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Teoria Literária Unidade 2 -Atividade com Respostas

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· Pergunta 1
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do texto O Narrador, do crítico Walter Benjamin:
“Por mais familiar que seja seu nome, o narrador não está de fato presente entre nós, em sua atualidade viva. Ele é algo de distante, e que se distancia ainda mais. Descrever um Leskov como narrador não significa trazê-lo mais perto de nós, e sim, pelo contrário, aumentar a distância que nos separa dele. Vistos de uma certa distância, os traços grandes e simples que caracterizam o narrador se destacam nele. Ou melhor, esses traços aparecem, como um rosto humano ou um corpo de animal aparecem num rochedo, para um observador localizado numa distância apropriada e num ângulo favorável. Uma experiência quase cotidiana nos impõe a existência dessa distância e desse ângulo de observação”.
(BENJAMIM, Walter; BRASILIENSE, Editora (Ed.). Magia e técina, arte e política: O narrador. 1936. Disponível em: <http://letrasorientais.fflch.usp.br/sites/letrasorientais.fflch.usp.br/files/BENJAMIN, Walter_O narrador (._.).pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.)
 
Considerando seus conhecimentos a respeito da tipologia de Norman Friedman, bem como os tipos de narrador e modos de elocução mais frequentes em cada um; os textos já vistos até aqui e o fragmento em destaque, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
O narrador observador ou câmera, da mesma forma em que distancia-se da narração, também produz um efeito estético de maior afastamento do leitor em relação ao texto, ao passo em que este acompanha a história deste ponto de vista: de observador das ações.
	Feedback da resposta:
	Tomando por base o excerto de Walter Benjamin, se o narrador se coloca distante do leitor, assim também estará o leitor mais ou menos distante em relação à história a depender do tipo de narrador, já que o ponto de vista a partir do qual lemos uma história será também o ponto de vista do narrador. Assim, o narrador observador ou câmera, até pela ampla utilização da cena como modo de elocução em seu texto, tende a produzir um maior efeito de afastamento entre o leitor e o texto em questão, visto que o leitor neste caso localiza-se também como observador, afastado da história. Já o narrador onisciente intruso pode ou não afastar o leitor: ao mesmo tempo em que este tipo de narrador impele o leitor a acompanhar suas opiniões pessoais, a seguir uma interpretação enviesada dos fatos narrados, há momentos também em que pode afastar o leitor (ou tentar afastar) para fins estéticos, como ocorre em algumas obras de Machado de Assis, por exemplo em Memórias Póstumas de Brás Cubas: “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.” (ASSIS, Machado de. 1881).
	
	
	
· Pergunta 2
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.
“Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar palavras que vos sustentam. A história – determino com falso livre-arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser mordenoso e inventar modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os meus hábitos uma história com começo, meio e “gran finale” seguido de silêncio e de chuva caindo.
(...) Quem antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu?” Cairia estatelada em cheio no chão. É que “quem sou eu?”
Provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.
A pessoa de quem vou falar é tão tola que às vezes sorri para os outros na rua. Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham.
(...) De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a criação de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu. Cuidai dela porque meu poder é só mostrá-la para que vós a reconheçais na rua, andando de leve por causa da esvoaçada magreza. E se for triste a minha narrativa? Depois na certa escreverei algo alegre, embora alegre por quê? Porque também sou um homem de hosanas e um dia, quem sabe, cantarei loas que não as dificuldades da nordestina.”
(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998.)
 
Indique que tipo de narrador está sendo desenvolvido no trecho.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
Narrador onisciente intruso.
	Feedback da resposta:
	No trecho, percebemos que a obra está narrada na terceira pessoa: Rodrigo S. M. narra a história da nordestina (Macabéa), realizando diversos comentários a respeito de si mesmo, do próprio ato de escrever e da personagem, dialogando com o leitor ao dizer “Cuidai dela (...)”. 
	
