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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA TERESA CRISTINA FERREIRA DA SILVA GESTÃO DE DOCUMENTOS EM ARQUIVO HOSPITALAR Orientadora: Profª. Msc. Renata Passos Filgueira de Carvalho NATAL/RN 2008 TERESA CRISTINA FERREIRA DA SILVA GESTÃO DE DOCUMENTOS EM ARQUIVO HOSPITALAR Monografia apresentada à disciplina ministrada pelas professoras Maria do Socorro de Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de Carvalho, do Departamento de Biblioteconomia da UFRN, como pré-requisito para conclusão do curso. Orientadora: Profª Msc. Renata Passos Filgueira de Carvalho NATAL/RN 2008 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Divisão de Serviços Técnicos Silva, Teresa Cristina Ferreira da. Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar. / Teresa Cristina Ferreira da Silva. - Natal, 2008. 59 f. Orientadora: Profª. Msc. Renata Passos Filgueira de Carvalho. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Biblioteconomia. 1. Biblioteconomia - Monografia. 2. Paciente - Monografia. 3. Prontuário Médico - Monografia. 4. Gerenciamento Eletrônico - Monografia. 5. Instituições Hospitalares - Monografia. I. Carvalho, Renata Passos Filgueira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 02 TERESA CRISTINA FERREIRA DA SILVA GESTÃO DE DOCUMENTOS EM ARQUIVO HOSPITALAR Aprovação em ____ de ____________________ de __________ BANCA EXAMINADORA _______________________________________ Profª: Msc. Renata Passos Filgueira de Carvalho Orientadora _______________________________________ Profª: Msc. Maria do Socorro de Azevedo Borba Membro ____________________________ Profª: Dra. Eliane Ferreira da Silva Membro AGRADECIMENTOS À Deus, à meus pais, aos colegas da sala de aula, as professoras e professores do CCSA - Centro de Ciências Sociais Aplicadas, especialmente as professoras do Departamento de Biblioteconomia, do CCET – Centro de Ciências Exatas e da Terra, do CCHLA – Centro de Ciências Humanas Letras e Artes; as bibliotecárias, aos bolsistas da BCZM – Biblioteca Central Zila Mamede; ao Restaurante Universitário, a COMPERVE – Comissão Permanente do Vestibular, pela convocação para ser fiscal durante o processo seletivo do vestibular. RESUMO Apresenta a gestão documental e o gerenciamento eletrônico nas instituições hospitalares que são estabelecidas por lei federal para a organização e a guarda dos documentos. Enfoca os tipos de arquivo das instituições e o prontuário médico, que registra as informações do paciente, mostrando o avanço da tecnologia nos serviços médicos, abolindo as informações em papel e migrando-as para os meios eletrônicos. Descreve as fases para a implantação do gerenciamento eletrônico de documentos, a terceirização desses serviços por empresas especializadas que se dedicam a organização e guarda dos documentos nas instituições que precisam ordenar sua documentação. Mostra a armazenagem dos documentos digitalizados, em mídias cada vez mais potentes com capacidade de agrupar dados, e esclarece a importância que as instituições devem ter com toda sua criação documental, para conservarem a sua história. Considera que é preciso acompanhar os avanços nas tecnologias de informação e comunicação, para que sejam oferecidos serviços cada vez mais qualificados aos usuários. Palavras-chave: Paciente. Prontuário Médico. Gerenciamento Eletrônico. Instituições Hospitalares. ABSTRACT It presents the electronic document management and management in the hospitals that are set by federal law for the organization and custody of the documents. It discusses the file types of institutions and medical records, which records the patient's information, showing the advancement of technology in medical services, removing the information on paper and moving them to the electronic media. Describes the stages for the deployment of electronic management of documents, the outsourcing of services by specialized firms active in the organization and custody of the documents in the institutions that need to sort your documentation. Shows the storage of scanned documents, in the media with increasingly powerful ability to group data, and clarifies the importance that institutions should have with all its establishment documentary, to preserve its history. Believes that we must monitor advances in information and communication technologies, to offer services that are increasingly skilled users. Key words: Patient. Medical records. Electronic management. Institutions Hospital. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7 2 ARQUIVO ................................................................................................ 9 2.1 ARQUIVO HOSPITALAR ..................................................................... 15 3 GESTÃO DOCUMENTAL ........................................................................ 21 3.1 IMPLEMENTAÇÃO DE ARQUIVO ....................................................... 25 4 GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS ....................... 28 4.1 SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA O PRONTUÁRIO MÉDICO ... 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 39 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 41 ANEXOS .................................................................................................... 44 Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 7 1 INTRODUÇÃO A falta de uma política interna de preservação dos documentos produzidos nas instituições hospitalares acarreta o desaparecimento de documentos importantes. Esta perda gera desconforto para as instituições que precisam repor todos os dados que foram perdidos. O tema foi escolhido através de literatura disponibilizada na disciplina Organização de Arquivos, ministrada pela professora Renata Passos Filgueira de Carvalho, na qual se observa que, a falta de planejamento nos sistemas médicos, a não inclusão dos usuários e a falta de infra-estrutura física para o volume cada vez mais crescente de documentos nas instituições, requer uma maior atenção. Com o objetivo de identificar o arquivo nas instituições hospitalares e os procedimentos de organização e preservação da documentação criada, este trabalho procura mostrar os procedimentos que as instituições precisam ter para organizar sua documentação para que estejam acessíveis quando solicitadas. O avanço das tecnologias nos diversos setores da sociedade faz com que os serviços médicos sejam adaptados para melhorar o atendimento aos pacientes, a produtividade dos profissionais de saúde, facilitar o acesso as informações de saúde e reduzir os custos administrativos. Para verificar se existe uma integraçãoentre homem e tecnologia é preciso saber, como identificar o arquivo hospitalar? Que documentação é produzida nessas instituições? Como fazer a implementação do arquivo eletrônico no prontuário médico? Sabe-se que desde os tempos remotos da humanidade, o homem tenta deixar registrados os acontecimentos que ocorrem no seu dia a dia. Estes registros deram origem a documentos que muitas vezes precisam estar em lugares físicos adequados para que sejam armazenados e assim serem preservados para as gerações futuras. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 8 O material impresso atinge atualmente números exorbitantes de documentos criados, os quais não conseguem ser armazenados de forma já estabelecida pelo motivo de não ter espaço suficiente em salas ou mídias. O novo caminho iniciado com as tecnologias de informação e comunicação fez surgir os sistemas de arquivos informatizados. O uso dos sistemas significa a melhoria na armazenagem, na preservação e torna o acesso as informações de maneira mais fácil e rápida. Qualquer instituição, seja ela pública, privada, que preste qualquer tipo de serviços, ou venda de bens, pode utilizar os sistemas informatizados de arquivos para organizar e preservar sua documentação. A instituição hospitalar tem sua produção documental voltada para assuntos relacionados à sua administração e a seus pacientes. Instituída por lei federal para que haja a organização, o armazenamento e a preservação do prontuário médico, tem lei específica que cita os procedimentos que devem ser observados individualmente com cada registro. