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1 Eduarda Rebés Müller Doenças Infecciosas e Circulatórias Pulmonares Pneumonia Adquirida na Comunidade Streptococcus pneumoniae: bactéria mais prevalente Redução da mortalidade nos últimos 15 anos – acesso à saúde, melhora dos padrões socioeconômicos, política de vacinação Escores PSI CURB-65 Característica clínica Pontos Confusão 1 Ureia > 7 mmol/L 1 FR > 30 rpm/min 1 PAS < 90 ou PAD ≤ 60 mmHg 1 Idade > 65 anos 1 2 Eduarda Rebés Müller CRB-65 Mesmos critérios do CURB-65, mas sem ureia → mais rápido de ser realizado TRATAMENTO Antibioticoterapia empírica – até o resultado da cultura de escarro (demora 72h) Depende do patógeno mais provável (Pneumococo) Fatores de risco individuais Presença de doenças associadas Fatores epidemiológicos (viagens recentes, alergias) Relação custo-eficácia (perfil social) Tratamento de pacientes ambulatoriais Amoxicilina Classe: penicilina Inibe a síntese da parede celular bacteriana VO e IV Ajustar doses em pacientes com clearence de creatinina (TFG) < 30 ml/min – pois é uma droga de eliminação renal Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, rash cutâneo, diarreia Amoxicilina + Clavulanato Classe: penicilina Inibe a síntese da parede celular bacteriana O ácido clavulânico inibe as beta-lactamases que inativam a amoxicilina, expandindo seu espectro o Boa opção para pacientes com uso prévio/resistência a amoxicilina VO e IV Ajustar doses em pacientes com clearence de creatinina (TFG) < 30 ml/min – pois é uma droga de eliminação renal Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, rash cutâneo, diarreia o ↑ complicações em pacientes que apresentaram disfunção hepática após uso de penicilina 3 Eduarda Rebés Müller Macrolídeos Azitromicina, Claritromicina o Azitromicina: mais usada, melhor atividade. Escolha para DPOC. Inibição da síntese proteica bacteriana VO e IV Não precisa de ajuste para função renal – metabolismo hepático, excreção por via biliar (predominantemente fecal) Efeitos adversos: anorexia, monilíase, ansiedade Fluoroquinolonas Moxifloxacino e Levofloxacino o Ciprofloxacino não é muito usado, pois não atinge a circulação pulmonar de forma satisfatória Impede replicação, transcrição, reparo e recombinação do DNA bacteriano VO e IV Não precisa de ajuste para função renal Indicado para pacientes alérgicos a betalactâmicos ou macrolídeos Efeitos adversos: cefaleia, tontura, prolongamento do QT no ECG, tendinite, artralgias o Tendência a facilitar ruptura do tendão de Aquiles (FDA) Contraindicações: hipersensibilidade aos componentes, gravidez e lactação Tratamento de pacientes internados em enfermaria Cefalosporina de 3ª geração Classe: beta-lactâmicos Ceftriaxona, Cefotaxime Inibe a síntese da parede celular bacteriana IV e IM Ajuste da dose em doença renal terminal (ClCr < 10 ml/min) Efeitos adversos: erupção cutânea, diarreia Contraindicações: hipersensibilidade aos componentes, RN com hiperbilirrubinemia Ampicilina + Sulbactam Classe: penicilina Mecanismo de ação: o Ampicilina: inibe a síntese da parede o Sulbactam: inibe a beta-lactamase (que causa resistência às penicilinas) IV Ajuste em ClCr < 30 ml/min Efeitos adversos: flebite, diarreia, dor no local da administração Tratamento de pacientes internados em UTI Terapia combinada: redução da mortalidade na PAC grave Quinolona respiratória: Levofloxacino, Quimiofloxacino 4 Eduarda Rebés Müller Terapia alvo-específica Quanto maior o espectro, maior a abrangência de bactérias. Isso pode induzir à resistência. Assim que tiver o resultado da cultura, já desescalona para o menor espectro possível. Uso de corticoide como terapia adjuvante Corticoides associados a antibióticos melhoram a evolução de pacientes com PAC tratados Redução do processo inflamatório Benefícios: redução do tempo de internação, redução do tempo de estabilização clínica, redução da taxa de ventilação mecânica, redução da progressão da doença para SRAG o Ainda não é comprovada a redução na mortalidade! Pneumonia Nosocomial Intra-hospitalar Doença que não estava em incubação no momento da internação Desenvolve-se pelo menos 48h após a internação, em pacientes que não estão em ventilação mecânica Causas: o Microaspiração de bactérias que colonizam orofaringe e VAS – principal! o Disseminação pulmonar de inalação de