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Educação e tecnologia LUCIANA FERREIRA FURTADO DE MENDONÇA 1ª Edição Brasília/DF - 2019 Autores Luciana Ferreira Furtado de Mendonça Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 O papel da técnica e da tecnologia na história da humanidade ................................................................. 9 Capítulo 2 Educação na Sociedadeda Informação ...............................................................................................................31 Capítulo 3 Mídia Impressa e Educação .....................................................................................................................................52 Capítulo 4 O Uso dos Recursos Audiovisuais na Educação ...............................................................................................72 Capítulo 5 O Uso dos Recursos Digitais na Educação .........................................................................................................92 Capítulo 6 Educação Aberta e a Distância ...........................................................................................................................106 Referências .......................................................................................................................................................................129 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORgAnIzAçãO DO LIvRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução “Os tempos são ‘líquidos’ porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser ‘sólido’.” (BAUMAN, 2007, p. 23). Saiba mais Figura 1. zygmunt Bauman. Disponível em: <https://3.bp.blogspot.com/-uinbD6FL_kI/W1Xwz3ezO4I/AAAAAAAAe7Y/ X0zY0EvOnh4sQ4Hmhg7nlmgjF8jHXa8AACLcBgAs/s1600/zygmunt%2Bbauman.png> Acesso em 3 de dezembro de 2018. Um pouco sobre Zygmunt Bauman Vivemos num mundo cada vez mais dinâmico, fluido e veloz. As informações estão literalmente em nossas mãos e esta facilidade possibilita novas formas de comunicação e interação com as pessoas ao nosso redor. Redimensionamos a noção de espaço e tempo, atualmente com todo o potencial da internet, podemos exercer diversas atividades e relações em espaços geograficamente distantes, tais como: acessar banco (alguns não possuem mais agências físicas somente atendimento online), estudar via ambientes virtuais de aprendizagem, participar de processos seletivos por meio de videoconferência, entre muitas outras ações (SOARES e PERTANELLA, 2013). Mesmo com o uso acentuado e cotidiano de diversas mídias sociais, especialmente por meio dos smartphones e tablets, 34% dos brasileiros ainda não possuem acesso à web, dos que utilizam a rede, a maioria é homem e reside em grandes centros urbanos de acordo com a última Pesquisa Brasileira de Mídia (BRASIL, 2016). Percebe-se que este perfil ainda não reflete o retrato da maioria da população brasileira, no entanto, nos ajuda a refletir sobre a importância deste tema para a formação de um indivíduo consciente dos seus direitos e deveres. Para Greier (2017), vivenciamos uma profunda transformação da sociedade feita por uma comunidade intergeracional, ou seja, as relações propiciadas pelas tecnologias digitais atuais geram novas oportunidades de trabalho, redes fluidas e novas comunidades de aprendizagem aberta para todas as idades. 7 IntRODUçãO Novas alternativas para educação, aprendizado não tradicionais e ambientes de trabalho ganham impulso à medida em que mais pessoas buscam estilos de vida alternativos (...). As pessoas começam a acreditar que são capazes de mudar a humanidade e de acelerar a mudança. É a descolonização de um pensamento fixo. (GREIER, 2017, p. 29-30). Os avanços possibilitados por uma maior conectividade com pessoas, serviços e produtos, inseriu a nossa comunidade num mundo denominado como globalizado. Singer (2000) explica que o termo “globalização” foi utilizado pela primeira vez no final dos anos 1980, tendo como significado a ideia de unificação dos países, possibilitando a integração das culturas mais diversas, línguas, nos trazendo o conceito de “cidadão do mundo”. Este conceito de cidadania planetária (MORIN, 2002) reconhece laços que ligam todos os habitantes do planeta Terra. (...) a partir de uma consciência que reconhece que, independente da nacionalidade e do contexto em que vivemos, estamos todos em um ‘mesmo barco’, habitando um mesmo planeta que necessariamente precisa ser cuidado, reconhecido, valorizado e amado. (MORAES, 2016, p. 2). Para superarmos os desafios vigentes precisamos compreender como este cenário contemporâneo e suas constantes inovações tecnológicas (originadas na eletrônica, microeletrônica, telecomunicações, nanotecnologia, entre outros) estão presentes ou ausentes nos espaços formais de aprendizagem, como os professores e a sua formação estão integrado estas novas necessidades, entre muitas outras questões que são elencadas neste material de estudo. Figura 2. Questões norteadoras para o estudo da disciplina Educação e tecnologia. Como identificar conteúdos relevantes e idôneos numa imensidão de falas que surgem na web? O que seria uma fonte de informação? fidedigna e como identificá-la? Como estabelecer limites em nosso comportamento para que o uso dos aplicativos favoreça a nossa vida? O que é nomofobia? Existem legislações que indicam regras de uso das mídias e tecnologias (relações trabalhistas, sala de aula, entre outros)? Fonte: Elaboração da Autora (2019).8 IntRODUçãO Lembre-se de que você não está sozinho nesta caminhada. Caso tenha alguma dúvida sobre determinada palavra ou conceito, não se intimide, pesquise em dicionários e busque sempre o suporte acadêmico que a universidade proporciona. Juntos iniciamos esta jornada de novas descobertas, portanto, aproveite para embarcar nesta viagem que possui diferentes trilhas que auxiliarão o seu aprendizado! Bons estudos! Objetivos do Livro Didático » Conhecer o papel da técnica na sociedade e a relação entre os seres humanos e as máquinas. » Compreender a importância do material impresso, dos recursos audiovisuais, dos recursos computacionais e digitais no contexto educacional e suas diferentes possibilidades de uso nas práticas pedagógicas. » Analisar o papel da educação na sociedade da informação e as potencialidades das novas tecnologias da informação e da comunicação no processo educativo neste contexto informacional. » Compreender a educação a distância como uma modalidade de ensino, suas especificidades, definições e influência na sociedade informacional. identificando o perfil de cada uma de suas gerações, bem como as novas competências do professor para uma educação aberta, em rede e híbrida. » Conceituar design educacional e design instrucional, analisando sua importância para o planejamento educativo emancipatório. Figura 3. Percurso de Estudo e Aprendizagem da disciplina Educação e tecnologia. Fonte: Elaboração da Autora (2019). 9 Apresentação O homem e a mulher são seres históricos, ou seja, são os autores dos diversos fatos e experiências que compõem esta grande “colcha de retalhos” que forma a história da nossa humanidade. Por sermos históricos, produzimos a todo instante conhecimento, seja para criar novos artefatos e ideias ou para ressignificá-los, assegurando a nossa sobrevivência (VALENTE, ALMEIDA E KUIN, 2017). Com a Revolução Industrial e o uso constante de diversas máquinas e ferramentas, houve uma grande necessidade de se pesquisar novos produtos e formas de agir na sociedade. Este estímulo ao desenvolvimento científico, muitas vezes com o foco no mercado e geração de lucros, ganhou tanta visibilidade que a Unesco (2017) reconhece a capacidade de produzir conhecimento como um dos critérios para distinguir a riqueza e a pobreza de um povo. No entanto, nos enganamos a pensar que a tecnologia somente se faz presente com a criação de máquinas, aplicativos e todo aquele cenário bem típico nos filmes de ficção científica “forma concreta com que a tecnologia é popularmente conhecida” (KENSKI, 2005, p. 17). Ainda permeia nossas mentes um conceito restritivo de tecnologia como algo sofisticado, dominado por robôs e equipamentos com grau de inteligência superior aos homens e mulheres. Nesta unidade de estudo, Tecnologia e Sociedade, compreenderemos que em todas as eras históricas predominaram diferentes tecnologias. Assim, cada momento da nossa civilização foi composto por determinado avanço científico, alterando comportamentos e estruturas sociais. Na capítulo 1 estudaremos a relação existente entre a técnica e a tecnologia na história da humanidade, destacando a evolução social em cada tempo histórico, enfatizando que as inovações científicas são compostas por recursos “ressignificados”, ou seja, recriamos permanentemente novas tecnologias a partir da apropriação das ferramentas já existentes. 1 CAPÍTULO O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE 10 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE Objetivos do capítulo » Compreender o papel da “técnica” e da “tecnologia” para a construção da sociedade em que vivemos. » Conceituar “técnica” e “tecnologia”, identificando novas formas de uso e significados de acordo com as necessidades de cada grupo social. » Analisar a evolução histórica da tecnologia e o papel do homem e da mulher em seu desenvolvimento. » Identificar as principais características da relação homem/mulher com as máquinas, destacando o papel de cada parte para o constante aprimoramento social. O papel da técnica e suas relações na história da humanidade Nos debates e criações artísticas estão sempre presentes as previsões sobre o nosso futuro, uma característica em comum é que teremos uma sociedade altamente tecnológica, com a presença constante de robôs e outros equipamentos sofisticados, com cenários bem típicos daqueles apresentados nas histórias de ficção científica. Se pensarmos nos últimos 10 anos, realmente, contamos com a presença de muitas inovações em nosso cotidiano, algumas até inimagináveis pela maioria da população. Estes questionamentos permeiam o nosso estudo, especialmente, neste tópico, e no final, você será capaz de reconhecer que a tecnologia e a técnica estão em todos os lugares, portanto, “todas as eras correspondem ao predomínio de determinado tipo de tecnologia” (KENSKI, 2005, p. 18). Então vamos começar identificando algumas das ferramentas e recursos, considerados técnicas e/ou tecnologias presentes na história da humanidade a partir do infográfico a seguir? Saiba mais No entanto, o que significa para nós uma “sociedade altamente tecnológica”? Será que já não estamos inseridos neste espaço? Ou será que este espaço sempre estará num futuro? Como nossos antepassados sobreviveram e superaram as dificuldades do seu cotidiano (comida, habitação, saúde, lazer, entre outros)? 11 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Figura 4. Infográfico que destaca algumas das tecnologias/técnicas presentes ao longo da história da humanidade. Fonte: Elaboração da autora (2019). Há muitos anos, o homem e a mulher iniciaram seu processo de humanização, evidenciando características denominadas racionais para diferenciarmos os nossos comportamentos dos animais. 12 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE Você conhece a história dos nossos ancestrais que viviam em cavernas num passado um pouco distante da nossa civilização? Consegue imaginar como eles viviam? Como faziam para enfrentar os desafios encontrados num cotidiano bem diferente do que vivenciamos atualmente? Vamos ajudar você a pensar um pouco sobre esse contexto. Saiba mais Conheça um pouco mais da história da nossa civilização assistindo ao vídeo Homem Pré- Histórico: Vivendo entre as feras. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sCBMPug_fE8> Figura 5. Homem pré- histórico: vivendo entre as feras. Sinopse: Prepare-se para uma viagem na era da pré-história. Entre 12 e 40 mil anos atrás, o homem moderno já havia se estabelecido em todos os continentes, com exceção da Antártica. Ele convivia com tigres dentes-de-sabre, mamutes e ursos gigantes. Aqui, foram usados os mais modernos recursos tecnológicos e científicos para que se vejam nossos ancestrais vivendo entre as feras e lutando pela sobrevivência da forma mais realista possível. Pedras, ossos, galhos e troncos de árvores foram transformados em ferramentas pelos nossos ancestrais pré-históricos. Com esses materiais procuram superar suas fragilidades físicas em relação às demais espécies. O homem primitivo contava com duas grandes ferramentas: o cérebro e a mão criadora (CHAUCHARD, 1972 apud KENSKI, 2005, p. 20). Figura 6. Ossos e pedras utilizados como ferramentas e adornos na pré-história. Fonte: Mundo Antiguo Disponível: <http://3.bp.blogspot.com/-bncA2o9u7tE/TsG5CIQ35LI/AAAAAAAAAAs/CQ2yhS4qW-Q/s1600/herramientas2. jpg> Acesso em 15 de abril de 2019. 13 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Chuva, frio, neve e grandes animais selvagens desafiavam a sobrevivência dos seres humanos e, somente com o uso da sua inteligência e competência, foi possível a construção de recursos que asseguraram a sobrevivência da nossa espécie. Algumas descobertas mudaram a vida pré-histórica e foram idealizadas, construídas por esta população, tais como: fogo, objetosde pedra para caçar e cortar peles, entre outros. Esta “Era” tão conhecida pelas pinturas rupestres, que veio antes da criação da escrita, é chamada de pré-história e é dividida em idade da pedra, do bronze e do ferro. Na Idade da Pedra, os homens – que eram frágeis fisicamente diante dos outros animais e das manifestações da natureza – conseguiram garantir a sobrevivência da espécie e sua supremacia, pela engenhosidade e astúcia com que dominavam o uso de elementos da natureza. (KENSKI, 2005, p. 15). Usavam as cavidades naturais das rochas, copas de árvores e tendas de galhos como “casas”; criavam tintas com alguns minerais coloridos, sepultavam seus mortos em “dólmenes”, aprenderam como obter o fogo, vestiam-se com peles de animais, caçavam e plantavam sua comida todos os dias, pois não tinham como armazenar os alimentos. Este mundo bem diferente deste em que vivemos hoje existiu e nos deixou muitas contribuições e invenções que hoje podem até parecer simples, mas causaram uma revolução à época. Figura 7. Pintura rupestre realizada na parede de uma caverna. Fonte: Portal guia Escolas Disponível em: <http://www.portalguiaescolas.com.br/acontece-nas-escolas/wp-content/uploads/2015/10/lbv-rupestre. jpg> Acessado em 8 de dezembro de 2018. Saiba mais O Museu do Côa, situado em Portugal no Vale do Côa,e constitui-se como o maior conjunto mundial de arte paleolítica ao ar livre, Patrimônio Mundial pela Unesco. Saiba mais Aproveite para navegar pelo Museu Virtual “Arte na Pré – História” e conheça um pouco mais : <http://museusesi.blogspot. com/p/arquitetura-do-egito.html> 14 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE A “invenção da roda” possibilitou a superação da locomoção e movimentação de cargas que estavam além da capacidade humana. O indivíduo era nômade, e esta nova “tecnologia” permitiu novas práticas e atividades que alteraram a rotina das comunidades desse período histórico e, também, daqueles que vieram depois. Figura 8. Linha do tempo que apresenta a evolução da roda de pedra à roda automotiva. Fonte: Burica Pneus Disponível em: <http://www.buricapneus.com.br/files/noticias/9/b08ec850176fa37a8c82577d4b9c863f.jpeg> Acessado em 10 de dezembro 2018. Ao longo da história do nosso planeta podemos afirmar que o homem e a mulher modificaram tanto a natureza quanto construíram diversas ferramentas para superar as dificuldades que vivenciam em suas relações. Assim, podemos afirmar que “as tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana” (KENSKI, 2005, p. 15), em cada época temos uma tecnologia. Você saberia dizer o porquê? Registre a seguir seus comentários sobre a afirmativa da autora Kenski (2005): O processo cotidiano e crescente de inovações somente é possível porque utilizamos o raciocínio, o nosso conhecimento materializado, ou seja, quando o colocamos em prática, origina diversos “equipamentos, instrumentos, produtos, processos, ferramentas, enfim, a tecnologias” (KENSKI, 2005, p. 15). E isso acontece a todo o instante e tempos históricos, não sendo uma marca apenas de um século, pois faz parte do nosso dia a dia. Então podemos afirmar que estamos rodeados de tecnologias? Como você definiria tecnologia? Leia os conceitos de “tecnologia” a seguir: 15 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relativos à arte, indústria, educação, etc. (Dicionário Michaelis, 2016) As palavras técnica e tecnologia têm origem comum na palavra grega techné, que consistia muito mais em se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo. Inicialmente, era um processo em que a contemplação científica praticamente não exercia influências (KNELLER, 1978 ) A palavra tecnologia provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer, e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia significa a razão do saber fazer (RODRIgUES, 2001). Kenski (2008) conceitua tecnologia de duas formas distintas: por meio da relação existente com técnicas e equipamentos, e por meio das novas tecnologias, levando em conta o conceito de inovação. Fonte: Elaboração da Autora (2019). E aí percebemos que o que nomeamos de tecnologia nos rodeia, a todo o momento, e nem paramos para pensar como são usuais, naturais, ao nosso dia a dia. Vejamos alguns exemplos: Figura 9. Exemplos de tecnologias utilizadas em nosso cotidiano. Fonte: Elaboração da autora (2019). A definição de tecnologia costuma nos apresentar conceituações diferentes, pois está estreitamente relacionada com a história da técnica, do trabalho e da produção do homem e da mulher, estabelecendo relações que alteram o seu contexto e trazendo novos significados para as suas ações, “empregando uma técnica até então inexistente” (VERASZTO et al. 2008, p. 65). A tecnologia existia muito antes dos conhecimentos científicos, muito antes que homens, embasados em teorias pudessem começar o processo de transformação e controle da natureza. Além de ser mais antiga que a ciência, a tecnologia não auxiliada pela ciência, foi capaz de inúmeras vezes, criar estruturas e instrumentos complexos. 16 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE Assim, cada indivíduo possui uma maneira de utilizar os objetos, as tecnologias e “(...) aos jeitos ou às habilidades especiais de lidar com cada tipo de tecnologia, para executar ou fazer algo, nós chamamos de técnicas” (KENSKI, 2005, p. 18). E, desta forma, cada geração, cada grupo social, apresentará os seus costumes e hábitos de fazer a sua comida, de estudar, desde comunicar com seus pares, vivenciando uma imensa diversidade de usos. Figura 10. Modo de se alimentar na Índia. Fonte: Mega Curioso Disponível em: <https://img.ibxk.com.br/2014/3/materias/75105885812125123.jpg?w=1040> Acessado em 15 de abril de 2019. Figura 11. vestuário típico das mulheres muçulmanas. Fonte: Dhresource Disponível em: <https://www.dhresource.com/0x0s/f2-albu-g4-M01-29-C9-rBvaEvewOn6AvMxfAAMlying1_E196.jpg/ mulheres-turcas-roupas-mulheres-mu-ulmanas.jpg> Acessado em 10 de dezembro de 2018. As técnicas propiciam ao homem e à mulher usos bem diferentes das ferramentas e recursos disponíveis, como vimos nas imagens acima. Vestuário e alimentação são diferenciados em cada comunidade. Sendo assim, Veraszto et al. (2008, p. 64) afirmam que o grande diferencial do ser humano para os animais: (...) é que o primeiro descobriu que não tem somente o seu corpo como instrumento; muito pelo contrário, o homem aprende que é capaz de criar 17 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 extensões inéditas para que seus membros possam agir no meio de maneira cada vez mais eficiente. Após esta leitura, você ainda tem a mesma definição de “tecnologia” quando iniciou este estudo? Vamos reler o conceito de tecnologia e técnica: Tecnologia – podemos identificar como um corpo sólido de conhecimentos concebidos a partir das necessidades sociais que alteram os valores e costumes, agregando-se à cultura de determinada comunidade. É considerada uma produção basicamente humana que envolve a capacidade de se criar utensílios, ferramentas, recursos, aparelhos e tecnologias simbólicas ou tecnologias da inteligência (LEVY, 1993), tais como a escrita, a linguagem e sistemas de representação e de pensamento. Técnica – podemos compreender como o conjunto de métodos, processos ou regras que são aplicados em determinada atividade/ação humana, sendo uma habilidade para desempenhar/ realizar determinada função (KUSSLER, 2015). Vamos a exemplos bem interessantes que facilitam a compreensão da nossa distinção diante dos conceitos acima: Figura 12. você sabe utilizar o micro-ondas para descongelar ou cozinhar determinado alimento? Sabe programar um relógio digital, pode ser do seu próprio celular, para despertar em determinado dia e horário? Consegue utilizar um software deedição de planilhas para construir cenários financeiros? Já andou de skate e realizou diversas manobras radicais? Nós não fomos os inventores dos múltiplos objetos apontados, não criamos o aparelho doméstico micro-ondas e nem o skate. Mas podemos utilizá- los e aperfeiçoar o seu manuseio em nosso cotidiano, não é mesmo?! Então consideramos o “objeto relógio” uma tecnologia e a ação de programá-lo de diversas formas para o nosso melhor uso podemos nomear como uma técnica. Atenção Caso a sua resposta tenha sido positiva, prossiga a leitura. Se ainda não compreendeu a finalidade do estudo até aqui realizado, reinicie a leitura com calma e solicite suporte acadêmico a sua comunidade de aprendizagem formada por seus professores, tutores, estudantes e coordenadores. 18 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE Conseguiu identificar que a tecnologia originou-se a partir do momento em que o homem e a mulher pré-históricos realizaram a primeira modificação na natureza com o objetivo de aprimorar o seu modo de viver e da sua comunidade? Histórico das inovações tecnológicas no campo da informação e da comunicação O uso de inovações tecnológicas, que se aprimoram com o passar do tempo, possibilita aos homens a ampliação da sua dominação, dos seus poderes políticos e econômicos (KENSKI, 2005). A busca pela soberania política e/ou econômica tem sido o principal objetivo e investimento dos países e instituições que utilizam boa parte do seu orçamento em inovação tecnológica, em novos produtos que possam assegurar a manutenção do seu poder sobre os outros que adquirem, como consumidores, diversas ferramentas que alcançam nossos lares. Muitas foram as inovações elencadas ao longo da nossa leitura, mas algumas delas se destacam por sua relevância para a história da própria tecnologia da informação e da comunicação, você consegue pontuar algumas delas? Vamos relembrá-las numa breve linha do tempo: 1837 - 1839 Johannes Gutenberg, com o desenvolvimento da ptrensa para impressão tipográfica possibilitou a primeira grande revolução com a publicação de livros, folhetos e, depois, jornais. Em 1837, foi patenteado o telégrafo, considerado o maior meio de comunicação a longa distância do século XIX e, logo em seguida, em 1839, o artista e pesquisador francês Louis-Jacques-Mandé Daguerre obteve a primeira fotografia. Saiba mais Figura 13. Johannes Gutenberg. Disponível <https://pbs.twimg.com/profile_images/673316523826544640/54EaTlbt_400x400.jpg> Acesso em 09 de dez. de 2018 19 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Johannes Gutenberg (1396-1468) foi um inventor e gráfico alemão, sendo o primeiro a usar a prensa e os tipos móveis de metal que revolucionaram a técnica de impressão. Nasceu em Mogúncia, Alemanha, no ano de 1396. Poucos anos após seu nascimento sua família mudou-se para Estrasburgo, onde Gutemberg viveu por mais de vinte anos. Em 1434 já era conhecido como um homem de grande habilidade mecânica, proprietário de uma oficina onde ensinava vários ofícios, entre eles o de talhador de pedra, cortador e polidor de espelhos, ourives etc. Quando Gutemberg nasceu, a impressão de imagens era feita através de carimbos e blocos de madeira que mal permitia produzir textos. Sabe-se, que essa técnica foi usada pelo holandês Laurens Janszoon Closter e, que era antiga no Extremo Oriente. Saiba mais em e-biografia: <https://www.ebiografia.com/johannes_gutenberg/> Figura 14. Primeira fotografia registrada por Daguerre de uma rua em Paris. Fonte: <https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/conheca-primeira-fotografia-onde-aparece-um-ser- humano-14468103> 1876 Alexander Graham Bell pesquisou, durante anos, a transmissão de sons por meio da eletricidade e, em 1876, patenteou o telefone. Mas foi Thomas Alva Edison que aprimorou esta última invenção, desenvolveu a produção e distribuição de energia, e patenteou mais de 8 mil inventos (fonógrafo, lâmpada elétrica, gramofone, cinetoscópio, entre tantos outros); Saiba mais Disponível em: <http://www.vantagebroadband.com.au/assets/images/AlexanderGrahamBell.jpg> Acesso em 08 dez. 2018 Alexander Graham Bell nasceu em Edimburgo, na Escócia. Sua família tinha tradição na correção da fala e no treinamento de portadores de deficiência autditiva. Saiba mais sobre Alexander Grahma Bell em: <https://educacao.uol.com.br/biografias/alexander-graham-bell.htm>. 20 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE 1881 - 1891 O engenheiro eletrônico e físico John Ambrose Flemming trabalhou com Thomas Edison e esta parceria rendeu a criação de geradores e luminárias e, juntamente com o cientista Marconi, pesquisaram e construíram diversos recursos que possibilitaram a base técnico-cientifica para o desenvolvimento do rádio, da televisão, bem como dos primeiros computadores. Saiba mais Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_thomas_alva_edison_arquivos/image001. jpg> Nasceu em 11 de fevereiro de 1847, em Milan, localidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos. Autodidata, em 1863, começou a trabalhar como operador de telégrafo da Western Union Telegraph Company. Saiba mais sobre Thomas Edison em: <http://www.dee.ufrj.br/Museu/edison.html> ] Observa-se que nesse curto período de tempo “novas tecnologias” foram apresentadas à sociedade, alterando modos e comportamento do indivíduo e sua comunidade, com desdobramentos até os dias atuais. Continuando com o nosso “passeio histórico”, destaca-se um novo período que possibilitou novas pesquisas e tecnologias a chamada Guerra Fria. Durante quase 50 anos, o mundo ficou dividido em dois grandes blocos de econômicos, de poder, época conhecida como Guerra Fria. Algumas conquistas científicas que aconteceram nessa época são consideradas essenciais para o desenvolvimento tecnológico vivenciado nas últimas décadas. Vamos conhecê-las? Sugestão de estudo Aproveite para conhecer um pouco mais desta história no site abaixo: <https://historiadigital.org/resumos/resumo-guerra- fria/> Dica de Filme: Dr. Fantástico – (1964) – Dirigido por Stanley Kubrick Sinopse do Filme: Um general americano acredita que os soviéticos estão sabotando os reservatórios de água dos Estados Unidos e resolve fazer um ataque anticomunista, bombardeando a União Soviética para se livrar dos “vermelhos”. Com as comunicações interrompidas, ele é o único que possui os códigos para parar as bombas e evitar o que provavelmente seria o início da Terceira Guerra Mundial. Figura 15. Carta do Filme Dr. Fantástico Fonte: Descafeinado Disponível em: <https://2.bp.blogspot.com/-dyVt70EQflA/ WOmWFGidiiI/AAAAAAAAdX8/ivpMaouG9jsPQfC8cTc2X4bcKHbD_ J17QCLcB/s1600/diDa3VLWtRktVrfHwPhIJHBwoBf.jpg> Acesso em 15 de abril de 2019 21 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Figura 16. Linha do tempo com inovações demarcatórias para o desenvolvimento tecnológico contemporâneo.. Fonte: Elaboração da autora (2019). Em 1957, os soviéticos lançaram o primeiro satélite artificial do mundo, o Sputnik 1, e, em 1961, Yuri Gagarin tornou-se o primeiro astronauta a realizar um voo de 48 minutos ao redor do planeta. Em 1958, os Estados Unidos da América criaram a NASA, e, em 1969, conseguiram cumprir o desafio lançado anteriormente, e dois astronautas chegaram até a Lua, pisaram o solo lunar e hastearam uma bandeira do país. Sugestão de estudo Documentário – 40 anos do homem na Lua Especial feito no ano em que se comemorava quarenta anos da chegada do homem a Lua. - Até 20 de julho de 1969, a ida do homem à Lua parecia algo impossível. Uma série especial de três programas com depoimentos de astronautas, engenheiros e chefes da missão conta detalhes do momento. A chegada do homem à lua marcou o século XX. Com o tempo, tecnologias desenvolvidas pela NASA chegaram ao alcance de todos. A comunicação via satélite, tão popular atualmente,já salvou vidas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QViKhWgGVgE> Acesso em: 11 dezembro de 2018. Então você pode se perguntar: Mas como esta disputa pelo “espaço sideral” pode propiciar tanto desenvolvimento tecnológico? Uma das respostas possíveis foi a grande conquista ocorrida em 1964, considerada um marco para a humanidade, que foi a transmissão para todo o mundo via satélite dos Jogos Olímpicos do Japão. Esta façanha pôde ser conquistada devido aos dois satélites de comunicações lançados anteriormente. 