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17 2ºAula Histório e PCN para ciências naturais Caros(as) alunos(as), nesta aula será possível, conhecer e discutir os pontos relevantes da proposta Boa aula! Figura 4 Fonte: <http://soparaprofessoras.blogspot.com.br/2011/05/importancia-dos- pcns-e-da-ldb.html>. dos PCN’s para Ciências Naturais. Estes pontos serão apresentados na íntegra, por meio de trechos retirados do próprio texto em que estão inseridos os parâmetros. Nossas discussões e comentários farão a intermediação para que tenhamos uma aula objetiva, e tranquila. Vamos lembrar que nossa aula deve ser prazerosa e nosso contato será contínuo. Caso tenham dúvidas ou sintam necessidades de realizar comentários, manter contato pela plataforma da disciplina. Então, bom trabalho! Ensino das Ciências Naturais nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 18 Objetivos de aprendizagem 1 - A Ciências Naturais e o Currículo escolar 2 - Período de Evolução no Ensino de Ciências entre 1950 - 1960 3 - Fases e Tendências Dominantes do Ensino de Ciências 4 - O Ensino de Ciências entre o período de 1970 - 1985 5 - O Ensino de Ciências Naturais após os anos 80 1 – A Ciências Naturais e o Currículo escolar Com relação aos currículos das disciplinas de Ciências, veremos que sofreram várias mudanças, isso não quer dizer que as mesmas ocorreram apenas nesta área, mas também em outras como Física, Química, entre outras, mas todas com os enfoques: forma de aprendizagem dos conceitos científicos; produção de material didático; formas de serem trabalhadas as metodologias; formas de fazer uso da linguagem; ferramentas para motivação e interesse por parte dos alunos em suas diferentes faixas etárias. Todas essas mudanças foram importantes para os educadores, como sendo uma forma de poder trabalhar melhor o ensino de Ciências, podendo investigar as propostas que estão inseridas nos parâmetros curriculares, e isso se fez por meios de projetos curriculares: livros para os alunos, guia de estudo para os professores, material didático e até mesmo provas para avaliação dos estudos, como o ENEN, por exemplo. E estes estão servindo para que os professores realizem cursos de capacitações e treinamentos de lideranças para que possam fazer tais reforços no intuito de melhorar à educação. Ao término desta unidade, vocês serão capazes de: • analisar a história evolutiva do ensino de ciências; • relacionar os eventos importantes de cada período evolutivo; • reconhecer qual a relação da tecnologia com ciências naturais. Seções de estudo Quero ressaltar que na aula 2 e aula 3, nas quais trataremos sobre o currículo escolar, e mais especificamente sobre Currículo do Ensino de Ciências, as discussões que se seguem foram baseados nas obras de Myriam Krasilchik, professora de Biologia e Ciências em escolas públicas de São Paulo, pessoa de grande relevância nesta área se tratando de analisar currículos de Ciência, inclusive membro de assessoria de organizações internacionais, como a UNESCO. Agora, iniciando nossa aula, Krasilchik (2006) vai nos mostrar os resultados destas mudanças, que não estão sendo satisfatórias nas escolas, sugerindo que ainda há falta de preparo dos professores para transmitir o currículo de forma conclusiva com as propostas. A autora ainda completa: não basta dizer que os professores não são capazes de colocar idéias em ação, e que subvertem as intenções dos autores de currículos, mas considerar a natureza dinâmica do processo educativo e buscar a compatibilização dos esforços que se desenvolvem em vários planos de atuação. Vejamos caros(as) alunos(as), na citação de Krasilchik (2006), a consideração acerca da dificuldade que nós, professores, temos em consolidar de forma real os pontos estabelecidos pelos parâmetros curriculares, a fim de evitar algumas frustrações com o objetivo de acertar e seguir as propostas. Observem agora, que nossas possíveis fragilidades, vêm de uma evolução destas mudanças ocorridas no ensino de Ciências, e por muitas e muitas vezes nós, professores, precisamos nos adaptar e também adaptar os alunos às novas propostas e material didático. Revermos a evolução da história das Ciências seria observamos mudanças feitas ao longo de trina e cinco anos, analisando currículo escolar e suas mudanças propostas nas disciplinas para educação dos alunos. 2 - Período de Evolução no Ensino de Ciências entre 1950 - 1960 Este período sofreu grande influência após os ocorridos na Segunda Guerra Mundial, onde a industrialização, os desenvolvimentos tecnológicos e científicos estavam em grande ascensão. Esta parte vocês poderão comprovar mais a frente no próprio texto dos PCN’s de Ciências. 19 Todos estes avanços influenciaram muito os currículos escolares, onde aos cientistas renomados aproveitaram do campo da educação para atribuir valores de cidadania e cuidados com a saúde. As primeiras alterações sofridas nos currículos escolares, devido influências da Segunda Guerra Mundial, ocorreram nos Estados Unidos, depois nos países europeus e somente mais tarde estas vias passaram a chamar atenção da educação brasileira, porém, ainda vivíamos num período de industrialização crescente e um movimento político que lutava contra a ditadura do governo militar. Assim, o ensino ginasial tinha apenas por visão formar mão de obra profissionalizante, específica, para atender as necessidades da expansão vivenciada. Mas vejam só queridos alunos, as mudanças não vinham somente por causa da industrialização, estas já foram propostas no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), onde era discutido um projeto de lei sobre “Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, que tinha como principal