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Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Caso 3 – Mononucleose e transtorno depressivo ID: J.P.M.S, sexo masculino, 23 anos, natural de Mairi-BA, residente em Salvador-BA, estudante de Direito. Queixa Principal: “Dor de Garganta e dificuldade para engolir” há alguns dias HMA: Paciente refere que estava com os colegas de faculdade num bloquinho de carnaval. Informa que no início da festa, enquanto os colegas estavam “pegando geral”, ele não tinha se interessado por ninguém. Então, foi quando, um dos seus colegas, o M.V. perguntou por que ele não estava paquerando e ele respondeu que não se achava bonito e interessante como o M.V. e que ninguém iria querer ficar com ele. Nesse momento, afirma que M.V. entregou uma garrafa de cerveja para ele e disse: “Depois que você tomar umas 5, a gente conversa”. No fim do bloquinho já estava completamente ébrio e não se lembrava de quantas pessoas havia beijado naquela noite. Na páscoa J.P. relata que resolveu visitar a família em Mairi. Durante a viagem de ônibus, ele começou a sentir calafrios, mal-estar e sudorese. Quando chegou à casa de seus pais, sua mãe havia preparado um banquete, com todas as comidas que ele gostava, mas diz que estava nauseado, sem apetite; mesmo assim, para não desagradar à mãe, provou um pouco de cada coisa. Ao deglutir os alimentos, sentiu dor na garganta e imaginou que poderia está ficando com a “garganta inflamada”. Resolveu procurar atendimento no Pronto Atendimento da Cidade. Dra Márcia o atendeu e ele relatou que estava com náuseas, indisposto, apresentando dor no corpo, dor ao deglutir e achava que tinha tido febre. Ao exame físico daquele atendimento a médica constatou que o mesmo apresentava- se febril, com linfonodomegalia cervical bilateral, orofaringe com hiperemia em úvula e palato e hipertrofia de amígdalas com exsudato branco acinzentado. Foi diagnosticado como Amigdalite Bacteriana e foi administrado Penicilina Benzatina 1.200.000UI, intramuscular e prescrito para casa Azitromicina 500mg, 1 vez ao dia, por 3 dias, como tratamento complementar, pois Dra Márcia achou que a “garganta estava muito inflamada”. Após 3 dias J.P. narra que retornou a Salvador e percebeu que começou a apresentar “manchas” vermelhas pelo corpo, já estava afebril, mas ainda apresentava dor de garganta e estava sentindo cefaleia, fotofobia e muita mialgia. Então resolveu procurar um médico clínico, o qual em consulta prescreveu: Prednisona 40mg, 01 comprimido, 1 vez ao dia, por 3 dias, Cetoprofeno 150mg de 12 em 12 horas, por 5 dias e Dipirona 1grama de 6 em 6 horas (em caso de dor), orientou hidratação intensa e solicitou exames. IS: nega outros sintomas além dos já referidos na H.M.A. HPP: Teve varicela e sarampo na infância. História fisiológica: Nascido de parto Cesárea, a termo, teve seu desenvolvimento neuropsicomotor dentro do esperado. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre História familiar: Avó materna Hipertensa, avó paterna Diabética. História social: Não tabagista e não usuário de drogas ilícitas. É etilista de fermentados e destilados esporadicamente. Solteiro, teve apenas 1 namorada durante toda a vida. Natural de Mairi-Ba. Reside em Salvador desde os 14 anos de idade, quando veio morar com sua tia materna para completar o ensino médio e preparar-se para o Vestibular. Extremamente tímido e perfeccionista, tem dificuldade em tomar decisões e deixa se influenciar facilmente com a opinião alheia, sendo muito sensível a críticas. Não tem muitos amigos. Sua vida social se resume a faculdade. Costuma dormir pouco por conta de geralmente ficar estudando até mais de meia- noite e ter que acordar cedo para ir para estágio e depois para a faculdade. Queixa de memória fraca, pois estuda e esquece o que estudou. Já leu na internet sobre déficit de atenção, acha que tem este problema. Atualmente está cursando o 8o semestre do Curso de Direito na FTC. História alimentar: Alimenta-se bem, com horários preestabelecidos para as suas refeições. Alimentação rica em frutas, legumes e verduras. Exame físico da consulta com o médico clínico: Geral: Regular estado geral, hipocorado 1+/IV, sem icterícia, normotenso, eupneico em ar ambiente. Altura 1,75 m; Peso 65 Kg; IMC 21,20; PA: 110 x 70 mmHg; FC 79; FR 17ipm; Tax 36,2oC Pele: pálida, com turgor e elasticidade normais, mucosas hipocoradas (1+/4+), linfonodos palpáveis em cadeias cervicais e submandibulares bilaterais, móveis, de consistência fibro elástica, sem sinais flogístico local, sem alterações dos pelos. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe com hiperemia em úvula e palato, presença de petéquias, com hipertrofia de amígdalas com exsudato membranoso. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, sem nódulos, consistência elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura acessória) Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuídos sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). AP. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5o EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP) Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Abdome: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 13 cm (lobo direito), dolorosa durante a percussão. A Percussão do espaço de Traube apresenta som maciço. Fígado a 2 cm do RCD borda e baço 3 cm do RCE. Abdome indolor à palpação superficial e profunda. Ausência de massas. Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Sistema nervoso: lúcido e orientado. Sem deficit motor aparente. