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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS (ICH) PSICOLOGIA Paulo César Trigo Fernandes – RA: D37AEJ-3 A MORTE: FIM DO CICLO VITAL Santos 2019 Paulo César Trigo Fernandes – RA: D37AEJ-3 A MORTE: FIM DO CICLO VITAL Atividade Prática Supervisionada apresentada à disciplina de Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital, em regime de dependência, do curso de Psicologia, da Universidade Paulista - UNIP. Prof. Me. Mirene Ferreira Marques Santos 2019 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 4 2 A MORTE: FIM DO CICLO VITAL ................................................................................... 5 2.1 Visão Histórica .................................................................................................................... 5 2.2 Visão Social.......................................................................................................................... 6 2.3 Visão Cultural ..................................................................................................................... 6 2.4 A Morte nas Diferentes Etapas do Desenvolvimento Humano .......................................... 7 2.4.1 Infância ............................................................................................................................. 7 2.4.2 Adolescência ...................................................................................................................... 7 2.4.3 Idade Adulta ...................................................................................................................... 8 2.4.4 Terceira Idade ................................................................................................................... 9 2.5 Morte de Outro ................................................................................................................. 10 2.6 Separação .......................................................................................................................... 10 2.7 Perda .................................................................................................................................. 11 2.8 Processo de Luto................................................................................................................ 11 3 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 12 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 13 4 1 INTRODUÇÃO A morte é um tema cujas ideias, hipóteses e argumentos, fora do campo biológico, têm amplas relações com as características de cada cultura e de cada período histórico. Também as crenças religiosas, muitas vezes, determinam concepções sobre a finitude humana. A morte é um dos temas mais delicados e controversos da história cultural da humanidade. É um elemento estrutural para o entendimento do homem, pois o ser humano só se reconhece a partir da aceitação de sua finitude. A vida está estreitamente ligada com a significação que se atribui à morte. A concepção que o homem tem de vida e a que tem de morte fazem parte de um único comportamento fundamental. Com o reconhecimento da morte, a vida torna-se mais plena, uma vez que a consciência do fim embasa um olhar diferenciado sobre o presente, dando forma à vida. Adaptar-se à ideia da morte oferece bases para a vivência. Como os humanos constituem a única espécie que tem a certeza da morte presente durante a existência e que pratica ritos fúnebres, a sua essência está associada às suas crenças em relação à morte. As formas de viver têm amplas relações com o fim. O conhecimento que as pessoas têm do próprio fim é que torna possível a relação que os humanos têm com a própria mortalidade. Morrer não é apenas uma determinação extrínseca da existência, um acidente, mas um atributo essencial do homem. A relação do ser humano com a morte é constitutiva de seu próprio ser. É difícil conhecer o ser humano sem entender a morte, pois é nela que o homem mostra-se ao mundo. É nas atitudes diante da morte que o ser humano explicita suas diferenças em relação aos outros seres vivos. A morte é a imagem do homem, e, quando este a olha, ele observa a si próprio. A morte é um perigo constante, é um acaso que surge no cotidiano humano, que aparece nas transformações do mundo e que norteia o decorrer da vida. 5 2 A MORTE: FIM DO CICLO VITAL 2.1 Visão Histórica A herança cultural sobre