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Geyse Lucia de Mendonça Gonçalves Guilherme Rosário Alves Victor Santos Chagas Resumo e Crítica de "O Dilema das Redes” São Cristovão, Sergipe Novembro de 2021 Geyse Lucia de Mendonça Gonçalves Guilherme Rosário Alves Victor Santos Chagas Resumo e Crítica de "O Dilema das Redes” Trabalho apresentada à disciplina de Informá- tica, Ética e Sociedade, como requisito parcial para a avaliação no Curso de Engenharia da Computação, 1º período, Universidade Fede- ral de Sergipe Orientador: Professor Dr. Henrique Nou Schneider São Cristovão, Sergipe Novembro de 2021 Sumário 1 UM RESUMO DA OBRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1 Ficha Técninca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2 POSICIONAMENTO CRÍTICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 3 1 Um resumo da obra 1.1 Ficha Técninca -Lançamento: 9 de setembro de 2020 -Distribuição: Netflix -Diretor: Jeff Orlowski -Duração: 1h34min 1.2 Resumo A produção é baseada em depoimentos reais de ex-funcionários de empresas como Facebook, Twitter, Instagram, Google, Gmail, Whatsapp, Youtube, Pinterest e outros aplicativos. Além das entrevistas, atores assumem um papel coadjuvante, encenando um enredo de uma família com dois filhos adolescentes que são usuários compulsivos destas plataformas tecnológicas. Interessante destacar a palavra usuário, pois ela aparece em um depoimento ao longo do filme que afirma que este termo é utilizado apenas por dois segmentos de indústrias para nominar seus clientes (o de drogas e o de internet), sugerindo o nível de atividade viciante que estaria atrelado ao uso excessivo e sem controle dos aplicativos de mídias sociais. O documentário pode até ser considerado um pouco sensacionalista. Logo no início, por exemplo, aparece uma frase filosófica que compara a internet a uma maldição. Os personagens não possuem limite algum em sua vontade própria e são facilmente levados pelos comandos dos algoritmos das plataformas digitais, o que pode ser considerado um certo exagero. Mas, em suma, a produção é um excelente exercício de reflexão sobre o uso destas tecnologias e os perigos que se escondem por trás das telas de interação. O protagonista de destaque no documentário é Tristan Harris, um ex-funcionário da área de designer do Google e que era responsável pelo departamento ético da empresa. Além de Harris, há vários outros depoimentos de ex-funcionários das múltiplas plataformas sociais, sendo que muitos deles trabalhavam em cargos de direção nas empresas. Os depoimentos dos profissionais vão se intercalando com cenas de uma família que é afetada pelas consequências da tecnologia, que é a dependência que as pessoas desenvolvem no uso das plataformas digitais, principalmente através do uso de smartphones. Os profissionais também não se esquecem de questionar a gratuidade destes apli- cativos. Embora não cobrem diretamente dos usuários pelo produto que oferecem, os Capítulo 1. Um resumo da obra 4 próprios utilizadores são parte do produto. Com seus sistemas inteligentes composto por algoritmos, as plataformas conseguem monitorar os gostos e desejos das pessoas, seus pensamentos e movimentos e, desta forma, sugerem notícias, vídeos e, principalmente, publicidade de produtos e serviços, que são realmente quem financia as redes sociais e, não à toa, essas empresas de tecnologia estão entre as mais ricas. O monitoramento e manipulação das pessoas são demonstrados no documentário em forma de ficção, em que três administradores de mídias sociais exercem a função que seriam de algoritmos, instigando a todo momento o interesse dos usuários em se manterem conectados, aumentar o engajamento e, paralelamente, manterem-se vinculados às suas bolhas. O ser humano é comparado a um avatar, em que seu cérebro é condicionado à vontade de quem administra as mídias. Durante o documentário é ouvido a voz de profissionais da área de psicologia, que expressam a preocupação com a dependência das pessoas estarem conectadas o tempo todo às redes, sobretudo os mais jovens e os adolescentes. Sentimentos de ansiedade, frustações, diminuição de autoestima e depressão são alguns dos efeitos danosos causados e que, em casos