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HISTÓRIA PROJETO INTEGRADOR I A IMPORTÂNCIA REPRESENTATIVA DA PADULA LIVROS NO CENTRO HISTÓRICO DE PORTO ALEGRE PORTO ALEGRE, 5 DE DEZEMBRO DE 2021 2 INTEGRANTES: Arthur Gustavo Fischborn Costa Hoffmann Augusto Aguilar dos Santos Bianca da Fonseca Baum Elias Waldeck do Nascimento Machado Flávio Andrighetto Lopes José Guibson Delgado Dantas Luis Fernando Gallicchio do Amaral Pâmella Priscilla Rosa Rodrigues TUTOR SEDE: PROFESSOR RESPONSÁVEL: Wander dos Santos Machado Fábio Chang de Almeida COORDENADORA: REITOR Tatiana Vargas Maia Paulo Fossat 3 Introdução Somos um grupo de estudantes da Licenciatura em História pela Universidade La Salle no Rio Grande do Sul, que objetiva apresentar o trabalho acadêmico da disciplina de Projeto Integrador I sobre a existência da Padula Livros na localidade do bairro centro histórico da cidade de Porto Alegre. Como sabemos, a disciplina viabiliza a oportunidade de estudantes do ensino superior vivenciarem na prática a pesquisa de lugares em que sirvam de crescimento educativo na sua área de atuação, perante a sociedade - citada por BARROS (2015) como uma prática de suma importância na atividade do historiador. Assim como a Padula Livros é referência na localização central de Porto Alegre, bem como há outros estabelecimentos comerciais ao entorno da mesma, há muitas instituições na cidade, educacionais, culturais e também religiosas, assim como a proximidade de poderes do Estado, a capital visivelmente dimensiona a importância na conservação patrimonial histórica para a população porto-alegrense. O comprometimento do grupo na realização do trabalho se reflete no resultado que mostra a evolução no decorrer de cada etapa avançada. Portanto, o projeto integrador I prioriza a importância de contar a história da livraria Padula Livros, através de experiências adquiridas pela prática, como a questão da visitação ao local, a análise crítica e da visão mercadológica da venda de livros físicos que são tanto novos quanto usados. A Padula Livros enaltece a importância de livros físicos que resiste ao tempo na era contemporânea com relação a valorização do digital, como a exemplo de e-books, mostrando a capacidade de se reinventar com novidades para o público consumidor, que é designado por leitores, desde jovens e adultos, que têm gosto pela leitura, porque consultam o acervo da loja física, situada na rua Coronel Fernando Machado, que é travessa entre a rua Marechal Floriano Peixoto e a avenida Borges de Medeiros, revelando uma região movimentada, seja pelo trânsito e pelas pessoas no cotidiano. 4 SUMÁRIO 1 - Relato do diagnóstico __________________________________________________________________5 2- Tema escolhido __________________________________________________________________6 3 - Justificativa __________________________________________________________________7 4 - Objetivo geral e específicos __________________________________________________________________8 5 - Cronograma __________________________________________________________________9 6 - Planejamento _________________________________________________________________10 7 - Desenvolvimento _________________________________________________________________11 8 - Conclusão _________________________________________________________________27 9 - Bibliografia _________________________________________________________________29 10 - Evidências _________________________________________________________________30 5 1. Relato do diagnóstico O primeiro contato do grupo com a instituição parceira, Padula Livros, começou no mês de setembro, através do canal de comunicação whatsapp. Na mesma semana que foi estabelecido o contato inicial, foi agendado uma visita no local que é situado na rua Coronel Fernando Machado do Centro Histórico. No local, obteve-se uma conversa informal com Atena, funcionária da loja comercial, já que mostrou-se bem receptiva. A prioridade para aquele momento da visitação à Padula Livros era formalizar uma parceria acadêmica com o grupo de estudantes do curso de História. Democraticamente, a decisão determinada pelos colegas, através do consenso de cada integrante, permitiu autorizar por livre e espontânea vontade, a sequência de desenvolver a elaboração do planejamento para que assim, pudesse ocorrer a etapa da intervenção à Padula Livros. É importante mencionar que a comunicação estabelecida para se comprometer a tal realização do projeto, concretizou-se pela confiança de mostrar a documentação em que comprova por papéis a estrutura teórica na prática do trabalho. Portanto, alguns papéis foram entregues para a Atena, que representou o proprietário no local, Diego Padula. Por meio desta interação, o grupo revelou-se grato pelo interesse da Padula Livros de fazer parte do projeto integrador I, visto contar com a participação da Padula Livros para colaborar na realização de um importante trabalho, que durante o semestre, progrediu no quesito de viabilizar a transparência, a ética, o comprometimento, o respeito e a seriedade, para que assim fosse conseguido atingir o objetivo de transformar o projeto Padula Livros num resultado satisfatório. 6 2. Tema escolhido Os critérios que o grupo quis estabelecer na criação de um tema, advém de fazer a pesquisa ampla em que possibilita uma margem extensa sobre a localização da Padula Livros, ou seja, o panorama geográfico, que é o bairro Centro Histórico. Portanto, a Padula Livros é o carro chefe que conduz a importância da sua existência no espaço interativo que emergem muitos acontecimentos do bairro. Haja visto que a abordagem de mapear lugares que cercam o bairro, não é algo simples como pensamos que seria, mas é fundamental contextualizar os aspectos que fomentam a cultura, através das instituições que se constituíram no Centro Histórico, de modo que conhecendo a Padula Livros, também é um contexto que se relaciona com o lugar, que possibilita uma perspectiva sociológica ao identificar que tipos de fundamentos fizeram acontecer o processo da popularização do bairro e a importância de valorizar a cultura de Porto Alegre. O bairro é considerado um dos mais movimentados pela população da cidade, porque proporciona lazer, turismo, cultura, diversidade de costumes e tradições, e por isso, torna-se atrativo por gerar muitos eventos e festivais, bem como a variedade de comércios que fazem do Centro Histórico ser um lugar muito frequentado. Devido às orientações recebidas pelo professor da disciplina, Fábio Chang, seguimos a linha do raciocínio de pesquisar na etapa da intervenção a cultura da cidade, o que de fato, sobressai no contexto a relação da história do bairro com história da Padula Livros, uma vez que é possível viabilizar uma conexão positiva em que possa alinhar o modo como aconteceu a influência do surgimento de instituições culturais e educacionais. Sendo assim, o grupo pretende agregar parâmetros em que se baseiam a tradição cultural da localidade. Acreditamos que é pertinente conhecer as perspectivas da memória de Porto Alegre, porque contribui para servir como o instrumento ao desenvolvimento de uma economia consolidada, de tal modo que enraíza as relações das questões urbanas no ambiente geográfico. 