Buscar

Gestao de Finanças Publicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

12
1. A IMPORTÂNCIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS NA GESTÃO EMPRESARIAL
O Estado, nas suas funções e mediante seu papel hegemónico em torno das decisões relacionadas às finanças públicas, tem certas atribuições que se estendem à estabilização económica, o que traz à tona a necessidade de participação efectiva das empresas no acompanhamento das decisões do Estado como ente regulador da economia.
Nesse sentido, entende-se que o Estado deve fazer funcionar de forma adequada a sua actividade financeira, a fim de que entre outros factores, este disponibilize um ambiente macroeconómico, político e legislativo (Exemplo: Fiscalidade, Legislação, Estabilidade ou instabilidade política, etc), adequado para o bom funcionamento da actividade económica. 
Por exemplo, o clima económico de qualquer país é um dos factores principais que afecta a actividade económica e, como tal, deve ser objecto de análise profunda da parte das empresas para o bem da sua gestão e, são alguns elementos da envolvente económica a considerar na gestão empresarial: 
· Produto Interno Bruto,
· Taxa de inflação,
· Taxa de desemprego,
· Balança Comercial,
· Taxas de juros,
· Taxa de câmbio em relação às principais moedas,
De modo geral, estas e outras razões foram estimulando outras discussões em torno da importância das Finanças Públicas na gestão empresarial, desde o seu conceito à compreensão da política e do processo orçamentário, além do breve entendimento sobre as legislações orçamentárias.
Dessa forma, o conceito de finanças públicas abordado por Matias-Pereira (2012, p.113), pode nos esclarecer melhor, quando diz:
As finanças públicas de um país (...) estão orientadas para a gestão das operações relacionadas com a receita, despesa, o orçamento e o crédito público. Preocupa-se, portanto, com a obtenção, distribuição, utilização e controle dos recursos financeiros do Estado, este, que tem uma intervenção muito importante para o funcionamento das empresas. 
Qualquer uma das políticas do Estado (política fiscal, política monetária, política orçamental) pode causar impacto na gestão das empresas e, se não for bem administrado, pode causar enormes prejuízos a médio e longo prazos para a sociedade. São alguns exemplos:
· O aumento dos impostos retira dinheiro da sociedade, o que leva a uma diminuição do poder de compra da população, o que terá como consequência a diminuição da actividade económica, e por conseguinte, o desemprego e a recessão económica;
· A emissão excessiva de títulos públicos, para além de poder causar uma sensação de desconfiança da sociedade, fazendo com que o Estado tenha que aumentar os juros pagos, aumentando a despesa pública, o que torna um ciclo pernicioso de cada vez mais despesas e juros indefinidamente, isto pode também desviar o rendimento disponível para o consumo, prejudicando de certa forma, as empresas;
· Por fim a emissão desmedida da moeda provoca um aumento da inflação, pois a moeda perde o seu valor real, o que prejudica toda a sociedade (famílias, agentes económicos…).
O Estado, com as Finanças equilibradas adquire credibilidade ante a sociedade e os agentes privados (Exemplo: empresas) quanto ao cumprimento das suas obrigações. Mais ainda, com as Finanças equilibradas o Estado pode realizar os investimentos necessários para a melhoria da qualidade de vida da sociedade (Ex: Ambiente favorável para o funcionamento de empresas).
Portanto, o que foi arrolado acima permite perceber que as Finanças Públicas são um instrumento essencial para o funcionamento de qualquer empresa ao garantir a captação, mobilização, alocação, controlo e aplicação prudente, criteriosa, eficiente e transparente dos recursos públicos com vista a satisfazer as necessidades de interesse público e promover o crescimento económico inclusivo e o desenvolvimento harmonioso e sustentável de qualquer país.
São as Finanças Públicas que sustentam e viabilizam o processo de crescimento económico e de desenvolvimento de cada País, elementos importantes para a gestão empresarial.
2. GESTÃO DAS FINNÇAS PÚBLICAS
2.1. Conceito
A gestão financeira pública assume um papel transversal a todas as áreas de governação no que diz respeito ao financiamento de políticas e programas públicos de desenvolvimento nacional.
Uma boa gestão das finanças públicas assegura, num enquadramento orçamental e financeiro solidamente instituído, uma eficiente arrecadação de receitas públicas e a sua utilização de forma regular (orçamentada), adequada e sustentável.