22 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE Outra utilidade possibilitada pelo investimento em satélites artificiais, com objetivos bélicos e de espionagem, foi o seu uso para a agricultura, meteorologia e sensoriamento remoto. Figura 17. Faça uma pausa na sua leitura e pesquise inovações relevantes para o seu dia a dia que se originaram a partir de estudos e que têm fins bélicos. Anote seus achados no espaço a seguir: Caso não tenha a oportunidade de realizar a pesquisa, não se preocupe, instigamos você a pensar nestas “inovações”, tão corriqueiras atualmente, que foram criadas para fins bélicos: Café solúvel, antibióticos, fitas adesivas, bancos de sangue, micro-ondas, isopor, entre outros. Com o término da Segunda Guerra Mundial, as chamadas Tecnologias da Informação e da Comunicação “tornam-se importantes meios de comunicação de massa” (CURY & CAPOBIANCO, 2011, p. 5). O infográfico a seguir destaca algumas tecnologias da Primeira Guerra Mundial que foram aprimoradas e utilizadas na Segunda Guerra Mundial e atualmente. Aproveite para refletir sobre como tudo é reaproveitado, ressignificado, possibilitando novos usos e utilidades. 23 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Saiba mais Figura 18. Infográfico da Inovação movida à destruição. Fonte: <http://f.i.uol.com.br/folha/mundo/images/14180368.png> Acesso em 2 de dezembro de 2018. As relações entre conhecimento, poder e tecnologias permeiam toda a história da civilização e Kenski (2005, p. 17) ainda ressalta: Enciclopédias, dicionários, livros, revistas e jornais, por exemplo, são criados em contextos definidos e apresentam informações da ótica de seus autores e editores, ou seja, a informação veiculada em jornal, revista ou livro não envolve a totalidade de informações sobre determinado assunto nem pode ser considerada totalmente isenta e imparcial. O autor apresenta sua versão do fato. Notadamente, percebemos a orientação da percepção do autor nos inúmeros jornais, revistas e blogs que lemos. E assim a mesma notícia pode ser compreendida sobre diferentes óticas. Com a globalização, essas relações de poder, que envolvem o tratamento da informação de acordo com a finalidade desejada do autor , possibilita o engajamento do leitor e define o acesso à tecnologia como primordial. Kenski (2005) ainda aponta que as Tecnologias da Informação e da Comunicação, consideradas midiáticas, alteram o nosso modo de sentir e agir, especialmente, sobre como aprendemos novos conteúdos. Essa “nova cultura” que surge é bem diferente dos “produtos” em massa que 24 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE consumíamos, tais como: jornais, rádios e revistas; eles propiciam uma “personalização das interações com a informação e as ações comunicativas” (KENSKI, 2005, p. 24). Atualmente, podemos escolher as nossas músicas na própria rádio, selecionar as notícias e conteúdos que consideramos mais relevantes para lermos (“chegam” até nós após identificarmos a sua importância), digitalizamos documentos com a câmera do celular, entre outras ações. Sugestão de estudo Leia um pouco mais sobre o assunto. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/noticias/505494-qdeuscriaassecas-e-ohomemafomeqdizex-chefeanticorrupcao-do-quenia>. Acesso em 4 de dezembro de 2018. Figura 19. John Gitongo. Fonte: One Org Disponível em: <https://www.one.org/us/person/john-githongo/> Acesso em 15 de abril de 2019. John Githongo, notório líder contra corrupção no Quênia, apontou que “o crescimento no acesso a smartphones leva à criação de redes que são mais amplas, profundas e duráveis do que nunca vimos antes”, possibilitando a união de pessoas com as mesmas necessidades, que podem estar geograficamente separadas, mobilizando-as em ações sociais, possibilitando a participação ativa no governo do seu país (DIALOGANDO VIVO, 2017). A popularização das ferramentas que conhecemos e temos acesso em nosso cotidiano só foi possível , de acordo com Cury e Capobianco (2011), devido às 10 invenções demarcatórias para a história da TIC (Tecnologias da informação e comunicação), são elas: transistor, computador, software Windows, Atari, navegador web, ICQ, Google, MP3, Facebook e smartphone. Para refletir Você reconhece algumas destas “inovações” destacadas? Pense como e quando utilizava cada uma, relembre como era essa época, as roupas, as músicas, como se relacionava com as pessoas, como estudava... Após esta parada para reflexão, prossiga com o seu estudo! 25 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Caso não tenha recordação ou vivência com estas tecnologias, que já foram consideradas “novas”, leia a linha do tempo a seguir, bem como suas principais contribuições. Figura 20. Infográfico com as 10 inovações que marcaram a história da Tecnologia da Informação e da comunicação. O transistor, considerado o tijolo da tecnologia, possibilitou a evolução dos eletrônicos. Seus desenvolvedores ganharam o prêmio nobel da Física em 1956, possibilitando a segunda geração de computadores da década 1960. O primeiro computador portátil foi criado em 1981. Anteriormente as máquinas eram enormes e chegavam a ocupar uma sala. Considerado fácil de transportar, ainda pesava 12 quilos, era grande para ser utilizado no colo e necessitava estar conectado a uma tomada todo o tempo. Fundado em 1996 por cinco israelenses, o ICQ era o comunicador de mensagem instantânea que fornecia um número para o usuário e permitia que ele se conectasse a outros para a troca de mensagens. Ao contrário do IRC, em que o usuário se conectava a uma sala, sem saber quem estaria por lá, o ICQ permitia, pela primeira vez, enxergar a disponibilidade de determinado usuário. O Facebook foi lançado em 2004 e hoje é considerado a maior rede virtual do mundo. Um celular que possui todas as ferramentas disponíveis num computador pessoal, possibilitando acesso à web, na palma da mão. O sistema operacional Windows, comercializado e vendido pela Microsoft, é o mais utilizado em todo o mundo por ter facilitado a compreensão da interface gráfica e ter inserido o mouse. Assim, os usuários não precisavam saber os comandos específicos para acessar o sistema, apresentando novidades como: barra de menu, barra de rolagem, ícones e caixa de mensagem. Já o videogame Atari, lançado em 1977, fez sucesso no Brasil e iniciou uma comunidade no mundo dos jogos eletrônicos, possibilitando a geração de novos empregos por meio de uma nova cultura de games. Criado oficialmente em 1998, o Google.com tornou-se líder global no mercado de buscas no início dos anos 2000 e persegue a “modesta” missão de organizar todo o conhecimento humano. Sua invenção mudou o modo como são organizadas as informações na internet e tornou possível aos usuários comuns encontrarem o que desejam no gigantesco emaranhado de informações da internet. Esta forma de compressão de dados possibilitou um novo e eficaz formato de se armazenar áudio digital como qualidade, alterando as condições sociais, comerciais e legais da música. Fonte: Elaboração da autora (2019). Assim, podemos perceber que cada período da nossa história é marcado pela existência de uma “nova tecnologia”, alterando as nossas relações com a economia, a política e a divisão social do trabalho e que influenciam diretamente o nosso modo de pensar e agir,expandindo o que compreendemos como “tecnologia”. As novas condições de interação e manipulação destas novas ferramentas, seja a TV digital ou um jogo interativo, por exemplo, nos propicia um relacionamento diferenciado com as “máquinas”, abordando questões éticas que devem ser debatidas como a suposta substituição de homem e mulher por robôs, bem como o uso da inteligência artificial. Sugestão de estudo Sherry Turkle, que pesquisa o tema “Robôs Emocionais”, dissertou sobre o assunto no TED (Transformation, Education and Design) destacando as experiências apresentadas em seu último livro. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rv0g8TsnA6c&t=630s>. Acesso em 23 de janeiro de 2019. 26 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE No próximo tópico discutiremos a relação que constituímos, e estamos desenvolvendo, com as máquinas, pois para Turkle (2013), a forma com que lidamos com estes recursos tem modificado significativamente quem somos e como agimos em nossa comunidade. As relações seres humanos e máquinas Desde a revolução industrial, quando as primeiras máquinas foram ocupando espaços tipicamente de trabalhadores que exerciam a “força física”, que as queixas sobre esta substituição, tendo como consequência a perda de funções e empregos aumentaram. A interação entre humanos e robôs a cada dia que passa torna-se mais natural, seja para o atendimento ao solicitar uma refeição, para o agendamento de um exame ou para cuidar de um idoso, os chamados robôs emocionais (TURKLE, 2013). A robótica japonesa já domina o mundo, mas, na área de serviços, ainda é uma novidade o uso de robôs na maioria dos países. Os robôs sociais, ou de serviço, são pensados para cuidar, recepcionar ou dar assistência, com aparência humana e agradável. A empresa Nextage apresentou um busto humanoide com câmeras integradas em seus olhos e braços; ele tem capacidade de operar caixas eletrônicos, e já está presente em mais de cem fábricas japonesas. As máquinas podem pensar? O que é uma máquina? O que é pensamento? A criação de “máquinas para pensar” não é algo novo. Os estudos se iniciaram na década de 1950, sendo um projeto audacioso conhecido como “inteligência artificial”. Allan Turing, pesquisador desta área de estudo, logo percebeu que estas perguntas são complexas e nos levam a múltiplas respostas. Ainda buscando solução para os questionamentos elencados acima, o pesquisador buscou o “Jogo da Imitação”, conhecido como Teste de Turing, e esta experiência foi decisiva para o desenvolvimento da ciência cognitiva e, logo em seguida, da inteligência artificial. Para refletir Os “robôs de serviço” ocupam cada vez mais espaço no Japão. Você sabe o que é um “robô de serviço? Já imaginou ser recebido em um hotel por um robô “humanoide” que se comunica em qualquer língua ou dialeto existente neste planeta? 27 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 Leia a definição que o Dicionário Michaelis (2016) apresenta sobre “máquina”: 1. Aparelho destinado a produzir, dirigir ou transformar uma forma de energia em outra, ou aproveitar essa mesma energia para a produção de determinado efeito. 2. Qualquer equipamento empregado com um fim específico e cuja ação mecânica é capaz de substituir o trabalho humano. 3. Conjunto de peças que determinam o funcionamento de um mecanismo ou engenho. 4. Qualquer instrumento ou ferramenta que se emprega na indústria para a fabricação de um produto. 5. Aparelho elétrico usado nos afazeres domésticos; instrumento, utensílio. 6. Equipamento mecânico, elétrico, eletrônico ou digital operado pelo ser humano. Para Rodrigues (2018), existem algumas fases evolutivas que nos ajudam a compreender a relação do homem/mulher na evolução dos inúmeros dispositivos para a informação e comunicação. A primeira fase é conhecida como a Lei de Newton ou de botões, iniciada com a Revolução Industrial, é constituída de uma relação mecânica entre o homem/ mulher e a ferramenta, centralizada na ação “apertar botões”, uma resposta digital a um estímulo meramente mecânico. Em nossa literatura temos vários exemplos ilustrativos como a famosa cena de Charles Chaplin no Filme Tempos Modernos, em que a ação repetida de apertar parafusos e, posteriormente, com a máquina ultramoderna que otimizaria o tempo de refeição do trabalhador. Figura 21. Cena do filme Tempos Modernos em que o trabalhador, Charles Chaplin, testa uma nova máquina de comer. Fonte: Portal Raízes Disponível: <https://www.portalraizes.com/content/uploads/2016/11/pl-696x365.jpg?width=1200&enable=upscale> Acesso em 3 de dezembro de 2018. 28 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE Sugestão de estudo Sinopse do Filme: O filme Tempos Modernos (1936) mostra a vida de operários com a Revolução Industrial, em que houve a passagem da produção artesanal, para a produção em série. Os operários se submetiam a uma forma de produção que não era mais de acordo com suas condições físicas e psicológicas, mas, sim, uma forma de produção que visava maior lucro, independente das condições de seus trabalhadores. Figura 22. Filme Tempos Modernos. Fonte: Portal Raízes Disponível em: <http://4.bp.blogspot. com/_44fPDMi1Gzc/S_huqLltygI/ AAAAAAAAFPY/4V2JcVb6Ocs/ s1600/075Moderntimes.jpg>. Acesso em 3 de dezembro de 2018. A segunda fase, a aproximação do significante/significado ou quando meu dedo virou o mouse, introduziu sentimentos humanos na comunicação mediante o computador (CMC). Nesse momento utilizamos o corpo em substituição aos inúmeros “cliques”, comportamentos mecânicos, para acessarmos o que desejamos. Vamos a alguns exemplos: o uso da biometria, jogos virtuais, consoles de videogames que acessam os jogos por meio de movimentos, câmeras fotográficas, uso da voz para acessar comandos e softwares, entre outros. Figura 23. Imagem de uma menina jogando boliche em um videogame. Fonte: Kinect (2011) Disponível em: <https://i.ytimg.com/vi/Wpp7rcu9ndg/maxresdefault.jpg> Acesso em 15 de abril de 2019. Penso, logo executo, é indicada por Rodrigues (2018) como a terceira fase, ainda em desenvolvimento, que possibilitará a execução de comandos somente pelo nosso desejo, pensamento, envolve pesquisas já existentes nomeadas como Brain Computer Interface. Por meio do campo da “Biônica”, estudos que buscam interpretar ondas elétricas cerebrais para 29 O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE • CAPÍTULO 1 execução de ações, como no caso Ian Burkhart, que, mesmo sendo tetraplégico, movimenta suas pernas por meio de um implante. Figura 24. Imagem de Ian utilizando o sistema neurolife, capaz de restaurar a comunicação entre o cérebro e os músculos. Fonte: Reprodução/Ohio State University Wexner Medical Center/ Batelle (2014). As fases citadas nos ajudam a organizar o nosso pensamento e, principalmente, reconhecer como a sociedade se comporta diante da máquina e seus usos. E os cenários, nomeados como distópicos, foram e são criados pelas mídias estabelecendo uma relação competitiva entre as máquinas e seres humanos, não enfatizando a colaboração necessária para que determinado objetivo seja alcançado. O essencial para a nossa reflexão é que o avanço e a descoberta de “novas tecnologias” são certezas que nos orientam, pois vimos ao longo deste capítulo que estas estão presentes em toda a nossa história. A ampliação do seu uso em nosso cotidiano continuará alterando os nossos comportamentos e relações, evidenciando vantagens e desvantagens. No entanto, o que devemos destacar é a necessidade de uma constante formação crítica do ser humano, ampliando o nosso olhar para além dos saberes estáticos, que nos exigem a memorização, para uma educação reflexiva em que as pessoas possam ser criativas, autoras e inovadoras. » Por meio deste nosso estudo compreendemos que não foi somente a “percepção” do ser humano, ao criar novas tecnologias para o seu uso,que originou o surgimento do que denominamos técnica. » As técnicas são ressignificadas por cada grupo social e, portanto, originam novas apropriações e inovações para a mesma ferramenta e ou objeto. Atenção O conceito de distopia foi popularizado em 1868 por John Stuar Mill, sendo o oposto a utopia. Assim, o que é positivo e bom é considerada algo “utópico” e visões negativas e alarmistas como “distópicas”. Como exemplo, as previsões futurísticas que anunciam o domínio do nosso mundo por robôs, que seremos controlados e guiados por eles. 30 CAPÍTULO 1 • O PAPEL DA tÉCnICA E DA tECnOLOgIA nA HIStÓRIA DA HUMAnIDADE » A tecnologia existia muito antes dos conhecimentos científicos, muito antes que homens, embasados em teorias pudessem começar o processo de transformação e controle da natureza. » Por isto que conhecer a história dos nossos antepassados nos ajuda a entender o nosso mundo de hoje, bem como refletir criticamente sobre o processo criador da humanidade, concebendo a tecnologia como algo em constante e veloz mudança, com novos significados e saberes sendo integrados a todo instante, assegurando seu dinamismo e diversidade. » A história da tecnologia está estreitamente relacionada ao desenvolvimento da humanidade e, nas definições lidas, podemos perceber semelhanças entre as definições de ciência e tecnologia. » As palavras técnica e tecnologia são originadas da palavra grega techné, tendo como significado: fabricar, construir, dar à luz. » O conceito de tecnologia pode ser compreendido como o estudo da técnica, ou seja, o estudo da própria atividade do modificar, do transformar, do agir. » Enumeramos as diferenças entre nós e nossos antepassados, especialmente na questão dos costumes e uso de inúmeros artefatos tecnológicos. » Reconhecemos que a sociedade contemporânea possui como marca o acesso mais generalizado às inúmeras tecnologias eletrônicas de comunicação e informação. » Até pouco tempo considerávamos um luxo e sinal de status socioeconômico um telefone fixo em nossa residência e, atualmente, é difícil um indivíduo não ter o seu próprio telefone celular com acesso à internet e a infinidade de aplicativos que asseguram não somente a comunicação, como a locomoção, registro de fotos e vídeos, entre muitas outras ações. » A velocidade com que a comunicação ocorre e as informações são transmitidas, compartilhadas, impõem um novo ritmo de aprendizado e constante adaptação ao novo. » Se antes tínhamos a sirene da escola, da própria fábrica, anunciando o início e término das atividades escolares e profissionais, com as tecnologias da informação e da comunicação que estão à nossa disposição, o nosso conceito de espaço e tempo foi redimensionado. » Vimos que a relação do ser humano com a máquina, conhecida popularmente, também recebeu influência das múltiplas mídias existentes que nos apresentaram cenários futurísticos fantásticos e com o domínio da máquina. » Compreendemos que cada era histórica e suas tecnologias nos proporcionam vantagens e desvantagens, enfatizando a importância de uma educação voltada para a solução de problemas, criativa e que engaje seus estudantes com as questões que nos rodeiam. 31 Apresentação O saber não nos torna melhores nem mais felizes. Mas a educação pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas (MORIN, 2003, p. 10). Escolher a refeição por um aplicativo, levando em consideração critérios como a distância, o tempo de entrega, o preço e as referências de outras pessoas, já é uma realidade. Podemos comprar um livro pela web, recebê-lo em casa ou na loja física da empresa; também podemos fazer compras de roupas e outros produtos via aplicativos disponibilizados pelos shoppings, ou adquirir objetos de outros países e realizar pagamentos com o uso de pulseiras e relógios. Aprendemos a nos expressar por caracteres, com emoticons e a nos relacionar por meio de sala de bate-papos e, atualmente, aplicativos de relacionamento nos aproximam por nossas semelhanças emocionais ou até mesmo geográficas, por meio de um match. Figura 25. Charge sobre o cotidiano da sala de aula contemporânea. Fonte: gazeta do Povo Fonte: <https://www.gazetadopovo.com.br/blogs/wp-content/uploads/sites/19/import/tirinha_tecnologia_sala_de_aula. jpg> Acesso em 16 de abril de 2019. Na sociedade atual, também conhecida com “sociedade da informação”, ter acesso à informação não é suficiente, é necessário competência para transformá-la em conhecimento, sendo a 2 CAPÍTULO EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO 32 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO educação continuada ao longo da vida, um elemento-chave para que possamos acompanhar e inovar diante deste novo contexto que requer posturas e adaptações. Imagem 26. Convergência de conteúdos, computação e comunicações. Fonte: takahashi (2001). A convergência de conteúdos, computação e comunicações, num período curto, disseminou por meio da internet a conectividade como um fenômeno singular, que tem possibilitado o desenvolvimento de diversos países do mundo (TAKAHASHI, 2001, p. 3). Subjacente a todas aquelas atividades corriqueiras está uma imensa malha de meios de comunicação que cobre países inteiros, interliga continentes e chega as casas e empresas: são fios de telefone, canais de micro-ondas, linhas de fibra ótica, cabos submarinos transoceânicos, transmissões via satélite. Saco computadores, que processam informações, controlam, coordenam e tornam compatíveis os diversos meios. Aglutinando e dando sentido à estrutura física, estão as pessoas que a operam ou dela se utilizam A complexidade das relações é tão vasta que muitas vezes nem nos damos conta da infraestrutura existente para que possamos atuar e interagir com tantos serviços disponíveis. Estes recursos reunidos formam uma verdadeira “superestrada” de conteúdos nomeada como “infovia” ou “supervia” (LEVY, 2003). Neste novo paradigma da sociedade da informação, a difusão de acesso às redes é uma urgência, universalizando os serviços de informação e comunicação para todos os indivíduos, evitando a exclusão digital e a ampliação das desigualdades sociais existentes. Fomentar a universalização de serviços significa, portanto, conceber soluções e promover ações que envolvam desde a ampliação e melhoria da infraestrutura de acesso até a formação do cidadão, para que este, informado e consciente, possa utilizar os serviços disponíveis na rede. (TAKAHASHI, 2001, p. 31) 33 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 Sugestão de estudo Figura 27. Livro verde. Fonte: <https://cache.skoob.com.br/local/images//e_p7BzK1PdjWHetMvz2IK32mbcs=/960x720/center/top/ smart/filters:format(jpeg)/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/255364/SOCIEDADE_DA_INFORMACAO_NO_ BRASIL_1343537753B.jpg> Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde No ano de 2000, o Ministério da Ciência e Tecnologia, de forma colaborativa com diversos agentes sociais, organizou metas para a implementação da sociedade da informação no Brasil. O documento contempla um conjunto de ações que tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do nosso país. Os seguintes aspectos são abordados: ampliação do acesso, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à pesquisa e desenvolvimento, comércio eletrônico, desenvolvimento de novas aplicações. (SocInfo, 2001). Neste capítulo, abordaremos o papel da educação na sociedade da informação, conceituando suas principais características, possibilitando, por meio dos dilemas e vantagens apresentados, que você possa refletir sobre a sua importância no contexto atual. Conhecendo as potencialidades disponíveis pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação para o processo educacional, esperamos que sua atuação diante destas novas ferramentas seja de forma crítica, significativa e ética. Objetivos do capítulo » Conhecer o contexto históricoque possibilitou a configuração da sociedade da informação, identificando suas principais características. » Identificar o papel da educação diante do cenário desenhado pela socidade da informação, descrevendo as principais oportunidades e desafios para o desenvolvimento integral do ser humano. » Relacionar as características identificadas como próprias da sociedade da informação às necessidades de aprendizado do indivíduo, de forma que possa exercer o seu papel cidadão com protagonismo e criticidade com o uso de múltiplas linguagens. 34 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Características da Sociedade da Informação Figura 28. Smartphone. Fonte: vexels. Disponível em: <https://images.vexels.com/media/users/3/132187/isolated/lists/8479163c107a3a4e3256b5263e63b321- smartphone-na-mao-dos-desenhos-animados.png> Acesso em 15 de abril de 2019. Existem sete bilhões de números de telefones celulares no mundo e 50% da população adulta do planeta tem um smartphone. O percentual será de 75% em 2020. Consequentemente, a rede é uma realidade generalizada para a vida cotidiana, as empresas, o trabalho, a cultura, a política e os meios de comunicação. Entramos plenamente numa sociedade digital (não o futuro, mas o presente) e teremos que reexaminar tudo o que sabíamos sobre a sociedade industrial, porque estamos em outro contexto. (CASTELLS, 2015, p. 2). Aos poucos podemos confirmar que estamos vivendo, em larga escala e com toda velocidade, uma nova era de inovações tecnológicas, denominada por Schwab (2016) como a 4ª Revolução Industrial. As transformações surgem das áreas da Engenharia Genética e Neurotecnologias, ampliando o impacto à segurança geopolítica e a tudo aquilo que consideramos ético, tendo repercussão em como nos relacionamos com nossos pares, trabalho, familiares e a sociedade. Para os estudiosos deste tema não é apenas uma mudança que se refere às inovações tecnológicas, e, sim, uma mudança de paradigma, uma transição para novos sistemas e infraestruturas já alicerçadas pela revolução digital. Observe o infográfico a seguir que destaca as principais características das três revoluções anteriores, evidenciadas como processos históricos transformadores. 35 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 Figura 29. Infográfico sobre as Quatro Revoluçõs Industriais. Fonte: <http://engenhariae.com.br/wp-content/uploads/2018/04/grafico-revolucao-industrial.jpg> A primeira revolução, com o apoio das máquinas a vapor, alterou o processo produtivo artesanal para mecânico, com estruturas bem hierarquizadas e ações em série a serem cumpridas de forma mecânica pelos trabalhadores. Sugestão de estudo Figura 30. Cartaz do Filme Os miseráveis. A obra literária Os Miseráveis foi escrita pelo autor francês Victor Hugo, publicada em 1862, e retrata a sociedade francesa do século XIX, tendo como panorama a visão da população pobre. A história já foi adaptada para filmes, séries e teatro. Tenha uma nova perspectiva sobre a Revolução Industrial assistindo à última versão cinematográfica deste clássico, adaptado de um musical da Broadway, que retrata as más condições de trabalho, êxodo rural, desigualdade social, pobreza, bem como o empreendedorismo e a importância do trabalho para o ser humano. A segunda Revolução Industrial destaca-se com a descoberta e o aproveitamento de novas fontes de energias (o petróleo, a água, a eletricidade e, até mesmo, o urânio), ampliou a produção 36 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO especializada e em massa, surgindo as esteiras rolantes, de forma a dinamizar todo o processo da linha de montagem, este método de racionalização conhecido mundialmente como Fordismo. Saiba mais Figura 31. Henry Ford. O Fordismo refere-se aos sistemas de produção em massa elaborado pelo maquinista e americano Henry Ford, com o objetivo de aumentar a produção, visando à dimuição nos preços e ao crescimento das vendas. Este modelo segue princípios simples de padronização, sendo que cada operário realizava apenas uma ação da etapa de produção, sem a necessidade da especialização do trabalhador para efetivar a atividade. Fonte: <http://leansixsigmadefinition.com/glossary/henry-ford/.