbação de destruição seguida de produção de 
células pela medula óssea, ocorre RETICULOCITOSE! Além disso, pode-se observar no es-
fregaço sanguíneo, dependendo do grau da anemia, eritroblastos e policromatófilos. 
Acesse os seguintes links para saber mais sobre:
• Reticulócitos. Disponível em: https://bit.ly/3AC0jXY
• Reticulócitos (Anemia Falciforme). Disponível em: https://bit.ly/3AB1lTT
• Precursores eritrocitários. Disponível em: https://bit.ly/3u5VQdv
• Policromasia. Disponível em: https://bit.ly/39vBDnU
Hemograma na anemia falciforme
Para estudarmos o hemograma na anemia falciforme, é importante recordar que 
essa doença é causada pela presença da hemoglobina S (HbSS), produzida por muta-
ções presentes em homozigose no genoma dos pacientes. Pacientes heterozigóticos 
para essa mutação possuem o chamado traço falciforme (HbAS) e não apresentam alte-
rações nos exames laboratoriais em condições adequadas de saúde, e a anemia geral-
mente é normocítica e normocrômica sem presença de células em foice.
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A anemia da doença falciforme é microcítica e hipocrômica, com anisocitose, devido 
à variação no tamanho das células. A análise morfológica das hemácias evidencia seu 
formato de foice (drepanócitos) (Figura 7) e até mesmo células em formato de alvo (ou 
codócitos), evidenciando uma poiquilocitose.
Figura 7 – Drepanócitos (seta) e célula em alvo (círculo)
Fonte: hematologia.farmacia.ufg
Relato de caso clínico: anemia falciforme
Após mudar de cidade, a família Souza foi a uma consulta com o pediatra da Unidade 
Básica de Saúde mais próxima da residência deles.
Durante a consulta, a mãe informou ao médico que o filho de 5 anos foi diagnostica-
do com anemia falciforme ao realizar o teste do pezinho. O médico, então, pediu exa-
mes laboratoriais para verificar os níveis de hemoglobina e hematócrito do paciente, fez 
um exame físico detalhado de todos os órgãos e sistemas, orientou a família a observar 
sinais de alerta (como palidez, fadiga excessiva) e ressaltou a importância de ter atenção 
com a criança em relação a possíveis infecções e quadros febris, que podem levar a 
exacerbações graves da anemia.
Ao exame físico, o paciente não apresentava nenhum sinal de descompensação 
de quadro anêmico. No exame laboratorial, foi detectada anemia grave microcítica 
e hipocrômica.
Teste de Falcização: O teste de falcização é um teste de rastreamento do diagnóstico da 
doença falciforme para detecção da hemoglobina S. A presença de falcização ocorre em in-
divíduos heterozigotos (indivíduos AS), nos homozigotos para Hb S (indivíduos SS – anemia 
falciforme) e nos duplo-heterozigotos (SC). Para a liberação de uma bolsa de sangue em ser-
viços de hemoterapia, antes de uma transfusão sanguínea, é realizado o teste de falcização.
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UNIDADE Interpretação do Hemograma
Hemograma nas talassemias
As talassemias são caracterizadas pela produção anômala de hemoglobina, com supres-
são ou diminuição da síntese de suas cadeias globínicas α, o que causa as talassemias αα, 
ou β, o que ocasiona as talassemias ββ.
Nos casos que cursam com anemia, geralmente nas talassemias major e interme-
diária, ocorre anemia devido a um processo hemolítico, que resulta em microcitose, 
hipocromia e anisocitose.
Ademais, em casos graves, podem ocorrer níveis elevados de bilirrubina. A beta-talas-
semia major pode cursar com aumento de ferro e ferritina séricos, devido ao excesso de 
transfusão sanguínea que se faz necessário em pacientes com esses quadros.
Para saber mais obre o diagnóstico de talassemia alfa acesse o artigo “Diagnóstico Labora-
torial das Talassemias Alfa Mínima e Menor“. Disponível em: https://bit.ly/2XLt3iX
Relato de caso clínico: talassemia
Rogério, de 20 anos, foi diagnosticado com β-talassemia intermediária previamente. 
Após ter sido infectado pelo vírus Epstein-Barr e desenvolvido quadro de mononucleose, 
houve piora aguda do quadro anêmico. No hemograma, apresentou uma Hb de 5,0 g/dL, 
necessitando de transfusões sanguíneas para evitar uma descompensação grave. Assim 
foi possível continuar o tratamento para a mononucleose de forma mais segura.
Situação-Problema
O hemograma apresentando é um caso de uma paciente com anemia microcítica; além 
disso, nele podemos observar um quadro de neutrofilia (provável infecção bacterina).
Figura 8 – Hemograma do paciente
Fonte: Reprodução
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Figura 9 – Morfologia dos eritrócitos
Fonte: BACHA, 2012
Mas... como identificar se a anemia do caso mencionado é ocasionada por deficiên-
cia de ferro ou se é uma anemia hemolítica, como uma talassemia? A investigação 
laboratorial, nesse caso, vai além do hemograma! Veja as dicas a seguir:
• É importante a realização de eletroforese de hemoglobinas, contagem de re-
ticulócitos, testes de biologia molecular e Identificação e dosagem das frações 
hemoglobínicas através de: focalização isoelétrica (FIE), cromatografia líquida 
em alta pressão (HPLC) e espectrometria de massa;
• A dosagem de ferro e ferritina em casos de talassemia são normais;
• Em casos de talassemia também é mais comum na microscopia, além da visua-
lização de microcitose e hipocromia, a presença de policromatofilia, células em 
alvo e pontilhado basofílico.