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica nos meios impressos em livros, periódicos e em sites eletrônicos em que foram encontrados textos relacionados ao tema. O trabalho divide-se em cinco capítulos, o primeiro tem a introdução onde é apresentado o tema, os objetivos, a metodologia, a justificativa e as finalidades do trabalho. No segundo é destacada a origem do termo até os estágios de sua evolução, trata do arquivo hospitalar e suas divisões em arquivo administrativo e o prontuário médico, sua história desde a antiguidade até os dias atuais com as tecnologias de informação e comunicação. No terceiro e quarto, é tratada a gestão documental e o gerenciamento eletrônico de documentos nos serviços de saúde, desde a avaliação documental até a guarda definitiva dos documentos pertinentes as atividades da instituição hospitalar, concluindo com as considerações finais. A pesquisa contribuiu para o melhor conhecimento no trato da documentação hospitalar efetuado nas instituições hospitalares. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 9 2 ARQUIVO Segundo Paes (2005), arquivo é uma palavra originada do latim Archivum, é o lugar de guarda de documentos e outros títulos. Esta guarda é necessária para que sejam preservadas as informações criadas tanto pelo homem como pelas instituições. Paes (2005, p. 24) conceitua os segmentos que envolvem a documentação como sendo: Arquivo – é o conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por seus sucessores para fins de prova ou informação. Arquivamento – é a operação que consiste na guarda de documentos nos seus devidos lugares, em equipamentos que lhe forem próprios e de acordo com um sistema de operação previamente estabelecida. Arquivista – são princípios e técnicas a serem observados na constituição, organização, desenvolvimento e utilização dos arquivos. Os arquivos surgiram para preservar os documentos em que foram registrados pelo homem, desde a antiguidade, os fatos que ocorreram em sua existência para sua sobrevivência ou por prazer, ressalta (VIEIRA, 2001). Tudo que é criado e registrado, independente do suporte em que estão, torna-se um documento e esse, conta a história de um fato ou acontecimento de determinada época. O “documento é tudo que registra uma informação independente do valor que a ela venha a ser atribuído”. (VIEIRA, 2001, p. 1). Bellotto (2005, p. 175), diz que: Os primeiros documentos escritos surgiram não com a finalidade de, posteriormente, se fazer com eles a história, mas com objetivos jurídicos, funcionais e administrativos – documentos que o tempo tornaria históricos. O desenvolvimento da vida econômica e social, por sua vez, também originou os documentos necessários à sustentações, e Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 10 tudo isso veio a constituir fontes documentárias custodiadas pelos arquivos. A cada dia são criados inúmeros documentos. Este acontecimento foi facilitado pela invenção do papel e da imprensa, além de outras invenções como a máquina de escrever, o carbono, o mimeografo e as fotocópias que contribuem para a criação de novos e a repetição de documentos diz (VIEIRA, 2001). Independentemente dos suportes onde está a informação documental, os arquivos estão presentes em bibliotecas, museus, centros de documentação ou qualquer outra instituição que preserve sua história e queira repassá-la para as gerações futuras. Bellotto (2005, p.25) ressalta ainda que: As atividades clássicas da administração – prever, organizar, comandar, coordenar e controlar – não se efetuam sem documentos. Quanto mais informados os administradores/dirigentes estiverem sobre um assunto, melhor e mais completamente poderão decidir sobre ele [...]. O arquivo de uma unidade administrativa armazena tudo o que ela produz – normas, objetivos, documentos decorrentes de suas funções -, servindo à informação e à gestão. O arquivo de qualquer instituição é o lugar onde está guardada toda a sua história, seus fatos e acontecimentos que vão ocorrendo nas diversas fases em que ela vai exercendo sua função de prestar um serviço de qualidade para seus usuários. Documentos antigos que de alguma forma não são consultados com freqüência, também tem seu valor, pois guardam a memória de algum fato que pode ser melhorado ou que de algum modo serviu para ascender à instituição, pois como diz Bellotto (2005, p. 27): A falta de conhecimento dos administradores sobre a importância dos documentos, acarreta a destruição desses documentos e o descaso de não priorizar os serviços de arquivo para que os documentos sejam preservados. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 11 Todo arquivo produz o que está relacionado às atividades do meio que o produziu justificando sua existência, comenta Bellotto (2005). Os arquivos devem ter sua documentação avaliada onde são definidas sua permanência ou o seu descarte evitando o acúmulo desnecessário de informações. O processo avaliador do documento nunca é feito ‘documento por documento.’ ‘As séries documentais que refletem operações, atividades, funções e competências definem-se por sua tipologia, e este denota a identidade de cada um de seus documentos competentes. Assim, é a série e não ao documento que se dá a sentença definitória de vida ou morte. É a ela que se referem os preços fixados pelas tabelas de temporalidade.’ (BELLOTTO, 2005, p.123). Todo arquivo precisa de uma organização satisfatória para que suas informações sejam acessadas de maneira rápida e fácil quando forem solicitados. Esta organização só é possível, depois que é feito o processo de avaliação e triagem dos documentos. Pazin (2005, p. 5) diz que: O processo de organização do arquivo de qualquer instituição implica a realização de diversas etapas que possibilitem a compreensão e codificação dos documentos em diversos níveis, desde seu reconhecimento (Diagnóstico) da Produção Documental, passando pela inclusão de cada tipo documental numa lógica de organização (Classificação), até o estabelecimentode critérios de valorização, visando determinar a preservação ou eliminação dos documentos (Avaliação). Tudo na nossa vida precisa ser organizado, em nossa casa, nos armários, gavetas, nosso material de estudo escolar, até as anotações que precisamos levar para o supermercado ou a feira. Caso não tenhamos o controle das nossas atividades rotineiras, corremos os riscos de não termos um controle das nossas próprias vidas. Nos arquivos acontece o mesmo, pois como eles tratam de informações armazenadas em diferentes suportes se não forem adequadamente organizadas e armazenadas, elas não poderão ser acessadas quando solicitadas, seja para pesquisa ou para a tomada de decisão administrativa. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 12 Segundo Paes (2005, p. 35) as fases para a organização de arquivos compreendem: O levantamento de dados; A análise dos dados; O planejamento; A implantação e o acompanhamento. Paes (2005, p. 61) diz que “o método de arquivamento é determinado pela natureza dos documentos a serem arquivados e pela estrutura da entidade.” As instituições precisam observar como? Por quê? E por quanto tempo devem manter seus documentos, de que forma devem estabelecer a classificação de sua documentação. Paes (2005, p. 20) também classifica os arquivos da seguinte forma: Segundo as entidades mantenedoras – públicas, institucionais, comerciais, familiais ou pessoais; Segundo os estágios de sua evolução: Arquivos de primeira idade ou corrente – documentos consultados com freqüência; Arquivos de segunda idade ou intermediário – documentos que deixaram de ser consultados com freqüência, mas podem ser solicitados; Arquivos de terceira idade ou permanente – documentos que perderam seu valor administrativo, mas se conservam pelo seu valor histórico ou documental. Segundo a extensão de sua atuação: Arquivos setoriais – com funções de arquivo corrente; Arquivos gerais – recebem os documentos das atividades dos arquivos correntes. Os arquivos chamados especiais: [...] são aqueles que têm sob sua guarda documentos em diferentes tipos de suportes e que, por esta razão, merecem tratamento especial