> Figura 32. O mundo envolvido e consumindo os mesmos produtos. Fonte: Racionalize Blog <https://racionalizeblog.files.wordpress.com/2017/03/cultura-e-globalizacao.jpg> Acesso em 03 de dezembro de 2019. Após a Segunda Guerra Mundial, com a possibilidade de uso da energia nuclear do átomo, da robótica e o advento da internet, marca-se o despontar da Revolução Informacional, ou seja, a 3ª Revolução Industrial. Os destaques são os avanços tecnológicos e científicos desenvolvidos e aplicados na indústria, agricultura, pecuária, comércio e prestação de serviços. Sendo a globalização compreendida como essencial nas relações sociais entre os diferentes países, transpondo as fronteiras continentais por meio da venda e consumo massificado dos produtos. 37 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 Figura 33. Fábrica Inteligente na Alemanha. Fonte: O globo Disponível em: <https://s2.glbimg.com/7cEdl3KjpPtfWx7RvHmUV9DLHf4=/0x0:1920x1080/1008x0/smart/ filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/2/A/ wHfiJZQYOqq3zogy2Oow/fiat.jpg> Acesso em 16 de abril de 2019. Já a expressão quarta revolução industrial foi criada pelos alemães em 2011 para identificar as “fábricas inteligentes” que utilizam todos os recursos tecnológicos existentes aliados à conectividade. Apresentam sistemas ciberfísicos, integrando máquinas e processos digitais, capazes de tomar decisões e cooperar com os seres humanos. As fábricas inteligentes poderão se autocontrolar, economizando, ao longo do tempo, bilhões de dólares para a economia mundial, acarretando o fechamento de 5 milhões de postos de trabalhos nos 15 países mais industrializados do mundo, dados apresentados no Fórum Mundial de Davos, realizado em 2016. Saiba mais Barômetro Global de Inovação – É uma pesquisa de opinião realizada anualmente, pela empresa GE, com executivos seniores de 23 países engajados com estratégias disruptivas. A primeira edição foi publicada em 2011, sendo sempre organizada em duas partes: os achados-chave e o resultado de apoio. Schwab (2016) reconhece que esta revolução possui o potencial de aprimorar a qualidade de vida da sociedade, promovendo ganhos para a economia mundial. Muitos líderes de diversos países, 70%, estão entusiasmados e acreditam que estamos vivenciando a “4ª Revolução Industrial”, foi o resultado do Barômetro de Inovação Global (2016), pesquisa realizada com 4.000 líderes de 23 países interessados e financiadores das novas tecnologias. Assim, a palavra-chave da atualidade é “disrupção”? Já leu alguma notícia ou artigo sobre este conceito? Dê uma paradinha nesta leitura, busque o significado e anote, com as suas palavras, o que você compreendeu nesta pesquisa: 38 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Agora, vamos fazer uso somente das expressões-chave da sua pesquisa, formando uma “nuvem de palavras”. Preencha o espaço a seguir com as suas palavras e reflita sobre as questões que envolvem o processo disruptivo: Figura 34. nuvem de Palavras construída no aplicativo tagul. Fonte: Elaboração da autora (2019). Saiba mais Você já construiu uma “Nuvem de Palavras”? A nuvem de palavras, também conhecida como nuvem de etiquetas/Tags, é uma excelente ferramenta de estudo. Possibilita “brincar com os dados”, ou melhor, por meio do destaque e análise das palavras de um texto. Aprimora a apresentação dos seus dados, pois você pode escolher a melhor imagem que se adéqua ao destaque das palavras a partir de três características importantes: método heurístico de análise – cada palavra pode ter ser seu tamanho definido pela sua relevância em determinado corpus do texto, estabelecido pelo autor ou sua repetição no texto, apontando caminhos para se interprertaro texto; possui recurso navegacional que possibilita interação ao passarmos o curso em cada palavra; apresentação ou visualização dos dados – destaque dos dados de forma sintética, resumida. Alguns sites gratuitos que permitem a construção: wordle, wordcounter, tagxedo, tagul, wordclouds, word clouds for kids, entre outros. 39 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 Saiba mais E como este conceito, “disrupção”, pode afetar ou influenciar o cotidiano educacional? Vamos refletir a partir de uma história real de um produdo considerado inicialmente disruptivo, e, hoje, seu uso alterou a forma de nos relacionarmos com diversas formas de conteúdo: Figura 35. Logo Yoube. Fonte: <https://www.youtube.com/yts/img/yt_1200-vfl4C3T0K.png> Seu primeiro escritório ficava em cima de uma pizzaria, como não tinham recurso financeiro para colocar paredes na sala, separavam os espaços com cortinas, seu primeiro produto lançado foi alvo de risadas, pois era considerado tosco e mal acabado. Os três estudantes, fundadores, tinham como objetivo criar uma plataforma para armazenamento de vídeos caseiros, o primeiro vídeo possuía apenas 19 segundos com um assunto “eletrizante”, uma rápida visita ao zoológico. Somente dois anos depois que o empreendimento começou a apresentar resultados positivos e logo em seguida já era responsável por 65% do mercado de vídeos on-line e, desde então, alterou nossa forma de nos relacionarmos provocando o surgimento de uma nova cultura, possibilitando o surgimento de novos espaços de trabalho e propaganda como os youtubers, entre outros. Fonte: Youtube Outra experiência, que num primeiro instante foi considerada fracassada foi o lançamento das câmeras digitais portáteis que possuíam um padrão de qualidade bem inferior em relação às cameras antigas, com forte rejeição ao seu uso. Normalmente, as inovações disruptivas chegam à sociedade com qualidade inferior aos produtos já existentes e, aos poucos, ganham espaços. Vamos pensar em mais alguns exemplos? Figura 36. Serviços com projetos disruptivos. Fonte: Elaboração da autora (2019). Disponível em: <https://www.underconsideration.com/brandnew/archives/uber_2018_app_icon_before_after.png> <https://cuponomia-a.akamaihd.net/img/stores/original/netflix.jpg> Os serviços destacados alteraram o nosso relacionamento com os produtos em questão. O Uber sensibilizou uma categoria de trabalhadores, levantando pontuações jurídicas sobre a sua validade e aumentando a concorrência neste setor de transporte particular. Recentemente, lançaram uma 40 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO nova opção para baratear o custo, em que você pode dividir o valor do seu trajeto, “corrida”, com desconhecidos, compartilhando, assim, o mesmo veículo, contribuindo com a diminuição de veículos e emissão de gases poluentes no trânsito da cidade. Para refletir Aproveite para pensar em como o “Airbnb” e a “Netflix”, inicialmente, foram considerados disruptivos. Busque outros exemplos e relacione-os com as características que estamos conhecendo da sociedade da informação. Se possível, liste suas vantagens e desvantagens. Então, podemos compreender que disrupção é um processo, pois o produto evolui ao longo do caminho, requerendo um modelo de negócio bem diferenciado, com custo mais acessível e alterando a forma com que nos relacionamos com o produto em questão. Figura 37. Estudante em dúvida Fonte: <https://www.oticalider.com.br/media/wysiwyg/rwd2/blog/duvidas.png> E como ficam os países que não possuem acesso a estas tecnologias “de ponta”? Como eles se relacionam ou se organizarão para acompanhar estas transformações? Qual o papel da escola neste cenário de constantes mudanças que nos solicitam uma postura criativa e empreendedora? E o Brasil possui infraestrutura científica, tecnológica, educacional e financeira para acompanhar esta velocidade de inovações? De acordo com Castells (2018), vivenciamos um novo paradigma tecnológico, que pode ser explicado por meio do termo sociedade informacional, reforçando que foi no final do século passado que o termo sociedade da informação foi difundido, juntamente com o conceito de Globalização, também conhecido como Nova Economia ou Sociedade do Conhecimento. A expressão sociedade da informação foi utilizada pela primeira vez pelo economista Fritz Machlup (1993) em substituição ao complexo conceito de sociedade pós-industrial. Para Machlup (1993), o conhecimento é um recurso econômico e seus estudos vislubraram o surgimento de uma nova economia após a Revolução Industrial, ou seja, com o uso intenso dos recursos tecnológicos na sociedade, o papel do ser humano seria reconfigurado. 41 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 Atenção Sociedade da informação é uma expressão comumente usada para designar uma forma de organização social, econômica e cultural, que tem como base, tanto material como simbólica, a informação (MATTOS, 2002, p.12). Uma das características presentes no conceito formado de “sociedade da informação” é a constante transformação das dinâmicas sociais propulsadas pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação. As seguintes características são destacadas por Castells (2000): Figura 38. Características da Sociedade da Informação. O efeito das novas tecnologias tem alta penetrabilidade Flexibilidade Predomínio da lógica de redes Crescente convergência de tecnologias A informação é sua matéria prima Fonte: Elaboração da autora (2019). <https://www.shutterstock.com/pt/image/1109859014> Neste “novo paradigma”, o ser humano tem como objetivo desenvolver novas tecnologias para atuar na informação e, a partir destas, criar diferentes cenários para a sociedade, interligando todas as atividades que desempenhamos em nosso cotidiano. De acordo com Delors (2010), surge uma nova sociedade mundial que obriga todos os indivíduos e países, local e global, a repensar o vínculo entre educação e política, economia, sociedade e cultura. Castells (2003) atribui como algo realmente “novo” à Sociedade da Informação a reestruturação nas relações de trabalho, poder e entre as pessoas, propiciando o surgimento de uma nova cultura. Esta nova estrutura decorrente das novas relações se configura em forma de “rede”. 42 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Figura 39. Rede relacional Fonte: Disponível em: <http://eventos.ifg.edu.br/encontropsicologosifs/wp-content/uploads/sites/42/2018/07/cliente- rede1.jpg>. Acesso em 12 de Janeiro de 2019. Uma rede é um conjunto de nós interconectados. A formação de redes é uma prática humana muito antiga, mas as redes ganharam vida nova em nosso tempo transformando-se em redes de informação energizadas pela internet. (CASTELLS, 2003, p. 7). O conceito de “rede” também não é algo novo. A caça e a agricultura também exigiram do ser humano uma cultura em rede, ou seja, as gerações mais novas se apropriavam das informações e conhecimentos adquiridos pelos mais antigos para a melhoria contínua das práticas sociais. Vimos vários exemplos destes aperfeiçoamentos ao longo dos estudos na Unidade 1; sendo assim, as principais vantagens da rede são a flexibilidade e a adaptabilidade inerentes, essenciais para a sobrevivência num contexto em eterna e veloz mutação (CASTELLS, 2002). Sugestão de estudo A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade (Manuels Castells) Manuel Castels, professor de Sociologia da Universidade de Berkeley – Califórnia, é considerado o principal analista da era da informação e da sociedade em rede, sendo considerado o primeiro e mais importante filósofo do Ciberespaço. No livro indicado, o autor aponta a web como a espinha dorsal da sociedade atual e da nova economia, pontua as contradições criadas e discute as realidades do mundo digital. Figura 40. Manuels Castells. Fonte: <http://sonic.northwestern.edu/ wp-content/uploads/2011/03/Castells. jpg> 43 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO2 Hoje em dia conseguimos visualizar, de forma concreta, as redes existentes por meio de estruturas mais explícitas como a própria web e a telefonia móvel, em contraste com fatos históricos passados, em que as organizações utilizavam cadeias de comandos verticalizadas e racionalizadas. Figura 41. Exemplo do pensamento em rede por meio dos aplicativos sociais. Fonte: Whatsrel <http://whatsrel.com.br/post/28/>. Figura 42. Exemplo de rede web. Fonte: Intel <https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ah UKEwiZg4OIvN3gAhVqDrkGHQN-Di8QjRx6BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Fwww.ceara.pro.br%2Fintroducao%2FIV- redes%2Fredes02.html&psig=AOvvaw10eMrBklu9mifmFO8IkPvm&ust=1551410281086614> Para Musacchio (2013), a maioria da população mundial já vivencia o cotidiano da sociedade da informação e que o atual desafio é inserir os indivíduos na “sociedade do conhecimento”, tornando-se agente participativo e colaborador nas múltiplas redes sociais, interagindo e produzindo novos saberes, juntamente com a comunidade em que está inserido. 44 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Enfatiza que nosso principal dilema não é apenas encontrar o conteúdo, averiguar a sua validade e fidedignidade, mas construir informações relevantes cognitivamente, elevando intelectualmente os envolvidos. Esta noção de “sociedade do conhecimento” começou a ser discutida na década de 1990 e, nos anos seguintes, logo foi adotada pela Unesco e diversos autores como uma nova alternativa que retrata de forma mais adequada as características que estamos vivenciando. Quadro 1.. Características demarcatórias da sociedade da informação e da sociedade do conhecimento. Sociedade da Informação Sociedade do Conhecimento Acesso democratizado, universalizado e global à informação por meio de recursos eletrônicos. Produção, participação e colaboração por meio das redes sociais Acesso à web a diferentes páginas de informação Autorias compartilhadas Acesso a revistas, clippings, jornais e notícias do mundo inteiro Construção e compartilhamento de novos conteúdos Acesso a bibliotecas virtuais Conectividade Fonte: Musacchio (2013). Posicionamento do autor Vale ressaltar que as diferenças conceituais apresentadas, defendidas por autores diferentes, demonstram a riqueza do estudo e debate, possibilitando a você, estudante, a leitura de concepções que podem aparentar divergências, mas que evidenciam os mesmos dilemas sociais a ser superados pelas sociedade. Saiba mais Caso queira aprofundar o debate, sugerimos a leitura do livro Desafios de palavras: enfoques multiculturais sobre as sociedades da informação. Coordenado por Alain Ambrosi, Valérie Peugeot e Daniel Pimienta, C & F Éditions, 2005. Os dilemas da sociedade da informação Provocação As informações sempre nos cercaram nos mais diferentes espaços. A grande diferença, atualmente, é a acessibilidade por meio das mídias diversas e nos sistemas existentes. Novos dilemas apontam neste novo cenário uma fluidez, ou seja, temos acesso a informações que podem ser transformadas e modificadas em qualquer instante, mas será que somente o acesso é suficiente para o ser humano realizar as inovações sociais que são necessárias a sua emancipação? 45 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 A indiferenciação do acesso às informações na internet em relação à identidade, idade e formação nivela todos os usuários e provedores. Não há necessidade de treinamento ou formação específica para acessar e manipular a informação, ao contrário, na internet se dá a ruptura com as fontes estabelecidas do poder intelectual e se abre o acesso e a manipulação da informação, há interação e comunicação direta entre os autores e leitores. Abrem-se espaços também para que todos possam ser atuores e trocar informações e conhecimento com todo o mundo (KENSKI, 2005, p. 51). Diante deste contexto, quais seriam os desafios de uma sociedade que possui abudantemente acesso a informação e aos seus meios de produção? Relacionamos alguns desafios; leia-os com atenção, insira novos comentários originados em seu processo reflexivo, nos espaços em branco: Figura 43. Mural dos desafio. Fonte: Elaborado pela Autora (2019). 46 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Werthein (2000) salienta que os dilemas da sociedade da informação podem ser superados pouco a pouco, e incluem o caráter técnico, econômico, cultural, social, legal, de natureza psicológica e filosófica. Autores mais pessimistas enfatizam os aspectos considerados negativos, tais como: perda de postos de trabalho e qualificação, associados à automação das instituições e ao desemprego; de comunicação interpessoal e coletiva, alteradas e, até mesmo, destruídas pelo uso intensivo das tecnologias da informação e comunicação; de privacidade, em razão da exposição excessiva do cotidiano individual e ideias ; controle da vida pessoal, seja pela comunidade profissional ou familiar, tendo em vista o fácil acesso a dispositivos geolocalizadores e postagens de status em redes sociais. A contínua e acelerada transformação tecnológica ressalta a necessidade de uma sociedade baseada no pilar “aprender a aprender”, que compreende a educação como processo contínuo e para toda a vida. (...) trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. (TAKAHASHI, 2001, p. 45). Desta forma, as instituições formais de ensino precisam assumir o papel de formadores dos cidadãos para este cenário complexo que se configura nos dias atuais. Por meio de elaboração e implementação de políticas públicas, assegurar um espaço privilegiado à educação, propiciando condições para o seu desenvolvimento, ampliando a sua missão e funções sociais (KENSKI, 2005). A Importância da Educação na Sociedade da Informação Figura 44. O saber na palma das mãos. Fonte: <https://sabernarede.files.wordpress.com/2012/11/bsit-header.png> Uma parte importante da educação tem a ver com informação: sobre o mundo que nos rodeia, sobre os outros e sobre nós mesmos. É certo que informação 47 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 e conhecimento não são exatamente a mesma coisa, mas tampouco se deve exagerar tal distinção. Por um lado, o conhecimento sempre implica informação (embora vá alem dela) (...) (TEDESCO, 2004, p. 23-24). Sabemos que ao longo da história da humanidade a informação sempre foi escassa, muitas vezes preservada em sigilo, sendo considerada uma ferramenta de poder, por isso poucos “privilegiados ” tinham acesso. Em contrapartirda, atualmente, convivemos com a facilidade de acessar e adquirir diferentes contéudos. Um exemplo interessante foi o sinalizado pela famosa Biblioteca da Univerisdade de Harvard que levou 275 anos para reunir seu primeiro milhão de livros. Este motivo de orgulho somente foi superado, ao realizar a última contagem, e perceber que somente nos últimos cinco anos conseguiu atingir a aquisição de mais um milhão de livros em versões digitais e impresso. O uso da Biblioteca Digital revolucionou o acesso a múltiplas obras literárias, especialmente as mais recentes e atualizadas, nas universidades, e aponta que encontrar a informação não é mais um dilema. Sendo assim, o papel atual da educação é incluir e conectar todos nesta imensa rede, desenvolvendo suas funções cognitivas superiores, por meio de atividades que possibilitem a solução de problemas, a selecionar, a avaliar e a interpretar o conteúdo, “ (...) evitando, assim, que o ensino fique reduzido ao nível de destrezas elementares” (TEDESCO, 2004, p. 25). Portanto, os espaços formais de ensino compartilham com outros meios o papel de informar. Estaé considerada uma grande alteração no papel social e pedagógico da escola, pois há poucos anos a rigidez dos conteúdos curriculares e a dificuldade em se ter acesso a uma ampla e atualizada bibliografia facilitava o desempenho das funções da escola. Figura 45. Charge sobre a produção de conhecimento. Fonte: Estadão (2015). 48 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Como ilustrado pela charge, as múltiplas redes de informação, propiciam novas e múltiplas possibilidades de relacionamento com o conhecimento e o aprendizado (KESNKI, 2005). A sensação é de que somos detentores de todos os saberes devido à facilidade de acessar conteúdos variados. Esta mudança de postura somente ocorrerá com investimento contínuo em educação, Takahashi e colaboradores de diversas areas (2001) apontam iniciativas que devem ser amplamente desenvolvidas para assegurar a soberania e o crescimento do nosso país diante das outras nações que, em larga escala, aumentam significativamente a sua capacidade de inovação e, consequentemente, solidez econômica: » Aumento drástico e veloz do nível de alfabetização digital no País. » Novos modelos de conectividade amplo de escolas públicas e privadas. » Qualificação dos profissionais em nivel técnico e superior de todas as áreas das novas tecnologias. » Aumento significativo de programas que formem especialistas nas novas tecnologias em todos os níveis. » Uso em larga escala das novas tecnologias para a formação dos cidadãos em propostas híbridas e/ou em educação on-line. » Criação de laboratórios virtuais em apoio às pesquisas interdisciplinares com especialistas geograficamente dispersos. » Leitura e produção em multimeios a partir da inserção do tema transversal “leitura crítica e produção de informações nos meios providos pelas tecnologias da informação e da comunicação” na educação básica. Assim, os diversos segmentos da sociedade brasileira devem se articular e integrar para assegurar às escolas e às universidades o acesso às tecnologias digitais, sendo essencial que já no cotidiano educacional o ser humano possa vivenciar o uso de múltiplas mídias e aplicações em informática como meio de aprendizado. “Na nova realidade tecnológica, o tempo da educação é o tempo da vida” (KENSKI, 2005, p. 124). Todas estas pontuações elencadas são desafios a serem superados pelo País, em especial, o sistema educacional. Tedesco (2004) nos ajudar a refletir : Figura 46. Reflexões sobre as necessidades educacionais contemporâneas. 49 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 Não podemos descartar que um dos papéis sociais da escola é, minimamente, preparar o indivíduo para atuar no mercado de trabalho, ser um cidadão economicamente ativo na sociedade em que está inserido. E para Giddens (2000), a escola auxilia o estudante ao desenvolvê-lo para ser capaz de “construir” mundos de sentidos neste contexto de saturação de informações. Os “mundos de sentidos” auxiliam na organização dos conteúdos acessados, especialmente aqueles que requerem um alto grau de reflexividade: plurarismo de valores, significados conflituosos, racionalização das tradições, secularização e déficit de socialização (TEDESCO, 2004). São desafios adicionais ao cotidiano educacional, num universo de inúmeras possibilidades em que nada é fixo e cada interpretação dependerá do ponto de vista do observador. Tapscott (2010) realizou uma pesquisa com 10 mil jovens americanos, com o objetivo de entender melhor como atuavam e percebiam a sociedade em que estavam inseridos, levantou dados sobre hábitos de consumo e relacionamento e publicou a máxima expressão “se você entender a geração internet, entenderá o futuro”. Em verdade, o autor destaca aspectos geracionais relevantes para pensarmos as situações de aprendizagem a serem oferecidas a este novo grupo. O conceito de “geração”, bem como seus critérios e classificações, tem sido tema de estudo de sociólogos, sendo inexistente o consenso sobre como os períodos são classificados. Para o nosso estudo, a organização das gerações é somente para fins didáticos que visa enfatizar as principais características de cada época. O Quadro 2 nos apresenta uma síntese, contendo o período, principais acontecimentos e características das gerações Belle Époque (ou Geração Tradicional), Baby Boomer, Geração X (ou Geração Baby Bust ou, ainda, Geração TV), Geração Y (Millennials, Geração Internet ou Geração Digital) e Geração Z (ou Geração Next) (TAPSCOTT, 2010; AGUIAR e SILVA, 2013). 50 CAPÍTULO 2 • EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO Quadro 2. Características e Informações ds gerações Belle Époque, Baby Boomer, X, Y e z. Fonte: Aguiar e Silva (2013). A sociedade da informação, na qual a aprendizagem e o conhecimento ocorrem em rede, por meio da “literacia digital” solicita a participação ativa dos indivíduos, com autoria e colaboração constante. A atuação e leitura crítica neste novo cenário social não pode ser realizada com as ferramentas do passado, requer novos posicionamentos e posturas que possibilitem a integração de todos. Desta forma, novos letramentos são necessários, o digital (que possibilita ao indivíduo um mínimo de autonomia em relação ao uso e à manipulação das tecnologias), o visual (compreender a navegação por meio de imagens, cores e ícones) e o informacional (identificar a fidegnidade e validade das informaçõs encontradas na web). Nesta nova era digital, faz-se urgente um novo aprendizado, que não seja orientado em memorização de conteúdos. As questões postas pela sociedade da informação solicita o desenvolvimento de novas metodologias de ensino nas quais o sujeito possa sentir-se engajado. 51 EDUCAçãO nA SOCIEDADE DA InFORMAçãO • CAPÍTULO 2 O momento requer de nós uma mudança de olhar, um novo posicionamento diante da pluralidade e diversidade que o nosso futuro vislumbra. Sintetizando Neste capítulo vimos que: » Na “sociedade da informação” ter acesso à informação não é suficiente, e é necessário competência para transformá-la em conhecimento, sendo a educação continuada ao longo da vida um elemento-chave para que possamos acompanhar e inovar diante deste novo contexto que requer posturas e adaptações. » Neste novo paradigma da sociedade da informação a difusão de acesso às redes é uma urgência, universalizando os serviços de informação e comunicação para todos os indivíduos, evitando a exclusão digital e a ampliação das desigualdades sociais existentes. » O conceito de disrupção é processual, tem como característica a ruptura com o que já existe estabelecido, trazendo novos olhares e formas de uso. » Sociedade da informação é uma expressão comumente usada para designar uma forma de organização social, econômica e cultural, que tem como base, tanto material como simbólica, a informação. » A contínua e acelarada transformação tecnológica ressalta a necessidade de uma sociedade baseada no pilar “aprender a aprender”, que compreende a educação como processo contínuo e para toda a vida. 52 Apresentação Entendemos por mídia todo recurso que possui som, imagem, movimento, cores e texto. As mídias podem ser classificadas em mídias informativas, TV, vídeo, livro, filme, revista, rádio, jornais e, mídias interativas como a internet e videogames. (LUSTOSA e MACIEL, 2010, p. 1). Ao longo da história da civilização percebemos estratégias diferenciadas construídas pelo ser humano para se comunicar e interagir com os seus pares, seja face a face ou a longas distâncias. Nas civilizações antigas era comum o uso de mensageiros para envio de recados e informações via navio, cavalo e, até mesmo, a pé. E se hoje temos um ritmo veloz na divulgação de conteúdos somente foi possível devido à existência da escrita. A escrita apoia a memória humana, possibilitando o registro de histórias e mensagens importantes para a identidade da humanidade. Todos os povos sempre usaram marcas gráficas para registrar os acontecimentos da sociedade, masfoi na Mesopotâmia, há 6 mil anos, que foi desenvolvida a escrita ideográfica, progredindo até a escrita alfabética conhecida por todos nós. Com a escrita, ultrapassamos a barreira do tempo e preservamos informações sobre os povos, no entanto, a disseminação e popularização dos conteúdos que eram escritos somente puderam ocorrer com a invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV. Figura 47. Fonte: Comunicação Dez Disponível: <http://1.bp.blogspot.com/_u8t3nnL81_Y/S8p21SlX9LI/AAAAAAAAAIM/-5ABz0tAaR0/s1600/cris_desenhos. jpg> Acesso em 15 de abril de 2019. 3CAPÍTULOMÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO 53 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Com o material impresso as informações podem circular de forma ágil e transpor barreiras que não eram possíveis somente com a fala, ampliando o alcance da mensagem. E assim, com o uso da imprensa, logo se divulgam gazetas e folhetos informativos, com conteúdos uteis às comunidades, pasquins e outros recursos que também divulgavam notícias relacionadas aos “mexericos” de determinados grupos sociais. Com o advento do jornalismo, no século XVII, organizam-se jornais modernos com notícias mais confiáveis ao todo público. Atualmente, mesmo com o uso intensivo da web, por meio das mídias sociais e aplicativos diferenciados, ainda percebemos a presença da mídia impressa. Ainda com o crescimento dos recursos digitais ainda se faz presentes estes recursos impressos para comunicação tais como: panfletos, jornais, revistas, livros, entre outros. No cotidiano educacional a mídia impressa é um recurso muito utilizado, da educação infantil à Universidade, com estratégias diferenciadas se faz presente este recurso rico para o desenvolvimento das atividades pedagógicas. Na Educação Infantil ao Ensino Médio a mídia impressa está presente por meio dos livros didáticos e paradidáticos, como fonte de pesquisas e informação. E na Universidade, mesmo com a disponibilização de textos em formatos digitais, nota-se que os jovens e adultos recorrem a impressão dos documentos para a realização dos seus estudos. Figura 48. Exemplos de materiais impressos utilizados no cotidiano escolar. Fonte: <http://blog.pama.ind.br/wp-content/uploads/2017/01/Encarte-com-Dobra-670x670.jpg> <http://www.blogdofurao.com/blog/wp-content/uploads/2017/03/jornais-5-1.jpg> <http://s3.amazonaws.com/libapps/accounts/115343/images/revistas-cientificas-papel.jpg> <http://1.bp.blogspot.com/-6ewUk6dY9kI/VdNqFhlPrYI/AAAAAAAAMks/8fw4l7SXUaU/s1600/img-brasiliana.png> 54 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Cada época histórica possui determinada ecologia comunicacional que contribui decisivamente na estruturação das relações do ser humano com o mundo. Silva e Conceição (2013) destacam que o predomínio de uma tecnologia sobre a outra não se realiza num mero ato de substituição e, neste capítulo, observaremos a importância da integração dos recursos disponíveis existentes para potencializar o processo de ensino e aprendizado numa perspectiva de emancipação social e vivência plena da cidadania na sociedade da informação. Nesta unidade de estudo conheceremos o percurso histórico da escrita e a importância deste desenrolar para compreendermos o significado do texto escrito impresso para a nossa civilização. Você conhecerá a multiplicidade de recursos impressos existentes no cotidiano educacional, refletindo sobre o seu uso na prática de ensino e na formação do leitor. Para melhor compreendermos o significado dos materiais impressos para as práticas pedagógicas, nossa leitura está organizada em duas partes que se complementam: no primeiro momento histórico, narrando as fases da evolução da escrita até a abordagem dos textos digitais, enfatizando suas diferentes formas e meios de apresentação; no segundo momento conheceremos os múltiplos materiais impressos existentes e disponíveis aos educadores nos diferentes níveis de ensino, destacando a sua importância para o desenvolvimento acadêmico dos estudantes. Objetivos do capítulo » Conhecer o histórico da escrita, dos manuscritos até os textos digitais. » Identificar o material impresso como ferramenta pedagógica no cotidiano educacional. » Caracterizar os recursos impressos presentes na prática pedagógica, analisando suas possibilidades de uso para potencializar o aprendizado do estudante. » Compreender a relevância do texto escrito, no formato impresso e multimidiático, para a formação do leitor. Importância do material impresso no contexto educacional A discussão sobre a importância do material impresso no dia a dia escolar e suas diferentes possibilidades de uso na prática pedagógica envolve o conhecimento da evolução da linguagem humana com destaque para os tipos de registros que as antigas civilizações utilizavam como recurso para comunicação e interação. Este processo é permeado pela história da escrita e da leitura, da invenção da imprensa por Gutenberg e, atualmente, a hipertextualidade presente nos textos em formato digital. 55 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Evolução da escrita: da pictografia aos textos digitais Figura 49. Escrita cuneiforme. Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_lrnheGDims4/TEJFKCO3wAI/AAAAAAAAFok/FpKXf5sEFAQ/s1600/ untitled.bmp>. Acesso em 12 de fevereiro de 2019. Os primeiros registros da escrita foram realizados por meio de desenhos, ficando conhecidos como pictografia. Eram tabuletas de argila com registros contábeis difíceis de serem decifrados. Seu sistema era complexo e envolvia milhares de sinais, dificultando a compreensão da mensagem. Por ser uma árdua tarefa desenhar em grandes blocos de argila e paredes, os escribas da Mesopotâmia quebravam as argilas em tabletes menores, também escreviam em pedras e outros materiais, com um pedaço de madeira ou com a ponta de um prego. Assim surge a escrita cuneiforme, no formato de cunha, com aproximadamente 600 símbolos, organizados de cima para baixo e da direita para a esquerda. Figura 50. Escrita ideográfica – Hieróglifos egípcios. Fonte: <http://www.plataformadoletramento.org.br/arquivo_upload/27a0eaef667a42e6c4eb092d92126ec7.jpg>. Acesso em 18 de fevereiro de 2019. Com o passar dos anos, a escrita cuneiforme evoluiu para a ideográfica, que usava como recurso uma imagem ou figura, representando uma ideia, assim os leitores precisavam compreender o contexto em que estavam inseridos para decodificação da mensagem. Temos vários exemplos de escritas ideográficas, tais como: os hieróglifos egípcios, as escritas suméricas, minoicas e chinesa. A concepção da escrita alfabética surgiu a partir da convenção dos ideogramas, assumindo, com o passar do tempo, uma função fonográfica, depois de seguidas transformações. No entanto, antes da sua configuração por fonema, existia o silabário, formado por um conjunto de sinais específicos representados por uma sílaba. Mas foi a adaptação realizada pelos gregos que 56 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO possibilitou o sistema de escrita alfabético. O sistema que utilizamos atualmente é o resultado de uma ressignificação desta adaptação realizada anteriormente pelos romanos, originando o sistema alfabético greco-romano. Kenski ressalta que todo este caminho histórico somente foi possível quando o indivíduo deixou de ser nômade, permanecendo em determinado espaço, construindo uma nova história com a prática da agricultura. Segundo um autor francês, Pierre Lévy, a própria origem da palavra página viria de pagus, o campo arado e preparado para o plantio. A disposição das linhas na página estaria também ligada à simetria do campo cultivado. (KENSKI, 2007, p. 29). Como vimos acima, historicamente, diversos materiais foram utilizados para a realização dos primeiros registros gráficos, incluindo o papiro, criado pelos egípcios. Neste último são encontradas anotações funerárias, documentos legais e administrativos, textos literários e informativos sobre a vida do antigo Egito. Diferente do pergaminho, um artigo caro e feitode pele de ovelha, utilizado somente por nobres para registro de suas posses (KENSKI, 2005). Figura 51. Pergaminho. Fonte: Iped Disponível em: <https://www.iped.com.br/_upload/content/2014/11/03/antigo-testamento.jpg> Acesso em 15 de abril de 2019 Figura 52. Papiro. Fonte: Bibliateca <http://bibliateca.com.br/site/images/img/Biblia-Corpo/_corpo-Biblia-Papiro-bodmer2.jpg> Há dois mil anos, a partir da cortiça da amoreira, os chineses inventaram o papel; foi somente no século XIII que este monopólio foi rompido, a partir da produção deste artigo por países 57 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Europeu. A fabricação de papel, neste novo continente, estimulou a escrita e a impressão de livros, no entanto, sua disseminação só foi possível com a “invenção de um molde de composição tipográfica para confeccionar tipos móveis em metal. Era a descoberta de uma nova tecnologia de impressão gráfica que iria revolucionar a cultura e os costumes desde então” (KENSKI, 2007, p. 30). A tecnologia da escrita possibilitou autonomia à informação, democratizando o acesso a diversos conteúdos, por outro lado excluindo aqueles que não entendem e dominam estas representações alfabéticas. Desta forma, com o suporte essencial da escrita, os livros tornam-se um marco para a história da nossa sociedade, sendo um grande meio de se difundir o conhecimento. Saiba mais Figura 53. Cartazes do filme O Nome da Rosa. Fonte: Adorocinema Disponíveis em: <http://br.web.img3.acsta.net/c_215_290/ medias/nmedia/18/90/19/35/20085225.jpg> Figura 54. Cartaz do documentário “Martinho Lutero”. Fonte: Cultetc Disponíveis em: <https://i0.wp.com/cultetc.com/wp- content/uploads/2017/12/MARtIn-LUtHER_-tHE-IDEA- tHAt-CHAngE-tHE-WORLD.jpg?resize=567%2C319> O filme O nome da Rosa narra a dinâmica histórica da Idade Média e seus principais conflitos. Já o documentário sobre Martinho Lutero reconta a história do reformista e suas 95 teses, ambas as produções destacam o controle do Estado e da Igreja e o papel do material impresso. O material impresso atualmente ganhou uma característica fluida e dinâmica com o advento e uso da internet, a tecnologia digital rompe com as narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o encaminhamento contínuo e sequencial da escrita e se apresenta como um fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, aberto e veloz (KENSKI, 2008, p. 32). O formato digital possibilita uma nova linguagem, sem uma estrutura hierárquica rígida, pois caberá ao leitor estabelecer o caminho a ser realizado no processo de leitura num tempo e espaço diferenciado. 58 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Atenção Hipertexto e Hipermídia Hipertexto texto no formato digital composto por outros links que nos levam a novas leituras, num formato não linear, cabendo ao autor a escolha dos caminhos possíveis para a navegação. Hipermídia texto no formato digital integrado a outras mídias (imagens, vídeos, infográficos, jogos, sons, entre outros). Silva e Conceição (2013) destacam que a tecnologia é uma das variáveis utilizadas para compreender a evolução sociocultural de cada sociedade, contribuindo para a estruturação da ecologia comunicacional de cada época. Entende-se como “ecologia comunicacional” uma teia de vínculos repleta de riquezas e potencialidades que envolvem o corpo, os sentidos, a comunicação presencial e eletrônica (MENEZES, 2015). Figura 55. Linha do tempo e desenvolvimento das ecologias comunicativas. Fonte: Revista Época (2011). Ao analisar a linha do tempo, pode-se pontuar a existência de cinco ecologias da comunicação, sendo elas: interpessoal, elite, massa, individual e ambiente virtual. Cada ecologia influenciou no modo de o indivíduo se relacionar com o mundo ao seu redor, provocando transformações no que chamamos de sistema sociocultural (educativo, econômico, político, social, religioso, cultural, entre outros). Desta forma, podemos reler a linha do tempo acrescentando uma nova 59 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 perspectiva, levando em consideração como nos relacionamos ao longo do tempo com as tecnologias em destaque: Quadro 3. Desenvolvimento das ecologias comunicativas e tecnologias demarcatórias. Fonte: Silva e Conceição (2013). Vale observar no quadro o tempo histórico entre a passagem de uma “ecologia comunicativa” para a outra; ressaltando a tecnologia marcante de cada era, nota-se a natureza e a forma de se relacionar com a “massa”, de um para muitos, dos materiais impressos e sua permanente presença nos dias atuais. Assim, mesmo com o uso intenso dos meios digitais na sociedade em que estamos inseridos, a mídia impressa continua sendo uma presença marcante e constante nos cenários educacionais, contribuindo significativamente para o aprendizado dos estudantes. Materiais impressos como ferramenta pedagógica No contexto educacional brasileiro, os materiais impressos são ferramentas tradicionais e amplamente utilizadas pelos professores, em consonância com as políticas públicas educacionais desenvolvidas e implementadas pelo Ministério da Educação. Assim, as diferentes formas de uso do material impresso, que ainda se configura como o recurso de mais fácil acesso no universo escolar, contribuem para o desenvolvimento das habilidades que envolvem a interpretação, a criatividade, o uso social da linguagem, o estímulo às múltiplas inteligências e o incentivo à leitura. A construção de jornais, a formação de rodas de leituras, a partilha da leitura com os colegas e familiares, a pesquisa de livros na biblioteca, entre outras atividades, amplia a leitura de mundo dos estudantes (GREIER, 2017). Ferreira e Oliveira (2004, p. 6) destacam que O desenvolvimento pedagógico e os meios utilizados para uma aprendizagem significativa são pontos de partida para formar indivíduos leitores, contadores de histórias, escritores (...) através da interação com o mundo e de mídias impressas. 60 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Figura 56. Os principais materiais impressos utilizados no cotidiano pedagógico. Revistas Quadrinhos Enciclopédias Livros Didáticos Dicionários Livros Paradidáticos Jornais Propaganda Mapas Cordel Impressos Escolares Materiais Impressos na Educação Fonte: Elaborado pela Autora (2019). Moran, Masetto e Behrens (2007) destacam que a aprendizagem integradora deve unir a teoria com a prática, aproximando o pensar do viver. Assim conhecemos e aprendemos melhor ao conectar todas as dimensões da realidade, por meio de variadas fontes e recursos. Assim, listamos os materiais impressos mais utilizados no cotidiano pedagógico: jornais, livros paradidáticos e didáticos, impressos escolares, mapas, cordel, enciclopédias, quadrinhos, revistas, propagandas, revistas, cordel, entre outros. Os livros didáticos são materiais impressos tradicionais e institucionalizados na maioria dos espaços formais de ensino, expressam o resultado das ciências e os valores de determinada sociedade. Muitos avanços podem ser percebidos, no Brasil, em relação à adoção dos livros didáticos: » Até a metade do século, a maioria dos livros didáticos, era produzida por autores estrangeiros, destacando realidades, repertórios culturais e vocabulares bem divergentes ao nosso país. » Até a década de 1960, o vocabulário dos livros era demasiadamente acadêmico, sendo mais um desafio à compreensão do conteúdo. » A partir da década de 1970, com a democratização do acesso ao ensino público, o livro didático é distribuído gratuitamente nas escolas, tornando-se o foco nos processos de ensino e aprendizagem. 61 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 » Na década de 1990, o Ministério da Educação cria o Programa Nacional do Livro Didático, ainda vigente, com o objetivo de avaliar os livros existentes no mercado editorial brasileiro, respeitando as diversidades regionais e estabelecendo critérios de qualidade. Saiba mais Figura 57. Programa nacional do LivroDidático. O Programa Nacional do Livro Didático é destinado a avaliar e disponibilizar obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa sistemática, regular e gratuita nas escolas públicas de educação básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital e, também, às instituições de educação infantil comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o Poder Público. Saiba mais acessando o site do MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12391:pnld> Figura 58. Livro Paradidático. Fonte: <https://images.livrariasaraiva.com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_id=3070031&qld=90&l=430 &a=-1=1000215943> Acesso em 13 de fevereiro de 2019. Os livros paradidáticos têm como função o aprofundamento conceitual por meio da apresentação de textos com linguagens diferenciadas, bem como o incentivo à leitura. De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares (1998), estes livros cumprem o papel de oportunizar o desenvolvimento de valores como: empatia, bondade, amizade, entre outros. 62 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Saiba mais Figura 59. Atualmente, existem inúmeros aplicativos para tablets e smartphones produzidos pelas próprias editoras com o objetivo de ampliar a interatividade com o texto, inserindo recursos multimidiáticos (vídeos, jogos, imagens animadas, entre outros). Figura 60. Fonte: <https://cultura.estadao.com.br/blogs/curiocidade/wp-content/uploads/sites/520/2012/03/barsa-2012.jpg>. Acesso em 20 de fevereiro de 2019. O uso de enciclopédias também não é recente. Enciclopédias configuram-se como obras que reúnem assuntos variados de maneira sistemática, organizadas em verbetes por ordem alfabética, sendo utilizadas principalmente como fonte de pesquisa. Com o constante uso da web seu conceito foi ampliado; temos como exemplo a Wikipedia, com uma pluralidade de temas, que possibilita que qualquer indivíduo contribua inserindo novos temas, editando e revisando os textos já publicados, sendo um conteúdo aberto e gratuito. Saiba mais Wikipedia A Wikipédia é um projeto de enciclopédia colaborativa, universal e multilíngue estabelecido na internet sob o princípio wiki. Tem como propósito fornecer um conteúdo livre, objetivo e verificável, que todos possam editar e melhorar. Figura 61. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/7/7f/Wikipedia-logo-v2-pt. svg/1200px-Wikipedia-logo-v2-pt.svg.png> 63 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Os jornais constituem-se como um material impresso rico em possibilidades de uso, tendo em vista a riqueza e diversidade de assuntos e tipos de linguagens abordados. Como ferramenta pedagógica, permite desenvolver com os estudantes as funções e organização do texto jornalístico, bem como a capacidade de síntese e objetividade. Sua linguagem informativa aproxima os indivíduos do cotidiano social, propicia a organização de trabalhos em grupos e domínio de diversas habilidades (editor de texto, diagramação, pesquisas, entre outras). Saiba mais Na web podemos encontrar versões digitais do jornal impresso com informações interativas (vídeos, gráficos, fóruns, entre outros) e aplicativos que agrupam as notícias, bem como diversos jornais, por tópicos de interesse (Flipboard, PlayBanca, Press, Reader, entre outros). Figura 63. Folheto de Propaganda. Fonte: Rede Show Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_XinG8EDBPbM/TUararxGZOI/AAAAAAAAAC8/lOKpRCjOOgU/s1600/folheto+31- 01+a+05-02-01.jpg> Acesso em 15 de abril de 2019. Os folhetos, flyers são materiais de propaganda, muitas vezes é o universo escrito mais próximo à realidade da maioria dos brasileiros, sendo distribuído de forma gratuita e com papel bem definido. Pode ser um instrumento rico de possibilidades de aprendizagem que possibilita desde a criação de novas peças publicitárias, como uso para pesquisa e recorte, análise das mensagens contidas e debates sobre suas abordagens e produtos anunciados. Figura 62. 64 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Figura 64. gibis. Fonte: Abril (2001). Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-BtQIo3W_kik/vjI3ogzoF4I/AAAAAAAAPwA/pQXHXU7YzzU/s1600/_ CHtM_49_%25282%2529.jpg> Acesso em 15 de abril de 2019. Como um gênero da literatura, a história em quadrinhos é, ao mesmo tempo, icônica e verbal, com linguagem acessível a todos os públicos e níveis de ensino, apresentando estratégias variadas para o seu uso no cotidiano escolar: construção de histórias, vinhetas, diálogos, imagens, diagramação, construção de figuras e cenários, onomatopeias e sons. Já nos HQ, a partir da observação das imagens, o estudante pode criar ou deduzir o enredo da história. Figura 65. Cordel. Fonte: tudo sobre o cangaço Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_LmI5dYBWwiI/SP9DDWE3rqI/AAAAAAAAAFk/f9hjjppHW9A/s320/Canga%25C3 %25A7o%2BUm%2Bmovimento%2Bsocial.jpg> Acesso em 15 de abril de 2019. Saiba mais Temos inúmeras possibilidades de criar histórias em quadrinhos e, atualmente, existem softwares e aplicativos gratuitos que facilitam a diagramação, design e animação das histórias (Pixton, Go Animate, no próximo site das editoras são disponibilizados ferramentas gratuitas para a recriação das narrativas dos Gibis e HQ). 65 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 A literatura de cordel, conhecida em nosso país como literatura popular em verso, configura-se num gênero literário no formato rimado. Originalmente, era popularizado oralmente e, depois, registrado em folhetos simples. Chama-se cordel, pois no início da sua divulgação, os folhetos eram apresentados para venda em cordas ou barbantes, primeiramente, em Portugal. Atualmente, é reconhecido como uma tradição do Nordeste brasileiro, que costuma imprimir xilogravuras para a representação gráfica dos textos compostos por estrofes de 10, 8 ou 6 versos. O uso do cordel possibilita a aproximação com a cultura nordestina, incentiva um olhar crítico, poético e rimado da sociedade, valoriza a espontaneidade e o trabalho artesanal por meio da construção das xilogravuras. Saiba mais Figura 66. Aplicativo “Cordel Encantado”. Fonte: O globo (2014). Disponível em: <https://s2.glbimg.com/I8Jm7IIOUlZx5CtZ20T95DZAK_E=/0x600/s.glbimg.com/po/tt2/f/original/2014/09/11/ 5a60700c012ecdd7123139171260.jpeg> Acesso em 03 de dezembro de 2018. Na internet podemos encontrar diversos cordéis para ler e ouvir. Também podemos criar o nosso próprio “cordel” com suporte do aplicativo “Cordel Encantado”. Figura 67. Revista. Fonte: Abril (2017). Disponível em: <https://2.bp.blogspot.com/-jHH7hV7SKQs/WTA5INX9LLI/ AAAAAAAAMuI/igKarNAVfI0DzfQQhvri3_ZEQSsGZCsXgCLcB/s1600/ images%2B%25281%2529.jpg>. Acesso em 16 de abril de 2019. Revistas, sejam impressas ou on-line, facilitam o acesso dos estudantes às noticiais, tal como o jornal, sendo que o uso do material disponível na web pode facilitar a pesquisa histórica, bem como comparativa de diferentes assuntos. 66 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Os mapas são a representação espacial, muito utilizada pela Geografia, estimulando as operações mentais em três níveis: localização e análise, correlação e síntese. Para interpretar um mapa é preciso compreender que este recurso representa fenômenos e lugares por meio do uso de noções cartográficas como: localização, escala, identificação e a temática representada (GERON & FRANSCISCHETT, 2016). De acordo com os PCNs (1998), com o mapa, o indivíduo aprende referências e simbologia, essenciais para a representação do meio geográfico, destacando duas funções: localização dos fatos e apresentação das informações quantitativas e qualitativas. Os recursos apontados acima são os meios em que se legitima o “saber científico”. Estes diferentes suportes midiáticos (revistas, jornais, mapas, entre outros) “refletem o momento político e econômico vivido em um determinado contexto social. Esse contexto define os conhecimentos que sãoúteis e necessários em cada e época” (KENSKI, 2003, p. 58). Os saberes são organizados pelos currículos, projetos e programas pedagógicos, viabilizando o seu desenvolvimento nas disciplinas e atividades educacionais. Para Veen e Vrakking (2006), o atual desafio é ensinar por meio do uso destes recursos impressos, tornando-o o aprendizado instigante, para uma nova geração que desde muito cedo aprendeu que existem múltiplas fontes de informação, que atua numa cultura cibernética global com base na multimídia. A diferença entre o homo zapiens e você é que você funciona linearmente, lendo primeiro as instruções, usando o papel, e depois começa a jogar, descobrindo as coisas por conta própria quando há problemas. O homo zapiens não usa a linearidade, ele primeiro começa a jogar e, depois, caso encontre problemas, liga para um amigo, busca informações na internet ou envia uma mensagem para um fórum. Em vez de trabalhar sozinho, eles usam redes humanas e técnicas quando precisam de respostas instantâneas. (VEEN & VRAKKING, 2006, p. 31-32). Eis a razão de este novo grupo ser conhecido como a “geração instantânea”, tornando a informação parte da sua vida juntamente com as tecnologias digitais. Neste contexto, o papel da leitura é reorientado, ou seja, se transforma historicamente. Atualmente, não se exige a leitura das enciclopédias ou densos compêndios repletos de erudição, sendo necessário o investimento da formação de leitores “por diversos caminhos e linguagens” (KENSKI, 2008 p. 62). Relevância da leitura na formação escolar Na sociedade da informação, saber ler e escrever são necessidades essenciais para a atuação do indivíduo, sendo considerada uma habilidade que define a cidadania e criticidade diante do mundo que nos cerca. Saiba mais Com o suporte da internet, o uso dos mapas pode ser vivenciado num novo meio e com visualizações diferenciadas (Google Maps, Tom Tom GO, Here Maps, entre outros) 67 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Ao longo da história, a leitura sempre esteve associada à escrita. Com o advento da cultura impressa, amplia-se o número de pessoas alfabetizadas, saber ler torna-se uma forma de destaque e promoção para espaços mais privilegiados. Aqueles que sabem ler, que compreendem e interpretam o que leem, acabam adquirindo prestigio, ocupando espaços privilegiados em nossa sociedade, utilizando a leitura para atingir seus propósitos: melhores postos de trabalho e melhor formação acadêmica, por exemplo. Em síntese, conquistam os melhores empregos e acabam usufruindo de melhor qualidade de vida. (SCHWARZBOLD, 2011, p. 11-12) A capacidade de interpretar um texto, independente do meio em que ele se apresenta, é um importante instrumento de poder, possibilitando que o indivíduo tenha voz, que a partir das suas reflexões possa formar novas percepções diante das questões que são apresentadas no mundo (SOARES, 1998). Em contrapartida, aquele que não sabe ler ou tem dificuldade em construir sua própria opinião acerca as leituras disponíveis e acessíveis estabelece uma relação de dependência com outras pessoas, pois continuará necessitando de suporte para compreender a dinâmica social de modo autônomo. Leitura se refere a amplos e diferentes processos expressivos que envolvem o ser humano, não se restringindo somente a textos escritos, envolvendo gestos, símbolos, imagens, entre outros. Como já dizia Paulo Freire (1983, p. 11) “a leitura de mundo precede a leitura de palavra”, portanto, o ato de ler é considerado uma ação complexa que envolve múltiplas produções de sentidos e requer do leitor interação com o texto. Isso significa que todo esse processo refere-se à produção de significados ou que popularmente costumamos afirmar “há muita diferença do que eu digo para aquilo que você interpreta”, pois, ao ler um texto, a construção dos sentidos dependerá de todo o repertório de informações que adquirimos ao longo da nossa vida. Figura 68. Charge sobre a taxa de escolarização dos brasileiros. Fonte: Educação em Luta Blog Disponível: <http://3.bp.blogspot.com/-m8s1tLqB2ok/UDIntQ8Xx_I/AAAAAAAAATI/ERhIRGb8crk/s1600/escolarizacao.jpg> Acesso em 16 de abril de 2019. 68 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Percebe-se que o ato de ler não é puramente mecânico, podemos ler o mesmo texto e a partir dele atribuir divergentes significados, pois não é uma mera decodificação de símbolos. Assim, a leitura é compreendida como uma prática social, se estabelecendo como um precioso recurso que promove e instiga a prática reflexiva no sujeito, ampliando seu sistema de crenças e valores. Provocação E como podemos definir ou até mesmo identificar se estamos produzindo novos sentidos ao realizar a leitura? O que é “atribuir sentido”? Como podemos aprimorar a nossa competência leitora? Para pensar nestas questões, leia a história a seguir. Figura 69. História Pinguim e o nada. Fonte: <https://i.pinimg.com/originals/93/9f/5e/939f5e89bfec62ae69ecf12f63795cc4.jpg> Histórias em quadrinhos são textos literários, muitas vezes considerados como entretenimento. Diversos elementos devem ser considerados na “leitura” da história: imagens, cores, fontes das letras, entre outras características que auxiliam a interpretação do leitor. Corriqueiramente, utilizam balões de diálogos para que possamos compreender o sentido e a entonação a ser dada para cada frase que está sendo apresentada. 