a morte que define a visão de morte nos dias atuais. Segundo Kastenbaum e Aisenberg (1983), as interpretações atuais sobre a morte constituem parte da herança que as gerações anteriores, as antigas culturas nos legaram. Segundo Morin (1997) na pré-história, os mortos dos povos musterenses eram cobertos por pedras, principalmente sobre o rosto e a cabeça, tanto para proteger o cadáver dos animais, quanto para evitar que retornassem ao mundo dos vivos. Mais tarde, eram depositados alimentos e as armas do morto sobre a sepultura de pedras e o esqueleto era pintado com uma substância vermelha. Segundo Kastenbaum e Aisenberg (1983), os egípcios da Antiguidade, em sua sociedade bastante desenvolvida do ponto de vista intelectual e tecnológico, consideravam a morte como uma ocorrência dentro da esfera de ação. Eles possuíam um sistema que tinha como objetivo, ensinar cada indivíduo a pensar, sentir e agir em relação à morte. A Idade Média foi um momento de crise social intensa, que acabou por marcar uma mudança radical na maneira do homem lidar com a morte. Kastenbaum e Aisenberg (1983) relatam que a sociedade do século catorze foi assolada pela peste, pela fome, pelas cruzadas, pela inquisição; uma série de eventos provocadores da morte em massa. A total falta de controle sobre os eventos sociais teve seu reflexo também na morte, que não podia mais ser controlada magicamente como em tempos anteriores. Ao contrário, a morte passou a viver lado a lado com o homem como uma constante ameaça a perseguir e pegar a todos de surpresa. No século XX, entre as décadas de 1930 e 1950, ocorre o deslocamento do local da morte. Já não se morre mais em casa, entre os familiares, mas no hospital, onde há recursos de tratamento e de higiene não disponíveis no lar. O hospital passa a ser um lugar privilegiado para a morte; os pacientes não são mais levados para lá somente para serem curados, mas também para morrerem em um local mais adequado, sem a presença de parentes e vizinhos. O deslocamento do lugar da morte dá respaldo para a sua higienização e, também, para que a sociedade seja poupada de abalos. A finitude humana deixa de ser um momento coletivo. 6 Kübler-Ross (1997) descreve que são cada vez mais intensas e velozes as mudanças sociais, expressas pelos avanços tecnológicos. O homem tem se tornado cada vez mais individualista, preocupando-se menos com os problemas da comunidade. Essas mudanças tem seu impacto na maneira com a qual o homem lida com há morte nos dias atuais. 2.2 Visão Social O ser humano se diferencia por ser o único a ter consciência sobre sua finitude (MELO; VALLE, 1999), sendo que tal percepção se inicia na infância, definida como o período que se estende dos zero aos 12 anos de idade incompletos (PAPALIA; OLDS, 2000). Nunes, Carraro, Jou e Sperb (1998), realizaram estudo que teve como objetivo investigar como as crianças elaboram o conceito de morte. Partindo de uma perspectiva desenvolvimental cognitiva, foi resgatada a teoria de Jean Piaget para embasar a pesquisa. Os conceitos de irreversibilidade(alguém que morre não pode voltar a viver), não-funcionalidade (com a morte cessam as funções vitais) e universalidade (todos os seres-vivos morrem) são aspectos fundamentais para a obtenção do conceito de morte. Freire (2006) complementa esse pensamento afirmando que, apesar de o homem desejar a superação da morte, algumas mudanças na compreensão do papel do indivíduo nas sociedades modernas contribuíram para uma maneira diferenciada de negar a morte. “Não são mais as projeções da ideia de continuidade em um plano metafísico que asseguram a amenização para o enfrentamento da morte. Negar a mortalidade, atualmente, é viver como se ela não existisse”. 2.3 Visão Cultural Na cultura ocidental do século XX, procurou-se reduzir ao mínimo as operações diante da morte, tendo-se apenas as atitudes necessárias para fazer o sepultamento do corpo. As cerimônias devem ser simples e evitar o extravasamento de emoções. A boa morte é a morte maldita do passado. A boa morte á aquela que não perturba a sociedade, que se dá de forma discreta (ARIÈS, 2003). 