Buscar

Resumo de História da Psicologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Índice 
Introdução 
O presente trabalho insere-se no contexto da cadeira de História e Sistemas da Psicologia e tem como temáticas: a Escola Jónica; a Psicologia de Platão; a Psicologia de Aristóteles e o Renascimento. 
O estudo das respectivas temáticas, tem os seguintes objectivos:
· Analisar, compreender e sintetizar a Psicologia dos Jónios, de Platão, Aristóteles e dos renascentistas.
O nascimento da Exigência Racional 
1. Os primeiros Jónios
Numa era dominada pelo misticismo na Grécia, em que, partindo-se da alma, cuja individualidade é misteriosamente postulada no mito órfico, surge uma primeira forma de pensamento racional. Foi como naturalistas que os Jónios se interrogaram sobre o mundo. 
Aponta-se à Tales, a noção de physis no sentido de um princípio de unidade, que, por debaixo do movimento e da transformação das várias qualidades do real, produz e faz evoluir as coisas. Assim, para ele, a origem de tudo, era a água, uma realidade objectiva, que evidenciava um pensamento racional e que abriu um caminho para toda uma investigação científica. 
Para Anaximandro, seu discípulo, a origem de tudo, era indeterminada e infinita, o apeiron. Assim como teve também, o pressentimento de que as espécies vivas, evoluíam a partir da areia do mar.
Quanto à Anaxímenes, discípulo deste último, a origem de tudo, era o ar. A sua teoria é a primeira a que atribuem um papel privilegiado a esse elemento indispensável à vida e que geraria a posterior, a noção de pneuma, sopro criador da vida e animador dos organismos.
Desta forma, estes grandes homens de Jónia, levaram a verdadeira explicação liberta de mitos que partiam de uma alma, cuja individualidade era misteriosamente postulada numa personagem mitológica. 
2. Heráclito e Devir 
Em Heráclito, a mobilidade inscrita no próprio coração do universo, gera sem cessar a multiplicidade das suas formas. A energia fundamental, animadora, e ordenadora deste devir eterno, tem por sede o fogo, a origem de todas as coisas. 
O homem, combina em si, os elementos que lutam no universo e encontra-se como eles sujeito ao «caminho para cima e ao caminho para baixo», aquilo que seria como a lei das transformações constantes do real: “ser e não ser é um devir incessante; e nesse fluxo universal, seres e coisas mudam de lugar eternamente: em nós acontece o mesmo: o que está vivo e o que está morto, o que está desperto e o que dorme, o que é jovem e o que é velho; os primeiros mudam de lugar e tornam-se os últimos e os últimos, por sua vez, mudam de lugar e tornam-se os primeiros.”
 A escolha do fogo como elemento primordial, marca um progresso relativamente às especulações anteriores, pois a água e o ar não entram em todas as mudanças da natureza, daí que a filosofia jónica, atinge o seu ponto culminante com o pensamento de Heráclito. 
3. Parménides e o Ser Imóvel 
Diferente de Heráclito, para Parménides, uma coisa é ou não é.
Dado que o pensamento exige que o que é, seja absolutamente, deve-se afirmar que há uma única realidade, incriada e indestrutível, cuja unidade, plena e indivisível, exclui qualquer movimento ou mudança real. Para ele, o homem saiu do pó da terra e a alma, enquanto princípio da vida, é um composto de calor e de frio em equilíbrio; a proporção desses elementos num indivíduo determina o carácter do seu pensamento e a velhice decorre duma perda de calor. A dignidade da alma para Parménides, não se situa na vida que é o movimento, mas no pensamento, que coincide com a existência absoluta. 
4. Alcméon de Crotona
Discípulo de Pitágoras, anatomista e fisiologista, desenvolveu o segundo de tal modo que pode ser considerado fundador da psicofisiologia experimental.
A sua entrega à dissecação de numerosos cadáveres de animais e à investigações sobre o funcionamento dos órgãos sensoriais, fez lhe descobrir que era possível impedir, através de lesões de certas passagens, que chegassem ao cérebro, certas sensações. Parece ter distinguido as sensações do pensamento. Teve o mérito de ver que o cérebro desempenhava nisso um papel privilegiado, pois antes dele, se admitia que era o coração que desempenhava esse papel.