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais de irritação meníngea. Resultado dos exames solicitados pelo Clinico: Hemograma Hb 10,2 HT 33.2, Plaq 134.000, Leucócitos Total 19.700 / Bastões 01 / Segmentados 32 / linfócitos 42 / linfócitos atípicos 10 / monócitos 12 / eosinófilos 2 / basófilos 2, PCR 12 (VR6,0), Hemocultura negativa, IgG EBV 48,30 U/mL (positiva, se maior que 20 U/mL); IgM EBV positivo; IgG CMV: 120,0 UI/mL (positiva, se maior que 0,6 UI/ML); IgM CMV negativo; IgG toxoplasmose < 3,0 UI/mL (negativa, se menor que 7,2 UI/mL); IgM toxoplasmose: negativo. Intradermorreação de Mantoux foi não reatora, HIV 1 e 2 não reagentes. Ultrassonografia de região cervical: linfonodomegalias cervicais de aspecto reacional. UGS de Abdome Total: Hepatoesplenomegalia discreta. ___________________________________________________________ 1- Qual a doença causada pelo EBV? E pelo CMV? (Período de incubação, quadro clínico, diagnóstico e tratamento) 2- Quais as consequências dos medicamentos receitados? 3- Qual a importância dos achados do hemograma e a relação com a doença? 4- Qual a psicopatologia do déficit de atenção e como é feito seu diagnóstico? 5- Quais as possíveis causas da amigdalite bacteriana? Nota: Olhar sobre exame físico também! _______________________________________________________________________________ 1. Qual a doença causada pelo EBV? E pelo CMV? (Período de incubação, quadro clínico, diagnóstico e tratamento) R: Vírus Epstein-Barr (HHV-4) O vírus Epstein-Barr (EBV) faz parte da espécie Human herpesvirus 4 do gêneroLymphocryptovirus. É conhecido também como herpesvírus humano tipo 4 e é o agente etio- lógico da mononucleose infecciosa. Patogênese e características clínicas O vírus Epstein-Barr apresenta duas características relacionadas ao hospedeiro humano. O vírus é disseminado na espécie humana e mais de 90% dos adultos apresentam anticorpos para o antígeno viral do capsídeo. O vírus persiste para a vida inteira, no hospedeiro sorologicamente imune, e pode ser recuperado in vitro a partir de linfócitos circulantes e lavagens faríngeas do indivíduo soropositivo. O vírus é disseminado por contato oral, estabelece focos de replicação na orofaringe, possivelmente envolvendo o epitélio da língua ou o epitélio oral, e a infecção é facilitada pela ligação inicial do vírus a células B adjacentes. Ao mesmo tempo,o vírus coloniza o sistema de células B, tornando-se latente. Pelo menos 25% das infecções confirmadas sorologicamente em adolescentes e adultos apresentam um quadro de mononucleose infecciosa. O período de incubação é de quatro a seis semanas. Os sintomas podem variar de febre baixa até várias semanas de faringite e mal-estar geral. Após o pico dos sintomas de mononucleose, o número de células B positivas para EBV e a carga viral nas células mononucleares do sangue periférico diminui nas duas a três semanas seguintes, mas os níveis de excreção pela garganta permanecem elevados por muitos meses. Após a resolução da infecção primária, o pool circulante de Bruno Feitosa Espino, 3º semestre células B de memória forma um reservatório de células em latência, eva- dindo o sistema imune. Nos portadores assintomáticos existe um pool de células B de memória, positivas para EBV, que permanecem em latência e, quando recebem um sinal de diferenciação, podem ativar a replicação viral lítica. Assim, os portadores continuam a secretar baixos níveis de vírus in- feccioso, que podem ser detectados em lavados de garganta e em saliva, apesar de apresentarem anticorpos específicos. Atualmente, estes agentes estão também associados a outras doenças: doença linfoproliferativa pós-transplante, linfomas de células B em pacientes com AIDS, tumores do músculo liso, a leucoplasia pilosa oral, carcinoma de naso- faringe, carcinoma gástrico, linfoma de Burkitt, linfoma de Hodgkin e leiomiossarcoma. O linfoma de Burkitt (BL) é o câncer infantil mais comum na África Equatorial, apresentando- se em locais não usuais, como a mandíbula, a órbita ocular ou os ovários. Todas as células dos tumores abrigam um EBV epissômico monoclonal. A associação do EBV com linfomas de Burkitt esporádicos, que ocorrem em outras partes do mundo, inclu- sive na América do Sul, é menos consistente. Uma terceira forma de linfoma de Burkitt emergiu após a epidemia de AIDS e é denominado AIDS-BL, causando aproximadamente 30% dos casos de linfomas em pacientes com AIDS. Neste caso, 30% a 40% das células tumorais são positivas para EBV. O EBV tem sido ainda encontrado nos linfomas de Hodgkin e a evidência de que este vírus pode ser a causa deste tipo de linfoma é forte, mas circunstancial. O EBV também é encontrado em células do carcinoma de nasofaringe, do carcinoma gástrico e em alguns linfomas do tipo não Hodkin. A associação do EBV com a síndrome da fadiga crônica não foi comprovada e atualmente encontra-se descartada. Epidemiologia A mononucleose infecciosa tem distribuição universal, e 90% da população mundial apresenta anticorpos para o EBV. A maioria das crianças em países em desenvolvimento é infectada nos primeiros três anos de vida, através de conta- tos familiares, e a maioria das infecções parece ser assinto- mática. Em países desenvolvidos, o contato é retardado e a maioria das crianças não se infectou até a idade de 10 anos, adquirindo o vírus na adolescência ou na fase adulta. O EBV é em geral transmitido pela saliva infectada e a infecção é aumentada em indivíduos jovens com vida sexual ativa. Em pacientes submetidos a transplantes e à terapia imunossupressora, ocorre a doença linfoproliferativa associada ao EBV, em geral até um ano após o transplante. Pacientes infectados com HIV também apresentam alto risco de desen- volvimento de linfomas de células B, associados, em 50% dos casos, ao EBV. O linfoma de Burkitt é um quadro endêmico em crian- ças na África equatorial, ocorrendo com maior frequência em indivíduos do sexo masculino. O carcinoma de nasofa- ringe apresenta alta incidência na Ásia, especialmente no sul da China, em populações inuítes (indígenas que habitam as regiões árticas do Alasca, Canadá e Groenlândia) e também em algumas populações do norte e leste da África. Diagnóstico laboratorial O cultivo do EBV pode ser obtido por inoculação em culturas em suspensão de linfócitos do cordão umbilical. A evidência para presença do EBV é a imortalização das células e a demonstração de antígenos nas células imortalizadas. Este procedimento não é prático para a maioria dos laboratórios de diagnóstico, que utilizam principalmente os testes sorológicos. A maioria dos casos de mononucleose pode ser diagnosticada com base na presença de linfócitos atípicos no sangue periférico e com presença de anticorpos heterofilos, anticorpos da classe IgM que aglutinam eritrócitos de carneiros, bois e cavalos. