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HISTORIA-DA-SEXUALIDADE-1

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. 
 
 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................2 
2 HISTÓRIA DA SEXUALIDADE....................................................................3 
3 FREUD E SUAS CONSIDERAÇÕES SOBRE SEXUALIDADE ................ 7 
4 SEXUALIDADE E CONSTRUÇÃO SOCIAL ........................................... 18 
5 GÊNERO E SEXUALIDADE ................................................................... 21 
6 VIOLÊNCIA DE GÊNERO ...................................................................... 26 
7 SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO .............................................................. 31 
8 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 38 
 
 
 
2 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
3 
 
2. HISTÓRIA DA SEXUALIDADE 
Fonte:imagenes.universia.net 
 
 
O termo sexualidade surgiu no século XIX, como algo diferente do que apenas 
uma alteração no vocabulário, pois a partir deste momento, o significado desta 
palavra passa a ficar relacionado com outros fenómenos, como por exemplo: ao 
desenvolvimento de campos de conhecimento diversos; à instauração de um 
conjunto de regras e de normas apoiadas em instituições religiosas, judiciárias, 
pedagógicas e médicas; às mudanças no modo pelo qual os indivíduos são levados 
a dar sentido e valor à sua conduta, desejos, prazeres, sentimentos, sensações e 
sonhos (FOUCALT, 2015, apud FIGUEIROA e col. 2017). 
Logo, abordar o tema implica retornar alguns recursos metodológicos, 
históricos e antropológicos visto também sua dimensão existencial, original e 
dialética. Com essa concepção foram os estudiosos americanos, europeus os 
primeiros a colocar os princípios de uma abordagem da sexualidade ocidental e das 
demais (NUNES, 2005). 
Toneli (2012) citado por Figueiroa e col. (2017) salienta que a sexualidade 
humana continuou a ser um assunto pouco estudado e comentado até à década de 
 
4 
 
60 do século XX, quando passou a ser reconhecida como temática relevante, sendo 
que atualmente se tornou um importante objeto de estudo entre as produções 
científicas brasileiras. 
De acordo com Miranda, Santos e Oliveira (2015) citado por Figueiroa e col. 
(2017, p.22); 
É relevante frisar que o estudo da sexualidade tem um caráter complexo e 
subjetivo, sendo que para que seja compreendida adequadamente é 
preciso um olhar minucioso e holístico, porque se trata de um processo 
contínuo, que se inicia na conceção e percorre toda a vida, recebendo 
constantes influências de múltiplos fatores. 
 
A sexualidade é também o que há de mais íntimo nos indivíduos, sendo uma 
das características que nos identifica globalmente como espécie humana. Está 
inserida entre as disciplinas do corpo e participa da regulação das populações. É 
também um assunto de estado e tema de interesse público, pois a conduta sexual 
da população também diz respeito à saúde pública, à natalidade, à vitalidade das 
descendências e da espécie, o que, por sua vez, está relacionado com a produção 
de riquezas, capacidade de trabalho, povoamento e força de uma sociedade 
(PEREIRA MONTEIRO, 2015; apud FIGUEIROA e col. 2017). 
Entretanto, a ampla e livre discussão da temática relacionada com a 
sexualidade foi prejudicada por diversos motivos ao longo do tempo, resultando em 
conceções distorcidas, subjetividades erróneas, crendices, mitos e tabus sexuais, 
gerando, inclusivamente, inaceitáveis discriminações na sociedade (MOIZÉS, 
BUENO, 2010; apud FIGUEIROA e col. 2017). 
Nos últimos tempos, desenvolveu-se um modelo de saúde baseado na 
dimensão biopsicossocial, que proporciona uma visão integral do ser e do adoecer. 
Este paradigma preconiza que a formação do profissional de saúde deve ir além das 
competências técnicas, havendo a necessidade de evoluir no desenvolvimento das 
capacidades relacionais, permitindo assim, que seja criado um laço vincular 
adequado e uma comunicação efetiva entre os profissionais e os pacientes 
(JUNQUEIRA, e col. 2013; apud FIGUEIROA e col. 2017) 
 
 
5 
 
Desse modo, Cruz e Oliveira (2002), citado por Fiamoncini e Reis (2018), 
apontam que a sexualidade é um comportamento entre seres humanos que envolve 
sentimentos, pensamentos, experiências, prazeres, ou seja, é ternura, intimidade e 
interação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002) complementa que a 
sexualidade é influenciada pela interação biológica, fatores psicológicos, sociais, 
econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais. 
Segundo os referidos autores na visão de Abdo (2010) a sexualidade 
extrapola os limites da anatomia e da fisiologia e é o principal polo estruturante da 
identidade e da personalidade do indivíduo. Desse modo é fundamental considerar 
sempre a contínua evolução dos conceitos e comportamentos sexuais, através do 
tempo histórico, é imprescindível que a questão sexual continue se afirmando como 
um tema inesgotável do desenrolar da vida humana, tanto nas ciências naturais 
como a biologia, a anatomia, quanto nas ciências humanas, como a literatura, a 
psicologia, a história universal (HAHN, 2019). 
O saber na sexualidade pode dar às pessoas informações 
apropriadas à idade, culturalmente relevantes e cientificamente 
precisas. Isso inclui caminhos estruturados para as pessoas 
explorarem suas atitudes e valores, e praticar as habilidades de que 
irão precisar para poderem tomar decisões informadas acerca de sua 
vida e saúde sexuais. O saber em relação à sexualidade é uma 
questão de direito, um direito ao saber que liberta (HAHN, 2019, 
p.20). 
Nesse seguimento Michel Foucault (1999) salienta que a afirmação de uma 
sexualidade que nunca fora dominada com tanto rigor como na época da hipócrita 
burguesia negocista e contabilizadora é acompanhada pela ênfase de um discurso 
destinado a dizer a verdade sobre o sexo, a modificar sua economia no real, a 
subverter a lei que o rege, a mudar seu futuro. 
Se atentarmos para a sociedade brasileira veremos que houve muitas 
transformações com implementação dos meios digitais e o avanço tecnológico onde 
essas transformações refletiram nos valores, comportamentos, linguagens, no modo 
de vestir, nas músicas, nos filmes e nas formas de relacionamentos; o acréscimo dos 
avanços tecnológicos, os métodos anticoncepcionais ao alcance de todos, a 
 
6 
 
indústria do sexo, a pornografia, tudo isso acaba por influenciar a tomada de 
decisões e concepções mais tradicionais (NUNES, 2005). 
 
Dall´Agnol (2003, p. 27) afirma que: 
É possível afirmar que certos temas, com o decorrer do tempo, são 
vivenciados de forma diferenciada ou têm suas conotações alteradas. 
Outros se mantêm num mesmo padrão, apesar de aparentemente estarem 
sofrendo processos significativos de alteração. Ao observar a forma como 
os afetos associados à sexualidade sãotratados constata-se que, ainda nos 
dias atuais, estes refletem emoções confusas por parte dos indivíduos, 
desestabilizando-os e provocando resistências. 
 
