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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE CENTRO DE CIÊNCIAS E SAÚDE – CCS CENTRO DE CIENCIAS BIOLOGICAS – CCB DISCIPLINA: MICROBIOLOGIA DOCENTES: PROF.ª GERMANA PAIXÃO PROF.ª LYDIA PANTOJA RESENHA CRÍTICA DECIFRANDO O FUNGO ANA PAULA RIOS MORAIS FRANCISCO BRENO DE SOUSA MONTEIRO LORENA PINTO DE SOUZA MONIQUE DOMINGOS ROCHA NICOLE MESQUITA SILVA FORTALEZA 2021 2 Na história da Biologia e da Medicina, várias descobertas destacaram-se por sua importância no intuito de salvar vidas, como é o caso do desenvolvimento dos antibióticos (medicamentos que promovem a morte de agentes bacterianos). A descoberta da penicilina mudou o rumo dos estudos nesta área, uma vez que doenças conhecidas por sua alta mortalidade puderam ser tratadas. A descoberta foi sem dúvidas, um grande avanço para a humanidade, e foi a partir dela que o antibiótico que sem sua descoberta, antes matavam várias pessoas, agora puderam ser curadas e hoje são tratadas com uma relativa facilidade. Alexander Fleming (1881-1955), nascido em Darvel, na Escócia, mudou-se para Londres para estudar na Escola Médica do St. Mary’s Hospital. Já como médico, com uma especialidade em bacteriologia, que serviu na 1ª Guerra Mundial e seus estudos foram impulsionados pela vontade de descobrir maneiras de curar as feridas infectadas de soldados após a guerra. A sua experiência em hospitais, durante os combates na França, foi essencial para seu trabalho nas investigações que veio a desenvolver posteriormente, uma vez que testemunhou a forma de como muitos feridos morriam devido às infecções. Ele observou que os desinfetantes eram ineficazes, na maior parte dos casos, e assim, dedicou-se às investigações das substâncias bactericidas, ou seja, as substâncias que matavam as bactérias responsáveis pelas infecções. Fleming acabou descobrindo a penicilina por acaso e esse foi seu principal sucesso. Quando voltou da guerra, em 1928, iniciou seus estudos a respeito da bactéria Staphylococcus aureus, responsável por provocar infecções em feridas de soldados. Ele observou que havia esquecido algumas placas com culturas sobre sua bancada no laboratório. Entretanto, algo ocorreu e chamou a sua atenção: as bactérias que estavam nas placas com fungos haviam morrido. Instigado pela observação, propôs-se a trabalhar sobre e, assim isolou o fungo em outras placas. Descobrindo que esse fungo, que era do gênero Penicillium, que sintetizava alguma substância com ação bactericida. Mas somente com essa sua descoberta nem tudo estava resolvido. Afinal, uma coisa é descobrir que um determinado fungo matava as bactérias; outra, bem mais difícil, era isolar o agente específico responsável, estudar o seu comportamento no corpo humano e produzi-lo em quantidade suficiente para ser usado em feridos. Então, Fleming iniciou uma busca para identificar os tipos de fungos que tinham essas características bactericidas e também saber quais eram as linhagens de bactérias que eram sensíveis a essa determinada substância. Porém, sua pesquisa não empolgou o meio científico, já que vários outros trabalhos diferentes eram realizados para obter resultado contra a ação nociva de determinadas bactérias. O trabalho de Fleming era apenas mais um. Esses estudos eram de extrema necessidade para o desenvolvimento de medicamentos que combatessem processos infecciosos. Pois, já haviam matado milhares de feridos na 1ª Guerra Mundial. Após as descobertas biológicas e médicas de Fleming, as pesquisas continuaram e, em 1938, a penicilina foi isolada por outros pesquisadores na Inglaterra: Howard Walter Florey, Ernst Boris Chain e Norman Heatley que trabalharam de forma árdua por vários anos, com muitas experiências e inúmeras investigações. Eles conseguiram desenvolver uma técnica que permitia a produção em grande escala da penicilina, que se apresentou como a substância ideal e recebeu forte incentivo financeiro. 