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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As cardiopatias congênitas são malformações e desvios da anatomia normal cardíaca e que geralmente causam problemas sistêmicos. Apesar de ser uma cardiopatia menos frequente em comparação com as outras, atualmente está aumentando sua incidência (~ 1 para cada 100 nascidos vivos). É mais comum em fetos prematuros e abortos. Dentre as anomalias congênitas, as cardiopatias são as alterações mais comuns. Corresponde à segunda causa de óbitos entre menores de 1 ano e são responsáveis pela maior mortalidade no primeiro mês de vida (cardiopatias críticas). No adulto, temos um aumento crescente de doenças cardíacas congênitas porque a terapia e o diagnóstico melhoraram e os pacientes tem sobrevivido até a idade adulta. Devido a isso, as cardiopatias congênitas são mais frequentes em adultos. A cardiopatia congênita pode causar um processo de remodelamento no miocárdio e disfunção, com insuficiência cardíaca e arritmias e até hipertensão pulmonar cardíaca. O tratamento da cardiopatia congênita demanda uma estrutura mais elaborada, tem maior custo. Isso impacta no quanto conseguimos tratar o doente. Tem um déficit de vagas, como na maioria das doenças congênitas. Até 20% das cardiopatias congênitas em menor gravidade e resolução espontânea. Contudo, mais ou menos 50% dos lactentes menores de 1 ficaram sem tratamento em São Paulo. - Etiopatogenia: é multifatorial. As causas são cromossômicas, mendelianas, teratogênicas (1º trimestre). A cardiopatia pode derivar de um único gene, a genética é extremamente variável. Importante lembrar que o coração se desenvolve até a 8ª semana gestacional, os 3 primeiros meses. São descritos mais de 40 tipos de cardiopatias congênitas. Podemos ter situs, conexões venosas sistêmica ou pulmonar, conexões atrioventriculares, problemas nas valvas, anomalias de conexão do ventrículo com as artérias, hipoplasia ventricular, defeitos septais (CIA, CIV), problemas nas grandes artérias, problemas congênitos das coronárias, de pericárdio ou tumores. Felizmente a maior parte dessas lesões cardíacas congênitas são benignas. A mais comum é a comunicação interventricular (CIV), em mais de 40%. CIA a mais segunda, estenose pulmonar terceira mais comum. A cardiopatia congênita mais grave e mais comum é a tetralogia de Fallot, cirúrgica, com incidência de 5-7%. As mais complexas são mais raras. • FATORES DE RISCO Os riscos para cardiopatia congênita são genéticos e ambientais. Contudo, mais de 90% dos pacientes não tem nenhum fator de risco. Fatores de risco maternos: doença metabólica materna (DM, deficiência de MTHFR), exposição materna a agentes cardio-teratogenicos (drogas, anticonvulsivantes, ac retinóico e análogos de vitA, lítio, AINE, infecções parvovirus,); autoanticorpos maternos. Infecções: como a rubéola congênita. Erradicada atualmente no Brasil, mas causa microcefalia, catarata e destruição da parede do canal arterial e persistência desse canal. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Síndromes genéticas: algumas síndromes tem alta incidência de cardiopatias, sendo a principal a Trissomia do 21 (Sd. De Down). O defeito mais comum nessa síndrome é no septo atrioventricular, o anel valvar atrioventricular é único. Toda criança com anomalias genéticas deve realizar uma investigação imediata para cardiopatias congênitas. Outra trissomia associada a cardiopatias é a Trissomia do 18 (Edwards). Em quase 100% dos casos tem anomalia cardíaca gravíssima e com sobrevida muito curta (máximo 1 anos). A CIV é a mais comum. A Síndrome de Turner (monossomia do X) é bem prevalente e também cursa com cardiopatias. A alteração mais comum é a valva aórtica bicúspide, coarctação de aorta e hipoplasia do VE. A Síndrome de Marfan é caracterizada por problema no tecido conjunto com manifestação no tecido fibroelástico da parede da aorta, menos resistente. Assim, é comum aneurismas congênitos na raiz da aorta, com alto risco de dissecção de aorta. Outra síndrome com cardiopatias congênitas frequentes é a Síndrome de diGeorge (SDG). Tem alterações cornotruncais, como a Tetralogia de Fallot, a interrupção do arco aórtico, tuncos e CIV. Além da cardiopatia congênita tem anomalias de face discretas, aplasia