	
	
· Pergunta 3
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do conto Viagem à semente, do escritor cubano Alejo Carpentier.
“I
− O que você quer, velho?
Várias vezes a pergunta caiu do alto dos andaimes. Mas o velho não respondia. Andava de um lado para o outro, bisbilhotando, arrancando da garganta um comprido monólogo de frases incompreensíveis. Já haviam descido as telhas, cobrindo os canteiros mortos com seu mosaico de barro cozido. Em cima, os cumes desprendiam pedras de alvenaria, fazendo-as rodar por calhas de madeira, com grande agitação de cal e gesso. E pelas ameias sucessivas que iam desdentando as paredes apareciam – despojados de seu segredo – céus planos ovais ou quadrados, cornijas, grinaldas, dentículos, astrágalos, e papéis colados que se penduravam dos testeiros como velhas peles de serpente em muda. Presenciando a demolição, uma Ceres com o nariz quebrado e a túnica desbotada, listado de preto o penteado de plantas, erguia-se no pátio, sobre sua fonte de máscaras borradas. Visitados pelo sol em horas de sombra, os peixes cinza do tanque bocejavam em água musgosa e morna, olhando com o olho redondo aqueles trabalhadores, negros sobre céu claro, que iam baixando a altura secular da casa. O velho tinha se sentado, com o cajado apontando para a barba, ao pé da estátua. Olhava o subir e baixar de baldes em que viajavam restos apreciáveis. Ouviam-se, em surdina, os rumores da rua enquanto, acima, as polias faziam um concerto, sobre ritmos de ferro com pedras, de seus gorjeios de aves desagradáveis e peitudas.”
(CARPENTIER, Alejo. Viagem à semente. In: CARPENTIER, Alejo. Concerto barroco. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 50-59.)
 
Considerando que os procedimentos formais do texto em destaque replicam-se em todo o conto, assinale a alternativa que indica o tipo de narrador que melhor se encaixa neste tipo de narração.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
Câmera.
	Feedback da resposta:
	Considerando que a mesma estrutura narrativa se replica por todo o conto, observamos os procedimentos de um narrador câmera - ou observador - que busca por sua própria omissão dentro do texto literário, descrevendo muito mais do que sumarizando. Logo, este tipo de narrador também tende à cena em relação à digressão e sumário. Por fim, as formas verbais utilizadas, na terceira pessoa do plural, também nos dão uma pista sobre que tipo de narrador está narrando o conto.
	
	
	
· Pergunta 4
	
	
	
	Leia a seguir um fragmento do conto Colinas como elefantes brancos, de Ernest Hemingway.
“‘Você faria uma coisa por mim?’
‘Faria qualquer coisa por você.’
‘Você pode parar de falar, por favor, por favor, por favor?’
Ele não disse nada mas olhou para as malas encostadas na mureta da estação. Tinham etiquetas de todos os hotéis em que haviam dormido.
‘Mas eu não quero que você faça’, ele disse, ‘eu não me importo com nada.’
‘Eu vou gritar’, a moça disse.
A mulher atravessou a cortina com dois copos de cerveja e os depositou sobre os apoios de feltro úmidos. ‘O trem chega em cinco minutos’, ela disse.
‘O que ela disse?’, perguntou a moça.
‘Que o trem chega em cinco minutos.’
A moça deu um sorriso radiante para a mulher, para agradecer.
‘Acho melhor levar as malas para o outro lado da estação’, o homem disse. Ela sorriu paraele.
‘Está bem. Depois volte e terminamos a cerveja.’
Ele pegou as duas malas pesadas e carregou-as pela estação até os trilhos do outro lado. Espreitou mas não conseguiu ver o trem. Voltando, entrou no salão do bar, onde as pessoas que esperavam o trem estavam bebendo. Bebeu um anis no balcão e olhou para as pessoas. Todas esperavam ordeiramente pelo trem. Atravessou a cortina de contas. Ela estava sentada à mesa e sorriu para ele.
 ‘Está se sentindo melhor?’, ele perguntou.
 ‘Estou bem’, ela disse. ‘Não tem nada de errado comigo. Estou bem.’”
(HEMINGWAY, Ernest. Colinas como elefantes brancos. Tradução: Samuel Titan Jr.. Disponível em: <http://stoa.usp.br/gabrielamorandini/files/2130/12075/7+Colinas+como+Elefantes+Brancos+-+Ernest+Hemingway+OK.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.)
 