3 Depois de uma discussão bastante considerável, envolvendo o primeiro Ministro decidiram quem seria responsável pela descoberta da penicilina, seria Alexander Fleming. E assim, os avanços continuaram até que, em 1940, o primeiro paciente humano recebeu antibiótico para a cura de uma grave infecção no sangue. A penicilina por meio de sua ação bactericida, permitiu a redução significativa das mortes envolvendo a 2ª Guerra Mundial e, de certa forma, foi inaugurada uma nova fase na medicina: a grande e importantíssima fase dos antibióticos. A partir desse momento e com o fim da guerra, as pesquisas sobre novas formas de produção e sobre a ação de vários outros organismos foram impulsionadas, chegando ao nível de desenvolvimento que experimentamos atualmente, com a produção de antibióticos semissintéticos. Os resultados com a penicilina na época foram tão impressionantes que, por muito tempo, acreditou-se que os problemas com doenças bacterianas haviam chegado ao fim. Infelizmente, houve o surgimento de superbactérias, que são resistentes à grande maioria dos antibióticos. O uso indiscriminado desses medicamentos, não apenas da penicilina, provocou a seleção de cepas bacterianas super-resistentes. ® O que aconteceu depois da descoberta? A descoberta de Alexander Fleming, ela não teve impacto imediato e o seu trabalho deparou-se com grandes dificuldades, que foram superadas por outros cientistas. A descoberta da penicilina demorou vários anos e exigiu muito trabalho e a dedicação de diversas equipes de cientistas, mas acabou por ser bem-sucedido. No decorrer da 2ª Guerra Mundial, foram produzidos os primeiros lotes de medicamentos e os antibióticos passaram a fazer parte das práticas médicas, salvando um número incontável de vidas humanas. Os estudos de Fleming prosseguiram durante os anos seguintes, e assim acabou lhe proporcionando o Prêmio Nobel da Medicina, em 1945, que foi partilhado com outros cientistas que desenvolveram seu trabalho. Ele também recebeu diversas distinções e honrarias até à sua morte, em março de 1955. Sobre o seu papel nesta revolução mundial, Fleming sempre foi particularmente modesto, dizendo que o seu protagonismo era um mito e que o principal mérito cabia às equipes de cientistas que transformaram uma curiosidade científica em um medicamento. A descoberta da penicilina destacou-se pela soma de vários fatores que a tornaram ainda mais interessante, tais como: ü O fungo que contaminou a placa esquecida por Fleming é uma das espécies do gênero Penicillium mais eficientes na ação bactericida; ü O crescimento do fungo e das bactérias ocorreu lentamente, fato influenciado por fatores climáticos atípicos ocorridos na Inglaterra naquele ano; ü O fato de Fleming analisar o material perdido, e não o eliminando de imediato, como era de se esperar. 4 CURIOSIDADES: o A penicilina inibe uma enzima chamada de transpeptidase, que atua na formação do peptídeoglicano (importante componente da parede celular bacteriana). Essa inibição faz com que a penicilina provoque uma rápida destruição da célula e, assim causando a morte das bactérias. o A penicilina pode ser utilizada no tratamento de vários problemas de saúde, tais como: infecções por Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae; sífilis; gangrena gasosa; meningite bacteriana; amigdalites; faringites; sinusites, entre outros. “Sem Fleming, não haveria Florey ou Chain, sem Chain não haveria Florey, sem Florey não haveria Heatley, sem Heatley não haveria penicilina.” Prof. Sir Henry Harris, 1998. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BBC – DECIFRANDO O FUNGO: A HISTÓRIA DA PENICILINA (BREAKING THE MOULD: THE STORY OF PENICILLIN) https://filmow.com/bbc-decifrando-o-fungo-a-historia-da-penicilina- t64406/ 2. MICHAEL T. MADIGAN; JOHN M. MARTINKO; KELLY S. BENDER; DANIEL H. BUCKLEY E DAVID A. STAHHL; MICROBIOLOGIA DE BROCK, 14ª EDIÇÃO; PORTO ALEGRE – RS; ARTMED EDITORA LTDA.; 2016; PÁG.841. 3. GERARD J. TORTORA; BERDELL R. FUNKE E CHRISTINE L. CASE; MICROBIOLOGIA; 12ª EDIÇÃO; PORTO ALEGRE – RS; ARTMED EDITORA LTDA.; 2017; PÁG. 598. 4. WIKIPÉDIA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Fleming
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