mudança substituir os chamados métodos tradicionais pela metodologia ativa. O método ativo tinha como proposta o ensino verbalista, focando no uso de livro-texto e na palavra do professor, cuja tinha por principal função: transmissão de informações que deveriam ser memorizadas e repetidas. O método ativo também contemplava em suas propostas o aluno. Este tinha maior liberdade e autonomia para participar do processo de aquisição do conhecimento. Podemos assim dizer que o ensino de Ciências proposto era assim como o de hoje: teórico, livresco, memorístico, e estimulando à passividade. Algumas mudanças propostas não foram alcançadas, estas se centravam em: • com a Segunda Guerra Mundial, ocorreram mudanças e expansão do conhecimento científico, como por exemplo, modernização no potencial bélico, porém, estes avanços positivos, se é que podemos dizer assim, poderiam ter sidos repassados aos currículos escolares, com as grandes descobertas nas áreas da Física, Química e Biologia, permaneciam distantes dos alunos nos ensinos primários e médio, mantendo apenas as velhas informações obsoletas. As novas informações eram inclusas na Universidade, as quais fora transmitida de maneira urgente e pouco confiável, para que obtivessem profissionais qualificados para ingressar no mercado trabalho que tanto exigia estas mão- de-obra especializada. O objetivo principal desta proposta de ensino, era instruir apenas uma parcela desta sociedade, que seria à elite na qual dominaria a expansão da industrialização no Brasil; • também buscavam-se alcançar com as mudanças nos currículos aulas expositivas, com auxílio de laboratórios, onde os alunos pudessem praticar e assim motivar à compreensão dos conceitos transmitidos. “Aprender fazendo”, este era o que levou muitos educadores buscarem quando se tratavam das aulas práticas, alunos que raciocinassem as atividades científicas. Para atender essas mudanças, pesquisadores em educação dos Estados Unidos, começaram a ser organizar, e melhor ainda, com auxílio do governo. Em 1958, uma organização de educadores de matemática, deram os primeiros passos nas mudanças do ensino, procurando garantir as solicitações pontuadas na metodologia ativa. Posteriormente o ensinode Ciências Biológicas também passará ser contemplado gradativamente com tais mudanças em seus currículos. Vejam caros(as) alunos(as), para nossa admiração, nossa educação brasileira, saiu na frente da norte-americana em prol da melhoria do ensino de Ciências, no início dos anos 50, organizou-se em São Paulo o Instituto Brasileiro de Educação, Ciências e Cultura, liderado por professores universitários, propunham melhorias no ensino superior, para atender o processo de desenvolvimento nacional que por hora o Brasil passara. Além disso, o grupo de pesquisadores em educação buscou atualização do conteúdo e propostas para elaboração de aulas práticas. O Ministério da Educação também contribuiu, promovendo cursos de capacitação pela CADES (Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Secundário). Os cursos promovidos pela CADES serviram para capacitar professores improvisados, pois era raro haver profissionais com licenciatura, já que as disciplinas científicas eram ministradas por médicos, engenheiros, farmacêuticos e bacharéis. O programa tinha por objetivo “transmitir informações, apresentar conceitos, fenômenos, descrever espécies e objetos, enfim, o que se chama o produto da Ciência. Não se discutia a relação da Ciência com o contexto econômico, social, e político e tampouco os aspectos tecnológicos e as aplicações práticas” (KRASILCHIK, 2006). Ensino das Ciências Naturais nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 20 3 – Fases e Tendências Dominantes do Ensino de Ciências Breve histórico de acordo com a visão íntegra dos PCN’s O ensino de ciências é relativamente novo na escola fundamental e vem sendo feito deste de 1971, a partir da aplicação da lei 5.692, que obriga as séries do atual ensino fundamental a inserirem-na em seus programas de ensino. Antes de essa lei passar a vigorar, o ensino era considerado tradicionalista e aos professores, cabia apenas a função de transmitir, por meio de aulas expositivas, os conhecimentos acumulados e aos alunos cabia a reprodução dessas informações. Nesse período, o questionário predominava no estudo e na avaliação. A seguir, podemos ver, na íntegra o que os PCN’s dizem sobre ciências naturais (Disponível: <portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf>. O ensino de Ciências Naturais, na escola fundamental, tem sido praticado de acordo com diferentes propostas educacionais, que se sucedem ao longo das décadas como elaborações teóricas e que, de diversas maneiras, se expressam nas salas de aula. Muitas práticas, ainda hoje, são baseadas na mera transmissão de informações, tendo como recurso exclusivo o livro didático e sua transcrição na lousa; outras já incorporam avanços produzidos nas últimas décadas sobre o processo de ensino e aprendizagem em geral e sobre o ensino de Ciências, em particular. Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1961, ministravam aulas de Ciências Naturais apenas nas duas últimas séries do antigo curso ginasial. Essa lei estendeu a obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas as séries ginasiais, mas, apenas, a partir de 1971, com a Lei nº 5.692, Ciências passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau. Quando foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1961, o cenário escolar era dominado pelo ensino tradicional, ainda que esforços de renovação estivessem em processo. Aos professores, cabia a transmissão de conhecimentos acumulados pela humanidade, por meio de aulas expositivas, e, aos alunos, a reprodução das informações. No ambiente escolar, o conhecimento científi co era considerado um saber neutro, isento, e a verdade científi ca, tida como inquestionável. A qualidade do curso era defi nida pela quantidade de conteúdo trabalhado. O principal recurso de estudo e avaliação era o questionário, ao qual os estudantes deveriam responder, detendo-se nas idéias apresentadas em aula ou no livro didático escolhido pelo professor. As propostas para a renovação do ensino de Ciências Naturais orientam-se, então, pela necessidade de o currículo responder ao avanço do conhecimento científi co e às demandas pedagógicas geradas por infl uências do movimento denominado Escola Nova. Essa tendência deslocou o eixo da questão pedagógica dos aspectos puramente lógicos, para aspectos psicológicos, valorizando- se a participação ativa do estudante no processo de aprendizagem. Objetivos preponderantemente informativos deram lugar a objetivos também formativos. As atividades práticas passaram a representar importante elemento para a compreensão ativa de conceitos, mesmo que sua implementação prática tenha sido difícil, em escala nacional. A preocupação de desenvolver atividades práticas começou a ter presenças marcantes nos projetos de ensino e nos cursos de formação de professores, tendo sido produzidos vários materiais didáticos dessa tendência. O objetivo fundamental do ensino de Ciências Naturais passou a ser: dar condições para o aluno vivenciar o que se denominava método científi co, ou seja, a partir de observações, levantar hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, trabalhando de forma a redescobrir conhecimentos. O método da redescoberta, com sua ênfase no método científi co, acompanhou, durante muito tempo, os objetivos do ensino de Ciências Naturais, levando alguns professores a, inadvertidamente, identifi carem metodologia científi ca Figura 5 Figura 6 21 com metodologia do ensino de Ciências Naturais, perdendo- se a oportunidade de trabalhar com os estudantes, com maior amplitude e variedade, processos de investigação adequados às condições do aprendizado e abertos a questões de natureza distinta daquelas de interesse estritamente científi co. Apesar de não ter atingido a maioria das escolas e de ter criado a idéia, no professorado, de que somente com laboratórios é possível alguma modifi cação no ensino de Ciências, muitos materiais didáticos produzidos, segundo a proposta da aprendizagem por redescoberta constituíram um avanço relativo, para o qual contribuíram equipes de professores, trabalhando em instituições de ensino e pesquisa, para a melhoria do ensino de Ciências Naturais. Entre outros aspectos, essa proposta enfatizou trabalhos escolares em grupos de estudantes, introduziu novos conteúdos e os organizou de acordo com faixas etárias. Introduziu, também, orientações para o professor, ainda que numa perspectiva mais diretiva e prescritiva. Transcorridos quase 30 anos, o ensino de Ciências, atualmente, ainda é trabalhado em muitas salas de aula, não levando em conta sequer o progresso relativo que essa proposta representou. Durante a década de 80, no entanto, pesquisas sobre o ensino de Ciências Naturais revelaram o que muitos professores já tinham percebido: que a experimentação, sem uma atitude investigativa mais ampla, não garante a aprendizagem dos conhecimentos científi cos. O modelo desenvolvimentista, mundialmente hegemônico, na segunda metade do século, caracterizou-se pelo incentivo à industrialização acelerada, ignorando-se os custos sociais e ambientais desse desenvolvimento. Em conseqüência, problemas sociais e ambientais, associados às novas formas de produção, passaram a ser realidade reconhecida em todos os países, inclusive no Brasil. Os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde começaram a ter presença nos currículos de Ciências Naturais, mesmo que abordados em diferentes níveis de profundidade. Agora que vocês puderam acompanhar o que os PCN’s trazem exatamente de feitos históricos dentro da educação de Ciências, vamos discutir um pouco sobre o assunto e retomar pontos importantes destes acontecimentos. Entre os períodos de 1960-1970, esperava-se que após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento industrial e a prosperidade garantissem à paz no mundo. As sabemos que isso não ocorreu, o mundo passou então a ouvir falar de Guerra Fria, confronto entre o ocidente e o mundo socialista.Isso influenciou nos currículos escolares incluindo o método científico como promotor de formação de um cidadão crítico as transformações políticas e sociais que estava vivenciando, e restringindo-se à preparação de um cientista. Vejam que a partir destes novos acontecimentos, a democracia passa a dar destino ao homem, que deveria conviver com os produtos gerados pela Ciência e Tecnologia, não apenas como especialista de um aprendizado, mas também como futuro político, operário, profissional liberal, e principalmente cidadão. É possível analisar desta forma que as alterações propostas nos currículos escolares, visava atender às investigações científicas, procurando observar fatos e buscar compreensão e manipulação de equipamentos, que muitos surgira no mercado. Neste contexto, o aluno não ficou esquecido, o mesmo passara a ser estimulado à construir hipóteses, identificar os problemas, analisar as variáveis, planejar seus experimentos e apresentar resultados. Porém, por mais que o método científico tenha sido proposto, não tornou-se visível nos primeiros projetos escolares, somente depois das alterações nas literaturas e material reformulado, é que os professores realmente passaram a ter contato com à nova metodologia. Bem, mas