7 2.4 A Morte nas Diferentes Etapas do Desenvolvimento Humano O ser humano se diferencia por ser o único a ter consciência sobre sua finitude (MELO; VALLE, 1999), sendo que tal percepção se inicia na infância, definida como o período que se estende dos zero aos 12 anos de idade incompletos (PAPALIA; OLDS, 2000). Nunes, Carraro, Jou e Sperb (1998), realizaram estudo que teve como objetivo investigar como as crianças elaboram o conceito de morte. Partindo de uma perspectiva desenvolvimental cognitiva, foi resgatada a teoria de Jean Piaget para embasar a pesquisa. Os conceitos de irreversibilidade (alguém que morre não pode voltar a viver), não-funcionalidade (com a morte cessam as funções vitais) e universalidade (todos os seres-vivos morrem) são aspectos fundamentais para a obtenção do conceito de morte. Esses são adquiridos no estágio operatório concreto da teoria de Jean Piaget, no qual a criança passa a entender a reversibilidade das coisas que a cercam. Conhecendo a reversibilidade, a criança consegue conceber a irreversibilidade. 2.4.1 Infância Em pesquisa realizada com crianças de dois a cinco anos vítimas de câncer, Almeida (2005) constatou que as crianças possuíam inabilidade para compreender a morte como sendo irreversível. Porém, no estudo de Nunes, Carraro, Jou e Sperb (1998), realizado com seis crianças entre seis e sete anos que foram investigadas através de entrevistas e desenhos, foi possível verificar que tais crianças mostraram compreender a irreversibilidade da morte. Cabe salientar que além da influência do desenvolvimento cognitivo, a experiência da criança com relação à morte e as representações formais à disposição na cultura também estão relacionadas com a elaboração do conceito de morte. Tais fatos podem explicar a diferença constatada entre os estudos. 2.4.2 Adolescência Após a infância, chegamos à adolescência, etapa na qual o jovem se depara com uma importante tarefa desenvolvimental, a construção de sua identidade. Nessa etapa da vida o jovem entende o significado da morte, porém, habitualmente não pensa muito sobre este fato. Kovács 8 (2005), evidencia que os adolescentes possuem dificuldade para pensar na possibilidade de perder pessoas próximas, chegando a não perceber sua morte como possível, provavelmente pelos seus sentimentos de imortalidade e onipotência. Kovács (2005) relatam que o jovem se encontra no auge da vida, buscando seu lugar no mundo e consolidando sua identidade, não sobrando espaço para pensar em sua finitude. Por outro lado, Günther (1996), buscando conhecer as preocupações de adolescentes entre 11 e 18 anos, verificou que 50% ou mais dos jovens se preocupava, entre outros, com a morte de algum familiar e com a possibilidade da perda de um amigo (a) próximo (a). O fato de não pensarem muito sobre o assunto não impede que os adolescentes percebam as características essenciais da morte, estando somente afastados emocionalmente dela (KOVÁCS, 2005). Isso porque estão passando por diversas mudanças e sentimentos acreditando estar distante da mesma... (KOVÁCS, 2005). Outro fator que colabora para que os adolescentes em sua maioria não pensem no assunto morte é o fato de acreditarem que são invulneráveis. Elkind (1984) nomeia tal pensamento como fábula pessoal, ou seja, o pensamento que o adolescente tem de não ser vulnerável aos acontecimentos vitais. Tal pensamento fica evidente no estudo realizado por Kovács (2005), no qual a autor diz que comportamentos como o uso de drogas, direção arriscada levando a acidentes envolvendo adolescentes podem ser explicados pela necessidade de viver a vida intensamente e, assim, desafiar a morte. 2.4.3 Idade Adulta No início da idade adulta os indivíduos concluem seus estudos e estão em meio a suas carreiras profissionais, seus casamentos e, provavelmente, possuem filhos. Estão ansiosos para viver tudo aquilo que planejaram e para o qual vinham se preparando. Assim, a morte pode ser encarada como motivo de frustração. Isso porque a morte nesta etapa faz com que o adulto se depare com sua finitude em um momento no qual os indivíduos lidam com questões do início da idade adulta, tais como os profissionais e familiares (PAPALIA; OLDS, 2000). Em estudo realizado com adultos jovens (20 a 30 anos), Zilberman (2002) investigou a concepção de morte no processo de individuação. Através deste estudo, foi possível concluir que existe evitação ou temor acerca do tema nos adultos jovens que se sentiam mais apegados ou dependentes de sua família. Além disso, constatou-se que a morte de alguém próximo poderia dificultar o processo 9 de individuação que os adultos jovens vivenciam. Tal dado evidencia o impacto que a morte tem sobre o ser humano. 