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TCC Martinho Lutero

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Prévia do material em texto

Instituto de Educação Superior Sumaré ISES - Faculdade Sumaré 
 
 
 
 
 
Uma introdução á Martinho Lutero na obra de Lucien Febvre 
 
 
 
 
 
Rosangela Parcial Rodrigues RA 1220026 
Maria Aparecida Ribeiro RA 1222657 
Maria Lucia Araujo Albuquerque RA 1224383 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo, 24 de Outubro de 2014 
 
 
Instituto de Educação Superior Sumaré ISES - Faculdade Sumaré 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma introdução á Martinho Lutero na obra de Lucien Febvre 
 
 
 
 
 
 
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Instituto de Educação Superior 
Sumaré – Campus Belém como requisito para 
elaboração da monografia de conclusão do 
curso de Licenciatura em História. 
 
 
 
 
 
 
Professor Dr. Leandro Seawright Alonso 
 
 
 
 
São Paulo 24 de Outubro de 2014 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO ..................................................................................................................................... 1 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 5 
PRIMEIRO CAPITULO ................................................................................................................ 6 
1. Um Homem solitário.................................................................................................................. 6 
1.1 O esforço de um homem solitário.............................................................................................. 6 
1.2 Antes da viagem de Roma ........................................................................................................ 7 
1.3 De Roma às Indulgências ......................................................................................................... 9 
1.4 O monástico Lutero................................................................................................................ 10 
1.5 O caso das Indulgências ......................................................................................................... 13 
1.6 A reação de Lutero................................................................................................................. 14 
SEGUNDO CAPITULO .............................................................................................................. 16 
2. A maturidade II ....................................................................................................................... 16 
2.1 Inquietação Social ................................................................................................................. 16 
2.2 – Erasmo, Hutten. Roma ........................................................................................................ 16 
2.3 O Idealismo de 1520 .............................................................................................................. 18 
2.4 Os Meses em Wartburgo ....................................................................................................... 20 
TERCEIRO CAPITULO ............................................................................................................. 25 
3 A revolta de um povo................................................................................................................ 25 
3.1 Anabatistas e Camponeses ...................................................................................................... 25 
3.2 Erasmo é a razão ................................................................................................................... 27 
3.3 O casamento com Catarina de Bora ......................................................................................... 28 
3.4 Obedecer à autoridade ........................................................................................................... 29 
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 30 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 30 
 
 
 
 RESUMO 
 
Lucien Febvre em Lutero um destino realiza uma biografia total na qual a história de um 
indivíduo se entrelaça com o destino de uma época no século XVI na Alemanha. 
A trajetória de Lutero é reconstituída pelo historiador, avaliando e examinando as idéias e os 
conflitos que levaram a crise do catolicismo, e o problema entre o indivíduo e a coletividade. 
Portanto ao lermos o livro fica claro entender que as pessoas daquela época não entenderam 
que Lutero estava mais preocupado com em lutar pela suas convicções e não em revolucionar 
e fazer uma reforma na igreja católica. 
Palavra chave: Protestantismo, convições idéias revolucionárias 
 
 
ABSTRACT 
 
Lucien Febvre in Luther a destination performs a full biography in which the story of an individual is 
intertwined with the fate of an era in the sixteenth century in Germany. 
The trajectory of Luther is reconstituted by the historian, evaluating and examining the ideas and 
conflicts that led to the crisis of Catholicism, and the problem between the individ ual and the 
community. So when we read the book it is clear to understand that people of that time did not 
understand that Luther was more concerned to fight for their convictions rather than revolutionize and 
make a reform in the Catholic Church. 
Keyword: Protestantism, convictions revolutionary ideas 
5 
 
INTRODUÇÃO 
 
Para o avanço do nosso conhecimento histórico nesse livro o autor Lucien Febvre derruba 
diversos preconceitos, erros de concepção e de compreensão, ele já inicia sua obra citando 
que ele vai narrar apenas sua opinião e não uma biografia de Martinho Lutero. 
Para Febvre as dificuldades traçadas por Lutero para colocar em pratica sua convicção real 
dos fatos, e que o problema não estava afetando somente a ele, mas sim o social que e, talvez 
o problema essencial dessa história. O Autor pretende reconstituir passo a passo a trajetória de 
Lutero, examinando as idéias e os conflitos que o levaram à crise do catolicismo, a criação do 
luterismo e a fundação da Europa moderna. 
Lucien Febre ao escrever esta história do gênero biográfico, mas com novos olhares, ele 
incorporou as contribuições de outras ciências humanas, diferente de outras biografias escritas 
por outros autores. Seu maior objetivo era derrubar as outras obras antiquadas e 
preconceituosas, nesse período muitos textos foram escritos, varias coisas sobre Lutero, uns 
produzidos por partidários, outros resultado da ira católica-romana, mas seu maior desafio 
nessa obra era mostrar a história de Lutero, não como um individuo isolado e atormentado, 
mas um homem que fez parte de uma das maiores mudanças na crença religiosa. 
Martinho Lutero, foi denominado o pai da Reforma Protestante, foi um homem do seu tempo, 
assolado pela angústia e o medo do inferno, ingressou aos 22 anos no convento Agostiniano 
de Erfurt em 1505, mas não pretendia ser o líder de uma ruptura religiosa, pelo contrário 
cristão solitário buscava apenas encontrar o remédio para seus males interiores. Lutero não se 
julgava o construtor de uma nova igreja, lamentava o fato de os camponeses rudes não terem 
compreendido a sua mensagem de liberdade cristã. 
Nessa obra Lucien Febvre relata que outros autores do seu tempo tinham a mesma opinião 
que Lutero criticava os abusos da igreja, mas não era o abusos que o moviam, o que mais lhe 
interessava era sua salvação pessoal, os seus estudos do evangelhos e das Epistolas de São 
Paulo não lhe ofereceram novas doutrinas e sim a descoberta individual para seus males. 
 
 
 
 
 
6 
 
PRIMEIRO CAPITULO 
 
1. Um Homem solitário 
1.1 O esforço de um homem solitário 
O jovem laico Martinho Lutero em 1505 adentrava o convento agostiniano na cidade Erfurt 
na Alemanha, até então o autor frisa que quando jovem Luterojá não era influenciado pelo 
catolicismo e que não o pertencia. Nascido em Eisleben, uma cidade saxônia, no condado de 
Manfield, no dia 10 de Novembro de 1483, a posição e condições de seus pais eram 
originalmente humildes, portanto suas objeções ao futuro universitário eram grandes, mas ele 
não os dava ouvidos, pois não compartilhavam dos mesmos interesses, sua parentela ou 
alguns amigos de condições modestas não influenciavam de nenhuma forma a ser um 
reformador. 
Lutero foi prontamente iniciado nos estudos e aos treze anos de idade foi enviado a uma 
escola de Magdeburgo. E dali Eisenach, na Turingia onde permaneceu por quatro anos, e onde 
demonstrou as primeiras indicações de sua futura eminência, sua infância por ser humilde não 
lhe deixava muitas escolhas, esse jovem inquieto e atormentado pedia pra usar, o hábito de lã 
tosca de eremitas agostinianos, em pouco tempo o trocaria pela toga forrada de professor. 
No entanto se Lutero não tivesse vivido no convento por mais de quinze anos, não tivesse tido 
a experiência pessoal e dolorosa da vida monástica, ele não teria sido Martinho Lutero. 
O autor acredita que não foi por amor ou bondade que Lutero ingressou na vida monástica, 
teria outro significado para Erasmo ou que julgamos conhecer, um Lutero que efetuasse nas 
universidades estudo profanos e obtivesse seus títulos de jurista, ele poderia ter sido tudo isso 
menos o Lutero da história. 
A história de Lutero não foi uma história divertida ou curiosa que aconteceu no século XV, ter 
desejado ser monge e tê-lo seguindo intensamente durantes anos e anos e algo que não pode 
ser apagado de uma hora para outra na vida de um homem, talvez isso explique os volumes 
fabulosos de muitas hipóteses contraditórias que e contadas nos últimos anos diante de um 
fato que nada altera a situação. 
 
 
 
 
7 
 
 1.2 Antes da viagem de Roma 
Segundo Febvre muitos historiadores de comum acordo concentraram sua atenção na figura 
Reformadora, na doutrina e na obra do homem feito que em 31 de outubro de 1517 obrigou 
seus compatriotas a se posicionar com tanto fervor uns a seu favor e outros contra ele, 
também havia muitos amigos e adversários que só se interessavam pelo chefe do partido, pelo 
fundador da igreja cismatica que estava ali apenas para dogmatizar em sua cátedra de 
Wittenberg, mas ninguém procurou estudar como se formou esse chefe de partido ou como se 
constituiu suas doutrinas. 
Lutero não se dispunha de muitos meios, envolvido na luta cotidiana não teve muito tempo 
para escrever sobre si mesmo. Na obra do reformador Melanchthon em 1546, ano da morte de 
Lutero foi acrescentado alguns poucos detalhes, outros reformadores como Amsdorf e 
Cochlauslimitavam-se a comentar esses textos, outros como recorriam a colher informações 
das palestras Tischreden dada por Lutero, com base nessas coletâneas, sem dar o trabalho de 
criticá-las, muitas vezes coletadas pelos ouvintes, foi então o relato oficial hagiográfico que se 
relatou os anos de juventude de Martinho Lutero. 
Febvre relata que todos os homens de sua geração conheceram a história de Lutero, mas a 
maioria dos livros não fazia mais que resumir com maior ou menor imprecisão as grandes 
monografias de Kostlin. Febre reconhece que o documento era bem redigido e dramático ao 
extremo, o quadro de uma infância sem amor, alegria ou beleza, Lutero nasceu provavelmente 
em 1483 em 10 de novembro, véspera do dia de São Martinho na pequena cidade de Eisleben, 
na Turíngia, a qual retornaria para morrer aos 63 anos mais tarde. 
Seus pais eram pobres, o pai, mineiro, duro consigo mesmo e com os outros, a mãe uma dona 
de casa exausta e aniquilada dos afazeres excessivos e pesados, ela não o tratava com ternura 
ou carinho, mas servia para encher de preconceitos e superstições medrosas a cabeça de uma 
criança bastante impressionada. Esses pais sem alegrias criaram essa criança em um povoado 
em Mansfield, habitado por mineiros e mercadores. Esse menino sobre ríspido rigor e punição 
de mestres incultos aprendeu a ler escrever e orar em latim, com muitos gritos em casa e 
pancadaria na escola, duro regime para um ser sensível e nervoso. 
Aos catorze anos de idade, Lutero foi para a cidade grande de Magdeburgo em busca de 
estudos nas escolas versadas, buscava com os irmãos a vida comum, porem ele se encontrava 
perdido na cidade desconhecida, obrigado a mendigar o pão de porta em porta, além disso, 
doente, por lá permaneceu um ano, voltou para casa paterna e em seguida para Cidade 
Eisenach da Alemanha, onde tinha alguns parentes que não o tratava bem, após alguns 
8 
 