para que as tais mudanças ocorrem nos currículos escolares, não foi um processo tão simples assim. Veja um trecho abaixo extraído do livro O professor e o currículo das Ciências, de Krasilchik (2006, p.10 - 11), onde ela comenta como se deu esta transformação importante e grande avanço no ensino das Ciências: Para a realização dos trabalhos iniciais, formaram-se grupos temporários de cientistas e professores secundários que, sediados geralmente em Universidades ou Institutos de Pesquisa, preparavam um conjunto de materiais, visando à melhoria Figura 7 Ensino das Ciências Naturais nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 22 das tradicionais disciplinas científi cas: Matemática, Física, Química e Biologia. Paulatinamente foi sendo constatada a necessidade da formação de equipes heterogêneas, demandando competências bastante diversifi cadas. A participação de psicólogos, especialistas em currículos e avaliação, foi sendo requisitada pelo núcleo inicial dos autores de projetos curriculares, em decorrência de dúvidas relativas à decisões tangentes a processos de aprendizagem, procedimentos para avaliação e difi culdades na preparação dos professores para o uso do material. Paralelamente, foi sentida uma outra ordem de difi culdade, no plano editoração dos livros. A diagramação, ilustração dos diversos componentes de um projeto, assim como sua divulgação, exigiam a assessoria de profi ssionais no campo. Após a construção das primeiras edições, percebeu-se as mudanças nos livros, mas como sabemos que tudo que é novo causa uma certa “impactação, resistência”, houve necessidade de formar um núcleo de avaliadores durante do ano letivo para orientar as reformulações dos livros e providenciar especialistas que pudessem dar suporte a esse novo processo de ensino e material didático que era inserido – o método científico. Isso implicava em criação de núcleos permanentes e centralizados as produções, aplicações e revisão dos materiais. Desta forma, estes núcleos de apoio acabaram por se transformar em Centros de Ciências, que de maneira geral tinham por função: analisar o material existente no ensino; avaliar os objetivos propostos para as aulas, se os objetivos estavam de acordo com a metodologia sugerida; se os conteúdos abordados estavam de acordo com a série e faixa etária do educando; sequência dos conteúdos; e forma de apresentação dos elementos que servira de ensino. Os núcleos instituídos geram a conclusão de que os materiais precisam ser revistos permanentemente, portanto, estas equipes deveriam também ser mantidas, implicando também um trabalho constante junto aos sistemas educacionais e professores. O Ministério da Educação e Cultura, reconhecendo o trabalho realizado pelos Centros de Ciências, passa a oficializar os mesmos e ainda respeitar suas flexibilidades de organização quanto aos valores locais. Foram instituídos os Centros de Ciências em Minas Grais, Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, todos vinculados às Universidades, ou seja, forte influência da comunidade acadêmica. Com os Centros de Ciências formados, os projetos de organização das novas propostas de ensino, passaram a aplicar atividades diversificadas, aulas sugeridas com material audiovisual, e materiais complementares. Tinha tudo para dar certo. Mas por que este processo inovador no ensino não teve o sucesso esperado, que qualidade do material, iria garantir sua aplicação maciça e bem- sucedida no ensino? Hoje temos à percepção de que tudo deve estar perfeitamente relacionado: professor ↔ ensino ↔ aluno Assim, com a mesma percepção, os Centros de Ciências também sentiram a necessidade de atualizar e treinar os professores. Um grande marco ocorrido para discutir estas dificuldades, foi uma conferência realizada nas Universidades de Cornell e Califórnia, em 1964, denominada Piaget redescoberto, proferida pelo próprio grande mestre, onde focava os estudos cognitivos e desenvolvimento de currículos. Como foi mencionado acima, esta conferência de Piaget foi realmente um marco, pois os pesquisadores em educação puderam compreender que o processo de ensino e aprendizagem deve ser construído e não deve existir “transplantes de currículos”, isso quer dizer que as mudanças são válidas para a evolução e melhoria de qualidade do ensino, os programas almejados pelos Centros de Ciências, com a reformulação do material didático era muito louvável, porém cada nação, ou cada localidade têm seus sistemas educacionais com especificidades e demandas próprias, e cada a eles (educadores), competência na adequação de seu currículo, os Centros de Ciências, apenas teriam por papel realizar sugestões e avaliar seus pontos de coerência, mas a busca pela implantação e manutenção caberia à cada um, - a cada sistema de ensino. Com estes novos caminhos, integrantes da comunidade acadêmica em educação transformaram- se em educadores em ciências, objetivando apenas as disciplinas científicas no currículo. Surgiram as revistas científicas onde eram relatadas experiências e pesquisas de campo do ensino de Ciências, além deste processo adequar seus núcleos para formação de professores das Ciências, e criação de cursos de pós- 23 graduação, mestrado e doutorado, onde pudessem surgir lideranças para assumir as novas reformas. Neste mesmo período vivia-se no Brasil a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 4.024, de 21 de dezembro de 1961, que tinha por principal proposta a implantação da disciplina Iniciação à Ciência desde a primeira série do curso ginasial e carga horária aumentada também para as disciplinas de Física, Química e Biologia. De acordo com as diretrizes aplicadas de agora em diante, os Centros de Ciências