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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE Maputo, 2014 PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS DE MEDICINA INTERNA ii REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA SAÚDE 1a Edicção Maputo, Dezembro de 2014 PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS DE MEDICINA INTERNA ii | Protocolos Terapêuticos Ficha Técnica Título: Protocolos Terapêuticos de Medicina Interna, 2014 Colaboradores Ministro da Saúde Dr. Alexandre Jaime L. Manguele Direcção Nacional de Assistência Médica Dr. Ussene Isse Coordenação Dra Otilia Neves Dra Tânia Sitoe Autores dos textos Dra. Otilia Neves Prof. Dra Alexandra Rodrigues Prof. Dra Elisabete Nunes Dra Anila Hassane Dr. António Sousa Dr. Domingos Diogo Dra. Lina Cunha Dra Rolanda Manuel Dra Gilda Luciano Dra Amélia Cunha Dr. Benjamim Moiane Dra Águeda Duarte Dra Patrícia Silva Dr. Hélder Lopes Dr. Atílio Morais Dra Lúcia Chambal Dra Rosa Boene Dra. Dulce Loforte Dra Nélia Manguele Dra Suraida Kilim Revisores Técnicos Dra. Otilia Neves Prof. Dra Elisabete Nunes Dr. Domingos Diogo Equipa de validação Este Manual foi validado pelos Director da Direcção da Assistência Médica e respectivos Chefes de Departamento, outros profissionais de saúde, além dos Autores dos textos, Revisores Técnicos. Agradecimentos A todos quantos directa ou indirectamente contribuíram para esta 1a Edicção Tiragem - 500 exemplares Protocolos Terapêuticos | iii PREFÁCIO O exercício da profissão médica não se compadece com rotinas assumidas como receitas de actuação, uma vez que cada doente pode ser considerado como um quadro clinico com caracteristicas próprias que requerem raciocinios especificos. No entanto, na senda da procura da optimizacão no uso dos recursos disponiveis e eficazes para actuacão do médico, tem-se ao longo dos anos, procurado por alicerces sólidos e consistentes. O objectivo da padronização na abordagem do paciente em Medicna Interna, é ter o raciócinio necessário para a formulaҁão das hipotéses diagnósticas inerentes a abordagem do paciente para que possa ser minimizada a subjectividade e a insegurança. Assim, procurando–se a excelência na conduta do paciente particularmente em termos terapêuticos, compilou-se o que se encontra disponivel na mais diversa literatura, incluindo aquela que se relaciona directamente com os Programas Nacionais de Saúde em Mocambique. Um dos propulsores desta compilaҁão foi sem sombra de dúvida o facto destas condutas serem objecto de discusão clinica em algumas unidades sanitárias, particularmente as envolvidas na profissionalização especializada, que por não serem acessiveis aos demais circulos profissionais, limita a almejada optimizacão de recursos como também reduz o valor dos resultados das sessðes clinicas. Por outro lado, mesmo acreditando que a globalização da Ciência e da geraҁão do conhecimento leve a que a verdade de hoje seja questionada amanhã pelo dominio de informaҁôes cada vez mais abrangentes e detalhadas sobre o individuo e o meio, os algoritmos de abordagem do paciente em medicina interna permitirão o desenvolvimento de habilidades clinicas que contribuirão para as necessárias competências profissionais de muitos mais mėdicos e tornarão cada vez mais virtuais as distâncias com o especialista nas diferentes áreas. O impacto da disponibilidade da sistematização do conhecimento , apresentada neste manual, poderá vir a mostrar-se imensurável tendo em conta que o Sistema de Referência e Contra- Referência benefeciará ímediatamente dos procedimentos sugeridos e permitirão ao médico que também se encontra nos longinquos distritos deste país, tomar decisðes mais atempadas. O Ministério da Saúde, espera assim contribuir para abordagens mais integradas e menos díspares para situaҁðes com alguma base de semelhanҁa no quadro clinico. A Ministra da Saúde Dra. Nazira Karimo Vali Abdula iv | Protocolos Terapêuticos Protocolos Terapêuticos | v INTRODUÇÃO Os protocolos terapêuticos são basicamente documentos que formalizam o relacionamento entre o profissional de saúde/instituição e o paciente. Com vista a garantir a disponibilidade e o acesso a medicamentos aos moçambicanos, o Ministério da Saúde tem vindo a desenvolver esforços para melhorar o funcionamento dos Serviços Farmacêuticos a nível Hospitalar. Esforços esses que passam pela melhoria dos recursos disponíveis, humanos e financeiros, pelo aumento da disponibilidade de medicamentos e artigos médicos, pela melhoria da gestão em toda a cadeia de aprovisionamento, pela melhoria do uso de medicamentos dentro das Unidades Sanitárias, bem como pela melhoria da escolha do medicamento certo para a patologia certa. É neste contexto que temos o grato prazer de tornar público um trabalho de notável relevância que foi desenvolvido por iniciativa do Ministério da Saúde. Tendo por objectivo contribuir para racionalizar a prescrição dos medicamentos e, por conseguinte, proporcionar em mais elevado grau a qualidade e coerência das terapêuticas e, além disso, moderar os inerentes custos para as famílias e para o Estado, consideramos prioritária a instituição de Protocolos Terapêuticos de Medicina Interna. A disponibilização de Normas de Orientação Terapêutica aos prescritores, permitirá basear melhor a decisão farmacoterapêutica na mais correcta evidência científica e num profundo conhecimento das relações risco/benefício e custo efectividade. Obviamente, as normas não podem abranger todas as complexidades inerentes a cada indivíduo e não substituem nem podem substituir a imprescindível avaliação médica, nem constituem para o médico a única abordagem possível em cada caso. Acreditamos que este Manual, servirá de Guia para o tratamento das doenças bem como suporte para qualquer dúvida por parte dos profissionais de Saúde, independentemente da sua origem, formação ou experiência profissional. Com este primeiro manual de Protocolos Terapêuticos de Medicina Interna, o Ministério da Saúde pretende dar mais um passo rumo à racionalização de recursos, bem como à formação em trabalho dos seus profissionais. vi | Protocolos Terapêuticos Protocolos Terapêuticos | vii 1CONTEÚDOS 1. ASMA BRÔNQUICA ...................................................................................................................... 1 2. DERRAME PLEURAL .................................................................................................................... 5 3. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA ........................................................................ 8 4. PNEUMONIAS .............................................................................................................................. 12 5. FLUXOGRAMA ABCESSO HEPÁTICO ...................................................................................... 21 6. DISPEPSIA ................................................................................................................................... 23 7. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA .......................................................................... 27 8. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA ................................................................. 29 9. ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA ............................................................................. 30 10. HEPATITE B CRÓNICA ........................................................................................................... 37 11. HIPERTENSÃO ARTERIAL .....................................................................................................41 12. CRISE HIPERTENSIVA ............................................................................................................ 48 13. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ................................................................................................... 53 14. EDEMA AGUDO DO PULMÃO ................................................................................................ 64 15. TROMBOEMBOLISMO VENOSO............................................................................................ 71 16. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR ...................................................................................... 75 17. DISLIPIDEMIAS ........................................................................................................................ 80 18. DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA......................................................................................... 86 19. FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL ................................................................................. 88 20. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................................................................ 95 21. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA ...................................................................................... 102 22. INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO .................................................................................... 116 23. DIABETES MELLITUS ........................................................................................................... 120 23.1 CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) .................................................................................. 