sofrimentos, se deparou com uma alma caridosa, uma mulher chamada Ursula Cotta que o 
cercou de afeto e carinho, ali permaneceu quatro anos, os primeiros quatro anos de felicidade 
de sua juventude. 
Sempre por ordem de seu pai em 1501, Lutero partiu para cidade Erfurt onde havia uma 
universidade próspera, lá estudou com fervor da faculdade de Artes, Bacharel em 1502, 
tornou-se mestre em 1505, contudo a sombra de uma juventude melancólica que se projetava 
sobre um destino que permanecia medíocre, posterior foi vitima de uma grande enfermidade 
grave, uma peste mortífera que por pouco não o matou, essas series de incidentes violentos, 
atuando sobre a mente inquieta e uma sensibilidade palpitante, tomou uma decisão, desistiu 
dos seus estudos profanos. Frustrada as expectativas de ascensão social alimentadas por seus 
pais, assim foi bater a porta dos agostinianos de Erfurt. 
No convento, Lutero seguia a rigor as regras, em um dos vintes textos escrito entre 1530 a 
1546 ele proclamava sua frustração e sua crueldade: 
“Sim, fui na verdade um monge piedoso. Então estritamente fiel a minha regra que 
posso afirmar: se algum monge porventura já alcançou o céu pela vida monástica, 
também eu o teria alcançado. Mas o jogo teria durado mais um pouco: eu teria me 
esvaído em vigílias, orações, leituras e outros lides” (Febvre;Lucien, 1928,p.30) 
 
“Eu não acreditava em Cristo”....”Eu via nele um juiz severo e terrível, tal como é 
pintado, tronando o arco-iris”“Quantas vezes não me assustou o nome de 
Jesus!...Teria preferido ouvir o nome do diabo, pois estaria convencido de que teria 
de cumprir boas ações até que Cristo, por causa delas, se tornasse amigo e 
favorável”. (Ibid, p.31) 
 
Lutero falava de um Deus terrível implacável, vingativo, que contabilizava rigorosamente os 
pecados de cada um, ele havia entrado no convento para obter a paz e só encontrava duvidas e 
terror, ele falava de um Deus enfurecido, ele sacrificava seu próprio corpo com penitencias e 
jejuns, tentava ele forçar a certeza libertadora. Lutero duvidava um pouco mais da sua própria 
salvação, ele encontrou uma cristandade que entregava seus templos aos maus mestres, nada 
adiantava os lamentos de seus colegas de miséria, nada era capaz de responder aos soluços do 
crente ávido de fé viva, cuja a fome era enganada com vãs ilusões, até que em meias tantas 
turbulências, contradições e descrença, surge o Dr. Staupitz, vigário geral desde de 1503 dos 
agostinianos de toda a Alemanha, com sua bondade e atenção acabou ganhando a atenção do 
jovem monge ardoroso. 
Dr. Staupitz foi o primeiro a pregar para Lutero um Deus de amor, misericórdia e perdão, até 
aquele momento ele nunca havia conhecido uma pessoa que pudesse falar de Deus com tanto 
carisma e convicção, convicções essa que envolveu o coração de Lutero completamente. 
Staupitz lecionava na universidade de Witternberg e em Outubro de 1508 incumbiu Lutero a 
9 
 
dar um curso de Ética de Aristóteles, ao mesmo tempo ele continuava com os estudos 
sagrados na faculdade de Teologia, no ano seguinte se formou em Bacharel em Teologia, ele 
pregava com sucesso, e se sentia salvo, suas crises e desespero haviam desaparecido, até que 
em uma reviravolta tudo retornaria novamente. 
1.3 De Roma às Indulgências 
Em 1510 Lutero viajou paraRoma em uma missão de ordem, ele seguia para o centro vivo da 
cristandade, para cidade dos peregrinos fervorosos. Quando Lutero se viu perturbado, 
regressou a sua cidade natal, levava em seu coração ódio inexpiável e os abusos que a 
cristandade escondia, ele os via sobre o céu de Roma. No convento em 1505 a 1510 
conseguiu avaliar a decadência do ensino cristão, sentia na alma a pobreza infecunda da 
doutrina das obras, conseguiu enxergar a imoralidade da igreja, em sua mente, a reforma já 
estava feita, o claustro de Roma havia tornado Lutero Luterano, mas mesmo assim com todas 
essas revoltas e indignação ele se calava porque respeitava a igreja, Dr. Staupitz ainda o 
apoiava e obrigou Lutero a se graduar em Teologia em 1512. Lutero inaugurou dois cursos 
“epistola aos romanos e salmos”, posteriores começou a moldar para si mesmo uma teologia 
pessoal. 
Febvre vai dizer que antigos historiadores não procuraram saber como era fazer sua própria 
teologia, foi dessas analises e desses estudos sistemático acerca da divindade que surgiu o 
caso das indulgências. 
Em 1517 o jovem Lutero de 23 anos estava diante de um terrível escândalo publico, pois com 
voz vingadora gritou sua indignação aos abusos cometidos pelos traficantes vestidos de 
hábitos religiosos, pois foi dessa forma que Lutero se referia a todos eles, suas palavras 
ardorosas ressoavam furiosamente de uma ponta a outra de uma Alemanha saturada de 
abusos, enojada de vergonhas e escândalos. Lutero proclamava diante de multidões 
transtornadas a formidável alegria de viver em um século em que se mesclavam o 
renascimento e reforma, ele lançava de triunfo, indignação e libertação aos quatros canto da 
Europa, pois não tinha ele nascido dos abusos da Igreja, tantas vezes denunciados no século 
XV, mas que vinha se agravando a cada dia que passava abusos materiais, simonia, trafico de 
benefícios e indulgências, vida desregrada dos clérigos e etc. 
 
 
10 
 
1.4 O monástico Lutero 
Teólogos, críticos e revisionistas historiográficos se concentraram na biografia de Lutero para 
revisar suas idéias e o valor delas para a transformação da humanidade. Entre as muitas 
questões, as principais eram: 
• Fora mesma a Reforma que marcara, no século XVI, o surgimento dos tempos 
modernos? 
• Chamava-se Lutero o parteiro heróico e genial do nosso mundo moderno, ou aquele 
que geraria, aos poucos e solidariamente, a massa de idéias novas e modernas que 
com demasiada facilidade se tornara o hábito de acreditar ao velho protestantismo? 
 Assim, de todos os lados, vindos de pensadores diversos, novos problemas se colocaram. 
Uma imensa obra de revisão, ou mesmo de reconstrução, parecia ser necessária. 
Perguntamo-nos se simplesmente se é possível fornecer, da história moral e espiritual de 
Lutero, por enquanto admiremos, sem pretender rivalizar com os psiquiatras de plantão. 
E já que Lutero, desde o começo, entrelaçou a história de suas crises à de seu pensamento, 
tentamos compreender o que tal amálgama representava para ele, e como o Pe. Denifle um 
medievalista bibliotecário do Vaticano no século XIX explica as crises de Lutero. Pe Denifle 
iniciou seus estudos sobre Martinho Lutero e sua trajetória, aliais que essas descobertas foi 
um grande desgosto para os luteranos que colocavam Lutero como um semideus. Expondo 
fatos que demonstravam um Lutero humano com vícios, alcoólico, que tratava a mulher com certa 
violência. Contrariamente à infância, supostamente, criada sobre a figura de Lutero. O Pe. Denifle 
afirma que os pais do monge não eram pobres e não o maltratavam. Acusa-o, ainda, que só leu a Bíblia 
quando estava já no seio da ordem dos agostinhos, de ter uma fixação na sexualidade, de ser 
contraditório e de se focar sempre na sua perspectiva. 
Ninguém jamais acusou Lutero de ter mal vivido em seus anos de convento, quero dizer, de 
ter infringido seu voto de castidade. 
 O Pe. Denifle restringe de maneira abusiva o sentido de conceito de concupiscência da carne, 
que Lutero utiliza com tanta freqüência em seus escritos: 
“ Julgava estar comprometendo a minha salvação assim que sentia a 
concupiscência da carne, ou seja um mal impulso, um desejo (libido), um 
ímpeto de fúria, de ódio ou inveja em relação a um dos meus irmãos” 
(Ibid, p.57) 
 