deveram produzir material e organizar cursos de atualização para os professores. Outro fator a ser discutido pelos órgãos de ensino é o do papel da Ciência como um processo contínuo na busca do conhecimento. Os conteúdos deveriam ser avaliados de acordo com sua proposta de investigação, por parte do aluno, das observações diretas dos fenômenos, e busca da solução dos problemas levantados. As aulas práticas continuavam sendo uma meta importante, e o método científico a ferramenta para garantir esse processo. Para vocês recordarem as etapas: a) observação do fato; b) levantamento do problema (questionamento); c) levantamento das hipóteses (possíveis respostas a serem testadas); d) experimentação (praticar, exercitar); e) resultados encontrados; f) conclusão.4 – O Ensino de Ciências entre o período de 1970 - 1985 Neste período o mundo ainda vinha sentindo as mudanças do período industrial e consequentemente suas alterações no meio ambiente. As agressões ao nosso planeta passar ser percebida pela população e assim à educação ambiental tem grande valor no ensino de Ciências, onde deveria mostrar para o aluno tais alterações e fazer com que este discutisse as ações do desenvolvimento científico. Na década de 70, o ensino de Ciências em grande expansão, levante um dilema – qualidade X quantidade, onde a escola secundária não deveria ser apenas formadora de um futuro cientista ou profissional liberal, mas principalmente um cidadão crítico inserido em seu meio social. Por mais que o discurso do parágrafo anterior tenha sido citado na lei de Diretrizes e Bases no Brasil, não foi o que realmente aconteceu neste período. O currículo foi atravancado por disciplinas profissionalizantes ou instrumentais, o que suprimiu as disciplinas científicas. O ensino secundário perdeu sua identidade, surgiam os “cursinhos” preparatórios para o vestibular, no qual apenas se fixavam em transmitir informações e reforço do ensino para ingressar na universidade. A consequência disso tudo foi a formação de professores mal qualificados, presos a livros e com pouquíssima prática de ensino e submetidos ao mercado de trabalho com péssimas condições. Outro ponto negativo foi à apresentação literal, em que os livros realmente se tornaram peças fundamentais e essenciais no processo de ensino e aprendizagem, chamado neste período erroneamente de “estudo dirigido”, onde as atividades eram elaboradas com questões de múltipla escolha e raras questões dissertativas que requeriam transmissão basicamente na integra de trechos literais. Paralelamente o governo federal com apoio dos Centros de Ciências e as Universidades, ainda buscavam uma Ciência como sendo capacidade de pensar e desenvolver-se de maneira lógica e crítica. Surgiu então o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino (PREMEN), em 1972, tendo como objetivo principal a Ciência Integrada, o que ainda não foi bem compreendido. O ensino continua com a prática de aulas expositivas, ou textos impressos longos e descontextualizados, onde os alunos deveriam memorizar, sem interesse, apenas como caráter de cumprir para obter nota. Assim, o processo educacional acaba se deparando com profissionais (professores) despreparados, mas não por sua falta de informação, mas com docentes que em sua carreira acadêmica também não tiveram contato sequer com aulas práticas, planejamento e desenvolvimento em laboratório, aulas de campo, durante sua formação de curso, tornando-os inteiramente dependentes de livro-texto, de baixo nível, reforçando mais ainda a impressão de uma educação sem o comprometimento com um ensino que levaria o aluno a pensar em sua sociedade. Com este levantamento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com a Resolução nº 30/74, consegue chamar atenção para o problema da licenciatura. Ensino das Ciências Naturais nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 24 Entre os períodos de 1980-1985 com a crise econômica em todo o mundo, um diploma de ensino médio ou superior, não garante mais um emprego. As salas de aulas lotadas provocam na educação queda na qualidade, resultando imposição social à escola de valores que cabiam à família ensinar, são agora transferidos ao meio escolar, acarretando, com isso, docentes estressados e sem motivação para buscar qualificação permanente. Devido tais situações, os professores organizam- se em associações de classe que tem por finalidade garantir melhoria salarial, condições aceitáveis de trabalho e participação nas decisões. Mais uma vez há necessidade de uma redefinição do processo educacional, envolvendo o desenvolvimento da capacidade de comunicação verbal e escrita, a participação da tecnologia, e a valorização do cidadão. Acompanhem logo abaixo a Evolução do ensino de Ciências elaborado por Krasilchik (2006). Conceito Fator 1950 1960 1970 1980 Situação Mundial Guerra Fria Crise energética Problemas ambientais Competi- ção tecno- lógica Situação brasileira Industrializa- ção/ democrati- zação ditadura Transição política Objetivos do ensino 1º e 2º Graus Formar elite Formar cidadão Preparar trabalhador Formar cidadão- trabalha- dor Infl uências no ensino Escola Nova Comportamen- talista Comporta- mento cognitivista Cognitivis- mo Objetivos da renovação do ensino de Ciências Transmitir informações atualizadas Vivenciar o método científi co Pensar lógica e criti- camente Analisar impli- cações sociais do desenvol- vimento científi co e tecnoló- gico Visão da Ciência no currículo da escola de 1º e 2º Graus Atividade neutra enfatizando produtos Evolução histórica enfatizando o processo Produto do contexto econômico, político, social e de movimentos intrínsecos (a) Repetição do item anterior (a) Metodologia recomendada dominante Laboratório Laboratório mais discussões de pesquisa Jogos e simulações. Resolução de proble- mas (b) Repetição do item anterior (b) Instituições que infl uem na proposição na proposição de mudanças a nível internacional Associações profi ssionais científi cas e instituições governamen- tais Projetos curriculares. Organizações internacionais Centros de Ciências Organiza- ções pro- fi ssionais, científi cas e de pro- fessores Nesta evolução do ensino de Ciências, é possível acompanhar os grandes acontecimentos internacionais e nacionais, permitindo esclarecer o seu significado e suas doutrinas, assim possibilitando ao futuro professor ter compreensão das propostas curriculares e a escolher de forma consciente as estruturas e conteúdos para um ensino de Ciências de qualidade. 