5. Os quatro elementos de Empédocles 
Na sua concepção da alma, reaparece a intuição e diverge da concepção dos Jónios. Empédocles vê na alma, uma origem e destino sobrenaturais. À esta concepção mística da alma, é acompanhada nele por maneiras de ver muito naturalistas do mundo, mistura de quatro elementos: o fogo, o ar, a terra e a água. O indivíduo é gerado por estes elementos e daí resulta a sua estrutura corporal particular. A estrutura e o seu funcionamento, influenciam a vida psíquica e mental. 
Admitindo que o coração é a sede das sensações, Empédocles marca um recuo relativamente a Alcméon.
A Psicologia de Platão
1. A espiritualidade da alma e o seu destino
Diferente dos seus predecessores, para Platão, a alma é absolutamente incorporal. Mais ainda, repudia-os quando misturam a alma com elementos, comprometendo assim o seu carácter espiritual e o seu destino sobrenatural. Para apoiar a sua tese, ele recorre à vários argumentos:
· A alma possui desde sempre a verdade; 
· É o princípio de todo o movimento; 
· Simples e individual, e portanto não composta, escapa forçosamente à decomposição; 
· É capaz de uma reminiscência que demonstra a sua existência anterior, participando da ideia de vida, encontra-se investida de uma actividade eterna que exclui a morte.
A vida psíquica é assim concebida por Platão, como independente da vida do corpo que ela governa, tal como a alma universal, de que é uma porção, preside aos movimentos. 
O seu destino é regressar à sua pátria de origem, através de reencarnações sucessivas.
2. O processo do conhecimento
Para Platão, as respostas ou soluções de que forem necessárias, estão dentro de cada um, porque a alma, aprendeu na vida anterior. Traz assim à luz a actividade própria do espírito, a sua capacidade de julgar e de raciocinar, distinta das sensações.
Ele vê na matemática por exemplo, um sistema de coordenação baseado em princípios cuja essência está bem definida, mas como a matemática não pode justificar por si mesma tais princípios, Platão subordina-a à dialéctica, que nos introduz no domínio em que a razão, na sua soberania, descobre o verdadeiro sentido de tudo quanto existe e em que os princípios que permitem o conhecimento do universo na sua estrutura, aparecem em plena luz. Neste estádio, o conhecimento sensível é completamente eclipsado.
3. Uma Psicofisiologia finalista
Apesar de a alma ser independente do corpo para Platão, este influencia a alma durante as suas reencarnações. Certos corpos retardam ou entravam a realização do seu destino. E por isso, eles mantêm uma relação de certa ordem. 
Platão esclarece ainda, que a razão tem a sua sede na cabeça, a energia moral no peito e o desejo no abdómen. Encontra-se aqui a presença de uma Psicofisiologia finalista que explica por que é que as três partes da alma, ocupam determinado lugar distinto no corpo.
Tendo a alma, a cabeça como sede, a mesma era separada do corpo pelo pescoço, e a medula espinal era considerada como o laço que une a alma ao corpo.
A concepção platónica da imortalidade da alma, decorre do entendimento de que quando por alguma eventualidade, os laços que ajustam a medula do corpo, já não se podem manter, a alma liberta-se alegremente. Se for por doenças precoces, acidentes, eventualidades ora contrárias ao natural, o processo da morte em si, é doloroso, mas suave quando acontece pela velhice. 
Platão declara ainda que a alma que se alimentou da verdade divina, não receia “desfazer-se no momento em que se separar do corpo, e uma vez partida, deixou por completo de existir seja onde for”.
4. As perturbações psíquicas e os factores inconscientes 
Em Platão, as doenças têm muitas vezes, causas externas como abuso de alimentos, excessos sexuais, desproporção entre o desgaste físico e a alimentação. E todas as censuras feitas às pessoas portadoras de qualquer dessas doenças, são outras censuras injustificadas,atendendo que ninguém é mau por vontade própria, mas sim pela falta de jeito dos educadores ou por qualquer defeito da constituição corporal que a alma sofre com o corpo.
Ainda que sejam os maus humores, para ele, estes entram pelo corpo e não encontram escape para fora, provocando doenças da alma mais ou menos graves e mais ou menos frequentes.
Se se acrescentar a influência das más Instituições politicas, e da corrupção, do meio que ninguém se preocupa em reformar, “aqueles que devem ser acusados, são sempre os autores do nascimento e não as crianças deles nascidas; em seguida, aqueles que os educam e não os próprios alunos. No entanto, cada qual deve esforçar-se, na medida das suas possibilidades e através do seu regime moral, das suas práticas e dos seus estudos, fugir ao vício e escolher o contrário”(Timeu, 86,87).