69 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Na história acima temos vários elementos que nos levam à reflexão, e estes interferem diretamente em como compreendemos a mensagem. Para Leffa (1999, p. 24-27) este processo de relacionar o discurso em destaque com as imagens e o contexto em que está inserido o texto, faz parte do processo de leitura com “atribuição de sentido”. Veja alguns pressupostos destacados pelo autor que salienta como ocorre: » Ler consiste em usar estratégias: cada tipo de leitura exige, por parte do leitor, uma prática diferente. » Ler depende mais de informações não visuais do que visuais: a memória do leitor comanda sua leitura. » O conhecimento prévio está organizado em esquemas: esses possibilitam que o cérebro organize as experiências vividas e as acione sempre que necessário. » Ler é prever: a leitura só́ é possível porque o leitor usa seu conhecimento prévio para direcionar a trajetória da leitura. » Ler é conhecer as convenções da escrita: o leitor precisa conhecer e dominar as convenções da escrita (símbolos, códigos, sistemas, relações) para compreender de maneira eficiente o texto lido. Portanto, não existem respostas “prontas”, ampliando o desenvolvimento formal da competência leitora a todas as disciplinas e níveis de ensino, num constante aprimoramento, como já nos apontam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). Desta forma, chamamos de “competência leitora” a capacidade/habilidade que o indivíduo possui de compreender textos escritos, atribuindo sentidos por meio de reflexão pessoal, tendo como objetivo o seu desenvolvimento cognitivo, potencial pessoal e atuação autoral na sociedade (GALLART, 2006). Saiba mais Aproveite para aprofundar seus estudos sobre competência leitora e escritora, conhecendo estratégias e experiências bem- sucedidas no contexto brasileiro, lendo o texto resultado de um congresso de formação de professores Desenvolvimento da Competência leitora e escritora. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/vol2a.pdf> A “competência leitora” não se configura numa técnica mesmo que requeira do leitor o estabelecimento de estratégias para a realização da leitura indicada. 70 CAPÍTULO 3 • MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO Figura 70. Estratégias para a melhoria da leitura. Fonte: <https://i.pinimg.com/originals/48/7e/1e/487e1e422c61f71a8598ab5583a68202.png> Acesso em 22 de fevereiro de 2019. As relações de poder que emergem no contexto da sociedade atual, a partir dos recursos e ferramentas tecnológicas, nos trazem um novo posicionamento dianteda importância da formação do leitor. O texto, agora configurado em bites, tem um caráter não linear, multimidiático, repleto de links que permitem a navegação e leitura por novos caminhos, novas mensagens (RAMAL, 2000). Esta polifonia, múltiplas vozes, compostas num novo ritmo em que é formado o texto digital, integra autores, leitores e textos. O que exige um comportamento diferenciado diante a leitura, em substituição aos sistemas fixos de interpretação, para um modelo em rede, nós, multilinear. 71 MÍDIA IMPRESSA E EDUCAçãO • CAPÍTULO 3 Sintetizando Vimos até agora: » A escrita apoia a memória humana, possibilitando o registro de histórias e mensagens importantes para a identidade da humanidade. » A tecnologia da escrita possibilitou autonomia à informação, democratizando o acesso a diversos conteúdos, por outro lado excluindo aqueles que não entendem e dominam estas representações alfabéticas. » Desta forma, com o suporte essencial da escrita, os livros tornam-se um marco para a história da nossa sociedade, sendo um grande meio de se difundir o conhecimento. » A tecnologia é uma das variáveis utilizadas para compreender a evolução sociocultural de cada sociedade, contribuindo para a estruturação da ecologia comunicacional de cada época. » A mídia impressa continua sendo uma presença marcante e constante nos cenários educacionais, contribuindo significativamente para o aprendizado dos estudantes. » No contexto educacional brasileiro, os materiais impressos são ferramentas tradicionais e amplamente utilizadas pelos professores, em consonância com as políticas públicas educacionais desenvolvidas e implementadas pelo Ministério da Educação. » Na sociedade da informação, saber ler e escrever são necessidades essenciais para a atuação do indivíduo, sendo considerada uma habilidade que define a cidadania e criticidade diante do mundo que nos cerca. » A capacidade de interpretar um texto, independente do meio em que ele se apresenta, é um importante instrumento de poder, possibilitando que o indivíduo tenha voz, que a partir das suas reflexões possa formar novas percepções diante das questões que são apresentadas no mundo. » As relações de poder que emergem no contexto da sociedade atual, a partir dos recursos e ferramentas tecnológicas, nos trazem um novo posicionamento diante da importância da formação do leitor. 72 Apresentação Figura 71. e fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. (Rubem Alves, 2016, p. 6). Fonte: <https://i.pinimg.com/originals/3b/6f/33/3b6f3303fe4ad4646ae0c1c75c135767.png> O educador Rubem Alves tinha o costume de nos deliciar com encantadores e reflexivos textos que, com leveza e sensibilidade, apontava os caminhos para a Educação significativa com afeto e compromisso com o outro. É uma abordagem diferente, mas com pontos de encontro no discurso, das pesquisas científicas que, por meio de dados alarmantes de evasão escolar, nos apresentam a todo o momento o desinteresse que as pessoas destacam ao longo do processo formal de ensino e aprendizagem. Despertar a curiosidade, explorar conteúdos de forma dinâmica, usar mais imagens, sons e vídeos são sempre recomendações dos pesquisadores do campo educacional para a superação deste desafio (MORAN, 1995; ALMEIDA e ALMEIDA, 1998). 4 CAPÍTULO O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO 73 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 Para Glasser (2001), nenhum ser humano é desmotivado, ao contrário, o prazer pelo aprendizado faz parte da nossa essência. A desmotivação está aliada ao tédio, à ausência de significado em determinada atividade, portanto, para este autor a memorização e técnicas similares pouco contribuem para o aprendizado do ser humano num longo prazo. Ao pensarmos em produção de sentidos para o aprendizado, Glasser (2001) aponta que ler, ver e escutar, quando se revertem em atividades pedagógicas, contribuem 50% para a qualidade e eficiência do aprendizado, sendo que para os outros 50% devem ser desenhadas ações que possibilitem ao estudante: Figura 72. Ações determinantes para o aprendizado significativo. Discutir Fazer Ensinar Fonte: glasser (2001). Estas ações propiciam ao indivíduo um pensar sobre o conteúdo, motivam a reflexão e a autocrítica, relação das temáticas abordadas com a sua vivência, aplicação da informação em contexto real, ensino do que aprendeu e a sua relevância para a comunidade, enfim, possibilitando a atuação de forma cidadã e consciente. Partindo do princípio de que a motivação para o aprendizado não nasce de fora para dentro, e que ameaças e recompensas podem ser recursos ineficazes a médio e longo prazo, Glasser (2001) propõe seis condições fundamentais para que o ambiente de aprendizagem possa ser significativo para o estudante: » afetividade, apoio e confiança; » relevância do estudo que é realizado; » incentivo e estímulo; » avaliação do próprio trabalho; » ambiente confortável e acolhedor; » estímulo a comportamentos construtivos. 74 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO Com esses princípios levados em consideração para a constituição de um clima favorável e seguro a novas descobertas, sugere-se ao professor um pensar cuidadoso no planejamento das atividades, selecionando recursos e estratégias pedagógicas que possam potencializar o aprendizado do indivíduo por meio das considerações apresentadas na pirâmide a seguir: Figura 73. Pirâmide da Aprendizagem de glasser. Fonte: glasser (2001). Disponível em: <https://cdn-images-1.medium.com/max/1600/1*rewFR_9JPe9RoCHFKdezTg.png> Acesso em 16 de abril de 2019. A participação ativa do estudante propicia um aprendizado mais atuante e participativo, que, ao provocar a curiosidade, cria um espaço propício à interação e à pesquisa, reforçando a fala inicial do poeta Rubem Alves “a experiência da beleza tem de vir antes”. Neste caminho nota-se que os recursos audiovisuais são aliados, tendo em vista que possibilitam a experiência com o aprendizado por meio do uso de outros sentidos, permitindo a associação com o que ouve e vê. Para Ferrés (1996), a imagem favorece o envolvimento emocional com os símbolos, sensibilizando e envolvendo-o na temática a ser desenvolvida, centrando a sua atenção. 75 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 Partindo destes pressupostos, nota-se a importância do uso e difusão dos recursos audiovisuais no contexto educacional, sendo a sala de aula um espaço privilegiado de comunicação e informação, relacionando-se com três aspectos da sociedade da informação: a convergência dos meios de comunicação, a cultura participativa e a inteligência coletiva (JENKINS, 2009). Neste capítulo, conheceremos os múltiplos recursos audiovisuais que permeiam o cotidiano educacional, bem como práticas necessárias para o seu uso com intencionalidade pedagógica integrado ao currículo do nível de ensino em questão. Na primeira parte do estudo refletiremos sobre a influência dos meios de comunicação em massa na sociedade, sob um olhar histórico. E na segunda parte analisaremos sua importância para a escola e prática docente, destacando práticas bem-sucedidas para ilustrar o seu desenvolvimento no cotidiano educativo. Objetivos do capítulo » Reconhecer a importância das mídias audiovisuais para a sociedade da informação, identificando vantagens e desvantagens do seu uso no contexto educativo. » Descrever o papel da linguagem audiovisual para a educação, destacando seus principais elementos. » Conhecer experiênciasde uso da linguagem audiovisual no ambiente educacional. Mídias audiovisuais e sua atuação na sociedade O universo em que vivemos está repleto de sons e imagens. Podemos observar que todo o nosso cotidiano possui cores, símbolos e signos que sensibilizam nossos sentidos e emoções, favorecendo a contínua construção da cultura e humanidade. É o carro de som que anuncia ofertas e venda de produtos, os meios de transporte estampados com propagandas, os passarinhos cantando, o barulho do vento e do mar, demonstrando que as nossas experiências são ricas em sensações que envolvem todas as formas de interpretar que possuímos com o nosso corpo e mente. Cada indivíduo terá uma interpretação única da situação vivenciada, mas a necessidade de comunicar aquilo que sente, a realidade vivida, fez o ser humano buscar técnicas e meios para registrar a sua mensagem. 76 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO Figura 74. A Última Ceia pintada por Leonardo da vinci. Fonte: Santha tela (2017) Disponível em: <https://santhatela.com.br/wp-content/uploads/2017/07/da-vinci-ultima-ceia-d.jpg> Acesso em 03 de dezembro de 2019. Figura 75. A liberdade guiando o povo – Eugene Delacroix. Fonte: Wikimedia (2015) <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Eugène_Delacroix_-_La_liberté_guidant_le_peuple.jpg> Acesso em 03 de dezembro de 2019. Figura 74. Independência ou morte – Pedro Américo. Fonte: Santhatela (2017). Disponível em: <https://santhatela.com.br/wp-content/uploads/2017/10/americo-independencia-ou-morte-b.jpg> Acesso em 03 de dezembro de 2019. 77 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 Nesta busca por documentar a nossa história, por “comunicar” nossos hábitos e conquistas, fomos criando recursos para informar e ler as narrativas, como as imagens acima que registram momentos distintos da civilização. Com o passar dos anos, fomos aperfeiçoando as nossas formas de comunicação, organizando estas ferramentas por seu campo e atuação: individual ou de massa. Os meios de comunicação individuais são aqueles de “um para um”, ou seja, estabelece uma comunicação num primeiro momento mais limitada e individualizada (exemplos: telefone, cartas, fax), sendo que os de “massa” tem como objetivo a comunicação com um grande número de pessoas (exemplos: jornais, revistas, rádio). Figura 77. Linha do tempo dos meios de comunicação. Fonte: Enciclopédia Abril, 1972. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-KIQ6EJCRW-s/VNi7pl-a9oI/AAAAAAAABmM/J-NyeRPl7Rg/s1600/ Sem%2Bt%C3%ADtulo.jpg> Acesso em 16 de abril de 2019. 78 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO Também podemos classificá-los de acordo com o tipo de linguagem utilizada: Sonoros Linguagem por meio dos sons tais como rádio e telefone Escritos Linguagem escrita dos jornais e revistas Audiovisuais Convergência do som e da imagem, por exemplo, televisão e cinema Multimídias Uso de vários meios de comunicação diferentes (texto, imagem, áudio, vídeos, jogos, entre outros) Hipermídias Fusão de meios de comunicação por meio de sistemas eletrônicos como por exemplo: CD ROM, DvD, tv digital. O mundo da comunicação, em especial dos meios de comunicação em massa (MCM), “abrem os horizontes do pensamento, criam fantasias, envolvem e seduzem emocionalmente” (KENSKI, 2008, p. 59). Neste cenário aproveitamos para conhecer novas formas de linguagens, um novo ritmo e discurso, bem como inovações propiciadas pelas convergências das mídias (sons, imagens, vídeos). Figura 78. Meios de comunicação ou mídias em massa são os recursos tecnológicos utilizados para transmitir mensagens a um vasto número de receptores, temos como exemplo: a televisão, o rádio, jornais, revistas, teatro, cinema, internet, entre outros. no entanto, nesta unidade, concentramos nossos estudos nos meios audiovisuais, ou seja, aqueles permitem a interação com a imagem e o som (televisão, cinema, teatro, entre outros). Mídia tem origem na palavra “media” do latim e significa meio ou forma. Forma o conjunto dos diversos meios de comunicação. 79 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 Cada programa ou comercial, no rádio ou TV, nos transmite por meio de suas histórias visões de ética, gênero, ideologias, conceitos de moral e etnia. As mensagens nem sempre são explícitas como no caso dos filmes, das novelas e seriados. Outro exemplo tem sido o uso destes cursos pelos Governos com caráter educativo, seja para alertar sobre determinada conduta, prevenir e informar. Figura 79. Cartaz educativo divulgado pelo Estado de São Paulo. Fonte: Prefeitura de São Paulo (2017). <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Dengue-cartaz_final_1254860930.jpg> Há ainda a produção planejada de produtos culturais pelos países, especialmente as grandes potências mundiais, com o objetivo de promover e valorizar seus valores e ideais, como os filmes e documentários que retratam fatos históricos, o terrorismo, o perigo de uma guerra nuclear, a produção e o tráfico de drogas, entre tantos outros desafios vivenciados pela Sociedade da Informação (BONETTI, 2008). Estas produções audiovisuais, por meio dos seus múltiplos elementos (visuais, textuais, sonoros), imprime aos poucos uma nova cultura, consumo de novos objetos, padrões estéticos e éticos a partir da exposição massiva da “cultura dominadora”. 80 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO Provocação Como aprendemos que os produtos da Apple eram os mais sofisticados? A partir de que momento a nossa sociedade começou a usar calça jeans? E por que para muitos o cigarro aparenta uma sensação de liberdade e poder? Quando aprendemos a comemorar o Natal com neve e roupas quentes se vivemos num país tropical? Figura 80. Indústria Cultural e consumismo. Fonte: Portal do Professor MEC (2014) Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000005830/md.0000059205.jpg> Na busca pela audiência, as mídias de massa, inventam fórmulas sedutoras para assegurar a permanência do indivíduo como expectador , construindo cenários imaginários que atuam diretamente na vida real, tornando-se foco do nosso consumo e diálogos. A informação e a forma de ver o mundo predominantes no Brasil provêm fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e atualiza o universo sensorial, afetivo e ético que crianças e jovens – e grande parte dos adultos - levam a para sala de aula. Como a TV o faz de forma mais despretensiosa e sedutora, é muito mais difícil para o educador contrapor uma visão mais critica, um universo mais abstrato, complexo e na contramão da maioria como a escola se propõe a fazer. Fonte: MORAN, 1995, p 2. Para Chomsky (2010) a informação sempre terá uma relação com a propaganda a ser divulgada, possibilitando que a forma de destaque da mensagem seja influenciada pelos interesses de quem 81 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 a financia e a compartilha. Desta forma, o “controle da informação”, o que se pode ou não tornar público, e o elemento central desta “guerra simbólica”. Sugestão de estudo Para compreender com outra linguagem os conceitos que estamos abordando assista o filme “O Show de Truman” que nos remete a um futuro distópico em que um programa de televisão abre mão da liberdade e privacidade de um indivíduo para o entretenimento de seu público. O filme retrata um reality show no qual o protagonista desconhece que está sendo vigiado por câmeras e vivendo em uma cidade cenográfica. Figura 81. O Show de truman. Fonte: <http://memorialdoconsumo.espm.br/wp-content/ uploads/2017/04/the-truman-Show_poster_goldposter_com_22.jpg> A história dos meios de comunicação em massa, que atingem a maioria da população do nosso país, está diretamente ligada às politicas de massas. Desempenham um papel importante na veiculação de informações seja por meio de noticiários, programas diversos, novelas, desenhos,entre outros, formando percepções acerca ao mundo ao nosso redor. Assim as mensagens divulgadas nestas mídias influenciam diretamente nosso pensamento, forma de agir e interpretar as informações que são apresentadas. Outro exemplo marcante é a influência que as grandes metrópoles exercem em nosso país, normalmente a sede das produtoras culturais localizam-se no eixo Rio-São Paulo, reproduzindo o comportamento desta região em seus programas (BONETTI, 2008). A partir da década de 60 no Brasil, com o uso intenso destas novas mídias, iniciou a formação de cursos via correspondência, rádio, estudos com materiais impressos e, posteriormente, oferta via satélite e fitas de vídeo. Nota-se uma íntima relação dos meios de comunicação e mídias com a área educacional. Martin-Barbero (1996) nos chama a atenção para as estratégias adotadas para a inserção destas múltiplas mídias, em especial no contexto educativo, possibilitando uma modernização tecnológica, mas uma manutenção das práticas tradicionais de ensino, ou seja, não se possibilita a formação de indivíduos que atuem criticamente diante ao que lhe é apresentado. Para Moran (1995, p. 3) “escola não pode voltar as costas para os meios, para esta iconosfera tão atraente e, em consequência, tão eficiente”. Até porque antes de ingressar no universo escolar, o sujeito vivencia seus primeiros grupos sociais e nestes as mídias também estão presentes, tanto que nos últimos anos temos discutidos a educação de crianças “cuidadas” por programas de TV 82 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO e internet, sem a devida atenção dos seus responsáveis sobre o conteúdo exposto, bem como a adequação à faixa etária. Não podemos acreditar que a escola está desassociada as manifestações e transformações sociais, muitas vezes, configura-se no único espaço onde o estudante poderá refletir sobre as questões que envolvem os dilemas sociais. Linguagem Audiovisual e seu papel na Educação As mídias são importantes e sofisticados dispositivos técnicos presentes em todas as esferas da nossa vida, especialmente para as novas gerações, propiciando novas possibilidades de aprendizado. De acordo com Bévort e Belloni (2009) a expressão “mídias na educação” ou “mídia- educação” foi utilizada pela primeira vez pela UNESCO, relacionado aos temas de formação continuada e alfabetização em larga escala com o suporte dos recursos tecnológicos de massa. Somente na década de 70, por meio das pesquisas acadêmicas realizadas nos Estados Unidos e em alguns países da América Latina, que a abordagem diante uma leitura crítica das mídias no contexto educacional começou a ser difundida. Ao longo dos anos, os estudos relacionados a linguagem audiovisual no contexto educacional, foram construindo seus significados a partir das concepções de ensino adotadas. Ainda nos anos 1970, em nosso país, o uso dos recursos audiovisuais veio em parceria com as reformas educacionais, evidenciando um modelo tecnicista de ensino. (...) as mídias apresentam-se, pedagogicamente, sob três formas: como conteúdo escolar integrante das várias disciplinas do currículo, portanto, portadoras de informação, ideias, emoções, valores; como competências e atitudes profissionais; e como meios tecnológicos de comunicação humana (visuais, cênicos, verbais, sonoros, audiovisuais) dirigida para ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender, implicando, portanto, efeitos didáticos como: desenvolvimento de pensamento autônomo, estratégias cognitivas, autonomia para organizar e dirigir seu próprio processo de aprendizagem, facilidade de análise e resolução de problemas, etc. (LIBÂNEO, 2003, p. 70). Denominamos recursos audiovisuais os materiais e técnicas (cinema, retroprojetor, televisão, rádio, retroprojetor, imagens entre outros) e, também, os procedimentos didáticos (excursão, exposição, entre outros). Os elementos da linguagem visual Em todos os instantes somos convidados e provocados por mensagens e elementos visuais. Num simples caminhar pela rua encontramos outdoor, cartazes e desenhos em muros, panfletos, 83 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 jornais, revistas e hoje ainda podemos registrar o melhor ângulo com as câmeras dos nossos smartphones. Para nos expressarmos por meio da imagem devemos conhecer os elementos que compõem esta linguagem e incorporar este conhecimento nas atividades pedagógicas, promovendo o desenvolvimento das competências que envolve a leitura e análise visual. Ao “lermos” uma imagem nem percebemos que consideramos seus aspectos (superfície, linha, volume, cor e luz), estabelecendo um “jogo de negociação de sentidos”, formulando questionamentos e relações com o espaço-tempo em que a imagem foi produzida. Figura 82. Pintura de Monet – O Ramo de Girassóis. Fonte: Blog O Universo é uma Casca de noz (2016) <https://abrancoalmeida.files.wordpress.com/2011/10/cmonet_bouquetsunflowers_metme01203g.jpg> Utilizaremos como exemplo o quadro “O Ramo de Girassóis”, do pintor impressionista francês Claude Monet, observe sua tela. O que ela provoca em você? Quais sentimentos despontam? Estas sensações são influenciadas pelo modo com a pintura foi organizada, sua superfície, as cores utilizadas (relembrando as aulas de artes e o papel das cores quentes e frias), sua iluminação, o enquadramento e, possivelmente, a história que levou o artista a selecionar e registrar esta cena. De acordo com Leblanc (2013), no mundo contemporâneo e no ambiente educacional, devemos pensar a educação visual como emancipadora e com o intuito de criar novas imagens, numa prática transdisciplinar que envolva e transpasse todas as disciplinas. Assim ampliamos a perspectiva de somente ler e compreender a imagem para a produção ou o mero ensino da técnica. Saiba mais Aproveite e realize uma visita virtual ao Museu do Louvre, localizado no centro de Paris, neste espaço icônico se encontram diversas obras que remontam a história da nossa civilização (Mona Lisa, Vênus de Milo, entre muitas outras). <https://www.louvre.fr/en/visites-en-ligne> 84 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO (...) Não se trata de treinamento de operadores de câmeras ou técnicos de microfone assujeitados pela técnica, mas de conhece-la para transformá-la. Criar imagens é criar mundos. (...) Ler uma imagem significa interpretá-la, relacioná-la a um contexto de produção, entender que uma imagem dá forma a um discurso. (LEBLANC, 2013, p. 40-41). Neste sentido orienta-se a integração de atividades que promovam o conhecimento da técnica para que novas produções possam acontecer e a prática de análise das imagens nos diferentes meios (filmes, programas de televisão, jogos, entre tantos outros). Provocação Figura 83. Roger Chartier. Fonte: Publish new (2016) <https://www.publishnews.com.br/materias/2016/08/17/2-edicao-do-paixao-de-publicar-discute-novos-meios-de-leitura- no-universo-digital>. Acesso em 18 de fevereiro de 2019. Para o historiador Roger Chartier a leitura é sempre uma forma de apropriação, invenção e produção de significados. Podemos afirmar que esta “visão” também pode ser relacionada a leitura de imagem? Os elementos da linguagem sonora Figura 84. Os sons nos despertam memórias de conforto ou desconforto, basta pensarmos na risada de uma criança, no uivo de um cachorro, no barulho da panela de pressão e num grito estridente, quais sensações afloram neste cenário? Nós fazemos parte da “paisagem sonora”, ouvindo e compondo sons a todos os instantes. E o ato de interpretar as mensagens sonoras dependerá do nosso repertório pessoal e cultural, sendo organizado em quatro momentos: ouvir (o ato), 85 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 escutar (captação do ato), reconhecer (atribuição da qualidade do ato) e compreender (atribuição do significado ao ato). Os sons, sob a perspectiva humana, são organizados em verbais-orais e não verbais. A linguagem verbal-oral envolvea entonação, o timbre e a modulação da voz que são responsáveis pela interpretação que daremos a mensagem. E os sons não verbais são compostos por “ruídos sonoros” que servem para informar sobre o espaço ou a situação. A linguagem sonora possui seus componentes básico que envolvem a propriedade do som (intensidade, duração, altura e timbre) e a implicação na música (dinâmica, pulsação/ritmo, grave/agudo, fonte sonora/instrumentação) provocando combinações que nos despertam força, movimento e/ou calma. O conhecimento das especificidades acima da linguagem sonora amplia a nossa habilidade de reconhecer e interpretar os sons, ampliando a nossa capacidade de expressar sentimentos e ideias. No espaço educacional o som tem o desafio de propor cenários sonoros para a construção de imagens mentais, quando o som é associado a uma imagem constituímos a narrativa audiovisual. Neste cenário, o contexto brasileiro, tem reconhecido a importância destas práticas para a educação, promovendo a criação de rádios escolares, grupos de dramatização, entre outras estratégias onde o som pode ser explorado e utilizado como ferramenta pedagógica. Os elementos da linguagem audiovisual As narrativas audiovisuais foram possíveis com a implementação da TV tendo seus recursos ampliados com a web e o uso dos tablets, smartphones. Estas ferramentas possibilitaram a convergência da imagem com o som, que antes não era possível ser realizado de forma simultânea. A imagem, a palavra e o som envolvem o indivíduo na história que está sendo apresentada por meio da criação do cenário que remontam determinada época e cultura, sendo assim o audiovisual possui uma linguagem própria. No audiovisual a música tem como função a identificação de programas (vinhetas), destaque de personagens e situações, definição de ambientes, delimitação do clima da cena e mensagem da imagem, estruturação das narrativas e provocação de recordação. Saiba mais Um bom exemplo é a famosa música “Tema da vitória”, canção instrumental composta pelo maestro Eduardo Souto Neto, para uso nas transmissões da Fórmula 1 como a trilha sonora dos campeões. A canção ficou mundialmente reconhecida em razão das vitórias do piloto Ayrton Senna, tendo uma nova versão criada especialmente em sua homenagem. Saiba mais O Instituto OuvirAtivo promove o desenvolvimento do ser humano e instituições por meio da música. <http://ouvirativo.com.br> 86 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO A construção e produção do audiovisual envolve um processo de desenho de cada característica da cena, seja visual ou sonora, que chamamos de roteirização. No roteiro cria-se toda a narrativa que será utilizada na história que, muitas vezes, já está escrita no formato textual. Estabelece também os elementos específicos da linguagem audiovisual que são: o enquadramento, o movimento da câmera, iluminação, efeitos especiais, edição de som, entre outros. Podemos dizer que a câmera é um prolongamento do “olho humano”, captando a imagem que deverá ilustrar a narrativa. Figura 84. Plano de Imagem selecionado para a construção da narrativa. Fonte: Despertar Coletivo (2016) <http://despertarcoletivo.com/wp-content/uploads/2016/02/A-m%C3%ADdia-é-a-entidade-mais-poderosa-na-terra.