Figueiroa e col. (2017) destaca em sua pesquisa que a revisão de literatura 
científica a respeito da temática revelou que poucos são os estudos nacionais e 
internacionais que abordam a inserção do estudo da sexualidade e os seus conceitos 
bem como a integração deste conhecimento na vivência das pessoas. 
Nos estudos que abordam a temática foi possível verificar que os profissionais 
da área da saúde como enfermeiros sentem dificuldades em discutir temas sobre a 
sexualidade humana ou inserir cuidados relativos à dimensão sexual nas prescrições 
de cuidados. Por outro lado, as pesquisas atuais desenvolvidas nessa área de 
conhecimento (Rezende; Sobral, 2016; Sehnem; e col. 2013) não permitem avaliar 
se os problemas relativos às dificuldades do estudo e da formação docente 
relacionada com a temática da sexualidade humana, representam dificuldades 
identificadas em instituições isoladas ou se pode ser extensiva a outras instituições, 
representando talvez uma problemática presente em diferentes regiões do Brasil 
(FIGUEIROA e col. 2017). 
Ao contrário do que acontece nos países de primeiro mundo, que já priorizam 
a sexualidade como parte da grade curricular desde o nível secundário, os países 
subdesenvolvidos demonstram carência absoluta de profissionais com formação 
sexológica, o que inviabiliza a criação de programas de educação e assistência 
voltados para a saúde sexual em âmbito nacional. No Brasil, um país com sérios 
problemas sociais decorrentes também da má vivência da sexualidade, a prática da 
 
7 
 
sexologia vem caminhando a passos cautelosos à custa do esforço quase sempre 
solitário e pontual de poucos profissionais que arriscam ultrapassar a barreira da falta 
de apoio institucional (LARA, 2009). 
Em geral, estes profissionais atuam por motivações pessoais, uma condição 
louvável, porém insuficiente para atingir as deficiências nos níveis de assistência, 
educação, pesquisa e ensino nesta área. No cenário atual, as escolas de nível básico 
priorizam a sexualidade reprodutiva, e os cursos voltados para a saúde e bem-estar 
do indivíduo fazem alguma menção sobre o tema ou o ignoram (LARA,2009). 
 
 
3. FREUD E SUAS CONSIDERAÇÕES SOBRE SEXUALIDADE 
 
Fonte: istoe.com.br/o-frescor-de-freud 
 
Segundo Costa e Oliveira (2011) a sexualidade é uma dimensão humana 
essencial, e deve ser entendida na totalidade dos seus sentidos como tema e área 
de conhecimento. 
Segundo Freud (2006) citado por Costa e Oliveira (2011), foi Freud que 
desenvolveu a teoria da sexualidade infantil, durante tratamentos clínicos em seu 
 
8 
 
consultório, nos quais observou transtornos psicológicos apresentados por seus 
pacientes já adultos, onde ele buscava tratar os distúrbios de histeria. 
Neste sentido, pode-se perceber que a criança não foi o ponto de partida, nem 
tão pouco o desejo de estudo de Freud (1905), mas a busca por solucionar os 
problemas emocionais apresentados por seus pacientes. Sendo assim, em relação 
a sexualidade infantil, ele foi o primeiro estudioso a abordar o assunto. 
 
Fonte: saudevidaplena.com 
Segundo Costa e Oliveira (2011, p.11): 
Na XX Conferência de Viena (1915-1916), Freud (2006) em 
seu discurso sobre “A vida sexual dos seres humanos”, afirmou 
a respeito da dificuldade que existia em se definir o que ele 
chama de energia sexual, por ser um assunto bastante 
polêmico. À época, tudo que se referia ao tema era definido 
como impróprio e não deveria ser discutido ou debatido. 
 
Sendo assim, sua teoria da sexualidade infantil lhe custou muitos dissabores 
com seus colegas médicos. Nesta época, a sexualidade era vista como algo 
transgressor, justamente porque as práticas sexuais começavam a desvincular-se 
da procriação, modelo cristão-cultural vigente. A sexualidade sai do campo privado 
do casamento e da procriação para o público, onde as novas relações são 
entendidas como perversas (ALMEIDA, 2018). 
 
9 
 
Segundo o autor supracitado ao lado das ideias de Freud sobre o papel da 
sexualidade na etiologia das “doenças nervosas”, vai surgindo também a ideia de 
que as transgressões da sexualidade eram uma violação das prerrogativas 
masculinas: a liberdade sexual e o poder intelectual como condição masculina. 
A sexualidade até poderia ser aceita como ingrediente da doença, mas 
como fonte de prazer e com autonomia, aí já era demais. Assim sendo, a 
gênese do sexual feminino, atribuída à transgressão da sexualidade, marca 
uma posição, ou mais claramente, uma oposição à ruptura da sexualidade 
com a função reprodutora (ALMEIDA, 2018, p 01). 
 
 
Sendo assim, Freud na primeira metade da década de 1890, Freud postulou 
a noção de defesa, pela qual o ego se defende de representações ligadas à vida 
sexual do sujeito. Esta noção, precursora da teoria do recalcamento, marca o seu 
ponto de ruptura com as concepções de Jean Martin Charcot e Joseph Breuer que 
o inspiraram no começo de sua trajetória. Mais significativamente, a noção de defesa 
expressa a singularidade e originalidade do pensamento freudiano, ao introduzir a 
lógica do inconsciente (NETTO; CARDOSO, 2012). 
De acordo com o referido autor, para fundamentar a sua teoria do 
recalcamento, Freud recorrera primeiramente à hipótese da sedução, acreditando 
que o recalque se aplicava às lembranças de atentados sexuais perversos sofridos 
de forma passiva pelo sujeito em sua infância. 
Concebido o inconsciente como resultado do recalque das cenas de sedução 
no psiquismo, a teoria da sedução não sobreviveu ao impacto de novas descobertas 
freudianas: o papel da sexualidade infantil e da fantasia na vida psíquica. Segundo 
essa nova perspectiva, a criança não seria desprovida de atividade sexual, no 
sentido de ser reconhecidamente capaz de construir, num plano inconsciente, 
inúmeras fantasias sexuais, apesar de sua imaturidade biológica (NETTO; 
CARDOSO, 2012). 
A sexualidade como fonte de determinados eventos traumáticos que 
conduzem para a formação da repressão e defesas do ego desempenha papel 
 
10 
 
central na formação das neuroses, especialmente na infância que se organiza em 
psiconeurose, e pode ser através da histeria, obsessão e fobia, ou seja, a neurose 
pode ter uma relação com a sexualidade infantil de dimensão de passado, onde 
existe a atuação de complexos ideativos do inconsciente e também o retorno do 
recalcado (FREUD, 1898). 
Nesse seguimento, de acordo com Freud (2006) citado por Costa e Oliveira 
(2011) a sexualidade nos acompanha desde o nascimento até a morte. Ao publicar 
seu primeiro estudo sobre a sexualidade infantil, Freud chocou a sociedade de sua 
época, que possuía uma ideia de não existência de sexualidade nesta faixa etária. 
Neste trabalho, o fundador da psicanálise expõe que desde seu nascimento, o 
indivíduo é dotado de afeto, desejo e conflitos. 
 