7 3. Justificativa A proposta do projeto é articular a Padula Livros com o papel da importância cultural do Centro Histórico, através de uma abordagem que identifique a transformação do bairro pela cultura, já que Porto Alegre é uma cidade que apresenta lugares diferenciados. É determinante realizar o projeto sobre a existência da Padula Livros que associa ao bairro a cultura do Centro Histórico de Porto Alegre, mostrando a importância de sabermos a representatividade emconhecer a localidade que é movida por diversos segmentos que compõem o entorno da livraria. O Centro Histórico é um lugar diferenciado de outros bairros da cidade, por ser a região central. O Mercado Público é uma referência de tradição na venda de produtos dos mais diversos para o público geral, que não existe em outro bairro de Porto Alegre. Portanto, a Padula Livros tem uma localização privilegiada, porque além da influência da cultura na região, existem inúmeras livrarias e sebos que estão espalhados por toda parte do Centro Histórico, como também cinemas, como por exemplo, a Cinemateca Capitólio, que se localiza próxima à Padula Livros. Além disso, uma referência mais próxima da Livraria é a instituição educacional Estácio. Contudo, podemos dizer que é desafiador o atual momento em que estamos vivendo, por conta da pandemia, já que a Padula Livros mantém a funcionalidade da loja, porque a essência do negócio, são os livros físicos. De certo modo é um ato de resistência de permanecer num formato de produto que atenda as necessidades do público leitor. Em contrapartida, os livros digitais ganham uma porcentagem de custo benefício menor do que os livros físicos, embora ambos possam lucrar na mesma proporção, dependendo de fatores que colaborem por conta da concorrência de mercado, mas varia de editora, porque cada qual faz o papel de mediar na distribuição dos livros às livrarias e sebos, o conteúdo de um e de outro é igual, porém, pode haver diferenças, quanto questão da edição do livro. 8 4. Objetivo geral e específicos Acontecer a intervenção do projeto para possibilitar o relato do responsável com relação o funcionamento da Padula Livros e do cotidiano da mesma, bem como do comércio local que a cerca. Como foi desenvolvido a formação de Porto Alegre para que gere a influência na construção da identidade social, através cidadania, enquanto espaço público, porque viabiliza uma convergência de identidades diversas, que se caracterizam em espaços de exercícios democráticos. Como objetivo geral, pretende-se fazer o levantamento de informações relevantes para acrescentar no projeto sobre a influência cultural da Padula Livros para o Centro Histórico, através fundador Diego Padula, bem como, pesquisar a região do centro histórico aos arredores do local, contar sobre a logística de como é o funcionamento da loja que se localiza perto de outros lugares, entender a crise com a chegada da pandemia nas vendas, como também, saber da importância e o perfil do público leitor que consome os livros físicos do que digitais, além disso, conhecer o local detalhadamente, como o cenário que é personalizado, de tal modo que possamos saber de onde surgiu a inspiração e criação da Padula Livros, a criticidade com relação a cultura da região sob a ótica do proprietário, como também, a razão de motivação em trabalhar nela, e os projetos em mente de atuação para expandir mais a livraria para promover a divulgação dela. O projeto integrador I prioriza compreender o contexto da Padula Livros no comércio local, diagnosticar as dificuldades perante a contemporaneidade da internet aos livros digitais, revisitar o papel das livrarias na cultura e traçar a região do centro histórico para conhecer sobre a movimentação humana na localização da livraria, o público local e a evolução dela. De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), declara que a extensão na educação superior brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e a organização de pesquisa que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação de conhecimento, em articulação permanente com o ensino e pesquisa. 9 5. Cronograma São informações estabelecidas para aplicar na prática, durante o planejamento do projeto para desenvolver o trabalho. Sequência do projeto integrador 1 Desenvolvimento do trabalho nos meses: outubro / novembro 1. Pesquisa do centro histórico - história regional e mapeamento urbano. Conhecer a cidade perto da localidade Padula Livros. 2. Entrevistar Diego Padula. Saber a história do proprietário que era professor de História. 3. O funcionamento da Padula Livros. O público leitor - perfis/desafios do processo de manter livros físicos do papel para a internet. 4. Engajamento social e cultural do local Promover a cultura no espaço de leitura. 5. Metas/ projetos de vida/ profissionalismo e também o comprometimento da Padula para a sociedade. A Padula como livraria, a representatividade de gêneros, a temática do espaço físico de atrair leitores diante das ilustrações que associam aos escritores conceituados no conhecimento educativo-cultural. Sem dias agendados por enquanto entre o grupo com a livraria. Organização dos integrantes do grupo a ser alinhada conforme a disponibilidade de cada um para apurar os registros das informações. Etapas: 1 - diagnóstico: entrega parcial do relatório; 2 - planejamento: entrega parcial do relatório no mês de outubro; 3 - Intervenção: entrega parcial ou completa do documento final para o mês de novembro. 10 6. Planejamento Desenvolver o roteiro para realizar uma entrevista com o proprietário, Diego Padula, responsável da livraria existente no Centro Histórico, de modo que também, pretendemos produzir um vídeo e fazer o registro fotográfico da loja, que viabiliza mostrar visualmente o espaço interno e externo. Em segundo plano, a ideia de mostrar os espaços que existem pela cidade ao entorno da Padula Livros na região do bairro. Coleta de dados, tanto de informações em papel, quanto de fotografias, informações eletrônicas, enfim, materiais que possam nos ajudar a conhecer a sobre a existência da Padula Livros, para contribuir no acréscimo de informações e se possível, colaborar para a melhoria de aspectos que observamos no local e à disposição em divulgar a livraria. O esboço de uma orientação via google meet para a elaboração do diário de campo. Data: 08/10/2021 ● Durante o encontro online foi discutida a escolha do tema, de modo, que o mesmo contemplasse uma abordagem metodológica relacionada à cultura do centro histórico de Porto Alegre. ● O grupo acabou se direcionando para a escolha de uma tratativa mais ampla da pesquisa, realizando um recorte de tempo maior em relação ao objeto, sendo assim, ficou subentendido que iríamos trazer maiores informações sobre como se formou o contexto cultural da região do centro histórico ao longo do tempo. ● Sobre a Padula Livros, ela parece que se tornou um modelo que vai ilustrar a temática escolhida, mas, inserida no contexto da contemporaneidade. Também ela, pode servir ao propósito de criar relatos para futuros pesquisadores que através das nossas pesquisas, venham a ter acesso à informações relacionadas ao contexto de pandemia, economia e social. ● Ficou estabelecido que deveríamos rever o título após a escolha do tema. ● Retirar questões relacionadas às dificuldades internas do grupo na realização do projeto. 