O Pe. Denifle atribui um sentido por demais específico com base nele, compõe um romance 
pré-freudiano que julga interessante. Lutero, exagerando para si mesmo a gravidade de seus 
11 
 
mínimos pecado, constantemente debruçado sobre a própria consciência, ocupado em 
perscrutar seus secretos movimentos, obcecado, aliás, pela idéia do juízo, nutria sobre a 
própria indignidade um sentimento tão mais violento e temível que nenhum dos remédios que 
lhe ofereciam poderia aliviar seu sofrimento. 
A experiência para Lutera era mais que o suficiente, a vida monástica não bastava para lhe dar 
paz, os jejuns, as orações prescritas e as meditações eram remédios que serviam para outros 
que não tinham tamanha sede do absoluto. 
O fato de Martinho Lutero ter lido obras Gabriel Biel um bibliotecário medievalista do 
Vaticano, cruzando o conhecimento destas com os ensinamentos de Staupitz, influenciaram-
no a criar o pensamento que viria a ser o protestantismo. 
Lutero defendia o contato com Deus segundo os fatos apontam, dava demasiada importância 
aos pequenos pecados preocupava-se muito em obter a salvação, a santidade. E por exemplo 
ensinava, o teólogo da vontade divina, e dela apenas as leis morais extraiam seu sentido e 
valor. Os pecados eram pecados, e não boas ações, porque Deus assim queria. Quisesse Deus 
o contrário, o contrário seria: o roubo, o adultério, o próprio ódio de Deus se tornariam ações 
meritórias. Deus não tem que punir, ou recompensar no homem falhas próprias ou méritos 
pessoais. Para que boas ações obtenham recompensa, basta que Deus aceite, e ele as aceita 
quando assim o deseja e como deseja, por razões que escapam a razão dos homens. 
No plano humano, o homem apenas com suas forças naturais, pelo uso de sua vontade e 
razão, pode cumprir a Lei pode chegar, enfim, amar a Deus acima de todas as coisas, e assim 
Lutero se esforçava, fazia de tudo de acordo com a sua natureza, e o impossível para que 
nascesse dentro essa disposição adequada e suficiente para a infusão da graça por concessão 
divina de que fala Gabriel Biel, em sua linguagem. Essa doutrina, que ora exaltava o poder da 
vontade humana, ora a humilhava, escarnecendo perante a insondável onipotência de Deus: 
ela só mobilizava as forças de esperança do monge para melhor quebrá-las e deixá-lo 
sufocado em meio à trágica impotência de sua debilidade. 
Ele estava ávido não por doutrinas, por vida espiritual, paz interior, certeza libertadora em 
Deus. Preocupado em enfatizar a importância dessa frase de seu pensamento, explica que viu, 
na expressão de Staupitz, o exato contraponto da afirmação dos “gabrielistas” de que o 
arrependimento terminava no amor da justiça e de Deus. 
 
Entre 1512 a 1514 Lutero decide procurar a salvação através da meditação, frutado acaba por 
se dar como vencido. È então que faz uma descoberta racional. Ele tem a certeza que e 
necessário um homem ser justo, mas e impossível sê-lo. 
12 
 
Defende que um homem deve aceita seus pecados e pedir a Deus que lhe de o necessário 
para ultrapassar esses mesmos. Segundo os pensamentos de Lutero, a justiça própria do 
homem é radicalmente incompatível com a justiça sobrenatural de Deus. Em vão a teologia 
tradicional distingue entre pecado natural e original. 
Nas relações do homem com Deus, não existe nada jurídico, tudo é amor, um amor atuante e 
regenerador, demonstrada a criatura decaída pela terrível majestade. Um amor que a inclina a 
não perdoar estes pecados, mas a não lhe imputar esses pecados. 
Deus “ama a todos os seres por si criados”, a Justificação faz desaparecer o pecado, mas deixa 
a moralidade natural tantoseu papel como o lugar e sua virtude. Para Lutero, ao contrário, a 
justificação deixa subsistir o pecado e não dá espaço para a moralidade natural. 
Em linguagem Luterana, todo homem que recebe o dom da fé (pois a fé, para Lutero, não é 
crença; é o reconhecimento, pelo pecador, da justiça de Deus). 
Todo pecador que, refugiando-se assim no seio da misericórdia divina, sente a própria 
miséria, detesta-se e proclama, em compensação, sua confiança em Deus, embora seja 
simultaneamente justo e injusto, pecadores quanto à verdadeira realidade, mas justos na 
opinião do Deus misericordioso, justos em nossa ignorância e injustos em nossa ciência; 
pecadores na realidade, mas justos na esperança. 
Julgamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. Lutero encontra essa celebre 
expressão na Epistola aos Romanos (3:28) Já em 1916 rejeita energicamente a interpretação 
tradicional, em sua pressa palpitante de possuir Deus, passa por cima da lei para ir direto ao 
Evangelho. Mas, ás vezes ao contrário obcecado pelo sentimento de que uma falsa certeza 
gera as piores falhas morais, recrimina a Igreja, com veemência por insinuar-se nas ações que 
ela proclama serem meritórias. 
A segunda intenção e o cálculo interesseiro; e então, como já se preocupasse tão somente com 
a moral, Lutero deixa momentaneamente de lado esse apaixonado cuidado com a religião que, 
ainda há pouco, o arrastava e dominava exclusivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1.5 O caso das Indulgências 
Na obra, Febvre vai sita que em 1517 depois mesmo depois de longo período de reflexão, de sua 
ideologia, ele não compreendia algumas doutrinas da Igreja para com seus súditos. 
Defendia que para chegar ao perdão de Deus não seriam necessários pagamentos monetários, mas 
somente com a confissão e arrependimento dos pecados, se atinge diretamente o reino celestial. 
Outros pensadores já se haviam oposto às doutrinas pregadas. Jean de Lallier, padre, mestre 
em Artes e licenciado em Teologia, proclamava que “o papa não tinha o poder de perdoar aos 
peregrinos, por meio de indulgências, a totalidade do castigo merecido por eles em razão dos 
seus pecados, mesmo que essas indulgências fossem outorgadas. 
Então para melhor compreender esse acontecimento Febre vai dizer que se o caso das 
indulgências foi o prelúdio de todo uma reforma terá então que compreender o que de fato 
aconteceu durante politicamente. 
 As manobras políticas para as eminentes eleições imperiais em 1519 já estavam em 
andamento, e o desejo do Papa Leão X de impressionar seus rivais, como os governantes 
seculares era concluir a construção da Basílica de São Pedro iniciada pelo papa Julio II . 
A religião e a política tinha estado interligada de forma inextricável, desde de que o 
imperador Constantino convocará o concilio de Nicéia em 325 na idade média, o papa exercia 
um poder temporal direto a Igreja imperial, inclui o mandato de proteger a Igreja e a Fé 
verdadeira, muito embora existissem tensões tanto manifestas quando latentes entre o papado 
e os imperadores germânico na idade média. 
Governantes da linha de Hasbsburgo com Maximiliano II e Carlos V levavam a sério o seu 
deveres religiosos, com isso o Reinaldo de Carlos V foi marcado por um lado, por seu 
empenho no sentido de alcançar a hegemonia na Europa e por outra, por seu esforço de 
combater a hegemonia. 
Desde 1257 certos príncipes tinham reivindicado o direito de eleger o imperador, esse grupo 
era formado pelo duque da Saxônia, o Margrave de Brandberburgo, e o rei Boêmia, o conde 
Palatino e os arcebispo de colônia, essa tradição foi codificada na bula de Ouro de 1336, a 
chamada Magna carta do particularismo alemão, que estabeleceu procedimento ordeiro com 
vistas a um regime imperial com base federativa, eximia os setes eleitores da jurisdição 
imperial e exclui a participação papal na eleição. 
A rivalidade dinástica da época ocorreu entre os Habsburgos e os Hohenzollern, desde 1527, 
o imperador Maximiliano havia tentado alinhar os eleitores em favor a seu neto Carlos da 
Espanha, mas a véspera tanto da reforma como das eleições de um novo imperador, o eleitor 
de Brandberburgo, Joachim era um Hohenzollern. 
14 
 
Em 1513 três importantes cargos eclesiásticos estavam vagos: o arcebispo de Magdeburgo, 
Hallberstadt e Mainz, o eleito Joachim via nessa situação uma oportunidade de fortalecer a 
casa de Hohenzollern e de influenciar a eleição imperial tendo dois dos setes votos a favor de 
seu irmão mais jovem Albrecht, porém havia uma dificuldade, o mesmo estava abaixo da 
idade canônica para ser bispo e nem mesmo para ser sacerdote, além de ser ilegal ocupar mais 
de um cargo eclesiástico, mas enfim o que o poder do dinheiro não faz? 
Albrecht negociou com Roma um preço pelo arcebispado, isso, porém ultrapassava as linhas 
de credito tanto de Joaquim como de Albrecht, mas isso não era problema para o papa Leão 
X, ele era um homem disposto a negociar um acordo financeiro. A Cúria propôs que Albrecht 
tomasse um empréstimo da casa bancaria de Jacob Fugger um homem com patrimônio 
financeiro alto, dono de empresas têxtil e de minerais. Por fim o papa Leão X exigiu uma 
entrada do total dinheiro que Albrecht tomou emprestado e concedeu a ele o direito de vender 
as indulgências, com as vendas o lucro seria dividido, metade devia ir para o papado, para 
financiar a construção da Basílica de São Pedro, e o restante para pagar o financiamento de 
Fugger. As indulgências podiam ser pregadas somente por dois anos, com isso obteve pouco 
lucro o suficiente para quitar a metade da divida com o ducado, somente então o dominicano 
Johann Tetzel subcomissário geral do arcebispado de Mogúncia, pois com voz tonitruante a 
prometer a seus fies toda uma gama de beneficio incomparável. 
Tetzel deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma 
“esperança divina”, visto que o julgamento de Deus estaria próximo, recomendando assim, a 
compra da “passagem” ou livramento do purgatório. 
 