123 23.2 SÍNDROME HIPERGLICÉMICO E HIPEROSMOLAR ...................................................... 131 23.3 HIPOGLICEMIA .................................................................................................................. 135 24. DOENÇAS DA TIRÓIDE ........................................................................................................ 137 25. SÍNDROME CONVULSIVO .................................................................................................... 146 26. MIELOPATIAS ........................................................................................................................ 149 26.1 Mononeuropatia ................................................................................................................ 149 26.2 Mononeuropatia Multiplex ................................................................................................ 149 27. POLINEUROPATIAS .............................................................................................................. 151 28. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL .................................................................................... 155 28.1 ANTIAGREGAÇÃO E HIPOCOAGULAÇÃO NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 162 28.2 HIPERGLICEMIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ........................................... 168 28.3 HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ................................................................................... 169 28.4 HIPERTENSÃO ARTERIAL NA FASE AGUDA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 172 28.5 HIPERTERMIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ............................................... 173 28.6 HIPOTENSÃO ARTERIAL NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ............................. 174 viii | Protocolos Terapêuticos 28.7 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ESTATINAS . 176 28.8 TROMBÓLISE NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ................................................ 178 29 ANEMIAS ................................................................................................................................ 182 30 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA .................................................................................. 188 36. ARTRITE REUMATÓIDE ....................................................................................................... 201 32 INFECÇÕES CUTÂNEAS ...................................................................................................... 205 33 INFECÇÕES BACTERIANAS OU PIODERMITES ................................................................ 205 38.1 IMPÉTIGO ........................................................................................................................... 205 38.2 ECTIMA ............................................................................................................................... 207 38.3 FOLICULITE ....................................................................................................................... 208 38.4 FURÚNCULO...................................................................................................................... 209 39 MICOSES SUPERFICIAIS ..................................................................................................... 211 39.1 DERMATOFITIAS OU TINEAS .......................................................................................... 211 39.1.1 Tinea do Couro Cabeludo ........................................................................................... 211 39.1.2 TINEA DO CORPO OU TINEA CORPORIS ............................................................... 212 39.1.3 TINEA CRURIS ........................................................................................................... 213 39.1.4 TINEA DOS PÉS E TINEA DAS MÃOS ..................................................................... 213 39.1.5 TINEA DAS UNHAS .................................................................................................... 214 39.2 PITIRÍASE VERSICOLOR .................................................................................................. 216 39.3 VARICELA .......................................................................................................................... 216 39.4 HERPES ZOSTER .............................................................................................................. 219 39.5 SARNA ................................................................................................................................ 220 40 LARVA MIGRANS CUTANEA ............................................................................................... 224 41. TUNGUÍASE ........................................................................................................................... 225 42. MÍASE FURUNCULOIDE ....................................................................................................... 227 43. PEDICULOSE DO COURO CABELUDO .............................................................................. 229 44. ACNE ...................................................................................................................................... 231 45. DERMATITE ATÓPICA .......................................................................................................... 234 46. PRURIGO ................................................................................................................................ 240 47. SÍNDROME FEBRIL ............................................................................................................... 244 48. LINFADENOPATIAS .............................................................................................................. 246 49. SÉPSIS ................................................................................................................................... 248 50. PATOLOGIAS MÉDICAS NA GRAVIDEZ E NO PUERPÉRIO ............................................. 256 51. SÍNDROME METABÓLICO .................................................................................................... 263 52. DISFAGIA ............................................................................................................................... 269 53. PANCREATITE AGUDA ........................................................................................................273 54. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 277 Protocolos Terapêuticos | ix Protocolos Terapêuticos |ASMA BRÔNQUICA 1 1.ASMA BRÔNQUICA Definição É uma doença inflamatória crónica das vias aéreas caracterizada por uma hiperreactividade brônquica e por uma obstrução variável das vias aéreas, reversível espontaneamente ou sob efeito de terapêutica. Etiologia A crise de Asma pode ser desencadeada por um factor já identificado (frio, mudanças súbitas de temperatura ou humidade, exercício, alérgenos, infecção respiratória, tabagismo, poluição e stress emocional) ou então por razões não identificadas. Manifestações Clínicas Dispneia de maior ou menor intensidade, pieira, tosse e ansiedade. Retracção dos espaços intercostais durante a inspiração. Sibilos dominam na auscultação dos campos pulmonares, estando os tons cardíacos francamente acelerados. Diagnóstico O diagnóstico é clinico. Sendo a Asma um processo inflamatório crónico das vias aéreas que leva à hiperreactividade das mesmas ela apresenta-se como um quadro de obstrução generalizada e variável que se reflecte em episódios recorrentes de pieira, aperto torácico, dispneia e tosse geralmente à noite ou nas primeiras horas da manhã. Estes episódios são geralmente reversíveis quer pela acção da terapêutica quer espontaneamente. É importante que se tome em consideração que a Asma está muitas vezes associada a outras manifestações de atopia como a rinite alérgica e o eczema atópico. Em alguns casos pode-se recorrer a radiografia de tórax, exames laboratoriais, provas funcionais respiratórias (espirometria), estudo alergológico, provas de sensibilidade cutânea e dosagem da IgE total e específica. Em certas circunstâncias o diagnóstico diferencial com a bronquite crónica agudizada ou com o edema pulmonar agudo põe-se com acuidade. Tratamento Principais objectivos do tratamento Controle dos sintomas Prevenção das crises Manutenção da função pulmonar o mais próximo do normal Permitir ao paciente manter uma actividade física compatível com a idade Evitar efeitos adversos da medicação Prevenir o desenvolvimento de uma limitação irreversível do fluxo aéreo Evitar a mortalidade por Asma A Global Initiative for Asthma, na sua revisão de 2006, orienta para o tratamento ambulatório baseado no padrão da Asma e na resposta do paciente às medidas terapêuticas. Graus da global initiative for asthma, 2006 GRAU 0 Utilize o inalador da emergência – salbutamol (s.o.s) e, se necessário, brometo de ipatrópio ou albuterol GRAU 1 Um medicamento do período de intercrise ou de manutenção (corticoide inalado ou teofilina) associado ao inalador de emergência (s.o.s.) GRAU 2 Uso de dois inaladores para o período de intercrise (corticoide inalador mais β agonista inalador de acção prolongada ou inalador com corticoide + teofilina) associado ao inalador de emergência. GRAU 3 Vários medicamentos para a manutenção (inalador com corticoide, inalador com β agonista