do timo, fenda palatina e hipoparatireoidismo secundário a hipoplasia de paratireoide. A herança genética das cardiopatias congênitas é multifatorial. O que indica o risco genético é a recorrência familiar. Sempre que tem um filho anterior, mãe ou pai acometido por uma cardiopatia congênita há um risco maior de uma nova cardiopatia. Quando a mãe é acometida o risco é ainda maior. - Quando suspeitar de cardiopatia congênita? Depende da anamnese e quadro clínico, antecedentes pessoais e familiares, exame físico detalhado. Deve-se realizar avaliação dos sinais vitais (FC, FR, PA) e saturação de O2. Avaliar os pulsos, pois muitas cardiopatias tem diferença entre pulsos dos MMII e pulsos dos MMSS. Deve-se fazer uma ausculta cardíaca minuciosa, avaliando tudo. 1. MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS Existem 3 grandes grupos de mecanismos: shunt esquerda-direita(ED), shunt direita-esquerda(DE) e obstrutivas. Há ainda um tipo misto (com shunt e obstrução). Shunt é a mistura de sangue por comunicação anormal entre cavidades ou vasos sanguíneos. - Shunt ED: defeito do septo atrioventricular (DSAV). Bastante em Down. Comunicação interatrial e interventricular. Como a pressão esquerda é maior, o sangue passa da esquerda para direita. O sangue oxigenado da esquerda invade o oxigenado e acaba passando nos pulmões denovo. Tem um aumento do fluxo no pulmão e pouco na aorta. - Shunt DE: drenagem anômala total das veias pulmonares (DATVP). Ausência de conexão das vv pulmonares no AE, ela drena na cava superior e vai para o AD. O sangue oxigenado dos pulmões nas vv pulmonares não atinge a câmara esquerda e se mistura com o sangue desoxigenado no AD. Para que a criança sobreviva tem que ter uma comunicação dos átrios para passar um pouco de sangue para as câmaras esquerdas, mesmo que pouco oxigenado, para poder ter circulação sistêmica. - Obstrutivas: anomalias de valva aórtica, como estenoses ou bicúspide. Obstrução da região valvar aórtica e estenose significativa que causa hipertrofia Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp do ventrículo esquerdo e regurgitação mitral. Estenose é uma redução da passagem e atrésia é quando não há lúmen. - Misto: tetralogia de Fallot. Problema na região subvalvar pulmonar, chamado de infundíbulo perto do cone arterial. Anteriorização do infundíbulo e obstrução subpulmonar com hipofluxo (estenose), aí o sangue não chega muito no pulmão. A maior quantidade de sangue vai pela comunicação interventricular e vai para o lado esquerdo e aorta. Existe obstrução pulmonar e shunt DE associado. A cardiopatia é mais grave quanto mais precoce a manifestação. Nos lactentes são mais graves do que quando aparece em crianças maiores ou adultos. Depende do tamanho e localização do defeito, da relação de resistência entre o sistema pulmonar e o sistêmico; depende da pressão pulmonar e da função miocárdica (DC). → CIRCULAÇÃO FETAL: a maioria das cardiopatias não tem sintomatologia fetal. Na circulação fetal há dois pontos de by-pass (corta caminho), o forame oval e o canal arterial. Esses pontos servem de desvio de fluxo, ambos os ventrículos ejetam para a aorta, pois os pulmões não tem função respiratória. Em suma: o sangue oxigenado da placenta passa pelas vv Porta e Cava. Cai no lado direito do coração, mas a maior parte do sangue não vai para as artérias pulmonares, pois o pulmão não tem função respiratória. A maior parte atravessa pelo forame oval para o lado esquerdo e circulação sistêmica. A pouca parte que entra nas artérias pulmonares ainda não vai totalmente para os pulmões, pois é desviado novamente para a aortapelo canal arterial. Assim, cardiopatias graves geram caminhos alternativos para o sangue chegar até a placenta. O canal arterial se fecha ao final de 1ª semana de vida, enquanto o forame oval só cicatrizará completamente após a 2ª semana. Como no coração fetal ambos ventrículos bombeiam para a aorta (mesma resistência), eles têm a mesma potência e espessura da parede. Após o nascimento, como a resistência muda (artéria pulmonar é menor), os ventrículos se remodelam. - Cardiopatias Congênitas Críticas (CCC): são cardiopatias graves que ocorrem no 1º mês de vida e precisam de intervenção urgente. As principais são dependentes do canal arterial. Como o canal arterial se fecha após 15dias, as cardiopatias que acontecem até esse tempo geralmente são canal dependentes. As que não são canal dependente são truncus e drenagem anômala de vv pulmonares. - Fluxo sistêmico dependente de canal arterial. Ou seja, obstrução da aorta na síndrome da hipoplasia do coração esquerdo (SHCE). Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Fluxo pulmonar dependente de canal arterial. Ou seja, obstrução da pulmonar na atresia pulmonar. - Circulação em paralelo. Transposição das grandes artérias (TGA). Outra classificação mais antiga separa as cardiopatias em Cianogênicas e Acianogênicas. Essa classificação tem limitações, pois a mesma cardiopatia pode causar cianose num determinado momento e noutro não. Por exemplo, a Tetralogia de Fallot. Outra limitação é que a cianose é um sinal clínico que para aparecer precisa de uma quantidade de hemoglobina alterada, o que não é possível em anêmicos e em baixa saturação de O2. As cardiopatias podem ser classificadas ainda quanto ao fluxo pulmonar, se tem muito fluxo pulmonar ou pouco. Algumas cardiopatias tem fluxo pulmonar normal. - Hiperfluxo Pulmonar: coração grande, trama pulmonar visível. Leva a congestão pulmonar e sinais de ICC (como se o bebê tivesse edema agudo do pulmão). - Hipofluxo Pulmonar: a área pulmonar fica bem preta. Leva à cianose. • ANÁLISE SEGMENTAR SEQUENCIAL Devemos analisar todos os aspectos da anatomia cardíaca e padrão do fluxo sanguíneo (normal). A ordem de avaliação deve ser: Situs (localização dos órgãos) Concordância venosa sistêmica e pulmonar Concordância atriventricular Concordância ventriculoarterial Camaras cardíacas (átrios e ventrículos) se tem 2 de cada Válvulas atrioventriculares Válvulas ventrículo arteriais (aórtica e pulmonar) Morfologia dos septos interatrial e interventricular Artéria pulmonar e ramos pulmonares Aorta e ramos da base Canal arterial Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Coronárias 2. CARDIOPATIAS ACIANOGÊNICAS E COM HIPERFLUXO PULMONAR Todas as cardiopatias com hiperfluxo pulmonar pode causar hipertensão pulmonar. O hiperfluxo pode causar injuria pulmonar crônica que aparece fatores inflamatórios locais e fatores de crescimento estimulados que causam hipertrofia das células musculares da túnica media. Essa hipertrofia inicialmente tem um fator protetor ao hiperfluxo e na clínica parece que o paciente está melhorando. Porque o pulmão fica mais resistente ao hiperfluxo. Contudo, evolui para deposição de colágeno, elastina e proteoglicanos (fibrose da camada média das artérias) e os vasos ficam muito endurecidos e reativos. Isso pode ficar irreversível. Aí, com a hipertensão pulmonar o sangue do shunt ED muda para DE pois o VD fica com uma pressão muito alta, maior que da aorta. Aí tem mudança no fluxo de sangue, isso é chamado de Síndrome de Eisenmenger. Esse shunt DE mistura o sangue e reduz o fluxo no pulmão. O paciente acaba tendo o pulmão preto e hipoxemia acentuada no rx. Não tem mais como fechar o defeito, pois ele não vai mais passar pela artéria pulmonar e vai dilatar o VD e ter cor pulmonale. Quanto maior a complexidade do shunt, maior a chance de evoluir para Eisenmenger. A CIA tem chance de 10% se não tratada e a CIV de 50%. Não tem tratamento curativo para a Eisenmenger, a sobrevida fica muito reduzida. Quadro clinico – Síndrome de Eisenmenger Hipoxemia crônica Dispneia ao esforço Fadiga Sincope e pré-sincope Arritmias DPN – hipertensão venocapilar pulmonar Precordialgia tipo anginosa aos esforços (isquemia do VD hipertrófico) Hemoptise Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Exame físico: B2 hiperfonética irradiada para o ápice; pulsação sistólica do tronco pulmonar no 2º EIC; estase jugular; sopro de insuficiência tricúspide e pulmonar; cianose; baqueteamento digital; sopros valvares; diagnostico diferencial com DPOC. COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA) Uma das mais comuns na criança e no adulto. É a abertura ou orifício que permite a passagem de sangue entre os átrios e que pode estar em 1 ou mais locais no septo. É rara, mas dentre as cardiopatias congênitas é comum. Maior prevalência no sexo feminino (2:1). Pode ter comunicação através do forame oval, pode estar tem vários locais do septo interatrial e dependendo do lugar tem nomes