 Sabald das GeldsimKastenKlimgt. Die Seeleausfegfeuerspringt! (Assim que o 
dinheiro na caixa tilintar, a alma do purgatório era escapar!) (Ibid, p.103) 
 
1.6 A reação de Lutero 
Como e mostrado de modo evidente pelas anotações do curso sobre a Epistola aos Romanos, 
ele realmente se apossou de suas idéias pessoais e nutria por elas, pelo bem que lhe dizia 
tamanha gratidão, Nelas Lutero encontra informações valiosas e eficácia que se pôs a 
comunica aos outros, o precioso tesouro que acabava de descobrir, em que primeiro lugar aos 
estudantes de seu curso, as pessoas mais simples ao seu redor, e aos seus mestres, assim 
Lutero assumia o papel de chefe da escola. Lutero estava se libertando das doutrinas 
gabrielisticas e do aristotelismo, após um ano depois residindo novamente um debate “contra 
a teologia Escolástica” e redigindo para outro candidato as 97 teses que constituem o 
15 
 
enunciado das grandes linhas mestras de sua doutrina. Com o mesmo vigor sem 
complacência, Lutero proclamava seu ódio por Aristóteles, sua metafísica, sua lógica e sua 
ética, pra Lutero é um erro achar que a teoria da felicidade de Aristóteles não se opõe 
radicalmente a doutrina Cristã (contra os moralistas). Lutero então conclui explicando seu 
tema favorito, a oposição fundamental entre lei e a graça: 
 Toda obra da lei, sem a graça tem a aparência de uma boa ação; vista de perto, 
não de um pecado. Maldito aqueles que realizam as obras da lei: benditos o que 
realizam as obras da graça. A boa lei que move o cristão, não e a lei morta do 
levitico; não é o Decálogo; é o de Deus derramado em nossos corações pelo Espirito 
Santo (Ibid, págs, 106 a 107) 
 
Assim argumentou Lutero, e chega o momento de suas idéias enfrentarem a critica dos 
mestres, aqueles que não deixavam se seduzir de imediato,mas Lutero sabe que os 
convencera, pois ele tem Deus em seu coração cheio de Fé. As teses sobre as indulgências 
foram fixada em 31 de Outubro de 1517 na porta lateral da capela do castelo de Wittemberg, 
Martinho Lutero afixa um cartaz em latim. 
 Por amor a verdade, por zelo em fazê-lo triunfar, as preposições abaixo serão 
debatidas em Wittemberg, sobre a coordenação do R.P (Reverendo Padre) Martinho 
Lutero mestre em artes, doutor em Santa teologia e leitor ordinário na Universidade. 
Rogo aos que não puderem estar presentes no debate oral que intervenham por carta. 
Em nome de nosso Senhor Jesus Cristos. Amém (Ibid, p.107) 
 
Isso foi fixado na véspera de todos os Santos, nessa data muitos peregrinos apareciam na 
cidade de Wittemberg, a fim de obter perdão, assim eles visitavam as relíquias caras do rei 
Frederico. A carta afixada por Lutero continha ataques brutais contra o charlatão traficante de 
coisas santas, contra as indulgências, uma acusação essencial, uma acusação de fundo a 
oferecer aos pecadores uma falsa segurança. Febvre reconhece em uma das 95 teses uma 
confissão pessoal de Martinho Lutero, as tese 39ª a 40ª. 
 Tese 39ª – E extraordinariamente difícil, diz ele, mesmo para os mais hábeis 
teólogos, exaltar simultaneamente, para o povo, a graça da indulgência e a 
necessidade da contribuição. (Ibid, p.109) 
 
 Tese 40ª – A verdadeira contribuição procura e amar a penitencia; já a indulgência 
remete as penitencias e nos inspira aversão em relação a elas. (Ibid, p.109) 
 
Para Febvre essas duas teses são bem claras, pois ele vê como Lutero estava consciente e 
ciente de suas convicções referente a indulgências que agora se juntava a sua concepção de 
verdadeira religião. Ele esperava que ninguém o apoiasse, esperava ser alvo de critica ou 
desprezo, mas contrariamente que esperava aconteceu, um grandes números de pessoas se 
juntaram a ele. 
16 
 
SEGUNDO CAPITULO 
2. A maturidade II 
2.1 Inquietação Social 
A segunda grande inquietação de Lutero tinha origem doutrinária e o atormentou durante seus 
anos de formação. Ele não aceitava o principio então dominante no cristianismo, de que a 
justiça divina se manifestava, no plano terreno, como um julgamento dos atos dos homens. 
Para Lutero, isso produzia medo e tornava praticamente impossível o sentimento espontâneo 
de amor a Deus. A indignação de Lutero só se dissipou quando, ao interpretar os Evangelhos, 
conclui que os homens vivem por uma graça de Deus e que a justiça divina e revelada pela 
leitura das escrituras, de modo passivo e independentemente dos méritos ou ações de cada um 
durante a vida. Foi o que ficou conhecido como doutrina da salvação pela fé. Os interesses 
político-econômicos do imperador, da igreja e dos príncipes emperravam uns aos outros. Os 
príncipes, menos obrigados ao poder papal do que o imperador vira em Lutero uma 
possibilidade de se afirmar politicamente contra a autoridade central e de contestar os direitos 
da igreja sobre riquezas que se encontravam em seus territórios. 
2.2 – Erasmo, Hutten. Roma 
Entre 1517 e 1525 Lutero estava no auge de sua “grande missão” ele fala, prega, ataca e 
defende-se naquilo que ele acreditava ser sua doutrina. Um homem que atraído e incitado por 
amigos e inimigos, ora resiste, ora deixa-se levar, sempre lutando e se lançando as suas lutas. 
Pois bem em 1517 o grande agostiniano não tinha plano formado, sua grande vontade era 
seguir adiante em sua certeza de sua grande misericórdia alcançada por Deus, pois ele 
acreditava piemente no que pregava e o que ensinava e isso ele queria ensinar a todos os 
homens sem distinção de classe ou nacionalidade. Exatamente por esta questão que Lutero se 
via numa reforma, trabalhando somente por dentro e não por fora, por dentro dos corações das 
pessoas e se essa dádiva fosse alcançada o resto seria muito mais fácil de conserta. 
Assim que Lutero se esquecia e essa sua grande ideologia já estava sendo cobiçada por 
diversos humanista na época, muitos queriam, mas até aquele momento não havia encontrado 
um ser tão convicto de suas crenças, e além de tudo um homem instruído e educado em grego, 
em latim, esse sim um homem na Europa desses tempos encarnava poderosamente essas 
tendências; um homem saudado, reverenciado como um mestre tanto pelos franceses como 
pelos ingleses, alemães, flamengos, poloneses, espanhóis e pelos próprios italianos um 
17 
 
homem de obras latinas na linguagem, universal no espírito, a um só tempo erudito e prático. 
Os humanistas, os políticos os grandes senhores mais que ninguém conhecia a igreja romana, 
com suas vigorosas e ocultas motivações, suas influências diplomáticas sobre os soberanos, 
seus infinitos recursos materiais e morais, longe deles subestimar seu poder cristão, eles 
estavam ciente que para mudar como queria não poderia ser da maneira filosófica do 
agostiniano. Mas Lutero era convicto que para fazer triunfar sua filosofia de Cristo, a religião 
do espírito que ele enunciava e pregava com incontestável convicção seria necessário 
permanecer no seio da Igreja, trabalhar lá dentro com continuidade, mas sem brutalidade ou 
alarde, jamais se aparta dela ou deixar-se expulsar por uma violenta ruptura. 
Quando surgiram os primeiros escritos de Lutero e seu nome passou a ser divulgado de boca 
em boca por toda a Europa, foram os estudiosos de inicio que se sentiram tocados, os 
humanistas ficaram pasmos quando opôs á doutrina adulterados dos pregadores de 
indulgências, sendo assim Frobem o mesmo editor de Erasmo reuniu-os em uma coletânea 
que precisou reeditar em 1519 e acabaram transformando o monge em “auxiliar de Erasmo”, 
pois não foi nisso que Lutero se tornou. Erasmo de Roterdã teve grande importância durante a 
Reforma um teólogo holandês: . No auge de sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a 
tomar partido nas discussões sobre a Reforma. Inicialmente, Erasmo se simpatizou com os 
principais pontos da crítica de Lutero, descrevendo-o como "uma poderosa trombeta da 
verdade do evangelho" e admitindo que, "É claro que muitas das reformas que Lutero pede 
são urgentemente necessárias." Lutero e Erasmo demonstraram admiração mútua, porém 
Erasmo hesitou em apoiar Lutero devido a seu medo de mudanças na doutrina, em seu 
Catecismo (intitulado Explicação do Credo Apostólico), Erasmo tomou uma posição contrária 
a Lutero por aceitar o ensinamento da "Sagrada Tradição" não escrita como válida fonte de 
inspiração além da Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros deuterocanônicos e por 
reconhecer os sete sacramentos. 
 Estas e outras discordâncias, como por exemplo, o tema do Livre arbítrio fez com que Lutero 
e Erasmo se tornassem opositores. O autor vai citar que perante o grande exercito dos 
humanistas fanáticos, os projetos religiosos de Lutero aproximavam-no do grande humanista 
que também a ele, como o Erasmo, “ decadência da igreja levava não raro ás lágrimas , que 
ele sofria a ver o pobre povo alemão oprimido e iludido por um clero ávido. Então Lutero 
chegara a mesma conclusão do grande teólogo de Roterdã. “Era preciso por um freio nos 
abusos do papismo e devolver á fé a pureza dos tempos evangélicos” 
 