11 7. Desenvolvimento O bairro Centro Histórico de Porto Alegre apresenta muitas atrações para a população. Na verdade, não apenas de eventos informais que contam com a participação das pessoas, mas de uma série de possibilidades compromissórias, que envolvem o bairro, como um dos lugares que denota o pluralismo de ramificações empresariais do Centro Histórico, principalmente, porque é um espaço que também torna vínculo o trajeto do ambiente profissional para inúmeras pessoas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bairro Centro Histórico abrange mais de 40 mil moradores. O bairro foi criado e delimitado pela lei 2.022 do ano de 1959, mas a origem tem relação com os primórdios do povoamento da cidade. Antigamente, Porto Alegre não era considerada a capital do Estado, e sim, a cidade de Viamão. Para entender melhor, a cidade de Porto Alegre, se formou a partir de uma península às margens do Guaíba que no séculoXVIII, servia, e tinha como destino a cidade de Viamão. Contudo, a característica geográfica de Porto Alegre, garantiu ao povoado uma relevância maior do que da própria freguesia de Viamão, especialmente pela circulação de pessoas e de mercadorias que vinham pelo transporte fluvial do porto. No entanto, o Centro Histórico era habitado por indígenas, denominados por Charruas, Tapes e Guaicanãs, que se mantiveram na região, por volta de até 1700, formando assim, a colonização do bairro. Com o avanço paulista na direção do Rio Grande do Sul, a fundação de Lages em 1684, de Viamão em 1730 e da Colônia do Sacramento, expandiu-se o comércio local e a proliferação de cidades. Os bandeirantes fizeram a divisão de terras na região, já que o Jerônimo de Ornelas tinha um lote de terra, conhecido como sesmaria, às margens do rio Guaíba, cuja área tinha aproximação da cidade de Porto Alegre. Na época, a sesmaria era designada como um procedimento dos portugueses, que costumavam ter a posse das terras no Brasil, com o objetivo de realizar a distribuição de terras que eram destinadas à produção agrícola. Portanto, a região de Porto Alegre não era um lugar antes urbanizado, mas denominado como rural, de modo que com o passar do 12 tempo, a cidade significativamente evoluiu, tornando-a moderna e nomeada de capital gaúcha. Podemos dizer que, a cidade tem importantes ruas que fazem parte do Centro Histórico. Uma das ruas mais conhecidas, se chama Rua dos Andradas, que era no passado chamada de Rua da Praia. O Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo (CCCEV) fica próximo à praça da Alfândega, localizada na Rua dos Andradas. Desde a década de 20, o ambiente cultural ganhou o nome de um escritor gaúcho que se dedicava à literatura brasileira, como também a outros escritores, por isso que o Memorial Érico Veríssimo mostra a história e obras do escritor. O Centro Cultural é um espaço que abrange diferentes temáticas, tanto de exposições artísticas, quanto de atividades que promovam a interação das pessoas com projetos de incentivo à prática de cultura da comunidade local. É um lugar que proporciona palestras, oficinas e divulgação de livros e filmes. Porém, o museu divide o mesmo espaço com o acervo de quase duas mil peças que são relacionadas à eletricidade. Logo próximo ao Centro Cultural do escritor Veríssimo, à margem da travessa com a rua Caldas Júnior, está localizado o Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, que recebeu a nomeação como referência de um jornalista que viveu na época da monarquia, que imperava no país, a Corte Portuguesa. Portanto, o Museu da Comunicação prioriza a conservação, bem como a pesquisa e a divulgação da história da Comunicação Social do Estado. O acerto abrange diferentes áreas, que são relacionadas com a comunicação, como por exemplo: a imprensa, televisão, rádio, fotografia, cinema, além de preservar um espaço para projetos significativos para a exposição. Além disso, outro espaço cultural na proximidade do CCCEV é o Hotel Majestic, mais conhecido como a Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ). Era neste lugar, que o escritor Mário Quintana passou boa parte da sua vida, entre os anos de 1968 a 1980. A partir da década de 80, o Hotel passou a pertencer ao Banrisul, e no entanto, tempo depois, tornou-se Patrimônio Histórico do Estado. Por isso, o prédio foi denominado de Centro de Cultura, que faz parte da Subsecretaria de Cultura do Estado. A Casa de Cultura promove eventos culturais, como por 13 exemplo, o teatro, cinema, artes visuais, literatura, lazer e oficinas de criação artística, que se concentram na parte interna da Casa, bem como há feiras de artesanato e brechós que acontecem na parte externa, mais precisamente na fachada do prédio. Por outro lado, existe o Santander Cultural que está localizado na rua Sete de Setembro, que mostra galerias de arte, bem como salas para o audiovisual e há espaços que são rotativos de pessoas, como restaurantes. Com uma arquitetura diferenciada, pois o prédio foi construído no século XX, o centro Santander permite fomentar novas e criativas conexões no contexto social e cultural, já que conta com diversas ações institucionais, programas e projetos. Próximo do Santander Cultural, está o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), que viabiliza a exposição de galerias de arte. É uma instituição vinculada à Secretaria do Estado e da Cultura (SEDAC) do Estado. O acervo de arte do museu é composto por arte brasileira, com ênfase na produção artística de gaúchos, como também de estrangeiros, sendo que é considerado um dos museus de referência para o Estado. Criado em meados dos anos de 1950, o MARGS possui diferentes linguagens das artes visuais, como a pintura, escultura, gravura, cerâmica, desenho, arte têxtil, fotografia, instalação, performance, arte digital, design, entre outras. Aliás, há ao lado da prefeitura de Porto Alegre, o Mercado Público que também faz parte da cultura do Centro Histórico. Foi inaugurado em 1869, com o objetivo de abrigar o comércio de abastecimento da cidade, que era principalmente, carga transportada de navios para descarregar as mercadorias no porto, próximo do Mercado Público, já que o rio guaíba fica a poucos metros de distância da localização do mesmo. Para quem não sabe, o Mercado Público é referência tanto cultural, quanto