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O velho e a morte - resumo

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Sabrina Feitosa de Sousa 
Grupo de Estudos sobre Saúde do idoso 
 
 
 
 
 
Rejeitar a velhice está relacionado com a 
resistência à morte. O corpo velho traz as 
marcas dos anos vividos, lembrando-nos 
que o tempo passou e continua a passar. 
Além disso, a velhice é a fase do 
desenvolvimento humano mais próxima da 
morte (KOVÁCAS, 2002; como citado em 
VIANNA; LOUREIRO; ALVES, 2012). 
De acordo com França (2006; como citado 
em VIANNA; LOUREIRO; ALVES, 2012), 
existem duas formas de envelhecer: 
1. o sujeito reconhece que o tempo 
passou e decide aproveitar o tempo que 
lhe resta; e 
2. o sujeito tem a velhice marcada por 
doenças, vendo-a como negativa. 
Para os jovens, a morte é algo que pode 
acontecer, mas não se sabe quando; já para 
os idosos, a morte é algo que pode 
acontecer no presente. É por isso que os 
idosos preferem olhar para o passado, 
porque sabem que o futuro lhes reserva a 
morte. Entretanto, a morte e a velhice não 
são condicionais uma da outra. A ideia de 
velhice como sinônimo de morte é uma 
construção social, um mito (LOUREIRO, 
2007; como citado em VIANNA; ALVEIS; 
LOUREIRO, 2012). 
Kastenaum e Aisenberg (1983; como 
citados em VIANNA; ALVES; LOUREIRO, 
2012) classificam o medo de morrer em 
duas categorias: 
1. sofrimento pessoal: medo da própria 
morte e/ou de sofrer; e 
2. sofrimento vicário: medo de 
testemunhar a morte/sofrimento dos 
outros. 
Segundo Kovács (2009; como citado em 
VIANNA; ALVES; LOUREIRO, 2012), não é a 
morte que preocupa o idoso, mas sim o 
sofrimento que enfrentará até morrer. 
Uma vez que, para Kovács, a morte seria 
mais aceita conforme o sujeito se torna 
mais idoso. 
Por outro lado, Oliveira (2008; como citada 
em VIANNA; ALVES; LOUREIRO, 2012) 
demonstrou que idosos não aceitam a 
morte com mais tranquilidade, como 
propôs Kovács. Segundo Oliveira, os idosos 
associam velhice à morte porque, antes, 
eram as crianças que morriam mais, agora 
são os idosos; além disso, se preocupam 
muito com os dependentes que ficarão 
vivos. 
De todo modo, a forma como o idoso 
encara a velhice resulta da sua história de 
vida e de seus recursos psíquicos para lidar 
com o envelhecimento e a morte mais 
próxima. 
Em idosos institucionalizados observa-se 
que eles se sentem inferiores, pois não são 
mais úteis à sociedade. Isso pode lhes fazer 
desejar a própria morte pois encaram a 
velhice como sinônimo de tristeza, 
abandono, sala de espera da morte. Assim, 
se o idoso ignora todas as orientações 
médicas, fazendo coisas que ele sabe que 
lhe deixarão doente, pode ser encarado 
como procurando a própria autodestruição 
(CARVALHO; GOMES; LOUREIRO, 2010; 
MORAIS, 1977; como citados em VIANNA; 
ALVES; LOUREIRO, 2012). 
Mesmo em idosos não institucionalizados, 
o desejo pela morte pode ser presente. 
Especialmente, quando sentem que são 
O Velho e a Morte 
Sabrina Feitosa de Sousa 
Grupo de Estudos sobre Saúde do idoso 
 
um fardo para os entes queridos (VIANNA; 
ALVES; LOUREIRO, 2012). 
Durante a vida, todos nós perdemos 
pessoas importantes, seja pela morte ou 
por separação, em ambas as situações 
vivenciamos o luto. Na velhice, a perca do 
corpo saudável ou jovem também nos fará 
passar pelo processo do luto (VIANNA; 
ALVES; LOUREIRO, 2012). 
Atualmente, a morte acontece mais em 
instituições do que em casa com a família. 
Segundo Elias (2001; como citado em 
VIANNA; ALVES; LOUREIRO, 2012), esse 
afastamento indica que estamos mais 
sensíveis à morte. Por outro lado, a morte 
está mais próxima de nós, seja nos 
noticiários, nas artes, nas redes sociais, ela 
se faz presente em nosso próprio lar de 
forma invasiva. Apesar disso, ainda ocorre 
a conspiração do silêncio que é a 
resistência a falar sobre morte, como se 
não falar fosse fazê-la não acontecer ou 
adiá-la (KOVÁCS, 2009; como citado em 
VIANNA; ALVES; LOUREIRO, 2012). 
A fé pode ser vista como uma forma de 
enfrentar o envelhecimento e a morte de 
modo saudável (VIANNA; ALVES; 
LOUREIRO, 2012). Em geral, as religiões 
tendem a explicar o pós-morte, trazendo 
consolo ou não para aqueles que acreditam 
nela. 
Há idosos que entendem que precisam de 
mais tempo de vida, mas também há 
aqueles que entendem que tiveram uma 
vida satisfatória, uma vida que teve 
sentido. Esta segunda situação tende a 
acontecer quando o idoso tem sua história 
de vida, seus conhecimentos e vida 
valorizados. Além disso, tem mais chance 
de acontecer se a pessoa tiver vivido e não 
apenas sobrevivido (VIANNA; ALVES; 
LOUREIRO, 2012). 
Referências 
Vianna, L.G., Loureiro, A.M.L. & Alves, V.P. 
(2012, agosto). O velho e a morte. Revista 
Temática Kairós Gerontologia, 15(4), 
“Finitude/Morte & Velhice”, pp.117-132. 
Online ISSN 2176-901X. Print ISSN 1516-
2567. São Paulo (SP), Brasil: 
FACHS/NEPE/PEPGG/PUC-SP. 
Veja também: 
Aspectos Psicológicos do Envelhecer

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