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CADERNO VIRTUAL - CRIMES EM ESPÉCIES

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CADERNO VIRTUAL – CRIMES EM ESPÉCIES
↠ Aula 01 (22/02) – Introdução
Bibliografia - indicação
 ↳ Rogério Sanches Cunha 
 ↳ Vitor Eduardo Rios Gonçalves – Saraiva
↝ Parte especial
Os crimes estão agrupados no CP em onze títulos segundo o objeto jurídico atingido.
A divisão dos crimes em seus títulos:
Título I – Dos crimes contra a pessoa;
Título II – Dos crimes contra o patrimônio;
Título III - Dos crimes contra a propriedade imaterial;
Título IV – Dos crimes contra a organização do trabalho;
Título V – Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos;
Título VI – Dos crimes contra a dignidade sexual;
Título VII – Dos crimes contra a família;
Título VIII – Dos crimes contra incolumidade pública;
Título IX – Dos crimes contra fé pública;
Título X - Dos crimes contra a administração pública.
Há título – capítulos – seções – subseções. 
↝ Espécies de normas
- Permissivas: São normas que, normalmente, permitem a prática de uma ação penal, condutas lícitas, não passíveis de incriminação. Ex: Escusas absolutórias (art.181, CP). São comportamentos que são admitidos, apesar de caracterizar infração penal, ou seja, são condutas consideradas lícitas ou não passível de punição.
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
- Explicativas: Esclarecem o conteúdo ou alcance de outras normas. Ex: Art. 150, §§ 4° e 5°, CP.
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
- Incriminadoras: Também chamadas de tipos penais, são aquelas que estabelecem as infrações penais. São tipos de normas que estabelecem as infrações penais, bem como, as suas sanções. Se subsidiem em duas partes:
Preceito primário: Onde descreve o crime, onde descreve quais são os elementos necessários para enquadrar o crime. Art. 121 – Matar alguém (preceito primário)
Preceito secundário: Pena. Art. 121 Pena – reclusão
↝ Requisitos do tipo penal (elementares ou elementos)
- Objetivo: São os verbos contidos dentro da norma penal incriminadora, exemplo, subtrair, matar e afins, também são os requisitos que o significado não depende de nenhum juízo de valor, ou seja, não há a necessidade de um conhecimento específico para entender, exemplo, coisa móvel, todos sabemos o que pode ser uma coisa móvel, alguém – ser humano.
- Subjetivo: Intenção do sujeito ativo, é a exigência de uma determinada vontade para o enquadramento da conduta. Intenção do sujeito ativo, animus.
- Normativo: O significado depende de um juízo de valor, pela mera observação não é possível a identificação, por exemplo, vantagem indevida, o que seria indevida? Durante o processo o juiz analisará se aquela conduta foi uma vantagem indevida para o enquadramento, por exemplo, o crime de extorsão (art.158, CP), se a vantagem for DEVIDA não há enquadramento no tipo penal.
 Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP): Quando a pessoa tem o direito de cobrar, mas não o faz de maneira certa, e sim, por outros meios.
↝ Conduta típica
Verbo contido no tipo penal sendo o núcleo do tipo, por exemplo, matar, roubar e afins. 
 ⇢ Tipos de conduta típica
 ⇢ Crimes comissivos (Ação)
 ⇢ Crimes omissivos próprios (Conduta típica – não fazer previsto no tipo penal)
 ⇢ Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão (Conduta típica – Não fazer não está previsto na parte especial do CP) – aplicação do art. 13, § 2° do CP por extensão): São crimes que são enquadrados por um NÃO fazer em uma situação que era necessária uma ação, por exemplo, Salva-vidas que negasse a ajudar uma pessoa sem estar correndo risco de vida.
 ⇢ Tipo misto alternativo: Crimes com várias condutas, inúmeros verbos separados pela condição OU. Ex art. 133, CP – 18 verbos, se ele pratica um ou outro está enquadrado no tipo penal.
⇢ Objetividade jurídica (bem jurídico protegido/tutelado)
Quando cada crime é criado, o legislador quer defender um determinado bem jurídico, por exemplo, crime de furto, o que ele queria proteger o patrimônio, estupro, proteger a liberdade sexual, homicídio, proteger a vida.
Então, para saber qual é a objetividade jurídica, basta se perguntar “O que o legislador queria proteger?”’
⇢ Sujeitos do crime
Sujeito ativo: Aquele denominado como agente que foi quem realizou a ação ou não a fez, enquadrando-se, desta forma, no tipo penal. Ex: no crime de assassinato, o agente ativo é o assassino
Sujeito passivo: Denominado como vítima, aquele sofre a ação classificada no tipo penal. Ex: A vítima que foi alvo do homicídio, aquela que morreu.
⇢ Consumação e tentativa
Segundo a doutrina (GONÇALVES, 2016) - Crime consumado é quando ele reúne todos as elementares de sua definição legal.
Consumação: Quando todos os atos de execução são concluídos. Exemplo, para o crime de homicídio ser consumado o agente deve ter matado outro.
Tentativa: Começa os atos de execução do crime, mas, por condições alheias a vontade do agente, a ação não se consuma.
ATENÇÃO: EM CRIMES CULPOSOS NÃO SE ADMITE TENTATIVA!
Quanto a CONSUMAÇÃO, tem-se os crimes:
- Materiais: A própria lei prevê a ação que é proibida e o resultado possível, portanto, para que haja o enquadramento da conduta no tipo penal, faz-se necessário a produção do resultado, ou seja, o resultado TEM que acontecer;
- Formais: Nos crimes formais, a lei prevê a conduta e o resultado, entretanto, ao contrário dos crimes materiais, a mera conduta classifica o crime, como por exemplo o crime de extorsão mediante a sequestro previsto no art. 159 do CP – o fato de ter privado a vítima de liberdade, independente se conseguiu o dinheiro ou não, já configura crime;
- De mera conduta: Descreve apenas uma ação, logo, apenas a ação consuma o crime, por exemplo, carregar uma arma ou invadir um domicílio.
⇢ Crimes dolosos, culposos e preterdolosos.
Dolosos: Só ocorrem se a pessoa tem a intenção; 
Culposo: Não há animus, só existe crime culposo SE expressamente escrito. Sempre haverá um inciso ou parágrafo indicando a modalidade culposa, exemplo, homicídio culposo;
Preterdoloso: O crime se inicia com dolo e termina com um resultado de forma culposo, exemplo, queria praticar um aborto (há dolo), mas acabou matando outrem sem ter vontade (não há intenção, logo é culposo).
↝ Medidas despenalizadoras 
Lei 9.099/95 e no CPP
Veio através da privatização do direito penal, como é conhecido na criminologia. 
O direito penal é retributivo passa a ser restitutivo.
As medidas despenalizadoras são formas de se não punir aquele que comete o crime com uma pena restritiva de liberdade.
⇢ Suspensão condicional do processo – art. 89 da Lei 9.099/95
Também conhecido como SURSIS PROCESSUAL.
ATENÇÃO!
O sursis do art. 77 do CP é a suspensão condicional da PENA, a pessoa foi condenada e não cabe a pena restritiva de direitos e, desta forma, encaixa-se no sursis, logo, o juiz ao aplicar a pena pela quantidade de pena, há como suspender, condicionalmente, ou seja, com algumas condições, o cumprimento da pena dele.
Já a suspensão condicional do processo é no início, é uma forma de parar o processo para que, o agente, condicionado por algumas regras que, se estas forem cumpridas em um período de prova de 02 (dois) ano a 4 (quatro) anos, o juiz extingue a possibilidade e o réu não perde a primaridade(réu primário).
⇢ Requisitos:
Caput do art. 89 da Lei 9.099/95
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena 
Legitimado: Ministério Público, na denúncia, se o réu preencher os requisitos exigidos. Por ser um direito subjetivo do réu, é OBRIGATÓRIO o MP oferecer tal condição em sua denúncia.
- Pena mínima do crime deve ser igual ou menor do que 01 (um) ano;
- O réu não pode estar sendo processado ou ter sido condenado por algum CRIME, desta forma, exclui-se aqueles enquadrados nas contravenções penais;
Crime anão ou liliputiano – Contravenção penal.