-Eles- tem-o-poder-de-fazer-o-inocente-ser-culpado-e-o-culpado-ser-inocente.jpg> Cada história possui suas características, seu tempo histórico e personagens que podem ser reais ou fictícios. Acrescenta-se a este cenário a escolha do gênero de cada texto que a mensagem se desenvolverá: animação, aventura, drama, humor e documentário. A linguagem audiovisual possui seus meios próprios para a apresentação das suas produções, alguns destes recursos são amplamente conhecidos por todos nós e relevantes para o nosso estudo como educadores , são eles: televisão, cinema e o rádio. Acrescentamos neste repertório o uso das mídias digitais, mas que serão estudadas no próximo capítulo. televisão A mídia com a maior inserção social e consumo ainda é a televisão, o seu acesso somente foi possível devido ao barateamento dos custos de uma produção industrial em larga escala. Desta forma, para muitos indivíduos, continua sendo a única fonte de informação. A televisão tem o potencial de comunicação em massa envolvendo a todos , proporcionando uma vivência doméstica. 87 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 A televisão movimentou o cenário educacional, provocando novas possibilidades de aprendizado por meio da imagem, som e do movimento, a partir de informações realistas. Os recursos audiovisuais nos possibilitam uma imersão na história narrada, pois se configuram como sensoriais, envolvendo a linguagem falada, musical e escrita. De acordo com Moran (1995, p.30) podem ser utilizados na educação a partir das seguintes estratégias: » Audiovisual como motivação – sendo uma ferramenta para a introdução de um novo assunto com a intenção de despertar a curiosidade e o conhecimento por novos temas, incitando o desejo de pesquisa para o aprofundamento do conteúdo em questão. » Audiovisual como ilustração – sendo utilizado como recurso ilustrativo, possibilitando que o estudante construa em seu repertório imaginativo o cenário desconhecido, contemplando a possibilidade de vivenciar realidades distantes. » Audiovisual como simulação – possibilitando a simulação de vivências diversas em ambientes e ações que dificilmente o indivíduo teria a oportunidade de participar. » Audiovisual como contexto de ensino – sendo uma ferramenta informativa sobre um tema específico visando a orientação, possibilitando abordagens múltiplas e interdisciplinares; » Audiovisual como produção – sendo um recurso para registro e documentação de atividades realizadas nas instituições de ensino, propiciando aos professores e estudantes uma infinita possibilidade de ações desde o planejamento, produção, edição e apresentação do conteúdo. » Audiovisual integrando o processo de avaliação - registro das atividades educacionais realizadas para avaliação e auto avaliação em momento posterior, possibilitando a análise detalhada de comportamentos, discursos, entre outros. O uso pedagógico da televisão e do vídeo teve a sua origem no cinema, sendo que seu papel “ilustrativo” da utilização de imagens fixas projetadas por meio de slides e as lanternas mágicas. Sua linguagem audiovisual é compreendida como verbo-icônica, sendo aquela que utiliza palavras e imagens e sons para expressar uma mensagem, o resultado desta complementação é a própria mensagem. Saiba mais Desde o ano de 1996 que o Ministério da Educação utiliza a televisão para o desenvolvimento das políticas educacionais de integração das novas tecnologias e formação docente. Atualmente mantem o canal “TV Escola” com a apresentação de diversos conteúdos para toda a comunidade escolar. (MEC, 2011). Saiba mais em: <https://tvescola.org.br> Figura 86. tv Escola. @(MEC, 2011) 88 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO Cinema A palavra cinema tem a origem no grego kinesis que significa movimento, o que conduz à ação. É uma manifestação artística, conhecida com a sétima arte, com linguagem própria que converge sons, luzes, roteiros e efeitos especiais. Seu uso como ferramenta pedagógica não é novidade no contexto brasileiro (DUARTE, 2002). O uso do cinema como ferramenta pedagógica teve o pioneirismo dos franceses e alemães, nomeado cinema científico. No Brasil tivemos como referência o Instituto Nacional de Cinema Educativo, fundado em 1936 por Roquette Pinto. No entanto, foi na década de 70, com a expansão da TV que o cinema se popularizou no contexto do país, sendo utilizado nas práticas educativas com finalidades similares ao uso da televisão (MORAN, 1995). Neste mundo contemporâneo, uma prática que tem se destacado é a realizada pela França sob a liderança do profo. Alain Bergala, que foi o responsável pela elaboração de um projeto integrando esta arte aos currículosdo ensino fundamental. Uma das estratégias adotadas foi a divulgação de uma coleção de filmes em DVD a serem desenvolvidos nas atividades da escola ao longo de 5 anos. O intuito é proporcionar aos estudantes o acesso livre e permanente a filmes históricos, com valor artístico e cultural, com apoio dos professores na oferta desta experiência que não tem como objetivo a análise crítica, mas a avaliar o que veem, dando sentido a narrativa em destaque. Saiba mais Figura 87. CInEDUC. Fonte: <https://www.cineduc.org.br/images/logo-cineduc.jpg?crc=268731376> O CINEDUC, uma iniciativa brasileira, tem como missão Promover a reflexão sobre as linguagens audiovisuais com o público infanto-juvenil e educadores, formais e informais, a fim de contribuir no processo educativo transformador, através do desenvolvimento da consciência crítica e da expressão criativa. Saiba mais em : <http://www.cineduc.org.br/historia.html> Rádio O conceito de comunicação em massa somente foi possível devido a existência do rádio que permitiu a transmissão de informações em larga escala por meio do som. A primeira transmissão 89 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 no Brasil foi em 1922, no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da independência do Brasil. No ano seguinte, foi fundada a Rádio Sociedade Rio de Janeiro por Roquete Pinto. Em 1941 foi inaugurado o primeiro noticiário “Repórter Esso” que tinha como papel resumir as notícias divulgadas no jornal impresso. Logo após a qualidade sonora das programações foram aprimoradas com a modulação da frequência eletromagnética para FM e, atualmente, temos a transmissão via web. A rádio continua sendo considerada uma mídia de grande atuação nacional por meio desta temos acesso a informação e entretenimento. No contexto educacional a “rádio” pode se organizar da seguinte forma: » Rádio Pátio – o programa construído pelos estudantes é divulgado a partir das caixas de sons instaladas nos pátios e corredores da Escola. » Programas em CDs de áudio ou Pen Drive – nesta estratégia os programas são gravados previamente e os áudios gravados em CD ou pen-drive para apresentação posterior. » Web rádio – a programação da rádio é transmitida via streaming pela web, podendo usar vídeo e som, ao vivo ou gravada. Também pode ser divulgada no formato “podcast” que possibilitam o download dos programas. » Transmissão por FM – esta oferta requer a aquisição de equipamentos de transmissão, envolvendo custos, e possibilita o acesso por FM. Figura 88. guia do Projeto Radio Escolar. Fonte: MEC (2015) <https://image.slidesharecdn.com/manualdemontagemderdioescolaruspeducom-151129115612-lva1-app6892/95/ manual-de-montagem-de-rdio-escolar-usp-educom-1-638.jpg?cb=1448798211> A organização de uma rádio no espaço escolar promove o envolvimento de toda a comunidade, favorecendo a integração entre as pessoas, informando por meio de notícias específicas ao 90 CAPÍTULO 4 • O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO cotidiano social, apresentando programas de músicas e entretenimento, com informes para a prestação de serviço, entre outros. No Brasil temos algumas experiências educativas bem interessantes como o programa “Nas ondas da Rádio”, criado em 2004 pela Secretaria Municipal de Educação, por meio da Lei EDUCOM – Educomunicação pelas ondas da rádio sancionada em 2005. A legislação prevê a adoção das práticas radiofônicas nas escolas, oferecendo o equipamento necessário para a sua implementação. Ainda em São Paulo temos uma “Rádio Bicicleta Itinerante” que circula pela Zona Leste, sendo uma ferramenta colaborativa que envolve toda a comunidade e informativa, pois divulga as atrações culturais da região. No município Horizonte (CE) temos o projeto “Radioescola”, em 10 unidades de ensino, com o objetivo de promover o diálogo e a discussão acerca os direitos da criança e do adolescente, fomentando a promoção da democracia, da liberdade de pensamento, da responsabilidade social, da autonomia e do protagonismo juvenil. E na Bahia temos o programa “Evolução Hip Hop” comandado pelo Dj Branco, Hamilton de Oliveira, que acessa 13 mil ouvintes por segundo de acordo com a Rádio Educadora FM, que é uma emissora pública e pertence ao Estado. Figura 89. Rádio Maluca com zé zuva. Fonte: MEC (2013) <http://2.bp.blogspot.com/-7ZeEy2s1g-k/T3tpmtmFIhI/AAAAAAAAA2g/jinPZDGbYlY/s1600/estação+brincadeira.jpg> E em 2013 foi finalizada a transmissão da Rádio Maluca conhecida por seu conteúdo educativo e artístico, encantava crianças e adultos com músicas e brincadeiras folclóricas e de autoria do seu apresentador Zé Zuca. O seu repertório musical, literário e lúdico ainda pode ser vivenciado por meio do programa “Estação Brincadeira”, também idealizado por Zé Zuca, que é transmitido pela Rádio MEC. Saiba mais Kit Educom de Implementação da Rádio Escolar <http://www.usp.br/nce/manual/paginas/manual1.pdf> 91 O USO DOS RECURSOS AUDIOvISUAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 4 Saiba mais Saiba mais sobre o Programa Estação Brincadeira e o repertório de atividades e Músicas infantis do artista Zé Zuca no link abaixo: <http://radios.ebc.com.br/estacao-brincadeira> Sintetizando Vimos até agora: » O Universo em que vivemos está repleto de sons e imagens, podemos observar que todo o nosso cotidiano possui cores, símbolos e signos que sensibilizam nossos sentidos e emoções, favorecendo a contínua construção da cultura e humanidade. » Meios de comunicação ou mídias em massa são os recursos tecnológicos utilizados para transmitir mensagens a um vasto número de receptores, temos como exemplo: a televisão, o rádio, jornais, revistas, teatro, cinema, internet, entre outros. No entanto, nesta unidade, concentramos nossos estudos nos meios audiovisuais, ou seja, aqueles permitem a interação com a imagem e o som (televisão, cinema, teatro, entre outros). » As produções audiovisuais, por meio dos seus múltiplos elementos (visuais, textuais, sonoros), imprime aos poucos uma nova cultura, consumo de novos objetos, padrões estéticos e éticos a partir da exposição massiva da “cultura dominadora”. » A história dos meios de comunicação em massa, que atingem a maioria da população do nosso país, está diretamente ligada às politicas de massas. » Ao longo dos anos, os estudos relacionados a linguagem audiovisual no contexto educacional, foram construindo seus significados a partir das concepções de ensino adotadas. » Ao “lermos” uma imagem nem percebemos que consideramos seus aspectos (superfície, linha, volume, cor e luz), estabelecendo um “jogo de negociação de sentidos”, formulando questionamentos e relações com o espaço-tempo em que a imagem foi produzida. » No audiovisual a música tem como função a identificação de programas (vinhetas), destaque de personagens e situações, definição de ambientes, delimitação do clima da cena e mensagem da imagem, estruturação das narrativas e provocação de recordação. » A câmera é um prolongamento do “olho humano”, captando a imagem que deverá ilustrar a narrativa. 92 Apresentação Crianças e jovens são verdadeiros representantes da chamada “Geração Z” (VEEN e VRAKKING, 2009). A geração que nasceu imersa em tecnologias digitais, vivem em multi-telas, zapeando pelo canais digitais, aplicativos e jogos. O conceito “Z” origina-se no “zapping” que segundo Ramal (2012, p. 17) “é o ato de mudar contínua e rapidamente de canal de televisão ou de rádio, buscando, em tese, algo interessante ou simplesmente por hábito de pular para outra programação (...)”. Considerada uma geração silenciosa, por estar constantemente conectada a web, cerca-se de amigos e seguidores nas múltiplas redes sociais, mas nota-se limitações na competência interpessoal, ainda mais em contexto presencial. Para esta geração a rede é o espaço de atuação e reinvindicação social, ampliando a prática iniciada em ambientes virtuais para locais reais. Expressões como “sobe a hashtag”, “twitaço”, “top trend” são materializadasnos diálogos nos mostrando na prática a convergências das tecnologias com as práticas discursivas. Figura 90. Jovem e uso de aplicativo. Fonte: Blog tecnologias voltadas para a agricultura (2015) Disponível: <https://aledessbesell.files.wordpress.com/2015/06/moodle.png> 5 CAPÍTULO O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO 93 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 Objetivos do capítulo » Identificar as contribuições da Linguagem Digital para a aprendizagem. » Conhecer um breve histórico da informática e suas influências para a constitiução da Sociedade da Informação. Figura 91. (aqui é ilustrativo) Fonte: <https://medium.com/publicitariossc/linguagem-digital-a-introdução-de-s%C3%ADmbolos-como-facilitadores-do- discurso-f8be36a50e1d> Contribuições da Linguagem Digital para a Aprendizagem Você conhece a música abaixo composta e cantada por Gilberto Gil? Leia a letra: Figura 92. 94 CAPÍTULO 5 • O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO Gilberto Gil escreveu a primeira versão da música, Pela Internet, no ano de 1996. A história tem características peculiares e não é somente a linguagem que se destaca. A letra da música fez parte de um projeto inovador em parceria com a Flora e Gilberto Gil, IBM, Embratel e o Globo. Aconteceu há 20 anos e, tal como a música “Pelo Telefone” composta por Donga e Mauro Almeida, a letra composta por Gil retrata o universo contemporâneo com seu vocabulário específico e muito mais. “Pela Internet” foi transmitida ao vivo “pela internet”, sendo o primeiro vídeo de música no Brasil a realizar esta façanha, sendo possível ser o primeiro do mundo. O projeto foi um sucesso e rendeu novos momentos inovadores ao longo dos anos pelo Brasil. Saiba mais Saiba mais sobre a história da música “Pela Internet” versão 1 e 2 no link abaixo. Aproveite e também conheça as primeiras iniciativas de transmissãos ao vivo pela web no Brasil. <http://www.maurosegura.com.br/pela-internet-gilberto-gil/> Como tudo neste universo está integrado, conheça também a história da música “Pelo Telefone” considerada percursora e marco do samba urbano: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra7091/pelo-telefone-1916> “O pensamento é nuvem”, pois a linguagem digital altera o aspecto linear do texto impresso, possibilitando a interpretação da informação em multiplas mídias, facilitando a compreensão de conceitos e conteúdos. Sua base é o hipertexto “que funcionam como páginas sem numeração e trazem informações variadas sobre determinado assunto “ (KENSKI, 2005, p. 32) “Que o desejo agora é garimpar. Nas terras das serras peladas virtuais”, pela web podemos conhecer diversos locais sem sair do espaço físico em que meu corpo se localiza, pesquisar e consultar bancos de dados virou parte da rotina, as páginas “hipermidiáticas”, possuem vídeos e imagens integrados, muitas vezes, realizam transmissão ao-vivo. E quem nunca se perdeu no “links”, nós, da rede “garimpando” um contéudo? “É zap-zap, é like. É Instagram, é tudo muito bem bolado” os novos aplicativos e softwares reconfiguram o modo como lemos e acessamos as informações. A estrutura da linguagem digital possibilita que saltemos entre os dados, podemos escolher o caminho mais interessante para navegar. “Criei meu website. Lancei minha homepage. Com 5 gigabytes”, a criação desta nova linguagem e cultura digital somente foi possível devido a popularização no acesso a computadores e todos os seu periféricos que propiciaram a convergências das múltiplas mídias existentes (KENSKI, 2005). 95 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 Convergência das Mídias: Breve histórico da informática na Educação A evolução da informática possibilitou a formação de uma nova cultura e linguagem. Até chegarmos ao “Ciberespaço” do jeito que conhecemos há uma longa estrada iniciada no período antes de Cristo com a criação do ábaco. Saiba mais Ábaco – antigo instrumento utilizado para cálculos com origem na Mesopotâmia, considerado uma extensão do ato natural de se contar utilizando os dedos. Figura 93 ábaco. Fonte: Hora da Escola (2017) Disponível em: <https://horadaescola.com/wp-content/ uploads/2017/01/abaco-instrumento-historia.jpg> Acesso em 01 de marco de 2019. Outras invenções com o intuito de facilitar a vida do ser humano para administrar os dados foram surgindo ao longos dos anos, conheça algumas delas abaixo: Figura 94. Máquina de somar de Blaise Pascal. 1642 Fonte: Webpages (2015) <http://webpages.fc.ul.pt/~ommartins/seminario/pasca_l/images/pascalinecores3.gif> figura 95. Máquina de calcular de Leibnitz. 1672 Fonte:Steemitiimages (2014) <https://steemitimages.com/DQmvHMB8kCrudxAppwvnApX9Cw7w73QUuEg4wBvPDwW3Pem/image.png> 96 CAPÍTULO 5 • O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO Figura 96. Máquina de Babbage 1791-1981 Fonte: Jamisson Fatec (2011) <https://sites.google.com/site/jamissonfatec/_/rsrc/1314497662261/analitica-de-babbage/maquina-de-diferencas-de- babbage/BabbageAnalyticalEngineModel.JPG> Figura 97. Cartões perfurados. 1890 Fonte: Retrocomputaria (2015) <https://www.retrocomputaria.com.br/wp-content/uploads/2015/11/card.png> Figura 98. Impressora de Cartões Perfurados. 1924 Fonte: Disponível em: PcHistory (2014) <http://pchistorycfpic.weebly.com/uploads/2/4/4/7/24470850/5559452.jpg>. Acesso em 18 de fevereiro de 2019 Figura 99. Calculadora mecânica e elétrica. 1944 Fonte: Instituto PoIncare (2009) <http://www.institutopoincare.com.br/images/portfolio/recent/prim_comp.jpg> 97 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 O aprimoramento destas máquinas permitiu a chegada a 1a Geração de computadores (1946-1947) que tinha como características o desenvolvimento das válvulas eletrônicas, inicialmente criada para a indústria radiofônica, a introdução da programação e da comunicação. Na 2a Geração (1957-1964) consumindo menos energia que as válvulas entram em cena os transistores, sua função básica é o de interruptor eletrônico para as operações lógicas do computador. Com a 3aGeração (1946-1970) introdução dos circuitos integrados, desenvolvimento de softwares e criação de minicomputadores. Para Torquato (ano) estamos na transição da 4a Geração (1970 até os dias atuais) para a 5a Geração (Futuro próximo). Na 4a Geração temos a evolução de diversos componentes do computador, desenvolvimentos dos computadores pessoais, microprocessadores e diversos softwares. E a 5a Geração tem como foco o desenvolvimento da inteligência artificial e sistemas inteligentes. Figura 100. Linha do tempo evolutiva da informática. Fonte: Dutra (2015) Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/evoluodainformtica-130805123556-phpapp01/95/evoluo-da- informtica-1-638.jpg?cb=1375706247>. Acesso em 16 abril de 2019. Percebe-se que a história da informática se entrelaça com a história da humanidade, sendo a própria ciência da informação. No campo educacional foi na década de 60, com as “máquinas de ensinar” de Skinner entituladas “tecnologia do ensino”, que por meio da instrução programada discute-se o aumento da eficiência do processo de ensino e aprendizagem. As máquinas de ensinar tinham como característica o reforço imediato da resposta correta. Naquela época, de expansão no acesso a educação pública e gratuita, o uso desta “tecnologia”, quando bem planejada, possibilitava o acompanhamento do professor em especial aquele que necessitava de ajuda. Saiba mais Leia mais sobre o histórico da informática na Educação: <https://www.dca.ufrn.br/~lmarcos/courses/ DCA800/pdf/Apresentacao_historico.pdf> 98 CAPÍTULO 5 • O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO Figura 101. Máquina de Ensinar. Fonte: Psicoedu (2016) Disponível em: <https://www.psicoedu.com.br/2016/11/maquina-de-ensinar-skinner.html> A máquina possuía uma abertura na parte superior para visualização do exercício, impresso numa tira de papel juntamente com as respostas, a criança movia um ou mais cursores para responder a questão, onde estavam impressosos dígitos. Caso a resposta estivesse correta bastava o estudante girar o botão, com a resposta incorreta o botão não girava, permanecendo na atividade até alcançar êxito. No Brasil, as primeiras iniciativas no uso de computadores na educação ocorreram na década de 70, com a pioneira Universidade Federal do Rio de Janeiro para o ensino de informática numa determinada disciplina. Logo em seguida, o curso de Química, também adotou a informática educativa para o desenvolvimento de suas atividades acadêmicas. A partir destas experiências outras Universidades, com o suporte do MEC e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) registraram a implementação de projetos interativos com o uso de computadores no âmbito universitário e, isoladamente, em parceria com algumas escolas da Educação Básica. Neste cenário emerge a “Filosofia e Linguagem LOGO” liderado pelo pesquisador Seymour Papert, que trabalhou diretamente com Jean Piaget, influenciado pelos princípios construtivistas desenvolveu uma linguagem de programação para crianças. O LOGO apresentou estratégias diferenciadas para a infância que até então tinha como referência a instrução programada. Sugestão de estudo Figura 103. LOgO. Por meio da linguagem LOGO, o computador passa a ser usado como uma ferramenta para a criança realizar ações: comandar o robô ou criar desenhos. Era uma forma de usar o computador muito diferente dos tutoriais e da instrução programada que eram usados na educação na época em que LOGO foi criado. Não existe uma “resposta certa” a ser dada. Ao usar a linguagem Logo, é a criança quem ensina o computador a realizar alguma coisa por meio dos comandos. O usuário interage livremente, o conhecimento é construído a partir da reflexão sobre as reações decorrentes dos comandos dados. 99 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 Em 1989 foi efetivado o Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE), como politica pública, com o intuito de desenvolver esta área no Brasil por meio da criação de equipes multidisciplinares para atuação pedagógica, técnica e administrativa. A partir dos resultados e vivências consolidados neste ação no ano de 1997 foi lançado o PROINFO (Programa Nacional de Tecnologia Educacional). Este último atuava de forma descentralizada, liderado pelo Governo Federal, mas o desenvolvimento era de responsabilidade dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), com profissionais especialistas em software e hardware, formação docente e que atuava mais próximo às necessidades das escolas. Com a meta de integrar as Tecnologias da Informação e da Comunicação, foram implantados os laboratórios de informática educativa, configurando um patrimônio para toda a comunidade. Com a informática é possível realizar variadas ações, como se comunicar, fazer pesquisas, redigir textos, criar desenhos, efetuar cálculos e simular fenômenos. As utilidades e os bene- fícios no desenvolvimento de diversas habilidades fazem do computador, hoje, um importante recurso pedagógico. Não há como a escola atual deixar de reconhecer a influência da informática na sociedade moderna e os reflexos dessa ferramenta na área educacional. Fonte: NASCIMENTO, 2007, p.38. A articulação das tecnologias com a proposta pedagógica de cada unidade escolar foi a premissa principal para a adoção destas novas ferramentas, levando em consideração: (NASCIMENTO, 2007): » As percepções dos docentes, colaboradores da escola, estudantes, pais e comunidade externa. » Dialogar com os estudantes sobre a influência, desafio e benefício do uso das tecnologias para a sociedade. » Integrar as tecnologias da informação e da comunicação ao cotidiano educacional com finalidade pedagógica. E o uso do computador nas práticas de ensino podem ser classificados de duas formas, a saber (NASCIMENTO, 2007): Por disciplina Por Projetos Educacionais 100 CAPÍTULO 5 • O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO O enfoque na disciplina tem como escopo o uso dos computadores como reforço, complementação ou sensibilização para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares, numa disciplina específica e de forma isolada. Na abordagem por projetos educacionais existe uma integração entre as disciplinas, sendo o uso do computador o meio aglutinador dos temas curriculares (NASCIMENTO, 2007). Em relação aos ambientes de informática, no contexto brasileiro ainda tendo a sua infraestrutura centralizada num único espaço, pode ser sistematizada (com horários definidos e planejado, sendo recomendada na fase de implementação, visando proporcionar o melhor suporte e atendimento a comunidade – docente e estudantes) e não sistematizada (o uso do espaço é livre, tendo o professor autonomia para selecionar o momento adequado, indicado para as escolas que já possuem atores ativos na utilização das tecnologias) (NASCIMENTO, 2007). Quanto ao objetivo, as mídias pedagógicas, podem ser de ordem social ou pedagógica. A finalidade pedagógica tem como intuito o uso integrado ao currículo e as atividades pedagógicas, a tecnologia é o meio, não o centro do processo de ensino e aprendizagem. E a finalidade social privilegia a alfabetização tecnológica, enfatizando como prática social, ensinando suas técnicas para inserção no mercado de trabalho (NASCIMENTO, 2007). Convergência das Mídias: princípios pedagógicos Provocação Quais habilidades são necessárias para os indivíduos participarem ativamente da “cultura da convergência”? Elas podem ser ensinadas? Qual o papel da educação diante este cenário ? Vamos ler mais uma vez o trecho da música de Gilberto Gil, Pela Internet 2: Figura 103. Como apontamos anteriormente esta é a segunda versão da música que nos leva a entender que todas as expectativas em relação a sua inserção a linguagem digital foram saciadas, pois ele 101 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 “criou o website”, “lançou a homepage”, entre outras ações que indicam a sua familiriedade com este novo mundo hipermidiático. Para Moran, Masetto e Behrens (2007) uma atitude inquieta, humilde e confiante para com a vida, com os outros e conosco, são condições essenciais para que o ensino aconteça. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação, que desenvolvam formas de comunicação autênticas, abertas, confiantes (MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2007, p.62). Os fundamentos acima estabelecem uma relação dialógica (FREIRE, 1997), propiciando tanto ao estudante quanto ao docente o aprender a aprender,num processo colaborativo e coletivo de produção de conhecimento, o que não pode ser diferente numa sociedade digital. Para uma aprendizagem colaborativa se faz necessário reconhecer que sempre estaremos na condição de aprendiz, reforçando a necessidade de termos como referência os 4 pilares de Delors (1998) para o desenvolvimento da Educação do século XXI. Figura 104. Os 4 pilares da Educação de Delors. Fonte: Delors, 1998. O primeiro pilar “Aprender a conhecer” ressalta a necessidade do prazer pelas novas e constantes descobertas, curiosidade e espírito investigativo, compreendendo que o processo de aprendizado não se finda, não é mnemonico e que aprender a conhecer é aprender a pensar. 102 CAPÍTULO 5 • O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO “Aprender a fazer”, segundo pilar, relaciona-se ao “mão na massa”, a capacidade criadora do ser humano, possibilitando uma ação empreendedora e efetiva na solução de problemas cotidianos. O terceiro pilar “Aprender a viver juntos” enfatiza a importância de convivermos em harmonia com todos os seres do nosso planeta, ter empatia, trabalhar em parceria e cooperação, respeitando as diversidades e individualidades. “Aprender a ser”, quarto pilar, envolve todo o processo de auto-conhecimento do indivíduo. Ao me conhecer, aprimoro as minhas habilidades individuais e potencializoas inteligências que naturalmente despontam em minha personalidade, sendo assim me desenvolvo integralmente. Todos pilares integrados às competências desejáveis na cultura da convergência que são: jogo, representação, simulação, apropriação, multitarefa, pensamento distribuído, inteligência coletiva, juízo, navegação transmídia, trabalho em rede e negociação (JENKINS e ALEXANDRIA, 2009). Quadro 4. Pilares integrados às competências desejáveis na cultura da convergência. Jogo capacidade de experimentar formas de aprendera solucionar problemas Representação capacidade de adotar identidades alternativas com a finalidade de improvisação e descobertas Apropriação capacidade de interpretar e remixar conteúdo de mídia Multitarefa - capacidade de avaliar seu ambiente e focar a atenção, quando necessário, em significativos Pensamento Distribuído - capacidde de interagir significativamente com as ferramentas que ampliam as capacidades mentais Inteligência Coletiva capacidade de adicionar conhecimetnos e comparar as notas com outras pessoas com base em um objetivo comum Juízo capacidade de avaliar a confiabiliddade e a credibilidade das diferentes fontes de informação Navegação transmídia capacidade de acompanhar o fluxo de histórias e informações em diferentes mídias Trabalho em rede capacidade de pesquisar, sintetizar e divulgar informações Negociação capacidade de viajar de diversas comunidades, percebendo e respeitando as várias perspectivas e entendimento e seguindo as normas alternativas Fonte: Adaptado de (JENKINS e ALEXANDRIA, 2009). As competências listadas nos suscitam uma pedagogia da participação e mediação colaborativa que integra a diversidade das novas percepções dos indivíduos que atuam nesta grande rede 103 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 digital. Criam novas possibilidades de expressão e comunicação, despontando significativos desafios à escola, que podem afastar os estudantes do cotidiano educacional. Para facilitar a combinação das estratégias de ensino presenciais e as múltiplas ferramenas disponíveis on-line emerge a educação híbrida. A convergências destes dois modelos educacionais permite o aprendizado em tempo e espaço distintos, sendo muito utilizada no Ensino Superior na modalidade de ensino a distância. Atualmente, este conceito foi ampliado favorecendo o uso de diversos recursos didáticos, apoiados pela tecnologias digitais, integrados ao currículo. O modelo de rotação tem sido o mais utilizado, com foco no uso da avaliação como recurso para a personalização, configurando-se em diferentes espaços de ensino-aprendizagem, dentro ou fora da sala, alternando de acordo com a orientação para estudo. O modelo de rotação possui as seguintes propostas. rotação por estações, laboratório rotacional, sala de aula invertida, rotação individual. O objetivo da aprendizagem híbrida é o desenvolvimento da autonomia do estudante para que trabalhe em grupo, compartilhando conhecimento e usando as tecnologias da informação e da comunicação. Percebe-se que o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no ambiente educacional, com o apoio da internet, amplia os espaços de aprendizado, aproveitando melhor o tempo para estudo, estabelecendo uma nova relação com o conhecimento. As diferentes ferramentas de comunicação da Internet No livro “A Estrada do Futuro”, escrito por Bill Gates, destaca-se a importância das redes para o contexto escolar, em especial, para os indivíduos que não tiveram a oportunidade de estudar nas melhores instituições de ensino ou no tempo indicado para cada faixa etária. Estudantes conectados na sua residência e escola, com pessoas de outras culturas, criando documentos eletrônicos, exigindo uma nova postura dos professores . Quando um estudante desenvolve seu aprendizado por meio da colaboração, em busca da cooperação global, possibilita-se a experiência de medir, coletar, sintetizar, ler, publicar, avaliar, dividir, relatar, pesquisar, ampliando também a capacidade do indivíduo de comunicar e apresentar os dados. Saiba mais A Fundação Lemann trabalha há 15 anos por uma educação pública de qualidade para todos, apoiando organizações educacionais para solucionar os principais desafios sociais do Brasil. No site da Fundação tem vários relatos de experiências bem sucedidas, principalmente, no contexto brasileiro. 104 CAPÍTULO 5 • O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO A comunicação mediada por computador (CMC) apresenta diferentes papéis: entretenimento, comércio e informação. Pode ser utilizada para comunicação em massa ou individual, dependerá da finalidade do sujeito. No âmbito educacional e interativo propicia a formação de redes, comunidades de aprendizagem, formadas pelos professores e estudantes num formato assíncrono (que não é simultâneo) e síncrono (em tempo real). Diversas estratégias tradicionais adotadas para a comunicação via internet (MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2007; PRIMO, 2007): » E-mails – também conhecido como “correio eletrônico”, possibilita uma discussão textual assíncrona, entre no mínimo duas pessoas, propicia a troca de arquivos variados e uso de emoticons e gifs; Como ferramenta educacional, o email é utilizado para a troca de mensagens pessoais, entre alunos, entre professores e alunos, entre escolas, e sobre os assuntos mais variados, como: trocar informações sobre os tipos de vegetação, estudo da arte pré-histórica, entre outros. Utiliza-se para a participação em projetos educacionais e cursos de educação à distância. » Lista de discussão - também conhecida como “grupo de discussão”, permite a interação entre diversas pessoas, envio de mensagens audiovisuais e debate sobre temáticas, sendo umas das primeiras experiências de formação de comunidades de aprendizagem na internet. As listas são divididas em moderadas e não-moderadas. São consideradas moderadas aquelas que são controladas por um administrador, e não-moderadas aquelas em que todas as mensagens são repassadas automaticamente e sem um controle pode-se criar diversas listas educacionais de diferentes assuntos e áreas de conhecimento. Podem existir fóruns de debate entre grupos de alunos e professores com o mesmo interesse em um determinado assunto, ou ainda, ser uma clínica de professores ou educadores de uma forma geral. Os temas das discussões podem ser atuais e polêmicos, ou ainda, estarem ligados à orientação escolar à distância » Chats ou sala de bate-papo – a interação é síncrona, ou seja, de forma simultânea por meio do texto, favorecendo o diálogo e a aproximação, podendo ser realizado de forma individual ou coletiva. Como ferramenta pedagógica pode ser utilizada para discussão de temas específicos, saneamento de dúvidas sobre determinado conteúdo e apresentação de trabalho » Videoconferência – permite o diálogo em tempo real com vídeo, áudio e muitas vezes o uso de texto. No contexto educacional pode ser utilizado para a organização e realização de grupos de estudos, apresentação de seminários, aulas e entrevistas, entre outras ações. Ao longo da conversa pode ser realizada enquetes, apresentação de imagens e vídeos, bem como a construção de textos coletivos. Outras ferramentas podem ser utilizadas, especialmente os aplicativos, na prática pedagógica: blogs, editores on-line de textos, editores de vídeo, jogos eletrônicos, simuladores, ferramentas para a localização geográfica, construção de bonecos e histórias em quadrinhos, editores de imagens, 105 O USO DOS RECURSOS DIgItAIS nA EDUCAçãO • CAPÍTULO 5 entre muitos outros. Mesmo com todas as oportunidades paa o aprendizado se faz necessário um monitoramento do uso da web entre as crianças e jovens, selecionando o conteúdo adequado a faixa etária e conversando sobre os temas mais relevantes para a formação ética do individuo. Sintetizando Vimos até agora: » A linguagem digital altera o aspecto linear do texto impresso, possibilitandoa interpretação da informação em múltiplas mídias, facilitando a compreensão de conceitos e conteúdos. » Pela web podemos conhecer diversos locais sem sair do espaço físico em que digito, pesquisar e consultar bancos de dados virou parte da rotina, as páginas “hipermidiáticas”, possuem vídeos e imagens integrados, muitas vezes, realizam transmissão ao-vivo. » Os novos aplicativos e softwares reconfiguram o modo como lemos e acessamos as informações. A estrutura da linguagem digital possibilita que saltemos entre os dados, podemos escolher o caminho mais interessante para navegar. » A evolução da informática possibilitou a formação de uma nova cultura e linguagem. » Percebe-se que a história da informática se entrelaça com a história da humanidade, sendo a própria ciência da informação. » Para uma aprendizagem colaborativa se faz necessário reconhecer que sempre estaremos na condição de aprendiz, reforçando a necessidade de termos como referência os 4 pilares de Delors (1998). 106 Apresentação Nas unidades anteriores estudamos a importância das diversas tecnologias para o desenvolvimento da humanidade, em especial, no contexto educacional. Percebemos que nos conectando, por meio das relações e junções diversas com o meio, as pessoas e as ferramentas disponíveis, ampliamos a nossa capacidade de compreender todas as dimensões da realidade (MORAN, 2007). Assim aprender on-line é uma realidade cada vez mais reconhecida e praticada pelas pessoas, seja numa rápida pesquisa no “google” aos cursos organizados e sistematizados oferecidos a distância. Com características distintas do aprendizado realizado via correspondências, rádio e TV, meios unidirecionais, a educação a distância (EaD) via web conecta docentes e estudantes de forma síncrona e assíncrona. Figura 105. Ensino a distância. Fonte: Blog Prilany (2016) <https://prilany.files.wordpress.com/2016/06/tirinha-ead.png?w=700> Acesso em 16 de abril de 2019. Educação a Aberta e a distância despontam como possibilidades de emancipação social, tendo em vista que propiciam a um número maior de indivíduos, acesso ao ensino e formação especializada. O sentimento de pertencimento a “aldeia global”, a imersão no mundo virtual e os repositórios abertos que facilitam o uso de diversos conteúdos de qualidade, caracterizam a nossa sociedade digital, a cibercultura. 6CAPÍTULOEDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA 107 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Tem sido um longo caminho de conquistas e desafios para alcançarmos os benefícios que usufruímos hoje, bem como as desvantagens que também fazem parte desta história. E, nesta unidade, conheceremos que a educação a distância (EaD) não é algo novo, sua prática é antiga, e que o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação influenciaram diretamente a organização, oferta e mediação. Após uma viagem histórica, para que possamos entender o movimento de construção da EaD no território nacional, refletimos sobre os papeis do estudante, do docente e da própria instituição de ensino neste novo cenário educativo. Objetivos do capítulo » Identificar o conceito de Educação a distância e Educação aberta. » Conhecer a história da Educação a distância nos contextos nacional e internacional. » Comparar as difererenças e semelhanças da Educação a DistÂncia e Educação Aberta. » Reconhecer as competências e habilidades necessárias para atuação na EaD, destacando o papel do docente e do estudante. A Educação Aberta e a Distância: Características e Definições A crescente demanda por educação, devido não somente à expansão populacional como, sobretudo às lutas das classes trabalhadoras por acesso à educação, ao saber socialmente produzido, concomitantemente com a evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos está exigindo mudanças em nível da função e da estrutura da escola e da universidade (PRETI, 1996). Provocação A partir dos seus estudos, leituras diversas e o fragmento de texto acima, reflita sobre “ o que é uma educação a distância? “, “quais personagens compõem este sistema de ensino aprendizagem? “, “quais recursos tecnológicos são utilizados?”, “como se aprende na EaD”? De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educacional Nacional (9394/96) vigente, a Educação brasileira é organizada em duas modalidades, presencial e a distância. Atualmente, todo indivíduo possui experiência no ensino presencial, conhecido como convencional, utilizado nos cursos regulares. 108 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA Educação a distância (EaD) é a uma modalidade de ensino que tem como característica o uso de tecnologias para mediar o processo ensino e aprendizagem, possibilitando que estudantes e professores estejam distantes fisicamente mas que possam interagir por meio dos recursos oferecidos (MORAN, 2007). Para Keegan (1996) a EaD possui as seguintes características: Figura 106. Características da EaD. Separação física entre docente e estudante em quase todo o desenvolvimento do curso A separação do (a) estudante de um grupo de aprendizado presencial A organização da oferta de um curso ou projeto por uma Instituição, contendo planejamento, recursos didáticos, professores (a), entre outros O uso de diversas e variadas tecnologias e mídias para a distribuição do conteúdo Comunicação bidirecional (estudantes e professores interagindo e trocando informações) Encontros presenciais ocasionais com objetivo didático e de socialização Fonte: Elaboradora pela autora (2019). Outras características devem ser adicionadas às destacadas acima, pois fazem parte da essência do desenvolvimento da modalidade, tais como: interatividade, auto estudo, possibilidade de acesso a uma população mais ampla, flexibilidade de horários, alfabetização digital e trabalho colaborativo. Na EaD o planejamento é essencial, sendo difícil a improvisação, os recursos tecnológicos e didáticos devem ser levados em consideração antes da oferta do curso via internet. Por isso que é definida como sistema de aprendizagem organizada, e a distância indicada na modalidade, de acordo com Tori (1999), não é para ser compreendida como a distância física real entre estudante e professor (separados por quilômetros ou metros) mas a “sensação de distância” existente entre os participantes. 109 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Saiba mais Você já ouviu falar de “distância transacional”? A teoria da “distância transacional” foi organizada e apresentada a sociedade pelo pesquisador Michael Grahame Moore. Para o autor a distância existentre entre o estudante e o docente não é apenas geográfica, também pode ser psicológica e educacional. Esse espaço psicológico e de comunicação existente entre os dois parceiros no empreendimento educacional é um espaço de potencial mal-entendido entre as entradas do instrutor e as do aluno. Saiba mais no texto abaixo: Teoria da Distância Transacional <http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2002_Teoria_Distancia_Transacional_Michael_Moore.pdf< No Brasil a EaD foi regulamentada pelo Decreto Lei no. 2.494 de 10 de fevereiro de 1988, pelo Ministério da Educação, para Lemgruber (2007) o marco legal da expansaão da EaD no Brasil foi o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96), determinando que: » Será oferecida somente por instituições credenciadas pela União. » Serão oferecidos cursos de extensão, graduação, pos graduação, ensino técnico, profissionalizantes, entre outros. » A EaD para o ensino médio e fundamental será regulamentada pelo Estado. No caput da LDBEN (9394/1996) dispõe que: Figura 107. Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada Estas orientações possibilitaram uma nova normatização, mais detalhada, por meio do Decreto 5.622 do ano de 2005, que conceitua a EaD: como modalidadeeducacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (Art. 1o). Lemgruber (2007) ressalta que este novo conceito foi um avanço em relação às legislações anteriores, especialmente, em razão à especificação da necessidade de docentes mediando o 110 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA desenvolvimento pedagógico dos cursos. A legislação aponta inovações e exigências, visando a qualidade acadêmica da EaD (Art.12): » projetos pedagógicos para os cursos e programas que serão ofertados na modalidade a distância; » apresentar corpo docente com as qualificações exigidas na legislação em vigor e, preferencialmente, com formação para o trabalho com educação a distância; » descrição detalhada dos serviços de suporte e infraestrutura adequados à realização do projeto pedagógico, relativamente a: a) instalações físicas e infraestrutura de suporte e atendimento remoto aos estudantes e professores (...) c) polos de educação a distância (...) para a execução descentralizada de funções pedagógico-administrativas do curso, quando for o caso; d) bibliotecas adequadas, inclusive com acervo eletrônico remoto e acesso por meio de redes de comunicação e sistemas de informação, com regime de funcionamento e atendimento adequados aos estudantes de educação a distância. Esta nova visão da EaD, no contexto nacional, possibilitou uma ressignificação das práticas também do ensino presencial, originadas a partir da Portaria 4.059 do ano de 2004, nomeada como a “Portaria dos 20%”, propiciando as instituições de ensino superior a oferta de disciplinas na modalidade semipresencial, limitando a 20% da carga horária total do curso. Este dispositivo legal aproxima as modalidades, presencial e EaD, enfatizando o compartilhamento de práticas e uma nova formação docente diante às necessidades despontadas, diminuindo os limites rígidos existentes entre ambas (tal como vemos hoje com os cursos “blended” ou “flex”). Lemgruber (2007) afirma que EaD não é uma educação massificada, embora atinja as massas, ressaltando que esta característica foi marcante em sua origem por conta das práticas de cunho tecnicista e “teacherprooof”, ou seja,“à prova de professor ”. A falta da presença física do professor condenaria, portanto, a educação a distância a um estilo frio, impessoal, mais próprio de pedagogias “bancárias”. Sem dúvida, a existência de cursos de má qualidade reforça a imagem da EaD como negócio de instituições não idôneas que a têm como estratégia de corte de custos, para aumentar sua lucratividade. LEMGRUBER, 2007, p.05. A Educação a distância tem sido configurada como uma ferramenta eficaz para a formação em grande escala, possibilitando que num país continental como o Brasil, sem redução da qualidade da oferta dos cursos, possam ofertar cursos que qualifiquem os indivíduos diante às necessidades de cada região. Atualmente, temos uma nova normativa que regula o nosso fazer na Educação a Distância. No ano de 2019, por meio da Portaria 2.117, foi autorizada a ampliação de até 40% a carga horária de EaD nos cursos presenciais de graduação. Cursos de Medicina e Engenharia também ampliaram a oferta de EaD na organização pedagógica do curso, possibilitando novos arranjos híbridos. 111 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Figura 108. O que é Educação a Distância. Fonte: SEnAR (2015) <http://ead.senar.org.br/wp-content/uploads/2015/06/infografico01.jpg> A Educação a Distância é uma modalidade democratizadora do ensino, possibilita as pessoas que tem pouco tempo para cumprir as atividades de um curso presencial, por múltiplos motivos, a oportunidade de investir em seu desenvolvimento acadêmico. Atualmente, a EaD tem como base a oferta dos cursos num ambiente virtual de aprendizagem e mídias sociais, propiciando a interação entre os participantes e o acesso aos materiais que são utilizados para o estudo (LITWIN, 2001). O ambiente virtual de aprendizagem (AVA) facilita a organização do curso, centralizando as interações e recursos num único espaço, possibilitando que o estudante acesse por meio da internet de um computador, tablet ou smartphone. Ao longo da história da humanidade, a EaD sempre esteve ligada as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) de cada época, existem registros que consideram as primeiras ações desta modalidade de ensino realizadas por meio de correspondências. 112 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA Educação Aberta (EA) Desde a década de 70, com as práticas de educação aberta (EA) na infância e nas Universidades, que diversos teóricos seguem estudando esta temática. Nos dias de hoje, a Educação Aberta (EA) é utilizada para conceituar os Recursos Educacionais Abertos (REA) com acesso popularizado com a difusão da internet. Algumas características devem ser levadas em consideração ao se definir uma “educação aberta” (SANTOS, 2009): » a liberdade do aprendiz decidir onde estudar, podendo ser de sua casa, do seu trabalho ou até mesmo da própria instituição de ensino e/ou polos de aprendizagem; » a possibilidade de se estudar por módulos, acúmulo de créditos ou qualquer outra forma que permita ao aprendiz aprender de forma compatível com o ritmo necessário para seu estilo de vida; » a utilização da autoinstrução, com reconhecimento forma ou informal da aprendizagem por meio de certificação opcional; » a isenção de taxas de matrícula, mensalidades e outros custos que seriam considerados uma barreira ao acesso à educação formal; » a isenção de vestibulares e da necessidade de apresentar qualificações prévias, que poderiam constituir uma barreira de acesso à educação formal; » a acessibilidade dos cursos para estudantes portadores de alguma deficiência física, bem como dos que têm alguma desvantagem social; » a provisão de recursos educacionais abertos, utilizados tanto na educação formal quanto na informal. Elenca-se outras definições importantes para a conceituação da “Educação Aberta” (EA), tais como: aprendizagem centrada no estudante, criação e uso de materiais construídos pelos aprendizes, não possui restrição ao acesso do estudante (sem exigência de formação mínima), acesso aberto a repositórios de pesquisas públicas e softwares educacionais com código aberto. 113 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Posicionamento do autor Existem múltiplas definições para “Educação Aberta”, no entanto, algumas características estão presentes neste conceito e são apontadas por seus pesquisadores: são cursos flexíveis, atendem as necessidades individuais, são abertos a todos participantes, são compostos por materiais disponíveis na web e gratuitos, o estudante tem autonomia para criar o seu percurso de aprendizagem. Diversas práticas da Educação Aberta (EA) contem seus primeiros registros na infância, datam do ano de 1965, tendo autores que reforçam a educação socrática como a primeira prática de “Educação Aberta” da humanidade. Em nosso estudo, nos concentraremos na aprendizagem de adultos, ressaltando o primeiro exemplo de EA que foi a Universidade Aberta Britânica, fundada em 1969, ressaltando: baixo critério de ingresso do estudante ao curso, rigoroso acompanhamento para certificação da qualidade do curso, bem como o alcance do objetivo proposto. O sucesso das práticas de EA propiciou o surgimento de diversas outras Universidades Abertas, na Índia (Indira Gandhi National University), na (Tailândia Sukhotai Thammanthirat Open University), no Brasil (Universiade Aberta do Brasil), entre outras. Para assegurar o cumprimento das atividades pedagógicas com qualidade pelo estudante utiliza-se a “aprendizagem aberta apoiada” com suporte variado desde contato telefônico a videoconferências. No caso do Brasil, por exemplo, a principal característica do sistema de aberturada Universidade Aberta do Brasil, criada em 2005, é o acesso gratuito à educação por meio da rede pública de educação a distância. O sistema é aberto principalmente porque elimina as barreiras financeiras de acesso e permanência no sistema. É aberto também porque a modalidade de educação a distância constitui importante estratégia para aumentar a oferta de educação superior nas regiões distantes dos grandes centros, diminuindo, portanto, as barreiras geográficas de acesso à educação. Fonte: SANTOS, 2009, p.06. Em 2007, com a Declaração da Cidade do Cabo sobre EA, o uso de recursos educacionais com licença aberta torna-se uma prioridade para a ampliação do acesso ao conhecimento, engajando professores e estudantes na produção, colaboração, adaptação dos recursos educacionais abertos (REA). 114 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA Saiba mais Figura 109. Declaração de Educação Aberta da Cidade do Cabo. Disponível em: <https://aberta.org.br/wp-content/uploads/2018/01/CPt10Revisado.pdf> O documento “10 o. aniversário da Declaração de Educação Aberta da Cidade do Cabo” destaca dez direções para fortalecer a educação aberta no mundo. Fonte: ABERTA (2018) A utilização dos REA originou as práticas educacionais abertas (PEA), conceituadas recentemente, pois relatam a experiência de criação, uso e reuso dos REA. No cenário das PEA o que é significativo é a abordagem pedagógica utilizada no espaço educativo que favoreceu e ampliou a vivência da aprendizagem com o REA. Um exemplo bem atual é a aprendizagem distribuída em Rede propiciada pelos MOOCs (Massive Open Online Course), curso aberto online em massa, difundindo em nosso cotidiano por diversos ambientes virtuais de aprendizagem com características diferenciadas e que, muitas vezes, tem como único custo a impressão e/ou a certificação. A História da EaD no Brasil e no Mundo (...) compêndios citam as epístolas de São Paulo às comunidades cristãs da Ásia Menor, registradas na Bíblia, como a origem histórica da Educação a Distância. Estas epístolas ensinavam como viver dentro das doutrinas cristãs em ambientes desfavoráveis e teriam sido enviadas por volta de meados do século I. Considerando à parte esta informação, é possível estabelecer alguns marcos históricos que consolidaram a Educação a Distância no mundo, a partir do século XVIII. Fonte: VASCONCELOS, 2010; GOLVÊA & OLIVEIRA, 2006. Provocação Depois dos estudos realizados você afirmaria que EaD e EA possuem o mesmo conceito? Descreva as diferenças e semelhanças: 115 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Em 1728 considera-se o marco inicial da EaD, a Gazeta de Boston na edição de 20 de março, anuncia um curso oferecido pelo prof. Caleb Philips por correspondência, sendo a primeira iniciativa de muitas ações que ocorreram a seguir (ALVES, 2011): Quadro 5. Fatos marcantes para a EaD no Mundo. 