de acção prolongada, corticoide oral) associado ao inalador de emergência 2 | Protocolos Terapêuticos Tratamento em ambulatório Educação do paciente Prevenção Broncodilatadores Anti-inflamatórios A - Broncodilatadores Inalador broncodilatador de acção curta para ser usado nas agudizações. São fundamentalmente de três tipos: Agonistas β adrenérgicos– são os mais potentes broncodilatadores. O início de acção verifica-se em poucos minutos atingindo o pico entre os 60 e 90 minutos após a inalação sendo a duração da acção de 4 a 6 horas. O Salbutamol e a Terbutalina são representantes deste grupo. O uso dos inaladores em S.O.S. deve respeitar algumas regras: devem ser feitas duas descargas sendo a primeira seguida de uma pausa de 3-5 minutos. O paciente deve expirar longamente seguindo- se uma inspiração profunda durante a qual dispara o inalador. Pode ser repetido 4 a 6 horas depois Os agonistas β 2 de longa duração têm uma duração de acção que chega às 12 horas. O Formoterol tem um início de acção nos primeiros três minutos após a inalação. O Salmeterol inicia a sua acção apenas 10 a 20 minutos após a inalação. São utilizados no período inter crises associados a corticoides inalados. É desaconselhado o seu uso isoladamente pois nestas condições são menos eficazes do que os corticoides inalados. Existem no mercado associações de Formoterol+Budenosida e Salmeterol+Fluticasona 1 inalação 2 vezes ao dia. Os anticolinérgicos, também administrados por via inalatória. O Brometo de Ipratrópio, derivado da atropina é o mais utilizado deste grupo de medicamentos. A sua duração de acção é de 4 a 6 horas. Em nebulização pode ser repetido inicialmente de 2/2 horas até 6/6 horas. As Xantinas são também broncodilatadores mas de potência moderada. Os mais utilizados são a Teofilina e a Aminofilina. O seu uso está limitado pela sua toxicidade que deixa uma janela de segurança muito estreita. Acções secundárias: convulsões, ansiedade, cefaleias, arritmias cardíacas, refluxo gastro esofágico, intolerância gástrica. B - Antinflamatórios Os corticoides são os antinflamatórios utilizados na terapêutica da Asma no período inter-crises e nas agudizações A sua acção por via inalatória é fundamentalmente local melhorando a função pulmonar e prevenindo ou reduzindo a intensidade das agudizações. A corticoterapia por via sistémica é efectiva para o tratamento de Asma moderada e grave. Nos pacientes tratados em regime ambulatorial a prednisolona é utilizada na dose de 40-60 mg /dia inicialmente para ser reduzida em 7 a 14 dias. Dose dos medicamentos Salbutamol Solução respiratória: dose: 2,5 – 5 mg 20/20 min – 1h Depois: 2,5 – 1 mg 1/1h - 4/4 h Inalador: 4 – 10 puffs 20/20 min – 4 h Depois: 4 – 10 puffs 1/1 - 4/4 h Brometo de Ipatrópio Solução respiratória: (0,25mg/ampola) dose 0,5 mg 20/20min – 1h. Depois: 0,5 mg 1/1 – 4/4h. Inalador 4 – 10 puffs 20/20 min – 4h. Depois 4 – 10 puffs 1/1 h - 4/4h. Protocolos Terapêuticos | 3 Prednisolona dose 0,5 a 1 mg/kg/dia (se: critérios de gravidade ou ausência de resposta imediata). Aminofilina IV Indução: 5 – 6 mg/kg IV – 30 min. Manutenção: 0,5 – 0,6 mg/kg/h IV. Tratamento no Serviço de Urgência CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE GRAVIDADE DA CRISE ASMÁTICA CLÍNICA LIGEIRA MODERADA GRAVE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA Estado de consciência Pode estar agitado Geralmente agitado Geralmente agitado Sonolento ou confuso Dificuldade Respiratória Ao Andar Ao falar Em repouso Fala Diz palavras completas Diz frases curtas Diz palavras soltas Frequência Respiratória Normal ou aumentada Aumentada > 30/ min. Cianose Não Possível Possível PO2 Geralmente normal > 60 mm Hg < 60 mm Hg A atitude terapêutica será orientada pela gravidade do quadro clínico. A oxigenoterapia a par dos broncodilatadores e dos antinflamatórios corticoides constitui uma rotina na solução da crise aguda. 4 | Protocolos Terapêuticos Protocolos Terapêuticos |DERRAME PLEURAL 5 2.DERRAME PLEURAL Definição É a acumulação de liquido no espaço pleural, que surge como complicação duma grande variedade de patologias quer primárias da pleura, quer secundárias a lesões do parênquima pulmonar ou a doenças sistémicas. Etiologia Em Moçambique não existem dados estatísticos sobre a etiologia do derrame pleural. Anualmente no serviço de Pneumologia do Hospital Central de Maputo são realizadas em média 900 toracocenteses. A experiência do Serviço de Pneumologia do HCM, mostra que a etiologia mais frequente dos derrames pleurais são: a Tuberculose, seguido de Derrame Parapneumónico, Sarcoma de Kaposi e secundário a outros tumores. Manifestações Clínicas Dortorácica pleuritica Dispneia (nos DP mais volumosos e nos de formação rápida) Tosse seca Febre (DP infecciosos) Abaulamento do hemotórax Desvio do ictus cordis e da traqueia Redução da expansibilidade torácica Redução ou ausência do frémito toraco-vocal Macicez ou submacicez na região afectada Redução ou abolição do MV Atrito pleural Diagnóstico Radiológico AP, perfil (localizar o derrame), decúbito lateral (diferenciar derrame da pleurite). Formas atípicas - subpulmonar, loculado, tumor fantasma. Toracocentese Alívio sintomas Caracterização : empiema, quilotórax, hemotórax Estudo do líquido : Exsudato e Transudato Indicações Diagnóstica: Determinar a etiologia do derrame pleural Terapêutica: Aliviar a dispneia, hipoxémia ou desconforto torácico relacionados com acumulação de líquido pleural Contra-Indicações Falta de consentimento e colaboração do paciente Existência de piodermite ou herpes zoster no local Plaquetas < 25.000 6 | Protocolos Terapêuticos Pacientes sob hipocoagulação oral (INR>1,5) ou com heparina de baixo peso molecular em dose terapêutica Complicações Tosse, que ocorre geralmente no final da toracocentese, devido à distensão abrupta dos espaços aéreos. Ela pode ser minimizada se forem retirados volumes inferiores a 1.500 ml. Reflexo vago-vagal, traduzido por sudorese, desconforto geral e sensação de desmaio, também pode ocorrer após a toracocentese. Nesta situação, recomenda-se suspender o procedimento e retomá-lo posteriormente. Pneumotórax Hemotórax, se houver perfuração de algum vaso. Infecção pleural ou dos tecidos moles. Enfisema subcutâneo. Punção de órgão (ex. pulmão, baço, fígado, rim). É prudente a realização de uma radiografia de controle após a punção do espaço pleural de forma rotineira, com o objectivo de se documentar as condições pós-toracocentese. Ecográfico Para localizar o derrame para posterior toracocentese nos seguintes casos: Derrames pequenos Septados Diagnóstico diferencial com Espessamento/Fibrina Tc Torácica Estruturas vizinhas (pleura - liquido / sólido, parênquima) Biópsia Pleural A biópsia pleural está indicada nos casos de derrames recidivantes e ou hemáticos cujo diagnóstico ainda não esta esclarecido e contraindicada em caso de falta de consentimento ou colaboração do paciente. Toracoscopia Para biópsia guiada Pleurodese Consiste na indução (por via mecânica ou química) de um processo inflamatório na superfície pleural, que tem como objectivo o encerramento do espaço pleural. Este procedimento é realizado em casos de derrames recidivantes. Indicações Derrame pleural maligno recorrente Derrame pleural benigno resistente à terapêutica médica Pneumotórax primário - 2.º episódio Pneumotórax secundário - 1.º episódio Protocolos Terapêuticos |DERRAME PLEURAL 7 Contra -indicações Dispneia que não melhora após remoção do líquido pleural Obstrução do brônquio principal Pulmão encarcerado Derrame pleural potencialmente reversível com quimioterapia PH do líquido pleural < 7,15 ou esperança de vida inferior a 2 meses Análise do Líquido Pleural Glucose < 60mg/dl: Artrite reumatóide, Derrame Parapneumónico complicado, Derrame pleural maligno, Pleurite tuberculosa, LES e Ruptura esofágica. Ph <7.2: Derrame Parapneumónico complicado, ruptura esofágica, Artrite Reumatoide, Pleurite tuberculosa, derrames neoplásicos, hemotórax, acidose sistémica, Lupus Eritematoso Sistémico , urino tórax e síndrome de Churg- Strauss. Hemácias Derrame pleural maligno, traumatismo ou tromboembolismo pulmonar. Leucócitos >50% PMN: Processo agudo. Infiltrados concomitantes: DPP, embolia pulmonar e Ca pulmão. Sem infiltrados: embolia, processos abdominais, pleurite viral ou TBC agudas e malignidade. >50% MN: Processo crónico .Neoplasia (linfoma) Marcadores para Tuberculose ADA > 30U/L Cultura de Bk Interferon- gama >140pg/L PCR DNA da micobacteria Acido Hialurónico Mesotelioma Microbiologia, gram e cultura Derrames parapneumónicos 8 | Protocolos Terapêuticos Tratamento 3.DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA Definição A DPOC é um estado patológico caracterizado por uma limitação do débito aéreo que não é totalmente reversível. A limitação ventilatória é geralmente, progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. Etiologia Factores relacionados com o hospedeiro: deficiência de alfa-1-antitripsina, híper-reactividade das vias aéreas. Factores ambientais: fumo do tabaco, exposição significativa a poeiras profissionais e a produtos químicos (vapores, produtos irritantes, fumos) e poluição do ar tanto dentro dos edifícios como no seu exterior. Infecções respiratórias recorrentes na infância. Manifestações Clínicas Graus/ estágios de gravidade da DPOC GOLD 1 Ligeira Obstrução moderada das vias aereascom FEV1 /FVC <0.7 e FEV1>80% do previsto Com ou sem sintomas de tosse e expectoração GOLD 2 Moderada Maior Obstrução das vias aéreas com FEV1 /FVC <0.7 e 