- Presentes os mais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena, logo, ser ré primário e de bons antecedentes. (art. 77 do CP)
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
O período de prova pode variar de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
O período de prova consiste no lapso temporal durante o qual o condenado ficará obrigado ao cumprimento das condições impostas, como garantia de sua liberdade. Período que o réu cumprirá sua condição imposta pelo sursis processual.
O art. 89, §1 ° da Lei 9.099/95 traz as condições como:
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
I – Reparar o dano, salvo se não conseguir fazer;
II – Comparecimento periódico mensal para justificar as atividades;
III – Não podendo sair por mais de 8 (oito) dias sem pedir autorização do juiz para tal;
IV – Uma vez por mês ir até o fórum assinar o caderno, pontua-se que, apesar de ser regra pautada em lei, é possível o fórum estabelecer um comparecimento distinto, ou seja, pode determinar que o réu o faça de dois em dois meses ao invés de uma vez ao mês.
SE o agente não cumprir uma das condições a ele imposta sem justo motivo, sem justificar, o processo que estava suspenso, volta a andar, ele será processado sendo condenado e, ao final, ele receberá a sua sentença.
Outro ponto, uma vez aceitado o acordo, o agente NÃO pode cometer nenhum outro crime ou contravenção, mesmo essa última não influenciar no enquadramento do agente no benefício, esta apenas valerá para caso ele aceite a condição e a cometa.
⇢ Acordo de não persecução penal (art. 28, CPP)
O acordo de não persecução penal é entre a fase do inquérito que acabou, finalizado pelo delegado, que é enviado ao Ministério Público, se ação penal é pública, seja condicionada ou incondicionada, o MP verificará se, de repente, ele não precisa sequer oferecer a denúncia.
Um exemplo em que se encaixa um acordo de persecução penal são os crimes contra a ordem tributária.
⇢ Requisitos:
Art. 28-A, CPP
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
- Pena mínima inferior a 4 (quatro) anos;
- O crime não pode ter violência ou grave ameaça;
- O réu tem que confessar de forma formal e circunstancialmente;
Mesmo ele preenchendo os requisitos, há, no §2°, situações em que o agente NÃO será beneficiado:
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
↠ Aula 02 (01/03) – Crimes contra a pessoa – Homicídio
Transação Penal (art. 76 da Lei 9.099/95)
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
Para crimes com menor potencial ofensivo (com menos de 2 anos de pena máxima)
↝ Crimes contra vida – Homicídio
Se for DOLOSO – a competência será do tribunal do Júri. (Art. 5, XXzXVIII, CF/88)
Art. 121, CP - Homicídio simples Art 121. Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
 ↳ Elementos objetivos;
 ↳ Bem jurídico tutelado: Vida extrauterina – começa com o início do parto;
Alguns doutrinadores entendem que o início do parto se dá quando o feto se desprende totalmente das entranhas maternas, para outra parte é quando há o início das dores, para outros ainda se dá quando há o rompimento da bolsa (dilatação do colo do útero).
⇢ Sujeitos 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa isolada ou em conjunto;
Sujeito passivo: Qualquer pessoa.
⇢Elemento subjetivo
Dolo direto (animus decanti): O agente quer o resultado;
Dolo eventual: O agente prevê e assume o risco.
Consumação e tentativa
Consumação: Ocorre a morte da vítima;
Tentativa: Art. 14, II, CP. O cidadão não consegue consumar por situações alheias a sua vontade.
↝ Modalidades de homicídio
	↳ DOLOSO
Doloso: quando HÁ a intenção de consumar a ação;
· HOMICÍDIO SIMPLES – Art. 121, caput, CP.
· HOMICÍDIO PRIVILEGIADO – Art. 121, § 1°, CP
· HOMICÍDIO QUALIFICADO – Art. 121, §2°, CP
· HOMICÍDIO AGRAVADO – Art. 121, § 4°, parte final, CP.
Culposo: quando NÃO HÁ a intenção de matar - não aceita tentativa.
· HOMICÍDIO CULPOSO SIMPLES – Art, 121, §3°, CP.
· HOMICÍDIO CULPOSO AGRAVADO – Art. 121, § 4°, primeira parte, CP.
⇢ Homicídio privilegiado 
Pena menor 
Art. 121, §1° do CP: 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido pormotivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
· Causa de diminuição de pena – de 1/6 até 1/3
· São situações que o homicídio é cometido por motivos nobres
Relevante valor moral ou social
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima 
São quatro os requisitos:
1- Estado de violenta emoção
2 – A violenta emoção 
3- Deve haver uma injusta provocação da vítima
4 – Reação do agente deve ser imediata, logo após a provocação
⇢ Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Torpe: Desprezível, por uma razão repugnante.
II - por motivo fútil;
Algo banal, insignificante, exemplo, matar porque a pessoa torce para um outro time ou por fechada no trânsito.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Veneno: substância química natural, neste inciso tem-se instrumentos de execução de homicídio. Chamado de venicídio. 
· FÚTIL – Banal 
· Veneno – Veninicídio
· Tortura – Filme Albergue
· Fogo – Microondas.
· Possa resultar perigo comum – Exemplo, colocar fogo na casa de alguém, expondo o bem de terceiro em risco (casas dos vizinhos).
· Explosivo – Algo capaz de causar explosão 
· Asfixia - Sufocar a pessoa, suprimir a respiração
· Meios insidiosos – Meios mascarados, exemplo, armadilha.
· Meios Cruéis – 
· Meios que podem causar perigo comum – Podem produzir risco a um número indeterminado de pessoas, exemplo, Corona Vírus criado em um laboratório.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Modos de execução – O sujeito age de forma a evitar a reação oportuna 
Sem chance de se defender
· Traição (física) – Abraçar e dar uma facada. Homicídio proditório, traiçoeiro.
· Emboscada (tocaia) – A vítima não nota o agente que está escondido. Casa de cabloco.
· Dissimulação (oculta a própria intenção) – Chamar para beber e colocar veneno na bebida da pessoa. 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
⇢ Feminicídio
Feminicídio       
Art. 121, § 2° do CP:
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:     
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2ºA - Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Norma explicativa)
I - violência doméstica e familiar;      
O agente mata a mulher por meio de conduta de dominação de gênero, há uma relação de superioridade entre o agente e a vítima (submissão). O agente ativo pode ser homem ou mulher. Relação de poder e submissão para a mulher vulnerável.
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.Menosprezo – a pessoa DESPREZA, para ele é um ser que não deveria existir
Discriminação – O agente acha que a mulher é inferior.
 
Outro ponto importante: Segundo a súmula 600 do STJ NÃO é necessário coabitação para enquadrar feminicídio.
“Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima”.
No caso de TRANSGÊNEROS, há duas correntes sobre aceitar ou não: 
· Conservadora – Leva em consideração o sexo biológico, logo, nem se fizesse a cirurgia. 
· Moderna – É possível, desde que, faça a retificação no registro civil e mudar suas características físicas
⇢ Causas de aumento de pena de 1/3 até a 1/2
É necessário que a pessoa SAIBA da condição. Exemplo: o autor mata a mulher e SABE que ela está grávida. 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:      
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;      
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;  
 60 anos e 1 dia, ou antes de completar os 14 anos, assim que a pessoa o completa não se enquadra mais.
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;   
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Medidas protetivas do art. 22, I, II e III da Lei 11.340/06
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
↳ CULPOSO
Art. 121, §3° CP
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos.
Cabe a medida despenalizadora de suspensão condicional (sursis processual).
 ⇢ Modalidades
Imperícia
Imprudência
Negligência
⇢ Causa de aumento
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos
Inobservância de regra técnica de profissão: O agente conhece a técnica, mas a ignora ou simplesmente a deixa de usar. 
Na INOBSERVÂNCIA o agente CONHECE a regra, mas a ignora ou deixa de usar, já na imperícia ele não age conforme os ensinamentos da profissão ou por desconhece ou por inexperiência.
⇢ Perdão judicial – Causa extintiva de punibilidade
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
· perdão judicial
· situação que extingue a punibilidade – Estado renuncia o direito de punir
Quando o sofrimento é maior do que qualquer pena que ela possa sofrer, exemplo, mãe dá uma ré e atropela o filho, matando-o.