extremos, podem levar ao cometimento de suicídio, fato que tem aumentado entre os jovens nos últimos anos. Outro problema comumente visto é a ignorância proporcionada pela proliferação de mentiras, a radicalização das opiniões, a polarização política e a ameaça às democracias. Focando em temas bastante atuais, o documentário expõe as fragilidades e perigos das mídias sociais, mostrando as interferências constatadas nas últimas eleições em países democráticos como Estados Unidos e Brasil, além da enxurrada de falsas informações e de debates ideológicos inflamados no período de pandemia mundial da Covid-19. Segundo os especialistas entrevistados, estamos cruzando uma fronteira muito tênue entre a era da informação para uma da desinformação. Eles sugerem que as pessoas desinstalem dos seus aparelhos de celular tudo aquilo que não for realmente imprescindível e desativem as notificações. Além disso, aconselham que os pais tentem evitar que seus filhos façam uso indevido das redes sociais. É preciso um redirecionamento. Usar com mais cautela essas tecnologias; pensar em quais aplicativos são realmente essenciais e fazem diferença em nossas vidas; não expor tanto os nossos dados; escolher os vídeos pela nossa vontade e não simplesmente porque são recomendados; checar as informações e suas fontes antes de compartilhar; sair um pouco das nossas bolhas, seguindo pessoas que pensam diferente de nós; são algumas das sugestões dadas para alterar a lógica na qual a sociedade está inserida. Desta forma, poderíamos usufruir melhor dos benefícios que seriam os objetivos originários quando da criação das mídias sociais. 5 2 Posicionamento crítico Nos tempos atuais, é necessário discutir a respeito das novas tecnologias e das já existentes, debates são necessários para refletir sobre como a sociedade de fato funciona e o que acontece nos bastidores. Com isso, um dilema complexo e difícil de ser discutido é abordado, qual o problema das redes sociais? É fato afirmar que todas essas ferramentas trouxeram melhorias significativas e grandiosas para a sociedade, mas isso não quer dizer que ela é perfeita e que não tenha seus malefícios, a maioria das pessoas não chegam a considerar esse outro lado da moeda. Sobretudo, as redes sociais geram diversos problemas devido a forma que ela é alocada na sociedade, é comum ver pessoas cada vez mais ignorantes, viciadas e depressivas vivendo em sua própria bolha social, sendo assim, dando um amplo espaço para todo tipo de informação e consequentemente as chamadas Fake News. Primeiramente, é válido destacar o aumento no número de casos de ansiedade e depressão nos últimos anos, e o resultado disso é justamente pela influência das redes sociais, não é incomum ver pessoas, principalmente influencers, transparecendo uma idealização de vida perfeita (viagens, luxo, estética e etc) em suas mídias, toda essa situação acaba gerando uma frustração por parte dos usuários que veem esse tipo de publicação, a comparação entre a vida real daquele determinado usuário com o estilo de vida editado nas redes levam ao termo conhecido como “positividade tóxica”, uma fuga da realidade onde as pessoas só querem transmitir aquilo que é perfeito e feliz, deixando os piores sentimentos de lado, contudo a diferença entre a felicidade genuína e a felicidade postada nas redes é absurda, é apenas uma vitrine de egos esbanjando a falsa propaganda de felicidade, muitas pessoas não entendem isso e também querem levar um estilo de vida utópico, não conseguem e como consequência criam transtornos. O princípio de prazer de Freud exemplifica isso muito bem, onde afirma que o ser humano cria uma busca instintiva por prazer, sendoassim, evitando dor e o sofrimento (desprazer). Ademais, o uso excessivo e viciante das redes sociais não é um mero acaso, a criação delas, desde seu design até suas funcionalidades são pensadas para causar esse efeito, por exemplo, a ferramenta de likes usada como forma de aprovação alheia, esse tipo de comportamento é discutido na obra “Psicologia de grupo e análise do ego” de Freud, dando ênfase principalmente no medo das pessoas em não serem aceitas em determinado grupo, o ato do “like” pode ser traduzido como forma de aprovação, basicamente