Correlação aos desejos e apetites que se manifestam nos sonhos, o inconsciente descrito pela psicanálise, diz Platão que se esses desejos forem ultrapassados ou atenuados, acontece também, que alguns deles ganham em força e em número: “são eles […] que despertam por ocasião do sono, todas as vezes que dorme aquela parte da alma cujo papel é o de dominar pela razão e comandar com doçura a outra parte, enquanto a parte bestial e selvagem, depois de se ter enchido de alimento ou de bebida, se agita, e, repelindo o sono, procura ir por adiante e saciar as suas inclinações próprias. […] Numa palavra, em nenhum aspecto está privada de loucura ou de indiferença perante a vergonha. (República, IX, 571).
Assim, Platão sugere que uma vida preocupada com o equilíbrio, que não se entrega nem às privações, assim como à saciedade, terá menor desregramento das visões nos sonhos.
A Psicologia de Aristóteles
1. Aristóteles e os seus antecessores
Em comparação com a Psicologia de Platão, a de Aristóteles transparece uma observação objectiva, um gosto do concreto, uma preocupação pelo individual.
Aristóteles preocupou-se com as teorias dos seus antecessores, muitas vezes para as criticar altivamente. Os juízos que formula sobre eles, são ordenados com método. Considera que na sua concepção do carácter sobrenatural da alma, os pitagóricos e platónicos, negligenciam as condições reais, físicas e orgânicas da sua existência. Aos pensadores materialistas e atomistas em particular, censura o facto de confundirem o princípio vital com os elementos que ele organiza. “Demócrito, quando pensa que a visão é uma imagem reflectida, labora em erro. É estranho que não lhe tenha vindo à ideia perguntar-se por que é que só os olhos vêem, ao passo que nenhuma das coisas nas quais se reflectem os simulacros o faz. (De Sensu, II, 438 a 5-14).
O aparecimento da vida, não é redutível aos processos físico-químicos; estes são a sua condição necessária, mas não suficiente, e devem-lhe a própria orientação. O princípio vital difere, pois, dos elementos que compõem o mundo físico. É absurdo representar-se a alma como sendo fogo; isso equivalerá identificar com o carpinteiro ou com a sua arte os instrumentos que ele utiliza, só porque a obra resulta dessa colaboração (De Partibus Animalium, II, 7, 652 b7-15).
2. A oposição a Platão 
No que tange à imortalidade da alma devido ao seu carácter imortal, segundo Platão, para Aristóteles, o corpo e a alma, estão unidos e colaboram juntos. Assim como a unidade funcional do corpo é a alma, a alma por sua vez, não pode subsistir sem um corpo. 
A alma é o que assegura a harmonia das funções vitais e não o que fala Platão, de que é uma exilada encerrada num corpo com a nostalgia de se despojar dele para sempre. 
3. A alma como «forma» do corpo
O ser humano não é constituído por uma alma e um corpo como duas entidades justapostas, os dois são inseparáveis.
A alma é para o corpo aquilo que o fio do ferro é para o machado, aquilo que a vista é para os olhos. […] E não é possível separar o órgão da função: “[…] foi com razão que certos pensadores julgaram que a alma não pode nem existir sem um corpo, nem ser um corpo, pois ela não é um corpo, mas alguma coisa do corpo; e é por isso que ela esta num corpo […]” (De An., II, 2 414 a 15-20).
4. O que é próprio do homem
O que faz o homem se sobrepor ao animal é a mão que aparece a testemunhar a sua inteligência sob a forma racional. 
5. O primado ontológico
Para Aristóteles, a vida sai de uma perfeição originária. Ele deduzia “Deus como primeiro motor imóvel, como ser absolutamente imaterial, como pura forma” (Met., XII, 7, 1072 b, 25,30). 
Contudo, é verdade que o interesse da sua teoria, no campo da Psicologia, reside na descrição do organismo concreto, real e significado pela coordenação harmoniosa das suas partes. 
6. O objecto da Psicologia
Diferente da concepção de Platão de que a capacidade de julgamento e raciocínio da alma, tinha sido aprendida numa vida anterior, Aristóteles, entendia que trata-se de uma distinção estabelecida entre estruturas orgânicas mais ou menos complexas “(De An., II, 2, 213 ab; II, 3, 414 b). 
[…] Parece com razão que todos os afectos da alma são dados com um corpo: a coragem, a brandura, o temor, a piedade, a audácia e ainda a alegria, bem como o amor e o ódio; pois ao mesmo tempo que se dão estas determinações, o corpo experimenta uma modificação (De An., I, 1, 402 b, 15).