não apenas no que se refere ao seu Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 13 armazenamento, como também ao registro, acondicionamento, controle e conservação. (PAES 2005, p. 145). A manutenção documentária vem desde os tempos remotos, em que o homem já tentava mostrar para seus semelhantes às passagens de sua vida cotidiana ou de fatos importantes que foram acontecendo. Estas passagens foram deixadas ao longo do tempo em inscrições rupestres ou em relevos grafados em pedras ou em argilas, dessa forma com a evolução do homem começaram a existir novas formas e processos para que essas mensagens sejam identificadas posteriormente e recuperadas de forma mais rápida e precisa. Paes (2005, p.157) diz: Na história da evolução da humanidade, duas fantásticas invenções podem ser apontadas como responsáveis pelos progressos técnicos, científicos e culturais alcançados pelo homem desde a sua origem até os nossos dias: a imprensa, em meados do século XV, e a informática no século atual. Sabe-se que antes da invenção da imprensa, na antigamente, a comunicação era feita por meio de símbolos gravados. Na Idade Média a comunicação passou a ser manuscrita em folhas de pergaminho e papiro, além de ser também transmitida oralmente, até que o alemão Johannes Gensfleish Gutemberg, inventou a imprensa. Os impressos espalharam-se por toda parte do mundo auxiliado pelas universidades e pelos centros comerciais, através dos artigos científicos, das crônicas políticas e literárias e começaram a ser produzidos em grande quantidade e acessados por um número maior de leitores. O aumento da circulação de impressos e o acúmulo de informações fez com que máquinas fossem criadas, surgiram os computadores para processar dados com uma maior precisão. Com o avanço nas pesquisas foram surgindo vários modelos com a capacidade de processar cada vez mais dados em pouco tempo. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 14 A guarda de documentos de uma instituição, segundo Bellotto (2005), deve ser de acordo com as idades dos documentos onde os arquivos devem ter localização física própria. Os arquivos correntes devem ser classificados seguindo as funções administrativas, e reservados como informação pública. Os intermediários podem ficar afastados por não estarem aberto à pesquisa para depois serem recolhidos para os permanentes. Instituída no governo do Presidente Fernando Collor, a Lei nº 8.159 de 8 de janeiro de 1991, no Capítulo I, Art. 2º diz que: Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos. A mesma lei também cria pelo Art. 26 e regulamenta pelo Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, o Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ, com as competências de: Estabelecer diretrizes para o funcionamento do Sistema Nacional de Arquivos – SINAR, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos de arquivos; Promover o inter-relacionamento de arquivos públicos e privados com vistas ao intercâmbio e à integração sistêmica das atividades arquivísticas. O avanço da tecnologia nos diversos setores da sociedade, atingiu também as informações médicas. Na automação administrativa de guarda da documentação de qualquer instituição, a instituição hospitalar precisa tratar as informações sobre seus pacientes de forma individualizada, pois são protegidas por lei federal. A produção documental do arquivo hospitalar concentra-se em documentos administrativos e o gerenciamento de pacientes. O prontuário Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 15 médico é específico por conter as informações clínicas, pessoais e demográficas dos pacientes. 2.1 ARQUIVO HOSPITALAR De acordo com Pazin (2005), toda e qualquer organização que produza documentos em sua tipologia é formada por: Documentos de constituição – são os que dão origem a empresa nos órgãos competentes; Documentos de direção – são os que definem a trajetória da empresa, como as normas, planejamentos e procedimentos que serão adotados; Documentos de reunião – são os que apresentam resultados para a tomada de decisão; Documentos de gestão de recursos humanos – são os que envolvem a área administrativa de pessoal, para admissão e registro; Documentos de controle de pagamento de pessoal, de recolhimento de encargos e tributos, da área de saúde, de segurança do trabalho, de treinamento de pessoal; Documentos de comunicação e marketing, administrativos, financeiros, contábeis, fiscais, jurídicos e técnicos. A instituição hospitalar não é diferente nessa produção documental, a qual ainda acrescenta o prontuário médico de seus pacientes. Mota (2006, p. 54) diz que “a palavra prontuário é originária do latim Promptuaruim e, significa ‘lugar onde se guardam ou depositam as coisas que se pode necessitar a qualquer instante”. O volume crescente de documentos armazenados nos diversos estabelecimentos de saúde, conforme definição de tipos de unidades do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do Ministério da Saúde. As unidades de serviços de apoio, de diagnóstico e de terapêutica possuem documentos próprios, que fazem parte dos prontuários dos pacientes. Além disso, os avanços da tecnologia da informação e de telecomunicações oferecem novos métodosde armazenamento e transmissão de dados. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 16 O prontuário médico é definido pelo Conselho Federal de Medicina como sendo as informações registradas com a ocorrência de situações que afetem a saúde de qualquer indivíduo e a assistência devida que lhe será prestada. A história do paciente é acompanhada até sua recuperação podendo ter uma continuidade futura. Desde a época de Hipócrates, o pai da medicina, era fundamental fazer anotações sobre o estado de saúde, as enfermidades e os cuidados prestados a cada paciente, dessa forma surgiu o prontuário médico (DORILEO, 2006). O prontuário médico de acordo com (GREMY, 1997 apud PINTO, 2006), é importante porque ele é fonte de pesquisas e de estudos, é um documento legal das ações médicas, é o avaliador da qualidade, do cuidado e da vigilância das reações às drogas prescritas, é fonte de reciclagem médica continuada, serve para identificar grupos específicos para tratamentos e cuidados para a cura das enfermidades, é base gerencial de custos e de sustentação organizacional. A evolução da informática atinge todos os setores da sociedade atingindo também os serviços de assistência à saúde, consequentemente um prontuário em papel não é mais viável a ser utilizado pela classe médica, como também “a simples digitalização de documentos não pode ser considerada como um prontuário eletrônico, [...]” (DORILEO 2006, p. 4). A Resolução de nº 1.638/2002, art. 1º define o Prontuário Médico como: O documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. O prontuário registra as informações referentes ao paciente, como sua identificação, sua situação socioeconômica, seu estado de saúde, as radiografias, as receitas, o resultado dos exames, o diagnóstico dos Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 17 especialistas e as notas da evolução de seu estado de saúde, feitas por médicos e enfermeiros, é a memória escrita de um paciente. (PINTO, 2006). Pinto (2006) também explica que o prontuário em papel está sendo migrado para o suporte eletrônico recebendo diversas denominações: REP – Registro Eletrônico do Paciente; CBRP – Computer-Based Patient Record; EMRS – Electronic Medical Record Systems; RES – Registro Eletrônico de Saúde e PEP – Prontuário Eletrônico do Paciente. O PEP é conceituado por Pinto (2006, p. 37) como: Um documento eletrônico constituído pelo conjunto de informações concernentes a uma pessoa doente, aos tratamentos e cuidados a ela dispensados, bem como à gestão e fluxo de informação e comunicação atinentes ao paciente das organizações de saúde. Com as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) na área médica, o prontuário do paciente que tinha a função de informar sobre a saúde e a doença do indivíduo, passou a subsidiar a manutenção da saúde desse mesmo paciente, favorecendo o compartilhamento de informações entre os profissionais da área. O quadro a seguir mostra as polêmicas que envolvem o prontuário médico em