A fim de entender melhor sobre esse tema sexualidade infantil torna-se 
importante primeiramente compreender a diferença existente entre “sexo” e 
“sexualidade”. Enquanto o Sexo é entendido a partir do biológico, remetendo-se a 
ideia de gênero, feminino e masculino, a sexualidade vai além das partes do corpo, 
constituindo-se como uma característica que está estabelecida e está presente na 
cultura e história do homem (COSTA; OLIVEIRA, 2011). 
Segundo Nunes e Silva (2006, p. 73, apud Costa; Oliveira, 2011) “A 
sexualidade transcende à consideração meramente biológica, centrada na 
reprodução e nas capacidades instintivas”. O conceito de sexualidade é muito mais 
amplo e, por suas características, restringe-se ao ser humano, “sexualidade é uma 
condição humana que começa a se formar na infância, continua sendo construída 
na adolescência e se manifesta diferentemente nas várias fases da vida” (LARA, 
2009, p.583). 
Segundo a autora estaabrange a relação sexual, o erotismo, o prazer, a 
orientação sexual e a reprodução; se expressa por meio de pensamentos, fantasias, 
desejos, comportamento e relacionamentos e é influenciada por fatores biológicos, 
psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos e 
religiosos. 
 
11 
 
Nesse sentido, o uso da palavra sexo pode ser utilizado para uma distinção 
entre homens e mulheres, ou seja, para designar o gênero masculino ou feminino, 
ou também significa o ato sexual em si (fazer sexo), manter relações sexuais. “[...] a 
partir da qual se definem papéis e atribuições sociais, que variam conforme a cultura. 
Mas também pode referir-se a qualquer atividade que resulte em sensação de prazer 
no corpo ou, mais especificamente, nos órgãos genitais do homem ou da mulher” 
(AMARAL, 2007). 
Segundo o autor, o conceito de sexualidade também nos remete à 
compreensão de que o sexo não pode ser encarado como um ato de puro instinto, 
pois, o instinto é um comportamento inato que serve a uma necessidade. O sexo 
poderia ser encarado dessa forma, na medida em que serve à reprodução da 
espécie, como acontece entre animais. 
No entanto, o homem distingue-se dos animais pela consciência de existir e 
por suas características de ser histórico. Portanto, nele os aspectos instintivos são 
mitigados e transformados, na questão sexual, a escolha do parceiro é feita muito 
mais pelo prazer que o objeto da escolha nos proporciona do que pela pressão da 
necessidade instintiva de reprodução, no homem, o prazer refina o instinto de 
reprodução, passando a ser mais determinante e fundamental na sexualidade 
(AMARAL, 2007). 
 
Logo, Freud acredita que se o ser humano negligenciar a sua sexualidade, ele 
jamais se sentirá um ser completo e estará exposto a alterações do comportamento, 
potencialmente nocivas ao indivíduo e à sociedade, que se expressam desde a mais 
leve disfunção a mais temível parafilia, o mesmo defende a manifestação da 
sexualidade em fases muito mais precoces do desenvolvimento: está presente na 
criança desde o seu nascimento (LARA,2009). 
 
Freud observou que logo ao nascer a criança apresenta o reflexo da 
sucção, fundamental para sua alimentação e consequente 
sobrevivência. Para ele, esse reflexo é acompanhado do prazer do 
contato da sua mucosa bucal com o seio materno, e isso era óbvio 
 
12 
 
porque se fosse uma experiência desagradável, o reflexo não se 
fixaria (AMARAL; 2007, p. 04). 
 
 
 
 
O reflexo da sucção acompanha-se de prazer 
 Fonte:ead.uepb.edu.br 
 
 
Com o tempo, a criança passa a perceber que o contato da boca com o seu 
próprio dedo também lhe dá prazer. Nesse caso, trata-se não mais de uma 
necessidade biológica, mas somente de prazer. Esse tipo de prazer pelo prazer 
Freud chamou erotismo, e o considerou como o primeiro indicativo de sexualidade a 
aparecer em uma pessoa (AMARAL, 2007). 
 
 
O chupar o dedo é a primeira forma de erotismo 
 Fonte: ead.uepb.edu.br 
 
13 
 
 
 
De acordo com o autor supracitado, é possível perceber, que o conceito de 
sexualidade de Freud era muito mais amplo do que o vigente na época. Ele a definia 
muito mais pelo prazer do que pela necessidade de reprodução, conforme o que 
vimos anteriormente. Nessa perspectiva, é compreensível que tinha descrito a 
sexualidade do recém-nascido. Porém, não podemos confundir essa compreensão 
da sexualidade com genitalidade, que é, a busca do contato genital, que vai se 
desenvolver na vida adulta. 
 
Freud também propôs outro conceito com relação à sexualidade o de libido, 
palavra que deriva do latim e significa desejo, anseio. 
 
Refere-se, segundo a Psicanálise, à “energia” que move os impulsos 
da vida, dentre os quais o mais importante é o impulso sexual. A libido 
pode ser aumentada, diminuída e tem como característica importante 
a mobilidade, localizando-se em várias partes do corpo 
alternadamente (AMARAL; 2007, p.13). 
 
Colabora Costa e Oliveira (2011, p.07) “A libido é a energia afetiva que busca 
o prazer e faz parte do ser humano desde seu nascimento até sua morte”. Segundo 
os autores, Freud propõe que são nas fases psicossexuais que ocorrem o 
desenvolvimento da personalidade de um modo específico e é caracterizado pela 
concentração da libido em zonas erógenas. 
Em um primeiro momento do desenvolvimento da sexualidade, a libido vai 
estar localizada na mucosa da boca, constituindo a fase oral, definida por Freud 
como o primeiro estágio. “O ser humano nasce sexuado e desde bebê tem início seu 
autoconhecimento, de forma natural e espontaneamente, mas ele necessita da ajuda 
do meio em que se está inserido para encontrar as respostas das questões que tanto 
lhe angustiam” (COSTA; OLIVEIRA, 2011). 
Segundo o referido autor é durante o ato de “mamar”, quando a criança busca 
a preservação do equilíbrio vital, que surgem as primeiras experiências de prazer. 
 
14 
 
Pois, ao sugar o seio da mãe sua boca entra em contato com a pele dela e seus 
lábios se comportam como transmissores de sensações prazerosas. 
Nesse período qualquer parte de seu corpo (parte dos lábios, língua, dedo das 
mãos ou dos pés, ou ponto da pele) pode ser usado como objeto para sucção, em 
muitos casos o sugar com combina-se com a fricção de alguma parte sensível do 
corpo, como os seios ou as genitálias externas (COSTA; OLIVEIRA, 2011). 
À proporção que a criança amadurece, a libido vai se deslocando para outras 
partes do corpo, criando novas zonas erógenas. O segundo estágio, por exemplo, 
inicia-se por volta dos dois anos de idade, quando a criança começa a ter o controle 
dos esfíncteres. Essa possibilidade de controle sobre o próprio corpo dá à criança o 
sentimento de poder produzir coisas suas, simbolizado pela liberação ou contenção 
das fezes. Nesse caso, estamos nos referindo à fase anal (AMARAL, 2007). 
Nesta fase, a libido, que estava concentrada na região dos lábios, passa para 
o ânus, ou seja, a satisfação erógena que a zona labial proporcionava à criança, é 
substituída pela zona rectal. “Tal como a zona dos lábios, a zona anal está apta, por 
sua posição, a mediar um apoio da sexualidade em outras funções corporais” 
(FREUD, 2006, p. 175, apud COSTA; OLIVEIRA, 2011, p.09). 
É nessa fase que a criança começa a estabelecer o controle de seus 
esfíncteres. Neste período as crianças começam a criar suas 
fantasias sobre o que produzem, ou seja, as fezes. Essa produção 
tem para ela um grande valor, porque são objetos que vem de dentro 
de seu corpo e que, de certa forma, fazem parte da criança, 
proporcionando prazer ao ser produzido (COSTA; OLIVEIRA, 2011). 
 