política, social e econômica do Estado. São mais de 100 estabelecimentos que oferecem produtos regionais, produtos naturais, especiarias e alguns artigos ao alcance do consumidor. Vale destacar que o Mercado Público é palco de atrações religiosas que interagem com o público local, principalmente, o Bará, orixá que advém da matriz africana, e por isso, desde de 2020, a Câmara Municipal de Porto Alegre, concedeu uma lei que tomba o Bará do Mercado Público 14 como patrimônio histórico cultural da cidade. É um lugar que proporciona manifestações culturais e comunitárias. Assim como acontecem as manifestações religiosas no Mercado Público, temos no Centro Histórico, existem igrejas que compõem o bairro, como por exemplo a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, religião católica, localizada na rua José Vigário Inácio, construída no século XIX. Por outro lado, tem a igreja Nossa Senhora das Dores, também construída no século XIX, localizada na Rua dos Andradas. Era uma capela simples antigamente, pois demorou quase um século para ser construída como uma igreja que se formou no presente. Antes de acontecer o aterramento do Centro Histórico, devido à enchente da década de 40, que o Centro Histórico se transformou numa parte imersa pelo rio Guaíba, as águas do rio cruzavam a Rua da Praia (Rua dos Andradas). Na época da construção da igreja em 1807, a família real portuguesa saía em fuga para o Brasil, que tempo depois, Portugal sofreu ataque da invasão de tropas napoleônicas. O Brasil era um país de produção interna, cuja base eram os engenheiros de açúcar. Os senhores de engenho permaneciam no topo da pirâmide social, por uma classe média, formada por funcionários públicos, feitores, militares, comerciantes e artesãos. Na base da sociedade, estavam os escravos, de origem africana, considerados simples mercadorias. A história da Igreja das Dores, como de outras instituições religiosas, constaram com o trabalho da força escrava negra, de africanos e afrodescendentes. Entretanto, temos a Usina do Gasômetro, que faz uma relação importante na cultura dos porto-alegrenses, pois é considerado um centro fortalecedor da cultura no modo geral, bem como de lazer. Era uma usina de energia elétrica, inaugurada em 1928. Por ser um centro cultural, a Usina do Gasômetro, proporciona o encontro de muitas pessoas que costumam frequentar, principalmente, porque ao final da tarde, gostam de acompanhar a vista do pôr do sol do rio Guaíba. A orla do Parque da Marinha foi revitalizada, abrangendo uma distância longa à margem do rio, onde possibilita a prática esportiva, as manifestações artísticas, como o exemplo de eventosmusicais que acontecem no Anfiteatro Pôr do Sol para haja a interação do público, sendo um espaço a céu aberto, que viabiliza a apreciação à natureza. 15 Além disso, próximo da Usina do Gasômetro, no Centro Histórico, tem destaque na região que se localiza os poderes do Estado, a Praça da Matriz. Na rua Duque de Caxias com a paralela rua da Riachuelo, situa-se a Catedral Metropolitana de Porto Alegre, bem como, a Assembleia Legislativa, o Palácio Piratini, o Palácio da Justiça e o Theatro São Pedro. Há perto da igreja, o Museu Júlio de Castilhos (MJC), que é vinculado à SEDAC, desde 1903. Também, considerado um dos antigos museus do Centro Histórico no Estado, retrata a memória, história e testemunho de relevantes fatos políticos, sociais, culturais e econômicos. O museu exibe exposições de diferentes temáticas, como a Memória e Resistência de mais de 90 peças representativas do povo indígena, destacando a importância de esculturas missioneiras e a outra exposição é oriunda da identidade de mulheres, a Narrativas do Feminino, sob diferentes perspectivas sociais nas mulheres do século XIX e XX. No próprio Palácio Piratini, sede do governo do Estado, apresenta o departamento específico de documentos sobre a política gaúcha, de modo que arquiva registros da época em que Getúlio Vargas assumiu o poder. Já no Palácio da Justiça, conserva um Memorial, que tem por objetivo, mostrar o resgate das cerimônias que acontecem tradicionalmente no local, além de disponibilizar galerias das exposições e eventos. É importante mencionar que na Praça da Matriz, mais precisamente situada na Riachuelo, tem a Biblioteca Pública do Estado (BPE). A biblioteca pública é uma instituição que também faz parte da SEDAC, que oferece a pesquisa local do acervo que é constituído por mais de 240 mil obras nacionais e estrangeiras, em diversas áreas, que se concentram a maior parte no Rio Grande do Sul e também disponibiliza o acesso ao catálogo on-line para o público. Desde 1871 que a biblioteca existe, embora com o tempo houve algumas reformas, mas a sede dela que hoje em dia permanece por anos, iniciou a partir da década de 20. Contudo, a BPE distribui gratuitamente livros para bibliotecas municipais e comunitárias, desde que estejam cadastradas no banco de dados do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas. Os livros foram recebidos por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) ou são provenientes de doações de autores e de editoras. 16 Nas redondezas da Praça da Matriz, a Duque de Caxias é integrada com uma importante avenida, a Borges de Medeiros. É uma extensa avenida, que faz limite entre o Mercado Público até a outra avenida, a Ipiranga. Na própria Borges, está a Cinemateca Capitólio, que faz travessa com a rua Demétrio Ribeiro. É um Espaço Cultural, ligado a Secretaria Municipal de Cultura que tem como função principal, a preservação, o armazenamento e a difusão da memória do cinema e do audiovisual do Estado. Antigamente, era chamado por Cine-Theatro Capitólio, que foi construído em 1928, mas a idéia de criação da Cinemateca ganhou proporção de reconhecimento dos envolvidos, por que nos início do anos 2000, houve uma mobilização da comunidade cinematográfica para tornar público o funcionamento da instituição, que contou com a colaboração da Prefeitura de Porto Alegre, através da Fundação Cinema RS (FUNDACINE) e mais outra parceria, a Associação dos Amigos do Cinema Capitólio (AAMICA), cujo objetivo era restaurar o antigo Cine-Theatro Capitólio para ser uma cinemateca de transmissão de filmes e preservação da história audiovisual do Estado. É nessa região, próxima da Cinemateca Capitólio e das escadarias da Duque de Caxias com a Borges de Medeiros, que está localizada a Padula Livros, situada na rua Coronel Fernando Machado. Portanto, a rua era conhecida no passado como a Rua do Arvoredo. Reza a lenda que a Rua do Arvoredo foi palco de uma história macabra e chocante, eternizada através de jornais de época e dos livros "Canibais - paixão e morte na Rua do Arvoredo", de David Coimbra (2005) e ‘’O maior crime da Terra - O açougue humano da Rua do Arvoredo (1863-1864)’’, Décio Freitas (1996). O açougue do imigrante alemão Cláudio Claussner foi fundado em 1859, mas os crimes começaram somente alguns anos mais tarde, entre 1863 e 1864. As vítimas eram atraídas por José Ramos, amigo e ajudante de Claussner, com a colaboração de sua esposa, Catarina Palse. A mulher foi responsável por seduzir vítimas em potencial e levá-las para sua casa, onde tinham seus pertences roubados e, em seguida, eram degoladas, esquartejadas e descarnadas. Não há um número exato de vítimas, mas há evidências de pelo menos seis (COIMBRA, 2005). 