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UNIVERSIDADE SALVADOR BACHARELADO EM DIREITO LUCILA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA RIOS ACÓRDÃO Registro: 2017.0000214667 de Habeas Corpus nº 2183713-85.2016.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que são impetrantes PAULO ANTONIO PAPINI e ARISTON PEREIRA DE SÁ FILHO e Paciente MILTON ANTONIO SALERNO, é impetrado MM JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA CIVEL DO FORO REGIONAL DO IPIRANGA FEIRA DE SANTANA 2021 UNIVERSIDADE SALVADOR LUCILA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA RIOS DISCIPLINA: EXECUÇÕES CÍVEIS Trabalho apresentado à disciplina de Execuções Cíveis, como requisito básico atividade prática supervisionada (APS). Proessor: Vicente Coni Junior FEIRA DE SANTANA 2021 ACÓRDÃO EMENTA: 'Habeas corpus' Ação de execução por quantia certa - Decisão que determinou a apreensão do passaporte e a suspensão da CNH do executado, até que efetue o pagamento do débito exequendo, fundamento no art. 139, IV, do NCPC - Remédio constitucional conhecido e liminar concedida Medidas impostas que restringem a liberdade pessoal e o direito de locomoção do paciente Inteligência do art. 5º, XV, da CF - Limites da responsabilidade patrimonial do devedor que se mantêm circunscritos ao comando do art. 789, do NCPC Impossibilidade de se impor medidas que extrapolem os limites da razoabilidade e da proporcionalidade. Ação procedente para conceder a ordem. ANÁLISE É a partir dos meios executivos que a execução autônoma e o módulo de cumprimento de sentença são capazes de produzir efeitos práticos. Os meios de execução buscam representar, na verdade, a técnica processual pela qual a atividade executiva se afigura capaz de produzir resultados, podendo ser agrupados em dois grupos: os típicos e os atípicos, o primeiro tradicionalmente utilizados no processo civil e consistem, de um lado, na sub-rogação, e de outro na coação (ou coerção). No primeiro, o Estado-Juiz se coloca no lugar do devedor e cumpre a obrigação, enquanto no segundo, constrange o próprio executado a cumpri-la. O Código de Processo Civil, prevê algumas medidas com intuito de garantir o cumprimento da sentença no processo de execução, e nesse sentido tem sido discutido a possibilidade de retenção da CNH e passaporte como medida coercitiva, o que tem sido discutido de forma controversa por muitos doutrinadores. Em análise ao ácordão em questão, não concordo com a apreensão do passaporte do executado, como medida coercitiva pois estaria restrigindo a liberdade da pessoa executada, bem como do seu direito de locomoção. Na situação descrita o passaporte apreendido não é um fator determinante para que a execução seja efetuada, pois vale-nos lembrar que em alguns países não é obrigatório a apresentação do passaporte, o que não impediria o executado de sair do Brasil. Pensamento contrário possuo, quanto a apreensão da CNH, pois o direito de liberdade do devedor não é violado diante da eventual suspensão da Carteira Nacional de Habilitação dele. A apreensão da CNH só não seria justificada caso ela seja um mecanismo para exercício de atividade profissional, pois se o executado vive de rendimentos auferidos a partir do exercicio de tal atividade, não seria correto a suspensão da CNH. Pois como determina o Art.139 do CPC, “cabe ao magistrado determinar as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial”. Entendo que através desse artigo seja garantido a efetividade da execução, pois há casos em que o devedor se utiliza de meios ardilosos para livrar seus bens de uma possível expropriação ou penhora e é aí que as medidas atípicas de execução tem seu papel importante. As medidas executivas coercitivas servem como uma pressão psicológica, afim de que se pressione o devedor a cumprir de forma voluntaria a sua obrigação. Daniel Assumpção defende muito bem esse pensamento: Nesse sentido, é importante registrar que a adoção de medidas executivas coercitivas que recaiam sobre a pessoa do executado não significa que seu corpo passa a responder por suas dívidas, o que, obviamente, seria um atentado civilizatório. São apenas medidas executivas que pressionam psicologicamente o devedor para que esse se convença de que o melhor a fazer é cumprir voluntariamente a obrigação. Mostra-se óbvio que, como em qualquer forma de execução indireta, não são as medidas executivas que geram a satisfação do direito, mas sim a vontade, ainda que não espontânea, do executado em cumprir a sua obrigação. (NEVES, 2017) . Nesse sentido as ações coercitivas se tornam justas diante da situação, sendo que a medida executória atipica só é efetiva contra quem não paga a dívida porque não quer. Porém pontuo que o juiz deve sempre analisar e observar o principio da razoabilidade do processo, este que está intimamente ligado a norma do Art. 8° do CPC, utilizando-se do bom senso e da proporcionalidade no que se busca que seja exigido. Estando sempre as medidas coercitivas compatíveis com os limites que são estabelecidos pela lei. Diante disso tenho opinião que o Habeas Corpus em análise, foi julgado procedente. No qual destaco o seguinte acórdão para bem fundamentar. AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1867794- AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AUTOS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. APREENSÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO DO DEVEDOR. MEDIDA EXECUTIVA ATÍPICA. RAZOABILIDADE. AUSÊNCIA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. As medidas de satisfação do crédito perseguido em cumprimento de sentença não podem extrapolar os liames de proporcionalidade e razoabilidade, de modo que contra o executado devem ser adotadas as providências menos gravosas e mais eficazes. 2. Na hipótese, o Tribunal de origem consignou que a apreensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do recorrido ofende os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade pois ausente motivo concreto para a aplicação de medida coercitiva atípica. A conclusão do acórdão recorrido está em conformidade com a jurisprudência desta Corte Superior, atraindo o óbice da Súmula 83/STJ. Precedentes. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1867794/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 07/12/2020, DJe 01/02/2021). REFERÊNCIAS AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. Disponivel em: https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp. Acesso em 14/11/2020 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Medidas executivas coercitivas atípicas na execução de obrigação de pagar quantia certa: Art. 139, IV, do novo CPC. São Paulo: Revista de Processo, 2017. https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp
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