CAUSA DE AUMENTO - DOLOSO
§ 6o  A pena é aumentadade 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
· GRUPO DE EXTERMÍNIO – 3 ou mais pessoas reunidas com a finalidade de matar outras pessoas que não possuem nenhum vínculo ou relação direta.
· MILÍCIA PRIVADA – Organização não estatal que age ilegalmente mediante emprego de força, usando armas, bem como, impondo o seu regime de terror em determinada localidade. 
↠ Aula 03 (08/03) – Crimes contra a pessoa – Infanticídio e aborto
↝ Infanticídio
O infanticídio é um crime que seu julgamento é da competência do júri – art. 74, § 1º do CPP e 5º, XXXVIII da CF/88
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos
⇢ Conceito
Homicídio praticado pela genitora contra o próprio filho influenciada pelo estado puerperal durante ou logo após o parto.
O que é estado puerperal?
Estado que envolve a mãe durante a expulsão da criança do ventre materno, neste momento, há profundas alterações psíquicas, físicas que chegam a trazer um transtorno a mãe deixando a sem discernimento sobre suas ações, ou seja, sem entender o que está fazendo. Este se estende do período do parto até a volta das condições de pré-gravidez.
Segundo Guilherme Souza Nucci, “puerpério é o estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Há profunda alterações psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando a sem plenas condições de entender o que está fazendo, o puerpério é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher ao estado de pré-gravidez.
⇢ Bem jurídico tutelado
Vida humana
⇢ Cabe medida despenalizadora?
NÃO. Na transação penal, além dos outros requisitos, a pena máxima deve ser de 2 (dois) anos. Suspensão condicional do processo, a pena mínima é de 2 (dois) anos. Acordo de não persecução criminal exige que não haja violência ou grave ameaça;
⇢ Elemento subjetivo do crime
Dolo direto ou dolo eventual
⇢ Consumação
Consuma-se com a morte do nascente ou do recém-nascido.
⇢ Admite tentativa?
SIM! Em crimes materiais a tentativa é sempre admissível. 
⇢ Qual o tipo de ação penal?
É uma ação penal incondicionada, no qual o titular é o MP tendo como petição inicial a denúncia, portanto, será oferecida na vara do júri na comarca em que o infanticídio ocorreu pelo MP.
⇢ Competência
Tribunal do júri, se for reconhecido que ela estava em estado puerperal vai para o tribunal do povo (2ª fase do júri). O júri é bifásico, a primeira fase serve para dizer se o agente cometeu ou não um crime doloso contra a vida, se ele deve ir ao tribunal do povo ou não. Portanto, na primeira fase, o juiz pode dar 4 tipos de decisões:
- Pronúncia: Decisão em que o juiz indica os indícios de autoria, tem materialidade delitiva de um crime doloso contra a vida (dizer qual o crime), assim o réu é pronunciado, ou seja, o juiz reconheceu que exige um mínimo de prova razoável de um possível autor e da existência de um crime doloso contra a vida, ele não faz e nem pode fazer nenhum juízo de valor sobre o caso.
- Impronúncia: Neste, ou faltam provas que a pessoa é a autora do crime ou ausência de provas da materialidade delitiva;
- Desclassificação: Quando o juiz acha que o crime é distinto de um crime doloso contra a vida ele encaminha ao juiz competente, por exemplo, se ele identifica que é um latrocínio e não um homicídio ele envia ao juiz competente por não ser da competência do júri;
- Asolvição sumária: art. 415 do CPP, é uma sentença absolutória na primeira fase do júri que cabe em algumas situações, por exemplo, fica provado que o réu não concorreu pra infração penal, ou agiu acobertado por excludente de ilicitude ou causas que isente ele de pena, entre outros.
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
⇢ Sujeito ativo
Crime próprio, só pode ser praticado pela mãe em estado puerperal, entretanto, a maioria da doutrina entende a possibilidade de concurso de agente, coautoria, participação. Outra parte da doutrina discorda, alegando que o estado puerperal é uma condição personalíssima, logo, quem colabora com a morte do nascente comete crime de homicídio.
Logo, há três situações para pensar quanto a coautoria (posições adotadas pela maioria doutrinária):
⇝ A parturiente (mãe) e o médico executam o núcleo de matar o neonato: Ambos respondem por infanticídio na qualidade de coautores.
⇝ A parturiente é auxiliada pelo médico, entretanto, sozinha executa o verbo matar, com isso, o médico ajuda, mas quem mata, efetivamente, é a mãe: Ambos respondem por infanticídio, mas o médico na posição de partícipe.
⇝ O médico induzido pela mãe, isolado, executa a ação de matar: Ambos respondem por homicídio e a parturiente na função de partícipe, outra parte da doutrina como Damásio de Jesus, que ambos respondem por infanticídio, e, a última corrente diz que, o médico responde por homicídio e a parturiente por infanticídio.
⇢ Sujeito passivo
Nascente ou recém-nascido.
Se a mãe, após o parto, está sobre o estado puerperal, mata uma criança achando que é seu filho, qual o crime que ela cometeu? Infanticídio, haja vista que há um erro na pessoa error in persona, ela responde segundo as características de quem ela quis matar, ela responderá como se tivesse matado a pessoa que ela queria.
⇢ Conduta
Causar a mãe a morte do próprio filho durante ou após o parto sob influência do estado puerperal que deve ser o agente causador de uma doença. Podendo ser por ação ou omissão.
⇢ Definição das expressões contidas no artigo
A doutrina majoritária em relação a expressão “logo após” fala que é o intervalo de tempo que compreende todo o período do estado puerperal.
Parto, inicia-se com a dilatação do colo do útero e termina com a expulsão do feto (nascimento).
↝ Aborto – art. 124 do CP
O aborto é um crime que seu julgamento é da competência do júri – art. 74, § 1º do CPP e 5º, XXXVIII da CF/88.
O nome da ação é abortamento, mas a lei chama de aborto (produto).
⇢ Conceito
Segundo o professor Mirabete, o aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto de concepção.
⇢ Qual o termo inicial para prática do aborto?
⇥ Para a biologia – Começo da gravidez, quando ocorre a fecundação. 
⇥ Para o mundo jurídico – Com a implantação do óvulo no endométrio, ou seja, fixação no útero materno chamada de nidação.
Para caracterização do crime a gravidez tem que ser natural?
Não, para caracterização do crime basta a mulher estar grávida, independente da forma que a pessoa engravidou.
⇢ Bem jurídico tutelado
Vida intrauterina.
⇢ Competência
Tribunal do júri.
⇢ Tipos de aborto segundo a doutrina
Acidental – Ocorre com frequência proveniente de acidentes 
Natural – Aborto espontâneo
Criminoso – Art. 124 a 127 do CP
Fetal – Praticado após a 15ª semana de gestação
Embrionário – Praticado até a 15 ª semana de gestação
Ovular – Praticado até a 8ª semana de gestação 
Honoris causa – Interromper a gravidez ocorrida fora do casamento
Eugênico ou eugenésico- Praticado quando há provas que o feto nasça com graves anomalias psíquicas e físicas não aceito na legislação (com exceção do anencefálico é permitido desde a ADPF 54)
Legal ou permitido – Art. 128 do CP, permitido pelo legislador
Miserável ou econômico social – Praticado emrazão da miséria 
⇢ Aborto provocado ou com consentimento
Art. 124, CP. 
A partir disso podemos ver duas formas de aborto: provocado e permitido pela gestante cometido por outrem.
⇢ Cabe medida despenalizadora?
SIM, caberia uma suspensão condicional do processo devido a pena mínima ser de um ano preenchido os requisitos do art. 89 da lei 9.099/95
⇢ Sujeito ativo
Boa parte da doutrina, seguindo Bittencourt, diz que é crime de mão própria, entendendo, também, que se admite participação de terceiro como atividade acessória (induzir, instigar ou auxiliar, por exemplo), agora, se o terceiro pratica atos executórios responde pelo crime do art. 126 do CP.
Em contrapartida, Rogério Sanches, diz que é um crime próprio e não de mão própria, exige-se uma qualidade específica: a mulher estar grávida, logo, admitindo-se coautoria.
⇢ Sujeito passiva
Uma partida da doutrina, diz ser o Estado, haja vista que o feto não é titular de direito.
Mas, a doutrina majoritária, diz que o sujeito passivo é o produto da concepção, leia-se, óvulo, embrião e feto.
