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Na aula passada, estudamos sobre as concepções existentes sobre cultura e a multiplicidade do conceito de cultura especialmente para a Antropologia Com isto, nesta aula, serão expostas algumas definições de cultura e de identidade cultura e suas complexidades. Como consequência dessa complexidade, abordaremos o significado do etnocentrismo e seus efeitos na cultura, algumas questões relacionadas à diversidade cultural e a importância de certo relativismo quando se tem em vista a cultura. • Definir o conceito de cultura; • Analisar a identidade cultural enquanto um conceito em “trânsito”; • Demonstrar o significado de etnocentrismo e seus efeitos na cultura; • Definir a cultura como diversa; • Demonstrar a importância do relativismo cultural; É certo que a Cultura é uma preocupação contemporânea, muito presente nos tempos atuais. Além disso, é uma forma de entender os diversos caminhos que conduziram os grupos humanos a suas relações presentes e suas perspectivas de futuro. Vejamos os significados para cultura ao longo da história. Vinda do verbo latino colere (cultivar, criar, tomar conta e cuidar), Cultura teve como significado: A cultura era a educação do espírito das crianças para tornarem-se membros excelentes e virtuosos da sociedade pelo refinamento e aperfeiçoamento das qualidades naturais, como o caráter, a índole e o temperamento sem excessos. Desta forma, Cultura seria o aprimoramento da natureza humana pela educação em sentido amplo. No século XVIII, passa-se a entender por cultura os resultados da formação ou educação dos seres humanos. Resultados esses observados em obras realizadas, feitos, ações e instituições, tais como as artes, as ciências, a Filosofia, os ofícios, a religião e o Estado. Torna-se, a Cultura, portanto, sinônimo de civilização. Os pensadores, dessa época, entendiam que o resultado dessa formação-educação se manifesta muito claramente na vida social e política ou na vida civil (do latim, cives, cidadão; civitas, a cidade-Estado). Cultura Brasileira – No século XIX, observa-se uma atenção dirigida a formas sistemáticas de se estudar as culturas humanas, de se discutir sobre elas. Esses estudos se intensificaram na medida em que se aceleravam os contatos, nem sempre pacíficos, entre povos e nações. As reflexões em torno da cultura se voltaram tanto para compreensão das sociedades modernas e industriais quanto das que iam desaparecendo ou perdendo suas características originais em virtude daqueles contatos. É bom frisar que toda essa preocupação NÃO produziu uma definição clara e unânime do que seria cultura e isso mostra a dificuldade de conceituá-la. Hoje, pode-se elencar algumas concepções de cultura, para evidenciar sua complexidade. São basicamente duas concepções de cultura: 1º A primeira concepção, nos remete a todos os aspectos de uma realidade social. Embora ela seja mais genérica, é mais usual quando se fala de povos e de realidades sociais bem diferentes das nossas, com os quais partilhamos de poucas características em comum; 2º Na segunda concepção básica de cultura, observa- se a referência a totalidade de características de uma realidade social, já que não se pode falar em conhecimento, ideias, crenças sem pensar na sociedade a qual se referem. Essa concepção diz respeito a uma esfera, a um domínio, da vida social. Uma definição mais completa de cultura está formulada no Dicionário Filosófico Abreviado, de M. Rosental e P. Iudin que define cultura como sendo um nível de desenvolvimento alcançado pela sociedade na instrução, na ciência, na literatura, na arte, na filosofia, na moral, etc., e as instituições correspondentes. Entre os índices mais importantes do nível cultural, em determinada etapa histórica, segundo esses autores, é preciso notar o grau de utilização dos aperfeiçoamentos técnicos e dos desenvolvimentos científicos na produção social, o nível cultural e técnico dos produtores dos bens materiais, assim como o grau de difusão da instrução, da literatura e das artes em geral entre a população. Segundo os especialistas em Estudos Culturais, as identidades culturais dizem respeito àqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso “pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais. Na construção da identidade nacional brasileira, se observa, que em diferentes épocas e sob diferentes