aerossóis contaminados Bactérias variam de cada instituição, em curtos períodos → importância da CCIH Bactérias mais prevalentes: Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) Fatores de risco: o > 70 anos o Pacientes submetidos a cirurgia abdominal ou torácica o Debilidades funcionais prévias TRATAMENTO Antibioticoterapia empírica, conforme padrões de sensibilidade local (CCIH) e fatores de risco do paciente para patógenos resistentes a antibióticos (uso de atb IV nos últimos 90 dias) O tratamento inicial deve ser com antibiótico de longo espectro (pois ↑ chance de resistência). Após cultura e antibiograma, deve substituir por antibiótico de menor espectro possível. Piperacilina + Tazobactam (Pipetazo) Classe: beta lactâmicos Mecanismo de ação: o Piperacilina: inibe a biossíntese da parede celular o Tazobactam: inibe a beta-lactamase 5 Eduarda Rebés Müller IV Requer ajuste para função renal Efeitos colaterais: diarreia, vômito, cefaleia Cefepime Classe: cefalosporina de 4ª geração Inibe síntese da parede celular da bactéria IV ou IM Requer ajuste para função renal Efeitos colaterais: reações locais, flebite, erupções na pele, diarreia Fluoroquinolona (Levofloxacino) Desuso no meio intra-hospitalar Impede a replicação, transcrição, reparo e recombinação do DNA bacteriano VO e IV Não necessita ajuste para função renal Efeitos adversos: cefaleia, tontura, prolongamento do QT, tendinite, artralgias Contraindicações: hipersensibilidade aos componentes, gravidez e lactação Meropenem Classe: carbapenêmico Inibe a etapa final de transpeptidação da parede celular (ação mais específica que penicilinas e cefalosporinas) IV Requer ajuste para função renal Efeitos colaterais: plaquetopenia, cefaleia, vômitos, prurido Se taxas de MRSA > 20% → adicionar vancomicina ou linezolida Vancomicina Classe: glicopeptídeo Inibe a biossíntese da parede celular IV Requer ajuste para função renal – nefrotoxicidade Dosagem de níveis séricos em pacientes selecionados o Avaliar se a dose está em nível terapêutico adequado ou se é tóxica (pacientes com função renal instável, creatinina alterada que não estabiliza, etc) Efeitos adversos: hipotensão, prurido, calafrios Linezolida Classe: glicopeptídeo Inibe tradução bacteriana e, assim, a síntese proteica IV Requer ajuste para função renal Níveis terapêuticos melhores que Vancomicina Efeitos colaterais: náusea, diarreia, cefaleia Se fatores de risco para organismos multirresistentes (MDR) a antibióticos (ex: uso de atb nos últimos 90 dias) → terapia tripla (2 atb com atividade para pseudomonas + 1 atb com atividade contra MRSA) Cefalosporina antipseudomonas (cefepime ou ceftazidima) ou carbapenêmico antipseudomonas (meropenem) ou betalactâmico (piperacilina/tazobactam) + Fluoroquinolona antipseudomonas (ciprofloxacina ou levofloxacina) ou aminoglicosídeo (amicacina, gentamicina, tobramicina) + Linezolida ou vancomicina 6 Eduarda Rebés Müller Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica Pneumonia de início após 48h de intubação Fisiopatologia: microbroncoaspirações Diagnóstico - Clinical Pulmonary Infection Score (CPIS): 0-6 pontos: pneumonia menos provável 7-12 pontos: pneumonia mais provável TRATAMENTO Antibioticoterapia empírica conforme padrões de sensibilidadelocal e fatores de risco do paciente para bactérias resistentes (uso de atb nos últimos 90 dias) Sem fator de risco para bactérias multirresistentes: Piperacilina + Tazobactam ou Cefepime ou Levofloxacino Sem fator de risco para MDR, mas fator de risco para MRSA (unidade hospitalar com isolamento > 10-20% de MRSA e prevalência desconhecida de MRSA no local): Piperacilina + Tazobactam ou Cefepime ou Levofloxacino + Vancomicina ou Linezolida Sem fator de risco para MDR, mas fator de risco para bacilo gram negativo (unidade com > 10% BGN ou prevalência desconhecida e sem fator de risco para MRSA): Piperacilina + Tazobactam ou Cefepime ou Meropenem + Amicacina ou Gentamicina ou Levofloxacino Sem fator de risco para MDR, mas fator de risco para bacilo gram negativo (unidade com > 10% BGN ou prevalência desconhecida e fator de risco para MRSA): precisa cobrir BGN e MRSA Piperacilina + Tazobactam ou Cefepime ou Meropenem + Amicacina ou Gentamicina ou Levofloxacino + Vancomicina ou Linezolida Sem fator de risco para MDR: Piperacilina + Tazobactam ou Cefepime