17 A barbárie ocorrida na rua onde hoje localiza-se a tranquila livraria repercutiu também na Europa através dos jornais, chegando até mesmo a Charles Darwin, autor da teoria da evolução das espécies (FREITAS, 1996). “Informa-se que no extremo meridional do Brasil, em uma cidade chamada Porto Alegre, um grupo de perversos matou várias pessoas, usando sua carne para fazer linguiça, que não só comeram como induziram os habitantes a comê-la. O temor de que a humanidade perca sua posição nobre e volte à bestialidade é infundado. Regressões ocasionais sempre ocorrerão. Há chacais adormecidos em cada homem”. Devido o acontecimento do passado, é comum que traga a lembrança do fatídico acontecimento que ocorreu há mais de cem anos, que perceptivelmente é um fato que rendeu literatura sobre o ocorrido que foi na Rua do Arvoredo e no entanto, faz refletir no imaginário popular, principalmente, um acontecimento que surgiu perto de um ambiente comercial em que permite acontecer a leitura de livros. Rua Coronel Fernando Machado, século XIX. BAYER, DIEGO. 18 Há cerca de 5 anos que existe a Padula Livros no bairro do Centro Histórico, na antiga Rua do Arvoredo. Fundada em 2016, a livraria conta com livros das mais variadas temáticas dentro do espaço físico da loja. A empresa é de pequeno porte, mas já inaugurou outra loja, que se localizava na rua José do Patrocínio do bairro Cidade Baixa. A Padula Livros é administrada pelo proprietário Diego Padula, além de contar com funcionários para o atendimento na loja ao público leitor. Na internet, a Padula comercializa os livros físicos, tanto pela plataforma da Estante Virtual, quanto pela página oficial do facebook e instagram, como também pelo site da Padula Livros. Os livros mais vendidos pela internet são os de esoterismo e literatura estrangeira. O acervo da loja conta com livros de idiomas, dicionários, coleções, livros da editora Vozes, gibis - HQs, infanto juvenis, literatura nacional e estrangeira, artes, poesia, crítica literária, comunicação social e publicidade, turismo, administração, história do Brasil e geral, arquitetura, religião, autoajuda, psicologia, esoterismo, culinária, saúde/medicina, linguística, biografias, pedagogia, filosofia, sociologia e ciências políticas. Com mais de 58 mil livros, que são boa parte distribuídos pela loja, quanto por depósitos que ficam próximos da loja física. No Centro Histórico, há outras livrarias e sebos que estão espalhados pelo bairro. A concorrência é alta, porque o mercado editorial investe nas publicações de lançamentos. A livraria vende tanto livros novos, como também usados. Antes de estabelecer a loja, Diego Padula começou a vender livros nas ruas, principalmente na num ponto específico da calçada da Borges de Medeiros. A ideia de investir nos livros surgiu por conta da dificuldade financeira que estava enfrentando para sobreviver. Após ser dispensado de um contrato que exercia como professor de História pelo governo estadual, pensou em alguma forma de escapar das dívidas que teria que pagar. Sem dinheiro, o jeito foi vender seus próprios livros, dos quais, ele costumava colecionar em casa. Diego Padula contou com a parceria da sua companheira, que ajudou a concretizar a sua vontade de começar a investir nos livros,já que estava disposto a prosperar com a venda dos livros em lugar movimentado e que estabelecia contato com as pessoas que passavam à sua volta. 19 “Eu tinha muitos livros, sempre gostei e a gente começou a vender na feirinha aqui na frente do Capitólio, no chão mesmo, com um paninho. Começamos a vender na internet, criamos uma página”, conta ele. Além dos livros físicos, há à venda de outro produto na loja, que são os raros discos de vinil, que estão armazenados em caixas no chão da livraria. A publicidade estampa os livros na fachada da loja para atrair as pessoas que circulam pela rua e também da movimentação que acontece no trânsito. A livraria é um lugar aconchegante, que permite que o leitor sinta-se confortável, como se estivesse em casa, diante das poltronas que foram colocadas em meio às estantes de livros. O mais interessante na loja é a capacidade de estrutura e organização em manter os livros na ordem por área de conhecimento. Chama a atenção de quem entra na loja, já que o ambiente é diferenciado, porque além de ser um espaço que realça a importância da cultura, não somente através da leitura, mas percebe-se visualmente que mostra várias ilustrações de pessoas de grande influência na literatura, e no entanto, reforça a arte como um fator agregador da Padula Livros, já que a loja inspira os leitores a estarem num universo mergulhado de pensamentos que certamente, borbulham as mentes das pessoas ao se depararem com a escritora Clarice Lispector e Virginia Woolf, desenhadas nas paredes. A Padula Livros organizou eventos que promoviam o encontro de leitores com escritores na loja e que também contou com participações em outros lugares, através de feiras, como por exemplo, na fachada da Casa de Cultura do Mário Quintana. Diego Padula pensa que no futuro possa ter a chance de montar uma tenda de livros para vendê-los na Feira do Livro da cidade. Diego Padula, disse que “Ao longo de dois anos participamos de inúmeras feiras espalhadas pela cidade com a banca de livros itinerante e também realizamos vendas online. Agora, abrimos a loja para visitação e estamos muito empolgados com o novo desafio.” 20 Além do mais, a loja é um espaço de interação que acontece entre as pessoas que se conhecem, pois tem a máquina de café, que são um ponto favorável para os clientes permanecerem por mais tempo na livraria, ou seja uma opção criativa que não visa somente a questão da variedade de livros, mas que envolve a peculiaridade em notar que se pode apreciar os elementos que esteticamente fazem parte na decoração da livraria. A Padula Livros funciona no horário comercial, durante a semana, tanto pela manhã, quanto pela tarde e aos sábados. Segundo Diego Padula, o negócio nasceu movido pela paixão à literatura, pois acumulou ao longo do tempo na livraria, tantos livros que atualmente, a loja possui inúmeros títulos que estão entre os clássicos e contemporâneos e algumas raridades, como por exemplo, livros autografados por importantes autores. Na medida que o negócio se expandiu, assim que a livraria cresceu gradativamente com o passar do tempo, a necessidade de fomentar a visibilidade literária, aumentou o interesse de consolidar uma editora própria para que fosse realizada a contribuição de publicar novos autores, através de suas obras. A loja na Cidade