50% < FEV1< 80% do previsto Com dispneia para esforço Liquido pleural > 10mm na ecografia ou no RX torax em decubito lateral Sim Não Paciente tem ICC? Antibioterapia e observação=Observação Não Sim Tem derrame pleural , dor torácica ou febre? Não Sim Toracocentese Razão Proteina pleural/sérica >0,5 Razão LDH pleural/sérica>0,6 LDH pleural >200U/L Diuréticos e observação Se o derrame persistir por 3 dias Não Sim Exsudato: Pedir citoquímico, citologia, cultura geral e de BK, ADA Transudato: Tratar como ICC, cirrose, síndrome nefrótico -Linfocitos > 80%/ADA >30 UI - Tratar como tuberculose -Predominio de neutrófilos- tratar como Pneumonia Se não tem causa definida /derrames recidivantes encaminhar para biópsia pleural Protocolos Terapêuticos |DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA 9 GOLD 3 Grave FEV1 /FVC <0.7 e 30% <FEV1<50% do previsto Dispneia em repouso, redução da tolerância ao esforço GOLD 4 Muito grave FEV1 /FVC <0.7 e FEV1<30% e insuficiência respiratória crónica Doenças associadas •Enfisema pulmonar: achado histológico que consiste na destruição alveolar •Bronquite crónica: presença de tosse e expectoração por um período de 3 meses em 2 anos consecutivos e não associado a obstrução das vias aéreas. Diagnóstico Deve considerar-se um diagnóstico de DPOC em qualquer paciente que apresente sintomas de tosse, produção de expectoração, ou dispneia, e/ou uma história de exposição a factores de risco desta doença. O diagnóstico é confirmado por espirometria. Diagnóstico Diferencial da DPOC Diagnóstico Características DPOC Inicio na meia idade Sintomas paulatinamente progressivos Tabagismo crónico Dispneia em exercício Limitação do fluxo aéreo amplamente irreversível Asma Surgimento no inicio da vida Sintomas variam de um dia para o outro Alergia/rinite/ eczema frequentemente presente História familiar de Asma Limitação do fluxo aéreo amplamente reversível Insuficiência cardíaca Finas crepitações basais na auscultação Rx tórax revela dilatação cardíaca e edema pulmonar Testes de função pulmonar com restrição de volume e não limitação do fluxo aéreo Bronquiectasias Grande quantidade de expectoração purulenta Comumente associado a infecção bacteriana Crepitações grosseiras á auscultação pulmonar/ baqueteamento digital Rx/TC tórax mostra dilatação brônquica, espessamento da parede brônquica Tuberculose Surgimento em todas as idades Raio X de tórax com infiltração pulmonar ou lesões nodulares Confirmação microbiológica. Alta prevalência local da tuberculose Tratamento Objectivosdo tratamento Reduzir os factores de risco (Exposição ocupacional e poluentes) Prevenir a progressão da doença Aliviar os sintomas Melhorar a tolerância ao exercício Melhorar o estado de saúde Prevenir e tratar complicações Reduzir a mortalidade Medidas Monoterapia com glicocorticóides sistémicos não indicados no tratamento crónico da DPOC 10 | Protocolos Terapêuticos Mucoliticos não recomendados, excepto a carbocisteina Uso de antitússicos contra-indicado Oxigenoterapia ( SpO2: 88-92%) Broncodilatadores de curta duração (β2 agonistas e anticolinérgicos) Corticóides sistémicos ( 30-40 mg de prednisolona) durante 10-14 dias: melhora a função pulmonar e a oxigenação arterial e reduz o tempo de internamento Antibióticos: se houver sinais de infecção Tratar co-morbilidade Terapêutica da DPOC estável, de acordo com o grau e risco de exacerbações GOLD 1ª linha 2ª linha Alternativa A GOLD 1 e 2 < 1 exacerbação/ ano Anticolinérgicos Ou β2 agonistas de curta acção em SOS Anticolinérgicos ou β2 agonistas de longa acção ou Anticolinérgicos + β2 agonistas Teofilina B GOLD 1 e 2 < 1 exacerbação/ano + sintomas Anticolinérgicos ou β2 agonistas de longa acção Anticolinérgicos + β2 agonistas de longa acção Anticolinérgicos e/ou β2 agonistas de curta acção C GOLD 3 e 4 > 2 exacerbações/ano Corticoide inalador + β2 agonistas de longa acção ou anticolinérgico Anticolinérgicos + β2 agonistas de longa acção Inibidor da fosfodiesterase Anticolinérgicos ou β2 agonistas de curta acção Teofilina D GOLD 3 e 4 >2 exacerbações/ano + sintomas Corticoide inalador + β2 agonistas de longa acção ou anticolinérgico longa acção Corticoide inalador + β2 agonistas de longa acção + anticolinérgico OU Corticoide inalador + anticolinérgico de longa acção OU Anticolinérgico + β2 agonistas de longa acção Carbocisteina Anticolinérgico ou β2 agonistas de longa acção Teofilina Protocolos Terapêuticos |DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA 11 12 | Protocolos Terapêuticos 4.PNEUMONIAS Classificação As pneumonias podem ser classificadas em: Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) - Inflamação aguda do parênquima pulmonar de origem infecciosa, adquirida em ambulatório. Pneumonia associadas a serviços de saúde ou nosocomial ou hospitalar (PNH) - Surge ≥ 48 horas após internamento e até 10 dias após alta, e que não estava em incubação na altura da admissão. Pneumonias adquiridas nos hospitais, associadas ao ventilador ou a cuidados de saúde Pneumonias em imunodeprimidos Etiologia Há vários factores que facilitam a ocorrência das pneumonias, nomeadamente alcoolismo, malnutrição, demência, doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes mellitus, cirrose hepática, insuficiência cardíaca e infecção por HIV. Na literatura em geral está referido que cerca de dois terços das pneumonias agudas adquiridas na comunidade são causadas pelo Streptococcus pneumoniae. Outros agentes como os Haemophilus influenzae, Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae têm responsabilidades também neste quadro. Em pacientes mais idosos com doença pulmonar crónica subjacente a Legionella pneumophila ou o Haemophilus influenzae podem ser causa de pneumonias agudas adquiridas na comunidade. Quando as pneumonias são adquiridas em meio hospitalar são em geral outros agentes identificados (Anaeróbios, Bacilos entéricos gram negativos, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa). Agentes Etiológicos Associados a Condições Específicas HIV oPneumocystis juvenil oMycobacterium tuberculosis oCryptococcus oHistoplasmosis Pacientes submetidos a transplante oFungos (Aspergillosis, Cryptococcus, Histoplasmosis) oNocardia oCMV PACIENTES NEUTROPÉNICOS oFungos ( Aspergillosis) oGram-negatives PRINCIPAIS AGENTES BACTERIANOS PAC S.pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Chlamydophila psittaci or pneumoniae Legionella pneumophila Haemophilus influenzae Moraxella catarrhalis Staphylococcus aureus Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 13 Nocardia Influenza/RSV/CMV Histoplasma, Coccidioides, Blastomycosis PNH E OUTRAS Pseudomonas aeruginosa Staphylococcus aureus Klebsiella pneumoniae Acinetobacter baumanii Patógenos mais comuns em PAC (ordem decrescente) PAC ambulatorial Internados não em UTI Internados em UTI S. pneumoniae S. pneumonia S. pneumoniae M. pneumoniae M. pneumonia Bacilos gram negativos C. pneumoniae C. pneumonia H. influenza Virus respiratórios Virus respiratórios Legionella sp H. influenza H. influenza S. Aureus Legionella sp Manifestações Clínicas CRITÉRIOS DE INTERNAMENTO clínicos Alteração do estado de consciência Temperatura < 35 ou > 40oC FR > 30 por min FC > 125 por min TAS < 90 ou TAD < 60 Presença de comorbilidade significativa Com complicações da infecção (empiema, pericardite, artrite, meningite etc) laboratoriais ou imagiológicos Glóbulos brancos < 4 000 ou > 20 000 Hemoglobina < 9,0 ou Htc < 30% Ureia > 60 Alteração de coagulação sugerindo CIVD Envolvimento multilobar, cavitação ou derrames Acidose (pH < 7,35) PaO2 < 60 mmHg ou PaCO2 > 45 mmHg (na ausência de retenção crónica) com FiO2 a 21% Outros critérios Ausência de via oral Factores sociais Na presença de 1 critério – ponderar internamento; Na presença de 2 critérios – indicar internamento Diagnóstico 14 | Protocolos Terapêuticos O diagnóstico das pneumonias deve ser estabelecido por meio de uma clinica sugestiva e meios auxiliares de diagnóstico. Isto permitirá avaliar a gravidade da doença e identificar o agente patogénico responsável considerando: Sintomas respiratórios Exame objectivo sugestivo Rx do tórax: presença co morbidades como tumorações ou alargamentos hilares ou mediastinais; presença de complicações, como derrame pleural e pneumotórax. Contudo a RX do tórax não deve ser tomada como critério único de decisão uma vez que quando o diagnóstico pelo exame físico é muito sugestivo e a radiografia de tórax não se apresenta com o padrão esperado não se deve alterar a conduta tendo em conta que esta não prevê o agente etiológico. Em caso de: PAC É opcional Contribui para o diagnóstico diferencial: bronquites e rinossinusites agudas. Esclarece caso de PAC que não respondem ao tratamento. Contribui para o estudo do paciente de risco para outras patologias como CA do pulmão PACIENTE INTERNADO Contribui para o diagnóstico: tuberculose ou micoses profundas; A TB e PCP em HIV confundem diagnóstico. Permite avaliar a gravidade e extensão da lesão: MAS A DPOC, ICC e as neoplasias pulmonares. Decidir sobre o inicio da antibioterapia nas primeiras 4 horas após admissão. Diagnóstico de PAC em HIV infiltrado intersticial/ Difuso CONSOLIDAÇÃO SINTOMAS RX TÓRAX Pneumonia? sinais vtais alterados SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: - Tosse - dor torácica - febre - taquicardia - expectoração E S T A B E L E C E N D O DIAGNÓ STICO PAC em HIV 2/14/2014 24SATS 2007 Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 15 SUSPEITA PCP SUSPEITA AGENTS BACTER COMUNS PESQUISA DE