Segundo o autor neste período, as crianças, para tirar proveito da estimulação 
erógena da zona anal, retém as fezes, até que este acúmulo proporcione violentas 
cólicas e ao passar pelo ânus, ocorrera uma estimulação intensa na mucosa, dando-
lhes sensações de alívio e prazer 
 
15 
 
 A terceira fase é a fálica, que ocorre por volta dos quatro anos e caracteriza-
se pela localização da libido nos órgãos genitais. Nesta, há a “descoberta” da 
genitália e a preocupação com a diferença entre os sexos (AMARAL, 2007). 
 
Nesta fase a libido erotiza os órgãos genitais e as crianças 
apresentam o desejo de manipulá-los. Tanto nos meninos, quanto 
nas meninas, esta zona está ligada à micção (glande e clitóris). As 
atividades dessa zona erógena, da qual fazem parte os órgãos 
sexuais são, sem dúvida, o começo da vida sexual “normal” (COSTA; 
OLIVEIRA, 2011, p.10). 
 
 
Freud (1905) citado por Costa e Oliveira (2011) enfatiza que devido à 
necessidade de higienização das genitálias e a quantidades de dispositivos 
erógenos existentes, o onanismo (vício masturbatório) que ocorre no período da 
amamentação é o responsável pelo surgimento da futura primazia das zonas. 
É importantesalientar que essa fase, apesar de expressar uma preocupação 
da criança com os órgãos genitais, ainda não representa a sexualidade adulta. É 
ainda uma fase exploratória e de curiosidade (AMARAL, 2007). A criança toca seu 
próprio sexo, procura conhecer como é o sexo do coleguinha, preocupa-se em saber 
como é o corpo de um adulto. 
 Após fase que Freud chama de latência, que vai dos 6 aos 11 anos, 
caracterizada por uma relativa inatividade do impulso sexual, inicia-se, na 
adolescência, a fase genital. Concomitante com a maturação biológica, ocorre a 
partir daí a retomada do impulso sexual, que, com a busca do objeto de amor fora 
do grupo familiar, o indivíduo assume as características da sexualidade adulta 
(AMARAL, 2007). 
 
 
Segundo o autor, essa descrição do desenvolvimento psicossexual demonstra dois 
aspectos importantes: 
 
 
 
16 
 
 A sexualidade aparece muito cedo no ser humano; 
 O impulso sexual amadurece paralelamente ao crescimento e ao 
desenvolvimento do indivíduo. 
 
Veja o quadro logo a baixo: 
 
Estágio do Desenvolvimento - FREUD 
 
Quadro 1 – Desenvolvimento da Sexualidade 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
 
Por fim vale destacar as contribuições significativas de Sigmund Freud (2006) 
citado por Costa e Oliveira (2011) onde o autor propõe que a sexualidade não se 
ESTÁGIO IDADE ZONA 
ERÓGENA 
CONFLITO Consequências 
Estágio Oral 0-18 meses Boca Desmame Dependência, agressividade 
verbal, gosto pela discussão 
e tendência exagerada pela 
satisfação oral 
Estágio Anal 18 meses - 3 
anos 
Ânus Aprendizagem 
do controle da 
defecação 
Tendência para a crueldade, 
violência e rebeldia 
Estágio 
Fálico 
3 – 6 anos Órgãos 
genitais 
Complexo de 
Édipo e 
Electra 
Personalidade bipolar e falta 
de maturidade no plano 
afetivo 
Estágio de 
Latência 
6 – 11 anos Concentra-se 
no mundo 
físico e social 
e não no seu 
corpo 
Não existe 
nenhum 
conflito 
Não há fixação alguma 
Estágio 
Genital 
Após a 
puberdade 
Órgãos 
genitais 
Preocupação 
com o bem 
estar sexual 
da pessoa 
amada 
Capacidade de amar e 
cuidar e ultrapassagem da 
sexualidade auto erótica. 
 
17 
 
vincula apenas ao psiquismo do indivíduo, mas está atrelada também a sua 
formação pessoal, uma vez que as crianças são dotadas de sexualidade desde que 
nascem, buscando o prazer em todas as fazes vivenciada por elas. 
Vale ainda destacar que, a família faz parte do processo de formação da 
sexualidade de seus filhos, o diálogo aberto e sem preconceitos entre pais e filhos é 
o melhor caminho para a construção da sexualidade das crianças e a orientação da 
mesma. 
 
 
 
4. SEXUALIDADE E CONSTRUÇÃO SOCIAL 
 
 
 
Fonte: cloudcoaching.com.br 
 
 
Segundo Hahn (2019), a sexualidade é parte integrante e fundamental para o 
bem-estar e qualidade de vida de cada indivíduo e da coletividade. Tem dimensões 
físicas, psicológicas, espirituais, sociais, econômicas, políticas e culturais. Ela 
 
18 
 
engloba o sexo, identidades e questões de gênero, orientação sexual, erotismo, 
prazer, intimidade e reprodução. 
De acordo com o autor ela é experimentada e expressa através de 
pensamentos, ações, sentimentos, desejos e fantasias, em que a informação e o 
conhecimento são a base para o exercício de uma sexualidade saudável, com a 
possibilidade de experiências sexuais prazerosas, satisfatórias e seguras. 
O sexo e a sexualidade são partes integrantes e de grande importância para 
nosso desenvolvimento físico e emocional. Logo, são fontes de realizações e 
encontros, prazeres, procriação e amor, que devem ser vivenciados de forma 
positiva e construtiva nas relações sociais, sexuais e conjugais (CRUZ; OLIVEIRA, 
2002, apud FIAMONCINI; REIS, 2018). 
Sendo assim, o corpo pode ser considerado como uma instância que está 
entre a natureza e a cultura, sendo assim, ele vai sofrer intervenções de acordo com 
o estilo de vida dos indivíduos e da sociedade em que ele se encontra, funcionando 
como uma representação visível e imediata da identidade dos sujeitos, por isso a 
sociedade impõe e vigia as normas de comportamento sobre o mesmo (SÁ, 2016). 
Nas palavras do autor “o corpo é moldado pelo contexto social e cultural e que 
ele promove a mediação do sujeito com o mundo. O estilo de vida particular que o 
indivíduo adota também vai interferir no processo de experiência e socialização 
corporal”. Para as sociedades mais tradicionais e comunitárias, o corpo e o indivíduo 
são inseparáveis, por isso ele vai ser o componente da energia coletiva do grupo. Já 
nas sociedades ocidentais, individualistas, o corpo atua como delimitador de limites, 
ou seja, a marca de onde acaba e começa o outro. O corpo é a estrutura na qual os 
sujeitos sociais estão separados uns dos outros, isso os torna mais autônomos em 
relação às ações que eles podem realizar em si mesmo (SÁ, 2016). 
 Desse modo discutir sexualidade e corpo, é de grande importância no que se 
refere a construção social do sujeito, 
 