Figura 10 – Morfologia dos eritrócitos
Fonte: BAIN, 2016
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UNIDADE Interpretação do Hemograma
Menina de origem afrodescendente, 6 anos, chega à emergência com dor abdominal e febre. 
Foi solicitado hemograma, reticulócitos e eletroforese de Hb.
Resultados:
• Eletroforese de Hb: bandas na posição de HbS e Hb A2;
• Reticulócitos: 12%
a. Qual é o provável diagnóstico?
b. Quais são os principais sintomas e complicações?
c. Explique o valor de reticulócitos.
d. Quais as alterações de série vermelha que podem ser identificadas nas distensões san-
guíneas de pacientes com essa patologia? Como podem se apresentar o VCM, o HCM e 
o CHCM da paciente?
Hemograma nas Anemias Normocíticas
As anemias normocíticas têm como principais representantes a anemia aplásica, a 
anemia secundária a processos inflamatórios, a anemia secundária à insuficiência renalcrônica, a anemia das alterações hepáticas e, por fim, a anemia das alterações endócrinas.
A anemia secundária a processos inflamatórios é, entre todas, a que tem maior 
incidência na população. Sendo assim, vamos estudar seu hemograma mais detalhada-
mente adiante.
Hemograma na doença renal crônica
Apesar de ser causado por vários mecanismos, esse tipo de anemia ocorre, princi-
palmente, pela menor produção de eritropoietina por parte dos rins do paciente, que se 
encontram com função diminuída. Assim, com menores quantidades de eritropoietina 
e, consequentemente, menor processo de eritropoese medular, o paciente desenvolve 
uma anemia normocítica e normocrômica tão acentuada quanto o estágio da doença. 
É importante ressaltar que essa anemia pode ocorrer a partir do estágio 2 da doença 
renal crônica.
Importante!
Em torno de 30% dos casos de pacientes com anemia de doença renal crônica podem, 
com o passar do tempo, adquirir anemia microcítica.
Relato de caso clínico: anemia da doença renal crônica
Maria Ruthe, 55 anos, é portadora de doença renal crônica há 12 anos e consulta 
o nefrologista regularmente. Desde o diagnóstico da doença, ela já progrediu para o 
estágio 4 e, na última consulta, notou-se uma contagem de hemoglobina de 8,7g/dL.
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O nefrologista então receitou eritropoetina intravenosa, uma vez por semana, com o 
objetivo de aumentar a eritropoese da paciente e, assim, elevar seus níveis de hemoglobina.
Hemograma nas anemias secundárias a processos inflamatórios
As anemias secundárias a processos inflamatórios podem ser causadas por qualquer 
processo infeccioso, ou por processos não infecciosos inflamatórios. Derivadas geral-
mente são de processos crônicos, são normocíticas e normocrômicas. Nesses casos, 
pode haver leucocitose, leucopenia, plaquetose ou plaquetopenia, dependendo da causa 
e do tipo de processo inflamatório.
Além das alterações no hemograma, é possível que sejam identificadas as seguintes 
mudanças em exames laboratoriais:
• Dimin uição do ferro sérico;
• Aumento de ferritina sérica, refletindo o aumento de seus depósitos intracelulares;
• Aumento compensatório da transferrina.
Relato de caso clínico: anemia secundária a processo inflamatório
Gustavo, de 16 anos, portador de doença de Crohn, está na consulta de rotina com 
seu gastrologista para checagem de exames laboratoriais. Uma vez que esse paciente 
é portador de doença crônica inflamatória, o médico logo procura se certificar de que 
seus níveis de hemoglobina e hematócrito estão adequados para seu quadro clínico. Ao 
checar os exames, o médico observa que os níveis estão logo abaixo dos valores normais 
para pessoas não portadoras de doenças inflamatórias crônicas, o que é o esperado. 
Sabendo disso, o profissional dá continuidade à consulta.
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu nesta unidade! Elabore tabelas 
para cada tipo de anemia, com seus respectivos hemogramas característicos e etiologia. 
Para a realização desta atividade, considere as leituras básicas e complementares realizadas.
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UNIDADE Interpretação do Hemograma
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos
Capítulo 6: Série vermelha – eritrograma: avaliação laboratorial e classificação das anemias.
SILVA, P. H. D, et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2016.
Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos
Capítulo 7: Série vermelha – eritrograma: classificação morfofisiológica das anemias.
SILVA, P. H. D, et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2016.
 Vídeos
Diagnóstico Laboratorial Hbpatias
Trata-se de uma palestra do Dr. Paulo Cesar Naoum. 
https://youtu.be/mJwp_kgeu0g
 Leitura
Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doenças Falciformes
Publicação produzida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
https://bit.ly/3Aw4IeZ
Orientações para o Diagnóstico e Tratamento das Talassemias Beta
Obra produzida pelo Ministério da Saúde.
https://bit.ly/2XMdCGU
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Referências
BAIN, B. J. Cé lulas sanguíneas: um guia prá tico. Trad. Renato Failace. 5. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2016.
FAILACE, R. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. H. Fundamentos em hematologia. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.
LONGO, D. L. Hematologia e oncologia de Harrison. 2. ed. AMGH, 2015.
LOPES, A. C. Tratado de clínica médica. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006.
ROSS, et al. Atlas de histologia descritiva. Porto Alegre: Artmed, 2012.
SILVA, P. H. et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: 
Artmed, 2016.
SILVA, P. H.; HASHIMOTO, Y. Interpretação laboratorial do eritrograma: textos & 
atlas. São Paulo: Lovise, 1999.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria. 4. ed. [s.l.]: 
[s.n.], 2017
YAWATA, Y. Atlas de doenças hematológicas: citologia e histologia. São Paulo: 
Manole, 1998.
ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Hematologia: fundamentos e prática. 
São Paulo: Atheneu, 2005.
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