PCP TB GRAM CULTURA HEMOCULTUR A INVESTIGAR TTT EMPIRICO PCP TTT EMPIRICO DE PAC, GRAM CULTURA HEMOCULT URA Adaptado de Feldam C. Bacterial PNM in HIV. CME 2001; CONSOLIDAÇÃOINFILTRADO DIFUSO INVESTIGAR 1/29/2014 25 Diagnóstico etiológico Gram/cultura/TSA (expectoração e outras amostras, LBA, indução expectoração) BK, Gxpert, imunofluorescência para PCP Hemocultura Antígenos urinários e testes serológicos Exame da expectoração NA COMUNIDADE oAusência de resposta ao tratamento empírico oTosse por maisde 2 semanas (despiste de TB) NO HOSPITAL PAC moderada a grave co morbidades como diabetes, idade, IR, DPOC, HIV Hemocultura Pacientes hospitalizados com pac moderada/grave. Antígenos na urina Para pneumococoe legionella PAC moderada/grave. Exames simples, rápidos e não influenciáveis pelo uso de antibióticos. A sua sensibilidade varia de 70% a 90%, com especificidade próxima de 100%. Custos elevados Marcadores da Inflamação PROTEÍNA C REACTIVA. valor prognóstico no acompanhamento do tratamento.: níveis elevados após 3-4 dias de tratamento e uma redução inferior a 50% do valor inicial sugere pior prognóstico ou surgimento de complicações PROCALCITONINA -marcador de actividade inflamatória (melhor marcador da gravidade do que PCR). Exames em pacientes hospitalizados Microbiologia na expectoração. Hemoculturas. Antígenos na urina, para pneumococoe legionella. PCR e Testes serológicos para “Patógenos atípicos” na fase aguda C. pneum., Myco., Legionella spp (principalmente indicado casos sem resposta ao TRATAMENTO e surtos). Broncoscopia/outras técnicas. Racionalização dos métodos de diagnóstico ETIOLOGIA AVALIAÇÃO 16 | Protocolos Terapêuticos PAC AMBULATÓRIO Testes desnecessários Rx do tórax opcional PAC ENFERMARIA Gram/cultura expectoração Rx do tórax Avaliar hemocultura Toracocentese se dpl Ag na urina pneumococus/legionella (pacs graves e sem resposta ao tratamento) Testes serológicos MANUSEIOCO MORBIDADES •Hemograma, •ureia/creatinina, electrólitos •Glicemia •Transaminases •HIV •SO2 •Gasimetria se SO<92% PAC NA UCI Todos os anteriores Broncoscopia ou aspirado traqueal na ent traqueal e culturas das s. brônquicas Todos anteriores Ventilação assistida ?? Indicadores de gravidade das PAC Ferramentas para estratificação de risco no sentido de prever: Mortalidade; Avaliar a gravidade dos pacientes adultos com PAC; Ajudar a tomar decisões em relação ao local de Tratamento dos pacientes.Para o efeito existem vários consensos : PSI (Crit. de Fine) – mortalidade; CURB 65 (CRB 65) – gravidade; CURB-65 (CRB-65) (Cada parâmetro do score vale 1 ponto) C- Confusão; U- UREIA> 7 mmol/L; R- FR> 30c/m; B- TAS< 90 mmHg; ou PAD 60 mmHg IDADE 65 anos Critérios de Ewing – índice de UCI SCORE GRAVIDADE MANUSEIO MORTALIDADE 0-1 LEVE AMBULATÓRIO 1, 5% 2 MODERADA OBSERVACÇÃO INICIAL HOSPITAL 9,2 % > 3 GRAVE INTERNAMENTO 22% 4-5 GRAVEMENTE PACIENTE UCI 31% Tratamento Princípios do Tratamento Conhecer os padrões locais da resistência Empírica dirigida para os agentes prevalentes Início da antibioterapia rápido (4-8 hrs) Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 17 Uso de antibióticos isolados ou em associação Na escolha do Esquema do Tratamento considerar local de origem; gravidade da apresentação; custos. TERAPÊUTICA ADEQUADA ANTIBIÓTICO ADEQUADO Rápida Redução do inóculo bacteriano Redução da resposta inflamatória ANTIBIÓTICO INADEQUADO Aumento da proliferação bacteriana Seleção de germes resistentes MORTALIDADE 2/1/2014 44 DOENTE ambulatorio, sem comorbidades Hospitalizado, UCI DOENTE ambulatorio com co morbidades Hospitalizado, enfermaria S pneumoniae M pneumoniae C pneumoniae H influenzae S pneumoniaea M pneumoniae C pneumoniae H influenzae B Entérico GN S pneumoniaea M pneumoniae C pneumoniae H influenzae B Entérico GN Legionella spp Anaerórios S pneumoniaea M pneumoniae H influenzae B Entérico GN Legionella spp S aureus P aeruginosa< 5% mortalidade < 5% mortalidade, 20%hospitalização 5-25% mortalidade 50% mortalidade a Incluindo pneumocócito resistente a medicamentos. American Thoracic Society. Am J Respir Crit Care Med. 2007;163:1730-54.2/1/2014 49 18 | Protocolos Terapêuticos Tratamento das PAC Decisão de internar de acordo com critérios TTT AMBULAT ÓRIO INTERNAME NTO Jovem sem co morbidades Amoxacilina doses altas 1g 8/8h ± Macrólidos/doxiciclina IDADE > 65 ANOS ±Com co morbidades Amoxa clavula ou cefalo 2ªG + Macrólidos/doxiciclina Alternativa quinolona CURB 65 4-5CURB 65 2-4 Sem co morbidades> >65 anos Penicilina G ou Amoxacil/am picilina ± macrólido Altern quinolon Com Morbida >65 ano Amoxacilina clavula ou 2ª ou 3ª G cefalosp ± Macróli Alternat quinolona UCI Amoxacilina clavula ou 2ª ou 3ª G cefalosp E AMINOGLIC ± MACRÓLIDO Alterna quinolona Adaptado GUiDELINE RSA 2009 2/1/2014 50 Ciprofloxacina ev 400 mg 2xs ao dia + Gentamicina ev 9 320 mg/dia) OU Ciprofloxacina Ev 400 mg 2xs ao dia + Imipenem ( 500 mg ev 6/6 hs)/ Meropenem ( 1g ev 6/6hs) OU Ciprofloxacina ev 400 mg 2xs + cefepime ( 2g12/12hs), Ceftazidime ev (1-2 g 8/8hs) OU Ceftazidime + gentam ev ( 320 mg/dia+ macrólido ( eritro ev 1g 6/6 hs ou claritro ev 500 mg 12/12 hs) 2/1/2014 57 Factores de Risco Pa Pseudomonas • Surge em 10% das PAC de pacientes internados • Aspiração provável • Internamento prévio hospitalar • Uso de Antibióticos e/ou corticoesteróides • Neutropénia • Outras co-morbidades (bronquiectasias, CD4 <100, …) A RACIONALIZACÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS É FUNDAMENTAL Beta lactâmicos Os penicilinas Actividade limitada aos G+s, e agentes com actividade Inactivos para M. e C. Pneumoniae, legionella. Actividade contra S. Pneumoniae Parenteral Penicilina G 2-4 milhões 6/6 h Ampicilina ou Amoxa 1-2 g de 6/6h Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 19 contra vários bacilos GN Amoxa clavulamico 1-2 g 8/8 h Ou Amoxicilina 1g 8/8 h Cefalosporinas Com a progressão das gerações aumenta actividade contra GN Mais eficazes contra o S. Pneumoniae e a 2ª G cobre S. Aureus e 3ª cobre G-s Parenteral 2ª G Cefuroxima 1,5g 8/8h 3ª G Cefotaxima 2-4g/d 8/8h, Ceftriaxona 1-2g 12/12 máx. 4g/d ou 1x/dia Ou Cefuroxima 752 mg – 1000 12/12h, Cefpodoxime 400 mg/dia O Clavulanato Associado á Amoxicilina Penicilinas + inibidores beta lactamase activos contra: H. Influenza, anaeróbicos, M. catarrhalis Amoxicilina clavulamico 1g 12/12h ou 625 8/8 h Carbapenémicos Meropenem Imipenem Activos contra germes aeróbios, anaeróbios, G+s e GN; spneumo, pseudo, H. Influen. Reservado PAC por GN Tempo de Tratamento O tempo de tratamento depende: Idade> 65, co-morbilidades, bacteriémia, gravidade inicial e evolução da doença e características específicas dos fármacos utilizados Paciente tratado em ambulatório: 7-10 dias. PNM por ”agentes atípicos”: 2 semanas. Paciente internado em enfermaria: 10-14 dias. Pacientes internados em UCI ou com pneumonias nosocomiais: pode chegar a 21 dias. Seguimento (Resposta Esperada) Melhoria clínica ao fim de 48-72 hrs. Febre pode permanecer por 2-5 dias na PNM Pneumocócica e pouco mais no caso de Staph aureus. Causas de escassa resposta ao tratamento Tratamento inadequado Considerar outros agentes patogénicos menos frequentes Tuberculose Complicações da PAC (atelectasia, empiema, DPL, sepsis, etc). Considerar diagnóstico sem doença infecciosa (Ca do pulmão, sarcoidose, TEP?). Considerar fibroscopia. Controlo radiológico durante e após o tratamento da PAC Nas formas não graves de PAC e com boa evolução clínica não há necessidade de RX do Tórax de controlo durante o tratamento nem no final. Este controle é recomendado nos pacientes com mais de 50 anos, em fumantes, se persistirem sintomas ou sinais no exame físico e quando diagnósticos diferenciais foram considerados. Por outro lado, nos pacientes graves (sobretudo internados) ou com deterioração clínica após início do tratamento, radiografiasperiódicas devem ser solicitados, monitorando a extensão do quadro e o possível surgimento de complicações. Resolução Rx do Torax Se for um paciente saudável e com idade <50 anos, 60% têm RX sem alterações ao fim de 4 semanas 20 | Protocolos Terapêuticos Se Idade> 65, DPOC, alcoolemia, bacteriemia apenas 25% têm RX limpo ao fim de 4 semanas. 21 FLUXOGRAMA ABCESSO HEPÁTICO | Protocolos Terapêuticos 5.FLUXOGRAMA ABCESSO HEPÁTICO História clínica ( tríade: febre, dor no hipocondrio direito, hepatomegalia + sintomas associados +co-morbilidades) Hemograma+VS Bioquimica completa Ecografia abdominal Amebiano Piogénico Abcesso único Drenagem percutânea ( abcesso > 150cm3 ou não mellhora com antibióticos) Drenagem cirúrgica( falha na drenagem percutânea, difícil acesso, ruptura) Metronidazol 750mg VO ou 500mg IV (35-50 mg/kg/dia) 8/8h- 10 dias ou Tinidazol (2g VO 1x/dia)- 3 a 5 dias ou Secnidazol (500mg VO 8/8h)- 5 dias Cefalotina (150‑ 200mg/mg/dia IV 6/6h) + Gentamicina (3 -5 mg/kg/dia IV ou IM 1x/dia) + Metronidazol (35 mg/kg/dia IV ou VO, 8/8h ou 12/12h)- 3 a 4 semanas Sim Não 22 | Protocolos Terapêuticos Protocolos Terapêuticos |DISPEPSIA 23 6.DISPEPSIA Definição De acordo com os critérios de Roma III, dispepsia é definida como um ou mais dos seguintes sintomas: Enfartamento pós-prandial (classificada como síndrome do desconforto pós-prandial); Saciedade precoce (incapacidade de terminar uma refeição de tamanho normal também classificada como síndrome do desconforto pós-prandial); Dor ou desconforto epigástrico (classificada como síndrome de dor epigástrica) . Etiologia A dispepsia pode ser: Orgânica Quando apresenta como causa uma doença orgânica subjacente (cerca de 25%). Causas Gastrointestinais (G.I) mais comuns Úlcera péptica (úlcera gástrica, úlcera duodenal) Medicamentos: AINES, Ferro, digoxina, teofilina, eritromicina, potássio, etc. Causas G.I menos comuns Cancro gástrico Colelitíase Pacientes diabéticos com gastroparésia e/ou dismotilidade gástrica Pancreatite crónica Cancro do pâncreas Patologia do tracto digestivo inferior (p ex. cancro do cólon) Cirurgia gástrica Obstrução parcial do intestino delgado Doenças infiltrativas do estômago ou do intestino grosso Doença Celíaca Cancro do fígado Causas extra G.I. Transtornos metabólicos (urémia, hipocalcémia, hipotiroidismo) Síndromes da parede abdominal Funcional (idiopática ou não ulcerosa) Quando não se identifica a causa (cerca de 75%). A causa da dispepsia funcional não está bem estabelecida, mas existem evidências para: Susceptibilidade genética, infecção pelo Helicobacter pylori e factores psicosociais (Stress, ansiedade, etc.). teste de Serologia para o Helicobacter pylori, não deve ser usado para monitorar a eficácia terapêutica após o tratamento de erradicação, uma vez que os anticorpos permanecem no soro por muito tempo, mesmo se a terapêutica for eficaz. 