Baixa não permaneceu com as portas abertas, devido os problemas surgirem, principalmente que o ponto comercial foi projetado para acolher pessoas que costumavam beber álcool, já que o espaço era propício a fornecer bebida de álcool, boêmia, pôsteres e comidas, além de livros, obviamente. O mercado editorial é rotativo, à medida que acontecem mudanças, as coisas são adaptadas em novas formas de melhorar, apesar de que no ano de 2020, as pessoas vivenciaram o caos que perpetua ainda, a pandemia. Imagina para os proprietários de suas lojas o que não acarretou financeiramente com a queda das vendas. Os comércios do Centro Histórico foram fechados e outros mantidos, mas com o fechamento por tempo indeterminado no início do isolamento social. Um fato agravante de complexidade para a economia do país e de muitos outros países no mundo. Há quem diga que os estabelecimentos comerciais passaram por vistorias de funcionamento com relação às restrições do cumprimento das regras impostas pelo governo, advinda algumas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mudanças mais emblemáticas causam uma reviravolta na sociedade. 21 A saúde pública continua um sério problema por conta que a covid-19 apresenta no momento, outras mutações do vírus que se formam constantemente. O impacto do coronavírus abalou a crise econômica da nação brasileira, ou seja, de muitas pessoas, com relação à vida profissional e também pessoal. Imagina a visão geral do que acontecia em que estivemos a nos manter firmes pelo que passamos. No entanto, Diego Padula buscou alternativas para equilibrar a situação difícil da pandemia, na intenção de haver alguma possibilidade de evitar a falência da livraria. Devido ao negócio ter como prioridade a venda de livros físicos, ou seja, obras em formato de papel, os preços caíram de uma margem desproporcional de valores, comparado com os preços do mercado livreiro, facilitando no bolso dos clientes para manter o interesse de compra por livros baratos, os mais acessíveis. Em tempos sombrios, a estabilidade financeira de modo geral voltou a reinar socialmente, de modo que as pessoas retornaram à vida cívica normalmente. Mas, a livraria conseguia realizar as vendas, pois não a impossibilitava no início da pandemia em 2020, mesmo não sendo antes mais intensas, como acontecem instantaneamente hoje em dia, a facilidade da internet é colaborativa, pois a parceria com a Estante Virtual, intermediava as vendas para que as pessoas pudessem receber os livros em suas residências, através das transportadoras viabilizar a entrega das mercadorias. De acordo com o Jornal do Comércio, os brasileiros compraram mais livros durante o ano de 2020, já que o fluxo nas livrarias diminuiu por conta dos estabelecimentos comerciais que permaneceram fechados. É importante considerar que no atual momento, a Padula Livros, aqueça suas vendas nos livros pelas promoções que se destacam da Black Friday, por que oportuniza adquirir a lucratividade do giro capital da ampla concorrência dos lojistas. É necessário que o comércio seja reinventado a partir das mudanças que surgem, tanto boas quanto ruins. Não se trata apenas de bons preços, mas de outros fatores que contribuem para favorecer o crescimento do comércio ou empresa que lida com diferentes pessoas, mesmo que elas tenham interesses em comum, como a questão de apreciar livros dos mais variados formatos e conteúdos disponíveis ao alcance delas, é essencial agradar o público no geral, porque o negócio sobrevive a 22 mercê das pessoas que movem-o e contempla-o, aderindo mudanças significativas do avanço em que aquele negócio seja capaz de viabilizar o processo de evoluir com o tempo. O atendimento personalizado é um diferencial que faz conquistar cada vez mais pessoas. Os livros de papel atendem as expectativas dos leitores, porque a resistência do papel na contemporaneidade é uma disputa acirrada, ou seja, equilibrada, com os livros digitais. A logística do comércio eletrônico é um pouco diferente da loja física. Porém, o comércio propõe os dois serviços, a demanda é maior, porque a quantidade de trabalho sobrecarrega mais. A preferência do leitor entre um livro físico e um livro digital cabe ao perfil de cada indivíduo. É um processo de transformação para o comércio aderir novidades, no tocante de manter um sistema mais tradicional, digamos assim. Na região que situa-se a Padula Livros, é relevante citar a diversidade de pessoas que a cerca. Há um quarteirão da livraria, existe a instituição educacional de nível superior, Estácio. Portanto, é de fácil acesso para os universitários transitarem pelas ruas próximas da Padula Livros. Por outrolado, destacamos a tantos metros de distância da Padula Livros, a Universidade Pública Federal, UFRGS. Além disso, o Parque da Redenção é uma referência de espaço frequentado, que pode acontecer de aparecer leitores que estejam no momento de lazer, lendo alguma obra. O Centro Histórico circula inúmeras pessoas que são diferentes das outras, já que o público leitor é variado, não somente de jovens, mas também por pessoas de mais idade. É difícil definir um perfil específico de leitores, porque não tem idade, classe social, raça, ideologia política, crença religiosa, etnia, etc. Para Diego Padula, a existência da loja física, chama a atenção do cliente, porque as pessoas, na maioria das vezes, querem conhecer o espaço interno da livraria do que propriamente se sentirem na obrigação de comprar algum livro que as interessam. A livraria está num ponto privilegiado da cidade, ou seja, o Centro Histórico de Porto Alegre, que predomina o mercado varejista em meio a importantes centros culturais. O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Marcos da Veiga Pereira, constata que o brasileiro está lendo mais do que antes na pandemia, porém, o problema é que está lendo mais do mesmo livro. Para quem 23 não sabe, a data de comemoração do dia nacional do livro é 29 de outubro. Há livrarias que aproveitam a data para realizar eventos que possam integrar as pessoas a participar de atividades culturais. O SNEL promove e apoia estudos regulares sobre o mercado editorial em parceria com institutos de pesquisa e entidades do livro, como o Painel do Varejo de Livros no Brasil, a Pesquisa de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro e a Retratos da Leitura no Brasil. Além disso, o SNEL é importante fonte de informação para profissionais e estudiosos do setor livreiro, pois os levantamentos são divulgados no site oficial SNEL e reforçam o compromisso da entidade com a transparência e a profissionalização da indústria editorial do país. Tem a Câmera Brasileira do Livro (CBL), que é uma entidade que existe há mais de 70 anos de estrada, tendo como principal objetivo promover o mercado editorial brasileiro e cultivar o hábito da leitura. Aliás, faz parte da missão da CBL, que afirma atender aos objetivos maiores de seus associados e ampliar o mercado editorial por meio da