18 
 
2.3 O Idealismo de 1520 
Entender os desejos de um individuo não e uma coisa muito fácil, alguns homens são 
totalmente dominados, outros se anulam outros se dissolvem em outrem, outros permanecem 
fechados, outros impenetráveis, inacessíveis, esses e um dos estudos mais acirrados de um 
historiador para se entender uma causa ou acontecimento. No caso de Lutero ele altamente 
se emprestou, porque tinha que agir e ninguém age sozinho, sempre polemico, impaciente 
com qualquer comentário que contradizia referente ao escândalo, seu estilo preferido e sempre 
estar por cima, ele e dominado por umestupor, por um pavor que lhe dava prazer. Em uma 
carta que ele escreve ao seu amigo Melanchthon nela ele escreve as seguintes palavras: 
 A força soberana da graça. E eis que ele explica. “Se for pregá -la, não pregue uma 
graça fictícia, e sim real. Se a graça é real, precisa apagar pecados reais, Deus não 
salva pecadores imaginários. Portanto, seja pecador e peque fortemente! Porém, 
mais fortemente ainda, ponha sua fé, sua alegre esperança em Cristo, o vencedor do 
pecado e da morte”. (Ibid, p.174) 
 
Percebe-se nesse pequeno texto o homem tomado pela sua idéia, exaltado de súbito, mas o 
próprio autor não acredita que Lutero não tenha sido inteiramente tecido por esses prazeres 
miúdos, mas o que deve ver é a forma exagerada e exaltada de raciocínio que tantas vezes 
desorientava Lutero, e mais como um monge que acabava de viver anos e anos em um 
convento, sem contato real com outros homens do mundo, da política, da penosa arte de 
ganhar a vida, pode ter tanta certeza dos verdadeiros pecados do mundo, o que seria pecar 
fortemente e não pecar pequeno? No inicio de 1520 começa a acontecer às reações de todo 
um idealismo de Lutero, em 18 de Janeiro seu mais temível inimigo Johabnnes Eck (teólogo 
conhecido e respeitado pelos catolicistas) partira para Roma com a intenção declarada de 
obter, da cúria romana uma condenação que assumia como um caso pessoal, nomeador 
membro de uma comissão de quatro personagens que incluía ele próprio, assim ele mesmo 
redigir o texto favorável a sua acusação. Em 15 de junho após longas deliberações 
consistórios era publicada em Roma a bula “Levanta-te, Senhor”, essa bula porem não 
excomungou Martinho Lutero, mas se ele jogasse suas opiniões e obras ao fogo ele seria 
perdoado, Lutero tinha o prazo de sessenta dias para submeter-se, mas o próprio Eck o 
conhecia bem e sabia que ele jamais se submeteria, em 08 de outubro Aleandro encontrou-se 
com Carlos V e presidiu um auto fé dos livros e escritos do excomungado. Assim de janeiro a 
julho de 1520 o circulo foi se fechando em torno de Lutero, e ele foi considerado um 
herético, mas muitas humanistas alemães sedentos por sede de reforma como Frederico, Ulrich 
Von Hutten e Erasmo o ajudaram 
19 
 
 Erasmo escreve uma carta a Leão X e outras cartas engenhosas pedindo a salvação de Lutero, 
não só a salvação pessoal, mas sim a salvação de uma nova Reforma Cristã. Com tantas 
pessoas se mobilizando por Lutero e garantido a ele a proteção de Franz Von Sickingen (um 
cavalheiro alemão, uma das pessoas mais notáveis do primeiro período da Reforma e líder de 
grandes tropas), ele no começo ficou um pouco constrangido por estabelecer contato direto 
com um cristão tão envolvido em sua fé. Em 04 de julho de 1520 e enviado uma carta ao 
monge que vai se difundir por toda a Alemanha, nessa carta esta escrita “Viva a Liberdade”, 
Lutero sabia que ia sofrer fortes repressões, mas que precisaria lutar e seu grito de liberdade 
por uma nova Reforma Cristã não poderia ser sufocado. “E iniciado uma nova campanha 
contra Roma, e publicado em Mogúncia é publicado por Scheffer com outros diálogos o 
célebre “Vadisco, ou a Tríade Romana”, logo em seguida por violentas escritas “ A sorte esta 
lançada”, publicado a bula, Hutten dela se apodera e acrescenta vários comentários maldosos 
e se declara antipapista, ele vai argumenta que a luta não e só por causa de Lutero e sim por 
toda a Alemanha, ele diz que o Papa não esta puxando a espada somente para Lutero e sim 
para todo o povo germânico, e nesse momento precioso ele percebe que precisa ampliar seu 
público e eis que o latim e traduzido para o alemão em panfletos rápidos, violentos que atinge 
todo povo alemão. 
Em 10 de Julho de 1520 Lutero registra de maneira definitiva seu desejo de romper com os 
romanistas, na carta enviada a Roma esta escrito os seguinte dizeres “Não pretendo me 
reconciliar com vocês” e agindo como verdadeiro revolucionário toma para a si essa 
preocupação com a liberdade á qual em breve iniciará o tratado da liberdade cristã que dará 
um novo sentido, e deixa-se levar e se entrega-se aos poucos aos argumentos, aos termas, as 
invectivas do nacionalismo alemão, anti-romano, tornam-se familiares para ele, assim começa 
a se inspirar em certas páginas de seu panfleto contra o papado de Roma. Em agosto de 1520 
permeiam, anima o Manifesto à nobreza cristã da nação alemão, que ressoa como um toque de 
reunir todos os germanos contra o inimigo publico. Nesse manifesto contem grandes acusação 
em regra “ contra Roma, ao papa, á cúria, injurias, abusos da Santa Sé e contra um clero 
amiúdo e escandaloso, uma exortação a resistência, a revolta de uma Alemanha explorada por 
papa espoliador e o apelo aos príncipes, aos nobres, aqueles que possuem a força e precisam 
preserva as liberdades Cristãs, depondo se preciso, um pontífice infiel ou culpado.” Após 
tantas acusações e reinvidicações foi concedido para todos os cristões o direito de ler a Bíblia 
e se nutrir da palavra de Deus, posterior vieram declarações de um liberalismo absoluto sobre 
o direito de cada um de pensar e escrever segundo sua consciência, trazia também o esboço de 
um programa singular, mais que inconsistente no conjunto de reformas políticos, econômicos 
20 
 
e sociais. Esse livro escrito em alemão para o uso de um povo inteiro, ter se esgotado nas 
livrarias com extraordinária rapidez não foi de se surpreendeu, o livro era endereçado a todo 
mundo, e todo mundo o comprou, nove em dez alemães estão gritando “Viva Lutero!, e o 
resto embora não o seguindo juntas-se ao coro para gritar “Morte a Roma”. Lutero continuou 
sendo o mesmo, o homem do claustro, o homem da torre, o homem que acabou de criar para 
si mesmo uma certeza a sua medida, o homem que forjou para si, para as próprias 
necessidades, essa poderosa concepção da justificação pela fé. 
Roma não ouviu seus argumentos apenas o condenou, Roma não lutava por princípios por 
ética e sim por interesses para conserva em sua bota uma Alemanha extorquida, por fim era o 
que Lutero dizia e clamava com sua voz potente e arrastava eco de vozes de cem mil alemães 
indignados, todos pediam e implorava pela reforma cristã. 
2.4 Os Meses em Wartburgo 
Este é um dos capítulos mais importantes, marcantes e definitivos de Martinho Lutero, pois 
durante sua estadia num castelo encarapitado nas colinas da Turíngia permaneceu por quase 
um ano, de 4 de maio de 1521 a 1º de março de 1522, começa dar forma ao seus pensamentos 
convicto de que não tinha mais retorno, decide aproveitar o que lhe parece positivo e 
definitivamente negar o resto. Mantém correspondência com alguns aliados, acompanha os 
movimentos sociais, políticos e religiosos do seu tempo e lugar. Recebe alguns pedidos de 
padres que queriam se casar e causa um conflito em Lutero, traduz a Bíblia e escreve outros 
trabalhos dirigidos aos rebanhos distantes. Segundo o autor alguns acontecimentos neste 
capítulo servirão para pensar no Lutero Luterano, nos acontecimentos ocorridos e ações de 
segmentos diversos numa Alemanha em transformação, crises e conflitos internos de Lutero 
quando lhe colocavam alguns dos problemas relacionados à própria Reforma, as diversas 
maneiras de ver, pensar e de ser do luteranismo. Como o principal protagonista da Reforma, 
quais eram suas reais intenções e as intenções de quem o seguia e defendia suas idéias? Em 
suma Lutero só pode ser explicado com o auxilio do próprio, segundo o autor. 
Havia naquele momento uma Alemanha articulosa em sentidos bilaterais. E é neste cenário 
que os diversos segmentos desta sociedade insatisfeitos com os príncipes e o papa, que o 
eleitor Frederico planeja raptar Lutero sem desafiar abertamente o imperador para protegê-lo 
de seus adversários que estava na Igreja dos papas. Muito bem planejado o rapto que seus 
inimigos pensavam que Martinho Lutero estava acuado ou fora refugiado na Dinamarca ou naBoêmia. 
21 
 
A Alemanha movida por uma grande efervescência, a sucessão de dramáticos 
acontecimentos: a eleição imperial e suas peripécias, a sagração do eleito em 
Aachen; as cenas de Worms; a redação das Cem Queixas da nação alemã por 
católicos e luteranizantes coligados; enfim a grande recusa de Lutero, sua atitude 
corajosa e obstinada isso tudo acirra os ânimos ao máximo. E os panfletos de Hutten 
e de seus partidários, do próprio Lutero e de seus partidários terminara m de 
provocar furiosamente os espíritos.(Ibid, p.208) 
 