A gestão financeira pública pressupõe, também, um conjunto de instituições, sistemas e processos de gestão eficazes, transparentes e prestadores de contas sobre o modo como estão a ser geridos os fluxos de dinheiros públicos (receitas e despesas) e os activos e passivos públicos.
No essencial, a gestão financeira pública compreende as funções governativas imprescindíveis num Estado de direito relativas ao Orçamento, à Contabilidade Pública e ao Tesouro do Estado, devendo as mesmas estarem interligadas para uma mais rigorosa e eficaz governação pública.
2.2. Objectivos 
Os quatro principais objectivos da gestão financeira pública traduzem-se na Planificação (preparação), Organização (mobilização e articulação de recursos), Direcção (aprovação, execução e implementação de políticas prioritárias e prestação eficiente de serviços públicos) e Controle (monitoria, fiscalização e correcção) de um Orçamento Anual com sustentabilidade financeira.
2.3. Orçamento de Estado 
2.3.1. Conceito
O Orçamento de Estado é o instrumento de gestão de maior relevância e provavelmente o mais antigo da administração pública. É um instrumento que os governos usam para organizar os seus recursos financeiros.
Os orçamentos são documentos que mostram o poder financeiro de um país em certo período, ou seja, de um ano para outro, em que aparece o cálculo oriundo das receitas e despesas, disponibilizado para os serviços públicos projectados pelos governos.
O Orçamento pode ser definido como um plano financeiro de uma Administração, por meio do qual, para um período determinado de tempo, são previstas suas receitas e fixadas as correspondentes despesas.
O Orçamento de Estado é uma acção aprovada pelo Poder Legislativo, que representa o povo, exercendo a fiscalização da receita e despesa dos poderes Executivo, Judiciário e do próprio poder Legislativo, determinando o período.
Assim sendo, o Orçamento de Estado é um instrumento fundamental da governação pública pois contém uma previsão das receitas e despesas do Governo e demais organismos do sector público, autorizadas ou limitadas pelo Parlamento ou Assembleia Legislativa, para o período de um ano.
2.3.2. Funções
Nos dias de hoje, pode-se reconhecer o Orçamento do Estado como um instrumento que apresenta múltiplas funções e, a mais clássica delas, a função controle político, teve início nos primórdios dos Estados Nacionais.
Além da clássica função de controle político, o orçamento apresenta outras funções mais contemporâneas, do ponto de vista administrativo, gestão, contabilidade e financeiro.
2.3.3. Orçamento e as Funções de Estado
Sabe-se que os governos costumam participar de muitas formas na economia dos países. A condução da política monetária, a administração das empresas estatais, a regulamentação dos mercados privados e, sobretudo, a sua actividade orçamentária funcionam como meios dessa participação e influenciam o curso da economia.
Ao tomar parte na condução das actividades económicas, o governo executa as funções económicas que o Estado precisa exercer.
Nesse sentido, a partir dos estudos propostos por Richard Musgrave (1980), as funções económicas ou, como ficaram conhecidas, as funções do orçamento se dividem em três tipos: alocativa, distributiva e estabilizadora.
Existem três funções que normalmente acontecem na intervenção do Estado na economia e que fazem parte do Orçamento de Estado, a saber:
a) Função alocativa
O governo dirige a utilização dos recursos totais da economia, incluindo a oferta de bens públicos. Dessa forma, podem ser criados incentivos para desenvolver certossectores económicos em relação a outros.
Como exemplo, imagine que o governo tem interesse em desenvolver o sector de energia numa determinada região. Sendo assim, poderiam ser alocados recursos intensivos na geração e transmissão dessa energia e, como consequência, seria de se esperar que o orçamento governamental apresentasse cifras substanciais alocadas em projectos de construção de linhas de transmissão ou, até mesmo, registasse despesas com incentivos concedidos às empresas construtoras dos complexos hidroeléctricos.
No entanto, lembre-se de que, num cenário real, em que os recursos financeiros são inferiores às possibilidades de gastos, ao optar pelo desenvolvimento de um sector, o governo acaba abrindo mão de outras escolhas possíveis. Ou seja, é justamente nessa diversidade de escolhas que o governo materializa a sua função alocativa.