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre A sorologia específica para EBV consiste em testes que medem os anticorpos para antígenos do capsídeo viral (VCA – do inglês viral capsid antigen), antígenos precoces (EA – do inglês early antigens) ou antígenos nucleares (NA – do inglês nuclear antigens). Estes testes, originalmente baseados na imunofluorescência, estão cada vez mais sendo substituídos pelos ensaios imunoenzimáticos utilizando proteínas recombinantes ou antígenos sintéticos. A detecção do anticorpo da classe IgM contra o VCA é útil para definir a infecção aguda, pois este é detectável no início do apare- cimento dos sintomas e permanece apenas por dois ou três meses. O anticorpo anti-VCA do tipo IgG pode ser utilizado para determinar o estado imune do paciente. Os anticorpos anti-EA aparecem em poucas semanas, mas não são detecta- dos em todos os pacientes. Os anticorpos anti-NA aparecem mais tardiamente e permanecem por toda a vida. Em pacientes com AIDS, com suspeita de linfoma, a reação em cadeia pela polimerase (PCR) é útil para detectar o DNA viral no líquido cefalorraquidiano. O diagnóstico da doença linfoproliferativa pós-transplante é confirmado pela demonstração de antígenos ou ácido nucleico do EBV em amostras obtidas por biópsia de tecidos linfoides. Devem ser utilizadas técnicas quantitativas, pois muitas vezes o DNA do EBV é detectado no sangue periférico de transplantados, sem significar a doença linfoproliferativa. Os pacientes com alta carga viral são os que apresentam a doença ou têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Os testes sorológicos não são adequados para este diagnóstico. • Teste para anticorpos heterófilos • Algumas vezes sorologia de EBV Deve-se suspeitar de mononucleose infecciosa em pacientes com sinais e sintomas típicos. Faringite exsudativa, linfadenopatia cervical anterior e febre podem ser clinicamente indistinguíveis de sinais e sintomas causados por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A. Entretanto, adenopatia cervical posterior ou generalizada ou hepatosplenomegalia sugere mononucleose infecciosa. Além disso, a detecção de estreptococos na orofaringe não exclui mononucleose infecciosa. Diagnóstico diferencial A infecção por HIV primária pode produzir um quadro clínico semelhante ao da infecção aguda pelo EBV. Se os pacientes têm fatores de risco de infecção pelo HIV, fazer: • Carga viral quantitativa de RNA do HIV no sangue • Imunoensaio de anticorpos de combinação e ensaio do antígneo p24 O ensaio imunoenzimático (ELISA)/Western blot geralmente é negativo na infecção aguda e, assim, não deve ser usado isoladamente para diagnosticar infecção primária peloHIV. Testes quantitativos do RNA do HIV e detecção do antígeno p24 são mais sensíveis para o diagnóstico da infecção aguda por HIV porque o RNA do HIV e o antígeno p24 estão presentes no sangue antes dos anticorpos anti-HIV serem produzidos CMV pode produzir uma síndrome semelhante à mononucleose infecciosa, com linfocitose atípica, hepatosplenomegalia e hepatite, mas geralmente sem faringite grave. Toxoplasmose pode causar uma síndrome semelhante à mononucleose infecciosa com febre e linfadenopatia, mas geralmente sem faringite. • Infecção primária pelo HIV pode lembrar a infecção aguda por EBV; deve-se testar os pacientes com fatores de risco de infecção pelo HIV usando carga viral quantitativa de RNA do HIV no sangue, combinação de imunoensaio de anticorpos e ensaio para antígeno p24. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Tratamento O tratamento da mononucleose infecciosa é apenas sintomático. A imunoterapia pela transferência de células T tem sido utilizada para evitar a doença linfoproliferativa pós- transplante de células da medula óssea, especialmente em crianças de baixa idade. Vacinas terapêuticas, para aumentar a resposta de células T em pacientes com tumores associados ao EBV, têm como alvo os antígenos virais expressos no tumor. Na maioria das vacinas testadas foram utilizados vetores virais recombinantes, como vaccínia e adenovírus, expressando proteínas do EBV. É importante que o paciente mantenha repouso e hidratação adequada. Deve-se evitar o uso de AAS pelo risco de Síndrome de Reye. Os pacientes devem esperar pelo menos 3- 4 semanas (até a normalização das transaminases) antes de retomar atividades esportivas, consumo de álcool e uso de anticoncepcionais orais. O uso de antivirais (aciclovir) é controverso na literatura e não deve ser recomendado como rotina nos quadros habituais. Corticoterapia pode ser indicada em pacientes com risco de obstrução de vias aéreas, anemia hemolítica e trombocitopenia grave. Prevenção e controle O amplo espectro de doenças causadas pelo EBV enfatiza a importância do desenvolvimento de vacinas profiláticas ou de estratégias terapêuticas que têm como alvo as lesões positivas para o vírus. Vacinas têm sido desenvolvidas com base na glicoproteína gp350 do envelope viral, mas a conclusão, através de modelos animais, é que os anticorpos neutralizantes e a imu- nidade mediada por células contra um único componentes do envelope não parecem ser eficientes para imunizar os indivíduos contra agentes transmitidos por via oral, como o EBV. As medidas de profilaxia incluem lavar bem as mãos, evitar compartilhar objetos de uso pessoal, não beijar na boca de crianças, não beijar desconhecidos e não espirrar e tossir perto de outras pessoas. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Citomegalovírus (HHV-5) O citomegalovírus humano (HCMV) pertence à espécie Human herpesvirus 5 do gênero Citomegalovirus. O genoma deste vírus é composto de 236 kbp, com capacidade de codificar pelo menos 167 proteínas. À microscopia eletrônica, o vírus é maior que os demais herpesvírus e mede de 200 a 230 nm, com um envelope mais irregular. As células infectadas aumentam de tamanho, daí o nome cito (célula) megalo (grande). Os vírus replicam-se de forma lenta em culturas celulares e permanecem associados à célula. Os citomegalovírus são espécie-específicos. Patogênese e características clínicas O HCMV é o único herpesvírus humano que apresenta transmissão intraplacentária natural. Esta transmissão pode ocorrer com maior frequência durante a infecção primária.O vírus é transmitido através de contato direto com secreções infectadas. A saliva é uma fonte comum de infecção de adultos e a excreção persistente na urina é importante fonte de transmissão entre crianças e de crianças para adultos. O leite materno também transmite o CMV, bem como as secreções cervicais e seminais, consideradas fontes de vírus na transmissão sexual. A resposta imune ao citomegalovírus é de grande amplitude, durável, nas não previne a reinfecção. O HCMV é o clássico agente de infecção oportunista, cuja infecção primária ou reativação gera doença na ausência de imunidade suficiente. A doença ocorre em indivíduos com resposta imune deficientes, como pacientes de AIDS e transplantados, ou ausentes, como na infecção congênita. A infecção primária, após a transmissão direta, inicia-se tipicamente com a replicação viral no epitélio mucoso na porta de entrada. A fase sistêmica da infecção depende da viremia associada a leucócitos, que pode durar vários meses. O vírus alcança as glândulas salivares, onde o vírus é excretado e transmitido para outros hospedeiros. O vírus também é excretado em altos títulos na urina, leite materno e secreções genitais. A viremia continua por um longo perío- do de tempo, após o aparecimento da imunidade, durando meses em adultos e anos em crianças pequenas, por causa da resposta imune celular pouco eficiente nestas últimas. Como em todas as infecções por herpesvírus, a latência do HCMV é mantida em todos os indivíduos que sofrem a infecção primária. A propensão do vírus à reativação após imunossupressão ou imunodeficiência é um fator importante nas doenças associadas ao citomegalovírus. A infecção no hospedeiro imunocompetente é em 90% dos casos subclínica, embora possa apresentar uma doença aguda semelhante à mononucleose em 10% dos indivíduos. As crianças infectadas de forma congênita, quando sintomáticas, o que ocorre em 5% a 10% dos casos, podem apresentar sintomas não neurológicos, como púrpura, hepa- toesplenomegalia, icterícia, anemia hemolítica e pneumonia e sintomas neurológicos, como calcificação intracranial, microcefalia, audição deficiente, coriorretinite e convulsões. A doença congênita pode ser grave, levando à hospitalização prolongada e à morte em aproximadamente 10% dos casos, e em 90% dos casos sintomáticos ocorrem sequelas neuro- lógicas, como retardo mental, paralisia cerebral, perda de audição e de visão. Aproximadamente 7% a 25% dos casos de infecções congênitas não sintomáticas levam a sequelas, principalmente perda de audição. A infecção materna durante os primeiros meses de gestação tem maior probabilidade de gerar sequelas. O tipo de infecção materna, primária ou recorrente, também pode ser um determinante importante Bruno Feitosa Espino, 3º semestre do resultado. A infecção primária tem maior probabilidade de ocasionar infecção congênita sintomática de maior gravidade, mas alguns autores não associam o tipo de infecção materna com a gravidade da doença congênita. Em crianças prematuras de baixo peso, a infecção ad- quirida pelo HCMV, especialmente através de transfusões de sangue ou do leite materno, pode ocasionar uma síndrome clínica com hepatoesplenomegalia, linfocitose atípica, trom- bocitopenia e deficiência respiratória, semelhante à infecção congênita, mas com menor probabilidade de sequelas. O HCMV é um dos patógenos oportunistas mais comuns e significantes que complicam o cuidado com pacientes imunocomprometidos. A infecção pode ser resultante da reativação do vírus latente, reinfecção do paciente ou infecção primária. Transfusões ou transplantes de órgãos podem transmitir o citomegalovírus e a gravidade da infecção é diretamente proporcional ao grau de imunodepressão. As infecções mais graves ocorrem em pacientes de transplantes alogênicos de células-tronco e em pacientes com AIDS com baixas contagens de CD4+. A doença também ocorre em pacientes que recebem drogas imunossupressoras para o tratamento de câncer ou doença vascular do colágeno e em imunodeficiências congênitas. A infecção é, em geral, subclínica e, quando ocorre doença, a gravidade pode variar desde uma doença febril limitada e breve até uma doença em múltiplos sistemas, que pode ser fatal ou debilitante. As doenças mais comuns causadas pelo HCMV são a pneumonite, lesões gastrointestinais,hepatite, retinite, pancreatite, miocardite e, mais raramente, encefalite. A infecção pelo citomegalovírus também aumenta o risco de infecções oportunistas bacte- rianas ou fúngicas. Em pacientes com AIDS, as doenças mais comuns pelo HCMV são a retinite, esofagite e