Momento importante em que se percebem em Lutero declarações que tranqüilizam os 
espíritos e ao mesmo tempo ousadias que assustam: “A missa privada deve ser suprimida”. 
Primeiro no livro que escreve, Lutero mostra que ainda é um religioso devotado. O que 
chama atenção no livro é a palavra PROTESTO. Lutero já previa quando sugerira o 
suprimento da missa privada que o chamariam de louco, que o acusariam de falar contra o rito 
da Igreja, contra as decisões de seus padres, contra as histórias abalizadas e os costumes 
consagrados. E para os que o acusassem de herético ele argumentaria que nunca o seria. 
Martinho Lutero se apresentava como uma criatura vinda entre contrariedades e hostilidades. 
Uma pobre criatura que lutava e se debatia em meio às leis do pensamento por vezes 
perdendo o rumo. Havia o Hutten e todos os outros, os figurantes e anônimo, os panfletos 
redigidos pregados as portas. Havia as conversas, as palavras veementes dos amigos de 
Lutero, o antigo levedo dos ódios sociais, das rivalidades de classe, dos antagonismos de 
interesse, que fermentava. E é sobre tudo isso, palavras que penetravam nas mentes e 
corações, tudo isso convergia para o pensamento de um único homem que estava querendo 
apenas viver a verdade do evangelho sem os velhos ritos desgastados de uma Igreja que não 
mais respondia aos anseios espirituais de um homem que buscava Deus.As palavras que o 
monge lançara ao vento criavam uma vida estranha, ativa e como que penetrante, e que se 
alçavam, e ainda se alçariam por muito tempo, por sobre as mais elevadas, mais santas 
barreiras, no absoluto.Lutero repetira cem vezes: 
Nada pode prender a alma humana. Eterna, é ela que domina o mundo. Como se 
deixaria amarrar de fora para dentro; como poderia escutar outras vozes que não a 
sua? Papas, concílio doutores, de nada valem. Não conta nem mesmo a própria 
palavra do Livro Sagrado. Se a alma busca em si, e apenas em si, a verdade, há que 
encontrá-la. Ela só dominasse as coisas deste mundo na medida em que Deus v inha 
habitá-la e animá-la. No entanto, isso pouco importava para os homens ávidos que 
serviam dos próprios lábios de um monge em luta, o embriagante vinho da revolta 
metódica. Poucos se lhes dava que, ao deitar por terra todas as autoridades, eles 
reduzissem a pó o sistema das mais arraigadas, das mais veneradas crenças e 
representações coletivas do seu tempo - Lutero ofereceu-lhes, para que pudesse 
recriar o ambiente necessário ao livre desenvolvimento de suas concepções, o abrigo 
de uma Igreja feito de homens embalados pelo sopro de uma mesma inspiração e a 
ajuda de sua tão bem adaptada doutrina da justificação: maravilhosamente p rop ícia 
para tranqüilizar, apoiar, congregar, em torno de experiências comuns, aqueles q ue 
se transformariam, com uma mescla de intrepidez e pesar nos exilados da 
catolicidade. (Ibid, p.212) 
22 
 
Assim, naquela Alemanha nervosa e disposta a comover-se, a ação luterana 
introduzia um motivo suplementar de inquietação... o misterioso rapto de 4 de ma io 
terminou de sobre-excitar as mal contidas paixões. (Ibid, p.213) 
 
Lutero não pensava em calar-se nem diante do papa nem diante dos reis. Atormentado pelos 
escrúpulos, mas confiando na força da fonte inesgotável de emoções e convicções patéticas 
que sente fervilhar em si, esse homem, esse cristão fervoroso, vem proclamar diante do 
mundo sua ruptura com a Igreja e consumá-la sem fraquejar, se não sem sofrer, em nome de 
um Deus que ele percebe viver e falar dentro de si, ainda está quente da luta. Há um Lutero 
que busca resposta sobre seu Deus em si mesmo, mas há a incerteza não só em relação ao 
futuro, mas ao presente. Quem é ele, naquele reduto que o escondem? Um homem livre ou 
prisioneiro? Qual será a intenção do eleitor, que fidelidade é a sua e como reagirá o imperador 
ao saber disso? 
Sentia na sua solidão todos os apetites possíveis de um ser humano normal, sentia a falta de 
uma presença amiga, uma carícia, sentia a carne indômita tremer, os apetites e os desejos e 
todos os pecados que Lutero, em 13 de julho de 1521, em uma célebre carta a seu caro Felipe 
Melanchthon, reconhece com candura, satisfeitíssimo por denegrir a si mesmo; lá estão as 
confissões, as “cínicas confissões” de Martinho Lutero, que usam contra ele, ante o olhar 
entristecido dos luteranos. Um homem sozinho buscando seu Deus, em conflito consigo, 
sentindo-se fraco e ao mesmo tempo forte para os seus adversários e para aqueles que o 
protegem. Preocupado com seu sedentarismo faz um questionamento sobre sua ociosidade, 
sua sedentariedade e como um ser gerador de maus pensamentos. É nos volumosos livros de 
Grisar que se encontra uma tentativa de levanto completo da produção luterana. O Magnificat 
adaptado para o alemão e interpretado, que os estrasburgueses verteriam em latim para uso 
dos franceses; os sermões para domingos e feriados, o Evangelho dos dez leprosos, a sincera 
admoestação por Martinho Lutero a todos os Cristãos para que se resguardem da insurreição e 
rebelião, dois escritos sobre os votos monásticos, dois sobre a missa, alguns combates de 
retaguarda sobre as antigas posições de Worms ou sobre a bula (Ceia do Senhor) além da 
tradução da Bíblia em alemão, empreendimento de magnífico e furioso impulso. 
Começando pela tradução do Novo Testamento, iniciada no próprio castelo de Wartburgo em 
dezembro de 1521, concluída e publicada em setembro de 1522. E um destes maiores 
combates se deu na tradução inteira da Bíblia para o alemão. Combate com uma língua 
rebelde, mais precisamente duas línguas, cujas disparidades precisavam conciliar e combinar 
dentro de si. Ali, a fria, artificial, alambicada língua administrativa, a língua usada desde o 
23 
 
século XIV pela chancelaria saxônica. Então, conciliar os dois idiomas, buscar a palavra certa, 
a formulação verdadeiramente alemã, a que permitiria aos homens As lutas de Lutero contra o 
diabo, belos combates que falam à imaginação do povo alemão abordarem e compreenderem 
a palavra de Cristo tal como o filho entende, compreender a palavra de sua mãe. Combates de 
língua e estilo. Há outros, não menos árduos: os combates de Lutero com um texto que, 
justamente, nunca passou por simples e fácil de compreender. Seus constantes embates com 
tantas dificuldades tantas obscuridades que desanimam até os mais doutores. 
O édito de Worms, de 26 de maio de 1521, transforma-o em inimigo público número um. 
Qualquer cristão que o encontrasse poderia matá-lo impunemente, sem nada recear além de 
aplausos. Lutero sentia Deus gritar em sua consciência: “Você está certo, persevere!” Com 
que estado de espírito, porém, aceitava sua reclusão? Ninguém se pergunta. Cúmplice do 
próprio rapto, Lutero só podia estar satisfeito com aquela internação. Atrás das espessas 
muralhas de Wartburgo, respirava aliviado. Não viriam buscá-lo. Não temia pela própria vida. 
Entretanto, desde o início de seu cativeiro, Lutero acompanhava com inquieta atenção o 
desenrolar dos acontecimentos em sua querida Wittemberg. Conservava no peito a mais 
vívida preocupação com o pequeno rebanho que parecia ter-lhe sido mais particularmente 
confiado. E, já nesta época limitava de bom grado seu horizonte às coisas da Alemanha, em 1º 
de novembro de 1521, em uma carta a Gerbel, escreve essas significativas palavras: “Nasci 
para os alemães e quero servi-los”.Não que, passível de um sentimento pessoal, julgue ele que, estando ausente, tudo esteja 
perdido. Reconhece sem dúvida, ser um bom intérprete do Evangelho; atribui a Deus o mérito 
de sua maestria; mas existe datada dos meses em Wartburgo, uma série de cartas 
extremamente tocantes, de uma delicadeza de sentimentos e expressão bastante rara naquele 
século brutal todas destinada a inspirar a seu Felipe Melanchthon uma autoconfiança que a 
modéstia deste último, além de certa timidez de erudito temeroso de trocas vulgares, impedia 
demasiadamente, para o gosto de Lutero, de manifestar. Esse Lutero que não cessa de 
incentivar Felipe Melanchthon, de exortá-lo a falar e agir como chefe, esse Lutero de 
Wartburgo, assim como não é um recluso assustado e beato, não é um político temeroso de 
que ocuparem seu lugar. A imagem que ele apresentava era muitíssimo mais curiosa; a de um 
idealista impertinente às voltas com duras realidades, com os caprichos, as paixões, as 
vontades dos homens. De perto, tão de perto quanto é possível, da Turíngia e de seu castelo 
no bosque, Lutero acompanha o grande trabalho a realizar-se entre os homens. Idéias ousadas, 
semeadas ao vento pelos inovadores; iniciativas não raro prematuras ou mal calculadas; 
24 
 