19 
 
[...]esse aprendizado é construído socialmente a partir das diretrizes 
e significados culturais que trazem consigo as questões de gênero e 
sexualidade, pois o corpo vai funcionar como expressão da 
orientação sexual e da identidade de gênero dos indivíduos (SÁ, 
2016). 
Segundo o referido autor toda cultura manifesta algum tipo de preocupação 
com a sexualidade, por exemplo; ela chega a definir os papeis sexuais específicos 
para homens e mulheres. No começo dos estudos científicos, essa questão era 
encarada apenas pelo lado biológico, mas hoje pode se afirmar que isso vai além da 
anatomia. 
Além de transformações no corpo, a sexualidade também vai influenciar no 
comportamento de cada indivíduo, assim como a identificação do gênero. Em 
relação a essa situação de orientação sexual, representação e reconhecimento 
social, apresenta-se o jovem homossexual e os seus enfrentamentos perante uma 
sociedade que julga como anormal qualquer tipo de orientação que não seja 
condizente com a ligação de fatores biológicos e as questões ditas como morais pela 
cultura. 
 
Fonte: waltermiez.wixsite.com 
https://waltermiez.wixsite.com/psicologia/single-post/2017/08/08/A-constru%C3%A7%C3%A3o-social-do-g%C3%AAnero
 
20 
 
 
Sendo assim, a sexualidade pode ser construída socialmente pelas categorias 
do gênero feminino e gênero masculino (Feminino e masculino) consequentemente 
se atribui a essas categorias uma serie de comportamentos que seriam esperados a 
cada categoria e/ou gêneros (SÁ,2016). 
Por exemplo, se é uma menina espera-se que a cor rosa predomine, que seu 
brinquedo preferido seja a boneca e se é um menino funciona da mesma maneira, 
existe uma ideia que por muitos anos se construí e se constrói que o mesmo receba 
coisas de cor azul e que seu brinquedo preferido seja carrinhos, por ser então uma 
questão social começamos a inserir os gêneros dentro de um contexto do qual se 
espera que esse indivíduo atenda as demandas sociais ensinadas, o que se tem 
como consequências é uma serie de complicações principalmente na vida do 
indivíduo que não se adeque a tais “normas” do que é ser menino ou do que é ser 
menina. 
Porém, é importante lembrar que a sexualidade é multicultural, subjetiva, e 
deve ser respeitada em sua forma de expressão, onde cada sujeito tem sua forma 
única de encarrar e expressar sua sexualidade 
 
 
5. GÊNERO E SEXUALIDADE 
 
 
Fonte: cienciahoje.org.br 
 
21 
 
 
O conceito de gênero surgiu, como categoria de análise, em estudos que 
objetivavam demarcar lugares e distinguir o que é da ordem do masculino e do 
feminino. A nova concepção possibilitou, também, analisar as diferenças entre 
pessoas, coisas e situações vivenciadas. A utilização do conceito de gênero 
proporcionou o afastamento da ideia de determinismo biológico relativa ao sexo. 
(OLIVEIRA; KNÖNER, 2005, apud PRAUN, 2011) 
Desse modo, vale salientar também a diferençaentre sexualidade e sexo, 
como já vimos no decorrer do material, o sexo relaciona-se à conformação 
característica que distingue o macho da fêmea nos animais e nos vegetais, assim 
como diz respeito ao agrupamento de pessoas que têm a mesma conformação física. 
Já a sexualidade é um termo muito mais amplo que qualifica o que é sexual. Diz 
respeito tanto ao ato sexual, quanto aos atos e comportamentos que podem ou não 
levar ao sexo. A sexualidade está presente na vida desde que nascemos, um bebê 
já possui esta dimensão em sua existência (KRAICZYK, 2017). 
 A sexualidade é fluída (muda ao longo de toda nossa vida), é 
pessoal/individual porém sua construção é social (cada um tem a sua, não há certo 
ou errado, havendo possibilidades) e é paradoxal (é sempre diferente da sexualidade 
dos outros), sendo o traço mais íntimo do ser humano, manifestando-se 
diferentemente em cada indivíduo, de acordo com a realidade e as experiências 
vividas (KRAICZYK, 2017). 
Sobre gênero corrobora Praun (2011, p.56), 
O termo gênero, classificação construída pela sociedade, contribui 
para exacerbar a distinção entre indivíduos de sexos diferentes. Essa 
classificação possibilita a construção de significados sociais e 
culturais que distinguem cada categoria anatômica sexual e que são 
repassados aos indivíduos desde a infância. 
 
A utilização do termo gênero é bastante complexo, pois engloba várias 
características e crenças de uma determinada pessoa ou grupo, envolve questões 
 
22 
 
psicológicas, sociais e culturais e até mesmo características biológicas que estão 
ligadas a percepção de masculino e feminino. 
Em relação a diferença entre gênero e sexo, cabe salientar que 
resumidamente o gênero se refere ao conjunto de características sociais e culturais 
ligadas as percepções de masculino e feminino, já o sexo se refere a características 
biológicas referente ao cromossomo (KRAICZYK, 2017). 
Sobre gênero e sexualidade, cabe ainda destacar a diferença entre quatro 
fatores relacionados à identidade de gênero e sexualidade segundo Kraiczyk (2017): 
 
1) Identidade de gênero: diz respeito à maneira como a pessoa se enxerga, 
sendo o gênero com o qual ela se identifica. A pessoa pode ser cisgênero, pois 
identifica-se com o mesmo gênero que lhe foi dado no nascimento; transexual e/ou 
transgênero, no caso das pessoas que se identificam com um gênero diferente 
daquele que foi dado no nascimento e não binários, no caso de pessoas que não 
se identificam com nenhum dos dois gêneros. 
2) Orientação sexual: se relaciona à expressão do papel sexual e depende 
do gênero pelo qual a pessoa desenvolve atração sexual e laços românticos. Em 
relação à orientação sexual, é possível ser heterossexual, quando há atração 
sexual por alguém de outro sexo; homossexual, quando há atração sexual por 
alguém do mesmo sexo, bissexual, quando há atração por ambos os 
sexos; pansexual, quando a atração é por ambos os sexos e gêneros (cisgênero e 
transgênero) e assexual, quando há ausência de atração por qualquer sexo ou 
gênero. 
Veja o quadro abaixo: 
Heterossexual – Por alguém de outro sexo 
Homossexual – Por alguém do mesmo sexo 
Bissexual – Por ambos os sexos 
Pansexual – Por ambos os sexos e gêneros (cis e trans) 
 
23 
 
Assexual – Ausência de atração por qualquer sexo ou gênero 
 
Quadro 3 – Orientação Sexual – expressão do papel sexual 
 Fonte: Elaborado pelo autor 
 
 
 
3) Expressão ou papel de gênero: é construído culturalmente e diz respeito 
à forma como as pessoas usam para expressar seu gênero em sociedade, desde o 
uso de roupas e acessórios, até detalhes físicos, como os gestos, as atitudes, o 
timbre da voz, as vestimentas, entre outros. 
4) Sexo biológico: é exclusivamente biológico e está relacionado aos 
cromossomos XX, XY, XXY que levarão ao sexo biológico – vagina, pênis ou ambos. 
 
