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Aconselhamento Psicológico2c Psicodiagnóstico e Psicoterapia

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Aconselhamento Psicológico, Psicodiagnóstico e Psicoterapia. 
prof Carlos R Schütte Jr
Breves considerações 
Até a década de 1940, o AP era mais vinculado ao Psicodiagnóstico e a Psicoterapia era mais vinculada à Psicanálise e pertencia aos domínios da Psicologia Clínica e da Medicina (Psiquiatria).
Daí vem a confusão entre o processo de devolutiva de um psicodiagnóstico que implica em estratégias de orientação e encaminhamento e o processo de aconselhamento propriamente dito que é mais amplo do que uma orientação informativa. 
Trata-se, o aconselhamento, de uma intervenção com finalidade terapêutica, enquanto o psicodiagnóstico pode ter resultados terapêuticos, mas não tem em si uma finalidade terapêutica. 
Breves considerações 
A partir da década de 40, com base na proposta de Rogers (Terapia Centrada na Pessoa), AP e Psicoterapia tenderam a ser identificados e se diferenciarem com relação à técnica psicanalítica, sendo ambos denominados técnicas não psicanalíticas. 
Dessa identificação surgiu a confusão que perdura até os dias de hoje, entre Aconselhamento e Psicoterapia. 
Para Rogers, tanto em AP, como em Psicoterapia, utiliza-se o mesmo método: série de contatos diretos com o cliente objetivando oferecer apoio para mudanças.
Segundo Rogers, toda relação de ajuda é uma relação terapêutica, independente do método: AP, Orientação, Psicoterapia. (diferença entre terapia e terapêutica)
Breves considerações 
E o que caracteriza uma entrevista de ajuda, de acordo com Rogers?
A atitude de receber o cliente de forma acolhedora e de facilitar seu posicionamento diante de seu sofrimento.
Para Rogers, após uma entrevista de ajuda, podem-se ter vários encaminhamentos: estabelecer um contrato de psicoterapia, realizar uma orientação, ou fornecer uma informação, ou ainda encaminhar o cliente a outro profissional ou instituição. Tudo depende da necessidade do cliente e tudo isso é terapêutico. 
Aconselhamento e Psicoterapia
Na verdade, não há diferenças qualitativas essenciais entre Psicoterapia e Aconselhamento, mas sim diferenças quantitativas, de grau. 
Aconselhadores e Psicoterapeutas tem procedimentos semelhantes, tais como: escuta, questionamento, interpretação, explicação e (possíveis) orientações, mas os realizam em proporções diferentes.
Aconselhamento e Psicoterapia
Diferenças Funcionais: 
Predomina na literatura, a tendência a diferenciar Aconselhamento de Psicoterapia, principalmente no que se refere a aspectos funcionais.
Psicoterapeuta e Aconselhador são treinados a aplicar com habilidade, princípios cientificamente comprovados para estabelecer relacionamentos de ajuda com pessoas que buscam assistência na resolução de problemas psicológicos ou relacionais. 
Aconselhamento e Psicoterapia: Diferenças Funcionais
Psicoterapeuta
Mais diretivo
Busca maior aprofundamento
Aconselhador
Menos diretivo
Menor duração
Maior custo
Maior duração 
Foco em questões voltadas à normalidade
Menor custo
Aconselhamento e Psicoterapia: Tendências
Tende-se a associar aconselhamento a contatos mais superficiais e casuais e a psicoterapia a contatos mais intensos e duradouros.
Tende-se a associar aconselhamento ao trabalho com clientes menos perturbados e a psicoterapia a clientes mais perturbados. 
Aconselhamento e Psicoterapia: Tendências
No Aconselhamento é dada ênfase nas potencialidades, nos aspectos saudáveis do indivíduo, independente da gravidade de sua patologia e na utilização dos recursos do ambiente e da autopercepção para o desempenho de um papel social produtivo. Focaliza a consciência e a normalidade. 
Aconselhamento e Psicoterapia: Tendências
Na Psicoterapia, é dada ênfase ao tratamento de problemas de natureza emocional visando remover, modificar, retardar sintomas e promover o desenvolvimento da personalidade. Visa a remoção de perturbações da personalidade, fundamentando-se numa teoria psicopatológica. 
Referências
ROSENBERG, R. L.(org) Aconselhamento psicológico centrado na pessoa. Coleção Temas Básicos de Psicologia. v.21. São Paulo: EPU, 1987. (Capítulo 1).
Cenário 1: Caso P. 
A coordenadora pedagógica de uma escola de educação infantil, envia uma convocação aos pais de P., 5 anos, para uma entrevista com a finalidade de discutir questões relacionadas ao comportamento de seu filho em sala de aula. 