um “gosto de você e te reconheço como parte do grupo”. O uso da psicologia é totalmente associado aos mecanismos das redes sociais, a internet se tornou a doença do século, caracterizando por si só, um vício, gerando hábitos cada vez mais doentios como abstinência, compulsão e Capítulo 2. Posicionamento crítico 6 tolerância. Basicamente as redes sociais se tornaram espécies de chupetas digitais, onde as pessoas em situações de tédio ou angústia recorrem para elas com objetivo de aliviar a ansiedade ou estresse. As empresas obviamente precisam de pessoas consumindo suas ferramentas para gerarem lucro, mas de onde vem esse lucro gerado se a maioria dos serviços ofertados são gratuitos? Resumindo de uma forma bem simples, os verdadeiros clientes são os anunciantes, o lucro das empresas vêm principalmente por publicidade que é consumida por seus usuários, ou seja, na verdade esses usuários são os produtos que estão sendo vendidos. A engenharia das redes não tem como objetivo contribuir com as relações sociais, mas sim obter a maior quantidade de dados das vida alheias, tudo isso para fins lucrativos. Além de todos esses problemas, a maneira como os algoritmos funcionam, reco- mendando notícias, postagens, conteúdos feitos exclusivamente para determinado usuário, sendo exatamente aquilo que ele procura, acaba gerando as famosas “bolhas de informação”, todos os conteúdos mostrados raramente possuem opiniões diferentes das suas, fazendo com que cada pessoa viva em determinada bolha de interesse. Muitos não percebem a problemática mas isso fere fortemente os conceitos de debates e democracia. A falta de confronto de ideias que desafiam a forma de pensar ajuda a criar polarizações políticas e fortalecer posições radicais. A propagação de fake news é outro ponto que precisa ser mencionado, tudo que é mostrado nas redes sociais é automaticamente dito como verdade, os algoritmos não se baseiam na qualidade do conteúdo, mas sim no nível de engajamento da publicação, e notícias falsas sempre geram mais. De modo sintetizado, as mídias sociais estão estimulando a ignorância e afetando o senso de democracia. Criando um paralelo sobre Platão, Freud e Gustave Le Bon, Platão destaca na metáfora do “mito da caverna” como as pessoas são facilmente ignorantes e se deixam levar pela influência externa para moldar suas decisões, a maioria das pessoas se prendem a ideias pré-estabelecidas, evitando o uso de um sentido racional para pensar e refletir, pode-se criar uma analogia ao mundo atual, os usuários submersos em seus dispositivos, sobretudo na internet e redes sociais, acabam ficando presos a esta realidade virtual como se fosse a única realidade existente, passando a viver na escuridão como se fosse de fato uma caverna, e conectados nessas redes, preferem se abster do pensamento crítico e passam a aceitar ideias e conceitos que são impostos por determinado grupo dominante. Freud também aborda em “Psicologia das Massas e a Análise do Eu”, criticando a falta de autenticidade que a maioria das pessoas possuem, onde têm medo de criticar e refletir, vivendo um comportamento de massa, quando uma pessoa se torna membro de uma multidão, sua mente inconsciente é liberta, logo o indivíduo tende a seguir o líder carismático da massa, nesse contexto seria facilmente, por exemplo um influenciador digital. Já Le Bon afirma na sua teoria do contágio argumentando que multidões (mente Capítulo 2. Posicionamento crítico 7 grupal) motivam as pessoas a agirem de maneira distante do seu comportamento individual, o chamado efeito manada, nas mídias sociais é justamente o que acontece, as pessoas, sobretudo em grupos, acabam fazendo parte de uma mente coletiva que os faz sentir, pensar de maneira totalmente diferente em relação a quando estão em estado de isolamento social. Será que, de fato, ninguém previu as consequências negativas? É mais possível que, lá no fundo, sabia-se dos danos potenciais, mas concentrou-se nos benefícios. Muitos ainda acham que as redes sociais nada mais fazem do que facilitar muito a comunicação e a disseminação de notícias, verdadeiras ou falsas, benéficas ou maléficas. O Email, uma das mais antigas redes sociais, assemelhando-se às que conhecemos