E se houver mais de um feto? 
Responde o crime em concurso formal (uma ação com vários resultados) ao teor do art. 70 do CP. 
⇢ Elemento subjetivo
Dolo eventual ou direto
Exemplo de dolo eventual, a mulher sabe que está grávida, tenta se suicidar mas acaba provocando um aborto. 
⇢ Consumação
Crime material que se consuma com a morte do feto ou destruição do produto da concepção, dentro ou fora do ventre material desde que decorrente das manobras abortivas. NÃO ADMITE TENTATIVA.
⇢ Conduta
Mulher grávida produz o próprio aborto usando produtos químicos, físicos, mecânicos e afins, destrói a vida endouterina.
Outra conduta: gestante consentindo com o aborto.Se a gestante permite que alguém fizesse o aborto nela, a gestante responde pelo art. 124 do CP e a pessoa que auxiliou responde pelo crime do art. 126 do CP.
⇢ Ação penal
Ação penal pública incondicionada
 ↝ Aborto provocado por terceiro– art. 125 do CP
Neste caso, a gestante não responde por nada, haja vista que não há consentimento desta. É o mais grave dos abortos pois a gestante não o queria.
 Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
⇢ Sujeito ativo
Qualquer pessoa que pode praticar o aborto, admitindo-se o concurso de agente, como exemplo, o médico e o pai da menina que combinam de realizar o aborto (art. 30 do CP).
⇢ Sujeito passivo
Mãe e feto.
⇢ Conduta
Consiste em interromper de forma violenta e intencionalmente uma gravidez acabando com o produto da concepção.
⇢ Elemento subjetivo
Dolo 
⇢ Consumação e tentativa
A consumação se dá com a destruição com o produto da concepção ou ocorre com a privação do nascimento.
Admite-se a tentativa caso o aborto não ocorra por razões alheias as vontades do agente.	
↝ Aborto provocado – art. 126 do CP
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada
⇢ Cabe medida despenalizadora?
SIM, cabe a suspensão condicional do processo. 
⇢ Sujeito ativo
Qualquer pessoa que pode praticar o aborto, admitindo-se o concurso de agente (art. 30 do CP).
⇢ Sujeito passivo
Produto da concepção (feto, óvulo ou embrião).
⇢ Conduta
Ação ou omissão com o consentimento da gestante destruindo o produto da concepção.
⇢ Elemento subjetivo
Dolo, vontade consciente de provocar o aborto que foi consentido pela gestante.
⇢ Consumação e tentativa
Consumação – crime material, ocorre com a interrupção da gravidez;
Admite-se tentativa.
E se a gestante antes de ocorrer a interrupção muda de ideia e o terceiro continua ele responde pelo art. 126 ou pelo art. 125?
Ele responderá pelo crime do art. 125 do CP, haja vista que o consentimento da gestante foi retirado. 
Mas cabe o arrependimento eficaz? 
Não, pois se chegar as vias de fatos e o feto for destruído não caberá o arrependimento eficaz.
	Porque o parágrafo único remete a pena do art. 125 do CP sendo que há o consentimento? Porque as pessoas nele discriminadas, segundo o direito, acredita-se que não tenham discernimento sobre suas escolhas, não entendem com clareza as suas ações.
⇢ Causas de aumentos (marjorante) – art. 127 do CP.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Se, em razão do aborto ou dos meios utilizados, com ou sem seu consentimento, surge, para mulher, lesão corporal de natureza grave a pena do art. 126 e do 125 será aumentada em 1/3.
Se a mulher vier a falecer a pena será duplicada.
São casos de preterdolo (dolo em abortar e culpa na lesão ou na morte)
Não se admite tais hipóteses contra a própria gestante porque o código penal não pune autolesão.
Para que incida a majorante é ou não obrigatório a consumação do crime?
Fernando Capez afirma que deve responder por aborto qualificado consumado pouco importando se houve ou não a consumação;
Frederico Marcos fala em tentativa se não houver a consumação do aborto ela responderá por tentativa de aborto qualificado. Segundo ele há a tentativa do aborto qualificado pelo evento morte ou lesão corporal grave pois entende que é possível a tentativa quando a ação é frustrada.
Porém, não há tentativa para crimes preterdolosos, Frederico fala que a tentativa é na parte do aborto e não na parte culposa, então entende que sim. Em contraponto, Capez acredita que não e que esse responderá pelo aborto consumado.
↝ Abortos legais – art. 128 do CP
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Também denominado como aborto terapêutico
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Aborto sentimental também denominado aborto humanitário ou ético.
Ambos precisam preencher alguns requisitos:
⇢ Aborto terapêutico:
1- Deve ser praticado por um médico (não necessariamente especializado na área da ginecologia obstetrícia);
2- Perigo de vida da gestante;
3- Impossibilidade de uso de outro meio para salvá-la – não há outro meio de salvar a gestante, nesse caso, não necessita do consentimento da gestante e nem de decisão judicial, porém o médico precisa chegar a conclusão que se não fizer o aborto não salvará a gestante.
Mas se uma parteira, um farmacêutico faz um parto, está acobertado pela excludente de ilicitude do estado de necessidade? SIM. Caso seja necessária a realização do aborto por profissional que não seja médico, que percebeu que a mulher iria morrer e agiu em razão de necessidade alega-se o estado de necessidade, devido a situação, preservou-se a vida da mãe.
⇢ Aborto sentimental:
1- O aborto deve ser praticado por um médico: Se for praticado por alguém que não possui habilitação médica, conforme ocorre anteriormente, a pessoa responderá por crime haja vista que não há estado de necessidade;
2- A gravidez deve ser resultante de estupro (cabe em caso de estupro de vulnerável) desde que haja o consentimento da vítima ou, caso ela não possa consentir por sua idade, pelo representante legal, exige-se que esse procedimento seja o mais formal possível, com boletim de ocorrência e afins para que não haja discussão futura sobre o consentimento;
⇢ Aborto de anencefálico
Má formação congênita na qual o feto não possui uma parte do sistema central, ou seja, é a ausência dos hemisférios cerebrais, tem uma parcela do tronco encefálico. 
↠ Aula 04 (15/03) – Crimes contra a pessoa – Induzimento ao suicídio e lesão corporal
↝ Induzimento e instigação ao suicídio – art. 122 do CP
O induzimento, instigaçãoou auxílio a suicídio é um crime que seu julgamento é da competência do júri – art. 74, § 1º do CPP e 5º, XXXVIII da CF/88
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:   
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
⇢ Cabe medida despenalizadora?
SIM. Suspensão condicional do processo e transação penal.
⇢ Conceito
Nelson Gria diz que suicídio é a eliminação voluntária e direta da própria vida.
⇢ Sujeito ativo e passivo
· Sujeito ativo – Qualquer pessoa;
· Sujeito passivo – Qualquer pessoa desde que tenha capacidade de entender as consequências do suicídio.
⇢ Definições: induzimento, instigação e auxílio material.
· Induzir – A pessoa induz a outra a criar a ideia de se suicidar participação moral;
· Instigar – A pessoa já tem a ideia na cabeça e o sujeito ativo a incentiva;
· Auxílio material – A pessoa fornece os instrumentos para a pessoa se matar
O crime de suicídio é de caráter material.
⇢ Consumação e tentativa
· Consumação – Se dá com o ato de induzimento, ato da instigação ou o ato do auxílio, a pessoa não precisa, necessariamente, se suicidar;
· Tentativa – A tentativa é possível quando o sujeito ativo é barrado ao fornecer os instrumentos ou a carta de induzimento/instigação é interceptada. Logo, quando o sujeito ativo é impedido por terceiro quando estava prestando auxílio material ou quando uma carta é interceptada.
⇢ Qualificadora
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:   
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos
 	AUTOMUTILAÇÃO (CUTTING) – A automutilação é qualquer comportamento intencional implicando em agressão ao próprio corpo, sem a intenção suicida e não aceita como cultura do povo.