Acompanhe o quadro abaixo: 
 
 
1. IDENTIDADE DE 
GÊNERO 
 
Homem Homem e Mulher Mulher 
2. ORIENTAÇÃO 
SEXUAL 
 
Heterossexual Bissexual Homossexual 
3. PAPEL DE GÊNERO 
Masculino Andrógino Feminino 
4. SEXO BIOLÓGICO 
Macho Intersexo Fêmea 
 
Quadro 2- Sistematização da identidade de gênero e sexualidade 
 Fonte: fazendohistoria.org.br – Adaptado 
 
 
Em relação à idade em que estas questões aparecem na vida das pessoas, 
Kraiczyk, (2017) salienta que a percepção do gênero (identidade de gênero) começa 
por volta dos 3 anos, mas pode acontecer em idade mais avançada. Já a orientação 
 
24 
 
sexual aparece por volta dos 10/11 anos, quando tem início a puberdade, e com isso 
a percepção do desejo sexual por outra pessoa. 
Segundo a mesma, questões relacionadas à identidade de gênero e suas 
complexidades, inclui desafios/preconceitos no mundo do trabalho, tabus, entre 
outros problemas, posto que quando falamos em sexo, estamos falando em corpos 
de homens e de mulheres e quando o tema é gênero, estamos falando de 
construções culturais, de valores, atribuições, comportamentos, atitudes para os 
corpos de homens e de mulheres. 
Nesse sentido, Kraiczyk (2017, p 01), enfatiza que: 
As pessoas podem se identificar como masculinos ou femininos e, 
assim, constroem suas identidades de gênero (independe do sexo 
designado no nascimento). As identidades sexuais se constituem 
através das formas como vivemos a sexualidade, com parceiros/as 
do mesmo sexo, do sexo oposto, de ambos os sexos ou sem 
parceiros/as. Os sujeitos masculinos ou femininos podem ser 
heterossexuais, homossexuais, bissexuais (e, ao mesmo tempo, eles 
também podem ser negros, brancos, ou índios, ricos ou pobres etc. 
 
De modo geral, a sexualidade é o termo que vai qualifica o que é sexual, o 
sexo faz parte da sexualidade, mais é necessário compreender que existem atos de 
sexualidade que não há necessidade de sexo, por isso a existência da sexualidade 
no bebê desde o seu nascimento. 
Então a sexualidade é fluida ela se transforma ao longo da vida do indivíduo, 
sendo pessoal e individual não cabendo o termo de certo e errado nesse contexto, 
sendo ao mesmo tempo paradoxal porque sempre vai ser diferente da sexualidade 
dos outros. É o traço mais íntimo do ser humano e como tal, se manifesta 
diferentemente em cada indivíduo de acordo com a realidade e as experiências 
vivenciadas (MADUREIRA; BRANCO, 2015). 
Já o gênero segundo Praun (2011) inclui diversos componentes, como 
identidade, valores, prestígio, regras, normas, comportamentos, sentimentos, entre 
outros. As relações de gênero são, portanto, construídas pelas sociedades. 
 
25 
 
 
 
6. VIOLÊNCIA DE GÊNERO 
 
 
Fonte: justicadesaia.com.br 
 
Segundo Almeida et al. (2010) a violência se manifesta de diversas formas e 
circunstâncias diferentes e vem acompanhando a sociedade brasileira a tempos 
remotos, o seu significado está intimamente relacionado a cultura, pois pode ter 
múltiplos sentidos em relação ao sentimento ou a ação geradora de violência o que 
torna seu conceito muito difícil. 
Entretanto, Rocha (1996) enfatiza que a violência pode ser descrita como 
aquilo que transgride os limites humanos, seja nas dimensões físicas, psíquicas ou 
sociais “[...] a violência, sob todas as suas formas, desrespeita os direitos 
fundamentais do ser humano, sem os quais o homem deixa de ser considerado como 
sujeito de direitos e de deveres, e passa a ser olhado como um puro e simples objeto” 
(apud, ALMEIDA, et al. 2010, p.7). 
Sendo assim, abordar a violência exige alguns desafios, pois é um fenômeno 
complexo marcado pelas relações de poder existente entre gêneros, crenças e 
tradições. Desse modo é indispensável destacar que quando falamos de violência 
 
26 
 
gênero a violência contra mulher continua sendo uma problemática gritante em toda 
sociedade (ARAUJO,2008). 
É um grave problema social no Brasil que permeia as relações de 
desigualdades entre homens emulheres. Que é frequentemente utilizada na 
literatura como sinônimo para se referir a violência doméstica e a violência contra 
mulher (BANDEIRA, 2014). 
 
Fonte: fórumbrasileirodesegurançapública.com.br 
 
Sobre os índices marcam essa violência os dados são alarmantes, nos países 
do continente americano as estatísticas mostram que uma mulher é assassinada a 
cada duas horas. No Brasil, o mapa da violência (WAISELFISZ, 2012) demonstra, 
em todas as idades, quem é o principal agressor na vida da mulher, desde a infância 
até a velhice. Tendo por base atendimentos feitos pelo SUS, demonstra-se que, em 
alguma fase da vida, a mulher sofre violência. Até os 9 anos, vemos que os pais 
aparecem como agressores, quase exclusivos, das mulheres na faixa dos 10-14 
anos. Até 4 anos, destaca-se a mãe como principal agressora e a partir dos 10 do 
pai. Na fase adulta, dos 18 aos 29 anos o principal agressor é o marido, namorado 
ou ex-companheiro. Após os 49 anos os filhos se tornam os principais agressores. 
 
27 
 
Portanto, podemos afirmar que metade de todas as mulheres vítimas de homicídio é 
morta pelo marido ou parceiro, atual ou anterior (BALESTERO; GOMES, 2015). 
 As pesquisas variam muito em suas metodologias, controle e interpretação 
dos dados, o que dificulta a comparação entre elas, assim como a obtenção de uma 
visão geral da incidência do fenômeno na população. Muitas vezes ao compararmos 
dados de pesquisas encontramos porcentagens que revelam, por exemplo, um alto 
índice de violência contra a mulher em determinados países, quando, na verdade, 
os números significam apenas que nesses países existem melhores condições de 
registros e não propriamente um maior índice de violência em relações a outros que 
não contam com as mesmas condições (ARAUJO, 2018). 
Balestero e Gomes (2015, p.45) enfatiza em sua pesquisa que, a violência 
contra a mulher é considerada uma epidemia global pela ONU. Após relatórios da 
organização mundial da saúde - OMS, a conclusão foi de que a predominância é da 
violência física e sexual praticada pelo parceiro íntimo. 
Uma vez que a violência de gênero, gerada na intimidade amorosa, revela a 
existência do controle social sobre os corpos, a sexualidade e as mentes femininas, 
evidenciando, ao mesmo tempo, a inserção diferenciada de homens e mulheres na 
estrutura familiar e societal, assim como a manutenção das estruturas de poder e 
dominação disseminadas na ordem patriarcal. Em outras palavras, equivale a dizer 
que a violência física e sexual está sendo mantida como forma de controle, já que 
se ancora na violência simbólica (BANDEIRA, 2014). 
A violência de gênero como algo que não está restrito a uma cultura, ou seja, 
não obstante o grau de desenvolvimento do país, a violência de gênero se encontra 
presente, ainda que em maior ou menor escala. Tornou-se uma preocupação 
mundial atualmente o investimento em pesquisas que demonstrem a situação em 
que mulheres do mundo todo são submetidas e, a partir disso, demonstrar que não 
há mais como ignorar esses eventos (BALESTERO; GOMES 2015). 
 
