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Introdução ao Antigo Testamento - E J Young

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Prévia do material em texto

E. J. Young
In t r o d u ç ã o
\ , Á ‘t
INTRODUÇÃO
AO
ANTIGO
TESTAMENTO
Introdução ao 
Antigo Testamento
Por
EDWARD J. YOUNG, Th. B., Th. M., Ph. D.
Professor de Antigo Testamento no 
Westminster Theological Seminary 
Philadelphia, Pennsylvania, USA.
1a edição, 1964 
2a edição, 2012
3
Este livro foi digitalizado com base na edição em português de 1964, 
atualmente esgotado e objeto raro em qualquer biblioteca, são 
poucos os felizardos que têm uma cópia. Eu mesmo levei 6 anos 
para encontrar a minha num sebo virtual. Praticamente não foram 
feitas alterações no texto: apenas algumas em função do uso 
atualmente incorreto de certas expressões e os recuos dos 
parágrafos foram alterados, pois não foi bem entendido por mim a 
necessidade deles em certas porções se não havia clara citação de 
outra fonte. Portanto, sendo a primeira versão, ainda sem capa, por 
razões do rico conteúdo para o estudante bíblico, disponibilizo esse 
texto neste formato, sendo que no futuro, se conseguir uma alma 
caridosa que faça uma capa, vou atualizar o texto utilizando a 
versão em espanhol de 1977, a qual está disponível na rede e 
modificar as citações de acordo com a NVI, que é a melhor tradução 
disponível ao público brasileiro até o momento.
Caso queira alertar sobre algum erro de digitação ou alguma 
sugestão quanto à formatação do texto ou mesmo queira fazer a 
capa (com os devidos créditos publicados na edição), entre em 
contato pelo e-mail: luisepris@yahoo.com.br
Aproveitem a leitura e bons estudos!
Luis Souza
mailto:luisepris@yahoo.com.br
Ag r a d e c im e n t o
Queremos expressar aqui nosso profundo agradecimento aos seguintes 
publicadores, pela permissão de citarmos as obras que seguem seus nomes:
The American Schools of Oriental Research (Nelson Glueck: The Other Side 
of Jordan); Harper and Brothers (R. H. Pfeiffer: Introduction to the Old 
Testament); R. D. Wilson: A Scientific Investigation of the Old Testament); The 
Presbyterian and Reformed Publishing Co., (Oswald T. Allis: The Five Books 
of Moses; Benjamin B. Warfield: The Inspiration and Authority of the Bible); 
Fleming H. Revell Co. (J. Raven: Old Testament Introduction; R. D. Wilson: 
Studies in the Book of Daniel., Segunda Série); Charles Scribner’s Sons (William
H. Green: The Higher Criticism of the Pentateuch; Biblical and Theological Studies by 
the Members of the Faculty of Princeton Theological Seminary); The University of 
Georgia Press (S. A. Cartledge: A Conservative Introduction to the Old Testament); 
Jos. F. Wagner, Inc. (J. Steinmueller: A Companion to Scripture Studies, vol. II, 
Special Introduction to the Old Testament); Westminster Theological Seminary 
(The Infallible Word); Yale University Press (Charles C. Torrey: Pseudo-Ezekiel 
and the Original Prophecy).
N ota ao Leitor
Um asterisco após o nome de um livro ou de um artigo de revista indica que 
a obra mencionada foi escrita do ponto de vista histórico do Protestantismo 
ortodoxo.
5
Pr e f á c io
Logo de início é preciso dizer uma palavra sobre o escopo e o propósito 
deste volume. Não professa ser uma Introdução Geral ao Antigo Testamento, mas 
se restringe ao campo da Introdução Especial. Nem mesmo busca tratar 
inteiramente desse campo. O assunto é tão vasto que não pode ser adequadamente 
considerado em sua inteireza dentro dos limites de um volume só. Portanto, o 
presente tratado se confina à consideração daqueles aspectos da Introdução 
Especial que são mais fundamentais para a questão em foco. Por conseguinte, são 
as características literárias dos livros que nestas páginas são destacadas. Qual a 
natureza desses livros? São compilações de fragmentos mais ou menos 
heterogêneos, compostos em épocas diversas, que finalmente foram reunidas por 
editores ou redatores posteriores? Ou antes, conforme este volume procura 
demonstrar, são unidades literárias que exibem uma harmonia interna e uma 
unidade fundamental?
Visto que o tratamento desta questão (cuja correta resposta se reveste de tão 
grande importância para o bem estar da Igreja de Jesus Cristo hoje em dia) forma 
uma porção tão lata da discussão subsequente, tornou-se necessário omitir 
discussão sobre outros problemas que não estejam imediatamente afetos ao 
propósito desta obra. Assim, por exemplo, nada praticamente dissemos sobre 
cronologia ou arqueologia. Tais questões como a data do Êxodo são realmente 
tentadoras, porém não caem diretamente dentro da competência deste livro. As 
descobertas de Nuzu foram, por exemplo, mencionadas somente porque, em nossa 
opinião, ajudam a refutar aquela opinião sobre a natureza do livro de Gênesis 
advogada por Julius Wellhausen. Também não temos devotado grande atenção à 
questão da interpreção, a não ser, como no caso de Jó e dos Cantares de Salomão, 
quando tal atenção auxilie no entendimento da estrutura do próprio livro. Por esse 
motivo, nada praticamente dissemos acerca da questão da identidade do Servo do 
Senhor na profecia de Isaías.
As poucas e breves observações sobre o Cânon, contidas nas págs. 37 e 
segs., foram incluídas a fim de que o leitor pudesse compreender claramente a 
atitude para com o Antigo Testamento aqui adotada. Observações textuais, 
entretanto, são omitidas em grande escala, pois parecer-nos que a questão do texto 
é de tão vasta importância que requer um estudo separado. Discutir questões 
textuais de modo superficial não presta grande ajuda, pelo que nos pareceu melhor 
omitir tais discussões, pois doutro modo o volume do livro teria crescido além de 
todas as proporções convenientes. A necessidade imediata da Igreja, além disso, é o 
conhecimento do conteúdo das Sagradas Escrituras. As judiciosas observações de 
Keil são apropriadas até hoje: “E embora seja verdade que é grandemente 
vantajoso instituir uma comparação cuidadosa e despida de preconceitos entre o 
texto hebraico e as versões antigas, como também entre o conteúdo e o espírito 
dos escritos históricos do Antigo Testamento, e o modo pelo qual a hebraica foi 
depois manipulada tanto pelos samaritanos, visto que isso serve para confirmar 
tanto a teologia como a Igreja em sua crença na integridade e autenticidade de
6
nossos livros canônicos, dá-se que a grande necessidade da nossa Igreja, nos dias 
atuais, é uma clara compreensão do significado do Antigo Testamento, em sua 
plenitude e pureza, a fim de que o Deus de Israel possa novamente ser 
universalmente reconhecido como o Deus eterno, cuja fidelidade é imutável, o 
único Deus vivo e verdadeiro, que realizou tudo quanto fez a Israel tendo em vista 
nossa instrução e salvação, havendo escolhido Abraão e sua posteridade como seu 
povo, para que preservasse suas revelações, e para que por meio dele o mundo 
inteiro recebesse a salvação, e que nele todas as famílias da terra fossem 
abençoadas” (Prefácio de Joshua, tradução inglesa, págs. v., vi).
Este livro é o desenvolvimento de uma série de quarenta artigos sobre 
Introdução ao Antigo Testamento, a qual apareceu nos anos de 1947 e 1948 no The 
Southern Presbyterian Journal. Tal série resultou de uma sugestão feita pelo rev. John 
R. Richardson, de Atlanta, Geórgia. Usei livremente tais artigos ao preparar as 
páginas que seguem, e citei delas frequentemente. É um prazer reconhecer 
publicamente minha dívida ao Journal., e igualmente ao seu editor, o rev. Henry B. 
Dendy, pela permissão de assim usarmos esses artigos.
O modo de tratar do Antigo Testamento, adotado nestas páginas, é expressa 
naquelas palavras das sagradas Escrituras, que Wilhelm Moeller usou como moto 
para sua Introduction: “Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o 
lugar em que estás é terra santa” (Êxodo 3:5). Esse versículo rejeita efetivamente o 
chamado método “científico” que subentende que o homem pode aproximar-se 
dos fatos do universo, incluindo a Bíblia, com uma mente neutra, para pronunciar 
um justo julgamento a respeito deles. Já é tempo de deixarmos de chamar tal 
método de científico. Não é científico porque não toma em consideraçãotodos os 
fatos, e o fato básico negligenciado é o de Deus em Suas relações para com o 
mundo que Ele criou. A menos que nossos pensamentos sobre Deus sejam 
corretos, estaremos labutando em erro básico a respeito de tudo mais.
Ao nos aproximarmos da Bíblia, pois, precisamos relembrar-nos que 
estamos pisando em terreno sagrado. Essa aproximação deve ser feita era 
humildade de coração, na disposição de dar ouvidos ao que diz o Senhor Deus. A 
caleidoscópica história criticismo negativo é apenas mais uma evidência de que, 
caso não nos aproximemos da Bíblia em atitude receptiva, ser-nos-á impossível 
compreendê-la. Semelhantemente não precisamos de nos envergonhar do fato que 
as palavras das Escrituras são de Deus. Pois tais palavras resplandecem com a 
glória da majestade Divina. A tentativa de explicá-las por meio de algo menos que o 
Divino é um dos maiores fracassos que já tiveram lugar na história do pensamento 
humano. Que encorajamento esse fato nos proporciona! Como deveríamos 
agradecer a Deus dia a dia que, conforme Warfield tão admiravelmente disse, Ele
— “nos amou de tal modo que nos outorgou tão puro registro de Sua vontade — 
dado por Deus em todas as suas partes, ainda que fundido nas formas da linguagem 
humana — infalível em todas as suas partes, ainda que fundido nas formas da 
linguagem humana — infalível em todas as suas declarações — divino mesmo em 
suas mais íntimas partículas. Estou longe de contender que sem tal inspiração não 
poderia haver Cristianismo. Sem qualquer inspiração poderíamos ter ainda o
7
Cristianismo; sim, e os homens poderiam ser despertados, justificados, santificados 
e glorificados. As verdades de nossa fé poderiam permanecer historicamente 
comprovadas para nós tão abundante tem sido Deus em Seu cuidado fomentador
— mesmo que não possuíssemos a Bíblia; e, por meio dessas verdades, a salvação. 