aspectos, a questão da identidade nacional esteve vinculada, com frequência, à problemática da cultura popular. . Vários são os exemplos, não só no Brasil, que associam a identidade nacional à cultura popular, por isso, pode-se dizer que a relação entre nacional e popular se manifesta no interior de um quadro mais amplo, isto é, o Estado. Se for verdade que esta relação integra o quando mais abrangente do Estado, é necessário saber que tipo de relação é esta. Para tanto, é necessário que se tenha a compreensão da noção de memória, pois para responder a essa questão, é preciso lançar mão da ideia de memória, e de aproximar a problemática da cultura popular do Estado. “ ” Um exemplo de memória coletiva popular é a prática do candomblé, que ao definir um espaço social sagrado, o terreiro, possibilita a encarnação da memória coletiva africana em determinados enclaves da sociedade brasileira. Assim, a origem é recorrentemente relembrada e se atualiza através do ritual religioso. A memória coletiva popular deve se transformar em vivência, pois somente dessa forma fica assegurada a sua permanência através das representações. O exemplo de memória coletiva (o candomblé) mostra a necessidade de a tradição se manifestar enquanto vivência de um grupo social restrito, a memória nacional se mostra em outro plano, visto que está vinculada à história e, assim sendo, pertence à esfera da ideologia. Um mito é encarnado por um grupo restrito; já a ideologia se estende à sociedade inteira. A memória nacional, dessa forma, não é propriedade particularizada de nenhum grupo social, pois ela se define como um universal que se impõe a todos os grupos. Ela não possui uma existência concreta, mas virtual, daí não poder se manifestar como vivência. O etnocentrismo consiste em julgar, a partir de padrões culturais próprios, como "certo" ou "errado", "feio" ou "bonito", "normal" ou "anormal" os comportamentos e as formas de ver o mundo dos outros povos, desqualificando suas práticas e até negando sua humanidade. Assim, percebemos como o etnocentrismo se relaciona com o conceito de estereótipo. Os estereótipos são uma maneira de biologizar as características de um grupo. O estereótipo funciona como um carimbo que alimenta os preconceitos ao definir a priori quem são e como são as pessoas. Sendo assim, o etnocentrismo se aproxima também do preconceito. O caráter dinâmico da cultura é extremamente relevante, pois muitas vezes a cultura é associada à ideia de "tradição", quando na verdade foi pensada como algo imutável, que tenderia a se reproduzir sem perder suas características. A dinâmica cultural está diretamente relacionada à diversidade cultural existente em nossa sociedade. Esta se confunde muitas vezes com a desigualdade social – que deve ser combatida – e com um universo de preconceitos – que devem ser superados. Seria pertinente salientar que o mais correto politicamente é se pensar na possibilidade de um verdadeiro relativismo cultural cujo princípio afirma que todos os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor, e que os aspectos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem, por um lado; por outro, entender e interiorizar o diferente como um sujeito igual em direitose oportunidades. Desde a antiguidade foram comuns as tentativas de explicar as diferenças comportamentais da humanidade a partir da associação com os ambientes físicos, clima ou região do planeta. Etnocentrismo é uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.”. (ROCHA, p.5, 1986). • Julgamento de valor. • Julgamos o outro a partir do nosso olhar. Julga-se de forma moral, religiosa e social outras comunidades, e suas diferenças são consideradas anomalias. O autor TORRES GARCIA, ao fazer este desenho, ele justamente provoca uma análise do etnocentrismo. Fazendo com que a gente reflita esse processo. Mas porque ele coloca essa reflexão? Porque geralmente quando vemos algum mapa da América do Sul, nos observamos que o Brasil está acimo e o extremo da América do Sul está abaixo, ou seja, no desenho o autor inverte as posições de cabeça para baixo, justamente para provocar uma reflexão voltada ao etnocentrismo. - Charles Darwin (1809 – 1882), em 1859, escreveu o livro “A origem das espécies”. Início da concepção evolucionista. - Refere-se a uma teoria que admite a transformação progressiva das espécies. Com isto, as concepções