democratização do acesso ao livro e da promoção de ações para difundir e estimular a leitura. É importante que os livros publicados devem conter a catalogação na publicação (CIP), padrão internacional estabelecido em 1976 (Cataloging-in-Publication – CIP). No Brasil, de acordo com a Lei 10.753 de 30 de outubro de 2003, a adoção da ficha catalográfica é obrigatória. A catalogação na publicação reúne num único lugar, geralmente no verso da página de rosto, dados pertinentes à obra, como nome do autor, editora, ano de publicação, ISBN e assunto. Para o presidente da CBL, Vitor Tavares, constata que as livrarias tiveram uma queda de 60% a 70% nas vendas em 2020. Apesar de o fluxo de vendas ter melhorado de um ano para o outro,, houve um crescimento maior do comércio digital. No entanto, a venda de livros no Brasil neste segundo semestre de 2021, ficou quase 50%. O setor editorial brasileiro vendeu no primeiro semestre, cerca de 28 milhões de livros. Isso representa um aumento significativo de 48,5% em comparação com o ano passado, segundo o Painel do Varejo de Livros no Brasil, que teve a divulgação em agosto pelo SNEL e o Sindicato Nacional de Editores. 24 O faturamento do setor nos seis primeiros meses de 2020, foi de R$ 846,2 milhões. Já neste ano, o lucro foi de R$ 1,19 bilhão. Para Marcos Pereira, desde setembro de 2020, o aumento do consumo de livros vem demonstrando o bom desempenho de esforços comerciais. “Enquanto indústria, precisamos nos conscientizar cada vez mais sobre a responsabilidade que temos de fomentar o hábito de leitura.” Portanto, o segundo semestre de 2021 se mostrou promissor. Entre o mês de junho a julho - período que ocorreu o Amazon Prime Day, famosa pelas promoções - houve um aumento de 59,3% de vendas em relação à mesma época do ano passado e o faturamento saltou de R% 117,08 milhões para R$ 185, 52 milhões. A tendência, segundo especialistas com relação a pesquisa, é que a venda de livros continue aumentando. Os números chamam atenção porque, com o começo da quarentena, na virada de março para abril de 2020, o faturamento total do setor editorial chegou a cair pela metade. Para a realização do Painel do Varejo, os dados são coletados diretamente nos caixas das livrarias, e-commerce e varejistas colaboradores, segundo o SNEL. As informações são recebidas em formato de banco de dados. Após o processamento, os dados são enviados online e atualizados semanalmente. É evidente que positivamente neste ano, as vendas dos livros têm aumentado nas livrarias e sebos do Brasil, assim como no bairro Centro Histórico. Por mais que ainda estejamos em pandemia, certamente, o proprietário Diego Padula se sente satisfeito com o êxito de reconhecer uma melhora das vendas, diante da crise econômica em que se configurou no cenário mundial. Portanto, que a mudança sucedida faz com que a livraria continue prosperando e proporcionando a importância do seu papel perante à valorização da cultura como um todo, tendo êxito para que a juventude saiba a aprender que é fundamental apreciar o livro através do gosto pela leitura, mais do que o conhecimento individual que se possa adquirir, e sim, porque possibilita um caminho de abrir portas na vida de cada um. 25 Com o intuito de compreender melhor o itinerário histórico e a funcionalidade da Padula Livraria em tempos de pandemia, foi feita uma visita às instalações da mesma e uma breve entrevista com o proprietário do empreendimento, o historiador Diego de Souza Padula, na manhã do dia 17 de novembro de 2021. 1 - O surgimento de livros digitais (e-books) trouxe impactos perceptíveis aos negócios da livraria ? Diego Padula: Sim, o surgimento dos e-books impactou os negócios no mercado editorial, mas este acabou se adaptando aos novos tempos. Basta vermos, por exemplo, as edições em capa dura de algumas editoras - como, por exemplo, Carambaia, Ubu e outras herdeiras da Cosac e Naify. Há livros e mercado para todos os públicos. 2 - A Padula Livros tem seu estoque disponível em alguma plataforma digital, que permita a venda on line ? Diego Padula: Sim, exibimos nosso acervo com mais de 57 mil títulos na plataforma Estante Virtual. 3 - Quais foram os impactos da pandemia no dia a dia da Padula Livros? Diego Padula: Em meio à pandemia tivemos que cancelar os lançamentos de livros e eventos presenciais. Nesse período, as nossas vendas se centraram na plataforma Estante Virtual. 4 - Como você enxerga o futuro das livrarias enquanto lojas físicas? Diego Padula: Continuarão a existir, pois a experiência de folhear um livro e comprá-lo presencialmente não tem como ser substituída. 26 5 - Como você avalia a importância da localização da Padula Livros, que fica em um bairro cheio de cultura, e em uma rua particularmente interessante historicamente ? Diego Padula: Muito importante, pois este bairro é frequentado comumente por universitários, intelectuais e outros grupos interessados em leitura. 6 - Com que frequência a Padula Livros recebe eventos de encontro entre autores ou artistas e o público da livraria ? Diego Padula: Antes da pandemia sempre estimulamos esse tipo de programação. Em breve retomaremos os encontros. 7 - Esses encontros são organizados pela própria livraria ? Diego Padula: Pela livraria e às vezes pelos autores, que solicitam o espaço para lançar seus livros. 8 - A Padula Livros participa ou já participou da Feira do Livro de Porto Alegre ? Diego Padula: Não, mas é um projeto futuro da Padula Livros participar da Feira do Livro de Porto Alegre. 9 - Existe algum motivo para a escolha deste endereço para as instalações da livraria ? Diego Padula: Sim, poisé um endereço que está próximo do centro da cidade - tudo em Porto Alegre converge para o centro -, o que facilita a mobilidade dos clientes. Por outro lado, não está numa área muito agitada, o que é ótimo para quem frequenta uma livraria. 27 8. Conclusão O Centro Histórico de Porto Alegre é uma referência na cultura da cidade, porque além de lugares que foram mencionados, a Padula Livros se encontra privilegiada por sua localização. Em meio a tantos desafios que surgem na contemporaneidade, se manter ativa a livraria numa pandemia que jamais imaginávamos que poderíamos passar, é um salto do declínio ao êxito. Os comércios do bairro são importantes tanto para o desenvolvimento econômico, quanto para a interação do ser humano nos espaços que se entrelaçam em um território geograficamente mantido pelo limite de bairros vizinhos que abrange a população porto-alegrense, bem como a quem não faz parte da cidade por ser de fora. Sem dúvida, a cidade é o ponto de encontro de manifestações artísticas, políticas, entre outras, como também, uma cidade que proporciona lazer, cultura, educação, turismo, etc. A Padula Livros não poderia ter outro lugar melhor do que o bairro Centro. O investimento que seria ao pensar numa loja em uma rua bem movimentada, valeu a pena, porque faz do lugar ser o eixo central de tudo que a cerca, através da iniciativa de Diego Padula de concretizar uma vontade de transformar o espaço em um ambiente agradável para o público leitor. A representatividade à cultura pelas instituições/entidades que se destacam, como o Mercado Público, o Santander Cultural, o Museu de Arte, o Centro Cultural Érico Veríssimo, a Usina do Gasômetro e o Anfiteatro a margem da Orla do Guaíba, a Biblioteca Pública do Estado, A Casa de Cultura Mário Quintana, o Cinemateca Capitólio, o Museu Júlio de Castilhos, o Theatro São Pedro, os prédios importantes dos poderes do governo estadual, bem como a igrejas católicas e as universidades que fazem parte do Centro Histórico. Além disso, carrega um passado que emerge a uma história que construiu ao longo do tempo sua própria identidade, através de pessoas que marcaram a trajetória no bairro, como citamos os indígenas e negros escravizados. Antigamente, o Centro Histórico, principalmente na Praça da Alfândega, região citada pelas instituições que ali cercam, acontecia eventos, tanto que até hoje em dia acontece. 