Mas, de que incertezas e dúvidas seríamos presas! — a que erros geradores de 
outros erros estaríamos expostos! A que refúgios, todos eles refúgios de mentiras, 
seríamos impelidos! Consideremos apenas aqueles que perderam o conhecimento 
dessa orientação infalível; contemplemo-los a exibir a mais premente necessidade 
ao inventarem para si mesmos uma igreja infalível, ou até mesmo um Papa infalível. 
A revelação seria apenas uma meia-revelação se não tivesse sido infalivelmente 
comunicada; e seria apenas meia-comunicação se não tivesse sido infalivelmente 
registrada. Os pagãos, em sua cegueira, são nossas testemunhas do que sucede a 
uma revelação não registrada. Bendigamos a Deus, portanto, por Sua Palavra 
inspirada! E que Ele nos conceda que sempre a possamos prezar, amar e venerar, 
moldando nossa vida inteira e pensamento a essa Palavra! Dessa maneira 
encontramos segurança para os nossos pés, e pacífica segurança para as nossas 
almas” (The Inspiration and Authority of the Bible, Filadélfia, 1948, págs. 411-442).
Na preparação desta obra temos dado a atenção devida ao que tem sido 
modernamente escrito sobre Introduções baseadas em um ponto de vista hostil ao 
que é aqui adotado. Temos procurado dar atenção simpática ao que tem sido 
escrito por Aage Bentzen, Eissfeldt, Cornill, Sellin, Oesterley e Robinson, Driver, 
Pfeiffer etc. E devo reconhecer a tremenda divida que tenho para com os seus 
escritos. Ao mesmo tempo os escritores mais antigos igualmente não foram 
negligenciados. Eichhorn, Michaelis, De Wette, Ewald, Hitzig, etc., foram 
consultados. E ficamos impressionados com a monotonia do caso contra a Bíblia. 
Os argumentos que Eichhorn, De Wette, Bertholdt, von Lengerke e outros 
levantaram há muitos anos contra a Bíblia são mais ou menos os mesmos que 
aqueles que aparecem nas Introduções mais recentes. Esse fato, pois é um fato, nos 
fortaleceu na convicção que a chamada moderna escola crítica se baseia sobre 
certas pressuposições filosóficas que do ponto de vista Cristão são negativas em 
seu caráter e revelam um conceito inteiramente inadequado sobre Deus e a 
revelação.
Por esse motivo vemos com tristeza a crescente ascendência da última fase 
da escola “moderna”, comumente conhecida como “Formgeschichte”, mais 
exatamente designada, porém, como “estudo de história da tradição”. Essa faceta 
do “criticismo” é igualmente um verdadeiro aliado de todo o movimento neo- 
ortodoxo, e a neo-ortodoxia, com seu baixo ponto de vista sobre a Bíblia, segundo 
cremos, é um adversário da verdadeira exegese e estudo bíblico.
A neo-ortodoxia oferece um dualismo, visto que faz distinção entre o 
histórico e o supra-histórico ou supra-temporal. Neste último terreno, ela coloca 
todas as grandes verdades do Cristianismo. A queda do homem, por exemplo, de 
conformidade com a neo-ortodoxia, em realidade não teve lugar sobre esta terra em 
um ponto definido da história. Pelo contrário, dizem-nos eles, aqui está uma ideia 
que pertence ao terreno supra-histórico. Esses pontos de vista são geralmente
8
apresentados em termos usados pela ortodoxia; porém, uma vez despidos de sua 
veste bíblica e linguagem Cristã, resta apenas um estéril dualismo. O mundo supra­
temporal de alguns escritores modernos tem uma poderosa semelhança ao mundo 
mental de Emanuel Kant. De fato, são parentes de sangue. Trata-se da antiga área 
dos mitos e das lendas. As ideias do Cristianismo se encontram presentes, mas suas 
realidades desaparecem nesse sistema. É apenas uma sombra ou fantasma do 
Cristianismo, mas não a realidade. Através de sua aceitação das Escrituras como 
uma Divina revelação objetivamente dada, o presente volume busca contribuir com 
sua parte para estancar o progresso dessa última forma de “criticismo”.
Numa obra desta natureza é necessário declarar os pontos de vista de modo 
conciso. Frequentemente apenas uma conclusão pode ser dada, enquanto que as 
razões que conduziram a tal conclusão precisam ser omitidas. Cortesia a pontos de 
vista opostos em algumas ocasiões talvez pareça exigir um tratamento mais 
extensivo sobre certas questões. Entretanto, por causa da natureza da obra e da 
necessidade de não aumentar indevidamente o seu tamanho, tornou-se imperiosa a 
concisão. Não obstante, temo-nos esforçado sempre em representar exatamente e 
com justeza aqueles pontos de vista a que nos opomos.
No fim da discussão de cada livro do Antigo Testamento há uma secção que 
chama a atenção para literatura relevante sobre o livro em foco. O propósito dessas 
secções não é apresentar uma lista exaustiva de livros e artigos — isso não seríamos 
capazes de fazer — mas meramente apresentar certas obras que são indispensáveis 
para um estudo sério sobre determinado livro, e que guiarão o estudante em suas 
investigações posteriores. Não faço apologia por haver incluído referências a tantas 
obras alemãs. O estudante sério não pode negligenciar o que foi escrito em alemão, 
e esperamos que o que foi aqui mencionado será de auxílio para aqueles que 
desejarem acompanhar mais de perto certos assuntos.
Quando alguém procura escrever uma Introdução, descobre de imediato 
quão grande é sua dívida para com outros. Nesta obra temos procurado reconhecer 
especificamente tal dívida, sempre que isso foi necessário. Além disso, sentimo-nos 
endividados para com nosso ex-professor, dr. Oswald T. Allis, que tão 
profundamente influenciou nossos pontos de vista acerca do Antigo Testamento. 
Outros a quem temos dívida devido a seu ministério de ensino são o dr. Joseph 
Reider, Gurdon Oxtoby, Allan A. MacRae, Albrecht Alt, Joachim Begrich, Karl 
Elliger, e o falecido dr. H. H. Powell. Também desejamos expressar nossa gratidão 
aos publicadores, a Wm. B. Eerdmans Company, por sua paciência na espera pelo 
manuscrito e pela liberdade que lideram de levar avante a obra. Em última palavra, 
sinto-me profundamente agradecido à senhorita Ruth Stahl pela ajuda na 
preparação das cópias datilografadas e à sra. Meredith G. Kline pelos dois gráficos 
existentes no volume.
Edward J. Young
1° de outubro de 1949.