24 | Protocolos Terapêuticos Tratamento da Dispepsia Funcional Muito importante o paciente prestar atenção aos efeitos após ingestão de certos alimentos. Os alimentos que precipitam sintomas podem ser evitados. A eficácia da terapia dietética não foi estabelecida, mas pode ajudar em alguns casos: Evitar refeições de alto teor de gordura, picantes e ácidos e tabaco; Ingerir refeições menores e mais frequentes durante o dia; O café pode agravar os sintomas e, em alguns casos, se implicado, deve ser evitado. Existem dados muito limitados para apoiar o uso de preparações à base de plantas, simeticone, e doses baixas de antidepressivos tricíclicos em dispepsia funcional. Bismuto, sucralfato, e antiespasmódicos não têm benefícios estabelecidos sobre o placebo na dispepsia funcional. Protocolos Terapêuticos |DISPEPSIA 25 Hipnoterapia, psicoterapia e terapia cognitivo-comportamental são suportados por estudos limitados, mas não devem ser recomendados na generalidade actualmente (Somente em casos específicos). Cessação do tabagismo e consumo de álcool pode ser útil, sem evidência convincente da eficácia. Tratamento de Erradicação do H. pylori 1ª Linha IBP 20mg 2x/d + Claritromicina 500mg 2x/dia + Amoxicilina 1g 2x/dia por 7-10 dias 1ª Linha IBP 20mg 2x/d + Claritromicina 500mg 2x/dia + Metronidazol 500mg 2x/d por 7-10 dias* 1ª Linha IBP 20mg 2x/d + Metronidazol 500mg 2x/d + Tetraciclina 500mg 4x/d por 7-10 dias** 2ª Linha IBP 20mg 2x/d+ Levofloxacina 500 mg 1x/d + Amoxicilina 1g 2x/d por 10 dias 3ª Linha Baseado em teste de sensibilidade de antibióticos Em pacientes com baixa compliance ou alta possibilidade de efeitos colaterais aos medicamentos pode se optar por tratamento sequencial. Avaliar a adesão ao tratamento. Exemplo de terapia sequencial: 1º IBP 20 mg 2x/d +Claritromicina 500mg 2x/d por 5 dias, seguido de 2º IBP 20 mg 2x/d +Amoxicilina 1g 2x/d por 5 dias. *Alergia as penicilinas. **Alta resistência a claritromicina e alergia a penicilinas. 26 | Protocolos Terapêuticos Protocolos Terapêuticos |HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA 27 7.HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA Definição Sangramento proveniente do tubo digestivo, acima do ângulo de Treitz, frequentemente associado a rotura de varizes esofágicas, gástricas, gastropatia da hipertensão portal ou varizes ectópicas. Etiologia Hepatopatias crónicas que culminam em cirrose hepática, fibrose hepática de qualquer origem, trombose da veia porta, trombose da veia esplénica, síndrome de Budd Chiari, Sindrome da Veia Cava Inferior, tumores etc. Manifestações Clínicas Melenas, Hematemese, Anemia Diagnóstico Exame físico: sinais e sintomas associados a patologia de base, ascite, alteração do tamanho do fígado, circulação colateral, esplenomegália, edema, ginecomastia, encefalopatia hepática, hipertrofia das parótidas. Exames laboratoriais Gerais: Hemograma, Função Hepática, Função Renal, Coagulograma Específicos; com vista a fazer o diagnóstico da doença de base: Biópsia Rectal Exames imagiológicos Ecografia Abdominal com ou sem Doppler venoso Endoscopia Digestiva Alta Classificacção das Varizes Esofagicas Varizes esofágicas (Paquet) Grau I: Protusão mínima Grau II: Protusão de cerca de 25% do lúmen Grau III: Protusão de cerca de 50% do lúmen Grau IV: mais de 50% Drogas vasoactivas Fármaco Doses Vasopressina 20U em 200ml de Nacl 0.9% 15-20 min Dose de manutenção 180UI em 1000ml SF 8/8h Somatostatina 250 μg em bolus. Seguido de infusão de 250–500 μg/h Terlipressina 2 mg EV de 4/4hrs nas 1ª 48hrs. Seguido de 1 mg de 4/4hrs até 3 dias. 2mg>70 kg; 1,5 mg peso entre 50-70kg e 1mg < 50 kg Octreotide 50 μg bolus. Seguido de infusão de 50 μg/h Vapreotide 50 μg bolus. Seguido de infusão de 50 μg/h Critérios de Baveno II-III Falência de controle de sangramento em 6 h oUso de > 4 unidades de GV oIncapacidade de aumentar PAS > 20 mmHg do basal ou > 70 mmHg oIncapacidade de reduzir FC em 20 bpm do basal ou < 100 bpm Falência de controle de sangramento após 6 h História clínica ( tríade: febre, dor no hipocondrio direito, hepatomegalia + sintomas associados +co-morbilidades) Hemograma+VS Bioquimica completa Ecografia abdominal Amebiano Piogénico Abcesso único Drenagem percutânea ( abcesso > 150cm3 ou não mellhora com antibióticos) Drenagem cirúrgica( falha na drenagem percutânea, difícil acesso, ruptura) Metronidazol 750mg VO ou 500mg IV (35-50 mg/kg/dia) 8/8h- 10 dias ou Tinidazol (2g VO 1x/dia)- 3 a 5 dias ou Secnidazol (500mg VO 8/8h)- 5 dias Cefalotina (150‑ 200mg/mg/dia IV 6/6h) + Gentamicina (3 -5 mg/kg/dia IV ou IM 1x/dia) + Metronidazol (35mg/kg/dia IV ou VO, 8/8h ou 12/12h)- 3 a 4 semanas Sim Não 28 | Protocolos Terapêuticos oHematemese oRedução > 20 mmHg em PAS após período de 6 h oAumento > 20 bpm em FC após período de 6 h em duas tomadas consecutivas dentro de 1 h oUso de > 2 unidades e papa para manter Htc > 27% e Hb > 9 g/dl Protocolos Terapêuticos |HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA 29 8.HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA Definição Qualquer hemorragia digestiva que ocorra acima do ângulo de Treitz (esofágo, estômago e duodeno) podendo apresentar-se sob a forma de hematemeses e melenas de causa não varicosa. Etiologia Causas comuns Úlcera péptica Síndrome de Mallory- Weiss Esofagite Duodenite Neoplasias Causas raras Discrasias sanguíneas Fístula aorto-entérica Angiodisplasia Hemofilia Lesão de Dieulafoy Divertículo de Meckel Diagnóstico Anamnese- hematemeses e melenas Exame físico: -Vasoconstrição periférica (pele fria e húmida) -Palidez -Taquicardia (pulso> 100 bpm) -Hipotensão (PAS <100 bpm) -Hipotensão postural -Baixo débito urinário <25 ml/h -Diminuição do nível de consciência Exames complementares Endoscopia Digestiva Alta (EDA) Cápsula Endoscópica (hemorragias ocultas). FLUXOGRAMA DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA 30 | Protocolos Terapêuticos 1. IBP Bolus-80 mg Infusão- 80mg em 200ml Nacl 0.9%, 8mg/hora por 72 h. 2. Injecção de solução de adrenalina 1:10.000. 3. Tratamento de Erradicação do Helicobacter pylori: (vide fluxograma de Síndrome dispéptico). 9.ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA HDA Garantir o ABC (vias aéreas, reposição Hídrica) Hemograma completo ( TP, INR, U, Cr) Paciente instável e/ou Sangramento activo Paciente estabilizado Endoscopia logo que possível Hemostasia endoscópica esclerose com adrenalina (1:10000) Recidiva Hemorrágica IBP bolus + infusão contínua à admissão; Sonda nasogástrica ; Eritromicina ( pré endoscópia) 250 mg EV D.U Lesão não identificada Úlcera sangrante ou coto vascular IBP 40mg/ dia + Erradicação do H. Pylori Estabilizar o doente Manter o doente monitorizado+IBP P Lesão identificada Tratamento endoscópico sempre que possível 2ª Endoscopia ou Cirurgia (Função do quadro clínico) Protocolos Terapêuticos |ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 31 Definição Ascite- acumulação de líquido na cavidade peritoneal. Ascite Refractária- definida como sobrecarga hídrica não responsiva à restrição dietética de sódio e uso de diuréticos em dose máxima (furosemida + espironolactona), na ausência de uso de inibidores das prostaglandinas, como antiinflamatórios não esteroidais. Critérios de falência a terapia diurética Pouca ou nenhuma perda de peso; Com excreção inadequada de sódio urinário (< 78 mmol/dia). Etiologia Existem numerosas causas de ascite na doença hepática crónica sendo as principais: Hipertensão portal: cirrose hepática de qualquer etiologia, doença hepática veno-oclusiva (Sindrome de Budd Chiari), Shistosomiase hepática. Hipoalbuminémia: insuficiência hepática (por déficit de síntese de albumina). Manifestações clínicas Os pacientes apresentam tipicamente distensão abdominal progressiva que pode estar associada a desconforto, dificuldade respiratória e ganho de peso. Sintomas- distensão abdominal, sintomas associados a descompensação hepática como confusão mental ou evidência de hemorragia gastrointestinal. Sinais- sinal de onda líquida positivo, macicez móvel a percussão, estigmas de doença hepática crónica: arranhas vasculares, eritema palmar, circulação colateral abdominal, icterícia, atrofia muscular, ginecomastia, leuconiquia, alargamento das parótidas ( na doença alcoolica). Classificacção da ascite Grau 1- ligeira, detectável somente por ecografia; Grau 