ou Meropenem + Amicacina ou Gentamicina ou Levofloxacino + Vancomicina ou Linezolida Obs: o MDR: microorganismo multirresistente (do paciente, não do local) o Levofloxacino está em desuso 7 Eduarda Rebés Müller PREVENÇÃO Cabeceira elevada 30-45° Manutenção de pressão de cuff entre 20 a 25mmHg Aspiração constante de VAS e utilização de tubos orotraqueais com dispositivo para aspiração subglótica Utilização de protocolo de interrupção diária da sedação sempre que possível Início de dieta enteral precoce de preferência com cateter posicionado em região pós pilórica Profilaxias para TVP e hemorragia digestiva Higiene oral com clorexidina Tromboembolismo Pulmonar Doença circulatória Alta prevalência Escore de PESI: avalia a mortalidade nos 30 dias seguintes ao diagnóstico (avalia gravidade) TRATAMENTO Alto risco de mortalidade – instabilidade hemodinâmica Internação em UTI Trombolítico Embolectomia pulmonar cirúrgica (se trombólise contraindicada) Trombólise Janela terapêutica: até 14 dias, mas a eficácia é maior nas primeiras 72h Indicações: o Instabilidade hemodinâmica o Déficit de perfusão em mais da metade da árvore pulmonar (TEP maciço) o Falência VD (indicação relativa) Medicações: Alteplase (tPa), Estreptoquinase, Uroquinase Contraindicações absolutas Contraindicações relativas Sangramento intracraniano prévio AVC isquêmico nos últimos 3 meses Dano ou neoplasia no SNC Trauma significante na cabeça ou rosto nos últimos 3 meses Sangramento ativo ou diátese hemorrágica Lesão vascular cerebral conhecida Dissecção aguda de aorta Discrasia sanguínea História de AVC isquêmico há mais de 3 meses ou doenças intracranianas não listadas nas contraindicações absolutas Gravidez Uso atual de antagonista da vitamina K Sangramento interno recente (até 2-4 semanas) Ressuscitação cardiopulmonar traumática e prolongada ou cirurgia de grande porte (há menos de 3 semanas) 8 Eduarda Rebés Müller Risco intermediário Sinais de disfunção de VD + PESI III ou IV Hospitalização (risco de descompensação clínica) e anticoagulação Anticoagulação IV ou VO Se optar por anticoagulação IV: preferir HBPM ou fondaparinux, ao invés da HNF Duração: 5-10 dias HBPM: enoxaparina 1 mg/kg SC 12/12h HNF: o 80 U/kg IV (dose de ataque) + 18 U/kg/hora o Necessita controle de KTTP 6/6h (entre 1,5 e 2,3x valor de referência) Se plaquetopenia: Fondaparinux SC 1x/dia o 50-100kg: 7,5 mg o > 100kg: 10mg Contraindicações: sangramento ativo, trombocitopenia, trauma importante, cirurgia recente e HAS grave Baixo risco Sem sinais de gravidade ou disfunção de VD ou PESI I ou II Baixo risco de complicações e mortalidade Internação hospitalar de curta duração Anticoagulação oral: varfarin e NOAC Varfarin Antagonista da vitamina K → inibição dos fatores de coagulação vitamina K-dependentes (II, VII, IX e X) Ajuste conforme INR (tempo de protrombina) – manter entre 2,0 e 3,0 Não utilizado isoladamente como tratamento inicial (inicia com Varfarina + Enoxiheparina e vai dosando o INR. Quando melhorar, suspende Enoxi e libera com Varfarina). Efeitos colaterais: sangramentos, hematoma, lesões necróticas na pele Contraindicações: gestação (1º tri), doenças hepáticas graves, hemorragias, hemofilias NOAC Novos anticoagulantes orais Tratamento de escolha Rivaroxabana (Xarelto), Dabigatrana, Edoxabana, Apixabana Mecanismo de ação: o Inibe ativação plaquetária e formação de coágulos de fibrina o Inibição direta, seletiva e irreversível do fator Xa Não necessita controle de INR (anticoagula com segurança e já inicia ação na primeira dose) Menor risco de sangramento, maior segurança, custo elevado Contraindicações: sangramentos, náuseas, hipotensão, prurido Tempo de anticoagulação – via oral: Sem câncer: anticoagular por mais de 3 meses (geralmente até 6 meses) Se 1º episódio de TEP (e fator de risco transitório): descontinuar após 3 meses Se TEP recorrente: tempo indeterminado Também considerar se fator de risco não identificável Tratamento alternativo Filtro de veia cava: Indicação: o Contraindicação a anticoagulantes e risco permanente de doença tromboembólica o Embolia pulmonar recorrente em anticoagulação adequada Considerar em: o Embolia séptica o Alto risco de recorrência de TEP o Trombo ileofemoral flutuante livre o Pacientes terminais com histórico de TVP
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