Assinale a alternativa que melhor corresponde ao tipo de narrador apresentado.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
Câmera.
	Feedback da resposta:
	Apesar da grande quantidade de diálogos, que poderiam nos levar a pensar no modo dramático como escolha para este texto, observamos a existência de uma descrição dos movimentos do homem, da mulher e das demais pessoas no mesmo ambiente (a estação de trem). A respeito desta descrição, observamos também uma busca por imparcialidade visto que não existem julgamentos ou valorações das atitudes de nenhum personagem. Este apagamento do narrador em um texto com tais características é típico do narrador câmera ou observador. 
	
	
	
· Pergunta 5
	
	
	
	Leia os trechos a seguir, retirados do romance A menina morta , de Cornélio Penna.
“- Não dona Frau, vancê não pode mais costurar êsse babado no vestido, neste vestido (...).
(...) Considerou com grave atenção a roupa posta diante dela pela escrava a reconheceu tristemente ter esquecido de não se tratar de vestuário de gala destinado a figurar nas reuniões da Côrte longínqua, apenas entrevista quando de sua vinda da Europa para ‘As Américas’. Aquêle pesado estofo de pregas duras não iria revestir o corpinho quente e agitado da criança que recebera com tanto carinho e crescera tão diferente da imperiosa e morena imaginada por ela… (...)”
Capítulo I.
“(...) Era ali que devia ser posto o pequenino caixão de cetim branco, nesse momento quase terminado por José Carapina, e fôra esse trabalho demorado porque o escravo o fazia sem enxergar bem o que tinha diante de si, de tal modo seus olhos estavam nublados. (...) Não era o suor que lhe caía do rosto, e abria pequenas manchas no pinho de Riga, muito branco e marmoreado por desenhos em sépia, mas sim lágrimas puras e cristalinas, em contraste luminoso com a pele negra e enrugada. Na alma do velho carpinteiro cativo enovelavam-se pequenos e confusos problemas, que se formavam e desapareciam sem que êle pudesse perceber onde estava a verdade e até onde ia a tentação do demônio, pois parecia-lhe grande crime estar a fazer o caixão onde seria aprisionada a Sinhazinha. (...)”
Capítulo II.
“(...) Mas agora Bruno sabia que o passeio seria bem triste… Ia buscar o padre que viria abençoar a Sinhazinha, para que ela pudesse partir para sempre. Como não iria ela para o Céu, se os anjos deviam estar ansiosos para tê-la em sua companhia? Pensou, pois sempre imaginara que os serafins deviam ter aquêle rosto pequeno e redondo (...).
As bestas olharam para êle, e pôde ler naquelas pupilas luminosas compreensão de tal modo perfeita que não lhe foi possível resistir, e deixou as lágrimas correrem, sem ao menos espiar para todos os lados se alguém o via nesse estado (...).”
Capítulo III.
(PENNA, Cornélio. A menina morta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.)
Indique a que tipo de narrador o texto parece aderir.
 
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
Onisciência seletiva múltipla.
	Feedback da resposta:
	Como podemos observar nos trechos transcritos, o narrador acompanha as reflexões, sentimentos e percepções de diversas personagens (Dona Frau, José Carapina, Bruno), sem se ater a uma em específico, mostrando o que se passa na mente destas personagens hora utilizando o discurso indireto livre, hora sumarizando as experiências.
	
	
	
· Pergunta 6
	
	
	
	Leia o texto a seguir.
O rugido do jaguar abala a floresta; mas o caçador também despreza o jaguar, que já cansou de vencer.
Elle chama-se Jaguaré, o mais feroz jaguar da floresta; os outros fogem espavoridos quando de longe o pressentem.
Não é esse o inimigo que procura, porém outro mais terrível para vencê-lo em combate de morte e ganhar nome de guerra.
Jaguaré chegou à idade em que o mancebo troca a fama do caçador pela glória do guerreiro.
Para ser aclamado guerreiro por sua nação é preciso que o jovem caçador conquiste esse título por uma grande façanha.
Por isso deixou a taba dos seus, e a presença de Jandyra, a virgem formosa que lhe guarda o seio de esposa.
Mas o sol três vezes guiou o passo rápido do caçador através das campinas, e três vezes como agora deitou-se além nas montanhas da Aratuba, sem mostrar-lhe um inimigo digno de seu valor.
 