2- moderada, caracterizada por moderada distensão simétrica do abdómen; Grau 3- Severa, caracterizada por marcada distensão abdominal. Diagnóstico Exame físico Laboratorial Paracentese diagnóstica para determinar as características do líquido. Colheita em 4 frascos para: Citoquímico- contagem celular e diferencial, proteínas, glicose, Lactato desidrogenase e amilase Exame bacteriológico e cultura com teste de sensibilidade Pesquisa de BK – exame directo e cultura Pesquisa de células neoplásicas 32 | Protocolos Terapêuticos Tipo de Líquido Transudato Exsudato Patogénese Aumento da pressão Hidrostática Diminuição da pressão oncótica Aumento da permeabilidade capilar Diminuição da absorção linfática Aspecto Claro Turvo Cor Amarelo pálido Variável (amarelo, vermelho, esverdeado) Coagula espontaneamente Não Variável Contagem de Leucócitos < 500 cel/ µL <250 PMN >500cel/ µL >250 PMN Contagem diferencial Predomínio de células mononucleares Inicialmente predomínio de neutrófilos; Tardiamente predomínio de mononucleares Proteínas <2.5 g/dL ≥2.5 g/dL Ecografia abdominal- mostra acumulação de líquido no espaço de Morrison, espaço subhepático posterior e no fundo saco de Douglas e em caso de doença hepática crónica poderá mostrar ou não sinais de hipertensão portal. Conduta Terapêutica Diuréticos 1. Espironolactona: 100 mg/dia até dose máxima de 400 mg/dia. 2. Furosemida: 20-40 mg/dia até dose máxima 80 mg/dia. Outros Albumina humana a 20 % (paracentese de grande volume, >5 litros), 8 g/ litro durante ou depois da paracentese. Recomendação: Plasmagel/ hemacel/ Soro fisiológico 500 ml (paracentese de médio volume, 3-4 litros) Indicações para a interrupção dos diuréticos Encefalopatia Sódio sérico <120 mmol/L apesar de restrição hídrica Creatinina sérica > 176 mmol/l Protocolos Terapêuticos |ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 33 Hipercalemia e acidose metabólica (pela espironolactona). Peritonite Bacteriana espontanea (PBE) A infecção do líquido ascítico é bastante comum no momento da admissão do paciente com doença hepática crónica. O diagnóstico da PBE é feito pela presença de bactérias no estudo do líquido ascítico e pela presença de elevada concentração de Polimorfonucleares no liquido (≥250 cells/µL ou 0.25 x 10⁹/L) em pacientes sem critérios para tratamento cirúrgico. Tratamento (10 a 14 dias): - 1ª opção (Cefalosporina de terceira geração) o Cefotaxima 1 a 2g EV de 8 em 8 horas ou o Ceftriaxona 1 g EV de 12 em 12 horas - 2ª opção o Amoxicilina com ácido clavulâmico 1g EV de 8 em 8 horas ou o Ciprofloxacina 500 mg EV de 12 em 12 horas. o Passar para via oral logo que possível. 34 | Protocolos Terapêuticos 1º episódio Paracentese diagnóstica Presença de infecção/ PBE Tratament o ATB Restrição de Na (2 gr de sal /dia) Diuréticos poupadores de K (Espironolactona até a dose maxima) Controle da resposta diurética: Peso, circunferência abdominal, excreção de Na urinário >80 meq/dia Manter tratamento * Associar um diurético de ansa (Furosemida até a dose maxima) Manter tratamento* Ascite refractária Não Não Sim Não melhora Não melhora Sim melhora Protocolos Terapêuticos |ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 35 Restrição de Na Suspender BetaBloqueadores Paracenteses de grande volume (>5 L) + Albumina humana 8g/ L + Diuréticos (Se não excretam > 30 mmol de Na urinário) Transplante hepático ou TIPS ou Shunt Peritoneovenoso Mantém tto Ascite Refractária Não melhora melhora 36 | Protocolos Terapêuticos Protocolos Terapêuticos |HEPATITE B CRÓNICA 37 10.HEPATITE B CRÓNICA Definição Hepatite B é a Inflamação do fígado causada pelo vírus da Hepatite B.Classsifica-se em aguda e crónica (permanência do AgHBs por mais de 6 meses). Etiologia O virus da hepatite B (HBV) é um vírus DNA de cadeia dupla pertencente à família de hepadnavírus, classificados em oito genótipos A H (1-3). Epidemiologia A infecção crónica consiste em 5 fases: 1a Imunotolerância - Fase de replicação activa do VHB com carga viral > 20.000 UI / ml. Aminotransferase normal ou levemente elevada (ALT < 2x o limite superior do normal). HBsAg e HBeAg positivas. Alterações mínimas na biópsia hepática. 2a Imunoactiva ou Imunoclearance – A transição da fase de Imunotolerância para a fase imunoactiva ocorre durante a 2a e 3a década em pacientes com infecção perinatal. Caracteriza-se por replicação activa do HBV com carga viral> 20.000 UI/ml. Níveis elevados de aminotransferase (ALT> 1,5 a 2x o limite superior do normal). HBsAg e HBeAg positivas. 3a Portador Inactivo ou portador crónico - Fase não replicativa ou lactente caracterizada por níveis de carga viral baixo ou indetectáveis. Níveis normais de aminotransferase. HBsAg positivo, e HBeAg negativo. 4a Resolução da infecção - Depuração de HBsAg e aparecimento de anti-HBs. 5a Reactivacção - 20 a 30% dos pacientes progridem para uma fase de reactivação, com elevação da carga viral, ALT normal ou elevado, e HBeAg permanece indetectável. Manifestações Clínicas Na hepatite crónica, os pacientes geralmente são assintomáticos ou, a menos que apresentem uma cirrose hepática descompensada. Podem apresentar sintomas inespecíficos como fadiga e, sinais de doença hepática crónica descompensada tais como Icterícia, Esplenomegália, Ascite, Edema Periférico, e Encefalopatia Hepática. A progressão para cirrose é suspeita quando há evidências de hiperesplenismo (leucopénia, anemia e trombocitopénia) ou diminuição da função de síntese hepática (Hipoalbuminémia, prolongamento do tempo de protromblna, e hiperbilirrubinemia). Diagnóstico História clínica: enfatizando factores de risco para a co-infecção pelo VHB e/ou HIV, o uso de álcool, história familiar de infecção pelo VHB e doença hepática crónica; Exames laboratoriais: Hemograma (contagem de plaquetas), perfil hepático (AST, ALT, bilirrubina total, fosfatase alcalina, albumina), tempo de protrombina, AgHBs, anti-HBc, testes de replicação do VHB (AgHBe, anti-HBe, carga viral do VHB), alfafetoproteina (para triagem do carcinoma hepatocelular); Biópsia hepática pode ser considerada para pacientes que preenchem os critérios para a hepatite crónica (HBsAg positivo por > 6 meses, carga viral 2.000 a 20.000 UI / mL, elevação persistente ou intermitente da ALT). FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO DE HEPATITE B CRÓNICA EM ADULTOS 38 | Protocolos Terapêuticos Hepatite B (+) referido Confirmação do teste HBsAg (+) 1.HBeAg, anti-HBc, anti-HCV, Anti-HIV 2.ALT, Albumina 3.Tempo de protrombina 4.AFP 5.Ecografia abdominal HBeAg (-) ALT 1- 2x ALT Normal ALT↑≥2 x ALT Normal ALT↑ ≥2x Sem possibilidade de PCR Carga viral 2000-20,000 UI/ml ALT 6/6 meses Possibilidade de PCR Não possibilidade de PCR ALT/ Carga viral dentro de 3 meses possibilidade de PCR Carga viral ≥ 20,000 UI/ml Biopsia hepática Carga viral ≥ 2000 UI/ml Se score de METAVIR≥F2 Se score de METAVIR ≥F2 Discutir início do tratamento com o Gastroenterologista. ALT 6/6 meses Ecografia abdominal + AFP 1x p/ ano Protocolos Terapêuticos |HEPATITE B CRÓNICA 39 Tratamento da Hepatite B Crónica no Adulto Medicamentos Doses Duração de tratamento Interferon-Alfa (IFN-α) 5-10 MU (sc) 3x /semana → HBeAg (+): 16 a 32 semanas → HBeAg (-): 12 a 24 meses Interferon- Peguilado (PegIFN) 90-180 μg (sc) 1x /semana → HBeAg (+): 6 meses → HBeAg (-): 12 meses Lamivudine •Adulto: 100 mg/d (vo) •Co-infectado pelo HIV: 150 mg 2x/d (vo) (combinação com outros ARV). 4-5anos? Tempo indeterminado? (controverso). Para HBeAg (+) recomendado fim do tratamento: → Após ser conversão HBeAg Para Anti-HBe, com HBV-DNA indetectável em 2 ocasiões separadas num período de 6 meses, ou 12 meses após ser conversão do HBeAg. HBeAg(-) → Após HBV-DNA indetectável em 3 ocasiões separadas num período de 6 meses, ou perda do HBsAg. Adefovir 10 mg/d (vo) Entecavir 0.5 mg/d (vo) 1 mg/d (vo) com resistência a lamivudina Telbivudina 600 mg/d (vo) Tenofovir 300 mg/d (vo) Tratamento da Hepatite B Crónica nos pacientes com Cirrose I.Compensada IFN?, Tenofovir, Entecavir, ou Lamivudina II.Descompensada Tenofovir, Entecavir, ou Lamivudina Tratamento da Hepatite B Crónica nos Pacientes Co-infectados pelo HIV I.CD4+ > 500 cell/μl a. Interferon-alfa (IFNα), b. Adefovir, c.Telbivudina, d. Tenofovir (TDF) e Lamivudina (3TC) associados a um inibidor não nucleosideo da transcriptase reversa (ITRNN), ou a um inibidor da protease potencializados com ritonavir (IP/r).. II.CD4+ ˂ 500 cell/μl Deve-se iniciar o TARV incluindo Tenofovir (TDF) e Lamivudina (3TC) associados ao Efavirenz (EFV). III.CD4+ ˂ 500 cell/μl com doença hepática activa 40 | Protocolos Terapêuticos Tratar primeiro a hepatite B para prevenir a síndrome de reconstituição imunológica. Antivirais com dupla actividade terapêutica contra o HBV e HIV Tenofovir (TDF), Lamivudina (3TC), Entricitabina (FTC), e Truvada (Tenofovir-Entricitabina). Protocolos Terapêuticos |HIPERTENSÃO ARTERIAL 41 11.HIPERTENSÃO ARTERIAL Definição A hipertensão arterial sistémica (HAS) é actualmente definida como uma elevação da pressão arterial diastólica (PD) acima de 89 mmHg e/ou pressão sistólica (PS) acima de 139 mmHg, em pelo menos duas consultas consecutivas Manifestações Clínicas A hipertensão acelerada ocorre com PD geralmente acima de 130 mmHg e caracteriza-se pela presença de exsudatos e hemorragias no exame de fundo de olho. Quando, além dos achados descritos, encontramos a presença de papiledema, denominamos hipertensão maligna. Actualmente essas duas situações são consideradas em conjunto, por apresentarem prognóstico semelhante. Na