[…] O estudo da alma, pertence ao domínio do físico […] (De An., I, 1 402 b, 30, 403 b).
De qualquer modo, é a partir da coincidência que o ser vivo toma de si próprio que todo o conhecimento se elabora. Aristóteles vê na sensação essencialmente, uma capacidade de discernir […] (o poder que o objecto tem de afectar um ou vários órgãos dos sentidos) e um elemento interno (a actividade desses próprios órgãos). 
7. As sensações e a percepção 
Aristóteles considera essencial o facto de a alma permanecer no interior da sensação. 
“Na realidade, o homem que conhece, faz existir de certo modo - intencionalmente, formalmente, imaterialmente – o objecto conhecido no seu intelecto: 
«Não é a pedra que esta na alma, mas a sua forma» (De An.,III, 8, 431 b, 25).
De uma maneira geral, a Psicologia de Aristóteles, visa reabilitar relativamente ao idealismo platónico, a sensação como fonte de conhecimento, estabelecendo que ela não pode induzir em erro quanto ao seu objecto próprio. Diferente da percepção, que vem em segundo lugar e em que o erro pode se insinuar.
A visão do pintor por exemplo, não é falsa pelas leis da perspectiva. Se uma visão à distância parece inexacta, é por comparação com uma visão aproximada, anterior, admitida como fiel ao objecto e servindo de critério para a rectificação. Acontece simplesmente que algumas vezes, o conjunto já não permite discernir os pormenores. 
Algumas das observações de Aristóteles a respeito da percepção dos conjuntos, encontram-se hoje revalorizadas pela teoria gestalt. 
Aristóteles, atribui ao coração um papel privilegiado, admitindo que este órgão é a sede do pneuma psíquico, a saber, do princípio da vida dando parte o próprio movimento. Este pneuma, é o sujeito do calor vital, o substrato da vida sensorial, o primeiro instrumento da alma. Para ele, o coração, é que recebe as sensações por intermédio das veias. 
Por grandes que sejam as dificuldades apresentadas pelo duplo aspecto simultaneamente substancialista e instrumentalista das observações de Aristóteles sobre o psiquismo humano, é verdade que a sua concepção constitui relativamente àqueles que o precederam, um nítido progresso no plano da teoria do conhecimento. A sua concepção, demonstra um aprofundamento e uma descrição muito mais estruturada dos processos em jogo na percepção. 
Com isto, deve se concluir que o conhecimento não se baseia unicamente em sensações, como julgava Protágoras, mas também não é apenas sobre a razão como resulta da filosofia de Platão. É uma actividade complexa em que o inferior, que não se basta a si próprio, encontra no superior a sua ordem e o seu sentido. 
8. A imaginação, a memória, os sonhos
A imaginação em Aristóteles, é uma faculdade intermédia entre a sensibilidade e a razão. E está em estreita ligação com a memória.Quando os sentidos especiais estão inactivos, a vida psíquica não para e a sua actividade liga a função sensível à função imaginativa – o que se dá nos sonhos - e à memória. 
A memória é simples conservação do passado e o seu regresso espontâneo ao espírito, da faculdade de recordação voluntária por um esforço intelectual que localiza esta lembrança no tempo. Esta memória voluntária, é uma função da inteligência, própria do homem.
A respeito dos sonhos, enuncia que eles podem anunciar doenças, já que são estas precedidas de movimentos insólitos no nosso organismo. Movimentos que escapam ao estado de vigília, porque estão eclipsados por impressões sensoriais mais intensas: “ No sono, é exactamente o contrário, pois os pequenos movimentos, dão-nos a impressão de serem grandes (por causa da inacção dos órgãos sensoriais). […] Uma vez despertos, tudo isso nos aparece no seu verdadeiro aspecto […] Mas como em todas as coisas, os começos são modestos, é evidente que modestos são também os começos das doenças e das outras afecções que ameaçam produzir-se no corpo. […] (De Div. Per somnum, I, versão portuguesada tradução francesa de J. Tricot). 
9. O princípio da perfeição 
Em Aristóteles, a Psicologia está ligada à moral. Entretanto, diferente da moral platónica, de um destino supraterrestre, ele a coloca numa perspectiva de felicidade sobre a terra. Segundo Aristóteles, “ no homem, a sua natureza de ser racional, inclina-o muito naturalmente ao exercício do pensamento, principal fonte da felicidade.”