colite. O tratamento da AIDS com antivirais reconstitui o sistema imune e diminui a possibilidade de infecção pelo HCMV. Epidemiologia O citomegalovírus encontra-se amplamente distribuído nas populações. A prevalência da infecção por este vírus aumenta com a idade em todos os grupos estudados, mas a prevalência geral e a idade da aquisição inicial do vírus variam de acordo com as condições de vida em diferen- tes países. Em geral, a prevalência é maior e a infecção é adquirida mais cedo nos países em desenvolvimento. Em países desenvolvidos, a prevalência da infecção é maior em populações de baixo nível socioeconômico e em imigrantes de países em desenvolvimento. Não foi descrita variação sazonal na ocorrência da infec- ção por citomegalovírus, nem epidemias da doença. O HCMV é transmitido pelo contato direto com fluidos corporais de pessoas excretando o vírus e não parece ocorrer por transmissão aérea ou através de aerossóis. Após a aquisi- ção inicial, o vírus infeccioso está presente na urina, saliva, lágrima, sêmen e secreções cervicais por meses ou anos. As formas de exposição mais frequente são a atividade sexual e o contato com crianças. Apesar de a excreção do citomegalovírus ser comum em pacientes de hospitais, os funcionários dos hospitais não parecem ter o risco aumentado de infecção pelo HCMV. Este fato sugere que as medidas de controle de infecção adotadas na rotina dos hospitais são efetivas na prevenção de infec- ções pelo citomegalovírus. A transmissão horizontal ocorre também através de transplantes e transfusões. O HCMV é único entre os herpesvírus pelo fato de que a transmissão vertical da mãe para o feto ou recém-nascido é comum e desempenha um papel importante na manutenção da infecção na população. O citomegalovírus é transmitido por três vias: transplacentária, intraparto ou através do leite materno. As infecções congênitas podem ser adquiridas em infecções primárias ou recorrentes. A transmissão durante o parto é devida à excreção local do vírus, na vagina ou cérvix. Se o vírus estiver presente no trato genital materno no momento do parto, a transmissão ocorre em 50% dos casos. A via mais comum de transmissão entre mãe e filho é através do leite materno, devido à presença de vírus. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Aproximadamente 25% das crianças amamentadas por mães soropositivas infectam-se até a idade de um ano. Em países com alta prevalência de mães soropositivas que amamentam, 50% das crianças adquirem o HCMV antes de um ano de idade. Crianças pequenas que adquirem o citomegalovírus da mãe normalmente excretam o vírus por vários anos e tornam-se importantes fontes de vírus para outras crianças e para adultos. Através da epidemiologia molecular dos isolados de HCMV, os seguintes fatos foram comprovados laboratorial- mente: transmissão vertical de vírus reativados; transmissão do vírus de criança para criança e de crianças para os pais; disseminação do vírus de crianças para funcionários de creches; disseminação nosocomial do vírus em berçários; aquisição do vírus do doador por pacientes transplantados; reinfecção por vírus diferentes em pacientes imunocom- prometidos, em crianças sadias, em mulheres sexualmente ativas e em mães de recém-nascidos com infecção congênita. Em alguns casos, os testes moleculares também são capazes de excluir uma determinada fonte de infecção em hospitais. Diagnóstico laboratorial As técnicas de cultivo são o padrão, mas estão sendo rapidamente substituídas pelas técnicas de detecção de antígenos ou de ácido nucleico, que são mais rápidas, mais sensíveis e mais fáceis de quantificar. Quando necessário, o vírus pode ser cultivado em culturas celulares de fibroblastos humanos e requer 7 a 21 dias para exibir o efeito citopático. A técnica de shell-vial utilizando imunofluorescência é importante, pois permite um resultado em 24 a 48 horas. A interpretação do cultivo viral requer cuidados, porque o vírus é frequentemente excretado na saliva e urina de indivíduos assintomáticos. O teste de antigenemia pp65, disponível comercialmen- te, é utilizado para o diagnóstico rápido de infecção pelo HCMV. Neste teste, os leucócitos são separados das demais células sanguíneas colocados em uma lâmina de microscó- pio e detectados com um anticorpo monoclonal antiproteína pp65, a fosfoproteína da matriz do HCMV. Os resultados são rápidos, a sensibilidade do método é maior que a do cultivo celular, a reação pode ser feita de forma quantitativa e existe uma forte correlação com a presença de infecção clínica significativa. A detecção do DNA do HCMV pode ser feita através da reação em cadeia pela polimerase (PCR) ou sistemas de captura híbrida disponíveis comercialmente. Os testes são normalmente realizados em amostras de sangue, para o diag- nóstico de infecção ativa pelo vírus. A detecção de DNA em amostras de indivíduos soropositivos normais não é comum, e o resultado positivo sugere infecção clinicamente signifi- cativa, atual ou no passado recente. Os testes de carga viral são mais fáceis de interpretar do que os testes qualitativos e têm se tornado o teste-padrão de diagnóstico da infecção ou do resultado do tratamento. A sorologia tem menor valor diagnóstico, mas é útil na determinação do diagnóstico de infecção em hospedei- ros normais, com suspeita de mononucleose. O teste mais frequentemente empregado é o ensaio imunoenzimático do tipo ELISA. Se o teste de anticorpos heterofilos for negativo, assim como os testes de IgM para o vírus Epstein-Barr, deve ser utilizado o teste de IgM para HCMV. A sorologia deve ser ainda empregada em bancos de sangue. A legislação brasileira para bancos de sangue exige que seja efetuada uma sorologia para CMV em todas as unidades de sangue ou componentes destinados aos seguintes pacientes: a) sub- metidos a transplantes de órgãos com sorologia para CMV não reagente; b) recém-nascidos com peso inferior a 1.200 g ao nascer, de mães CMV negativo ou com resultados sorológicos desconhecidos. A realização dessa sorologia não é obrigatória, se for transfundido sangue desleucocitado nestes grupos de pacientes. As bolsas CMV reagentes devem ser identificadas como tal. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Tratamento Existem quatro antivirais aprovados para tratamento de doenças por citomegalovírus em pacientes imunocomprometidos: ganciclovir (administração intravenosa ou oral), valganciclovir (oral), foscarnet (intravenosa) e cidofovir (intravenosa). As drogas são tóxicas e devem ser utilizadas com cautela. Em pacientes infectados pelo HIV, a profilaxia com ganciclovir é recomendada para adultos, adolescentes e crianças com baixas contagens de linfócitos CD4+. Existem indicações para o tratamento com antivirais de infecções graves e de infecções congênitas pelo HCMV, mas ainda não foi aprovado nenhum antiviral para esta finalidade. As drogas antivirais são normalmente utilizadas na medicina dos transplantes, para prevenir e tratar a infecção pelo CMV humano. As dosagens variam de acordo com o tipo de transplante. Mutações no HCMV após tratamento prolongado com antivirais ocorrem, tornado o vírus resistente aos antivirais. A resistência aos antivirais deve ser considerada em pacien- tes que não respondem ao tratamento. A prevenção da infecção materna que leva à infecção congênita por citomegalovírus deve ser uma meta impor- tante, mas é difícil de alcançar: a infecção na comunidade é muito comum e, na maior parte das vezes, silenciosa, e resulta na excreção do vírus por meses ou anos. Na maioria dos países, o teste de HCMV não faz parte dos procedimen- tos de rotina em gestantes. Existem ainda muitas dúvidas sobrea eficiência da imunoglobulina hiperimune, com altos níveis de anticorpos anti-HCMV. Prevenção e controle Não existe nenhuma vacina licenciada para a prevenção da infecção por citomegalovírus. Têm sido avaliadas vacinas de vírus atenuados, proteínas recombinantes e vacinas de DNA. Tipos de mononucleose e seus respectivos agentes etiológicos: R: O termo “síndrome de mononucleose”, ou “síndrome mononucleose-like” (SML) define um quadro caracterizado por linfadenopatia generalizada de instalação aguda ou subaguda, que pode ser acompanhada por outros sinais e sintomas, dependendo de sua etiologia, tais como: febre, faringite, esplenomegalia, rash cutâneo, fadiga e anormalidades hematológicas. A principal etiologia das SML é a infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) = herpes-vírus humano tipo 4. No entanto, cerca de 10% dos casos tem como etiologia outros agentes infecciosos. Os principais são o citomegalovírus (CMV), o Toxoplasma gondii e o HIV, que na fase aguda da infecção podem provocar um quadro semelhante ao da mononucleose infecciosa. Outros agentes que podem estar envolvidos são o herpes vírus humano 6 (HHV-6), o herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1), adenovírus e vírus da hepatite B (HBV). Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 2. Quais as consequências dos medicamentos receitados? Atualmente, a mononucleose infecciosa é considerada uma síndrome; o vírus Epstein-Barr é o responsável por cerca de 80% dos casos. A ocorrência de erupção cutânea não ultrapas- sa os 10 a 15% dos casos, exceto quando se administra penicilina ou ampicilina ao paciente. Os sintomas prevalentes nessa doença são febre, linfonodomegalia, hepatoesplenomegalia e faringoamigdalite. O tipo de exantema é variável, sendo, na maioria das vezes, maculopapular, mas podem ocorrer erupções petequiais, papulovesiculares, escarlatiniformes e urticariformes. As erupções são mais evidentes na presença dos antibióticos citados. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 3. Qual a importância dos achados do hemograma e a relação com a doença? O diagnóstico laboratorial comumente envolve um hemograma completo e um teste para anticorpos heterofilos. Linfócitos morfologicamente atípicos são responsáveis por até 30% dos leucócitos. Embora linfócitos individuais possam se assemelhar a linfócitos leucêmicos, os linfócitos são heterogêneos, o que é improvável na leucemia. Também pode haver linfócitos atípicos na infecção por HIV ou CMV, hepatite B, influenza B, rubéola ou outras doenças virais, portanto, o diagnóstico requer a sorologia. No entanto, contagens muito elevadas de linfócitos atípicos normalmente são vistas apenas nas infecções primárias por EBV ou CMV. Dois testes sorológicos são utilizados para diagnosticar a infecção aguda por EBV: Teste de anticorpos heterofilos Teste de anticorpos específicos contra o EBV Anticorpos heterofilos são quantificados pelo uso de vários testes de aglutinação em cartão (monospot). Entretanto, os anticorpos estão presentes em somente 50% dos pacientes com < 5 anos de idade e em cerca de 80 a 90% dos adolescentes e adultos com infecção primária por EBV com mononucleose infecciosa. Vale ressaltar que o teste de anticorpos heterófilos pode ser falso-positivo em pacientes com infecção grave pelo HIV. O título e a prevalência de anticorpos heterófilos sobem durante a 2ª e a 3ª semanas da doença. Assim, se o diagnóstico for fortemente suspeito, mas o teste de anticorpos heterófilos for negativo, é razoável repetir o teste após 7 a 10 dias do aparecimento dos sintomas. Se o teste permanecer negativo, devem ser quantificados anticorpos para EBV. A existência de anticorpos IgM contra o antígeno do capsídio viral (VCA) do EBV indica infecção primária por este vírus (estes anticorpos desaparecem 3 meses após a infecção). IgG VCA (EBV VCA-IgG) também se desenvolve no início da infecção primária por EBV, mas esses anticorpos persistem por