ausência de lesão aguda e grave em órgão-alvo, são classificadas como urgência hipertensiva. Pseudoemergências Hipertensivas: A elevação da PA pode ocorrer como resposta adaptativa a diferentes estados fisiológicos como exercício, actividade sexual, medo, ansiedade e dor. A simples constatação de níveis anormais numa única mensuração, realizada em ambiente atípico para o paciente, num momento de ansiedade ou de dor, pode gerar um rótulo de crise hipertensiva e um tratamento desnecessário, desencadeando uma série de eventos potencialmente iatrogénicos. A Nifedipina, por sua facilidade posológica, é uma droga amplamente utilizada embora não esteja isenta de riscos. Há relatos de acidente vascular encefálico e de enfarto agudo do miocárdio, após uma única dose de 10 mg de Nifedipina. A magnitude da queda pressórica, após administração dessa droga, é imprevisível. Além disso causa activação simpática e taquicárdia reflexa, podendo instabilizar placas ateroscleróticas. A sua utilização por via sublingual também não faz sentido, pois a sua absorção não é feita por essa via e sim pela mucosa gastrointestinal. Avaliação Clínica identificar factores precipitantes, identificar evidência de lesão aguda em órgão-alvo, obter informações sobre antecedentes de hipertensão arterial (duração, gravidade, níveis de controle), medicações utilizadas e lesões de órgão-alvo pré-existentes. realizar exame físico, com ênfase para o exame de fundo de olho, procura de sinais de insuficiência cardíaca, dissecção de aorta ou disfunção neurológica. A pressão arterial deve ser medida nas posições supina e de pé. A rotina inicial deexames complementares deve incluir ECG, RX de tórax, urinanálise, hemograma, ureia, creatinina, glicémia e electróiitos. Qualquer evidência de dano agudo em órgão-alvo deve orientar para o diagnóstico de emergência hipertensiva. Nesses casos deve-se proceder à monitorização cardíaca, acesso venoso e terapia imediata com droga intravenosa, na maioria das vezes. O paciente deve ser internado, preferindo-se o manuseio em CTI. Drogas para o Manuseio da Crise Hipertensiva Crise Hipertensiva - Manuseio Terapêutico Drogas Dose Inicio de Acção Nitroprussiato de sódio 0,25 a 10 mg/kg/min Imediato Nitroglicerina 5 a 100 mg/min em infusão contínua 2 a 5 min http://www.rbconline.org.br/wp-content/uploads/03425.jpg http://www.rbconline.org.br/wp-content/uploads/03425.jpg 42 | Protocolos Terapêuticos Diazóxido 50 a 100 mg EV ou 15 a 30 mg/min em infusão contínua 2 a 4 min Enalapril 0,625 a 5 mg EV de 6/6h 15 min Propanolol 1 a 10 mg EV ou 3 mcg/hora em infusão 1 a 2 min Metoprolol 3 bolus de 5 mg EV 1 a 2 min Labetalol 20 a 80 mg EV em bolus, cada 10 min 5 a 10 min Fentolamina 5 a 15 mg EV em bolus, cada 10 min 1 a 2 min Hidralazina 10 a 20 mg EV em bolus 10 a 20 min Captopril 25 mg VO 10 a 15 min Clondina 0,100 a 0,600 mg em 6h 15 a 20 min O nitroprussiato de sódio, por ser uma droga com início de acção imediata e de fácil titulação, é o anti-hipertensivo preferível na maioria das emergências hipertensivas. É um vasodilatador directo com acção balanceada sobre pré e pós-carga, sendo actualmente a droga com efeito hipotensor mais potente que existe. A intoxicação por cianeto é rara e a toxicidade pelo tiocianato é incomum, se seguida a dosagem recomendada. Esta manifesta-se por náuseas, vómitos, cefaleia, delírios e um quadro de psicose tóxica, e ocorre quando o nível sérico de tiocianato excede 1,7 mmol/L. O quadro é completamente reversível com a descontinuação da droga. A nitroglicerina é um vasodilatador predominantemente venoso, reduzindo a pré-carga e o consumo de oxigénio miocárdico. Tem acção sobre artérias coronárias de condutância mais importante que o nitroprussiato. Por essas razões é a droga de escolha para o manuseio de crise hipertensiva associada a síndromes isquémicas coronárias. A hidralazína é um vasodilatador arteriolar, podendo levar à taquicardia reflexa e à retenção hídrica. Seu uso, actualmente, está restrito ao manuseio de emergências hipertensivas relacionadas a pré-eclâmpsia e eclâmpsia. A fentolamina é um bloqueador alfa-adrenérgico com acção tanto nos receptores pós-sinápticos (alfa 1) como nos pré-sinápticos (alfa 2). É a droga de escolha no tratamento de crise hipertensiva por feocromocitoma. O labetalol é um β bloqueador não selectivo que também apresenta actividade alfa- bloqueadora. Alguns autores o consideram como droga de escolha para o tratamento de dissecção aguda de aorta e como uma boa opção no manuseio de crises hipertensivas com complicações cerebro-vasculares. A nicardipina, é um bloqueador vem sendo usado com sucesso por via intravenosa. O seu rápido início de acção e a possibilidade de se usar doses tituladas fazem dessa droga uma atraente opção para o tratamento de crises hipertensivas. Diuréticos venosos ainda são muito utilizados nas unidades de emergências. Seu uso, no entanto, só se justifica em situações específicas, como na presença de insuficiência cardíaca ou insuficiência renal. Das drogas disponíveis para uso oral, a nifedipina foi a mais utilizada na última década. Entretanto, essa droga é potencialmente danosa e não deve ser utilizada no tratamento de crises hipertensivas. Como opções no tratamento das urgências hipertensivas, aconselha-se o uso de drogas que reduzam a PA de forma gradual como captopril, β bloqueadores ou clonidina. A Auto-Regulação do Fluxo Cerebral: Quando a pressão arterial cai, ocorre vasodilatação cerebral. Quando há elevação da PA, ocorre vasoconstrição, no sentido de manter constante o fluxo cerebral. Entretanto, quando a pressão cai abaixo de um determinado limite (geralmente 60 a 70 mmHg de PAM em normotensos), ocorre perda desse mecanismo, levando a hipoperfusão cerebral. A auto-regulação ocorre de maneira diversa em normotensos e hipertensos. A hipertensão crónica Protocolos Terapêuticos |HIPERTENSÃO ARTERIAL 43 desvia a curva de auto-regulação para a direita, de modo que a diminuição do fluxo cerebral ocorre com níveis de PA mais altos que em indivíduos normotensos. Se reduzimos bruscamente a PA para valores “normais”, podemos ultrapassar o limite inferior da auto-regulação, causando hipoperfusão cerebral. Manuseio das Emergências Hipertensivas Encefalopatia Hipertensiva. Quando o limite superior da auto-regulação cerebral é excedido, ocorre hiperperfusão cerebral, resultando em edema, petéquias hemorrágicas e microinfartos, quadro conhecido como encefalopatia hipertensiva. As manifestações mais comuns são cefaleia, náusea, vómitos, distúrbios visuais e cognitivos. A evolução é tipicamente insidiosa, com relato de sintomas progressivos nas últimas 48 a 72 h, dado útil no diagnóstico diferencial com acidentes cerebrais hemorrágicos. A droga de escolha é o nitroprussiato de sódio. A redução da PA deve ser gradual no período de 1 a 3h. O objectivo é reduzir a PAM em 20% ou obter PA diastólica entre 100-110 mmHg. Se a redução da PA não for acompanhada de melhora clínica, com alívio dos sintomas e melhora do nível de consciência, o diagnóstico deve ser revisto. Hemorragia Subaracnoideia. As hemorragias subaracnóides resultam da ruptura de aneurismas em malformações arteriovenosas cerebrais. Frequentemente há espasmo importante em áreas adjacentes ao sítio da hemorragia. Uma redução brusca e excessiva da PA pode pôr em risco essa área já isquémica, podendo levar a infartos. Recomenda-se que o tratamento anti-hipertensivo deva ser iniciado apenas quando a pressão arterial sistólica estiver acima de 180 mmHg. O nitroprussiato de sódio, pela fácil titulação, é a droga de escolha. A pressão deve ser gradualmente reduzida num período de 6 h, não devendo ultrapassar 25% da PAM. A pressão sistólica deve ficar em torno de 130 a 160 mmHg. A administração oral ou parenteral de nimodipina, um bloqueador dos canais de cálcio, reduz o risco de má evolução na hemorragia subaracnóide em 42%. Essa redução de risco não parece estar relacionada à redução da PA ou à vasodilatação cerebral e sim à proteção neuronal, devido à inibição do influxo de cálcio para o interior da célula. Hemorragia Intracerebral. O edema cerebral, presente nesta situação, pode levar a um aumento da pressão intra-craniana, exigindo pressão arterial mais alta para perfundir o cérebro adequadamente. Muitos pacientes têm hipertensão após um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, mas poucos necessitam de tratamento de emergência. Em muitos pacientes, a PA cai espontaneamente quando dor, agitação, vómitos e hipertensão intracraneana são controlados. Quando a pressão arterial está muito elevada, uma redução gradual deve ser tentada, sendo o nitroprussiato de sódio e o labetalol as drogas de escolha. De acordo com determinações da American Heart Associatíon, o tratamento só deve ser iniciado se a PA sistólica for maior que 180 mmHg ou quando a PA é maior que os valores prévios ao AVC (se conhecidos). O nitroprussiato tem a vantagem de ter efeito imediato e de curta duração, porém provoca vasodilatação cerebral, podendo aumentar a pressão intracraneana. É reservado para o tratamento da hipertensão grave, enquanto que o labetalol é preferido nas elevações menos intensas de PA. O objectivo do tratamento é manter a PA sistólica menor que 220 mmHg ou a pressão média inferior a 130 mmHg. Tratamento de Anti-Hipertensivo no AVC Hemorrágico, segundo a American Heart Association Pressão arterial Tratamento PAS ˃ 230 ou PAD ˃ 120 mmHg Nitroprussiato de sódio (0,5
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