diferentes. O que acontece é que passa sangue das câmaras esquerda (maior pressão) para a direita (menor pressão) e tem sobrecarga mais das câmaras direitas. Grande parte vai para as câmaras direitas e pouco pro VE. Por isso tem um hiperfluxo pulmonar. A clínica depende do tamanho e tempo do desvio de fluxo. Depende da resistência vascular pulmonar. Se o hiperfluxo for crônico pode causar hipertensão pulmonar e isso ocorre em 50% dos pacientes com 40 anos. O átrio direito pode ter arritmias. De maneira geral, mortalidade baixa (50% até 36 anos). Na infância não tem grandes consequências. O problema é após 40 anos de idade por conta das sequelas nas câmaras direitas. O forame oval pérvio é normal em 10% dos adultos. Só deve ser importante em pacientes que tem história de trombose, devido ao tromboembolismo. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Indicações de correção: em risco de embolia paradoxal, shunt com cianose intermitente, ICC. Em assintomáticos devemos avaliar a quantidade de fluxo ED. Avaliamos também sinais de hiperfluxo e arritmias atriais. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR (CIV) Abertura no septo interventricular. A classificação depende da posição no septo. Fluxo ED por diferença de pressão. Mesma coisa que a CIA. Hiperfluxo pulmonar com dilatação das câmaras esquerdas (mais) pois recebe todo o fluxo de retorno pulmonar. Dilatação de tronco pulmonar. Sopro sistólico com localização variável e depende do local da abertura. Se a B2 começa a ficar hiperfonetica suspeitamos de hipertensão pulmonar. Coração globalmente aumentado e trama pulmonar aumentada. Defeito do Septo atrioventricular ocorre muito em Down. Falha no coxim endocárdico que é o septo atrioventricular, dilatação de câmaras esquerda e VD, muito hiperfluxo pulmonar pois tem duas comunicações. Pode ser parcial ou total. Após a correção cirúrgica de uma cardiopatia de hiperfluxo pulmonar o coração volta ao tamanho normal, remodelamento. PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL Também cursa com hiperfluxo pulmonar. Se o canal arterial não fechar vai vir sangue da aorta para a artéria pulmonar (diferença de pressão) e tem hiperfluxo pulmonar, aumento do retorno venoso para câmaras esquerdas. Dilatação do AE e VE. É mais comum em prematuros (abaixo de 28, 29 semanas tem muita chance de ficar aberto). Clinicamente tem um sopro contínuo. Conforme tem dilatação do canal arterial pode aparecer estalidos, chamamos de sopro em maquinaria. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 3. CARDIOPATIAS OBSTRUTIVAS COARCTAÇÃO DE AORTA É o estreitamento ou obstrução do arco aórtico por tecido endotelial protuso para o interior do lúmen ou mais raramente por um segmento longo estreitado. Mais no sexo masculino e em Turner. Hipofluxo nos membros inferiores. Esperamos reduçãodos pulsos inferiores, os superiores estão bem palpáveis. Desproporção de membros, se adultos sem corrigir o defeito tem redução do crescimento dos MMII. Por conta do hipofluxo sistêmico tem hipertensão arterial (HAS). Todo paciente jovem com hipertensão deve ser descartada a coarctação de aorta! Tem também uma sobrecarga e hipertrofia esquerda. Branda Imagem Posicionada Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Temos alguns sinais: sinal do 3 por dilatação pós estenótica; sinal de Roesler: intercostais acabam se desenvolvendo muito por ser um caminho alternativo, ficam dilatadas e marcam o sulco inferior das costelas. Mamárias e intercostais muito desenvolvidas. VALVA AÓRTICA BICÚSPIDE / ESTENOSE AÓRTICA Cardiopatia congênita mais comum, mas subdiagnosticada na infância porque é assintomática. Estalido protossistólico no foco aórtico muito discreto. Conforme vai envelhecendo tem degeneração progressiva com dupla lesão valvar: estenose e insuficiência aórtica. Se o paciente tem estenose aórtica tem sopro sistólico com irradiação para o pescoço. Se insuficiência, tem sopro diastólico com B2 hipofonetica. É um risco de endocardite. Principal causa de dissecção de aorta. A valva bicúspide altera o fluxo e causa uma dilatação da aorta ascendente, não fica laminar. Cria um aneurisma na base. 4. CARDIOPATIAS CIANOGÊNICAS E COM HIPOFLUXO PULMONAR TETRALOGIA DE FALLOT É a principal cardiopatia cianogênica e com hipofluxo pulmonar. Mais comum em masculino. Desvio anterior do septo infundibular (abaixo da valva pulmonar) que leva a uma CIV + a um estreitamento pulmonar + hipertrofia do VD. Existe a forma clássica e a extrema com atresia pulmonar e formas muito raras com agenesia da VP. Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Redução do fluxo de sangue para o pulmão, é desviado pela CIV e se mistura com o sangue e sai pela aorta. Queda de saturação. Cianogenica, com graus variados de cianose dependendo do grau de obstrução pulmonar. A fisiologia depende do grau de estenose pulmonar e tamanho do CIV. Na estenose leve pode até ter shunt ED pela CIV e hiperfluxo pulmonar (Pink fallot). Contudo, a maioria dos casos tem estenose moderada a grave com shunt DE pela CIV e cianose. A cianose é variável. Tem sopro ejetivo no foco pulmonar e B2 hipofonetica. Sobrecarga de câmaras direita (sinal do tamanco holandês). Hipofluxo pulmonar. Cardiopatia com correção cirúrgica. Pode ocorrer crise de hipóxia: a hipoxemia junto com acidose estimula quimiorreceptores que agem no SNC. Aumento da atividade simpática, aumento da contratilidade cardíaca, vasoconstrição sistêmica, com espasmo muito grande da região infundibular. Cianose acentuada que piora rapidamente. Uma das coisas que reverte é a posição de cócoras. Isso aumenta a resistência na aorta e obriga o sangue do VE a entrar no VD e na pulmonar. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ATRESIA PULMONAR COM CIV: forma extrema do fallot. “fallot extremo”. A fisiologia é diferente. Tem uma grande CIV, mas tudo sai pela aorta, não tem fluxo do VD para artérias pulmonares. Para o sangue chegar no pulmão depende do canal arterial. Grave e cianogenica. Essa cardiopatia pode ter classificação: A – Fluxo pulmonar totalmente pelo canal arterial. Canal dependente. B – Forma intermediaria com os dois. C – Sem canal arterial. O fluxo pulmonar se dá por colaterais sistêmico pulmonares que saem da aorta até os pulmões. São as artérias brônquicas. Canal independente. Fisiopatologia: tanto VD quanto VE bombeando para a aorta. Fluxo pulmonar por canal arterial ou colaterais. Quadro clinico: depende de como o sangue chega no pulmão. Se for pelo canal tem RN com muita hipoxemia, com crises de cianose quando o canal começa a fechar. Se for por colaterais ele permanece estável, cianose apenas aos esforços e que pode ter sinal de ICC por hiperfluxo intenso (déficit ponderal e cansaço as mamadas). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Paciente canal dependente: hipoxemia e hipofluxo rápido quando ele fechar e morte neonatal se não operar. Maciça circulação colateral: RN rosado, permanece bem e o diagnóstico é mais quando a criança é mais velha, oligossintomatico, aí aparece sinais de hiperfluxo e ICC. Quadro balanceado: até a 3 ou 4 décadas de vida sem tratamento. Exame físico: quando tiver hiperfluxo teremos coração dilatado, précordio hiperativo, pulsos periféricos simétricos e amplos, B1 única é seguida de clique aórtico (dilatação) e B2 única (só valva aórtica). Sopro infraclavicular no caso de canal; se tiver sopro difuso no dorso tem colaterais. ATRESIA PULMONAR COM SEPTO INTERVENTRICULAR ÍNTEGRO: uma variação da atresia pulmonar. É uma malformação congênita complexa, caracterizada pela obstrução completa do fluxo sanguíneo do VD para a artéria pulmonar, no nível da valva pulmonar e, por vezes, também infundibular. Ou seja, sem comunicação interventricular. Obrigatoriamente tem CIA se não morre. Canal dependente, critica. Paciente tem cianose, sopro sistólico suave (refluxo tricúspide ou por canal arterial), B2 hipofonetica, hipofluxo pulmonar, sobrecarga de AD. O VD é hipoplásico, bem pequeno. Ocorre grandes fistulas, porque o VD tem muita pressão. Isso leva a morte súbita em pacientes mais velhos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ESTENOSE PULMONAR Grau mais leve de todas as obstruções pulmonares. Pode ter uma fusão das comissuras ou só displasica e espessa. O grau de estenose determina a hipertrofia do VD, refluxo tricúspide e dilatação pós estenotica. O quadro clinico depende do grau. Geralmente se leve só tem um estalido e sopro ejetivo. Se for mais acentuado temos estalidos protossistolico mais evidente e um sopro ejetivo em foco pulmonar em diamante. B2 hipofonetica. TRONCO