A pessoa responderá por lesão corporal grave quando: – art. 129, CP:
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Outra qualificadora:
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:    
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos
NÃO CABE MEDIDA DESPENALIZADORA
⇢ Majorante
Art. 122, §§§ 3º, 4º e 5º do CP
§ 3º A pena é duplicada:   
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
· EGOÍSTICO – Motivo de caráter pessoal, por exemplo, o sujeito induz ou instiga o marido para casar com a viúva;
· FÚTIL – Por motivo bobo, sem relevância, como por exemplo, rival de torcida;
· TORPE – Motivo desprezível, repugnante, como, instigar/induzir, por herança;
· MENOR – Menos de 18 anos e igual ou maior de 14 anos.
· CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA DIMINUÍDA – A pessoa está bêbada, drogada ou com a sua capacidade debilitada por alguma coisa.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.   
	↳ Como por exemplo, o movimento da baleia azul.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código
· Responde por lesão corporal gravíssima (art. 129, §1°, CP)
· Capacidade total de resistência pode se enquadrar um idoso sênior
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
⇢ Roleta russa
Participantes testam a sorte diante de uma arma com apenas uma bala, puxando cada qual o gatilho contra si mesmo, até que um coloque fim à própria vida.
A pessoa que sobrar responde pelo crime do art. 122 do CP.
⇢ Pacto de morte (Ambicídio)
Dois amantes combinam se suicidar trancando-se em uma sala, abrindo a torneira de gás.
1ª hipótese com um sobrevivente que abriu a válvula de gás:
Responderá por homicídio;
2ª hipótese com um sobrevivente que não abriu a válvula de gás –
Ele responderá pelo art. 122, CP;
3ª hipótese – sobrevive os dois – quem abriu a válvula responde por tentativa de homicídio e o outro pelo art. 122 do CP.
↝ Lesão corporal – art. 129 do CP
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
 Pena - detenção, de três meses a um ano.
Apesar de não ter o nome escrito, por exclusão doutrinária do que é grave e gravíssima, denomina-se lesão corporal leve.
⇢ Bem jurídico tutelado
Incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo na sua saúde mental, corporal e fisiológica.
⇢ Cabe medidas despenalizadoras?
SIM, transação penal e suspensão condicional do processo.
O que é ofensa a integridade física?
RESPOSTA: Qualquer alteração anatômica prejudicial ao corpo humano, como, fraturas, corte e afins.
Equimose: Roxidão decorrente do rompimento de pequenos vasos sanguíneos sobre a pele ou sobre a mucosa;
Hematomas: Lesões, é uma espécie de equimose com inchaço, sendo essa mais grave.
ATENÇÃO!!!
Eritemas não constituem lesão corporal, já que se trata de mera vermelhidão passageira da pele. A simples dor não constitui lesão.
⇢ Quanto ao elemento subjetivo
a. Dolosa simples: dolo, vontade, caput do art. 129 do CP
b. Dolosa qualificada: §§§ 1°,2° e 3° do art. 129 do CP
c. Dolosa privilegiada: A pessoa age por um motivo nobre (causa de diminuição §§4° e 5°, art. 129 do CP;
d. Culposa: a pessoa por negligência, imperícia ou imprudência provocou a lesão, §6° do art. 129 do CP.
⇢ Quanto a intensidade
Lembrando que as espécies descritas abaixo são qualificadas:
a. Leve – caput 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
b. Grave – § 1°
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
c. Gravíssima – §2° 
§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
d. Seguida de morte - §3°
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
⇢ Quanto as medidas despenalizadoras – lesões leves e culposas
· Crimes de menor potencial ofensivo, portanto, cabe transação penal.
· §§§ 9°, 10° e 11° - Crimes praticados no âmbito da violência doméstica ou familiar por conta da Lei n° 11.340/06(Lei Maria da Penha), não se aplica nenhum benefício da Lei n°9.099/95 (medidas despenalizadoras), apesar das penas caberem, a lei Maria da Penha é rígida, não podendo aplicar nenhuma das medidas mesmo que no laudo esteja lesão corporal leve. 
⇢ Sujeito ativo e passivo
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa;
- Sujeito passivo: Homem (qualquer pessoa) vivo.ATENÇÃO!
Lesão corporal grave (Art. 129, §1°, inciso IV) e lesão corporal gravíssima (Art. 129, §2°, inciso V) a vítima deve ser mulher grávida.
⇢ Conduta
Ação ou omissão ofendendo a integridade corporal a saúde de uma pessoa causando enfermidade.
Cortar o cabelo de alguém, pode caracterizar lesão corporal?
RESPOSTA: DEPENDE, Se esse cortar o cabelo provocar uma alteração desfavorável no aspecto desse indivíduo de acordo com os padrões médios, sim, nós temos uma lesão corporal. Agora, se o corte é sem autorização da vítimadependendo do animus pode caracterizar lesão corporal ou injúria real, se o intuito é envergonhar, caracteriza-se, injúria real, mas se for para trazer um aspecto horroroso externo do indivíduo aí seria uma lesão corporal.
⇢ Elemento subjetivo
· Dolo: Caput, §§ 1° e 2°
· Culpa: §6°
· Preterdolo: §3° (dolo em lesionar e culpa na morte, agravado pelo resultado).Há pluralidade de lesões no mesmo fato?
RESPOSTA: Se em um único fato houve várias lesões, ele responderá por uma só, por um crime de lesão corporal. Mas se for em fatos distintos, ele responderá pela pluralidade, há mais de um crime de lesão corporal.
⇢ Lesão corporal leve
CONCEITO: 
Por exclusão, chegou-se a tal definição. ATENÇÃO !! 
Cabe a aplicação do Princípio da insignificância?
Resposta: Pierangelle diz que até é possível aplicar o princípio da insignificância em um pequeno beliscão, pequena arranhadura, dor de cabeça passageira, então, nesses casos excluiria a tipicidade por não estar ofendendo o bem jurídico protegido.
⇢ Lesão corporal de natureza grave	
Também conhecidas como lesão corporal qualificada pelo resultado: 
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Cabe suspensão condicional do processo.
	Após fazer a denúncia na delegacia, o delegado encaminha a pessoa ao IML, o perito faz um laudo pericial e, se ele percebe que as lesões duraram por mais de 30 (trinta) dias, ele fará um laudo complementar que irá acrescentar o primeiro laudo (o qual diz quais são as lesões e afins).
⇢ Explicando os incisos
⇝ INCISO I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias – 
Incapacidade – Pode ser tanto física como mental;
A doutrina define ocupação habitual, esta não precisa ser ligada ao trabalho ou lucrativa, devendo ser legal, pode ser intelectual, esportiva, artística, como ir à academia, por exemplo, portanto, ocupação habitual é aquela corporal habitual.
ATENÇÃO – a gravidade da lesão corporal será apurada por laudo complementar – art. 168, §2º do CPP
⇝ INCISO II - Perigo a vida – Apenas a perícia consegue constatar, ou seja, quando a perícia consegue provar que houve uma probabilidade, nesta lesão corporal praticada, séria, concreta e imediata de êxito para a morte, que a lesão corporal poderia ter gerado a morte, o sujeito ativo se enquadra na lesão corporal de natureza grave. 
Mas se ficar demonstrado que o sujeito ativo, pelo menos por um instante, a ideia dele era matar, saí da lesão corporal e muda para tentativa de homicídio (art. 121 c/c art. 14, II, CP) 
INCISO III - Debilidade permanente de membro, sentido ou função – 
· Membros - Rógerio Sanches diz que membros são partes do corpo que se prendem ao tronco;
· Sentidos - Mecanismos sensoriais dos quais o ser humano percebe o mundo exterior, como visão, audição, paladar, tato, olfato.
· Função - Atuação própria do órgão, ou seja, função respiratória, circulatória, digestiva, secretora, reprodutora, locomotora, sensitiva.
Neste inciso - debilidade significa enfraquecimento, redução, diminuição da capacidade, ou seja, quando essas coisas ocorrem em algum dos membros, sentidos ou funções há a debilidade. Há um tempo indeterminado de recuperação, mas não a perda total, ou seja, não é de caráter perpétuo.Se a pessoa perde apenas dois dentes, por exemplo, haverá uma diminuição na mastigação, um enfraquecimento no aparelho da mastigação?
 DEPENDE, a perícia terá que analisar no caso concreto se aquele dente que a pessoa perdeu produziu uma redução, produziu um enfraquecimento do aparelho da mastigação, caso contrário, se isso não ocorreu não há o que se falar em lesão corporal de natureza grave.