5 – O Ensino de Ciências Naturais após os anos 80 Daqui por diante acompanhem o que diz o restante dos PCN’s para o ensino de Ciências. São trechos extraídos na íntegra para que vocês possam acompanhar essa evolução frente a visão do Ministério da Educação. Figura 8 Fonte: portfolioricardo.zip.net Figura 9 Fonte: <ambientalish.blogspot.com Tabela 1 25 Especialmente, a partir dos anos 80, o ensino das Ciências Naturais se aproxima das Ciências Humanas e Sociais, reforçando a percepção da Ciência como construção humana, e não como “verdade natural”, e nova importância é atribuída à História e à Filosofia da Ciência, no processo educacional. Desde então, também o processo de construção do conhecimento científico pelo estudante passou a ser a tônica da discussão do aprendizado, especialmente a partir de pesquisas realizadas desde a década anterior, que comprovaram que os estudantes possuíam idéias, muitas vezes, bastante elaboradas, sobre os fenômenos naturais, tecnológicos e outros, e suas relações com os conceitos científicos. As pesquisas acerca do processo de ensino e aprendizagem levaram a várias propostas metodológicas, diversas delas reunidas sob a denominação de construtivismo, o qual pressupõem que o aprendizado se dá pela interação professor/estudantes/conhecimento, ao se estabelecer um diálogo entre as idéias prévias dos estudantes e a visão científica atual, com a mediação do professor, entendendo que o estudante reelabora sua percepção anterior de mundo, ao entrar em contato com a visão trazida pelo conhecimento científico. As diferentes propostas reconhecem, hoje, que os mais variados valores humanos não são alheios ao aprendizado científico e que a Ciência deve ser apreendida em suas relações com a Tecnologia e com as demais questões sociais e ambientais. As novas teorias de ensino, mesmo as que possam ser amplamente debatidas entre educadores especialistas e pesquisadores, continuam longe de ser uma presença efetiva em grande parte de nossa educação fundamental. Propostas inovadoras têmtrazido renovação de conteúdos e de métodos, mas é preciso reconhecer que poucas alcançam a maior parte das salas de aula onde, na realidade, persistem velhas práticas. Mudar tal estado de coisas, portanto, não é algo que se possa fazer unicamente a partir de novas teorias, ainda que exija sim uma nova compreensão do sentido mesmo da educação, do processo pelo qual se aprende. A caracterização do ensino de Ciências Naturais, no presente documento, pretende contribuir para essa nova compreensão. CIÊNCIAS NATURAIS E CIDADANIA COM A VISÃO DOS PCN’S Desde a Revolução Industrial, em meados do século XVIII, a ciência tem ganhado cada vez mais destaque, pois levou a humanidade a conquistas que pareciam pura ficção: desvendou o interior do átomo, produziu a bomba atômica, chegou à Lua, criou a engenharia genética. Como nem tudo são flores na história da ciência, os PCN’s propõem que a construção do conhecimento científico seja feita a partir de uma visão crítica e integrada com as Ciências Humanas, para que se transforme em um aliado da cidadania. (Disponível em: <www. klickeducacao.com.br/>). A esse respeito, vejamos o que dizem os PCN’s: Durante muitos séculos, o ser humano se imaginou no centro do Universo, com a natureza à sua disposição, e apropriou-se de seus processos, alterou seus ciclos, redefiniu seus espaços, mas acabou deparando-se com uma crise ambiental que coloca em risco a vida do planeta inclusive a humana. Não foi sem repúdio e espanto que a humanidade assistiu à explosão da bomba atômica no Japão e, ainda que sob muitos protestos, à continuidade na produção de armamento nuclear e de outras armas químicas e biológicas, de imenso potencial destrutivo. São fatos que mostram claramente a associação entre desenvolvimento científico e tecnológico e interesses políticos e econômicos. A Ciência que, acima de qualquer julgamento, domina a natureza e descobre suas leis, passa a ser percebida, então, em sua dimensão humana, com tudo que isso pode significar: trabalho, disciplina, erro, esforço, emoção e posicionamentos éticos. É importante, portanto, que se supere a postura que apresenta o ensino de Ciências Naturais como sinônimo da mera descrição de suas teorias e experiências, sem refletir sobre seus aspectos éticos e culturais. Na educação contemporânea, o ensino de Ciências Naturais é uma das áreas em que se pode reconstruir a relação ser humano/natureza, em outros termos, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência social e planetária. Nesse ponto, cabe uma reflexão sobre o que Santos pensa sobre as mudanças propostas pelos PCN’s: em geral, as mudanças apresentadas têm o objetivo de melhorar as condições da formação do espírito científico dos alunos em vista das circunstâncias histórico- culturais da sociedade. As alterações tentam situar a ciência e o seu ensino no tempo e no espaço, enfatizando