Mais ainda, o objectivo da função alocativa é a provisão de certos bens e serviços que são insuficientes frente à invisibilidade económica para a sua produção, sendo consumidos pela sociedade. Para sanar essa falta, o Estado faz alocação de recursos para a produção de bens públicos.
b) Função distributiva de renda e riqueza
Essa função tem importância fundamental para o crescimento equilibrado do país. Por intermédio dela, o governo deve combater os desequilíbrios regionais e sociais, promovendo o desenvolvimento das regiões e classes menos favorecidas. Como exemplo, temos habilidades individuais, o acesso à educação, herança, acesso à sociedade e a base de mercado. Para esses objectivos, o Estado utiliza-se de instrumento que leva ao ajuste de distribuição de renda e riqueza, minimizando de maneira menos desigual a tributação e as transferências de recursos.
c) Função estabilizadora da economia
Por fim, a função estabilizadora está relacionada às escolhas orçamentárias na busca do pleno emprego dos recursos económicos; da estabilidade de preços; do equilíbrio da balança de pagamentos e das taxas de câmbio, com vistas ao crescimento económico em bases sustentáveis.
Nesse aspecto, o Orçamento do Estado desempenha um importante papel, tendo em vista o impacto que as compras e contratações realizadas pelo governo exercem sobre a economia. Da mesma forma, a arrecadação das receitas públicas pode contribuir positivamente na reacção do governo em atingir determinadas metas fiscais ou, ainda, na alteração de alíquotas de determinados tributos, que possam ter reflexo nos recursos disponíveis ao sector privado.
O Estado utiliza-se de instrumento macroeconómico (Função estabilizadora) para controlar o nível que deseja, relativo à actividade económica através da estabilidade da moeda, equilibrando as contas externas, o emprego e os preços. 
2.3.4. Princípios Orçamentários
De um modo objectivo, pode-se dizer que os princípios orçamentários são aquelas regras fundamentais que funcionam como norteadoras da prática orçamentária. Isto é, são um conjunto de premissas que devem ser observadas durante cada etapa da elaboração orçamentária.
Um sentido mais rigoroso para esse conceito foi expresso por SANCHES (1997):
é um conjunto de proposições orientadoras que balizam os processos e as práticas orçamentárias, com vistas a dar-lhe estabilidade e consistência, sobretudo ao que se refere a sua transparência e ao seu controle pelo Poder Legislativo e demais instituições da sociedade...
Mesmo reconhecendo a importância dos princípios orçamentários na formulação dos orçamentos, não há uma aprovação absoluta e unânime destes.
Segundo SILVA (1962), esses princípios não têm carácter absoluto ou dogmático, mas constituem categorias históricas e, como tais, estão sujeitos a transformações e modificações em seu conceito e significação.
É comum encontrar na literatura clássica sobre orçamento doutrinadores divergindo sobre estrutura e conceituação dos princípios orçamentários. Todavia, existem aqueles que são geralmente aceites, os quais serão objecto de estudo.
Ao analisar os princípios orçamentários, pode-se dividir, para fins de estudo, em duas categorias distintas: os princípios orçamentários clássicos (ou tradicionais)[footnoteRef:1] e os princípios orçamentários modernos (ou complementares)[footnoteRef:2]. [1: Aqueles cuja consolidação deu-se ao longo do desenvolvimento do orçamento (desde a Idade Média, até meados do Século XX) e surgiram numa época em que os orçamentos tinham forte conotação jurídica.] [2: Começaram a ser delineados na era moderna do orçamento, quando sua função extrapolou as fronteiras político-legalistas, invadindo o universo do planeamento (programação) e da gestão.] 
2.3.4.1. Princípios orçamentários clássicos
i. Princípio da anualidade – De acordo com o princípio da anualidade, o orçamento deve ter vigência limitada a um exercício financeiro.
ii. Princípio da clareza – Segundo este princípio, o orçamento deve ser claro e de fácil compreensão a qualquer indivíduo.
iii. Princípio do equilíbrio – No respeito a este princípio fica evidente que os valores autorizados para a realização das despesas no exercício deverão ser compatíveis com os valores previstos para a arrecadação das receitas. O princípio do equilíbrio passa a ser parâmetro para o acompanhamento da execução orçamentária, por isso, a execução das despesas sem a correspondente arrecadação no mesmo período acarretará, invariavelmente, resultados negativos, comprometedores para o cumprimento das metas fiscais.
iv. Princípio da legalidade – Este princípio estabelece que a elaboração do orçamento deve observar as limitações legais em relação às despesas e às receitas e, em especial, ao que se segue quanto às vedações impostas pela Constituição da República…
v. Princípio da publicidade – Diz respeito à garantia a qualquer interessado da transparência e pleno acesso às informações necessárias ao exercício da fiscalização sobre a utilização dos recursos arrecadados dos contribuintes.