impaciências, fúrias, excessos das multidões; ele tudo acolhe, tudo pesa, tudo suporta – sem 
impaciência nem timidez, sem medo covarde, com toda a sinceridade e largueza de espírito. O 
recluso tem, aliás, mesmo sem querer, muito que fazer. Naqueles meses do verão e do outono 
de 1521, os acontecimentos andam a passos largos. 
Por toda parte há tumultos, gritos, rixas, palavras violentas e desmedidas, um estardalhaço de 
sedição. Agitada por centenas de panfletos anticlericais, sobre-excitada por sacerdotes 
dissidentes e religiosos rompendo a clausura, a multidão parece dar início, aqui e ali, a uma 
violenta revolução contra o clero. Em Erfurt, em junho, alguns bandos atacam, pilham e 
devastam as residências dos eclesiásticos. Seu exemplo é seguido, os incidentes se 
multiplicam por toda parte. As pessoas pacatas se assustam, falam em exemplos necessários, 
em repressão. Lutero resiste á correnteza, ele não protesta o Evangelho não estará 
comprometido se um dos nossos pregadores for contra a moderação, e aqueles que, por uma 
causa assim, se deixarem desviar da Palavra não estarão interessados na Palavra, mas na 
excitação da Palavra... Falar mal de um predicador de ímpio: pecado menor do que aceitar, 
sem revolta, sua doutrina. O fato é que, cada vez mais, por iniciativa cujo controle escapa a 
Lutero, uma enorme pergunta é colocada, pela ação prática, à especulação teórica: será 
legítimo efetuar a reforma por meio da violência, contribuir com a força para a vitória de 
Cristo sobre o Anticristo Romano? Centenas de luteranos, nas cidades, opinam que sim, com 
sua atuação. Lutero responde que não: mas poderá manter sua posição por muito tempo? 
Reformador: quando isso se cumpre; quando Lutero realmente se apropria das idéias que lhe 
foram como oferecidas por outrem; quando as mobiliza como suas, em toda a acepção do 
termo então ocorre uma explosão repentina, um desses saltos bruscos. Eis que o hesitante do 
início, o indeciso, o inquieto ultrapassado cheio de audácia os que o puseram em movimento. 
Lutero denunciou o poder secular e as nobrezas deveriam exercer sua autoridade regular, cada 
príncipe e cada senhor em seu domínio. O poder secular e a nobreza deveriam exercer sua 
autoridade regular, cada príncipe e cada senhor em seu domínio. 
A história de Lutero e do Luteranismo para poder discernir já então, naquele apaixonado 
esforço e anexação, o germe de fragilidade e morte que viria a destruir tudo. Mas o que se 
pode dizer e desde já diz tudo. Pois o que avulta da alma ardorosa desse grande visionário, 
desse grande lírico cristão é um poema, e não um plano de ação. 
 
 
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TERCEIRO CAPITULO 
3 A revolta de um povo 
3.1 Anabatistas e Camponeses 
Havia na sociedade muitos luteranos, uma sociedade que se desenvolveu dentro de um 
moralismo farisaico. Uma fé visionária animava alguns protagonistas desta época. Entre esses 
personagens estavam o Príncipe Eleitor, Frederico, que, sugerira a Lutero ficar em Wartburgo, 
porque corria perigo por se expor demais, Carlstadt, Melanchon, camponeses e os 
Anabatistas. A questão era: o que queriam estes protagonistas que via em Lutero um 
instrumento de transformação histórica na Alemanha através do movimento religioso? E o 
que pensava e desejava Lutero no fundo da sua alma? Onde começava as contradições do 
pensamento de Lutero e uma sociedade que desejava mudanças? Qual o interesse de um 
Príncipe Eleitor proteger Lutero num castelo? Primeiro, ao estudar a personalidade de Lutero, 
descobre-se um homem em conflito, um homem que trazia dentro de si duas almas. O povo 
que o seguia, e o queria mais do que um reformador, foi forçado a mudar seus projetos. O 
relacionamento com os protagonistas que o seguia parecia mais complicado do antes. Lutero 
ao visitar as massas que o seguiam reassume sua liderança sobre eles. Lutero ainda convicto 
de que queria apenas falar da salvação pela fé e as massas com interesses diversos levaram a 
esta contradição. Nem Lutero era capaz de voltar atrás e nem eles seriam capaz de imitá-lo. 
Martinho Lutero voltando outra vez para Wittemberg escreve ao eleitor dizendo que não 
precisava de proteção de homens e que Deus o guardava. Oferecia sua vida em sacrifício, saia 
sozinha, sem armas, sem guarda-costas, sonhando seu sonho de justificação pela fé. 
Contrariou enfim o desejo de Frederico ao voltar com pressa para Wittemberg. As ações do 
protagonista que estavam encantados por Lutero, entre eles Thomas Muntzer, um padre 
iluminado, apoiado pelos artesãos tentara instaurar "o Reino de Cristo". Desejava um reino 
sem reino, sem magistrado, sem autoridade espiritual ou temporal, e também sem lei e sem 
Igreja, nem culto, e cujos súditos livres, resgatassem as escrituras e vivendo uma vida 
comunitária onde repartiriam tudo. Zwickau, um magistrado, reagiu duramente, mandou 
prender e acabou com o movimento, este padre, um dos protagonistas e simpatizantes das 
idéias de Lutero também não tinha entendido nada do que Lutero vinha pregando. 
 Nicolas Storch, Thomas Drechsel e Marcus Thomae, que faziam parte deste movimento do 
padre, trazem apóstolos passaram a cumprir sua missão de homens de Deus repletos das 
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graças de Deus e do Espírito Santo. Mas, logo houve um estranhamento de suas doutrinas, 
referiam a Lutero com desprezo, discursavam contra as ciências, apologia ao trabalho manual, 
além de incitações de quebra de imagens, que mexeriam com o povo de crenças tradicional da 
Igreja Católica. Carlstadt aderiu aos movimentos deles e em pouco tempo estes profetas 
arremessando contra a Igreja saquearam-na. Baseados no texto Bíblico que diz: Não fará para 
ti imagens de escultura" quebraram e saquearam tudo na Igreja. Melanchthon não sabia mais 
o que fazer, chamou Lutero para resolver aquele caos. Queria que não corresse sangue por 
causa desses profetas que queria resolver as coisas a seu modo. Todo o povo, homens, 
mulheres, crianças, todos viam em Lutero um herói. Os eruditos eram entusiastas e animados 
por Lutero. Viam em Lutero como um gênio para seduzir e dominar, descobriram em Lutero 
um herói. Mal Lutero partira e eles começaram a trabalhar contra ele, Feudo de Carlstadt, 
juntou o povo diante da casa do Magistrado e começou a insultá-lo. Artesãos e um sapateiro 
falavam mal de tudo, isso causou em Lutero uma impressão violenta. Lutero teria se 
recolhido, mas tomou decisões e agiu, ele tinha de um lado, um grupo de príncipes católicos 
ameaçando-o, perseguindo-o e cerceando seus escritos. Nas cidades burguesas influentes, 
letrados de outras terras, que no início haviam apoiado Lutero, agora estavam com Erasmo. 
Os extremistas criticavam Luteropor não ir até o fim do pensamento. Acusavam-no de 
preservar demais seus ritos, práticas, sacramentos do catolicismo. Desejam que Lutero 
construíssem com eles, na Terra o Reino de Cristo. 
No entanto havia ainda um pequeno exército de fieis luteranos, mas preocupados porque 
achava que Lutero os abandonara. A questão era, diante da Igreja que eles tinham abandonado 
por causa de Lutero, porque tardava Lutero de erguer uma nova Igreja? Uma Igreja clara, 
vasta, espaçosa, moderna, a igreja deles, com uma bela ordem estabelecida, cerimônias 
perfeitamente regradas, dogmas definidos, ritos uniformes. Mas, Lutero estava preocupado só 
com uma coisa, a palavra, sua missão neste mundo. Dizia ele que a palavra não se aplicava 
aos problemas do século. O Evangelho não trata de assuntos temporais, nem de saber se a 
justiça reina neste mundo, sofrer, padecer, suportar a injustiça, carregar sua cruz, isso ao 
contrário, ele ensinava aos cristãos. É esse seu destino humano, que ele deve aceitar ou não 
de coração dócil. Dizia Lutero que o maior erro de Carlstadt foi dar a entender ao povo que a 
essência do cristianismo deve ser buscada na destruição de imagens, na supressão dos 
sacramentos, na oposição ao batismo. Os verdadeiros crentes realizam seu ofício divino em 
espírito. Como fica o Estado, a política e os príncipes? Visto que os Anabatistas tratam delas, 
por sua vez, com o espírito de intransigente e violência. Como anunciador da Palavra, ele 
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despreza os poderosos deste mundo. Não esconde do povo nenhum de seus vícios, exações ou 
mesmo crimes. Prevê as revoltas, por toda parte havia um povo agitado e de olhos abertos. 
 Lutero insistia colocar em oposição, a vida espiritual e a vida material. Continuava a definir o 
ser humano como a soma de um cristão com um mundano. O mundano, sujeito as 
dominações, submisso aos príncipes, obediente as leis. O cristão libertado das dominações, 
livre, de fatos, sacerdote e rei. Porém, se umas crises suscitassem nas consciências um 
violento conflito entre sentimentos cristãos e deveres mundanos, poderiam essa sutil distinção 
resistir à provação? Os camponeses se encarregaram de dar esta resposta. Martinho Lutero 
teria renegado a guerra dos camponeses? Talvez sim, talvez não. 
Lutero foi visto como líder da sedição. Acham que suas doutrinas tinham provocados este 
conflito, apontava que ele era o defensor dos oprimidos, o patrono dos revoltosos. Mas 
afinal, o que queria Lutero? Examinar o que há de justo ou injusto nos pedidos dos 
camponeses? Ser juiz de um desacordo político-social? De forma alguma. Queria apenas 
tratar de um ponto de religião. A revolta dos camponeses era como um raio súbito. Lutero viu 
como era de foice na mão e lança em riste, o homem do povo, miserável, inculto e grosseiro, 
que não se conformava. Prometer os frutos da vida cristã pareceria para os camponeses um 
sarcasmo. Uma fé visionária que animou alguns gênios heróicos. Seu corpo, porém 
permanece na terra. O cidadão é só do Céu, a cidade terrestre não aspira a dirigir nem 
melhorar. 
3.2 Erasmo é a razão 
Lutero sobrevive, necessita apenas adequar-se há algumas formas, e com isso o autor vem 
destacar, certas atitudes e algumas relações do Lutero em 1525. Estava ele tocado, porém não 
era de seu feitio romper, com aquelas pessoas que estavam irritadas e unid as para acabarem 
com sua obra, mesmo cansado não se intimidou, foi à luta para enfrentar e provar que tinha 
razão de que o Cristo que ele pregava era único e verdadeiro, isso deu força para que ele se 
proteja contra os que o atacavam. Em 1523 e 1524, Lutero se encontrava em uma situação 
desagradável e passava por várias dificuldades, mas apesar do preferido do saxônio não 
enviar-lhe ajuda, Lutero se defende como pode, apesar de não está só, pois todos aqueles que 
cortam relacionamento com a Roma recorrem a Wittenberg, para ver “o homem da Fé”, pois 
aquelas pessoas, mulheres freiras acreditavam que estando junto de Lutero, estavam de algum 
modo seguras e amparadas e é o que ele tenta fazer. 
28 
 