em cada momento um aspecto considerado mais relevante na forma de o homem entender e agir cientificamente no mundo por meio de um conhecimento que, de modo geral, está além do senso comum. Ensino das Ciências Naturais nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 26 Continue a leitura dos PCN: Um conhecimento maior sobre a vida e sobre sua condição singular na natureza permite ao aluno se posicionar acerca de questões polêmicas como os desmatamentos, o acúmulo de poluentes e a manipulação gênica. Deve poder, ainda, perceber a vida humana e seu próprio corpo, como um todo dinâmico que interage com o meio, em sentido amplo, pois tanto a herança biológica quanto as condições culturais, sociais e afetivas refl etem-se no corpo. Nessa perspectiva, a área de Ciências Naturais pode contribuir para a percepção da integridade pessoal e para a formação da auto-estima, da postura de respeito ao próprio corpo e ao dos outros, para o entendimento da saúde como um valor pessoal e social e para a compreensão da sexualidade humana sem preconceitos. Você observou que nas propostas dos PCN’s para Ciências Naturais, a visão da escola para com a colaboração da cidadania do aluno, encontra- se fortemente comprometida em garantir essa qualidade, por meio dos conteúdos? É por isso que os conteúdos precisam ser compreendidos e trabalhados de forma que possam servir de instrumentos que possibilitem a compreensão da realidade do aluno. Assim, eles poderão discutir, debater, opinar e até mesmo intervir, inserindo desta maneira, nas questões sociais. Em outra importante passagem dos PCN’s lê-se: Além disso, conviver com produtos científi cos e tecnológicos é algo hoje universal, o que não signifi ca conhecer seus processos de produção e distribuição. Mais do que em qualquer época do passado, seja para o consumo, seja para o trabalho, cresce a necessidade de conhecimento a fi m de interpretar e avaliar informações, até mesmo para poder participar e julgar decisões políticas ou divulgações científi cas na mídia. A falta de informação científi co- tecnológica pode comprometer a própria cidadania, deixada à mercê do mercado e da publicidade. Mostrar a Ciência como elaboração humana para uma compreensão do mundo é uma meta para o ensino da área, na escola fundamental. Seus conceitos e procedimentos contribuem para o questionamento do que se vê e se ouve, para interpretar os fenômenos da natureza, para compreender como a sociedade nela intervém, utilizando seus recursos e criando um novo meio social e tecnológico. É necessário favorecer o desenvolvimento de uma postura refl exiva e investigativa, de não-aceitação, a priori, de idéias e informações, assim como a percepção dos limites das explicações, inclusive dos modelos científi cos, colaborando para a construção da autonomia de pensamento e de ação. Figura 10 Fonte: <http://mnegocio.blog.uol.com.br/images/globo.jpg>. O trecho acima evidencia que é fundamental que o professor proporcione a formação de alunos críticos, curiosos, e com ideias solidárias comprometidas com o meio ambiente, de maneira social, realizando seus argumentos sólidos por meio de arguições conceituais científicas, ou seja, de maneira clara, objetiva e embasado cientificamente. Considerando a obrigatoriedade do ensino fundamental no Brasil, não se pode pensar no ensino de Ciências Naturais como propedêutico ou preparatório, voltado apenas para o futuro distante. O estudante não é só cidadão do futuro, mas já é cidadão hoje, e, nesse sentido, conhecer Ciência é ampliar a sua possibilidade presente de participação social e desenvolvimento mental, para, assim, viabilizar sua capacidade plena de exercício da cidadania. CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA NA VISÃO DOS PCN’S Ciência e Tecnologia são heranças culturais, conhecimento e recriação da natureza. Ao lado da mitologia, das artes e da linguagem, a tecnologia é um traço fundamental das culturas. Por exemplo, conhece-se o período paleolítico pelo domínio do fogo e pelo uso da pedra lascada como instrumento de caça e pesca, substituído pela pedra polida, no período neolítico, marcado pelo desenvolvimento da agricultura, da criação de animais e da utilização do ouro e do cobre. Atualmente, em meio à industrialização intensa e à urbanização concentrada, também potenciadas pelos conhecimentos científi cos e tecnológicos, conta-se com a pílula anticoncepcional, com a sofi sticação da medicina científi ca das tomografi as computadorizadas e com a enorme difusão da teleinformática. 27 Ao mesmo tempo, convive-se com ameaças como o buraco na camada de ozônio, a bomba atômica, a fome, as doenças endêmicas não controladas e as decorrentes da poluição. A associação entre Ciência e Tecnologia se amplia, tornando- se mais presente no cotidiano e modificando, cada vez mais, o mundo e o próprio ser humano. Então, a Ciência ajuda o indivíduo a construir verdades sólidas, por meio do conhecimento científico adquirido, decorrente da relação com a natureza. Desta forma, o aluno irá valorizar aexperimentação, juntamente com seu conhecimento próprio, e a tecnologia vem sendo a ferramenta perfeita no auxílio deste aprendizado. Portanto, a divisão que muitas vezes se faz entre o conhecimento científico e o desenvolvimento de tecnologia para a produção e para outros aspectos da vida é, geralmente, imprecisa. Isso vale tanto para a roda d’água medieval, para a pasteurização de alimentos, para as indústrias farmacêutica e química e para o motor elétrico do século passado como para o desenvolvimento do laser, da imunologia e dos semicondutores neste século. Ao descobrir e explicar fenômenos naturais, organiza-se e sintetiza-se conhecimento em teorias