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Raíssa Mafra- P5 Problema 02- M02 ESTUDAR O ADENOCARCINOMA GÁSTRICO: Adeno: Significa pertence á uma Glândula Carcinoma: Significa Câncer em células epiteliais Gástrico: Adjetivo que se refere ao estômago A) Definição; O adenocarcinoma é a lesão maligna mais comum do estômago, representando de 90 a 95% de todos os cânceres gástricos. Aproximadamente 3% dos tumores malignos do estômago são do grupo dos linfomas. B) Epidemiologia; O Adenocarcinoma gástrico é uma doença mundial, tendo uma maior incidência em países como: Japão, Chile, China, Portugal e Rússia. Sendo mais comum sua incidência em países socioeconômicos inferiores. É mais frequente no sexo masculino (2:1), com um pico de incidência entre 50-70 anos para ambos os sexos. É um dos principais cânceres fatais, representando 2,5% do total de mortes por câncer nos EUA, superando até as mortes por câncer de pulmão. Os pacientes costumam procurar assistência médica tarde demais, porque os sintomas na fase inicial (potencialmente curável) são discretos e inespecíficos. Tipo mais comum, de alta mortalidade 3 % do total de casos de morte por câncer C) Fisiopatologia; Os adenocarcinomas gástricos podem ser divididos em dois tipos, segundo a classificação de Lauren (1995): intestinal e difuso. O tipo intestinal encontra-se tipicamente no estômago distal, com ulcerações, frequentemente é precedido por lesões pré-malignas. O subtipo intestinal é um tumor bem diferenciado, com formação de estruturas glandulares (tal como o adenocarcinoma de cólon, explicando a nomenclatura “intestinal”). Este subtipo é o mais comum no Brasil e em outros países com alta incidência de Ca gástrico predominando em homens (2:1), idade média em torno de 55-60 anos, e manifestando-se como lesões expansivas, polipoides e ulceradas na endoscopia, mais comumente encontrado no estômago distal. Sua disseminação é quase sempre hematogênica. Em contrapartida, o tipo difuso promove um espessamento disseminado do estômago, especialmente na cárdia, e com frequência acomete pacientes mais jovens. O subtipo difuso é um tumor indiferenciado sem formações glandulares, apresentando as famosas Raíssa Mafra- P5 Problema 02- M02 células em anel de sinete (acúmulo de muco no citoplasma deslocando o núcleo para a periferia). É um tumor “infiltrativo”, manifestando-se na endoscopia com úlceras infiltradas ou linite plástica (infiltração difusa do órgão - estômago não distensível, sem pregas e luz estreitada pela infiltração da parede gástrica pelo tumor). Acomete mais o estômago proximal (cárdia) e tem prognóstico pior que o subtipo intestinal (maior probabilidade de metástases precoces, inclusive com disseminação intraperitoneal). Incide igualmente em ambos os sexos e a idade média de apresentação é mais precoce (em torno dos 40-48 anos). Sua disseminação se faz mais comumente por contiguidade (transmural) e pela via linfogênica (metástases nodais). Possui relação com o tipo sanguíneo A e existem relatos de casos familiares (1-3% dos casos têm transmissão autossômica dominante, relacionada à mutação CDH1 no gene da E- caderina). As características histopatológicas chave no câncer gástrico compreendem do grau de diferenciação, invasão através da parede gástrica, comprometimento de linfonodos e presença ou ausência das células em anel de sinete dentro do próprio tumor. O H. pylori contribui para o surgimento do câncer gástrico por razões inflamatórias na qual a interleucina-11 pode ser central. A infecção crônica pelo H. pylori também promove uma gastrite atrófica crônica resultando em acloridria que, por sua vez, favorece o crescimento bacteriano e a conversão de nitratos (componentes alimentares) em nitritos. Os nitritos, em combinação com fatores genéticos, promovem uma proliferação celular anormal, mutações genéticas e eventualmente câncer. Embora a incidência total de adenocarcinoma gástrico esteja diminuindo, principalmente nos países ricos como EUA e Inglaterra, a de câncer da cárdia gástrica está aumentando. Isso está provavelmente relacionado ao esôfago de Barrett e pode refletir a incidência crescente do refluxo gastresofágico e da obesidade. D) Quadro clínico; Em seus estádios iniciais, o câncer gástrico pode muitas vezes ser assintomático ou provocar apenas sintomas inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Os sintomas tardios incluem inchaço, disfagia, dor epigástrica ou saciedade precoce. Os sintomas mais comuns são a perda ponderal (62%), dor epigástrica (52%),náusea (34%), anorexia (32%), disfagia (26%), melena (20%), saciedade precoce (17%) e dor semelhante à da úlcera péptica (17%). A dor costuma ser constante, sem irradiação e não aliviada com a ingestão de alimento. Em alguns pacientes o alívio temporário pode ser obtido com o uso de antissecretores do ácido gástrico. Nos estádios