O Renascimento 
Renascimento Cultural, é uma época em que se registou a retomada de temas, ideias, e técnicas utilizadas na idade antiga Greco-Romana, nos campos da arte, da ciência e da filosofia, daí o termo renascimento (nascer de novo).
Esse movimento cultural, ocorreu entre os séc. XIV e XVI e protestava os valores católicos cultivados durante a Idade Média em que tudo era explicado a partir da religião. O indivíduo por tal, era preparado para a vida além da terra, pela salvação da alma e não para questões terrenas. É um movimento que buscava colocar o homem como centro do universo, contrariando o teocentrismo que colocava Deus como o centro do universo. 
A perspectiva renascentista, afastava-se dos dogmas católicos, mas não excluía totalmente os temas religiosos. 
As Ideias Psicológicas do Renascimento
1. Leonardo da Vinci (1452 - 1519)
Representante por excelência das novas tendências culturais do Renascimento, Leonardo terá chegado a pensar que os laços da alma com o organismo, eram demasiado íntimos para que se lhe possa atribuir o privilégio de sobreviver à destruição deste. 
Os olhos parecem ao Leonardo, a sede da actividade psíquica. Para ele, a alma necessita dos órgãos dos sentidos para se manifestar, pois se ela fosse incorpórea, seria inexistente atendendo que representaria um vácuo que não existindo na natureza, seria imediatamente cheio pelo elemento onde ele se gera. Desprendendo-se assim, de certa forma, a asserção de que a ciência como tal, é estranha e indiferente à religião. 
É evidente entretanto, que Leonardo faz do homem uma ideia muito elevada, enquanto ser ao qual as qualidades e os poderes de que dispõe, podem assegurar, por pouco que ele se desprenda de toda a ganga saída do espírito de abstracção, e da submissão passiva à autoridade, um excepcional destino; enquanto ser capaz de criar, pela força do seu espírito, uma segunda natureza a partir da natureza eterna e infinita, fonte das coisas, que ele encontra como um dado. 
2. Paracelso (1493 – 1541)
Segundo Paracelso, médico, a natureza e os poderes do ser humano, são explicados por conhecimentos que vão desde a filosofia à alquimia e a uma certa forma de astrologia. A prática médica, implica aos seus olhos uma atitude religiosa por parte do médico (Paragramu.
Embora tenha permanecido fiel à religião católica, não admitia por exemplo, a origem diabólica das afecções nervosas ou mentais. A ideia central da concepção paracelsiana, é das correspondências ocultas entre o universo (macrocosmo) e o homem (microcosmo). 
Paracelso pensa que uma alma dotada de uma imaginação suficientemente forte, poderia modificar o aspecto e a forma exterior do seu corpo, como mudam constantemente a expressão e o aspecto de um rosto. 
3. Pietro Pomponazzi (1462 – 1525)
Com uma tendência naturalista da época, orientada num sentido antropológico, que reconhece no homem um papel autónomo no universo, também reconhece os limites da experiência humana, admitindo assim o divino na sua existência. 
Para ele, o homem é uma espécie de mediador entre o natural e o espiritual. Na sua natureza corporal sensitiva e vegetativa, o seu intelecto, faz com que ele se dobre sobre si mesmo e compreender universalmente o que bem demonstra a sua independência relativa a respeito do organismo. Ele é portanto, de uma “natureza ambígua em que as operações do seu intelecto, nunca podem ser totalmente universais, nem totalmente particulares; nunca podem ser totalmente submetidas, nem totalmente subtraídas no tempo” (De Imn. An., IX).
Pomponazzi “crê que o domínio exercido sobre o corpo pela alma, é tal que a vida orgânica pode ser influenciada no sentido de saúde ou de doença ou até mesmo da morte, sob o impulso da imaginação ou do desejo” (De Incant.,III).
4. Bernardino Telésio (1509 -1588)
A sua obra como a dos outros desta época, visa também, num tom mais calmo, determinar a situação do homem num mundo liberto dos esquemas teológicos. 
Admitindo o calor proveniente do sol e a sua contracção, o frio, como as duas forças activas fundamentais que se manifestam na natureza, na sua objectividade, fica evidente que ele não rompeu com o animismo dos Jónios. 
O «quente», através do desenvolvimento de toda a natureza, é o princípio de todas as formas de vida até às mais altas manifestações humanas; com excepção, no entanto, daquelas que denotam a existência no homem de preocupações sobrenaturais, e que implicam a presença nele de uma alma de origem divina (De rer. Nt., liv. V, cap. I).
É sobre essa base que Telésio, explica o homem sem lhe negar fins e faculdades transcendentes. 