Su m á r io
A g r a d e c im e n t o ............................................................................................................................................................................................4
P r e f á c io ............................................................................................................................................................................................................... 5
L is t a d e A b r e v ia ç õ e s ............................................................................................................................................................................. 11
In t r o d u ç ã o .................................................................................................................................................................................................... 13
H ist ó r ia d o E st u d o d a In t r o d u ç ã o a o A n t ig o T e s t a m e n t o .......................................................................... 14
A L ei d e M o isé s — O b se r v a ç õ e s G e r a is ................................................................................................................................34
G ê n e s is ............................................................................................................................................................................................................... 39
Ê x o d o .................................................................................................................................................................................................................53
L e v ít ic o ............................................................................................................................................................................................................ 64
n ú m e r o s ...........................................................................................................................................................................................................72
D e u t e r o n ô m io ........................................................................................................................................................................................... 81
C r ít ic a L it e r á r ia d o P e n t a t e u c o .............................................................................................................................................. 93
J o s u é .................................................................................................................................................................................................................. 135
J u í z e s .................................................................................................................................................................................................................143
O s L iv r o s d e Sa m u e l ............................................................................................................................................................................150
O s L iv r o s d o s R e i s ..................................................................................................................................................................................160
Isa íAS.................................................................................................................................................................................................................. 174
J e r e m ia s ........................................................................................................................................................................................................... 195
E z e q u ie l ........................................................................................................................................................................................................ 206
O s D o z e ......................................................................................................................................................................................................... 214
O sÉIAS............................................................................................................................................................................................................... 215
J o e l .....................................................................................................................................................................................................................218
A m ó S .................................................................................................................................................................................................................. 221
O b a d ia s ...........................................................................................................................................................................................................224
J o n a s .................................................................................................................................................................................................................. 226
M iq u é ia s ........................................................................................................................................................................................................ 231
N a u m .................................................................................................................................................................................................................. 235
H a b a c u q u e .................................................................................................................................................................................................. 236
So f o n ia s ..........................................................................................................................................................................................................239
A g e u .................................................................................................................................................................................................................. 241
Za c a r ia s ......................................................................................................................................................................................................... 244
M a l a q u ia s ....................................................................................................................................................................................................250
A. O s L iv r o s P o é t ic o s ......................................................................................................................................................................... 253
O s Sa l m o s .......................................................................................................................................................................................................258
O s P r o v é r b io s ........................................................................................................................................................................................... 270
J ó ...........................................................................................................................................................................................................................277
B. O s C in c o M e g il l o t h ...................................................................................................................................................................... 288
9 ) ------------------------------------------------------------------
{ 10 }
Ca n t a r e s d e Sa l o m ã o .......................................................................................................................................................................288Ru t e ...................................................................................................................................................................................................................293
LAMENTAÇÕES............................................................................................................................................................................................297
O Ec l e s i a s t e s ............................................................................................................................................................................................301
Es t e r ................................................................................................................................................................................................................306
C. O s Li v r o s H i s t ó r i c o s ....................................................................................................................................................................311
D a n i e l .............................................................................................................................................................................................................311
Es d r a s — N e e m i a s ................................................................................................................................................................................ 324
Es d r a s .............................................................................................................................................................................................................326
N e e m ia s ..........................................................................................................................................................................................................332
O s Li v r o s d a s Cr ô n i c a s ....................................................................................................................................................................334
11
Lis t a d e Ab r e v ia ç õ e s
AJSL American Jornal of Semitic Languages
APB Wm. F. Albright, The Archaeology of Palestine and the Bible
AT Antigo Testamento
BA The Biblical Archaeologist
BASOR Bulletin of the American Schools of Oriental Research
BTS Biblical and Theological Studies by the Members of the Faculty of 
Pricenton Theological Seminary, N. Y., 1912
BZ Biblische Zeitschrift
BZAW Beiheft; Zeitschrift fuer die alttestamentliche Wissenschaft
CD Edw. J. Young: The Prophecy of Daniel: A Commentary
cf. Compare
CH Carpenter and Harford: The Composition of the Hexateuch
DFC A.C. Welch: Deuteronomy. The Framework of the Code
DGP E. W. Hengstenberg: Dissertations on the Genuineness of the 
Pentateuch
EQ The Evangelical Quarterly
FAP Oesterley: A Fresh Approach to the Psalms
FB O.T. Allis: The Five Books of Moses
FSAC Wm. F. Albright: From the Stone Age to Christianity
HCP Wm. H. Green: The Higher Criticism of the Pentateuch
HUCA Hebrew Union College Annual
ICC The International Critical Commentary
IOT R. H. Pfeiffer: Introduction to the Old Testament
ISBE The International Standard Bible Encyclopaedia
IW The Infallible Word
JBL The Journal o f Biblical Literature
JJ J. Garstang: Joshua-Judges
JQR The Jewish Quarterly ReviewJTS The Journal o f Theological Studies
LAP J. Finegan: Light from the Ancient Past
LOT S. R. Driver: Introduction to the Literature of the Old Testament
LXX Septuaginta
OR Oesterley and Robinson: Introduction to the Old Testament
OSJ N. Glueck: The Other Side of the Jordan
PG Migne: Patrologia Graeca
PL Migne: Patrologia Latina
POT J. Orr: The Problem of the Old Testament
PrG The Presbyterian Guardian
PRR The Presbyterian and Reformed Review
PTR The Princeton Theological Review
RB Revue Biblique
RJ N. Glueck: The River Jordan
{ 12 }
SAT Die Schriften des Alten Testaments
SI Edw. J. Young: Studies in Isaiah
ThR Theologische Rundschau
TTP Tractatus Theologico-Politicus
WC The Westminster Confession of Faith
WThJ The Westminster Theological Journal
ZAW Zeitschrift fuer die alttestamentliche Wissenschaft
ZDMG Zeitschrift fuer die deutschen morgenlaendischen Gesellschaft
In t r o d u ç ã o
Que é Introdução?
1. O vocábulo português introdução se deriva do latim introducere (levar a, 
introduzir) e denota uma ação de levar ou introduzir para dentro. Igualmente tem o 
sentido de iniciação no conhecimento de um assunto e se refere particularmente ao 
material que prepara o caminho para o estudo de algum assunto especial.
No seu sentido mais lato, o termo Introdução Bíblica se refere a todos 
aqueles estudos e disciplinas que são preliminares ao estudo do conteúdo da Bíblia. 
Entretanto, essa palavra passou a ser empregada com um sentido muito mais 
restrito. Ela pode ser considerada como um termo técnico e, como tal, é 
emprestada do alemão, onde, em tempos comparativamente recentes, foi 
introduzida para indicar certos estudos preparatórios e preliminares à interpretação 
da Bíblia1. É neste último sentido que a palavra é empregada neste volume. 
Introdução Bíblica, portanto, é aquela ciência ou disciplina que trata de certos assuntos que 
são preliminares ao estudo e à intepretação do conteúdo da Bíblia. Algumas vezes é 
designada pela palavra isagoge.
2. A Introdução, como disciplina, pertence àquele departamento 
Bibliológico, visto que trata diretamente das próprias Escrituras sagradas2. Ela é, 
além disso, dividida em duas partes: Geral e Especial. A Introdução Geral diz 
respeito aos tópicos relacionados à Bíblia como um todo, tais como o Cânon e o 
Texto. Já a Introdução Especial trata dos assuntos que se referem às porções 
separadas ou livros individuais da bíblia, e assim trata de tais questões como a 
unidade, a autoria, a data, a autenticidade e o caráter literário. Com a exceção de 
algumas poucas observações introdutórias, a presente obra se confinará ao assunto 
da Introdução Especial.
1 Os termos alemães correspondentes são Einleitung e Einfuehrung.
2 Esse termo é tirado de A. Kuyper: Encyclopaedia of Sacred Theology: Its Principles, 1898, págs. 627-636. Sob o 
departamento de Bibliologia poderia também incluir: 1) Idiomas bíblicos e seus cognatos; 2) Exegese bíblica; 3) 
História bíblica; 4) Teologia bíblica; 5) Hermenêutica bíblica; 6) Antiguidades bíblicas, isto é, o estudo das 
civilizações antigas e da pesquisa arqueológica em relação à Bíblia. Kuyper divide o currículo teológico nos 
seguintes departamentos,que procedem "de si mesmos partindo da disposição orgânica da teologia" (pág. 
628): 1) Bibliológico; 2) Eclesiológico; 3) Dogmatológico; 4) Diaconiológico.
{ 14 }
Hist ó r ia d o Est u d o d a In t r o d u ç ã o a o An t ig o Te st a m e n t o
A. Período da Igreja Primitiva
Os Pais da Igreja Primitiva não se preocupavam com questões de Introdução 
científica como tal. Suas mentes se preocupavam especialmente com a exposição 
do conteúdo das Escrituras e com a formulação da doutrina. Em certas ocasiões, 
entretanto, foram compelidos a focalizar sua atenção à consideração da Introdução. 
Quando, por exemplo, Porfírio atacou o livro de Daniel e o declarou uma fraude 
forjada, Jerônimo estava pronto para apresentar-lhe réplica, mas essa réplica foi 
escrita simplesmente em conexão com o seu próprio comentário e não com uma 
introdução formal ao livro de Daniel.
A primeira tentativa para uma Introdução provavelmente se encontra no 
escrito de Agostinho, De Doctrina Christiana. Essa obra contém valiosa informação 
sobre o assunto da interpretação, e o próprio Agostinho se refere a ela como 
praecepta tractandarum scripturarum. Nos dois primeiros livros, Agostinho exibe e 
desenvolve as características da correta interpretação da Bíblia. De considerável 
interesse e importância é sua refutação aos donatistas e aos seus falsos pontos de 
vista sobre a questão, como, por exemplo, a indevida alta importância que davam à 
Septuaginta.Entre esses donatistas havia certo Tichonias Afer que, pouco antes, 
havia escrito uma obra estabelecendo sete regras que ele cria serem necessárias para 
alguém compreender as Escrituras. A refutação de Agostinho a esses princípios 
errôneos é bastante valiosa.
Semelhantemente Jerônimo, em sua oposição a Rufino, expôs alguns 
princípios de interpretação. Sua obra, intitulada Libellus de optimo interpretandi genere, é 
muito inferior, entretanto, à obra de Agostinho.
A primeira vez que se sabe foi usado o termo “introdução”, aparece no 
Eisagoge eis tas theias graphas (isto é, Introdução às Santas Escrituras), escrito por um 
certo Adriano, a respeito do qual pouco se sabe, Adriano discutiu primeiramente as 
características da linguagem bíblica, tais como os antropomorfismos e os 
antropopatismos, as expressões peculiares, as metáforas, etc., e a seguir considerou 
a forma das Escrituras. Distinguiu o elemento histórico do profético, e classificou a 
forma profética em palavras, visões e ações simbólicas. Finalmente, apresentou 
certas observações sobre a interpretação.
No século VI, o bispo africano Junílius compôs dois livros de partibus legis 
divinae, nos quais procurou classificar a linguagem das Escrituras e inculcar uma 
compreensão mais metódica sobre elas.
De interesse particular foi a obra de Marcus Aurelius Cassiodorus (que 
faleceu cerca de 562 D.C.), o qual escreveu dois livros, de Institutione divinarum 
Scripturarum, no qual mencionou auxílios para o entendimento da Bíblia e forneceu 
orientações para a cópia de manuscritos. Particularmente nos capítulos 12 a 15, ele 
discute o cânon e o estudo do texto; no mais, sua obra é mais ou menos uma 
introdução à própria teologia.
{ 15 }
Duas outras obras podem ser mencionadas, o Prolegomena, de Isidorus 
Hispalensis, e as observações preliminares de libris canonicis et non canonicis, que se 
encontram no Postilla Perpetua, de Nicolau de Lira (falecido em 1340 D. C.).
Todas as obras citadas acima foram escritas sob a influência e em 
concordância geral com a tradição dominante da Igreja. Por essa razão têm um 
caráter mais ou menos teológico. Possivelmente a obra de Junílius pode ser 
considerada um tanto como exceção, pois contém alguns pensamentos de natureza 
independente, e esses devidos à influência de certo sacerdote da escola de Nisibis, 
chamado Paulo. Não se deve pensar, entretanto, que essas obras antigas não sejam 
eruditas. Eram realmente eruditas, mas o motivo por que não trataram das questões 
e problemas que hoje encontramos nas Introduções ao Antigo Testamento é que 
esses problemas ainda não haviam surgido em grande escala3.