2.3.4.2. Princípios orçamentários modernos
i. Princípio da Simplificação - Pelo princípio da simplificação, o planeamento e o orçamento devem basear-se a partir de elementos de fácil compreensão.
ii. Princípio da Descentralização – Segundo este princípio, é preferível que a execução das acções ocorra no nível mais próximo de seus beneficiários. Com essa prática, a cobrança dos resultados tende a ser favorecida, dada a proximidade entre o cidadão, beneficiário da acção, e a unidade administrativa que a executa.
iii. Princípio da Responsabilização – Conforme este princípio, os gestores/administradores públicos devem assumir de forma personalizada a responsabilidade pelo desenvolvimento de uma determinada acção de governo, buscando a solução ou o encaminhamento de um problema.
2.3.4. Saldo Orçamental
O Saldo Orçamental corresponde à diferença entre as receitas e as despesas. Assim, o Saldo Orçamental reflecte a Capacidade ou Necessidade de Financiamento do sector público.
Se os Gastos do Governo[footnoteRef:3] forem superiores que as receitas fiscais, o sector público terá que recorrer ao endividamento, significando isso que o sector público tem que suportar os encargos do financiamento (juros da dívida pública ou serviço da dívida). [3: Despesas em bens e serviços públicos, incluindo investimento público (e.g., gastos em equipamentos hospitalares, vencimentos dos funcionários públicos, FBCF…).
] 
2.3.5. Fragilidades de Orçamento de Estado
Algumas fragilidades na gestão das finanças públicas têm a ver com a não contabilização de todas as receitas e/ou despesas públicas e de empréstimos ou outras responsabilidades financeiras assumidas pelo Governo e entidades públicas, o que enfraquece a credibilidade do orçamento e das contas públicas.
Especial atenção deve ser dada também ao processo de alterações orçamentais, o qual pode pôr em causa a afectação necessária da despesa efectiva às finalidades de combate à fome e pobreza, e de saúde e educação, entre outras despesas sociais. Portanto, não basta a afectação (alocação) de verbas às despesas de desenvolvimento humano e sociais no orçamento proposto e aprovado, mas também importasaber como é que o orçamento foi executado.
3. Receitas Públicas
3.1. Conceito
A Receita Pública assume, na Gestão das Finanças Públicas, fundamental importância por estar envolvida em situações singulares, como a sua distribuição e destinação entre as esferas governamentais, o estabelecimento de limites legais impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, permite estudos e análises acerca da carga tributária suportada pelos diversos segmentos da sociedade.
É notável a relevância da Receita Pública no processo orçamentário, cuja previsão dimensiona a capacidade governamental em fixar a Despesa Pública e, no momento da sua arrecadação, torna-se instrumento condicionante da execução orçamentária da despesa.
Receitas Públicas são todos os ingressos de carácter não devolutivo auferidas pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todos os ingressos orçamentários[footnoteRef:4] constituem uma receita pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas. [4: São aqueles pertencentes ao ente público, arrecadados exclusivamente para aplicação em programas e acções governamentais.] 
A receita pública é definida nos termos do n.º 1 do artigo 14 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), como sendo todos os recursos monetários ou em espécie, seja qual for a sua fonte ou natureza, postos à disposição do Estado, com excepção daqueles em que este seja mero depositário temporário.
3.2. Classificação Económica
Segundo a classificação económica as receitas públicas classificam-se:
3.2.1. Receitas Correntes
São os ingressos de recursos financeiros oriundos das actividades operacionais, para aplicação em despesas correspondentes, também em actividades operacionais, correntes ou de capital, visando ao alcance dos objectivos constantes dos programas e acções de governo. São aquelas receitas públicas que se esgotam dentro do período anual, como os casos das receitas e impostos que se extinguem no decurso da execução orçamentária. 
As receitas correntes são derivadas do poder de tributar ou resultantes da venda de produtos ou serviços colocados à disposição dos usuários e não têm suas origens em operações de crédito, amortização de empréstimos e financiamentos, nem alienação de componentes do activo permanente. Assim, as receitas correntes podem ser classificadas dentro das seguintes subcategorias:
· Receita Tributária – Ingressos provenientes da arrecadação de impostos[footnoteRef:5], taxas[footnoteRef:6] e contribuições de melhoria[footnoteRef:7]. [5: Tributo cuja obrigação tem por facto gerador uma situação independente de qualquer actividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
] [6: No âmbito de suas respectivas atribuições, têm como facto gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efectiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
] [7: No âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
] 
· Receita de Contribuições – É o ingresso proveniente de contribuições sociais, de intervenção no domínio económico e de interesse das categorias profissionais ou económicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. 