papel e em meio eletrônico destacando suas vantagens e inconvenientes como mostram (SABATINI, 1999; VAN GINNEEKEN e MOORMAN 1997 apud PINTO 2006). Quadro 1 – Vantagens e inconvenientes do PEP x Prontuário em Papel Prontuários Vantagens Inconvenientes Prontuário Em papel - Maior liberdade na maneira de escrever; - facilidade no manuseio; - não requer treinamento para o seu manuseio; - nunca fica “fora do ar”. - Ilegibilidade em decorrência dos “hieróglifos” da equipe de saúde; - espaço único, territorialização; - ambigüidade; - perda freqüente de informações; - multiplicidade de pastas; - dificuldade de acesso e de pesquisa coletiva; - falta de padronização; e - fragilidade do papel. Prontuário Eletrônico - Redução no tempo de atendimento e custos, eliminação da redundância na demanda de - Manutenção dos prontuários em papel para fins jurídicos, em virtude da indefinição legal dos documentos Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 18 exames; - desterritorialização; - possibilidades de reconstrução histórica e completa dos casos acerca dos pacientes, registros médicos, tratamentos, laudos ... - contribuição para a pesquisa; - fim do problema de compreensão dos hieróglifos da equipe de saúde; - facilidade na organização e no acesso às informações; - racionalidade do espaço de arquivamento de grandes quantidades de documentos; e - comunicação entre o paciente e a equipe de saúde. eletrônicos; - necessidade de grande investimento em hardware e software e treinamento; - resistência a mudanças; - demora na sua implantação; - falhas na tecnologia; - falhas no sistema de fornecimento de energia elétrica. FONTE: Encontros Bibli (2006) Apesar dessas vantagens e inconveniências do prontuário em papel e do prontuário eletrônico, os países ricos ou pobres, estão investindo nas Tecnologias de Informação e Comunicação, pois sua eficiência já está comprovada e a OMS – Organização Mundial da Saúde exige o emprego da tele-saúde, contribuindo dessa forma para que as populações sejam esclarecidas sobre as doenças, tendo o acesso às informações de prevenção e tratamento. (PINTO, 2006) Pinto (2006), também relata sobre a estrutura do Prontuário Eletrônico do Paciente, a física que trás os dados relativos ao paciente como a ficha clínica, os exames clínicos, os diagnósticos, os tratamentos efetuados, a evolução diária do paciente, a nutrição, os medicamentos, as avaliações, a recuperação, os relatórios, os boletins e o resumo de alta. A estrutura lógica trás os dados de identificação, situação sócio-econômica e administrativa, saúde e prescrição de dietas e medicamentos. O PEP por ser um documento legal, no Brasil é amparado pela legislação do CFM – Conselho Federal de Medicina aprovado pela Resolução CFM nº 1.331/89, que trata de sua temporalidade e as Portarias nº 1.638/2002 e 1.639/2002 que normalizam seu uso em sistemas informatizados, sua guarda e manuseio. (PINTO, 2006) Quando as anotações do paciente começaram a ser redigidas, era feita em um único documento em ordem cronológica de registro. Pela dificuldade em Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 19 acessar esses registros, cada paciente passou a ter o seu próprio prontuário. Com o avanço das tecnologias de informação e comunicações, nas áreas médicas, o prontuário passou a ser redigido de forma coletiva, que pode ser atualizado e continuar sendo um documento único para cada paciente com um número de registro único. (PINTO, 2006) Na redação do texto no PEP os escritos são polifônicos, em linguagem especializada, com termos técnicos, códigos numéricos e de línguas estrangeiras utilizados em campos específicos. “O PEP é um documento multimídia, [...] podem ser encontrados textos verbais e não verbais (sons - batidas do coração, imagens e símbolos)”. (PINTO, 2006, p. 44). Essas informações de acordo com (BIEGER, 1984 e GLOCK 1985 apud PINTO, 2006), são classificadas em diferentes categorias classificadas em descritivas, operacionais e de advertência como mostra o quadro 2: Quadro 2 – Diferentes categorias de Informação do PEP Categorias de informações Definições Descritivas Informações que descrevem o estado atual da realidade. “Paciente fez uso de 01 comp. Prometazina 25 mg”, “Cliente cooperativo, respondendo as solicitações”; Operacionais Informações cujo objetivo é oferecer as condições para gerir as situações dadas, ou seja,agir e/ou reagir sobre elas. “Tomar 01 cp de 12/12h”; De advertência Informações cujo objetivo é chamar atenção para um fato. “Paciente apresentando lesões pruriginosas pelo corpo”. FONTE: Encontros Bibli (2006) Pinto (2006, p. 44) diz que “o PEP deve favorecer a comunicação não apenas entre a equipe de saúde, porém entre ela e o paciente; daí a necessidade do uso de uma linguagem mais próxima deste.” Entende-se que o PEP trás informações úteis e estas precisam ser tratadas com o avanço das TIC’s para que sejam recuperadas de forma rápida e eficiente. Segundo Rodrigues Filho; Xavier; Adriano (2001, p. 106): Um sistema de arquivo médico é um conjunto de componentes que forma os mecanismos para que os prontuários sejam criados, usados, armazenados e acessados, fazendo parte de Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 20 um Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e tendo como foco central os dados clínicos. Com o aumento das informações, os documentos já não são mais desprezados nas organizações, pois os “documentos e arquivos estão presentes em qualquer tipo de empresa ou organismo do governo.” (CENADEM, 2008, p. 11). Surge então, um novo caminho, a gestão documental que segundo o CENADEM (2008), consiste em oferecer condições para que ocorra uma correta avaliação dos documentos da empresa de acordo com às suas necessidade. O Conselho Federal de Medicina reconhece que é importante do uso de sistemas informatizados para a guarda e manuseio de prontuários de pacientes e para a troca de informação identificada em saúde, como também a digitalização dos prontuários em papel, como instrumento de modernização, com conseqüente melhoria no atendimento ao paciente. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 21 3 GESTÃO DOCUMENTAL A história humana começou a ser reescrita com os achados pertencentes aos povos antigos que de alguma maneira queriam registrar suas rotinas diárias caracterizando-se como documentação histórica que começou a ser organizada para as gerações futuras. Com os avanços que vão ocorrendo é preciso acondicionar as antigas e as novas informações. Pazin (2005, p. 9) diz que: “A criação e acumulação de documentos por uma instituição e/ou pessoa ocorre sempre de acordo com as atividades e funções exercidas por ela durante sua existência”. A vida de uma instituição criada começa pelo seu registro que é documentado em contratos para poder prestar algum serviço a comunidade em que está inserida. Estas atividades afins devem ser elaboradas para atender as necessidades de seus usuários. Toda documentação criada nas diversas fases de atendimento e atividades exercidas pela instituição deve ser preservada. Esta preservação precisa se concentrar em locais adequados de acordo com a política interna da organização para poderem ser recuperados quando solicitados, são os chamados arquivos, que quando organizados por “qualquer instituição pressupõe a análise de sua estrutura administrativa e das funções dos documentos por ela gerados.” (PAZIN, 2005, p. 9). É preciso, que, se estabeleça fases de organização no arquivo para que sua documentação não fique limitada só à pessoa que tem acesso exclusivo aos documentos e que possam ser organizados para que sejam recuperados mais facilmente. Para os hospitais existe uma legislação federal que obrigá-os a ter controle sobre a documentação produzida para cada paciente. A automação do prontuário geralmente é feita por empresas terceirizadas que são especialistas nesses procedimentos, pois possuem profissionais qualificados e desenvolvem ferramentas eficientes para seus clientes. A AMA – Arquivo, Memória e Acesso Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 22 - Gestão Documental e Comunicação, é uma empresa que faz a aplicação da gestão de documentos utilizando inicialmente três fases: Fase