O romance Ubirajara, de José de Alencar, possui um subtítulo que diz “Lenda Tupy”. Lido o trecho apresentado, retirado do primeiro capítulo do livro, assinale a alternativa correta.
	
	
	
	
		Resposta Selecionada:
	 
No trecho, somos apresentados a Jaguaré, que logo percebemos como personagem principal da história pela exaltação de suas qualidades feita pelo narrador testemunha.
	Resposta Correta:
	 
Justamente, a utilização de um subtítulo como este, que diz “Lenda Tupy” indica uma busca por verossimilhança na obra por parte do autor, que pretende compor um mito a respeito da formação do estado do Tocantins.
	Feedback da resposta:
	Resposta incorreta. O subtítulo e o tipo de narrador escolhidos por José de Alencar nos apontam para uma tentativa de escrever uma história confiável, criar, de fato, um mito de formação. Pensando sobre isto, faz sentido, pensando nas características do narrador onisciente neutro, que o modo de elocução escolhida seja o da sumarização.  
	
	
	
· Pergunta 7
0 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o trecho a seguir, extraído do conto O dia do desmoronamento, de Juan Rulfo.
“- Isto aconteceu em Setembro. Não em Setembro deste ano mas sim no do ano passado. Ou foi no ano anterior, Melitón?
- Não, foi no ano passado.
- Sim, eu bem me lembrava. Foi em Setembro do ano passado, pelo dia vinte e um. Ouve-me, Melitón, Não foi a vinte e um de Setembro o dia do tremor de terra?
- Foi um pouco antes. Quer-me parecer que foi a dezoito.
- Tens razão. Eu por esses dias andava em Tuxcacuesco. Até vi quando se desmoronavam as casas como se fossem feitas de mel, simplesmente, retorciam-se assim, fazendo trejeitos, e vinham as paredes inteiras para o chão. E as pessoas saíam dos escombros todas aterrorizadas, correndo direitinhas para a igreja aos gritos. Mas esperem. Ouve, Melitón, parece-me que em Tuxcacuesco não existe nenhuma igreja. Tu não te lembras?
- Não há. Ali não restam senão umas paredes feitas em quatro bocados que dizem que foi a igreja há coisa de duzentos anos; mas ninguém se lembra dela, nem de como era; aquilo mais parece um curral abandonado infestado de figueirinhas.
- Dizes bem. Então não foi em Tuxcacuesco que me apanhou o tremor de terra, deve ter sido no El Pochote. Mas El Pochote é um rancho, não é?”
(RULFO, Juan. O dia do desmoronamento. In: RULFO, Juan. A planície em chamas. Lisboa: Cavalo de Ferro Editores Ltda, 2003. p. 121-129.)
 
Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de narrador do texto, considerando-se que a estrutura apresentada no trecho segue até o final do conto.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
Modo dramático.
	Feedback da resposta:
	Como vimos, o modo dramático caracteriza-se pela omissão do narrador, de forma que os acontecimentos, percepções e descrições apreendem-sem através das falas das personagens. O que diferencia este tipo de narração de uma câmera ou narrador observador é justamente a ausência de descrições externas às falas das personagens. 
	
	
	
· Pergunta 8
	
	Leia o trecho a seguir, retirado do livro Grande sertão:veredas, de Guimarães Rosa.
“Ao ver, o menino mandou encostar; só descemos. – ‘Você não arreda daqui, fica tomando conta!’ – ele falou para o canoeiro, que seguiu de cumprir aquela autoridade, desde que amarrou a corrente num pau-pombo. Aonde o menino queria ir? Sofismei, mas fui andando, fomos, na vargem, no meio avermelhado do capim-pubo. Sentamos, por fim, num lugar mais salientado, com pedras, rodeado por áspero bamburral. Sendo de permanecer assim, sem prazo, isto é, o quase calados, somente. Sempre os mosquitinhos era que arreliavam, o vulgar. – ‘Amigo, quer de comer? Está com fome?’ – ele me perguntou. E me deu a rapadura e o queijo. Ele mesmo, só tocou em miga. Estava pitando. Acabou de pitar, apanhava talos de capim-capivara, e mastigava; tinha gosto de milho-verde, é dele que a capivara come. Assim quando me veio vontade de urinar, e eu disse, ele determinou: – ‘Há-te, vai ali atrás, longe de mim, isso faz…’ Mais não conversasse; e eu reparei, me acanhava, comparando como eram pobres as minhas roupas, junto das dele.”
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: <http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.)
 