A sede das funções orgânicas e psíquicas para ele, é o cérebro e espalha-se por todo o sistema nervoso, mostrando que o espírito, embora esteja encerrado no corpo, o apoia e o move em todas as suas partes (ibid, V, XXVII).
Para mostrar o poder e individualidade que o corpo também detém, ao lado da alma, Telésio, sugere que, se a alma fosse a forma do corpo no sentido aristotélico, este, se dissolveria imediatamente logo que privado dela, mas pelo contrário, ele mostra-se capaz de subsistir durante longo tempo. 
Isto equivale dizer portanto, que Telésio, embora admitia que todo o movimento é material, não reduz a sensação à marca material das coisas na alma, mas identifica-a com a percepção dum movimento da própria alma.
5. Giordano Bruno (1550 – 1600)
A alma é que anima o corpo para ele. Longe de o corpo ser o lugar da alma, o corpo está na alma, e a alma no espírito. Acerca deste, Bruno declara que o espírito é Deus ou está em Deus.
O espírito eleva as almas às coisas sublimes, ao passo que a imaginação as rebaixa às inferiores. Entre ambas está a faculdade racional.
Bruno viu bem que a personalidade humana não pode subsistir com as suas faculdades morais e intelectuais, como se a morte fosse o prolongamento da vida terrestre. No plano material, mostra que, se a substância corporal se decompõe, é para se tornar matéria de novas formas. 
6. Michel de Montaigne (1533 – 1592)
Quase que se poderia dizer que Montaigne representa a contrapartida crítica dos novos ideais. Mas uma coisa que não há dúvida, é que ele encontrou a justificação do seu antidogmatismo radical, e ao mesmo tempo, a justificação da sua aversão por tudo aquilo que de algum modo lhe parece derivar do orgulho humano. 
Montaigne reconhece ainda, por uma experiência interior cuja validade lhe parece extensível aos outros, aquilo a que chama uma «forma mestre» nele, à qual deve o facto de voltar sempre a cair sempre «nos próprios pés»: 
“Olhaium pouco como se comporta a nossa experiência: não há ninguém que se escute que não descubra em si uma forma sua, uma forma mestre, que luta contra a instituição e contra a tempestade das paixões que lhe são contrárias. 
Eu, não me sinto agitar pelos abalos, encontro-me quase sempre no meu lugar, como acontece aos corpos pesados e poderosos. Se nem sempre estou em mim, estou sempre bem perto de mim. As minhas paixões não me levam para muito longe. Não há nada de extremo e de estranho; há sim mudanças de opinião sãs e vigorosas”. 
Deve se admitir que este autêntico «eu» se situa aquém do juízo, pois Montaigne insiste repetidas vezes na impossibilidade para ele, de apreender as estruturas da «pessoa»; é o mesmo que querer apertar a água na mão. 
Finalmente, não há qualquer constância nem do nosso ser, nem dos objectos. E nós, e o nosso juízo, e todas as coisas mortais vamos correndo e rolando sem cessar. 
Assim, não se pode estabelecer nada de certo de um ao outro, pois tanto o que julga, como o que é julgado, se encontram em contínua mutação. 
Conclusão
De acordo com a leitura feita às temáticas do trabalho, concluiu-se que, por não mais estarem satisfeitos com explicações mitológicas e como resultado de suas interrogações sobre o mundo, os Jónios têm a noção de physis (origem), uma realidade objectiva que produz e faz evoluir as coisas. Como tal, cada um deles apresenta o elemento que entende ser originário de todas as coisas e defende o por que do seu entendimento. A seguir a eles, houve noção de animadores do organismo, como sua alma. Foi desta forma que surgiu a primeira forma racional.
Por sua vez, Platão, diferente dos seus predecessores, a alma para ele, é absolutamente incorporal e repudia-os quando misturam a alma com elementos, comprometendo assim o seu carácter espiritual e o seu destino sobrenatural.
Aristóteles transparece uma observação objectiva, um gosto do concreto e critica os seus antecessores por negligenciarem as condições reais, físicas e orgânicas da alma.
Nos renascentistas, nota-se uma recuperação do ser autónomo que se considerava o ser humano na antiguidade, com reconhecimento entretanto das suas limitações também, sendo notável desta forma, a procura pela harmonização de relação de um Deus ou universo (macrocosmo) e o homem (microcosmo).
Bibliografia
· MUELLER, F. L. História da Psicologia, Vol 1, 1997.

Outros materiais