iniciais do câncer gástrico, o exame físico é normal. Nos estádios tardios, os pacientes se tomam caquéticos e é possível palpar uma massa epigástrica. Se houver metástase hepática é possível encontrar hepatomegalia com icterícia e ascite. O comprometimento de linfonodo supraclavicular esquerdo é chamado de nódulo de Virchow, e o linfonodo periumbilical é chamado de linfonodo da irmã Mary Joseph. O teste do sangue oculto nas fezes pode estar positivo. A metástase no ovário é denominada tumor de Krukenberg. Raíssa Mafra- P5 Problema 02- M02 E) Fatores de risco; Os fatores de risco pra o adenocarcinoma gástrico incluem principalmente fatores: - Fatores dietéticos Sabe-se que consumo de alimentos ricos em nitrito e nitrato, assim como alimentos mal conservados e dietas com baixo consumo de vegetais estão relacionados com o aumento na incidência de câncer gástrico. Além disso, a dieta pode criar um ambiente ideal para proliferação de bactérias, como a H. pylori. Acredita-se que o mecanismo carcinogênico é a conversão de nitratos nos alimentos em compostos N-nitrosos por bactérias no estômago. - Infecção por H.pylori A infecção por H. pylori aumenta cerca de 5 a 6 vezes o risco de câncer gástrico, podendo desencadear em longo prazo gastrite atrófica crônica, principalmente no corpo gástrico. Raíssa Mafra- P5 Problema 02- M02 - Anemia perniciosa Constitui-se um fator de risco por conta da acloridria que ocorre quando as células principais e parietais do estômago são destruídas por uma reação autoimune. Essa mucosa atrófica aumenta o risco relativo de desenvolvimento de câncer gástrico nos pacientes com anemia perniciosa. F) Diagnóstico e segmento (estadiamento TNM, Bormann); O diagnóstico pode ser dado por uma endoscopia digestiva alta com biopsia da lesão em até 95% dos casos. Os tumores podem surgir como pequenas ulcerações da mucosa, um pólipo ou uma massa Uma úlcera gástrica benigna é sugerida pela presença de base regular e lisa, enquanto uma úlcera maligna se manifesta com uma massa em torno da lesão, pregas irregulares e base irregular. A classificação macroscópica mais utilizada para o adenocarcinoma gástrico invasivo é a de Borrmann, que subdivide as lesões em cinco categorias. - Borrmann I ‒ Carcinoma Polipoide. Esta lesão é bem demarcada com áreas de tecido normal em toda a sua volta. Sobrevida média em cinco anos de 40%. - Borrmann II ‒ Carcinoma Ulcerado com margens bem demarcadas e nenhuma infiltração. Esta lesão é impossível de ser diferenciada, somente pelo aspecto endoscópico, da úlcera gástrica benigna. Sobrevida média em cinco anos de 35%. - Borrmann III ‒ Carcinoma Ulcerado e Infiltrante com margens rasas e pouco definidas; geralmente há infiltração da submucosa, muscular própria e serosa. Esta é a apresentação mais comum do câncer gástrico no momento do diagnóstico. Sobrevida média em cinco anos de 20%. - Borrmann IV ‒ Carcinoma Infiltrativo difuso. Lesão difícil de ser definida. Ela se estende por todas as camadas do estômago e em todas as direções. A extensão do tumor ultrapassa significativamente as lesões visíveis. Quando há infiltração de todo o estômago, este tipo é chamado de linite plástica. - Borrmann V ‒ Câncer gástrico,cuja definição não se encaixa em nenhuma das anteriores. Raíssa Mafra- P5 Problema 02- M02 G) Tratamento; A cirurgia é o único tratamento curativo para a doença, e também a forma final de determinar o estadiamento. O câncer de estômago pode ser classificado no sistema TNM quando ao grau de invasão do tumor, ao numero de linfonodos acometidos e à presença ou não de metástases. O prognóstico depende do estágio da doença e da localização do tumor. A cirurgia curativa deve ser tentada na ausência de metástases à distância; o cirurgião, sempre que possível, deve ressecar toda a extensão da neoplasia (mesmo no estágio T4 – tumor invadindo a serosa ou estruturas adjacentes). Devido à tendência do câncer gástrico em se disseminar de forma intramural, o tumor deve ser ressecado com uma ampla margem de segurança. Nas neoplasias de terço distal pode ser feita a gastrectomia subtotal com reconstrução Billhoth II, no entanto as lesões mais próximas da cárdia devem ser tratadas com gastrectomia total e reconstrução em Y de Roux. A linfadenectomia é obrigatória e costuma ser feita de três maneiras: LD1, retidas dos linfonodos até 3cm da margem de ressecção; LD2, LD1 + linfonodos das artérias mais próximas; LD3, LD2 + linfonodos do ligamento hepatoduodenal, pâncreas e raiz do mesentério do delgado. Nos casos onde o estadiamento pós-cirúrgico mostra acometimento linfonodal ou de órgãos adjacentes alguns pacientes podem ter benefício na sobrevida com a radioquimioterapia adjuvante (após a cirurgia). Tumores positivos para a mutação HER-2 se beneficiam da quimioterapia com trastuzumab.
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