B. Os Anos da Reforma e da Pós-Reforma
O término do período medieval testemunhou profundas transformações até 
mesmo no estudo da Introdução Bíblica. Em 1536 o Isagoge ad Sacras Litteras, de 
Santes Paginus, apareceu em Lião, na França, uma obra de traços marcantemente 
medievais. Muito diferente, entretanto, foi a Biblioteca Divina (Bibliotheca Sacra), de 
Francisco Xisto da Sienna, publicada em 1566, e que, mediante reedições, 
continuou a exercer larga influência. Nesse livro vemos a tentativa de compor uma 
história da literatura bíblica, e é dada ênfase particular sobre a história da 
interpretação.
Uma fase do texto hebraico, que até então havia sido praticamente ignorada, 
foi então posta em proeminência pelo aparecimento, em 1624, do Arcanum 
punctaionis revelatum, de Ludwig Cappellus. Este demonstrou que os pontos vocálicos 
do texto hebraico não eram originais, e, sim, que tiveram origem posterior. Nessa 
posição foi auxiliado por J. Morinus, enquanto que a opinião contrária era 
sustentada pelos dois Buxtorfs, pai e filho.
Em 1627, Rivetus, um erudito Protestante, publicou uma introdução à Bíblia 
inteira. Seu ponto de vista sobre a inspiração era tão elevado que ele considerava 
toda a discussão sobre as questões da Introdução Especial como algo destituído de 
significado. Igualmente demonstrando um alto ponto de vista sobre a inspiração 
das Escrituras foi a obra de Miguel Walther, Superintendente Geral Luterano de 
Friesland Oriental, que parece ter sido o primeiro a fazer clara distinção entre 
Introdução Geral e Introdução Especial. Sua obra (Oficina biblica noviter adoperta, 
1636) pode ser considerada como a primeira Introdução no sentido moderno da 
palavra.
O professor de teologia em Zurique, J. H. Hottinger, publicou, em 1649, o 
seu Thesaurus Philologicus seu Clavis, no qual ele muito teve a dizer acerca dos 
manuscritos da Bíblia, dos seus livros individuais, de comentários e de versões. 
Hottinger estava bem familiarizado com a literatura arábica e rabínica, e preservou
3 Ver págs. 115-122, sobre uma pesquisa no primitivo criticismo da Bíblia.
{ 16 }
numerosos extratos dessas fontes, dados nas palavras dos autores originais. Por 
conseguinte, o seu Thesaurus é de grande valor, mesmo nos dias atuais.
Um antigo aluno de Buxtorf, aderente da Fé Reformada e professor de 
hebraico em Utrecht, João Leusden, publicou dois livros importantes. O primeiro 
desses (Phi/o/ogus Hebreus, 1657) trata do cânon e do texto do Antigo Testamento, 
enquanto que o segundo (Phi/o/ogus hebraeo-mixtus, 1663) discute quase inteiramente 
diversas traduções.
De particular importância foi o aparecimento (em 1657) da Prolegomena a sua 
famosa Bíblia Poliglota, pelo bispo de Chester, Brian Walton. Tão valiosos eram 
esses tratados que foram editados separadamente por Heidegger (1673). Discutiam 
com grande cuidado o texto e os manuscritos do Antigo Testamento, e servem 
como excelente manual de Introdução Geral.
Também se deve mencionar a obra de Augusto Pfeiffer, a bem conhecida 
Crítica Sacra (1680), uma verdadeira mina de informações sobre o texto e as 
traduções da Bíblia; e igualmente relembrar Johann Heinrich Heidegger, que editou 
sua Enchiridion Biblicum em 1681.
Pela breve pesquisa feita acima, torna-se bem claro que a Reforma impeliu 
para o primeiro plano a importância do estudo do próprio texto hebraico. Isso foi 
um tremendo ganho. Os grandes reformadores, Lutero e Calvino, estudaram 
ambos o hebraico, e indubitavelmente muito fizeram para encorajar seu estudo. Por 
conseguinte, as obras sobre Introdução, que se originaram nesse período e pouco 
depois, revelam um profundo interesse no assunto todo-importante do texto. Na 
opinião deste autor presente, algumas destas obras semelhantemente revelam um 
profundo discernimento nos problemas ligados a tal estudo. Conforme Haevernick: 
“Certas porções da Introdução Geral, tais como a história do Texto, foram 
cultivadas por aqueles teólogos do século XVII com os mais felizes resultados” 
(Intr. tradução inglesa, pág. 10). Na providência de Deus, a Reforma foi responsável 
por um verdadeiro progresso no estudo da Introdução ao Antigo Testamento.
C. A Aproximação das Sombras da Noite
Após a Reforma, os pontos de vista filosóficos começaram a aparecer, 
opiniões essas que por si mesmas eram hostis ao elemento sobrenatural do 
Cristianismo revelado. Algumas dessas opiniões tiveram expressão no Leviathan, de 
Thomas Hobbes (1651), o deísta inglês. Nessa obra, Hobbes atacou algumas das 
tradições concernentes à origem e à data de certos livros do Antigo Testamento. 
Baseado em princípios um tanto semelhantes de anti-sobrenaturalismo, apareceu o 
Tractatus Theologico-Politicus, de Benedito Spinoza (1670).
Essas obras foram seguidas pela grande Histoire Critique Du Vieux Testament, 
de Ricardo Simon (1685), um padre católico romano. Simon nasceu em Dieppe, em 
1638, e durante algum tempo serviu como professor de filosofia em Juilly. Sua 
História Critica se divide em três partes:
1. Du Texte Hebreu de la Bible depuis Moise jusqu'a notre temps. Nessa secção, o 
autor discute a idade dos vários livros, particularmente os do Pentateuco. Ele
{ 17 }
asseverou que o Pentateuco, em sua forma presente, não pode ter sido obra de 
Moisés, e considerava os livros históricos como extratos tirados dos anais públicos.
2. Ou il est trate des principalesVersions de la Bible.
3. Qu il est traite de la maniere de bien traduire la Bible, etc.
Essas duas últimas secções, ou livros, conforme Simon os chamou, contêm 
muita informação de natureza valiosa, e suas discussões sobre os expositores até os 
seus próprios dias são importantes. Simon em algumas ocasiões se mostra injusto 
para com os escritores Protestantes, ainda que também critique a Vulgata.
A obra foi condenada por Bossuet, bispo de Condum, e então destruída. 
Não obstante, foi reimpressa, sendo que a melhor edição é geralmente considerada 
como aquela que foi supervisada pelo próprio Simon (sob o disfarce de um teólogo 
Protestante), e editada em Rotterdam, em 1685.
Era de esperar que a obra de Simon encontrasse oposição. Algumas de suas 
declarações a respeito do valor do texto bíblico eram, para dizê-lo caritativamente, 
muito irrefletidas. Por exemplo, ele asseverou que a religião Cristã poderia ter-se 
mantido por meio da tradição, sem o concurso de quaisquer Escrituras, e que não 
importava que um texto bíblico tivesse sido mal preservado, visto que, de qualquer 
maneira, qualquer apelo ao mesmo só poderia ser feito até o ponto em que 
acompanhasse a doutrina eclesiástica.
Entre as réplicas a Simon, podemos citar a de Ezequiel Spanheim, que 
expressou dúvidas a respeito da correção dos pontos de vista de Simon sobre os 
livros históricos. Particularmente importante, entretanto, foi a obra de Joh. Clericus 
(Le Clerc), Sentimens de quelques Theologiens de Hollande sur l’Histoire Critique du V. T. 
par R. Simon (1685), na qual o autor, um professor arminiano de Amsterdam, ataca 
Simon devido a seu tratamento injusto aos escritores Protestantes. Le Clere, 
entretanto, queria datar o Pentateuco e os livros históricos em data ainda mais 
posterior que o próprio Simon. E Simon replicou com veemência e paixão.
O caminho agora já tinha sido pavimentado para a introdução de dúvidas 
acerca da veracidade das Escrituras do Antigo Testamento. Hobbes e Spinoza 
haviam escrito claramente sob a influência de filosofia não-Cristã, e Simon, ainda 
que padre católico-romano, escreveu, apesar disso, de um ponto de vista que os 
próprios católicos reconheceram como adversário de sua própria posição.
Todavia, havia ainda vida e vigor na Igreja Protestante e, em Sua boa 
providência, o Senhor levantou um poderoso defensor da Fé. Tratava-se de Johann 
Gottlob Carpzov, professor de hebraico em Leipzig, que editou duas obras 
verdadeiramente notáveis: Introductio ad Libros Caraonicos (1714-21), e Critica Sacra 
(1724). O escrito de Carpzov é apologético e serve para expor as posições de 
Spinoza, Le Clerc, Simon, etc. Mas igualmente contém grande discernimento sobre 
a natureza da Introdução, e foi corretamente caracterizado por Haevernick (op. cit. 
pág. 12) como “obra prima da ciência Protestante”.
D. A N egra N oite do Criticismo
{ 18 }
A obra de Simon produziu fruto nos escritos de J. S. Semler, professor de 
Teologia em Halle (falecido em 1791), o qual pôs em vigor os princípios adotados 
por Simon com um espírito totalmente negativo. Parece que ele simpatizava com o 
desejo de reputar a mente humana como uma lei para si mesma. Porém, apesar de 
haver solapado pontos de vista aceitos, nada tinha para oferecer de positivo em 
lugar de sua obra de destruição. Sua obra pode ser caracterizada como dotada de 
tendência destrutiva.
Rebelião parcial contra essa posição apareceu na obra do poeta Joh. 