trazidas no evolucionismo ela tem: • 1º A população é a unidade evolutiva; 2º Nas populações, os indivíduos apresentam variabilidade nas suas características; 3º O ambiente atua sobre as populações exercendo seleção natural – os indivíduos mais aptos têm mais probabilidade de sobreviver; Região 4º Os indivíduos mais aptos têm um maior sucesso reprodutor, logo maior número de desentendes. O determinismo foi utilizado, como sistema explicativo do universo, a partir da Idade Moderna, em especial para a determinação das leis que governam os fenômenos naturais. “ ” É a concepção de que a determinação dos atos dos indivíduos pertence à força de certas causas, externas e internas. Afirma a existência de relações fixas de causa e feito. O que acontece não poderia deixar de acontecer porque está ligado a causas anteriores O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural. Estas teorias, relacionam a latitude com os centros de civilização, considerando o clima como um fator importante na dinâmica do progresso Essas concepções ainda estão presentes no nosso cotidiano, onde elas são sutilmente voltadas ao pensamento dos indivíduos. Segundo o determinismo geográfico, na região de latitude tropical, nós teríamos culturas específicas, enquanto, ao norte teríamos outros tipos de culturas que seriam determinadas então pelo clima, pela latitude. • Como explicar as variações culturais no mesmo ambiente físico? Como os lapões e esquimós do ártico! Isso não é facilmente explicado, se nós pensarmos que, por exemplo, nas regiões frias nós teríamos os esquimós e os lapões. Onde eles estão localizados, numa latitude de clima frio, o clima vai determinar a cultura deles? Como explicar as diferenças culturais desses grupos? Podemos observar que quando é construída uma concepção que tem o intuito de dominar outro grupo, ela é facilmente desconstruída. Essas duas imagens são possíveis nos entendermos que é fácil desconstruir essa ideia de determinismo geográfico, já que nós temos em climas frios culturas completamente diferentes umas das outras. Então não vai ser só o determinismo geográfico que vai determinar a cultura. Um estudioso, antropólogo Márcio Mauss, que este estudioso fala que o que vai determinar uma cultura de um grupo, é justamente a cultura, que é capaz inclusive de manifestar suas técnicas num corpo de cada indivíduo. Um momento histórico e uma cultura ela determinar, inclusive no corpo, as características culturais. O corpo para Marcel Mauss é necessariamente uma construção simbólica e cultural, para ele, toda sociedade se utiliza de formas para marcar o corpo de seus membros. Por isso, os limites da dor, da excitabilidade, da resistência são diferentes em cada cultura. A cultura molda o indivíduo, ela não só molda de forma psicológica, mas sim os corpos do indivíduo Não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura. Cabe a nós refletir, aprofundar e pensar que se uma dada cultura que faz com que o indivíduo ele seja de determinada forma e não outra. Nós poderíamos dizer que qualquer criança poderia se educada em qualquer cultura, onde ela vai aprender a lidar com qualquer situação dentro de uma dada cultura. Então todos são capazes de aprender, independentemente de onde esse indivíduo nascer e assim, ele vai se adaptar. Não vai ser as características biológicas ou físicas do ambiente que vão determinar as ações desse indivíduo, ao contrário, vai ser a cultura que vai moldar esse indivíduo. Questão 01 - Como o determinismo geográfico e o biológico classificavam as diferenças culturais? _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Questão 02 (Unicentro-PR) - A respeito do conceito de etnocentrismo, assinale a alternativa incorreta. a) O etnocentrismo foi um dos responsáveis pela geração de intolerância e preconceito – cultural, religioso, étnico e político – assumindo diferentes expressões no decorrer da história. b) O etnocentrismo se manifesta no mundo globalizado, na ideia de que a cultura ocidental é superior à de outros povos. c) O etnocentrismo aceita e respeita a diversidade humana, cultural e ideológica. d) O etnocentrismo se caracteriza pela noção de superioridade e inferioridade entre o “eu” e o “outro”. e) O etnocentrismo acentua a ideia de que haja, culturalmente, indivíduos ou grupos sociais superiores e inferiores.
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