28 
 
Desse modo, podemos considerar que a violência contra as mulheres refere -
se a um fenômeno mundial, que atinge todas as classes sociais, por isso vários 
países vêm aplicando medidas de prevenção e controle na tentativa de frear essas 
ações. 
 Por esta razão e muitas outras, a violência contra a mulher começou a ser 
enfrentada como problema de saúde pública. Também é uma das manifestações 
mais extremas e perversas da desigualdade de gênero, produto das diferenças de 
poder e que representa um importante fenômeno social e de violação dos direitos 
humanos, impactando significativamente no processo saúde-doença e na 
perspectiva de vida das mulheres (BARUFALDI, 2017). 
Neste cenário, cabe destacar alguns aspectos históricos mais 
especificamente da violência contra mulher. Sobre a problemática é possível 
encontrar termos como violência contra a mulher, violência doméstica, violência 
familiar e violência familiar, ambos os termos são utilizados como sinônimo, porém 
não são (ALMEIDA, et al. 2010). 
O mesmo autor propõe que violência contra mulher é “qualquer ação ou 
conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou 
psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado. O termo “violência contra 
a mulher”, portanto, engloba a violência doméstica, a violência familiar e a violência 
conjugal” (p. 73). 
 
Desse modo, a violência de gênero é definida como um tipo de violência 
sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade 
ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo 
feminino (FERRAZ et al., 2009, apud SCHRAIBER E OLIVEIRA, 2006). 
 
A violência de gênero produz-se e reproduz-se nas relações de poder 
onde se entrelaçam as categorias de gênero, classe e raça/etnia. 
Expressa uma forma particular de violência global mediatizada pela 
ordem patriarcal, que delega aos homens o direito de dominar e 
controlar suas mulheres, podendo para isso usar a violência. Dentro 
 
29 
 
dessa ótica, a ordem patriarcal é vista como um fator preponderante 
na produção da violência de gênero, uma vez que está na base das 
representações de gênero que legitimam a desigualdade e 
dominação masculina internalizadas por homens e mulheres 
(ARAUJO, 2008, p. 10). 
 
O autor ainda salienta que, a violência contra a mulher não é um fenômeno 
único e não acontece da mesma forma nos diferentes contextos; ela tem aspectos 
semelhantes mas também diferentes em função da singularidade dos sujeitos 
envolvidos. 
Corrobora, Bandeira (2014) o uso da modalidade violência de gênero, 
entende-se que as ações violentas são produzidas em contextos e espaços 
relacionais e, portanto, interpessoais, que têm cenários societais e históricos não 
uniformes. A centralidade das ações violentas incide sobre a mulher, quer sejam 
estas violências físicas, sexuais, psicológicas, patrimoniais ou morais, tanto no 
âmbito privado-familiar como nos espaços de trabalho e públicos. 
Não se trata de adotar uma perspectiva ou um olhar vitimizador em relação à 
mulher, o que já recebeu críticas importantes, mas destacar que a expressiva 
concentração deste tipo de violência ocorre historicamente sobre os corpos 
femininos e que as relações violentas existem porque as relações assimétricas de 
poder permeiam a vida rotineira das pessoas (BANDEIRA, 2014). 
Apesar da presença comum do fator predominante a desigualdade de poder 
nas relações de gênero, cada situação tem uma dinâmica própria, relacionada com 
os contextos específicos e as histórias de vida de seus protagonistas. Por isso, na 
análise e compreensão da violência contra a mulher é fundamental levar em conta 
esses aspectos universais e particulares de forma a apreender a diversidade do 
fenômeno (ARAUJO, 2018). 
 
 
 
 
 
30 
 
7. SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO 
 
 
Fonte: justicadesaia.com.br 
 
Segundo o Ministério da Educação - MEC (2018) a sexualidade tem grande 
importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois 
independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do 
prazer, necessidade fundamental dos seres humanos. Sendo a sexualidade 
entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento 
até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento. 
Os primeiros registros sobre propostas de Educação Sexual nas escolas, na 
Bahia e no Brasil, ocorreram na transição do século XIX para o século XX. Eram 
ideias que já vinham sendo difundidas em países da Europa, como Itália, França, 
Portugal e Inglaterra, fortemente relacionadas com os investimentos que a medicina 
estava fazendo no campo dos conhecimentos científicos sobre o corpo feminino, 
reprodução e, principalmente, sobre o que Rohden (2001, apud Bastos; Cruz; 
Dantas, 2018) denominoude “Ciência da diferença”. Essa produção científica 
buscou mapear esses conhecimentos acerca do corpo feminino e seus fenômenos, 
com o intuito de estabelecer diferenças biológicas entre corpos femininos e 
masculinos. 
http://www.justicadesaia.com.br/
 
31 
 
Nesse sentido, o que se pretendia era transformar esses corpos, que antes 
eram apenas duas versões de um corpo único (o corpo humano), em seres opostos 
e complementares, cujas diferenças eram irreconciliáveis, constituindo um modelo 
de sexo duplo (LAQUEUR, 2001, apud BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). 
Essa diferença, do ponto de vista biológico, entre homens e mulheres, se 
refletiu no campo político e passou a justificar a desigualdade de direitos. Entretanto, 
nesse mesmo período, os movimentos sociais, em especial o movimento feminista, 
passaram a se organizar e, dentre as suas pautas principais, estavam o direito à 
educação e o direito à participação política através do voto (BASTOS; CRUZ; 
DANTAS, 2018). 
Ou seja, as primeiras propostas de educação sexual surgiram, ao mesmo 
tempo, como medida de controle das mulheres, tendo em vista que seu público-alvo 
principal eram as mulheres e as crianças, mas também em função de uma 
reivindicação dos movimentos feministas (BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). 
Nesse último caso, temos na Bahia a tese da médica Ítala Oliveira, 
apresentada na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1927, que defendia claramente 
uma Educação Sexual para uma equidade de direitos entre homens e mulheres, 
inclusive no campo do prazer sexual, assunto considerado tabu naquela época e 
ainda hoje (CRUZ, 2017, apud BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). Lili Tosta, 
Francisca Praguer Fróes e Edith Mendes da Gama Abreu são expoentes do 
movimento feminista em Salvador naquela época e que também defenderam a 
Educação Sexual das mulheres em diferentes perspectivas (COSTA, 2002; RAGO, 
2007, apud BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). 
As práticas de higiene eram ressaltadas como sinônimo de modernidade e 
desenvolvimento do país. Esse interesse pela educação sexual aparece na obra de 
médicos brasileiros como José de Albuquerque, Antônio Austregésilo, Hernani de 
Irajá, que escreveram vários livros sobre o tema entre as décadas de 1920 e 1940. 
A discussão desses autores se pautava principalmente no combate à iniciação 
sexual precoce, às práticas sexuais não reprodutivas, tais como a masturbação, a 
 