Gottfried Herder (falecido em 1803). Herder sabia apreciar a beleza literária do 
Antigo Testamento, e conseguiu transmitir a mesma aos seus escritos. Entretanto, 
estava muito longe do autêntico espírito religioso das Escrituras. Suas ideias foram 
continuadas por Joh. Gottfried Eichhorn, que preparou uma Introduction to the Old 
Testament (1780-83). Em maior parte de sua obra, Eichhorn se apegou aos pontos 
de vista tradicionais, ainda que tivesse sido influenciado pela maré galopante do 
criticismo. Ainda que tenha procurado chamar atenção para a beleza literária do 
Antigo Testamento, não revelou compreensão genuína sobre seu caráter 
sobrenatural. Por conseguinte, a obra de Eichhorn contribuiu para o resultado que 
as Escrituras vieram a ser cada vez mais consideradas como meramente a literatura 
nacional dos hebreus, e assim o estudo das Santas Escrituras como tais passou a ser 
mais e mais negligenciado.
Um tanto semelhante foi o esforço de J. D. Michaelis (1787). Entretanto, sua 
obra não foi completada — tratou apenas da introdução ao Pentateuco e ao livro 
de Jó. Os comentários de Haevernick são bem agudos a respeito (op. cit., pág. 14): 
“Em erudição e profundidade, J. D. Michaelis era o homem acertado para fazer 
frente a Eichhorn nesse campo; porém, era inferior a este último em gosto e 
cultura, e faltava-lhe um penetrante senso vivo das verdades intimas das 
Escrituras”.
A fim de aquilatarmos acertadamente a atitude para com a ciência da 
Introdução ao Antigo Testamento, que surgiu no século XIX, é necessário que 
entendamos um pouco do espírito daquela época e dos movimentos filosóficos 
então presentes. O século XVIII havia testemunhado a elevação de uma exaltação 
da razão humana4. Durante a Reforma houvera uma revolta contra a arrogada 
autoridade da Igreja Católica Romana, mas agora os homens se revoltavam 
igualmente contra a autoridade da própria Bíblia. Essa época ficou conhecida como 
a da Iluminação, e Emanuel Kant se referiu a essa fase da Iluminação, conhecida 
como Neologia, como o êxodo do homem de sua minoria auto-imposta5.
Entretanto, o termo “Iluminação”, quando julgado do ponto de vista 
Cristão, é completamente errôneo. Se o homem é criatura de Deus, segue-se que só 
pode ser livre e iluminado quando age de conformidade com a revelação que lhe foi
4 Desejando um desenvolvimento do pensamento de Wolfianismo para a Neologia , e desta para o 
Racionalismo, o estudante pode consultar Karl Aner: Die Theologie der Lessingzeit, Halle,1929.
5 "Ausgang dês Menschen aus seiner selbstverscruldeten Unmuendigkeit", em Berliner Monatsschrift, 1784. 
Pela palavra "Unmuendigkeit", Kant queria dizer "das Unvermoegen, sich seines Verstandes ohne Leitung eines 
anderen zu benedienen".
{ 19 }
dada por Deus. Rejeitar a revelação externa e considerar a mente humana como lei 
para si mesma, não é tornar-se iluminado, mas é cair no mais grosseiro dos logros. 
Visto que o homem foi criado por Deus, não pode viver sem Deus. Exaltar a razão 
humana, como se ela mesma fosse o árbitro final de todas as coisas é, em realidade, 
substituir o Criador pela criatura.
O século XIX muito sofreu por causa da esterilidade da teologia e da 
filosofia do século XVIII. Por isto, muitas Introduções do século XIX foram 
escritas sob a suposição de que o Antigo Testamento era meramente um livro 
humano, que deveria ser tratado como qualquer outro livro humano. Visto que 
pretendemos discutir, com detalhe considerável, o desenvolvimento do criticismo 
ao Pentateuco durante o século XIX, de agora por diante nada faremos além de 
chamar a atenção para algumas poucas de suas obras mais notáveis sobre a 
Introdução. Essas, são:
1. Wilhelm M artin Lebrecht de W ette (1780-1849) lançou um vigoroso 
ataque contra os pontos de vista sobre a autoria dos livros do Antigo Testamento. 
Sua obra foi escrita de um ponto de vista racionalista, e é um tanto negativa em 
suas conclusões.
2. H einrich Ewald (falecido em 1875), à semelhança de Wette, rejeitou 
opiniões aceitas. Entretanto, seus escritos tiveram caráter mais positivo que seu 
antecessor, e ele procurou suprir um julgamento substitutivo. Pode-se dizer que 
Ewald fundou uma escola, que é também representada, até certo ponto, nas obras 
de Ferdinand Hitzig.
3. Um protesto contra os tratamentos “críticos” do Antigo Testamento 
apareceram nos escritos de E rnst Wilhelm H engstenberg, H . Ch. H aevernick e 
C. F. Keil. Estes homens foram eruditos crentes que escreveram tendo alta 
consideração pela integridade e veracidade da Bíblia. Seus escritos têm exercidogrande influência, particularmente na Inglaterra e na America do Norte.
4. Uma Introdução que assumiu meio-termo foi escrita por Friedrich Bleek 
(1793-1859), antigo aluno de Wette, Neander e Schleiermacher. Sua obra apareceu 
em 1859, e a partir da segunda edição, em 1865, surgiu uma tradução em inglês (An 
Introduction to the Old Testament, London, 1869, traduzida por G. H. Venables). 
Contém muito elemento útil, que serve como elemento corretivo contra o 
criticismo extremo. Entretanto, nem mesmo essa excelente obra é inteiramente 
satisfatória, pois cede demais à posição negativa.
5. A chamada escola moderna tem sua primeira expressão clara nos escritos 
de K. H . Graf. Não obstante, ela só ganhou grande ímpeto e influência por meio 
dos esforços de Julius W ellhausen e de Abraham Kuenen. Por esse motivo ela é 
popularmente chamada de escola de Graf-Kuenen-Wellhausen. Na Inglaterra tal 
escola se fez representar pelas conferências de William Robertson Smith, “O 
Antigo Testamento na Igreja Judaica” (1881). Essa escola de pensamento atribui 
um desenvolvimento evolucionário na vida religiosa de Israel. Concorda 
perfeitamente com o ponto de vista “liberal” sobre o Novo Testamento e com a 
escola Ritschliana de Teologia, repousando sobfe a posição filosófica de Hegel. 
Aparece em clara e inconfundível antítese com a religião Cristã histórica.
{ 20 }
6. Uma das maiores obras sobre Introdução foi a de Sam uel Rolles Driver 
(1891). A maior parte de seu livro segue os princípios da escola de Graf-Kuenen- 
Wellhausen, mas é caracterizado, entretanto, por sobriedade e restrição. Em certas 
ocasiões ele procura seguir um curso medianeiro, pelo que também tem exercido 
larga influência.
7. A moderna escola critica encontrou oponentes até mesmo entre aqueles 
que rejeitam o ponto de vista tradicional Cristão sobre o Antigo Testamento. Tais 
foram Eduard Riehm: Einleitung in das Alte Testament, 1889; até certo ponto, F. E. 
Koenig: Einleitung in das Alte Testament, 1893; e W. W. Baudissin: Einleitung in die 
Buecher des Alten Testaments, 1901.
E. O Século Vinte
É difícil caracterizar o estudo da Introdução durante o século XX. Certa 
reação contra determinadas características do Wellhausenismo clássico, apareceu 
nos escritos de H erm an Gunkel (1862-1932) e de H ugo Gressm ann (1877­
1927). Os nomes desses dois eruditos provavelmente sempre estarão associados 
como os dois principais expositores da escola do criticismo das fontes. Mediante o 
esforço para descobrir a situação de vida que produziu declarações individuais, e 
mediante a comparação com a antiga mitologia, Gressmann e Gunkel em realidade 
lançaram um severo golpe contra certas características da moderna escola crítica. 
Sua influência muito se tem propagado, e sua posição recebeu expressão clássica 
em Die Schriften des Alten Testaments (1911).
Revestida de importância foi a tradução inglesa (1907) da Introduction de Carl 
Cornill (que apareceu pela primeira vez em 1891). Cornill pode ser reputado 
representante da escola de Wellhausen. O mesmo ponto de vista encontrou 
expressão na obra de H arlan Creelman: A n Introduction to the Old Testament 
Chronologically Arranged, 1917. Também devemos mencionar Julius A . Bewer. The 
Literature of the Old Testament, 1922, que semelhantemente exibe o Wellhausenismo 
clássico.
O ano de 1934 testemunhou o aparecimento de três Introduções, duas das 
quais bastante parecidas em sua natureza. Otto Eissfeldt: Einleitung in das Alte 
Testament, procura classificar a literatura do Antigo Testamento, separando-a em 
várias categorias (Gattungen), e procura traçar o desenvolvimento (a pré-história 
literária) dos vários livros. A obra de Essfeldt deixa entrever a grande influência de 
Wellhausen, como também a da escola de Gunkel-Gressmann. Parece que Eissfeldt 
não tinha concepção adequada sobre a revelação, mas antes, considerava a literatura 
do Antigo Testamento como algo de mera origem humana.
Um tanto semelhante é o volume de W. O. E. Oesterley e Theodore H . 
Robinson: A n Introduction to the Books of the Old Testament. A característica distintiva 
dessa obra é a atenção que ela dá à estrutura métrica do Antigo Testamento. Não 
obstante, procura explicar as Escrituras como mera literatura humana, e segue 
essencialmente o ponto de vista da escola critica dominante.
{ 21 }
Bem diferente disso é o livro de Wilhelm Moeller: Einleitung in das Alte 
Testament. Moeller era crente na veracidade das Escrituras, e apresenta argumentos 
convincentes em defesa de sua posição. Sua obra, apesar de um tanto breve (301 
páginas), se reveste, não obstante, de grande valor.