toda a vida. Anticorpos para antígeno nuclear do EVB (EBNA-IgG) se desenvolvem mais tarde (talvez após 8 semanas) nas infecções agudas por EBV e também persistem por toda a vida. Se os títulos dos anticorpos do EBV forem negativos ou indicarem infecção antiga (i.e., positivo para anticorpos IgG e negativo para anticorpos IgM), outros diagnósticos devem ser considerados (p. ex., infecção grave pelo HIV, infecção por CMV). Linfocitose (mais de 50%), alterações atípicas em grande número (mais de 10%) e sorológicos como desenvolvimento de anticorpos anti EBV. Os sintomas iniciais dos pacientes com MI: Os pródromos se iniciam com febrícula, calafrios, inapetência, fadiga, mal-estar e sudorese. Podem ocorrer intolerância a cigarros, náuseas, vômitos e fotofobia. Cefaleia, mialgia (principalmente paravertebral superior e cervical) e dor de garganta são os sintomas precoces, frequentes e progressivos (15% a 20% dos casos não tem dor de garganta). A febre é o sinal predominante na doença e ocorre em cerca de 87,3% dos casos, podendo cair abruptamente. Tende a ser mais baixa em crianças e mais alta e prolongada em adultos (até 40,5°C), mas, ao contrário de uma septicemia bacteriana, os doentes não apresentam o estado geral comprometido. Ocorre um comprometimento inflamatório importante do anel linfático de Waldeyer, com a faringe mostrando um aspecto variável, desde um simples eritema até um exsudato branco acinzentado. A úvula e o palato têm frequentemente uma aparência gelatinosa. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Raramente pode-se formar uma pseudomembrana cobrindo a região supraglótica acompanhada de edema da epiglote e aritenóide. Um enantema no palato desenvolve-se em aproximadamente 50% dos pacientes. As lesões surgem como pontos vermelhos circunscritos de 0,5mm a 1,0mm no segundo e terceiro dia de doença, tornando-se acastanhados em 48 horas. Desaparecem em quatro a cinco dias e não são patognomónicos da MI. O quadro de amigdalo faringite com obstrução de vias aéreas parece ser mais grave em crianças que em adultos. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre médio-frontais cerebrais. noradrenérgicos com diminuição ou estimulação da atividade do tronco cerebral superior e tratos neurológica. Evidências apontam para diferenças nos sistemas dopaminérgicos e Pouco mais de 5% das crianças portadoras da TDAH apresentam evidências de lesão atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas ou interação social. Distúrbios de neurodesenvolvimento podem envolver distúrbios de 4. Qual a psicopatologia do déficit de atenção e como é feito seu diagnóstico? R: Distúrbio de déficit de atenção/hiperatividade é considerado um distúrbio de neurodesenvolvimento. Distúrbios de neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou profissional. Normalmente envolvem dificuldades na aquisição, retenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de informações específicas. Outros distúrbios de neurodesenvolvimento comuns incluem distúrbios do espectro do autismo, distúrbios de aprendizagem (p. ex., dislexia) e deficiência intelectual. Alguns especialistas anteriormente consideravam TDAH um transtorno de comportamento provavelmente porque transtornos comportamentais comórbidos, particularmente o transtorno opositivo-desafiador e o transtorno de conduta, são comuns. TDAH afeta cerca de 8 a 11% das crianças em idade escolar. Entretanto, muitos especialistas acreditam que o TDAH é superdiagnosticado, em grande parte porque os critérios são aplicados de forma imprecisa. De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5ª edição (DSM-5), há 3 tipos: • Desatenção predominante • Hiperatividade/impulsividade predominante • Combinado O TDAH não tem uma causa única específica.Potenciais causas do TDAH incluem fatores genéticos, bioquímicos, sensório-motores, fisiológicos e comportamentais. Alguns fatores de risco incluem baixo peso < 1.500 g no nascimento, traumatismo craniano, deficiência de ferro, apneia obstrutiva do sono, exposição ao chumbo e também exposição fetal a álcool, tabaco e cocaína. A desatenção tende a aparecer quando a criança está envolvida em tarefas que necessitam vigilância, reação rápida, investigação visual e perceptiva e atenção sistemática e constante. Impulsividade refere-se a ações precipitadas com o potencial de um desfecho negativo (p. ex., em crianças, atravessar a rua sem olhar; em adolescentes e adultos, abandonar de repente a escola ou o trabalho sem pensar nas consequências). A hiperatividade envolve atividade motora excessiva. Crianças, especialmente as mais pequenas, podem ter problemas para permanecer sentadas calmamente quando for esperado que o façam (p. ex., na escola ou igreja). Pacientes mais velhos podem ser simplesmente agitados, inquietos ou falantes—às vezes ao ponto de fazer com que as outras pessoas se sintam cansadas só de observá-los. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Tratamento para TDAH: R: Terapia comportamental e terapia medicamentosa com estimulantes como metilfenidato ou dextroanfetamina (em preparações de curta e longa ação) são indicados do tratamento do TDAH. Atomoxetina, um inibidor seletivo da recaptação da noradrenalina, também é utilizado. O fármaco é eficaz, mas os dados são ambíguos quanto à sua eficácia em comparação o fármacos estimulantes. Estudos randomizados e controlados mostram que somente a terapia comportamental é menos eficiente do que a terapia somente com fármacos para crianças em idade escolar, mas a terapia comportamental e de combinação é recomendada para crianças menores. Embora a correção das diferenças neurofisiológicas de base, em pacientes com TDAH, não ocorra com fármacos, estes são eficientes no alívio dos sintomas do TDAH e permitem a participação em atividades anteriormente