28 A cidade de Porto Alegre não era oficialmente no passado a capital do Rio Grande do Sul, e sim, a cidade de Viamão. Porto Alegre não era urbanizada, mas se tornou importante por conta do povoamento, e devido a construção que favorecia do Mercado Público a margem do rio Guaíba com o descarregamento de mercadorias nas cargas dos navios que transportavam alimentos, especiarias e objetos, advindos de demais lugares por onde passavam pelo acesso fluvial de um rio para o outro. A formação das ruas, que são parte da memória histórica da cidade, foram transformadas com a arquitetura, tradições típicas do gaúcho, circulação de automóveis nas avenidas construídas, enfim, a sociabilização de um povo sendo constituído em cada época com pensamentos e legados diferentes para a cultura. O Centro Histórico é um lugar muito frequentado, porque são inúmeras pessoas que circulam por vários fatores, dos mais diversos perfis, tanto jovens, quanto adultos. É um lugar propício a acontecimentos dos mais diversos, bem como a implementação de órgãos públicos do Estado e de empresas de vários segmentos que dividem o espaço em meio a tudo que possa existir. A questão da ampla concorrência de mercado, já que é uma proliferação de comércios que são espalhados pelo bairro. As formas de conduzir as vendas para o público geral, dependendo de quais são os produtos ofertados em temporada de promoção e não promoção, seja da qualidade e preço do produtos, bem como o atendimento, faz a diferença para o consumidor, ou seja, o cliente. O negócio precisa atender as necessidades do público, principalmente sabendo lidar com as mudanças ao se adaptar, ainda que o público alvo, são jovens, ou seja, atinge universitários, porque coincide da livraria apresentar o produto que esse público consome e viabiliza a aproximação de instituições que se localizam por perto. Estar de acordo com as demandas, mesmo que resista ao tempo, produtos mais tradicionais, como livros físicos, sempre é preciso se reinventar para não deixar que as pessoas que buscam por livros de papel, prefiram escolher os livros digitais. É importante mostrar que além de ser um espaço comercial, possa proporcionar um ambiente que se faça amizades e parcerias, estabelecendo uma boa conectividade com o universo da leitura em forma de papel para que sempre enriqueça a mente. 29 9. Bibliografia BARROS, José D’Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. _____. O projeto de pesquisa em história. 10ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. _____. Teoria e formação do historiador. 1ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. BLOCH, Marc. A apologia da história ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. BRETON. David Le. Antropologia dos sentidos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016. COIMBRA, David. Canibais - paixão e morte na rua do Arvoredo. 2ª ed. Porto Alegre: L&PM, 2008. COSTA, MOREIRA. Rogerio; Igor. Espaço & Sociedade no Rio Grande do Sul. 4ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1995. Crimes da Rua do Arvoredo: as linguiças de carne humana - Julgamentos Históricos. Disponível em: <Crimes da Rua do Arvoredo: as linguiças de carne humana (jusbrasil.com.br) > Acesso em 25/11/2021, 21:06. MARASCHIN, C.; CABRAL, G. F. O papel do centro histórico na estrutura das cidades contemporâneas – o caso de Porto Alegre, Brasil. Arquitetura Revista, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 59–69, 2015. DOI: 10.4013/arq.2014.102.02. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/arquitetura/article/view/arq.2014.102.02. Acesso em: 20 set. 2021. MELLO. Luiz Gonzaga de. Antropologia Cultural: iniciação, teoria e temas. 19ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. PINSKY, Jaime (Org.). O ensino de história e a criação do fato. São Paulo: Editora Contexto, 1992. Schwarcz, Lilia Moritz. Brasil: uma biografia. 1ª ed. Capital, SP: Companhia das Letras, 2015. https://diegobayer.jusbrasil.com.br/artigos/456091552/crimes-da-rua-do-arvoredo-as-linguicas-de-carne-humana https://diegobayer.jusbrasil.com.br/artigos/456091552/crimes-da-rua-do-arvoredo-as-linguicas-de-carne-humana 30 10. Evidências Mapeamento da região do centro histórico - localização da livraria Padula Livros. 1. Publicidade Virtual - página comercial da Padula Livros. Via internet - facebook 31 Marcador de página - poema O Mapa do escritor Mário Quintana O Mapa Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo... (E nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei... Há tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Há tanta moça bonita Nas ruas que não andei (E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso… 32 2. Padula Livros - via satélite a localização. Via internet - google maps 3. Vista por satélite - imagem em tempo real. Panorama local - centro 33 Ficha de acompanhamento que comprova a visita no local à Padula Livros 17.11.2021 34 22.11.2021 35 Registro Fotográfico Imagens reais do centro histórico de Porto Alegre ao entorno da Padula. 1. Arredores da Padula Livros. Data: 17/11/2021 36 2. Arredores da Padula Livros. 37 3. Fachada da livraria. 38 4. Atração da Livraria. 39 5. Vitrine da livraria. 40 6. Loja física - fachada Data: 22/11/2021 41 7. Entrada do interior da loja. 42 8. Ilustraçãona parede da entrada da loja. 43 9. Estante de livros dos mais diversos gêneros. 44 10. Ao fundo, o retrato ilustrativo da escritora Virginia Woolf. 45 11. Elementos decorativos que compõem o espaço. 46 12. A recepção da loja. 47 13. Outro ângulo da loja - sentido da entrada para a saída. 48 14. Banner no alto da parede - destaca a publicidade. Há elementos decorativos. 49 15. Fachada principal - a calçada da rua tem caixas que destacam livros baratos. 50 16. Escadarias da Duque de Caxias com a Borges de Medeiros. 17. Do alto das escadarias - visão da avenida que mostra o trânsito.
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