Na entrevista, os pais são alertados sobre a suspeita de que P. possa ser portador de TDAH (Transtorno do Défict de Atenção e Hiperatividade) pois se mostra extremamente disperso em todas as situações de aprendizagem, com todos os professores. Além disso, manifesta sintomas de ansiedade e impulsividade exacerbadas. 
Cenário 1: Caso P. 
Após a entrevista, os pais concordam em levar P. a um Psicólogo para realizar uma avaliação e, se for o caso a um neurologista, ou psiquiatra.
Na primeira entrevista com o psicólogo, é estabelecido um contrato psicológico, de acordo com o qual seriam realizadas aproximadamente 10 sessões, sendo duas iniciais com os pais, cinco sessões com a criança, sendo duas delas para aplicação de testes psicológicos, finalizando o processo com duas sessões de devolutiva para os pais e uma para a criança. 
Cenário 2: Grupo de Pais
Uma psicóloga que atua numa instituição que atende crianças que apresentam dislexia, resolveu compor um grupo com alguns pais de crianças que se encontram em psicoterapia, sob os cuidados de uma outra psicóloga da mesma instituição. 
A ideia de formar esse grupo de pais surgiu, após reunião da equipe técnica em que se constatou a resistência de alguns pais com relação à adesão ao tratamento dos filhos, chegando a afastá-los do atendimento quando apresentavam sinais de melhoras ou agravamento iatrogênico dos sintomas. 
Cenário 2: Grupo de Pais
O objetivo principal do atendimento desse grupo era esclarecer aos pais como ocorre um processo de psicoterapia infantil: as fases, os efeitos indesejáveis e desejáveis e principalmente destacar a importância do apoio e da participação de ambos os pais nesse processo.
Buscava-se assim fortalecer a adesão das crianças ao processo de psicoterapia e o provável encaminhamento dos pais que necessitassem de um processo psicoterapêutico. 
Cenário 3: Caso F.
F. frequenta semanalmente o consultório de G, psicólogo com formação de base analítica. 
O motivo que levou a procurar G foi uma séria crise de ansiedade que desencadeou problemas de relacionamento com a família e de adaptação no trabalho, culminando com sua demissão. 
F. nunca tinha apresentado esse tipo de sintomas e, no geral, é uma pessoa que se mostra equilibrada e com grande capacidade de resiliência em situações de crise. 
Cenário 3: Caso F.
Nesse episódio, resolveu procurar ajuda psicológica, seguindo a orientação do psiquiatra que a atendeu no pronto-socorro, quando teve a crise. 
F. refere ter tido a crise numa semana em que estava sobrecarregada de trabalho, tendo ficado três noites sem dormir satisfatoriamente.
F. trabalha na área de comunicação social. É muito inteligente e perspicaz, tendo encontrado outra colocação no mercado de trabalho rapidamente. 
Cenário 3: Caso F
G. estabeleceu um contrato de atendimento por tempo determinado, a saber, 10 sessões. Estabeleceu-se como foco do atendimento a questão da identificação de limites por parte de F, pois percebeu-se que ela tende a se sobrecarregar para agradar os outros. 
Após esse período, dependendo da evolução de F., G. irá rever esse contrato. Ele acredita que G. está evoluindo bem, apresentando diminuição dos sintomas e uma reintegração psicossocial satisfatória.
Cenário 4: Casal: M. e C. 
O casal M e C. procurou atendimento psicológico, após uma séria crise no relacionamento conjugal. 
A família de M., esposa de C, resolveu interferir e “estimulou” o casal a buscar ajuda profissional, ao constatar que M estava sendo vítima de maus tratos por parte de C. 
C. é alcoolista e nunca fez tratamento para essa dependência. Tem delírios paranoidesem que imagina que está sendo traído por M. Nesses momentos, perde o controle e a agride violentamente. 
Cenário 4: Casal: M. e C.
M. apresenta-se extremamente depressiva apresentando pensamentos suicidas.
O terapeuta R. ao receber o casal, realizou uma escuta atenta e resolveu encaminhá-los para atendimentos individualizados. 
M passou a ser atendida duas vezes por semana por um psicólogo, além de fazer acompanhamento mensalmente com um psiquiatra. O processo de atendimento enfatizava os conteúdos inconscientes, utilizando de forma recorrente a análise da dinâmica psíquica e a interpretação dos sonhos. 
Cenário 4: Casal: M. e C.
C. começou a participar de um grupo de ex-alcoolistas, coordenado por um psicólogo e de um processo de acompanhamento psicológico individual e breve, focalizando a questão da violência, além de ter sido encaminhado ao psiquiatra. 
Ele não aceitou participar de um processo de acompanhamento psicológico individual a longo prazo e nem de um atendimento psicológico voltado para o casal. 
M e C. se divorciaram.

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