2.4.4 Terceira Idade Na terceira idade, etapa do ciclo vital na qual há um número maior de perdas, colaborando para que o idoso pense mais sobre sua finitude (KOVÁCS, 2005). A perda de amigos e familiares, perda da sua ocupação, de parte de sua força física, redução do aparelho sensório e, em alguns casos, perda do funcionamento cerebral são comuns nesta idade (SILVA; CARVALHO; SANTOS; MENEZES, 2007). Em decorrência de a terceira idade ser uma fase constituída por perdas, a morte nessa idade, conforme mencionam Lunardi e Lunardi Filho (1997) pode ser vista como natural e aceitável. Diante disso, é possível perceber que o tema morte é algo que acompanha frequentemente os indivíduos de terceira idade. Bee (1997) nos diz que na velhice as pessoas tendem a pensar e falar mais sobre o assunto se comparadas a pessoas de qualquer outra faixa etária. Porém, tal fato não quer dizer que a temam menos do que pessoas de outras idades (ROSENBERG, 1992). De acordo com tais evidencias, pode-se pensar que a possibilidade eminente de morte que acompanha indivíduos nesta etapa do ciclo vital pode, em alguns casos, ser geradora de angustia. Segundo Rosenberg (1992, p. 70), “nosso medo da morte não caminha linearmente com nossa idade”. Frumi e Celich (2006) realizaram uma pesquisa com cinco idosos acima de 60 anos com o objetivo de conhecer o significado do envelhecer e da morte para os idosos. Através do estudo, as autoras puderam perceber que os idosos encaram a morte como uma certeza, sendo que tal forma de encarar o assunto parece estar alicerçada em crenças e valores espirituais, que trazem para o idoso a confiança de uma vida após a morte. Sendo assim, é notável a importância de alguns aspectos, tais como a espiritualidade para uma vivência menos temerosa acerca da morte. Silva, Carvalho, Santos e Menezes (2007) realizaram um estudo com o objetivo conhecer a vida do idoso após a morte de um amigo asilado. A pesquisa foi realizada com 15 idosos residentes em asilos permitindo concluir que diante da morte de um companheiro,os idosos se disseram chocados, descrentes, amedrontados, enfurecidos e tristes. Além disso, diversos sentimentos foram descritos, tais como sensação de vazio, falta do amigo, saudade, 10 estarrecimento, tristeza, ansiedade, raiva, lembrança e solidão. O estudo também evidenciou que a morte de um amigo pode representar aprendizado, uma vez que os idosos entrevistados citaram a dor, o sofrimento e a agonia como grandes momentos de aprendizado. Mais uma vez, podemos perceber a diversidade de reações diante da morte e que estas, independentemente da idade do indivíduo tendem a ter aspectos em comum, tais como a tristeza e o sofrimento. 2.5 Morte de Outro De acordo com Kovács (2005), A morte do outro se configura como a vivência da morte em vida. É a possibilidade de experiência da morte que não é a própria, mas é vivida como se uma parte nossa morresse, uma parte ligada ao outro pelos vínculos estabelecidos. 2.6 Separação A separação é uma vivência de morte numa situação de vida. Segundo Caruso (1982), durante o processo, desenvolve-se: a Catástrofe do Ego, onde com a separação produz-se uma morte na consciência. Ocorre uma mutilação egóica, a identidade sucumbe, o que aciona os mecanismos de defesa para que a morte não aniquila a consciência e não leve a alguma situação psicótica. Pode se desenvolver ainda a Agressividade que pode surgir como um mecanismo de defesa atacando aquele que abandonou. A desvalorização do ausente é uma forma de tentar reconciliar o ego ferido com o ideal abalado. Pode acontecer ainda o aparecimento da Indiferença. Esta é uma fase onde se força a diminuição da idealização egóica. Esta indiferença pode ocorrer em meio ao desespero. Pode-se traçar uma analogia com a rigidez da morte, uma renúncia ao prazer, para se evitar o desprazer. Pode ocorrer uma busca de novas atividades ou de novas formas de prazer, a qual o Caruso (1982) denomina de Fuga para diante. Durante o processo, procura-se intensamente novas relações, como substituição ao parceiro perdido. E, por fim, acontece a Idealização. Esta atua como uma forma de depuração, uma rebelião contra o processo de morte que procura se instala. 