continuamente debatidas, modificadas e validadas pelas comunidades científicas. As teorias sinalizam aos cientistas quais fenômenos e problemas investigar, quais métodos empregar. Teorias apresentam-se como conjunto de afirmações, hipóteses e metodologias fortemente articuladas. Daí a importância, do educador, incentivar e orientar o aluno a seguir os passos para se chegar ao conhecimento científico, - trabalhado na aula nº1. É preciso nortear o aluno na busca do saber, mas alguns critérios precisam ser estabelecidos, pois a tendência do cientista (mesmo o aluno) é ter o desejo de descobrir e de entender o porquê das coisas. São, assim, grandes curiosos da natureza. As diferentes Ciências utilizam-se de diferentes métodos de investigação, sendo impreciso definir as etapas de um método científico único e igualmente significativo para todas as Ciências e suas diferentes abordagens. Muitas metodologias vão sendo criadas; às vezes, confundem-se com as próprias pesquisas. Apesar disso, são constantes, na prática científica, os procedimentos de observação, de experimentação, de hipotetização, de quantificação, de comparação e a busca de rigor nos resultados. Embora o processo de acumulação de herança cultural tenha grande significado, o conhecimento da natureza não se faz por mera acumulação de informações e interpretações. A produção científica comporta rupturas e delas depende. Quando novas teorias são aceitas, convicções antigas são abandonadas, os mesmos fatos são descritos em novos termos, criando-se novos conceitos. Um mesmo aspecto da natureza passa a ser explicado segundo uma nova compreensão geral, uma nova linguagem é proposta. Debates e controvérsias acompanham as verdadeiras revoluções do conhecimento, que não se restringem apenas ao âmbito interno das Ciências, mas interagem com o pensar filosófico e a sociedade em geral. Figura 11 Fonte: <mic.editora.stela.org.br>. Com a leitura dos PCN’s sobre Ciências Naturais, foi possível perceber que a ciência está sempre em busca do conhecimento científico e este acaba, como consequência, garantindo ensinamentos sociais, culturais e tecnológicos ao aluno, preparando um cidadão atuante na sociedade e interligado-o ao mundo globalizado. Apenas para concluir esta aula, vejamos o que diz o texto abaixo, da UNESCO, sobre o ensino de Ciência e Tecnologia: considerando que a Ciência e a Tecnologia desempenham um papel muito importante na escola elementar, em 1983, a UNESCO elencou algumas justificativas para a inclusão desses temas nos currículos escolares: • As ciências podem ajudar as crianças a pensar de maneira lógica sobre os fatos cotidianos e a resolver problemas práticos simples. • As ciências, e suas aplicações tecnológicas, podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas. As ciências e a tecnologia são atividades socialmente úteis que esperamos sejam familiares às crianças. • Dado que o mundo tende a orientar-se cada vez mais num sentido científico e tecnológico, é importante que os futuros cidadãos se preparem para viver nele. • As ciências podem promover o desenvolvimento intelectual das crianças. Ensino das Ciências Naturais nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 28 Se ao fi nal desta aula tiverem dúvidas, vocês poderão saná- las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. • As ciências podem ajudar positivamente as crianças em outras áreas, especialmente em linguagem e matemática. • Numerosas crianças de muitos países deixam de estudar ao acabar a escola primária, sendo esta a única oportunidade de que dispõem para explorar seu ambiente de um modo lógico e sistemático. • As ciências nas escolas primárias podem ser realmente divertidas. (UNESCO apud HARLEN, 1994, p. 28-29,). <Disponível: www. faculdadefortium.com.br>. Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar esse tópico, vamos recordar: 1 – A Ciências Naturais e o Currículo escolar Quando iniciamos nossa aula, esta seção aborda o ensino de ciências em relação a sua aplicação no currículo escolar, ou seja, quando a disciplina passa a fazer parte da escolaridade do educando. 2 - Período de Evolução no Ensino de Ciências entre 1950 - 1960 Neste período o ensino de ciências, ocorre após a Segunda Guerra Mundial, e o período da industrialização passa a ser acelerado, assim a mão de obra tecnicista é escassa, forçando o ensino a aprendizagem repetitiva, a memorização. 3 - Fases e Tendências Dominantes do Ensino de Ciências Após a percepção de que o ensino de ciências, não poderia mais ser um processo repetitivo, pois o aluno expressara seu pensamento, trazia seu conhecimento cotidiano, a ciência, passou a ter outro olhar, para o educando, assim começou a surgir o elo: professor ↔ ensino ↔ aluno 4 - O Ensino de Ciências entre o período de 1970 - 1985 Após a grande expansão industrial, o cidadão passou a perceber as consequências desse crescimento e seu reflexo no meio ambiente. Desta maneira o ensino de ciências tornou-se um dois mais bens cotados pelo processo ensino-aprendizagem no que tange a educação dos alunos. Este cidadão agora neste período, têm voz e atitude, mesmo que ainda com algumas repressões da época, ainda assim as questões sobre cuidados ao meio ambiente foram levantadas. 5 - O Ensino de Ciências Naturais após os anos 80 Chegamos a era científica e tecnológica, o aluno consegui guiar-se, após seu aprendizado sobre as etapas do método científico. A evolução científica deu grandes saltos, com o aprimoramento dos equipamentos, que inclusive passaram a chegar na escola. E até o momento o ensino de ciências a cada dia ganha mais espaço juntamente com este mundo tecnológico e globalizado.
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