A maior Introdução que até o momento apareceu na língua inglesa, neste 
século, foi a de R. H . Pfeiffer: Introduction to the Old Testament, 1941. O livro de 
Pfeiffer se caracteriza por ser completo e cuidadosamente erudito. Além disso, 
exibe uma sinceridade que é das mais agradáveis. Por exemplo, o escritor que 
estava disposto a asseverar que três dos mais influentes escritos do Antigo 
Testamento eram tecnicamente fraudulentos (pág. 745) é um homem digno de ser 
ouvido. Não obstante, o livro é basicamente anti-Cristão; de fato, serve como 
apologia do ponto de vista anti-teísta6. Assim, por exemplo, Pfeiffer escreve (pág. 
755): “Essa teoria tradicional, aceitando o livro (isto é, o de Daniel) como autêntico 
por seu próprio valor, necessariamente pressupõe a realidade do sobrenatural e a 
origem divina das revelações ali contidas. Tais milagres — ” (como os registrados 
no livro de Daniel) “jazem fora do terreno dos fatos históricos”. “A pesquisa 
histórica só pode manusear com fatos autenticados, que estejam dentro da esfera 
das possibilidades naturais, e precisa refrear-se de dar apoio aos eventos 
sobrenaturais. A historicidade do livro de Daniel é um artigo de fé, e não uma 
verdade científica objetiva — ”. “Em um estudo histórico sobre a Bíblia, as 
convicções baseadas na fé devem ser consideradas irrelevantes, visto que 
pertencem não ao conhecimento objetivo, e sim, ao conhecimento subjetivo”.
A sinceridade do autor citado, ao assim falar, é realmente admirável. Sua 
posição, entretanto, por si mesma é anti-Cristã. Todavia, provavelmente é seguro 
afirmar que seu ponto de vista serve de base para a maioria dos estudos atuais 
sobre o Antigo Testamento.
A introdução dinamarquesa de Aage Bentzen (1941) foi traduzida para o 
inglês em 1948, e a segunda edição em 1952. Essa obra capaz tornou disponível, no 
inglês, o método de estudo histórico-crítico que dá grande atenção ao estudo das 
supostas formas da literatura do Antigo Testamento. Cf. a discussão entre o 
professor Bentzen e o presente autor em The Evangelical Quarterly, 1951, págs. 81-89.
Grande saliência é dada ao valor da tradição oral, que supostamente teria 
sustentado os livros do Antigo Testamento, na Introdução de Iven Engnell, o 
principal representante da chamada “Escola de Uppsala” (Gamla Testamentet, em 
traditions-historisk inledning, I, 1945). Essa obra ainda não foi traduzida, para o 
inglês. Cf. pág. 159 onde se encontra uma discussão acerca desse ponto de vista.
Uma poderosa voz em defesa da origem sobrenatural e da absoluta 
veracidade do Antigo Testamento foi a que se fez ouvir em 1952, com a aparição 
da obra bastante completa de G. Ch. Aalders, Oud Testamentisclie Kanoniek. Esse 
livro, em sua totalidade, é conservador, ainda que manifeste certas tendências, 
particularmente em sua discussão sobre o Pentateuco e sobre Daniel, o que, na
6 Para uma revisão extensa sobre essa Introdução, pelo presente escritor, ver W. Th. J., vol. V, págs. 107-115.
{ 22 }
opinião do presente escritor, tende a modificar um pouco sua posição conservadora 
básica.
Como Devemos Considerar o Antigo Testam ento?
A breve pesquisa que acabamos de oferecer, particularmente no que diz 
respeito aos séculos XIX e XX, deve deixar claro que o presente estudo foi feito 
partindo de vários pontos de vista.
1. Há os escritores que têm mantido um ponto de vista extremamentebaixo 
sobre as Escrituras. Estes têm-na considerado nada mais que a literatura nacional 
dos hebreus, uma produção literária puramente humana, que ocuparia o mesmo 
nível de outras produções literárias da antiguidade. Essa posição é insatisfatória 
porque labora em erro básico. Considera a Bíblia um livro de mera origem humana, 
enquanto que, em realidade, a Bíblia é basicamente um livro de origem Divina.
2. Há outros que, em seu estudo sobre Introdução, preferem limitar-se ao 
elemento humano existente na Bíblia. Evidentemente acreditam que é possível 
neglicenciar inteiramente a questão da inspiração e Divindade da Bíblia, assim 
limitando sua consideração àquilo que poderia ser chamado de “método empírico- 
científico”. Diga-se mui positivamente, entretanto, que isso não pode ser feito com 
sucesso, e que aqueles que adotam tal método se encontram em acordo essencial 
com os outros que asseveram ousadamente que a Bíblia não passa de uma mera 
produção humana.
Em primeiro lugar, tal iluminação não é científica. Um método 
verdadeiramente científico de investigação toma em consideração todos os fatos, e 
não se limita, para começar, à consideração exclusiva daqueles fatos que podem ser 
conhecidos por intermédio dos sentidos. Por que os chamados fatos descobertos 
pelos sentidos haveriam de ser considerados os únicos legítimos?
Um método de estudo verdadeiramente científico não se circunscreve desse 
modo. Em qualquer estudo sobre introdução, digno do nome, precisamos 
considerar todos os fatos, tanto o fato de Deus e Sua revelação como os chamados 
fatos empíricos. Não considerar todos os fatos é falhar logo no início.
3. Existem aqueles que evidentemente pensam ser possível alguém 
aproximar-se do estudo da Bíblia com uma atitude neutra. A posição dos mesmos 
parece ser: “Estudemos as Escrituras como estudaríamos qualquer outro livro. 
Sujeitemo-la aos mesmos testes a que sujeitamos outros escritos. Caso ela prove ser 
a Palavra de Deus, muito bem; caso contrário, aceitemos o fato”. Essencialmente, 
essa posição não é diferente das duas primeiras. A chamada atitude neutra da Bíblia 
em realidade não é neutra em sentido algum, pois começa rejeitando as elevadas 
reivindicações de Divindade que a Bíblia apresenta, e supõe que a mente humana, 
por si mesma, possa agir como juiz da revelação Divina. Com efeito, isso é 
substituir o próprio Deus pela mente humana, como juiz final e ponto de 
referência.
4. A posição adotada nesta obra é a que o Antigo Testamento é a própria 
palavra do Deus da verdade. Mas é também obra humana. Pois “homens falaram
{ 23 }
da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21b). Em sua 
inescrutável sabedoria Deus escolheu e preparou, para a tarefa da escrituração dos 
livros sagrados, esses agentes humanos aos quais desejava transmitir Sua vontade. 
Então, de modo que realmente é misterioso, o Espírito de Deus operou sobre tais 
homens, de tal maneira que aquilo que escreveram, num sentido verdadeiro, é 
produção sua, ao mesmo tempo que, apesar disso, o resultado foi exatamente 
aquele desejado pelo Espírito de Deus. Portanto, em certo sentido, a Bíblia pode 
ser considerada como livro humano. Basicamente, todavia, ela é Divina, e o próprio 
Deus é o seu Autor.
Como podemos saber que a Bíblia é a Palavra de Deus? Naturalmente 
existem muitas razões para assim acreditarmos. A própria Bíblia evidencia sua 
Divindade, e de um modo tão claro que aquele que desacredita fica inescusável. Ela 
traz em si mesma as marcas da Divindade. Assim, seu tema — sua gloriosa 
doutrina sobre o Deus vivo e verdadeiro, o Criador dos céus e da terra, sobre a 
queda do homem no pecado, e sobre a maravilhosa redenção que Deus realizou a 
favor do homem — clara e convincentemente testifica acerca de sua origem 
Divina. O mesmo se pode dizer no tocante a todas as suas outras “incomparáveis 
excelências”7. Não têm paralelo em qualquer outro escrito, e demonstram do modo 
mais convincente possível que a Bíblia, em sentido único, é a Palavra de Deus.
Não obstante, o que nos persuade plenamente e assegura que as Escrituras 
são Divinas, é a operação de Deus Espírito Santo através e com a Palavra, dando 
testemunho em nossos corações. Deus testifica a nós que Ele é o Autor da Bíblia. 
A fim de dizê-lo de modo bem simples, cremos que a Bíblia veio de Deus, porque 
assim Deus no-lo disse8. Deus é o único que pode testificar adequadamente a 
respeito daquilo que Ele proferiu.
No que concerne ao Antigo Testamento, deve ser posta ênfase particular 
sobre a atitude e as palavras de Jesus Cristo. Há aqueles que afirmam que nosso 
Senhor se acomodou ao pensamento de Sua época. Assim dizem-nos que, quando 
Ele afirmou que Moisés escreveu a respeito dEle (Jesus), estava meramente falando 
de maneira a ser compreendido por Seus contemporâneos.
Ou, segundo dizem ainda, Ele não pretendia pronunciar qualquer opinião 
sobre as questões controvertidas que agora envolvem aqueles que estudam o 
Antigo Testamento.