de Produção: os documentos a serem criados devem ser necessários, em quantidades adequadas e que cumpram sua função para a qual foi criado e que possibilitem o controle da informação disseminada, economia de tempo, mão de obra e material e também a redução da burocracia da instituição. Fase de Tramitação e Uso: nessa fase os documentos devem estar no lugar certo, na hora certa para cumprir sua função, reduzindo o desperdício de tempo e de produtividade. Fase de Avaliação e Destinação: nessa fase é definido o valor do documento, seu prazo de arquivamento e descarte, todos definidos de acordo com a Tabela de Temporalidade, evitando-se o excesso de documentos arquivados e garantindo o acesso e a conservação dos documentos providos de valor. A gestão documental surge “diante dos novos modelos administrativos” segundo o (JORNAL DO GED, 200?, p. 62). As empresas são obrigadas a tratar melhor sua documentação, as quais terão que se adequar as devidas exigências do mercado e acompanhar as novas estratégias da administração. O documento passa a ter valor deixando de ser desprezado nas instituições. O grande volume de informações gera inúmeros registros que são documentados, e precisam ser guardados para serem acessados quando solicitados. Em qualquer instituição pública ou privada os documentos estão presentes e o valor atribuído a eles depende da informação que se precisa, seja para tomada de decisão nos negócios, como provas de alguma atitude ou como fonte de conhecimento. O valor do documento é dado depois que é feita uma avaliação. Para que a informação tenha valia, ela precisa ser triada, tratada e organizada segundo critérios, muitas vezes Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 23 generalizados dentro do âmbito da arquivologia e documentação, ou criados pela própria empresa ou organismo público baseando-se em sua atividade-fim ou necessidades específicas de processos de trabalho. (JORNAL DO GED, 200?, p. 11) Toda informação tem um valor agregado a ela para poder ser disseminada. Este valor concentra-se na satisfação do usuário em buscar e receber a informação desejada em tempo hábil para sua necessidade. Os centros de documentação precisam de critérios para que isso ocorra na sua unidade de informação. A Lei de nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, diz que: Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. Segundo Vieira (2001), os arquivos guardam a informação que precisamos, seja ela cultural, acadêmica, técnica, histórica, como estatística, prova ou progresso. É o elemento necessário para a evolução humana e para faze uso dela, é necessário um profissional com conhecimentos específicos para tratar e disseminar as informações necessárias aos usuários da instituição em que estão inseridos. Smith (200?), comenta que os profissionais envolvidos com a informação, como os arquivistas, bibliotecários e documentalistas, têm em comum o conhecimento específico em sua área, estas informações obtidas são normalizadas e organizadas para que outros as sistematizem e seus conhecimentos sejam ampliados. Cada profissional tem que fazer uma avaliação em seu acervo para que não guarde documentação sem valor. De acordo com a AMA (2008), o valor do documento é estabelecido em uma instituição após uma avaliação que estabelece o seu valor jurídico, legal, administrativo, fiscal e seu tempo de Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 24 guarda, seguindo as considerações da TTD – Tabela de Temporalidade Documental. A elaboração da TTD consiste nas seguintes etapas: Na etapa de coletar dadossobre cada documento verifica-se sua validação de acordo com a legislação vigente; entrevistar o pessoal nos setores que criam e recebem os documentos; fazer o levantamento do acervo; Formar o banco de dados de temporalidade com cada documento analisado e registrado; Fazer reunião para discutir a aprovação por área e o formato da TTD; Formar o banco de dados com os documentos gerados por área; colocando links de acordo com a legislação com o prazo de validade de cada documento; Elaborar o manual de procedimentos e de atualização da TTD; Aplicar a TTD separando documentos válidos dos vencidos. O prazo para guarda de um documento pode ser diferente para o empresário e para o consumidor. O amparo legal de guarda de documentos administrativos é estabelecido para cada tipo de documento de acordo com as leis nº 5.172 do Código Tributário Nacional; a Lei nº 8.212, art. da Lei Orgânica da Seguridade Social; a Instrução Normativa nº 8/93 da Secretaria da Receita Federal; o Parecer 410 da Coordenação do Sistema de Tributação (CST/SIPR). Sendo assim, toda instituição está obrigada a guardar e preservar sua documentação de acordo com o estabelecido em lei e manter um profissional habilitado para seguir os passos de triagem e avaliação para eliminar o que for desnecessário para a instituição. A classificação e a TTD são fundamentais para a gestão documental, como informa o Jornal do GED (200?), onde diz que após a avaliação dos documentos resulta a TTD onde encontram-se os códigos de classificação, os assuntos, os prazos de guarda e o destino final da documentação produzida, recebida e distribuída na instituição. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 25 Schellenberg (2004, p. 67), diz que: “os arquivos, à medida que aumentam em volume, tornam-se também mais complexos”, por isso a eliminação de alguns documentos sem importância, é feita logo no início da avaliação. Para que não seja dada a importância a documentos sem valor, na triagem inicial do processo de avaliação eles já podem ser descartados evitando-se o acúmulo de documentos sem valor para a instituição. 3.1 IMPLEMENTAÇÃO DE ARQUIVO Segundo Lubisco e Brandão (2000), a evolução humana compreende os três estágios da comunicação: A oralidade, onde a linguagem passou a ser um meio sofisticado de comunicação e o produto de um método para pensar. A escrita, em que o homem aprende a escrever e passa a acumular e preservar o conhecimento em registros escritos. O conhecimento passou a ser transmitido por quem soubesse registrá-lo e interpretá-lo. As tecnologias de informação e comunicação, homem e máquina juntos para preservar e disseminar o conhecimento adquirido de geração em geração. A comunicação passou a ser on-line e sem fio com computadores conectados em rede para facilitar a busca, a interação entre usuários e a comunicação em tempo real para qualquer parte do planeta. As informações passaram a ser automáticas e sendo armazenadas em diferentes suportes para serem processadas, acessadas e recuperadas com maior rapidez e facilidade pelos usuários. Definir o gerenciamento eletrônico de documentos não é uma tarefa fácil, é um leque que sofre constantes modificações acompanhando a evolução tecnológica. Para Silva (200?), a definição do ged é um conjunto de tecnologias que permite o gerenciamento de documentos de forma digital com suas variadas formas. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 26 O conceito da wikipedia, a enciclopédia livre, on-line, trata o GED como sendo: Uma tecnologia que provê um meio de facilmente gerar, controlar, armazenar, compartilhar e recuperar informações existentes em documentos. Os sistemas GED permitem aos usuários acessar os documentos de forma ágil e segura, normalmente via navegador Web por meio de uma intranet coorporativa. O Jornal do GED (2004), define: GED é um grupo de tecnologias, divididas em cinco funcionalidades básicas: captação, gerenciamento, armazenamento, distribuição e preservação. Dentro dessas funcionalidades, cada tecnologia tem uma função específica. Essas tecnologias, trabalhando reunidas ou isoladamente, promovem a organização de informações não-estruturadas. O GED não deixa de ser um conjunto de equipamentos eletrônicos que permite gerenciar os documentos eletrônicos. Segundo Guimarães (1996) apud Lubisco e Brandão (2000), deve-se considerar os seguintes itens no custo de composição do GED: Licenciamento de Software; Planejamento e desenvolvimento; Instalação e treinamento; Digitalização e indexação Hardware complementar. Ressalta também que deve ser feita a avaliação de redução anual de custos considerando: O