inacessíveis por causa da atenção deficiente e impulsividade. Os fármacos interrompem o ciclo do comportamento inapropriado, melhorando a conduta e intervenções acadêmicas, motivação e autoestima. O tratamento do TDAH em adultos segue princípios semelhantes, mas a seleção e dosagem farmacológicas são determinadas individualmente, dependendo de outras doenças médicas. Diagnóstico de TDAH: R: O diagnóstico do TDAH é clínico e se baseia em avaliações médicas, desenvolvimentais, educacionais e psicológicas abrangentes (ver também a diretriz prática da American Academy of Pediatrics (clinical practice guideline] para o diagnóstico, avaliação e tratamento do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade em crianças e adolescentes). Critérios diagnósticos do DSM-5 para TDAH Os critérios diagnósticos do DSM-5 incluem 9 sinais e sintomas de desatenção e 9 de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico que usa esses critérios requer que ≥ 6 sinais e sintomas de pelo menos um grupo. Além disso, é necessário que os sintomas • Estejam presentes muitas vezes por ≥ 6 meses • Sejam mais pronunciados do que o esperado para o nível de desenvolvimento da criança • Ocorram em pelo menos 2 situações (p. ex., casa e escola) • Estejam presentes antes dos 12 anos de idade (pelo menos alguns sintomas) • Interfiram em sua capacidade funcional em casa, na escola ou no trabalho Sintomas de desatenção: • Não presta atenção a detalhes ou comete erros descuidados em trabalhos escolares ou outras atividades • Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas na escola ou durante jogos Bruno Feitosa Espino, 3º semestre • Não parece prestar atenção quando abordado diretamente • Não acompanha instruções e não completa tarefas • Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades • Evita, não gosta ou é relutante no envolvimento em tarefas que requerem manutenção do esforço mental durante longo período de tempo • Frequentemente perde objetos necessários para tarefas ou atividades escolares • Distrai-se facilmente • É esquecido nas atividades diárias Sintomas de hiperatividade e impulsividade: • Movimenta ou torce mãos e pés com frequência • Frequentemente movimenta-se pela sala de aula ou outros locais • Corre e faz escaladas com frequência excessiva quando esse tipo de atividade é inapropriado • Tem dificuldades de brincar tranquilamente • Frequentemente movimenta-se e age como se estivesse "ligada na tomada" • Costuma falar demais • Frequentemente responde às perguntas de modo abrupto, antes mesmo que elas sejam completadas • Frequentemente tem dificuldade de aguardar sua vez • Frequentemente interrompe os outros ou se intromete O diagnóstico do tipo desatenção predominante exige ≥ de 6 sinais e sintomas de desatenção. O diagnóstico do tipo hiperativo/impulsivo exige ≥ 6 sinais e sintomas de hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico do tipo combinado requer ≥ 6 sinais e sintomas de cada critério de desatenção e hiperatividade/impulsividade. 5. Quais as possíveis causas da amigdalite bacteriana? Causada pela infecção de bactérias, a manifestação mais comum dessa forma da doença é a amigdalite estreptocócica é causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, mais conhecida como estreptococo do grupo A. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre 6. Olhar sobre exame físico, qual a propedêutica dos achados clínicos de hepatoesplenomegalia e linfonodomegalia e suas fisiopatologias? R: Produção de células T CD8+ (citotóxicas) especificas para o EBV, que são as células atípicas, e células NK CD16+. A produção dessas células ocorre nos tecidos linfóides e causa a linfadenomegalia e esplenomegalia. Linfadenomegalia generalizada (especialmente cervical, axilar e inguinal), expansão da área paracortical (células T ativadas) e uma pequena população de células B infectadas. Podem haver células semelhantes às células de Reed-Sternberg (linfoma de Hodgkin), hiperplasia discreta de folículos (células B), alterações semelhantes nas tonsilas e tecido linfóide da orofaringe. Esplenomegalia: Propenso à ruptura (aumento rápido, com fragilidade da cápsula), hiperplasia folicular, com células T ativadas (semelhante ao linfonodo) Hepatomegalia discreta a moderada, linfócitos atípicos nos espaços porta e nos sinusóides, focos de necrose no parênquima. Bruno Feitosa Espino, 3º semestre Curiosidade Yvonne Barr Yvonne Barr (11 de março de 1932 - 13 de fevereiro de 2016) foi uma virologista que co- descobriu o vírus Epstein-Barr em 1964. Barr, junto com seu supervisor de pesquisa, Michael Anthony Epstein (um patologista e virologista inglês), descobriu o vírus Epstein-Barr (EBV) durante seus estudos de doutorado em 1964, enquanto estava no Middlesex Hospital . Ela se juntou à equipe do Bland-Sutton Institute of Pathology em 1963. Barr se formou na University of London em 1966 com um Ph.D. Ela então se mudou para Melbourne, Austrália, para continuar sua carreira e começar uma família. Antes de determinar os detalhes sobre EBV, Epstein, Barr e Achong (um dos colegas de Epstein) publicaram sua pesquisa preliminar no The Lancet . Barr foi fundamental na descoberta do vírus Epstein-Barr, também chamado de herpesvírus humano 4, ao preparar as amostras usadas para experimentação. Sensibilidade & Especificidade A sensibilidade é a capacidade de um teste em identificar, dentre as pessoas com suspeita da doença, àquelas realmente doentes. Especificidade - é a probabilidade de um indivíduo avaliado e normal ter seu teste normal (negativo). Sensibilidade da prova do laço (Dengue) A sensibilidade ao diagnóstico de dengue pela prova do laço foi de 58% (95% de Intervalo de Confiança (IC), 43% -71%) e a especificidade foi de 71% (IC 95%, 60% -80%).
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