1829 -na Suécia é inaugurado o Instituto Líber Hermondes, que possibilitou a mais de 150.000 pesso- as realizarem cursos através da Educação a Distância 1840 – na Faculdade Sir Isaac Pitman, no Reino Unido, é inaugurada a primeira escola por correspondência na Europa 1856 – em Berlim, a Sociedade de Línguas Modernas patrocina os professores Charles Tous- saine e Gustav Laugenschied para ensinarem Francês por correspondência 1892 – no Departamento de Extensão da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos da América, é criada a Divisão de Ensino por Correspondência para preparação de docentes 1922 – inicia-se cursos por correspondência na União Soviética 1935 – o Japanese National Public Broa- dcasting Service inicia seus programas escolares pelo rádio, como complemento e enriquecimento da escola oficial 1947 – inicia-se a transmissão das aulas de quase todas as matérias literárias da Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Paris, França, por meio da Rádio Sorbonne 1948 – na Noruega, é criada a primeira legis- lação para escolas por correspondência 1951 – nasce a Universidade de Sudáfrica, atualmente a única universidade a distância da África, que se dedica exclusivamente a desenvolver cursos nesta modalidade 1956 – a Chicago TV College, Estados Unidos, inicia a transmissão de programas educativos pela televisão, cuja influência pode notar-se rapidamente em outras universidades do país que não tardaram em criar unidades de ensino a distância, baseadas fundamentalmente na televisão 1960 – na Argentina, nasce a Tele Escola Pri- mária do Ministério da Cultura e Educação, que in- tegrava os materiais impressos à televisão e à tutoria 1968 – é criada a Universidade do Pacífico Sul, uma universidade regional que pertence a 12 países-ilhas da Oceania 1969 – no Reino Unido, é criada a Fundação da Universidade Aberta 1971 – a Universidade Aberta Britânica é fundada 1972 – na Espanha, é fundada a Universi- dade Nacional de Educação a Distância 1977 – na Venezuela, é criada a Fundação da Universidade Nacional Aberta 1978 – na Costa Rica, é fundada a Univer- sidade Estadual a Distância 1984 – na Holanda, é implantada a Univer- sidade Aberta 1985 – é criada a Fundação da Associação Europeia das Escolas por Correspondência 1985 – na Índia, é realizada a implantação da Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi 1987 – é divulgada a resolução do Par- lamento Europeu sobre Universidades Abertas na Comunidade Europeia 1987 – é criada a Fundação da Associação Europeia de Universidades de Ensino a Distância 1988 – em Portugal, é criada a Fundação da Universidade Aberta 1990 – é implantada a rede Europeia de Educação a Distância, baseada na declaração de Budapeste e o relatório da Comissão sobre educa- ção aberta e a distância na Comunidade Europeia Fonte: Elaborado pela Autora (2019). Todos estes acontecimentos registrados até a década de 90 nos mostram a adoção da EaD, bem como seu aprimoramento, em todo o mundo. As experiências realizadas ao longo dos programas de formação permitiram o desenvolvimento de novas práticas e princípios pedagógicos. Em nosso país temos como registro a primeira ação em EaD em 1904, sendo um curso de datilografia por correspondência divulgado na seção dos Classificados pelo Jornal do Brasil. A partir deste momento uma série de programas foram sendo realizados com o intuito de formar 116 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA profissionais, especialmente, na área técnica, tendo em vista a expansão industrial do país (ALVES, 2011): Quadro 6. Fatos marcantes para a EaD no Brasil. 1923 –Criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro 1934 – Fundação da Rádio– Escola Municipal no Rio de Janeiro 1939 – Fundação em São Paulo do Instituto Rádio Técnico Monitor 1941 - Criação do Instituto Universal Brasileiro 1947 1959 – Criação de escolas radiofônicas em Natal 1962 -Fundação da Ocidental School focada no campo da eletrônica 1967 – o Instituto Brasileiro de Administração Municipal usa ensino por correspondência. Fundação Padre Landell de Moura criou seu núcleo de Educac ̧̃o a Distância. 1970 – Projeto MINERVA 1974 1976 –Sistema Nacional de Teleducação 1979 – a Universidade de Brasília cria cursos veiculados por jornais e revistas 1981 – Fundação do Centro Internacional de Estudos Regulares (CIER) do Colégio Anglo- Americano que oferecia Ensino Fundamental e Médio a distância. 1983 – O SENAC desenvolveu uma série de programas radiofônicos sobre orientação profissional 1991 1992 – é criada a Universidade Aberta de Brasília 1995 –Secretaria Municipal de Educação cria a MultiRio (RJ) Ainda em 1995, foi criado o Programa TV Escola 1996 – é criada a Secretaria de Educação a Distância (SEED), pelo Ministério da Educação 2000 – é formada a UniRede, Rede de Educação Superior a Distância ; nasce o Centro de Educaçãoa Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) 2002 a 2004 – Proletramento e o Mídias na Educação são ações que conflagraram na criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil. 2005 – é criada a Universidade Aberta do Brasil 2006 – entra em vigor o Decreto n° 5.773, de 09 de maio de 2006 2008 – em São Paulo, uma Lei permite o ensino médio a distância ( até 20% da carga horária) Portaria no 2011 – A Secretaria de Educação a Distância é extinta Fonte: Elaborado pela Autora (2019). Figura 110. Jornal anuncia a instalação da Radio Sociedade Rio de Janeiro. Fonte:ELMCLARRY (1998) <http://elmclarrypage.weebly.com/uploads/4/7/8/9/47894473/6665143_orig.jpg> 117 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Em 1923, com a criação da Radio Sociedade Rio de Janeiro iniciaram as primeiras ofertas EaD de cursos profissionalizantes, um grupo liderado por Henrique Morize e Edgard Roquette-Pinto, ofereciam cursos de Português, Francês, Silvicultura, Literatura Francesa, Esperanto, Radiotelegrafia e Telefonia. Com a boa aceitação da população Roquette Pinto, em 1934, fundou a Radio Escola Municipal no Rio de Janeiro, nestes cursos caracterizados por uma nova organização didática, os estudantes tinham acesso prévio aos encartes e ementas as aulas, sendo o principal contato via correspondência. Em São Paulo, no ano de 1939, iniciam as atividades do primeiro instituto brasileiro a disponibilizar cursos profissionalizantes via correspondência, Instituto Rádio Técnico Monitor, atualmente conhecido como Instituto Monitor. Em seguida, 1941, um ex sócio do Instituto Monitor funda o Instituto Brasileiro que também tem como objetivo a oferta de cursos profissionalizantes. Seu papel foi significativo para a formação de indivíduos capacitados, alcançando o numero de 4 milhões de pessoas que finalizaram o curso e, ainda hoje, possui cerca de 200 mil estudantes. Figura 111. Folheto Impresso do Instituto Rádio técnico Monitor. Fonte: Radio técnico, 1939. Figura 112. Folheto Impresso do Instituto Universal Brasileiro. Fonte: Instituto Universal Brasileiro (1997) <https://2.bp.blogspot.com/-BYfjbuUAbvg/v2QFIArOiCI/AAAAAAAAAOE/axlEckHbfvYYczOzCae4RjXedtMkI6WyQCLcB/ s1600/iub3im7.jpg> 118 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA Em 1944 iniciou a Universidade do Ar que foi reorganizada e apresentada novamente a sociedade em 1947 com o patrocínio do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio (SESC) e outras entidades, oferecendo cursos comerciais radiofônicos (estudantes estudavam por meio de material impresso e tinham o apoio de monitores na correção dos exercícios). Com a criação de diversas escolas radiofônicas em 1959, pelo Diocese de Natal – Rio Grande do Norte, originou-se o Movimento de Educação de Base (MEB), considerado um marco na EaD não formal. As práticas em EaD vão sendo consolidadas por meio das ondas dos rádios e via correspondência, possibilitando que o Instituto Brasileiro de Administração Municipal oferte atividades na área da educação pública desenvolvendo-se por meio de correspondência. Ainda em 1967, a Fundação Padre Landell de Moura funda seu Núcleo de Educação a Distância, objetivando o constante estudo e organização de formação inicial e continuada em EaD, por meio da metodologia de ensino por cartas e rádio. Com a necessidade constante de trabalho integrado e compartilhado, surgiu o convênio em 1970 (Projeto MINERVA) entre o Ministério da Educação, a Fundação Padre Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta; reunindo as melhores práticas e experiências em EaD, ampliando a possibilidade de atingir uma maior numero de pessoas com o suporte do Ministério da Educação, utilizando o rádio como ferramenta pedagógica e de inclusão social de jovens e adultos. Figura 113. Caderno de Estudo impresso do Projeto Minerva. Fonte: MEC, 1973. Figura 114. Noticia do Jornal Impresso sobre a TV Educativa. Fonte: MEC, 1971 <https://s3.amazonaws.com/s3.timetoast.com/public/uploads/photos/8676165/tvE_ARQUIvO_RECORtE_zH_1. jpg?1478654599> Ainda pensando na inclusão dos jovens e adultos, com a crescente taxa de analfabetos e indivíduos que não conseguiam continuar seus estudos, em 1971 o Instituto Padre Reus e a TV Ceará 119 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 organizaram cursos destinados ao segundo segmento do ensino fundamental (antigamente 5ª. a 8ª. séries), com material impresso, vídeo pela televisão e monitores para saneamento das dúvidas. Em 1976, após a avaliação e sucesso das práticas com o suporte da televisão, criou-se o Sistema Nacional de Teleducação, agregando o uso desta nova mídia ao material impresso básico para estudo e leitura. Assim aumentam os interesses de estudo e uso da EaD em todo o território nacional, especialmente, no ensino superior com o pioneirismo da Universidade de Brasilia, com a veiculação de cursos por jornais e revistas, sendo considerada um marco para a EaD e transformada em Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância (CEAD) em nosso país. No Rio de Janeiro, em 1981, o Colégio Anglo Americano inovou fundando o Centro Internacional de Estudos Regulares (CIER), oferecendo ensino fundamental e médio em EaD, para crianças e jovens. O CIER possibilitou que as famílias brasileiras que temporariamente estivessem fora do país, permanecessem estudando pelo sistema educacional brasileiro. Figura 115. Cartaz de divulgação da tv Escola. Fonte: MEC, 1997 Fonte: <https://pbs.twimg.com/media/Dtgrgf1XQAcpd97.jpg> A Fundação Roquete Pinto, sempre pioneira na produção e desenvolvimento de programas em EaD, lança em 1991 o programa “Jornal da Educação – Edição do Professor”. Este programa foi o idealizador do marco nacional da EaD, especialmente para a formação de educadores, que é o “Um salto para o futuro”, ofertado pela TV Escola (canal educativo da Secretaria de Educação a Distância – MEC). Da década de 90 até o ano 2000 iniciativas com o foco em transmissão televisiva e via satélites são desenvolvidas como práticas em EaD. No Rio de Janeiro, organiza-se a MultiRio (RJ), que possui um papel crucial na produção e distribuição de conteúdos no cenário educacional brasileiro, incluindo um canal com vídeos e programas construídos por professores e estudantes da rede municipal de ensino. Com a criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) privilegia-se no contexto nacional programas e práticas públicas que asseguram a qualidade em sua oferta, desdobrando-se em atos normativos e regulatórios nos anos a seguir. Em 2000 formou-se a UniRede, Rede de Educação 120 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA Superior a Distância, consórcio que reuniu 70 instituições públicas do Brasil, por meio da oferta de cursos a distância. Neste mesmo ano,no Estado do Rio de Janeiro, origina-se o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ),oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e extensão. A expansão da EaD pública no território nacional é facilitada pela formação da a Universidade Aberta do Brasil, uma parceria entre o MEC, estados e municípios. gerações de EaD Provocação O breve histórico da EaD no Brasil e no mundo, estudado no tópico anterior, nos possibilita afirmar que as Tecnologias da Informação e da comunicação foram essenciais para o desenvolvimento das ações a serem implementadas, favorecendo a comunicação e interação entre as pessoas. Moore & Kearsley (2007) organizam a evolução da EaD em cinco gerações.Retorne ao tópico anterior, olhe a linha do tempo, e tente organizar a EaD por geração, como você organizaria? A primeira geração, também conhecida como geração textual, tinha como caraterística o uso de textos impressos via correspondência, conhecidos como tecnologia independente, que não necessita de recursos eletrônicos ou elétricos para o seu funcionamento. Os cursos utilizavam os correios para envio do material, exercícios e até mesmo avaliações. Destaca-se o baixo nívelde interatividade, no entanto, como estratégia pedagógica democratizou o acesso a educação a uma população desfavorecida socialmente. A interação do estudante com o professor é unidirecional caracterizada por um “distanciamento espacial e temporal”, configurando numa distância transacional repleta de desafios e dificuldades. Figura 116. Folheto de ensino por correspondência. Fonte: Alvaro torrao, 1920. 121 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Figura 117. Anúncio do Telecurso 2o. Grau no Jornal impresso. Fonte: Fundação Roberto Marinho (1978) <https://4.bp.blogspot.com/-HwjUtDKF_U8/WcANfj-oMqI/AAAAAAAAfcw/rpS6yXRa1dYwzIjhsNW_Iub8IzeGzEx6gCLcBGAs/ s1600/estadao%2B15.01.1978.Png> A segunda geração iniciou-se com a popularização do uso do rádio e da TV, ampliando o acesso a EaD e a estes recursos. Por ser uma nova fase também foram aprimoradas as estratégias pedagógicas, adaptadas ao meio radio e tv, consideradas tecnologias dependentes por necessitar de vários recursos elétricos ou eletrônicos para o seu desenvolvimento. Novas ferramentas foram introduzidas nesta geração, muitas delas ainda utilizadas atualmente, tais como: fita k-7, telefone, caderno de estudos, apostilas, fitas vhs. Os cursos também considerados multimidiáticos eram ofertados com um mix de recursos, reunindo as tecnologias da informação e da comunicação disponíveis. Nesta geração a relação do professor com o estudante começa a se estabelecer de forma bidirecional e síncrona por meio do uso do telefone, especialmente. A geração das Universidades Abertas, denominada como a terceira geração, surgiu na Europa em 1969 na Inglaterra com a Bristish Open University. Com maior interatividade, os cursos foram planejados com menor custo para estudantes não universitários mas como ênfase na qualidade. Uma multiplicidade de recursos e estratégias pedagógicas eram utilizados para assegurar a relação estudante-professor, bem como o processo ensino- aprendizado, tais como: conferências via telefone, transmissão por rádio, orientação via correspondência, fitas k7 e vhs com gravações, kits para experiência em residência, disponibilização da biblioteca e infraestrutura da Universidade para encontros presenciais (principalmente nas férias). Vermeersch (2006) destaca que nesta geração o diálogo é compreendido como uma interação construtiva, sendo favorecido pelo uso das TIC, evitando o isolamento e propiciando a construção de uma comunidade real de aprendizagem. refere-se a três tipos: » Diálogo instrucional – professor fornece as instruções aos estudantes. 122 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA » Diálogo indireto – elaboração de perguntas e atividades para o aprendiz verificar os resultados da sua aprendizagem. » Diálogo direto – conversa em tempo real ou assíncrona com o próprio estudante (via email, telefone, fórum, entre outros). Na quarta geração, integrou-se diversos recursos utilizados anteriormente com o uso do computador e da internet, propiciando uma revolução no desenvolvimento da EaD. As fragilidades apontadas nas gerações anteriores podem ser superadas com a inserção destas duas tecnologias no cotidiano educacional. Nesta fase, iniciou-se a interação em tempo real com o estudante, a tutoria síncrona (em tempo real) e assíncrona (em tempos diferentes) minimizou a evasão dos cursos e possibilitou o acompanhamento mais próximo do desenvolvimento do indivíduo. Esta geração da inteligência flexível ampliou ainda mais o alcance da EaD. A última geração, conhecida com a geração internet, destacou-se pela aprendizagem flexível. São os cursos ofertados atualmente, baseados na web, com materiais digitais e ambiente virtual de aprendizagem. Estas tecnologias surgem para superar a sensação de “distância” ainda existentes entre os professores/tutores com os estudantes, propiciando aprendizado em colaboração, estratégias blended (ora presenciais ora a distância, os famosos cursos flex), aulas ao vivo, aulas gravadas e disponíveis via web, bem como o uso de ambientes não estruturados para a aprendizagem formal para o desenvolvimento de formações diversas (exemplo: as mídias sociais). Ultimamente existem cursos desenvolvidos em aplicativos de mensagem instantânea, nas mídias sociais e no próprio smartphone. Percebemos que nas 1ª e 2ª gerações, o ambiente pedagógico é centrado conhecimento, o objetivo principal dos cursos é a transmissão de conhecimento e a aquisição de novas rotinas por meio de materiais e manuais impressos. Já na 3ª. Geração, o ambiente pedagógico é centrado na comunidade, as ferramentas disponibilizadas favorecem a interação de forma assíncrona, estimulando a colaboração e o aprendizado entre os pares. Nas 4ª. e 5ª. gerações novos papeis são esperados dos professores e estudantes na modalidade EaD, sendo considerados determinantes para o sucesso do ensino, agora on-line. Novas competências e perfis dos estudantes e professores na EaD Provocação Será que existe um típico estudante de EaD? E será que existe um docente com perfil para EaD? Existem competências e habilidades necessárias para o estudo EaD? Antes de começar a leitura pense nestes questionamentos. 123 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Leia a descrição dos estudantes abaixo que atuam na EaD: Mauro trabalha no PARES (Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio), no Cáritas – Rio de Janeiro, auxilia os refugiados a se integrarem no Estado. A língua materna dele é a Portuguesa, no entanto, necessita aprender novas línguas. neste primeiro momento optou pelo Inglês e para se capacitar fez sua matrícula num curso EaD. Mauro está responsável por várias famílias de refugiados, viaja frequentemente para os municípios no interior do Estado do Rio de Janeiro e divide as tarefas de casa com a sua esposa, Joana. Mauro possui 2 horas livres por dia, dedica-se na hora do almoço e a noite quando chega em sua residência às leituras e atividades do curso. Luisa trabalha como técnica de enfermagem num hospital municipal de Belo Horizonte, a rede em que atua está formando seus colaboradores por meio de um curso em EaD. Este curso é essencial para ascender em sua profissão e ter uma remuneração melhor. O curso possui materiais para leitura, que Luisa imprime e lê ao longo do dia, nas brechas entre os atendimentos. Assim quando acessa o celular pode entrar no AVA do curso e trocar informações com a turma e seus colegas. Para Luisa é sempre um tormento acessar a sala virtual do curso, ela se atrapalha, não entende as orientações e sempre solicita auxílio de alguém que esteja por perto. Luisa também não gosta muito de ler, não lê livros te só “passa o olho” nos jornais na banca próxima ao ponto de ônibus. Os estudantes acima representam características distintas e contextos diferenciados que os fazem únicos , podendo ser semelhante ou diferente à sua história de vida. Tal como um aluno da modalidade presencial a forma como irão abordar a aprendizagem influenciará em seu estudo. Até a década passada o perfil do estudante em EaD era de adultos com vidas ativas, compromisso familiares e profissionais, com objetivos claros de aprendizagem, sem estudo formal há muitos anos, pouco acesso a bibliotecas ou outros recursos acadêmicos e pouco tempo para estudo (ARETIO, 1996; FIORENTINI, 2003). Estas implicações delimitadas acima determinavam o ritmo, o tempo e as atividades planejadas ao longo de um curso EaD. Aretio (1996) aponta que os principais desafios que envolvem a aprendizagem de adultos são: » Diminuição da curiosidade. » A memória tende a diminuir. » Diminuição na rapidez de reação e das atitudes sensoriais e receptivas. » A aprendizagem tende a ser mais lenta do que na infância. » Dificuldade na mudança de hábitos. » Cansaço e escassez de tempo devido as atribuições do cotidiano pessoal, familiar e profissional. No entanto, alguns atributos essenciais devem ser ressaltados: disciplina e organização, foco, proatividade e facilidadecom internet. O estudante que opta estudar na EaD deve buscar ferramentas para a organização do seu estudo, levando em consideração as destacadas pela Instituição de ensino, deve ter acesso a web e saber basicamente navegar por ela, ter noção 124 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA básica de uso dos editores de textos para participar nos fóruns e construir seus trabalhos no computador/tablet, autonomia é a palavra chave para a sua atuação no curso. Figura 118. Competências desenvolvidas pela EaD. Fonte: UOL (2016) <https://f.i.uol.com.br/estudiofolha/images/1903812.jpeg> 125 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 O estudante na educação em rede deve ter múltiplos papéis: persistente, organizado, autônomo, ter iniciativa, ser flexível e tenaz. E para acompanhar este novo ritmo de estudante que surge com a sociedade digital, em especial, a EaD, se faz necessário novas competências docentes para a mediação do processo ensino aprendizagem, num contexto multimidiático e flexível. Para Moran (2007, p. 30) o professor na EaD atual tem como papel ser “o orientador/gestor setorial do processo de aprendizagem, integrando de forma equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial”. Novas competências surgem num cenário mais desafiador, cabendo ao educador ser um constante pesquisador e provocador, aprendendo e ensinando num processo que se retro-alimenta, sendo um orientador de percursos, que para Moran (2007): Figura 119. Características do Professor na EaD. Mediador Intelectual Mediador emocional Mediador gerencial e comunicacional Mediador ético Professor Orientador Fonte: Moran, 2007. Sabendo que o “orientar” configura-se no principal papel do docente, neste novo contexto de ensino, “mediar” assume uma ação de possibilitar o estudante construir com autoria o seu caminho acadêmico, tendo um profissional com mais experiência em determinado conteúdo mas que o permite inovar, aprendendo juntos. Para Moran (2007) o professor orientador/mediador intelectual é aquele que auxilia o estudante a selecionar as informações relevantes, possibilitando que estas tornem-se significativas, compreendendo-as e avaliando sua aplicação prática e conceito ético. O professor orientador/ mediador emocional tem como principal papel motivar e incentivar o estudante a ser a sua melhor versão, propiciando que com equilíbrio, possa se fortalecer diante os desafios superando-os com autenticidade, também deve promover situações de aprendizagem que provoquem empatia entre a comunidade de aprendizagem. O professor orientador/mediador gerencial e comunicacional tem como competência central ser a ponte entre o estudante e o ambiente institucional, auxilia no planejamento e suporte tecnológico, organiza grupos de pesquisa, orienta o processo de 126 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA avaliação e desenvolve variadas formas de expressão do sujeito. Já o papel de orientador ético “ensina a assumir e vivenciar valores construtivos, individual e socialmente”. Algumas especificidades em relação à comunicação e estratégias pedagógicas são essenciais para uma interação com confiança e transparente do professor com o estudante, são elas (CHIKERING e EHRMANN, 1999, p.100/101): Figura 120. Competências do professor na EaD. Encorajar contato entre estudantes e Universidade Encorajar cooperação entre os estudantes Encorajar aprendizagem colaborativa Dar retorno e respostas imediatas Enfatizar tempo para as tarefas Comunicar altas expectativas Respeitar talentos e modos de aprender diferentes Fonte: Autora, 2019. As posturas em destaque possibilitam uma integração com o universo do estudante, facilitando a interação e propiciando que este vá além da atividade proposta em cada disciplina do curso on-line, em seu ritmo próprio e com o seu estilo de aprendizagem. O docente que compreende seu papel como um “mediador pedagógico”, reconhece que está centrado na aprendizagem do estudante e que precisava ouvi-lo, sendo empático e co-responsável em todo o processo. 127 EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA • CAPÍTULO 6 Considera o aluno como adulto, ou seja, busca propostas pedagógicas destinadas a esta faixa etária (andragogia). Está sempre lendo e pesquisando novas formas e meios de desenvolvimento do estudante, com ênfase na aquisição de habilidades e competências, não somente a memorização do conteúdo. Desta forma facilita a relação do indivíduo com as ferramentas tecnológicas, promove a reflexão e questionamentos desafiadores linkados com o mundo real. As competências e habilidades para o século XXI, que podem ser compreendidas também na perspectiva do estudantes, envolvem três domínios cognição, interpessoal e intrapessoal, promovendo os “4 Cs”: colaboração, comunicação, criatividade e pensamento crítico. Figura 121. 4Cs. Fonte: (FAvA, 2014). <https://s3.amazonaws.com/porvir/wp-content/uploads/2012/08/habilidadesdoseculo21.jpg> A “cognição” relaciona-se às estratégias e processos de aprendizagem, memória, capacidade de solucionar novos problemas, tomar decisão e ao pensamento crítico. A competência “interpessoal” envolve a liderança, o trabalho em equipe, a empatia, expressão das suas ideias e respeito ao posicionamento das outras. E a “intrapessoal” é a chave para o auto-conhecimento, ou seja, a habilidade de compreender as suas emoções, de perseverar diante os desafios do cotidiano, sendo responsável e flexível, moldando comportamentos que auxiliam o alcance dos objetivos (FAVA, 2014). 128 CAPÍTULO 6 • EDUCAçãO ABERtA E A DIStÂnCIA Sintetizando Vimos até agora: » De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educacional Nacional (9394/96) vigente a Educação brasileira é organizada em duas modalidades, presencial e a distância. » Educação a distância (EaD) é a uma modalidade de ensino que tem como característica o uso de tecnologias para mediar o processo ensino e aprendizagem, possibilitando que estudantes e professores estejam distantes fisicamente, mas que possam interagir por meio dos recursos oferecidos. » A Educação a distância tem sido configurada como uma ferramenta eficaz para a formação em grande escala, possibilitando que num país continental como o Brasil, sem redução da qualidade da oferta dos cursos, possam ofertar cursos que qualifiquem os indivíduos diante às necessidades de cada região. » Ao longo da história da humanidade a EaD sempre esteve ligada as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) de cada época existem registros que consideram as primeiras ações desta modalidade de ensino realizadas por meio de correspondências. » A “Educação Aberta” (EA) apresenta as seguintes características: aprendizagem centrada no estudante, criação e uso de materiais construídos pelos aprendizes, não possui restrição ao acesso do estudante (sem exigência de formação mínima), acesso aberto a repositórios de pesquisas públicas e softwares educacionais com código aberto. » O estudante na EaD deve desenvolver os seguintes atributos: disciplina e organização, foco, proatividade e facilidade com internet, buscando ferramentas para a organização do seu estudo, levando em consideração as destacadas pela Instituição de ensino, deve ter acesso a web e saber basicamente navegar por ela, ter noção básica de uso dos editores de textos para participar nos fóruns e construir seus trabalhos no computador/tablet, autonomia é a palavra chave para a sua atuação no curso. » O professor na EaD atual tem como papel ser “o orientador/gestor setorial do processo de aprendizagem, integrando de forma equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial”. » As competências e habilidades para o século XXI, que podem ser compreendidas também na perspectiva do estudantes, envolvem três domínios cognição, interpessoal e intrapessoal, promovendo os “4 Cs”: colaboração, comunicação, criatividade e pensamento crítico. 129 Referências AGUIAR, Giseli.; SILVA,José Fernando. 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