redirecionamento das atividades exercidas por pessoas envolvidas com busca e manipulação de papel/informação; Redução dos custos de distribuição; Redução do número de cópias geradas; Eliminação de equipamentos para consulta/impressão; Redução de erros em atividades de manutenção/compras; Redução de custos com novos equipamentos; Redução do espaço físico de armazenamento; Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 27 Eliminação de atividades; Agilização de processos de revisão; Atendimento a normas internacionais; Incremento da qualidade; Prevenção do uso adequado da informação. Silva (200?, p. 3) diz que “a tecnologia que antecedeu o GED no gerenciamento de documentos foi a microfilmagem”. Ainda é utilizada, feita com micro-filmadoras planetárias ou rotativas que permite a qualidade da imagem, redução de custos com transporte, mão-de-obra, tempo de preparação, a imagem é uniforme, pura, com alto contraste, pode ser feita no local onde estão os documentos. Lubisco e Brandão (2000, p. 279): Para que um documento armazenado num sistema de processamento de imagens tenha a mesma validade de seu original é preciso que haja previsão legal nesse sentido, caso contrário a imagem terá a natureza jurídica de uma cópia. O microfilme, por exemplo, encontra-se amparado pela Lei nº 5.433/68 – alterada pelo Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996 – motivo pelo qual é tão utilizado na preservação de acervos administrativos. O processo de implantação de arquivos informatizados leva ao controle de uma gestão de documentos e consequentemente a implantação do GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos. Este processo geralmente é feito por empresas especializadas, pois possuem profissionais qualificados e desenvolvem ferramentas para a administração dos arquivos e manutenção dos acervos para a eficiência e a qualidade do serviço. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 28 4 GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS Desde a antiguidade os povos já utilizavam métodos para o tratamento automático da informação, como ressalta Rondinelli (2004, p. 24): A história do tratamento automático da informação remonta do ábaco, usado por civilizações antigas, provavelmente os babilônios, em 2000 a. c. Ao longo dos séculos a trajetória da informação automática registra invenções como réguas de cálculo, máquinas de calcular, placas perfuradas e outras, até o aparecimento do computador no século XX. Inicialmente, os sistemas de informações hospitalares foram desenvolvidos para atender às necessidades administrativas, enfatiza Rodrigues Filho; Xavier; Adriano (2001). O gerenciamento de arquivos significa coisas diferentes para pessoas diferentes. [...] para uma pessoa depende do seu ponto de vista. Um programador de aplicação normalmente precisa estar apto a: classificar arquivos; fazer busca nos arquivos; acrescentar registros; alterar valores em registros existentes nos arquivos; copiar arquivos. O programadorde aplicação vê o gerenciamento de arquivos, como a manipulação de estruturas de dados para que as operações acima possam ser executadas eficientemente.” (CLAYBROOK, 1987, P. 17) Atualmente as instituições que trata da documentação que produz, tem problemas para manter seu acervo físico, pois é preciso espaço, climatização adequada, profissionais qualificados e fazer a manutenção da área. Todos estes aspectos geram um custo para a instituição manter sua própria produção documental. Um Sistema de GED, segundo Lubisco e Brandão (2000), permite a redução de espaço físico; um custo menor de armazenagem; a eliminação de parte do acervo em papel; menos contato do usuário com o documento físico; garante ao usuário acesso rápido e seguro. Segundo Matos; Correia e Paiva (2002), o GED converte papéis e documentos para a forma digital. Funcionando com softwares, hardware, CD e Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 29 discos ópticos para o armazenamento das informações. Apontam três obstáculos para a utilização futura dos documentos criados atualmente: A unicidade dos registros que são digitalizados na base de dados, compartilhada em rede; A autenticidade dos documentos eletrônicos, pios pode-se reinventar fatos, distorce-los ou falsifica-los; A preservação os produtos tornam-se obsoletos diante das inovações tecnológicas, em que alguns tipos de hardware não são compartilhados entre si. Elementos do sistema GED: 1. Entrada Determinar a importância do documento; Preparar a documentação para a digitalização; Digitalização com o equipamento mais adequado; Armazenagem dos textos digitalizados; Verificar a resolução da imagem a ser digitalizada; Ajustar a limiar, amplitude de captura da imagem. 2. Processamento Edição – melhor posição para scannear o documento; Indexação – é colocado um link entre o registro da imagem e os registros textuais. 3. Armazenagem Em mídias diversas Em disco rígido Em Sistema RAID – Redundant Arrays of Independent Disk, matrizes redundantes de discos independentes, gerencia um conjunto de discos; Em drives de backup Em discos ópticos – CD-Rom, CD-R, Worm, Rewritable, DVD Em jukebokes Em torres de CD Em mídias mais adequadas: disco rígido ou disco óptico não-regravável 4. Durabilidade – uma mídia arquivística deve ser capaz de preservar seu conteúdo por pelo menos trinta anos. O papel e o micro-filme tem vida útil comprovada de cem anos. 5. Transmissão Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 30 Permite os vários usuários acessarem o mesmo documento ao mesmo tempo em locais distintos. 6. Saídas Em monitores Em impressoras Silva (2000-?) cita algumas tecnologias utilizada pelo Sistema de GED, a saber: Document Management – gerenciamento de documentos; Document Imaging – gerenciamento de imagens; Workflow Management – gerenciamento do fluxo de trabalho COLD – gravação direta do computador para disco óptico COM – microfilmagem de informação gerada em computador De acordo com os métodos utilizados por uma empresa terceirizada de consultoria, o ponto de partida para a organização e a informatização dos arquivos é a elaboração do projeto inicial para definir os objetivos a serem atingidos; estabelecer metas para criação da TTD; fazer a triagem, a conferência, o tratamento e a recuperação de documentos; definir uma seqüência de ordenação; agrupar os documentos por títulos; elaboração de um índice no próprio sistema Web terceirizado; o armazenamento documental em suportes adequados; a reformulação física do arquivo e fazer o treinamento dos usuários do sistema informatizado. Os recursos informacionais que essas empresas oferecem são dispostos em módulos à saber: Indexação onde o sistema é personalizado com as características específicas da empresa-cliente. Impressão de rótulos para as caixas e pastas; Diagramação do layout das estantes e espaços disponíveis para alocação das unidades integrantes do acervo na sede da empresa; Definição automática do local de arquivamento de novos documentos de acordo com o título; Controle de empréstimos de documentos; Histórico das solicitações e devoluções; Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 31 Controle de temporalidade, com relatório de documentos a serem expurgados; Realização de consultas; Categorias de permissão conforme o usuário, com restrições de acesso a índices e documentos predeterminados, e delimitações para consulta, inclusão e exclusão de documentos e operações de funções avançadas. A vantagem com esta padronização de módulos oferece ao cliente: Disponibilização de espaço físico; Organização física adequada; Sistema de identificação visual; Padronização dos métodos de arquivamento; Comodidade e agilidade nas consultas aos documentos; Sigilo das informações, segurança e preservação dos documentos; Redução de custos com a administração e manutenção dos arquivos; Atendimento às normas ISO1 de armazenagem e rastreamento de informações e documentos. As prestadoras de serviços que oferecem as empresas uma organização para arquivos informatizados criam metodologias para garantir e agilizar uma implantação eficiente da Gestão de Documentos. Há casos em que as terceirizadas criam metodologias de gestão estratégica de documentos, informação e conhecimento corporativo. Para aplicação dessas metodologias é feito um projeto inicial em que são formalizadas e documentadas as técnicas, produtos e serviços que serão adotados no sistema da gestão documental criado especificamente para cada instituição de acordo com suas características e necessidades. O objeto de análise consiste nos: Departamentos e segmentos do cliente que farão parte dos trabalhos e sua abrangência; 1 Abreviatura de “International Organization for Standardization”, ou seja, Organização Internacional de Normalização. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 32 Responsáveis envolvidos e suas atribuições; Verificação dos títulos documentais do acervo do cliente, os procedimentos, técnicas e soluções que serão aplicadas para cada título; Disseminação dos documentos nos departamentos definidos da empresa; Prazos de permanência dos documentos nos arquivos, ativo, semi- ativo, inativo e a transferência de um arquivo para outro; Registro das especificações dos fluxos de trabalho da empresa, com a seqüência das tarefas e prazos do início ao fim do processo - workflow. Objetivos principais a serem alcançados: Gestão total das informações da empresa, independente da mídia utilizada; Desenvolvimento de manuais contendo a metodologia de criação, tratamento, disseminação da informação, arquivamento e destinação final documentação a ser gerada regularmente; Treinamento dos usuários e responsáveis pelos arquivos para operação dos acervos, dos Sistemas e Softwares implantados; Organização e inventário dos acervos já existentes; Manutenção regular dos arquivos, ativo com remanejamento, tratamento, eliminação ou envio de documentos para o serviço de guarda; Criação do Centro de Gestão de Documentos com serviços de: pesquisa, aquisição, organização, estruturação e disseminação da informação, como também a elaboração da TTD e taxonomias, digitalização de documentos e demais atividades para racionalização e eficiência às informações geradas externa e internamente; Automação dos processos de trabalho com envio de tarefas para cada responsável – ferramenta de workflow. Para agilizar a gestão de documentos e processos as empresas utilizam: Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestãode Documentos em Arquivo Hospitalar 33 Software de GED – Gestão de Documentos -que informatiza os arquivos em papel, digital e eletrônico da empresa. Digitaliza documentos, armazena arquivos digitais e eletrônicos de qualquer extensão e disponibiliza todos via internet com o sistema da empresa terceirizada. Software Workflow – Gestão de Processos – que automatiza os processos e os fluxos de trabalho da empresa, possibilitando a padronização e a agilidade na execução das tarefas, tendo maior produtividade, redução de custos e vantagens competitivas. Digitalização – permite o acesso e a disseminação das informações entre os usuários e colaboradores, com a visualização instantânea e a multi-usuários das imagens de documentos, em qualquer computador conectado à internet. Nos servidores dessas empresas, as imagens digitais armazenadas estão acessíveis 20h por dia nos 7 dias da semana pelo site. O acesso só é permitido através de senha e login de acordo com a categoria do usuário: administrativo, clientes, fornecedores, empregados, colaboradores, etc. A inserção dos dados, a indexação e a digitalização de documentos podem ser realizadas pela prestadora dos serviços ou pelo cliente em qualquer departamento através do sistema Web. Os sistemas de informação ajudam na gestão dos pacientes e funcionamento da instituição hospitalar e às vezes estão em um único sistema. O hospitalar é desenvolvido para auxiliar na gestão de toda a informação clínica e administrativa para melhorar a qualidade da prestação dos serviços de saúde. Nos sistemas hospitalares há vários tipos de sistemas organizacionais: Vários registros clínicos eletrônicos departamentais, adaptados às necessidades da especialidade, com uma base de dados do sistema de informação e sem relação com os outros sistemas de registos clínicos; Vários registros clínicos eletrônicos departamentais, semelhantes aos anteriores mas onde as bases de dados comunicam entre si; Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 34 Um único sistema de registros clínico eletrônico hospitalar, em que todas as especialidades trabalham com o mesmo registro clínico eletrônico, embora as interfaces de introdução de dados possam ser adaptados a cada uma delas. Neste caso os sistemas de apoio clínico, que correspondem aos sistemas de informação de radiologia, de patologia (exames de anatomia patológica), de hematologia e bioquímica e de laboratórios que avaliam a função (como ECG, testes de função respiratória) alimentam ou não o Registro Clínico Eletrônico; Vários registros clínicos eletrônicos departamentais, mas o armazenamento da informação clínica é feita em várias bases de dados hospitalares não diretamente associados aos registros eletrônicos. Existe uma plataforma comum a todos os sistemas de informação que permite a comunicação dos dados entre cada um. Um dos aspectos mais importantes para a existência de um sistema de informação hospitalar desta natureza é a compatibilidade entre os vários sistemas informáticos. Esses sistemas integram outros sistemas já existentes e refletem os vários departamentos existentes. 4.1 SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA O PRONTUÁRIO MÉDICO As normas técnicas para o uso de sistemas informatizados para a guarda e manuseio do prontuário médico, foram estabelecidas para manter a legitimidade e a segurança das informações de acordo com a Resolução CFM nº 1.638/2002. I - Integridade da Informação e Qualidade do Serviço - O sistema de informações deverá manter a integridade da informação através do controle de vulnerabilidades, de métodos fortes de autenticação, do controle de acesso e métodos de processamento dos sistemas operacionais conforme a norma ISO/IEC 15408, para segurança dos processos de sistema. II - Cópia de Segurança - Deverá ser feita cópia de segurança dos dados do prontuário pelo menos a cada 24 horas. Recomenda-se que o sistema de Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 35 informação utilizado possua a funcionalidade de forçar a realização do processo de cópia de segurança diariamente. O procedimento de back-up deve seguir as recomendações da norma ISO/IEC 17799, através da adoção dos seguintes controles: Documentação do processo de backup/restore; As cópias devem ser mantidas em local distante o suficiente para livrá- las de danos que possam ocorrer nas instalações principais; Mínimo de três cópias para aplicações críticas; Proteções físicas adequadas, de modo a impedir acesso não autorizado; Possibilitar a realização de testes periódicos de restauração. III - Bancos de Dados - Os dados do prontuário deverão ser armazenados em sistema que assegure, pelo menos, as seguintes características: Compartilhamento dos dados; Independência entre dados e programas; Mecanismos para garantir a integridade, controle de conformidade e validação dos dados; Controle da estrutura física e lógica; Linguagem para a definição e manipulação de dados (SQL - Standard Query Language); Funções de auditoria e recuperação dos dados. IV - Privacidade e Confidencialidade - Com o objetivo de garantir a privacidade, confidencialidade dos dados do paciente e o sigilo profissional, faz-se necessário que o sistema de informações possua mecanismos de acesso restrito e limitado a cada perfil de usuário, de acordo com a sua função no processo assistencial: Recomenda-se que o profissional entre pessoalmente com os dados assistenciais do prontuário no sistema de informação; A delegação da tarefa de digitação dos dados assistenciais coletados a um profissional administrativo não exime o médico, fornecedor das informações, da sua responsabilidade desde que o profissional Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 36 administrativo esteja inserindo estes dados por intermédio de sua senha de acesso; A senha de acesso será delegada e controlada pela senha do médico a quem o profissional administrativo está subordinado; Deve constar da trilha de auditoria