32 
 
homossexualidade, o sexo anal e o sexo oral e também o combate às doenças 
sexualmente transmissíveis (DST) chamadas, então, de doenças venéreas. A 
Educação Sexual era dirigida principalmente às mulheres, crianças e jovens, com 
indicações indiretas aos homens adultos (BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). 
Sendo assim, a educação sexual sempre esteve atrelada às discussões 
médicas que abordavam principalmente aspectos relativos à reprodução e à 
prevenção de doenças. Assim, as discussões de sexualidade, no espaço escolar, 
têm ficado, tradicionalmente, restritas às disciplinas de Ciências e Biologia, como se 
as questões da sexualidade estivessem restritas apenas a aspectos anatômicos e 
fisiológicos. Assim, aspectos relativos à cultura e ao próprio ordenamento da 
sociedade são deixados de lado (BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). 
Entretanto, segundo o próprio autor a sexualidade passa por outros caminhos 
que extrapolam o biológico. Foucault (2014), ao tratar da história da sexualidade, 
indica a importância dos discursos sobre a sexualidade, que não apenas falam de 
sexo e das práticas sexuais, mas instituem o que deve ser considerado normal e o 
que é desvio, anormalidade ou perversão. A Psicanálise, a Medicina e a Pedagogia, 
entre outros saberes, indicaram os comportamentos corretos a partir de uma “ciência 
sexual” que classificou os comportamentos sexuais. O ponto principal que está por 
trás dessa classificação é a capacidade reprodutiva. 
 
Fonte: educapes.capes.gov.br 
https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/430946/2/eBook_%20Genero_e_Sexualidade_na_Atualidade_UFBA.pdf
 
33 
 
 
Além disso, a sexualidade construída ao longo da vida, encontra-se 
necessariamente marcada pela história, cultura, ciência, assim como pelos afetos e 
sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito. 
Indissociavelmente ligado a valores, o estudo da sexualidade reúne contribuições de 
diversas áreas, como Antropologia, História, Economia, Sociologia, Biologia, 
Medicina, Psicologia e outras mais. Se, por um lado, sexo é expressão biológica que 
define um conjunto de características anatômicas e funcionais (genitais e 
extragenitais), a sexualidade é, de forma bem mais ampla, expressão cultural (MEC, 
2018). 
Cada sociedade cria conjuntos de regras que constituem parâmetros 
fundamentais para o comportamento sexual de cada indivíduo. Nesse 
sentido, a proposta de Orientação Sexual considera a sexualidade 
nas suas dimensões biológica, psíquica e sociocultural (MEC, 2018, 
p.02). 
De forma geral, “a questão da Educação Sexual aparece como um 
elemento a compor um projeto maior de educação da população, buscando 
transformar hábitos e costumes em prol de um desenvolvimento social que 
equiparasse a capital baiana e outros grandes centros brasileiros, como o Rio 
de Janeiro, às grandes cidades europeias” (CRUZ, 2017, p.117, apud 
BASTOS; CRUZ; DANTAS, 2018). 
Tratar pedagogicamente do gênero e sexualidade nas escolas 
significa inserir os assuntos referentes a este tema da diversidade no 
currículo, por meio dos conteúdos contemplados nas diretrizes 
curriculares, não havendo necessidade de se criar uma disciplina 
específica de Educação Sexual na escola (CARVALHO, 2013, 
p.20701). 
A sexualidade infantil se desenvolve desde os primeiros dias de vida e segue 
se manifestando de forma diferente em cada momento da infância. A sua vivência 
saudável é fundamental na medida em que é um dos aspectos essenciais de 
desenvolvimento global dos seres humanos. A sexualidade, assim como a 
 
34 
 
inteligência, será construída a partir das possibilidades individuais e de sua interação 
com o meio e a cultura (MEC, 2018). 
 
Fonte: novaescola.org.br 
Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos primeiros movimentos 
exploratórios que a criança faz em seu corpo e aos jogos sexuais com outras 
crianças. As crianças recebem então, desde muito cedo, uma qualificação ou 
“julgamento” do mundo adulto em que está imersa, permeado de valores e crenças 
que são atribuídos à sua busca de prazer, o que comporá a sua vida psíquica. Nessa 
exploração do próprio corpo, na observação do corpo de outros, e a partir das 
relações familiares é que a criança se descobre num corpo sexuado de menino ou 
menina (MEC, 2018). 
Preocupa-se então mais intensamente com as diferenças entre os sexos, não 
só as anatômicas, mas também com todas as expressões que caracterizam o 
homem e a mulher. A construção do que é pertencer a um ou outro sexo se dá pelo 
tratamento diferenciado para meninos e meninas, inclusive nas expressões 
diretamente ligadas à sexualidade e pelos padrões socialmente estabelecidos de 
feminino e masculino (MEC, 2018). 
Esses padrões segundo o Ministério da Educação são oriundos das 
representações sociais e culturais construídas a partir das diferenças biológicas dos 
 
35 
 
sexos e transmitidas pela educação, o que atualmente recebe a denominação de 
relações de gênero. Essas representações absorvidas são referências fundamentais 
para a constituição da identidade da criança. A escola deve informar e discutir os 
diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes existentes na sociedade, 
buscando, se não uma isenção total, o que é impossível de se conseguir, uma 
condição de maior distanciamento pessoal por parte dos professores para 
empreender essa tarefa, 
Quando o assunto é fala sobre sexo com crianças e adolescentes, Kraiczyk, 
(2017) propõe que é importante que os profissionais possam: 
1) lidar com a própria sexualidade;2) despir-se de crenças e valores pessoais; 
3) evitar o senso comum midiático, das políticas públicas e do discurso religioso; 
 4) buscar conhecimento científico para embasar o que diz. 
Caso seja verificado que uma criança e/ou adolescente pode estar passando 
por uma questão referente à sua identidade de gênero, é importante que haja o 
trabalho em rede com a escola, CRAS/CREAS, serviços de saúde, Conselho Tutelar, 
Defensoria Pública e outros órgãos de proteção e garantia de direitos. 
 
Portanto, a educação é sempre uma ação política, o gênero e a educação 
sexual devem fazer parte do currículo escolar desde a infância. Porém, este currículo 
deve ser planejado, assumido pelas/os professoras/es de forma a discutir os 
conhecimentos sobre esse assunto, sem preconceitos e discriminações 
(CARVALHO, 2013). 
Pois, segundo o autor supracitado no cotidiano das escolas é fácil perceber a 
naturalização que existe com os preconceitos de raça, gênero e orientação sexual. 
É tão comum que se percebe, mesmo entre os/as educadores/as, atitudes diárias 
que reforçam esses preconceitos, seja por meio de piadas, comentários ou mesmo 
naturalização dos espaços de meninos e meninas, homens e mulheres, 
heterossexuais, bissexuais, transexuais e homossexuais. É preciso então que a 
 
36 
 
equipe diretiva e pedagógica de cada escola se dedique mais a esses assuntos, não 
se cale, para que atitudes de desnaturalização dos preconceitos se tornem hábito e 
não somente assunto para palestra com profissionais externos à escola 
(CARVALHO, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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