Estamos em total desacordo com ambas essas atitudes. Jesus Cristo é a 
Verdade; quando falava, proferia palavras de verdade. É verdade que, em Sua 
natureza humana, o conhecimento de nosso Senhor era voluntariamente limitado, 
conforme se depreende facilmente de passagens como Marcos 13:32. Isso não 
significa, entretanto, que Ele estivesse sujeito ao erro. Como homem, Seu 
conhecimento podia ser limitado, mas, até onde seguiu, era veraz. Nosso Senhor 
não falou sobre aqueles assuntos dos quais em Sua natureza humana Ele não tinha 
conhecimento. Tudo quanto Ele disse, entretanto, é a verdade. Se nosso Senhor 
laborava em erro sobre questões de criticismo e autoria, como saberemos que Ele
7 W. C. I.; V.
8 Desejando uma exposição sobre a doutrina do testemunho interno do Espírito Santo, ver IW, págs. 40-52.
{ 24 }
não laborava em erro ao falar sobre Sua morte salvadora em Jerusalém? Admita-se 
erro em um ponto, e teremos de admitir erro ao longo da linha inteira. Nesta obra 
presente, pois, a autoridade de Jesus Cristo é aceita sem qualquer reserva. Cremos 
que Ele estava certo ao falar sobre Sua morte vicária, e que estava correto ao falar 
sobre a natureza do Antigo Testamento. Mas o que, realmente, Jesus Cristo tinha a 
dizer no tocante ao Antigo Testamento?9
Deve ser claro, para quem quer que leia cuidadosamente os Evangelhos, que 
Jesus Cristo, nos dias de Sua carne, considerava, aquele corpo de escritos, 
conhecido como Antigo Testamento, como um todo orgânico. Para Ele as 
Escrituras compunham uma unidade harmoniosa que apresenta um testemunho e 
uma mensagem sem paralelos. Nada poderia estar mais longe da verdade que dizer 
que Jesus pensava que as Escrituras eram um mero grupo de escritos em conflito 
entre si mesmos, sem qualquer relação particular mútua. Isso pode ser visto 
facilmente mediante a consideração de uma ou duas passagens relevantes.
Quando, por exemplo, os judeus tomaram pedras para apedrejar nosso 
Senhor, crendo que Ele se tornara culpado de blasfêmia, Ele os enfrentou apelando 
para o Antigo Testamento (cf. João 10:31-36). Nesse apelo Ele citou o Salmo 82:6, 
afirmando a verdade do declarado no mesmo ao asseverar que “a Escritura não 
pode falhar”. A força de Seu argumento é perfeitamente clara, e pode ser 
parafraseado como segue: “O que é afirmado neste versículo do livro de Salmos é 
verdade porque este versículo pertence àquele corpo de escritos conhecido como 
Escrituras, e as Escrituras possuem uma autoridade tão absoluta em seu caráter que 
não pode haver falha de sua parte”. Quando Cristo aqui empregou o termo 
“Escritura” tinha em mente, portanto, não um versículo particular do livro de 
Salmos, e, sim, o grupo inteiro dos escritos do qual este versículo é apenas uma 
parte.
Que Jesus Cristo reputava as Escrituras como uma unidade é igualmente 
percebido no fato que, por ocasião da traição de que foi vítima, Ele reconheceu a 
necessidade de seu aprisionamento e sofrimentos se as Escrituras tivessem de ser 
cumpridas (cf. Mat. 26:54). De fato,Ele se preocupava em que as Escrituras fossem 
cumpridas em Sua experiência. Para Ele tal cumprimento era mais importante do 
que o escapar do aprisionamento. Ao usar o singular — “a Escritura” — Ele 
deixou abundantemente claro que a pluralidade de escritos, visto terem ligações 
comuns entre si, forma um conjunto completo; que cada porção do mesmo 
pertence a categoria de Escritura, e que, considerada como um todo, a Escritura 
tinha ligação direta com os sofrimentos , que Ele estava prestes a experimentar. Por 
conseguinte, mediante Sua maneira de falar, Ele deu testemunho sobre o fato que o 
Antigo Testamento é um todo orgânico e que, desse modo, mediante implicação, 
há consentimento e harmonia entre todas as suas partes componentes.
Esse testemunho de nosso Senhor relativo à natureza do Antigo Testamento 
de modo algum é um fenômeno isolado. Pelo contrário, não apenas tal testemunho
9 O que segue daqui até o fim do capítulo, é citado de um artigo do autor, "A Autoridade do Antigo 
Testamento", em IW, págs. 55-70.
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é deixado expressamente claro através de certas passagens isoladas,10 mas o mesmo 
sublinha todo o Seu tratamento e comentários sobre a Escritura. Ao adotar tal 
atitude, Cristo se colocou em frontal antagonismo a todos aqueles pontos de vista 
opositores, tão prevalecentes em nossos dias, e que olham para o Antigo 
Testamento como uma mera coleção de material mais ou menos relacionado entre 
si, heterogêneo — mais uma biblioteca do que mesmo um Livro.
E Jesus Cristo não apenas considerava o Antigo Testamento como um todo 
orgânico; porém, igualmente cria que tanto em sua unidade como em suas diversas 
porções, Ele é final e absolutamente autoritativo. A Escritura devemos apelar como 
a autoridade final. Seu parecer é conclusivo. Quando a Escritura fala, o homem 
deve obedecer. Não há possibilidade de apelo para outra fonte. Quando, por 
exemplo, o Tentador sugeriu que o Filho de Deus ordenasse que as pedras se 
transformassem em pães, foi silenciado pela asserção: “Está escrito”. Esse apelo ao 
Antigo Testamento punha ponto final à questão. Aquilo que está escrito, para 
Cristo era a voz decisiva.
Acresce ainda que, para Cristo, tal autoridade não era atribuída às Escrituras 
apenas como uma unidade, ou mesmo apenas a versículos ou afirmações 
particulares, mas se estendia igualmente até o ponto de incluir as próprias palavras e 
até mesmo as letras individuais. Isso fica demonstrado pela Sua seguinte afirmação: 
“E é mais fácil passar o céu e a terra, do que cair um til sequer da lei” (Lc 16:17). 
Em algumas instâncias, Cristo baseou um argumento sobre uma única palavra, 
como, por exemplo, quando, ao refutar os judeus, Ele destacou a palavra “deuses” 
no Salmo 82:6. O exame cuidadoso dos Evangelhos revela o fato que Cristo tinha 
como autoritativas as Escrituras inteiras e em todas as suas partes do Antigo 
Testamento.
Haverá entretanto, algum método do qual possamos depender e pelo qual 
seja possível determinar precisamente quais livros Cristo reputava pertencentes à 
categoria de Escrituras? Não será possível que alguns livros, sobre os quais Ele 
impôs o selo de Sua aprovação, se tenham perdido irremediavelmente, enquanto 
que outros que por Ele não foram reconhecidos encontram-se agora dentro daquilo 
que chamamos de Antigo Testamento?
Pode-se dizer com toda confiança que Cristo reconheceu como canônicos os 
mesmos livros que atualmente compõem nosso Antigo Testamento protestante. 
Naturalmente Ele não nos deixou uma lista desses livros, nem citou expressamente 
de cada um dEles. Por conseguinte, temos de procurar algures a evidência que 
sustenta nossa afirmação.
Mediante a referência de nosso Senhor ao Antigo Testamento é possível 
determinar a extensão do cânon por Ele reconhecido. Ele citou abundantemente o 
Antigo Testamento, e a natureza de Suas citações geralmente empresta sua sanção 
não apenas ao livro do qual a citação é tirada, mas semelhantemente à coleção 
inteira de determinados livros. A força dessa verdade nos impressiona cada vez 
mais poderosamente, quando notamos como Cristo selecionou citações deste e
10 Cf. Mt. 21:42; 22:29; Mc 14:49; Jo 6:45; 15:25.
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daquele livro que reforçavam e apoiavam Seus argumentos. Parece que Sua vida 
terrena estava inteiramente apoiada nos ensinamentos do Antigo Testamento. Não 
apenas versículos inteiros apareciam frequentemente nos Seus lábios, mas 
igualmente Sua própria linguagem se revestia de expressões tiradas das Escrituras.
Há, contudo, uma passagem em particular na qual Ele nos fornece uma 
indicação sobre a extensão do Antigo Testamento em Seus dias. Após a Sua 
ressurreição, disse Ele aos Seus discípulos : “São estas as palavras que eu vos falei, 
estando ainda convosco, que importava se cumprisse tudo o que de Mim está 
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24: 44). Aqui o Senhor 
Jesus reconheceu claramente que há três divisões principais nos escritos do Antigo 
Testamento, e que as coisas que estão escritas em cada uma dessas divisões 
precisavam ser cumpridas. A designação “Lei de Moisés” se refere, naturalmente, 
aos primeiros cinco livros da Bíblia; os “Profetas” incluem os livros históricos e as 
obras dos grandes profetas escritores. Quanto à identificação dessas duas divisões 
parece haver bem pequena dúvida.
Entretanto, o que Cristo quis dizer com o termo “Salmos”? Mediante o seu 
emprego Ele queria referir-se a todos os livros da terceira divisão do cânon, ou 
tinha em mente meramente o próprio livro dos Salmos? Pensamos que talvez esta 
última alternativa seja a mais correta. Cristo destacou o livro dos Salmos, conforme 
parece, não tanto porque se tratasse do mais bem conhecido e mais influente livro 
da terceira divisão, e, sim, porque no livro dos Salmos havia muitas predições a Seu 
respeito. Esse é o livro Cristológico, por excelência, da terceira divisão do cânondo 
Antigo Testamento.
A maioria dos livros dessa terceira divisão não contém profecias diretamente 
messiânicas11. Por conseguinte, caso Cristo houvesse empregado uma designação 
técnica para indicar essa terceira divisão, provavelmente teria enfraquecido Seu 
argumento até certo ponto. Mas, ao referir-se ao livro dos Salmos. Ele dirigiu os 
pensamentos de Seus ouvintes imediatamente para aquele livro particular no qual 
ocorre a maior parte das referências proféticas ao Messias.
Isso não significa necessariamente que o Senhor Jesus não se tenha referido 
às profecias messiânicas que aparecem, por exemplo, no livro de Daniel. Nem 
significa que a terceira divisão do cânon ainda não estivesse completa em Seus dias. 