Após enfatizar com dificuldade o comportamento de Frederico, Lutero escreve a Spalatino 
para questioná-lo se está dando ou não o prejuízo ao príncipe, pelo contrário possa ser que não 
vejam mais quando não lucram, com esse levante do evangelho, além da salvação de suas 
almas? Porém, que pode ser notado em meio a essas cartas, é o quanto Lutero se dedicou e 
não obteve retorno algum. Mas Lutero continua com sua teimosia e sua idéia fixa contra os 
espiritualistas místicos e proclama um ataque. 
Por volta do fim de 1524, e começo em 1525, onde faz duas críticas contra o sacramento às 
imagens e os profetas celestes, mas ainda em 1524, fala dos fieis de Estrasburgo das 
tentações, de suas ilusões que teve inicialmente em defender e assumir legalmente a tese em 
que há apenas pão e vinho no santíssimo sacramento e concluir um ato decisivo ao papismo. 
No texto é muito denso e Martinho Lutero está envolvido demais, para se dar conta que estava 
enganado e o que lhe prendia era o seu instinto religioso, mas não era preciso mudar nada e 
sim consultar a razão, já não haverá mistério algum para crer, era essa razão que o crente 
Lutero e não chefe investia cegamente assim que o avistava. Com essa mesma consciência 
que Lutero persegue em Erasmo, pois a razão era inimiga de todo o misticismo que era 
compreendido pela intuição, pois não há artigo de Fé mais seguro que a razão, porem ambos 
tinham certa proximidade, pois almejavam a reforma da igreja, mas foram as contemporâneas 
que notaram um choque brutal entre ambos “arbítrios”, o servo e o livre, onde ocorre o 
rompimento definitivo entre os humanistas e a Lutero com seu sentimento cristão. Lutero não 
aceitava o título de chefe, pois se fosse teria feito algo para evitar esse rompimento ao invés 
de se levantar contra Erasmo e não se dava conta que sua ideologia que o induzia por força 
maior estava fazendo dele um conservador, já não se importando com as teses que até então 
iam contra a sua opinião para possibilitar, integrá-los e sustentar o seu sentimento, muito pelo 
contrário estava empobrecendo e se afastando do mesmo, longe de tentar apaziguar sent ia 
prazer e transformar a si mesmo e aos outros com intimidação e injurias. 
3.3 O casamento com Catarina de Bora 
Em 1525 Lutero choca o mundo quando casa-se com Catarina de Bora, freira que largou o 
hábito, ele em tempos passados afirmava que nunca iria se casa, mas com o tempo mudou sua 
opinião. Essa união para os contemporâneos era um tanto obscura, pois Lutero nunca 
demonstrou em seus escritos algo a confirmação por Deus em sua união com Catarina. Será 
que Lutero tinha se tornado um covarde contra seus princípios? Com seu casamento repentino 
com Catarina, houve um grande distúrbio nesses tempos agitados. Segundo o autor Lucien 
Febvre, Lutero se encontrava acordado sem rumo, em meio a um sonho se vê acordado 
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rodeado por rivais ofensivos, porem há algo maior, mais forte, expressado na carta endereçada 
a Schuldorp, dizendo que se casou para zombar do diabo, dos príncipes, bispos que criam 
empecilhos para que isso não ocorra. 
3.4 Obedecer à autoridade 
Nota-se como foi desprovida a tradução do fato real que foi apresentado à história tradicional, 
Lutero foi obrigado a abrir mão do ataque agressivo para seguir o mesmo caminho dos 
homens e dos fatos, fingindo para si mesmo a dimensão do seu recuo de atitude firme, contra 
os opositores que estão pressionando-o, mas e como ficava suas idéias, sua doutrina, as 
afirmações de tempos passados? Lutero sem duvida, com toda sua alma, frente a frente com 
sua consciência jurava “não se retratar”, e assim estava sendo sincero consigo mesmo e com 
Deus. Lutero exige que os rapagões e os cabeças duras, obedeçam sem reclamarem, sem 
hesitarem, alegando ser proibido questionar aquilo que Deus ordenou, e diz simplesmente que 
obedeçam.Deixando uma série de restrições, referindo- se ao cristão livre, que tem o Estado 
que é uma instituição divina e não existe nada mais importante, legitimando plenamente em 
Deus do que o poder dos príncipes. Lutero após 1525 escreve outro texto, dessa vez de 
maneira mais brutal. 
 ``Os príncipes do mundo, deuses; o vulgo, Satã”. Como, então, se revoltar? Quem 
ousaria? Em nome de quê? Não, não, `` Mais vale os tiranos cometerem mil 
injustiças contra o povo do que o povo, uma única injustiça contra os tiranos``. 
(Ibid, pg 290) 
Após 1525 Lutero recorre à imposição da mecânica das leis, ação repressiva das autoridades. 
Segundo Lucien Febvre, Lutero já não escreve mais em latim, pois ele já não se dirige a 
cristandade, e sim, a Saxônia Luterana. Homens daquele tempo tentam explicar os 
pensamentos profundos de Lutero, que estão rumo a um além drástico, pois os profetas 
aburguesados encontram-se domesticados. Em 1532, Lutero afirma que o casamento é à base 
da economia, da religião e da política. Mas segundo Febvre, existe um grande problema, pois 
Lutero no início de seu percurso, declarava que o casamento era um pecado, portanto o monge 
se encontra em conflitos com suas própria opiniões. Segundo Felipe Melanchthon, 
(reformador alemão, amigo de Lutero e apos sua morte se converteu no principal líder 
luterano) se distanciou de Lutero, falava de uma penitência, de uma preparação moral, que é 
associada a lei e a razão natural. Para o autor, foi a partir dessas idéias Melanchthonianas que 
se abriu espaço para a igreja Luterana, substituindo as idéias do Mestre, para a teologia de 
Melanchthon que nada mais foi, que uma adequação do pensamento luterano, para beneficiar 
a burguesia. Segundo Lucien Febvre no período de 1525, a principal bandeira na qual o 
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Reformador conseguiu unir a Alemanha, foi o descontentamento com o papado que uniu 
camponeses e príncipes, foram as altas tributações que Roma induzia as católicos daquela 
época. E é dentro deste espaço de forte introdução da igreja Romana que Martinho Lutero 
escreverá, organizará e denominará de Doutrina dos Dois Reinos, onde o Deus é cheio de 
amor, misericórdia e justiça, já o secular é o reino da severidade e ira, onde neste se condena, 
castiga e julga, para punir os maus e proteger os justos. Para Febvre, Lutero entende que o 
reino do mundo é onde pode e deve ser aplicadas duras penas, para garantir o bem estar e a 
ordem social, e, portanto, apoiará abertamente que os príncipes usem de seu poder secular 
para castigar aqueles que se posicione contrário ao Estado. E é com este pensamento de 
homem conservador, que segundo Lucien Febvre, Martinho Lutero condena o movimento dos 
camponeses, liderado por Thomas Muntzer, deixando milhares de camponeses mortos. 
Portanto devemos ressaltar que Lutero naquele período, foi considerado um herege, porém 
não foi para a fogueira, muito pelo contrário, recebeu o apoio do príncipe Frederico da 
Saxônia e de muitos outros, que viram em Lutero uma forma de romper com o catolicismo e 
poderem contestar as riquezas da igreja que neste contexto,era a maior detentora de terras, e 
assim se libertando das tributações impostas por Roma. 
CONCLUSÃO 
O autor e historiador Lucien Febvre expõe nesse livro a vida do fundador da igreja luterana, 
em que a história de um individuo se entrelaça com o destino de uma época, e os 
acontecimentos que levaram a sua edificação. O autor não expõe somente os acontecimentos 
da vida de Lutero, ele vai expor também a sua parte psicológica e o que o levou a tomar certas 
atitudes em sua vida. 
Martinho Lutero não foi um herói por ter realizado uma reforma religiosa e sim por ter 
desafiado as duas autoridades máximas em sua época, como o Papa e o imperador Sacro 
Império Romano Germânico. O livro apresenta Lutero como um homem normal, que tem 
pensamentos e atitudes contraditórias como qualquer outro ser humano, diferente de algumas 
pessoas religiosas que o consideravam como uma imagem semidivina. O livro apresentou 
para nós uma boa leitura, com dificuldade para interpretar algumas passagens, mas estava 
dentro da nossa área acadêmica. 
BIBLIOGRAFIA 
FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um destino. São Paulo: Editora Três Estrelas, 2009 
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