11 2.7 Perda De acordo com Kovács (2005), a perda e a sua elaboração são elementos contínuos no processo de desenvolvimento humano. É neste sentido que a perda pode ser chamada de morte “consciente” ou morte vivida. Na representação de morte estão envolvidas duas pessoas: uma que é a “perdida” e a outra que lamenta essa falta. Como a morte não pode ser vivida concretamente, a única morte experienciada é a perda, quer concreta, quer simbólica. Ver a perda como fatalidade, ocultar os sentimentos, eliminar a dor, apontar o crescimento possível diante dela, podem ser formas de negar os sentimentos que a morte provoca, para não sofrer. 2.8 Processo de Luto O processo de luto por definição é um conjunto de reações diante de uma perda. Bowlby (1985) refere-se às quatro fases do luto: A primeira seria a fase do choque que tem a duração de algumas horas ou semanas e pode vir acompanhada de manifestações de desespero ou de raiva. Nesta fase, o indivíduo pode parecer desligado, embora manifeste um nível alto de tensão. Podem ocorrem expressões emocionais intensas, ataques de pânico e raiva. A segunda fase seria a do desejo e busca da figura perdida, que pode durar também meses ou anos. A raiva pode estar presente nesta fase, principalmente quando há a percepção de que houve efetivamente uma perda, provocando desespero, inquietação, insônia e preocupação. Ao mesmo tempo, existe a ilusão de que talvez tudo não tenha passado de um pesadelo. Essa raiva pode se manifestar como irritabilidade ou uma profunda amargura. A terceira seria a fase de desorganização e desespero, onde a esperança intermitente, os desapontamentos repetidos, o choro, a raiva, as acusações, podem ser manifestações desta fase. Pode haver ainda a sensação de que nada mais tem valor, muitas vezes acompanhada de um desejo de morte, pois a vida sem o outro não vale a pena. E, por fim, a fase de alguma organização, onde se processa uma aceitação da perda definitiva e a constatação de que uma nova vida precisa ser começada. 12 3 CONCLUSÃO Com a realização deste estudo, buscou-se um entendimento geral da compreensão da morte ao longo do desenvolvimento humano através da leitura de diversos artigos e a busca por embasamento teórico em livros. A evolução da visão histórica, social e cultura sobre a morte durante os séculos na história. Conclui-se que as crianças até certa idade não são capazes de compreender os aspectos centrais da morte, e a importância de disponibilizar informações verdadeiras e adequadas ao entendimento infantil. Informações verdadeiras no sentido de não ocultar da criança a ocorrência da morte de alguém próximo, mas sim tornar o fato compreensível à linguagem da criança. Na adolescência, evidenciamos que o assunto parece ser ignorado, uma vez que o jovem se considera novo demais para pensar nesse assunto, acreditando ser invulnerável. Na vida adulta a possibilidade da morte se concretiza como algo realmente possível de acontecer, tendo um significado social atribuído. Porém, é somente na velhice que a morte é encarada como natural. Sendo assim, acredita-se que é possível ver a compreensão que os indivíduos têm acerca da morte em um continuum, iniciando pelo desconhecimento infantil, passando pelo entendimento no final da infância, pela crença adolescente de que tal evento não venha a ocorrer, seguido da compreensão adulta da morte como uma possibilidade real, finalizando pela naturalidade com a qual o idoso tende a encarar o assunto. Percebe-se também, a influência de diferentes variáveis sobre a compreensão que se tem da morte. Os níveis de negação, evitação, estresse e temor podem contribuir para o distanciamento do assunto, bem como os avanços médicos, os fatores culturais e os lutos vivenciados ao longo do desenvolvimento. Todas essas variáveis parecem estar envolvidas no modo como se encara este assunto. Diante disso, é notável a inter-relação de diversos fatores quanto à compreensão da morte. Neste ponto reside a necessidade de se estudar tal assunto, conhecendo cada vez mais o papel de cada um destes fatores. Dessa forma, acredita-se que os profissionais da área da saúde poderão estar preparados para tal situação, podendo oferecer o cuidado necessário nestas ocasiões. 13 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. A. Lidando com a morte e o luto por meio do brincar: a criança com câncer no hospital. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 55, n. 123, p. 149-167, dez. 2005. ARIÈS, Philippe (2003). Sobre a história da morte no ocidente desde a idade média. 2º ed. Trad. de Pedro Jordão. Lisboa: Teorema BEE, H. O ciclo vital. 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