Antes, a impressão recebida é que, mediante essa linguagem, Cristo impôs o selo de 
Sua aprovação aos livros do Antigo Testamento que estavam em uso, então, entre 
os judeus; ora, esse Antigo Testamento consistia de três divisões definidas: a Lei, os 
Profetas e a terceira divisão que, até aquele tempo, provavelmente não havia ainda 
recebido qualquer designação técnica12.
11 Os livros abaixo são reputados como pertencentes aos Escritos ou Hagiografia: Os três livros poéticos, 
Salmos, Provérbios e Jó; os cincos Megilloth: Cantares de Salomão, Rute, Lamentações de Jeremias. Eclesiastes 
e Ester; e também Daniel, Esdras, Neemias e I e II Crônicas. Entretanto, é evidente que essa classificação nem 
sempre foi aceita. Ver R. D. Wilson, The Rule o f Faith and Life, em The Princeton Theological Review, vol. xxvi, 
n° 3, de julho de 1928; Solomon Zeitlin, An Historical Study of the Canonization o f the Hebrew Scriptures 
(Filadélfia, 1933).
12 Há toda razão para acreditarmos que o cânon de Cristo e o cânon dos judeus, em seus dias, era idênticos. 
Não há qualquer evidência de disputa entre Ele e os judeus quanto à canonicidade de qualquer dos livros do
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A Canonização das Escrituras
Quando Cristo pôs assim o selo de Sua aprovação às Escrituras judaicas de 
Seu tempo, isso significava que Ele considerava tais Escrituras como divinamente 
inspiradas. Entretanto, quandofoi que os judeus que vieram antes dEle vir a este 
mundo consideraram-nas assim inspiradas? A essa pergunta são dadas muitas 
respostas e é justamente a ela que devemos agora dirigir nossa atenção.
Pelo termo “escritos canônicos” se entendem aqueles escritos que 
constituem a regra de fé e vida inspirada. Os livros canônicos, em outras palavras, 
são aqueles livros reputados divinamente inspirados. O critério da canonicidade de 
um livro, portanto, é sua divina inspiração. Caso um livro tenha sido inspirado por 
Deus, é canônico, quer seja aceito ou não pelos homens como tal. É Deus, e não o 
homem, Quem determina se um livro pertence ao cânon sagrado. Por conseguinte, 
caso certo escrito tenha efetivamente sido o produto da inspiração divina, tal 
escrito pertence ao cânon desde o momento de sua composição.
Que assim é fica evidente pela própria natureza do caso. Se o homem fosse 
capaz de, sozinho e em suas próprias forças, identificar exatamente a Palavra de 
Deus, então o homem teria conhecimento igual ao de Deus. Mas, se Deus é 
verdadeiramente Deus, criador de todas as coisas e totalmente independente de 
tudo quanto criou, segue-se que somente Ele pode identificar aquilo que proferiu. 
Só Ele é capaz de dizer: “Esta é Minha Palavra, enquanto que aquilo não procedeu 
de meus lábios”.
Portanto, observa-se que a palavra “cânon” significa muito mais que 
meramente uma lista de livros. Caso fosse adotada tão interior opinião sobre o 
sentido dessa palavra, de modo algum faríamos justiça aos vários fatores 
envolvidos. O motivo por que tantas discussões sobre o problema do cânon são 
insatisfatórias é que elas partem da suposição que o cânon é meramente uma lista 
de livros que o povo judaico veio a considerar divinos, pois tais discussões 
negligenciam quase completamente o aspecto teológico da questão. Para o crente 
Cristão, todavia, a palavra “cânon” se reveste de um sentido muito mais elevado; 
para Ele ela constitui a regra inspirada de fé e prática. Os escritos da Bíblia afirmam 
ser a Palavra de Deus, e seu conteúdo está em completa harmonia com tal 
reivindicação. O crente reconhece que as Escrituras são inspiradas porque elas são, 
e trazem em si mesmas as evidências de sua origem Divina. Portanto, para qualquer 
consideração sobre como o homem vem a reconhecer a Bíblia como Palavra de 
Deus, é básico o fato que ela é realmente divina.
Naturalmente que o homem, sem a ajuda de Deus, não pode reconhecer a 
verdadeira natureza das Escrituras, visto que a mente humana está afetada pelo 
pecado. Somente Deus pode identificar para o homem a Palavra que procedeu de 
Seus lábios.
Antigo Testamento. Cristo se opunha não ao cânon adotado pelos fariseus, e, sim, à tradição oral que tornava 
inútil esse cânon. Pelas declarações nos escritos de Josefo e no Talmude, é possível sabermos qual a extensão 
do cânon judaico hoje em dia.
Por conseguinte, os homens reconhecem a Palavra de Deus simplesmente 
porque o próprio Deus lhes afirma qual seja a Sua Palavra. Deus lhes dirigiu a Sua 
verdade e a identificou para os homens. Portanto, é de grande importância, para a 
correta compreensão do problema inteiro, a doutrina do testemunho interno do 
Espírito Santo.
Essa doutrina tem sido alvo de muitos abusos; e realmente ela é uma 
doutrina muito misteriosa. Isso não significa que Esse testemunho interno possa 
ser usado como critério para determinar a canonicidade de certo versículo, capítulo, 
ou até mesmo livro. Significa, entretanto, que o crente possui a convicção que as 
Escrituras são Palavra de Deus, e que essa convicção foi implantada na mente do 
crente pela Terceira Pessoa da Trindade. Essa convicção tem sido possessão do 
povo de Deus desde que a primeira porção da palavra de Deus foi posta em forma 
escrita. Não pode haver dúvidas que o verdadeiro Israel reconheceu imediatamente 
a revelação de Deus.
Igualmente existem evidências secundárias, que corroboram o testemunho 
interno do Espírito, e que têm levado os crentes a aceitar as Escrituras. Em 
primeiro lugar, o fato que muitos homens de votos têm declarado juntos sua crença 
na Bíblia é por si mesmo, uma evidência convincente. Além disso, o caráter de seu 
conteúdo, o “assunto celeste” contido nesses escritos, possui verdadeiro valor 
comprobatório. Semelhantemente, a “majestade do estilo” e, particularmente a 
“harmonia de todas as partes” são elementos que impressionam favoravelmente o 
crente. Em adição às “muitas outras excelências incomparáveis, e à perfeição total” 
da Bíblia, temos de levar ainda em consideração o testemunho da Bíblia sobre si 
mesma.
Esses pontos provavelmente serão mais claramente entendidos se 
examinarmos a história da coleção das Escrituras do Antigo Testamento. Não foi 
preservada nenhuma história completa desse processo, ainda que certas declarações 
importantes a respeito apareçam na própria Bíblia, e essas declarações precisam ser 
levadas em consideração em qualquer discussão séria sobre o problema.
A Lei de Moisés
Primeiramente, portanto, nos voltamos para os cinco primeiros livros do 
Antigo Testamento, comumente conhecidos como Pentateuco ou Lei de Moisés. 
Tradicionalmente, tanto pelos judeus como pelos Cristãos, Moisés é reputado o 
autor desses livros. Cremos que quanto a Esse particular a tradição é correta, e que 
a autoria mosaica essencial do Pentateuco pode ser mantida. Realmente talvez 
tenham sido feitas algumas adições secundárias, tal como o relato da morte de 
Moisés, que teria sido inserido no Pentateuco, sob a inspiração divina, por um 
editor posterior; isso, entretanto, de modo algum é contrário à tradição comum de 
que Moisés foi o autor do Pentateuco. Quando Esses escritos foram completados, 
foram aceitos pelos indivíduos devotos de Israel como divinamente autoritativos. 
Foi feita provisão expressa para a proteção e custódia dos mesmos. “Tendo Moisés 
acabado de escrever integralmente ás palavras desta lei num livro, deu ordem aos
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levitas que levavam a arca da aliança do Senhor, dizendo: Tomai este livro da lei, e 
ponde-o ao lado da arca da aliança do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por 
testemunha contra ti” (Dt 31:24-26). Aos sacerdotes foi ordenado que lessem a Lei 
ao povo: “... lerás esta lei diante de todo o povo” (Dt 31:11). Quando Israel 
desejasse ter rei, Esse rei deveria possuir uma cópia da Lei (Dt 17:18,19). Josué 
recebeu ordens de guiar o povo à luz da Lei: “Não cesses de falar deste livro da lei; 
antes medita nEle dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo 
quanto nEle está escrito” (Js 1:8).
Durante toda a história de Israel, a Lei foi considerada como divinamente 
autorizada e autoritativa. Davi exortou Salomão para que obedecesse. Jeroboão foi 
denunciado por desobedecer aos mandamentos de Deus. Alguns dos reis de Judá 
foram particularmente louvados por causa de sua aderência à Lei, enquanto que 
outros foram condenados por não se terem apegado à mesma. O próprio exílio é 
considerado pelos escritores sagrados como devido às infrações contra os estatutos 
e a aliança que Deus estabeleceu com os antepassados de Israel. E, na volta do 
exílio, os israelitas se governaram de conformidade com a lei de Moisés.
Pode-se observar que, segundo o testemunho dos únicos escritos 
contemporâneos do antigo Israel, a Lei de Moisés vinha sendo considerada, desde 
os tempos mais recuados, como divinamente inspirada e autoritativa. Era final. O 
que ordenava devia ser obedecido, e o que ali era proibido, não podia ser feito. Tal 
é o quadro que o Antigo Testamento apresenta em si mesmo, caso seja aceito tal 
como está.
O s Livros Proféticos
Não era só a Lei de Moisés que os israelitas consideravam Palavra de Deus, 
mas as palavras e escritos dos profetas eram igualmente considerados. Em 
Deuteronômio foi dito sobre os profetas que Deus poria Suas “palavras” em suas 
bocas, e que o profeta “...lhes falará tudo o que eu lhes ordenar” (Dt 18:18). Os 
próprios profetas acreditavam que falavam em Nome do Senhor, e que transmitiam 
Sua

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