ARTERIAL COMUM Tem origem bem no começo da gestação, não dividiu aorta e tronco pulmonar, estão grudadas. Tem uma valva arterial comum que origina as artérias sistêmicas e as artérias pulmonares como ramos. É comum em diGeorge e em mães diabéticas. Tem um defeito septal interventricular. TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTERIAS (TGA) Discordância ventriculoarterial. O VD origina aorta e VE ao tronco pulmonar. Circulação em paralelo, fechada, pois o VD recebe sangue das cavas e manda pra aorta, sem passar pelo pulmão. Cianose muito intensa e muito precoce. Alguns casos podem ter CIV, o que é melhor, ponto de mistura. Se não o único ponto de comunicação é o forame oval e canal arterial. Nesse caso tem que ter mistura do sangue para poder ficar vivo, canal dependente. É corrigida na cirurgia de Jatene (“Switch arterial”). Existe um tipo de transposição que na realidade é por conta da posição dos vasos. Se chama Transposição anatomicamente corrigida das grandes artérias (L-TGA). Tem uma discordância atrioventricular e ventrículo arterial. É como se tivesse invertido só o ventrículo. Ventrículo direito subaortico e esquerdo subpulmonar. Pode ter associação com outras cardiopatias. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Quadro clinico depende das lesões associadas. No adulto o VD subaortico entra em falência porque não tem força pra bombear para aorta (40 -50 anos). ANOMALIA DE EBSTEIN Malformação dos folhetos da valva tricúspide. Graus variados de mal formação e insuficiência tricúspide de graus variados. Limitação de Fluxo pulmonar em graus variados. Muita dilatação do AD, arritmias são comuns (Wolf-Parkinson-White ou Flutter). Pode ser assintomático ou ICC acentuada. Se tiver shunt pode ter cianose por passagem direita e esquerda. Sopro regurgitativo no foco tricúspide, B2 hipofonetica. B4 por dilatação do átrio. AD muito dilatado, valva insuficiente e fluxo pulmonar comprometido.Maiores corações que vemos, pega todo o tórax. Geralmente cirurgia de correção na infância. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp CORAÇÃO UNIVENTRICULAR Mais graves, podemos ter parada precoce do desenvolvimento cardíaco. Um ventrículo só faz o trabalho. Doenças univentriculares mais frequentes: - Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE): uma das mais comuns, mas dentre as cardiopatias congênitas é muito rara. Temos hipoplasia acentuada das câmaras esquerdas geralmente associada com agenesia mitral e aórtica ou hipoplasia delas. Comum mal formações associadas. Mais comum em meninos. Falta do VE para bombear para a circulação sistêmica. A irrigação das coronárias é por via retrograda pelo canal arterial. Cardiopatia critica dependente do canal arterial que descompensa e choca no período neonatal quando o canal fecha. Canal dependente! Tratamento cirúrgico bem precoce. - Atresia tricúspide: valva tricúspide atrésica e VD hipoplásico. Diagnostico fetal. Cianogenica, tem mistura de sangue do AD que passa para as câmaras esquerdas. Fluxo pulmonar é determinado pelo grau de estenose pulmonar associado. É dependente da CIA, mas a dependência do canal arterial varia. Se tiver uma CIV grande e sem estenose pulmonar não depende do canal. Caso contrário depende. SÍNDROMES HETEROTAXICAS – Situs Bem raras. Heterotaxia é um arranjo anormal dos órgãos internos, ou duplicados ou ausentes. A – situs normal B – situs Inversus, lado direito virou lado esquerdo. C – situs ambíguos Isomerismo esquerdo, dois lados esquerdos. D – situs ambíguos Isomerismo direito, dois lados direitos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O que complica são os unilaterais, vão ter problemas. Nesse caso tem risco maior com defeito do septo, hipoplasias ventriculares, univentricular. Muito associado. 5. TRATAMENTO CIRURGICO EM CARDIOPATIAS CONGENITAS A maioria tem uma evolução benigna. Muitas vezes se resolvem espontaneamente sem precisar de grandes intervenções. Nas biventriculares temos cirurgias corretivas, mas todo procedimento dentro do coração deixa sequela, cicatriz, risco de arritmia, obstruções. As cirurgias nas univentriculares são paliativas. São várias cirurgias, sequenciais. O cateterismo auxilia muito nos casos de estenose. Menos invasivo.
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