INCISO IV - aceleração de parto: Neste caso, apenas poderão ser vítimas mulheres grávidas, logo, a ação do autor expulsa o feto de forma prematura.
Lembrando que, para se enquadrar nesse inciso, o fruto da concepção tem que nascer vivo e continuar a viver, caso ele venha a morrer, será lesão corporal gravíssima por evento morte (aborto);
Outro ponto, o sujeito ativo tem que saber que a mulher está grávida.
↠ Aula 05 (22/03) – Crimes contra a vida – Lesão corporal (continuação)
⇢ Lesão corporal de natureza gravíssima (continuação dada no dia 25/03)	
 § 2° Se resulta:
  I - Incapacidade permanente para o trabalho;
  II - enfermidade incurável;
  III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
  IV - deformidade permanente;
  V - aborto:
  Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Não cabe nenhuma medida despenalizadora.
Tal termo “gravíssima” veio da doutrina não sendo especificado no código, haja vista que, neste parágrafo por ter circunstâncias mais graves a doutrina o intitulou como gravíssima.
 CURIOSIDADE!
O legislador não utiliza a expressão “lesões gravíssimas”, tendo esse termo advindo da doutrina, para diferenciá-las das lesões graves (§ 1º), já que as penas são distintas.
⇢ Explicando os incisos
⇝ INCISO I - Incapacidade permanente para o trabalho
Trabalho duradouro, sem previsão de cessação, não é temporário;
Se adequa para qualquer tipo de labor (Trabalho), tem que ser uma atividade lucrativa. 
⇝ INCISO II – enfermidade incurável;
Transmissão intencional para qual, nos dias de hoje, não tem cura, logo, alteração permanente da saúde por processo patológico que não tem cura. Também é considerável enfermidade incurável se, esta só pode ser curada por cirurgia e esta não quer se dispor a cirurgia.
Doutrinariamente, enfermidade incurável é a transmissão, também, se considera incurável aquela que só pode ser curada por cirurgia, haja vista que a pessoa não é obrigada a se submeter.
A transmissão intencional de AIDS caracteriza a lesão gravíssima?
Resposta: Se a pessoa tem a intenção, mas não consegue, ela não responderá por tentativa, mas sim, ou pelo crime do art. 130, §1° (exposição a perigo por contato sexual) ou pelo crime do art. 131, logo, como tem crime específico, não responde por tentativa.
Há doutrinadores, em suma, é lesão corporal gravíssima, mas, se ela vir a morrer, seria tentativa de homicídio.
Os doutrinadores mais radicais dizem que, ao transmitir a doença, já que ela acarreta a morte natural, enquadraria na tentativa de homicídio.
⇝ INCISO III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
A perda pode ocorrer por mutilação ou amputação.
A mutilação - Ocorre no momento da ação delituosa, por exemplo, machadada, serra elétrica, etc;
A amputação - Intervenção cirúrgica, é necessário tirar um membro para salvar a vida da vítima;
A inutilização – O membro continua ligado ao corpo, mas incapaz de sua atividade própria ou função.
· A perda de parte do movimento do braço 
· A perda de todo movimento.
· Perda de parte do movimento é considerada lesão grave pela debilidade do membro, quando há a perda total do membro é lesão corporal gravíssima por inutilização. Por exemplo, se ele perde um dedo é lesão corporal grave, se ele perder a mão toda, é lesão corporal gravíssima.
·  A extirpação do pênis 
· GRAVÍSSIMA, caracteriza-se por perda de função reprodutora e, também, deformidade permanente.
·  A vasectomia e a ligadura das trompas
· Não caracteriza lesão corporal desde que a pessoal consinta, o consentimento é uma excludente de ilicitude supralegal. Atualmente, está regulamentado pela Lei n° 9.263/96. Também se enquadraria no exercício regular de direito.
· No caso de cirurgia transexual
· Não há crime pois há um contexto anterior, há um acompanhamento psicológico com a pessoa que deseja fazer a mudança de sexo.
·  A provocação de cegueira em um só olho ou surdez em um só ouvido 
· quando ambos os olhos ou ouvidos forem atingidos
⇝ INCISO IV - se resulta deformidade permanente.
· a deformidade deve ser permanente
· o dano estético pode ter sido causado por qualquer forma. 
· deve ser visível
Segundo posicionamento do STJ a correção por cirurgia plástica não afasta a aplicação dessa qualificadora – HC 306.677/RJ
⇝ INCISO V -– aborto
Trata-sede crime preterdoloso
SE quer o resultado mais grave pratica o crime de abroto do art. 125 do CP.
⇢ Pode haver coexistência de qualificadoras?
SIM, é possível que um determinado fato apresente uma qualificadora de natureza grave coexistindo um fato de natureza gravíssima, por exemplo, a vítima pode ficar incapacidade para ocupação habituais por mais de 30 (trinta) e ainda sofrer uma deformidade permanente, neste caso, cometeu apenas um crime, mas gerou dois resultados, portanto, a dosimetria será feita pela qualificadora que possui a pena mínima maior (no caso, lesão corporal gravíssima), a partir disso ele pode aumentar a pena base usando a outra qualificadora como circunstância judicial negativa (art. 59 do CP).
⇢ Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
- Crime preterdoloso – dolo na lesão corporal e culpa no resultado produzido (morte).
Não cabe medida despenalizadora
Falta o animus necandi – apenas teve a intenção de ofender a integridade corporal ou a saúde da vítima
· É um crime (exclusivamente) preterdoloso onde o sujeito ativo apenas teve a intenção de lesionar o sujeito passível, contudo, ele provoca a morte de forma não intencional, ou seja, o pós;
· Se a intenção do cidadão for matar desde o início há o animus necandi e, portanto, o agente se enquadra no crime de homicídio;
· Vale pontuar que é necessário analisar a intenção do agente.
⇢ Diminuição da pena
Causa de diminuição de pena, na dosimetria da pena será reduzida no terceiro momento trifásico, na terceira fase:
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
⇢ Substituição da pena
O juiz pode substituir uma pena corpórea (privativa de liberdade) por uma pecuniária:
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
· LESÕES MÚTUAS DO INCISO II :
a) Os 2 se ferem e um agiu em legítima defesa – A pessoa que agiu em legítima defesa estará respaldada pela excludente de ilicitude, logo, a conduta se torna lícita mesmo sendo típica por haver uma permissão do legislador, ou seja, aquele que agiu em legítima defesa terá uma sentença absolutória, apesar de ter cometido uma conduta atípica, ela é permitida nessa situação pela lei, art. 386, inciso VI do CPP;
b) Os dois se ferem e alegam ambos legítima defesa não sabendo quem começou agressão – Pelo indubio pro reo ambos serão absolvidos;
c) Ambos são culpados e nenhum agiu em legítima defesa: Ambos condenados com privilegiado, portanto, podendo ter a substituição da pena.
Reclusão e detenção
Sua distinção se dá pelo “endereço do réu”, ou seja, onde ele começará a cumprir a sua pena, na reclusão o cidadão pode começar em qualquer regime em um presídio de segurança máxima ou média, no caso de detenção ele pode começar em um regime aberto ou semiaberto, o máximo que pode ser estabelecido pelo juiz para ínicio de cumprimento é o estabelecimento de colônia ou similar.
⇢ Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Cabe medida despenalizadora de transação penal e suspensão condicional do processo, não cabendo o acordo de não persecução penal por ter violência e porque todos os crimes caber transação penal o acordo de não persecução não pode ser oferecido (art. 28-A, §2°, inciso I do CP)
⇢ Aumento da pena
§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.       
	§ 4 o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121
Perdão judicial, se a pessoal lesionou sem querer e a dor do crime praticado for mais grave do que a própria punição ele pode conceder o perdão judicial, logo, o juiz dará uma decisão terminativa de mérito, extinguindo-se a punibilidade ao teor do art. 107 do CP.
· situação que extingue a punibilidade;
· SÚMULA 18 DO STJ – a sentença concessiva do perdão judicial e declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório; 
· SENTENÇA TEM NATUREZA DECLARATÓRIA;
· Ou seja, não existe nenhum efeito de sentença condenatória quando o juiz declara extinta a punibilidade, como perdão dos direitos políticos, encaminhar o réu a prisão, direito de ressarcir a vítima, leia-se, quando o Estado renuncia o direito de punir o réu;
· A defesa deve provar que as consequências da lesão corporal atingiram de forma tão grave o sujeito ativo, o agente, que a sanção penal se mostra desnecessária.