· Receita Patrimonial – Ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do activo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de activos permanentes.
· Receita Agro-pecuária - É o ingresso proveniente da actividade ou da exploração agro-pecuária de origem vegetal ou animal[footnoteRef:8]. [8: Incluem-se nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das actividades de beneficiamento ou transformação de produtos agro-pecuários em instalações existentes nos próprios estabelecimentos.
] 
· Receita Industrial - É o ingresso proveniente da actividade industrial de extracção mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das actividades industriais definidas como tal pela instituição que tutela as actividades económicas.
· Receita de Serviços - É o ingresso proveniente da prestação de serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspecção e fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes à actividade da entidade e outros serviços.
· Transferência Corrente - Ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efectivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objectivo seja a aplicação em despesas correntes.
· Outras Receitas Correntes - São os ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas subcategorias económicas anteriores.
3.2.2. Receitas de Capital
São os ingressos de recursos financeiros oriundos de actividades operacionais ou não operacionais para aplicação em despesas operacionais, correntes ou de capital, visando ao alcance dos objectivos traçados nos programas e acções de governo. São denominados receita de capital porque são derivados da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de componentes do activo permanente, constituindo-se em meios para atingir a finalidade fundamental do órgão ou entidade, ou mesmo, actividades não operacionais visando ao estímulo às actividades operacionais do ente.
As receitas públicas de capital alteram o património duradouro do Estado, como os produtos de empréstimo contraídos pelo Estado a longo prazo, por isso, compreendem, assim, a constituição de dívidas, a conversão em espécie de bens e direitos, dentre outros. As receitas correntes podem ser classificadas dentro das seguintes subcategorias:
· Operações de Crédito – São os ingressos provenientes da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas.
· Alienação de Bens - É o ingresso proveniente da alienação de componentes do activo permanente.
· Amortização de Empréstimos – É o ingresso proveniente da amortização, ou seja, parcela referente ao recebimento de parcelas de empréstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos.
· Transferências de Capital – É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efectivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objectivo seja a aplicação em despesas de capital.
· Outras Receitas de Capital - São os ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas subcategorias económicas anteriores.
3.3. Estágios da Receita Pública
Estágio da receita pública é cada passo identificado que evidencia o comportamento da receita e facilita o conhecimento e a gestão dos ingressos de recursos. Assim, os estágios da receita pública são os seguintes:
3.3.1. Previsão – estimativa de arrecadação da receita, constante da Lei Orçamentária Anual, compreendido em fases distintas:
· A primeira fase consiste na organização e no estabelecimento da metodologia de elaboração da estimativa; 
· A segunda fase consiste no lançamento, que em Moçambique, é tratado segundo a lei apropriada. É o assentamento dos débitos futuros dos contribuintes de impostos directos, cotas ou contribuições prefixadas ou decorrentes de outras fontes de recursos, efectuados pelos órgãos competentes que verificam a procedência do crédito a natureza da pessoa do contribuinte, quer sejafísica ou jurídica, e o valor correspondente à respectiva estimativa. O lançamento é a legalização da receita pela sua instituição e a respectiva inclusão no orçamento. 
3.3.2. Arrecadação – Entrega, realizada pelos contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro. A arrecadação ocorre somente uma vez, vindo em seguida o recolhimento.
Quando um ente arrecada para outro ente, cumpre-lhe apenas entregar-lhe os recursos pela transferência dos recursos, não sendo considerada arrecadação, quando do recebimento pelo ente beneficiário.
3.3.3. Recolhimento – Transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando o Princípio da Unidade de Caixa representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente.
O n.º 2 do artigo 14 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, preceitua que a receita só pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento ou cobrada, em virtude de lei e, ainda que estabelecida por lei, a mesma só pode ser cobrada se estiver prevista no Orçamento do Estado aprovado.
3.4. Peso da Receita do Estado sobre o PIB
A avaliação da implementação da Gestão das Finanças Públicas deve levar em conta a verificação regular de alguns indicadores e, o Peso da Receita do Estado sobre o PIB, é um dos indicadores primários a considerar. 
O Peso da Receita do Estado sobre o PIB reflecte a capacidade financeira de o Estado suportar, com recursos financeiros próprios, as suas necessidades orçamentais.

Outros materiais