atualmente, já foi projetado para manter o usuário conectado o máximo possível, ou seja, quanto mais viciado ele fosse, mais bem sucedido estaria o plano estratégico da empresa provedora do serviço. A grande maioria dos usuários não reconhece que a sua atenção é o produto vendido das redes para os anunciantes. O acervo de dados dos usuários permite aos programas previrem o que mais pode lhes interessar e quais serão suas próximas ações. Além disso, tais agregados possibilitam direcionar certas ações de um grupo de pessoas por meio do que lhes é apresentado em seus feeds. Diante disso, o poder dessas aplicações é potencialmente nocivo, visto que eles poderiam comandar as futuras ações dos seus usuários, situação muito bem retratada no documentário. Cada detalhe das redes foi criado por profissionais que conhecem muito bem como funciona a mente humana e o que devem fazer para prender a atenção de alguém ou mesmo atraí-la. Mas, se usá-las é, às vezes, “obrigatório”, seria racional também que soubéssemos como nossos cérebros funcionam para ajustar nossos comportamentos de acordo com o que queremos, impedindo que elas “nos controlem”. Os smartphones costumam vir de fábrica configurados para alertar na tela, com efeitos sonoros e visuais, as notificações de todas as redes sociais. Entretanto, se o usuário é consciente de que não quer que elas apareçam, deve configurar seu celular conforme isto. Atualmente, a funcionalidade de impedir que qualquer notificação apareça vem nativa na maioria dos smartphones. Ademais, também existem aplicativos que bloqueiam outros aplicativos durante um determinado tempo do dia, impossibilitando que qualquer pessoa o acesse. As redes exploram vulnerabilidades das pessoas para obter suas atenções pelo máximo de tempo que conseguirem e manipular suas ações ou seus pensamentos futuros com o único objetivo de lucrar. Ou seja, não são meras ferramentas inofensivas, mas possuem seus próprios objetivos. Trocam-se informações próprias, às vezes até mesmo conscientemente imperceptíveis e desorganizadas, pelo uso dos recursos. A ordem, o horário e o layout do que a nós é apresentado possui um objetivo, o qual pode ser prender nossa atenção por mais tempo ou provocar alguma linha de pensamento ou algumas ações. Ao disponibilizarmos informações próprias acessíveis a quaisquer pessoas e também Capítulo 2. Posicionamento crítico 8 possibilitarmos que estas publiquem opiniões sobre nós, nos expomos a um leque de posicionamentos, às vezes anônimos, com os quais não estamos preparados para lidar. No auge da TV, até tínhamos conhecimento sobre alguns aspectos das vidas dos famosos, como apresentadores, atores, cantores ou políticos. Entretanto, não havia canais que possibilitassem que eles soubessem nossas opiniões sobre estes atos de forma tão expressiva como acontece hoje no Twitter, Facebook ou Instagram. Essa estrutura possibilitou o surgimento do que hoje apelida-se de “tribunal da internet”, no qual personalidades famosas podem ser julgadas, condenadas ou defendidas por uma multidão de perfis que se baseiam em alguma informação pessoal que veio a público, ocasionando até o risco de “cancelamento”. Além disso, as informações a nós apresentadas tendem a compactuar com nossas opiniões sobre omundo, tornando, ainda, a experiência pouco produtiva ou enriquecedora. Esse recurso permite espalhar convicções e projetos com muito mais facilidade, podendo ser usado até mesmo para fins políticos ou para disseminar informações falsas ou verdadeiras. Nesse contexto, seria essencial espalhar a prática de pensamento crítico a respeito do que aparece nos feeds, a fim de reduzir os impactos negativos de tal feito. Dessa forma, fazem-se necessárias leis que regulamentem os usos dos dados digitais e educação a respeito do quão nocivas podem ser as redes sociais. 9 Referências ARÃO, C. As Redes Sociais e a Psicologia das Massas: A Internet como Ter- reno e Veículo do Ódio e do Medo. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 8, n. 3, p. 181–206, 2021. DOI: 10.26512/rfmc.v8i3.34292. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/34292. LARRANHAGA, Livia. Mal-estar nas redes sociais. 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