⇢ Violência doméstica
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos
Não caberia medida despenalizadora se a vítima for mulher, caso contrário vale, sendo estas a de transação penal e de suspensão condicional do processo.
· ascendente, descendente – Família;
· Cônjuge ou companheiro – Pessoa em união estável ou casada;
· Com quem conviva ou tenha convivido – provocado em razão da vivência atual ou pretérita, como ex-marido, por exemplo;
· prevalecendo-se o agente das relações domésticas - A pessoa mora ou está passando um tempo lá.
⇢ Aumento da pena
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
 ↳ Grave, gravíssima ou seguida de morte em relação doméstica a pena será aumentada em 1/3;
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços
Art. 142 – Forças Armadas
Art. 144 – Policiais.
· NESTE § 12º - o crime é considerado hediondo, segundo o art. 1º, inciso I-A da lei nº 8.072/90 (lei dos crimes hediondos)
· Interfere na progressão do regime (o qual progredirá como sendo crime hediondo);
· Não tem direito a concessão de liberdade provisória por pagamento de fiança;
· Obs: Não devemos esquecer dos crimes equiparados aos hediondos que recebem as mesmas diretrizes dos hediondos TTT (Tráfico, Terrorismo e Tortura).
⇢ Deve se aplicar o princípio da especialidade
Uma norma especial acrescenta elemento próprio à descrição típica prevista. Este princípio determina que haverá a prevalência da norma especial sobre a geral, evitando o bis in idem, e pode ser estabelecido in abstracto, enquanto os outros princípios exigem o confronto in concreto das leis que definem o mesmo fato, ou seja, Quando se tem uma legislação especial, que trata de determinado assunto, legislando acerca de uma situação, por exemplo:Quando um militar comete o crime de lesão corporal:
· CP X CÓDIGO PENAL MILITAR – crimes militares próprios, expressamente previstos no código penal militar além do código penal, respondendo pelo art. 209 e 210 do CPM;
Quando, em decorrência de situação de trânsito, se provoca lesão corporal:
· CP X CÓDIGO PENAL MILITAR – crimes militares próprios, expressamente previstos no código penal militar além do código penal;
O mesmo se aplica para os casos de terrorismo:
· CP X Lei nº 13.260/16 – art. 2º, § 1º, inciso V – caso de terrorismo.
⇢ Natureza jurídica da ação penal decorrente da Lesão Corporal
DEPENDE DO TIPO DA LESÃO CORPORAL:
· Art. 88 da Lei 9.099/95 - toda vez que a lesão corporal for leve ou culposa será ação pública condicionada à representação:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
· As demais lesões (grave, gravíssima e seguida de morte) será a ação penal pública incondicionada – titular MP, ele oferecerá a sua petição inicial denominada denúncia.
· Quando a lesão corporal envolver a Lei Maria da Penha (vítima mulher), tem-se as seguintes situações:
· Não está dentro do âmbito doméstico ou familiar: 
· Leve ou culposa: ação pública condicionada a representação;
	Lei Maria da Pena (11.340/2006 – art. 16 – ler a nota de rodapé do código físico): quando a mulher apanhava (antes da ADIN) ela estava dentro do âmbito doméstico e familiar, falava na delegacia que queria punir aquele que fez o mal, na audiência ela renunciava o seu direito de representação dizendo que havia se machucado sozinha. Foi julgada a ADIN 4424/12 dizendo que o art. 16 e parte do art. 12 eram inconstitucional, portanto, o STF decidiu que, quando for crime de lesão corporal de qualquer natureza, se a vítima for mulher e estiver no âmbito da violência doméstica ou familiar, a ação penal será pública incondicionada.
		Exemplo de enunciado da OAB:
- Um homem foi na boate e encontrou sua ex-namorada, Joana, e duas de suas amigas, Maria e Paula, devido a razões de sentimento pela sua e provocou lesão corporal de natureza leve em todas, entretanto, as duas amigas não foram para a delegacia, portanto, apenas a ex-namorada foi para a delegacia, mas disse que não queria que ele fosse processado, então o MP ofereceu a denúncia por 3 lesões corporais, tendo como vítima Joana, Maria e Paula. Você, como advogado do réu, o que poderia fazer em defesa dele? Em relação as amigas, o réu pode ser processado? E na questão da ex-namorada, dizer que não quer prosseguir com a ação o réu pode ser processado?
Não, porque precisaria de representação, haja vista que estas não estão no âmbito familiar, quanto a ex-namorada, há o âmbito familiar, portanto, ele será processado independente da vontade da vítima por ser uma ação penal pública incondicionada ao teor da ADI 4424/12 que preceituou acerca dessa situação.
COMO SABER QUAL É O TIPO DE AÇÃO PENAL?
Tal informação está na parte especial junto com os crimes. A ação pode ser pública, subdividindo-se em incondicionada ou condicionada, portanto o titular é o Ministério Público (MP), no caso da primeira ele precisa ter indícios de autoria + materialidade delitiva, enquanto na segunda o MP precisa de indícios de autoria + materialidade delitiva + condição prevista em lei, sendo essas a representação do ofendido (autorizazção da vítima) ou requisição do Ministro da Justiça, sendo a sua petição a denúncia.
Há crimes que se enquadram no ação penal privada, na qual o titutar é vítima, leia-se ofendido, a petição para este caso denomina-se queixa-crime.
Portanto, quando o crime for de ação pública condicionada, encontrar-se-á no artigo a expressão representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
Quando o crime for de ação pública privada, o Código Penal dirá: “este crime se procede mediante queixa”.
Se o Código Penal não disser nada, seguirá a regra geral, que é de ação penal pública incondicionada.
Tal informação pode estar ou no artigo ou nas disposições gerais ou no final do capítulo em que o artigo em questão está inserido, se procurando em 3 lugares não se encontra, significa que o crime segue a regra geral. 
Passo a passo para identificar:
- Qual o crime praticado? Art. 147 do CP – ameaça. 
↳ Procurar dentro do próprio artigo a informação! Neste caso está.
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Mas caso não estiver? Olhemos o art. 138 do CP
- Olhar o último artigo do capiítulo que pertence o crime! Neste caso, capítulo III – da periclitação a vida e a saúde, seria o art. 145 do CP: Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Mas se não estiver também? Olhemos o art 213 do CP
- O terceiro passo é procurar dentro do título respectivo as disposições gerais, mas cuidado, as vezes o título possui dois capítulos com esse nome, sendo necessário olhar os dois.
Logo, encontramos o art. 225 do CP: Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
LEMBRANDO QUE CASO NÃO ACHAR SERÁ A REGRA (AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA) - no caso do estupor está expresso porque mudou de privada para incondicionada.
VAMOS PRATICAR?
Diga o tipo de ação dos tipos penais mencionados abaixo:
- Art. 171, CP - §5° do Art. 171 do CP – ação pública condicionada à representação (mudado pelo pacote anticrime);
- Art. 157, CP – Não fala nada, portanto, ação penal pública incondicionada.
↠ Aula 06 (05/04) – Crimes contra a vida – periclitação da vida e da saíde
⇢ Perigo de contágio venéreo – art. 130 do CP 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
⇢ Bem jurídico tutelado
Incolumidade física e a saúde da pessoa exposta por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso.
Cesar Bittencourt diz que o bem jurídico tutelado também é a vida.
⇢ Cabe medida despenalizadora?
· Caput - Suspensão condicional do processo e transação penal (crime de menor potencial ofensivo).
· §1° - suspensão condicional do processo e acordo de não persecução criminal.
⇢ Sujeito ativo e passivo
· SUJEITO ATIVO – Qualquer pessoa com moléstia venérea;
· SUJEITO PASSIVO – Qualquer pessoa independente do sexo ou da reputação;
· ATENÇÃO – cônjuge também pode ser vítima.
Se a vítima souber da doença e consente com o ato libidinoso ou sexo ocorre o crime?
A vontade da vítima é irrelevante, haja vista que o bem protegido (saúde e/ou vida) é um bem jurídico indisponível, ou seja, que a pessoa não pode dispor mesmo que o queira, logo, se ela aceita ou não, ainda será sujeito passivo deste crime.