Assinale a alternativa que indica adequadamente o tipo de narrador que está sendo desenvolvido no romance.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
“Eu” como testemunha.
	Feedback da resposta:
	A única mente de que temos acesso é a do narrador, não sabemos de nada a respeito do que se passa com o menino além do que nos é narrado. Entretanto, observa-se pelo uso do pronome oblíquo me e do tempo verbal conjugado na primeira pessoa que o narrador está falando de si mesmo, de uma posição acima do momento de sua história, como observador dos fatos que já sucederam. 
	
	
	
· Pergunta 9
	
	
	
	O trecho a seguir constitui o primeiro parágrafo do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
“– NONADA. TIROS QUE O SENHOR ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucuia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.”
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994. Disponível em: <http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2019.)
 
Tomando por base sua leitura, assinale a alternativa correta a respeito do modo de elocução:
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
Observa-se a utilização de procedimentos de digressão no trecho.
	Feedback da resposta:
	No trecho, observamos que o narrador faz diversas digressões entre os causos e suas implicações filosóficas - é, inclusive, preconceituoso afirmar que a linguagem coloquial e regional não daria conta de elaborar grandes questões filosóficas. Secundariamente, podemos observar diversos momentos em que o narrador descreve imagens, utilizando, então, o modo de elocução da cena. Por fim, Grande sertão: veredas
é um livro conhecido por demonstrar formalmente a premissa do título que lhe dá nome: no início temos uma primeira parte, menor, constituída a partir de digressões que levam o interlocutor do discurso (o tal senhor, que é um espelho de nós enquanto leitores) de causo a causo, como por diversas veredas, até chegar ao grande rio narrativo - que, por contraste, será o sertão - no qual é desenvolvido o centro do romance de formação que tem por personagem principal o jagunço Riobaldo.
	
	
	
· Pergunta 10
	
	
	
	Nos itens a seguir, estão relacionados trechos retirados do romance Grande sertão: veredas e suas possíveis correlações a questões filosóficas.
 
1. “O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 24-25). Relaciona-se ao conceito de formação da subjetividade.
2. “Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o rúim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado…” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 306-307). Relaciona-se ao conceito de propriedade privada.
3. “Sertão é o sozinho. Compadre meu Quelemém diz: que eu sou muito do sertão? Sertão: é dentro da gente. O senhor me acusa?” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 435). Relaciona-se ao conceito de individualidade e pertencimento.
4. “A gente vive repetido, o repetido, e, escorregável, num mim minuto, já está empurrado noutro galho. Acertasse eu com o que depois sabendo fiquei, para de lá de tantos assombros... Um está sempre no escuro, só no último derradeiro é que clareiam a sala. Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 84). Relaciona-se ao conceito de percepção de tempo e destino.
5. “O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente – “Diadorim, meu amor...” Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim escorreu figurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apartado completo do viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas – como quando a chuva entreonde-os-campos. Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade.” (ROSA, João Guimarães. 1994. p. 408-409). Relaciona-se ao conceito de idealização amorosa.
 
Assinale a alternativa que possui apenas afirmações corretas.
	
	
	
	
		
	
	Resposta Correta:
	 
I, III, IV e V. 
	Feedback da resposta:
	Para os já conhecedores da obra de Guimarães Rosa, o conceito de formação da subjetividade estaria implícito e até óbvio, porém no trecho em destaque neste item, observa-se uma divagação de Riobaldo a respeito deste conceito. Também estão presentes, nos outros trechos, reflexões a respeito da dificuldade em categorizar as coisas em apenas boas ou ruins, ignorando-se suas nuances; individualidade enquanto sentimento que permeia as noções de pertencimento e percepção de tempo e destino. Por fim, destaca-seum trecho da belíssima parte em que o narrador discute a respeito de sua idealização amorosa por Diadorim. Em nenhum momento, nos trechos, discute-se o conceito de propriedade privada, apesar de que este conceito, de certa forma, perpassa pela a obra em alguns momentos.

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