⇢ Conduta
O sujeito ativo sabe ou deveria saber que ele tem essa moléstia venérea e, mesmo assim, pratica relação sexual ou atos libidinosos com a vítima, expondo-a a contágio.
Obs: A doutrina entende que existem outras formas de transmissão por instrumentos, como por seringa injetada na região íntima.
Código penal não indica as moléstias que compõem o tipo penal – norma penal em branco.
É punido a relação sexual ou ato libidinoso perigoso.
AIDS NÃO É MOLÉSTIA VENÉREA – alguns doutrinadores entendem como tentativa de homicídio, outros entendem como lesão corporal gravíssima e outros encaixam no art. 131, CP.
Exemplos de moléstia
· herpes genital;
· Cancro mole (cancroide)
· HPV
· Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
· Donovanose
· Gonorreia e infecção por Clamídia
· Linfogranulomavenéreo (LGV)
· Sífilis
· Infecção pelo HTLV
· Tricomoníase
⇢ Elemento subjetivo 
· Dolo direto – inciso II art. 18, primeira parte, CP
· Sabendo-se doente: dolo direto
· Dolo eventual: deveria saber estar contaminado - mesmo não querendo que a pessoa se contamine, assume o risco desta possibilidade;
· Dolo de dano: §1° ele tem a intenção de transmitir
· No caput ele sabe e no §1° ele quer transmitir.
Ação penal pública condicionada – art. 130, §2° do CP.
⇢ Perigo de contágio de moléstia grave – art. 131 do CP 
	Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
⇢ Bem jurídico tutelado
Bem jurídico protegido incolumidade sexual e a saúde das pessoas.
⇢ Cabe medida despenalizadora	
Sursi processual (suspensão condicional do processo) – art.89 da Lei 9.099/95
Acordo de não persecução penal – art. 28-A do CPP.
⇢ Conduta
O sujeito ativo quer transmitir a doença (crime de perigo), ocorre pela prática de qualquer ato capaz de transmitir a doença, como espirrar perto da pessoa e coisas do gênero.
⇢ Sujeito ativo e passivo 
SUJEITO ATIVO – qualquer pessoa contaminada com moléstia grave;
SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa.
ATENÇÃO!!!
Se o agente não está contaminado, mas aplica uma injeção na vítima contendo o vetor de transmissão da doença grave comete o crime de lesão corporal (consumada ou tentada), dependendo se transmitiu ou não a doença trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por pessoa que possui uma doença contagiosa grave.
SE existir vacina para referida doença e a vítima estiver vacinada, o ato praticado pelo sujeito ativo não é capaz de transmitir o contágio, mesmo que o agente desconheça tal informação, ocorreu o crime?
Não, caracteriza-se crime impossível (art. 17 do CP), haja vista que não tem como transmitir, nem como tentativa, haja vista que não há possibilidade de transmitir a doença é igual matar morto.
Mesmo sendo crime formal, tal ato enquadra-se em crime impossível, haja vista que em hipótese alguma a pessoa pegaria a doença.
⇢ Consumação e tentativa 
CONSUMAÇÃO – crime de perigo concreto tendo que demostrar que o ato praticado pelo agente era capaz de transmitir a doença a vítima. Na corona vírus, por exemplo, mesmo que estejamos vacinados não há imunização do vírus, logo haverá crime. Crime formal, se consuma pela prática independente se houve transmissão ou não.
TENTATIVA - é possível
ATENÇÃO – Se ocorrer a transmissão da doença e as lesões forem consideradas leves (apesar de a doença ser grave), o agente só responderá pelo crime art. 131, que tem pena maior. Se as lesões forem graves ou gravíssimas, o agente responderá pelo crime de lesões corporais.
⇢ Elemento subjetivo
Dolo direto
⇢ Resumo
· QUANTO AO BEM JURÍDICO TUTELADO – Crime simples e de perigo concreto, logo, incolumidade física e a saúde da pessoa;
· QUANTO AO SUJEITO ATIVO – Crime próprio, portanto, o agente deve ser uma pessoa contaminada com moléstia grave;
· QUANTO AOS MEIOS DE EXECUÇÃO – Crime comissivo, ação livre;
· QUANTO A CONSUMAÇÃO – Crime formal instantâneo, logo, independe do resultado ocorrer ou não;
· QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO – Doloso;
Ação penal pública incondicionada pela regra geral 
⇢ Perigo para a vida ou a saúde de outrem – art. 132 do CP
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais
⇢ Cabe medida despenalizadora?
· Caput: crime de menor potencial ofensivo – se não enquadrar em crime mais grave, transação penal e suspensão condicional do processo;
· Parágrafo único – crime de menor potencial ofensivo, mesmo com o aumento, caberá ainda a transação penal e a suspensão condicional do processo;
· Por ser crime que cabe transação penal inviabiliza o acordo de não persecução criminal.
⇢ Bem jurídico tutelado
Incolumidade física e a saúde das pessoas
PERGUNTA: Se o sujeito ativo que atira com uma arma de fogo contra seu desafeto, com o intuito apenas de assustá-lo, expondo a sua vida a risco real, qual crime comete?
RESPOSTA: Neste caso, ele responderá pelo crime mais grave, art. 15 da Lei 10.826/03 (Estatuto do desarmamento) – disparo de arma de fogo.
⇢ Sujeito ativo e passivo
· Sujeito ativo – qualquer pessoa
· Sujeito passivo – qualquer pessoa
ATENÇÃO!!!! – bombeiros e policiais podem figurar como sujeito passivo deste crime.
⇢ Causa de aumento do parágrafo único
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Se houver no transporte uma violação as regras previstas no CTB;
Exige perigo concreto, ou seja, transporte da pessoa fora dos padrões de segurança estabelecidos no CTB.
⇢ Consumação e tentativa 
Consumação – se dá quando o ato é praticado pelo sujeito ativo que resulte em perigo concreto a vítima, ou seja, mesmo que transporte e não gere perigo concreto a vida não há consumação;
Crime instantâneo não se admite a tentativa.
⇢ Resumo 
· BEM JURIDICO TUTELADO – crime simples e de perigo concreto
· SUJEITO ATIVO – crime comum e de concurso eventual 
· MEIOS DE EXECUÇÃO – crime comissivo ou omissivo e de ação livre
· CONSUMAÇÃO – instantâneo (não admite tentativa)
· ELEMENTO SUBJETIVO – dolo
Ação penal pública incondicionada
⇢ Abandono de incapaz – art. 133 do CP
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
- Suspensão condicional do processo
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
⇢ Cabe medida despenalizadora?
· Caput – suspensão condicional do processo e acordo de não persecução penal;
· § 1° - Suspensão condicional do processo;
· §2° - Não cabe nenhuma medida despenalizadora;
⇢ Bem jurídico tutelado
Proteger a vida e a integridade físico-psíquico da vítima que é, sem sombra de dúvidas, uma pessoa capaz de se defender sozinha.
⇢ Sujeito ativo e passivo
· SUJEITO ATIVO – Crime próprio, pessoa que tem a vítima sobre seus cuidados, guarda, vigilância, o qual tem por obrigação zelar pelo bem-estar do incapaz;
· SUJEITO PASSIVO – menor ou incapaz.
⇢ Conduta
· ABANDONAR – Deixar a criança em um determinado lugar e sair, como no meio da mata, por exemplo; 
· PODE SE DAR – por omissão, deixar de cuidar.
⇢ Importante mencionar
· Se entre o sujeito ativo e a vítima não existe relação de dependência, o crime será de omissão de socorro;
· Se o abando for de recém-nascido, cuja finalidade seja esconder desonra do próprio crime – incorre no art. 134 do CP;
· Se o abandono for moral – crime SERÁ crime contra assistência familiar (arts. 244 a 247 do CP), como deixar de pagar alimentos;
· Se o local de abandono for absolutamente deserto, sendo praticamente certa a falta de socorro – a doutrina entende que se caracteriza o dolo eventual do homicídio, ele aceita o resultado fatal.
⇢ Qualificadoras §§1° e 2°
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Aqui – cabe a sursi processual- art. 89 da Lei 9099/95
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos
⇢ Aumento de pena – art.133, §3° do CP
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta)

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