quem entrou com a informação; Todos os funcionários de áreas administrativas e técnicas que, de alguma forma, tiverem acesso aos dados do prontuário deverão assinar um termo de confidencialidade e não-divulgação, em conformidade com a norma ISO/IEC 17799. V - Autenticação - O sistema de informação deverá ser capaz de identificar cada usuário através de algum método de autenticação. Em se tratando de sistemas de uso local, no qual não haverá transmissão da informação para outra instituição, é obrigatória a utilização de senhas. As senhas deverão ser de no mínimo 5 caracteres, compostos por letras e números. Trocas periódicas das senhas deverão ser exigidas pelo sistema no período máximo de 60 (sessenta) dias. Em hipótese alguma o profissional poderá fornecer a sua senha a outro usuário, conforme preconiza a norma ISO/IEC 17799. O sistema de informações deve possibilitar a criação de perfis de usuários que permita o controle de processos do sistema. VI - Auditoria - O sistema de informações deverá possuir registro (log) de eventos, conforme prevê a norma ISO/IEC 17799. Estes registros devem conter: A identificação dos usuários do sistema; Datas e horários de entrada (log-on) e saída (log-off) no sistema; Identidade do terminal e, quando possível, a sua localização; Registro das tentativas de acesso ao sistema aceitas e rejeitadas; Registro das tentativas de acesso a outros recursos e dados, aceitas e rejeitadas. Registro das exceções e de outros eventos de segurança relevantes devem ser mantidos por um período de tempo não inferior a dez anos, para auxiliar em investigações futuras e na monitoração do controle de acesso. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentosem Arquivo Hospitalar 37 VII - Transmissão de Dados - Para a transmissão remota de dados identificados do prontuário, os sistemas deverão possuir um certificado digital de aplicação única emitido por uma AC (Autoridade Certificadora) credenciada pelo ITI – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, responsável pela AC Raiz da estrutura do ICP-Brasil – Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira, a fim de garantir a identidade do sistema. VIII - Certificação do software - A verificação do atendimento destas normas poderá ser feita através de processo de certificação do software junto ao CFM, conforme especificado a seguir. IX - Digitalização de prontuários - Os arquivos digitais oriundos da digitalização do prontuário médico deverão ser controlados por módulo do sistema especializado que possua as seguintes características. Mecanismo próprio de captura de imagem em preto e branco e colorida independente do equipamento scanner; Base de dados própria para o armazenamento dos arquivos digitalizados; Método de indexação que permita criar um arquivamento organizado, possibilitando a pesquisa futura de maneira simples e eficiente; Mecanismo de pesquisa utilizando informações sobre os documentos, incluindo os campos de indexação e o texto contido nos documentos digitalizados, para encontrar imagens armazenadas na base de dados; Mecanismos de controle de acesso que garantam o acesso a documentos digitalizados somente por pessoas autorizadas. Para se obter a certificação dos sistemas informatizados para a guarda e manuseio do prontuário médico, é preciso ser credenciado. Este credenciamento pode ser feito por todas as pessoas físicas, organizações ou empresas desenvolvedoras de sistemas informatizados para a guarda e manuseio do prontuário médico que desejarem obter a certificação do CFM e da SBIS deverão cumprir os seguintes passos: 1) Responder e enviar via Internet, o questionário básico, disponível na página do CFM: http://www.cfm.org.br/certificacao; Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 38 2) O questionário remetido será analisado pelo CFM/SBIS, que emitirá um parecer inicial aprovando ou não o sistema proposto. Este parecer será enviado, via Internet, ao postulante; 3) Caso aprovado, os sistemas de gestão de consultórios e pequenas clínicas (sistemas de menor complexidade) deverão ser encaminhados à sede do CFM para análise. Os sistemas de gestão hospitalar ou de redes de atenção à saúde (sistemas de maior complexidade) que não possam ser enviados serão analisados "in loco" (sob a responsabilidade do CFM/SBIS); 4) O processo de avaliação consistirá na análise do cumprimento das normas técnicas acima elencadas. A aprovação do sistema estará condicionada ao cumprimento de todas as normas estabelecidas; 5) Em caso de não-aprovação do sistema, serão especificados os motivos para que as reformulações necessárias sejam encaminhadas; 6) Uma vez aprovado o sistema na versão analisada, além do documento de certificação o CFM e a SBIS emitirão um selo digital de qualidade que poderá ser incorporado na tela de abertura do sistema; 7) A tabela de custos para o processo de certificação dos sistemas de informação de prontuário eletrônico encontra-se disponível no site http://www.cfm.org.br/certificacao; 8) A certificação deverá ser revalidada a cada nova versão do sistema, seguindo os mesmos trâmites anteriormente descritos. Apesar das leis e resoluções para o tratamento da documentação hospitalar, Rodrigues Filho; Xavier e Adriano (2001, p. 112), comentam que “se os sistemas de arquivo médico nos hospitais brasileiros são pobres e desorganizados, o mesmo acontece com muitos hospitais de países desenvolvidos”. São encontradas falhas de: conteúdo, onde os registros são ilegíveis, não acurados, são fragmentados, incompletos, incompreensíveis, excessivos ou redundantes; de formato, onde se apresentam de forma sem uma ordenação lógica; de acesso, onde não são facilmente localizados; e de indisponibilidade, não são colocados em locais determinados sendo difícil localiza-los. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a pesquisa bibliográfica sobre o tema, pode-se concluir o aumento de documentos armazenados pelos estabelecimentos de saúde e alguns fazem parte do prontuário do paciente. O prontuário é propriedade física da instituição hospitalar em que o paciente é assistido e tem o dever de guardar este documento. Com os avanços da tecnologia de informação e telecomunicações são oferecidos novos métodos de armazenamento e de transmissão de dados. As informações dos pacientes começaram a ser de forma manuscrita para que seu quadro clínico fosse acompanhado, desde a evolução do seu estado de saúde até sua recuperação. A evolução da comunicação humana se desenvolve a cada dia e são oferecidos equipamentos e formas de se preservar os acontecimentos da sociedade. Estas informações são preservadas ao longo do tempo de acordo com a cultura existente em cada época. O surgimento dos arquivos informatizados tenta armazenar de forma mais coesa e facilitar seu acesso posterior com os avanços que vão ocorrendo. O gerenciamento eletrônico é um meio de gerar, controlar, armazenar, disseminar e recuperar as informações existentes nos documentos. Qualquer empresa, independente de sua atividade ou porte, pode fazer a implantação do gerenciamento eletrônico de documentos para integrar seus departamentos. Alguns documentos nas empresas são produzidos eletronicamente independente de ter o gerenciamento eletrônico ou não, esse documentos são produzidos em softwares de word, excel desenhos, e-mails. Existem empresas que terceirizam seus serviços para a organização documental criadas nas instituições, pois elas possuem profissionais qualificados, ferramentas de sistemas e desenvolvem metodologias que serão aplicadas para cada cliente oferecendo técnicas e softwares atualizados. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 40 Sem o gerenciamento eletrônico ocorre o excesso de cópias, a duplicação de arquivos, a má utilização de espaço físico e de armazenamento, o que acarreta o aumento de custos desnecessários. Os documentos digitalizados têm a vantagem de economizar espaço físico; otimização dos fluxos de trabalho; ganho de produtividade; facilita o acesso às informações, de geração e distribuição de dados. Por outro lado a digitalização também trás desvantagens como a fragilidade do armazenamento; a rápida mudança nos modelos de hardware, software e formatos; suspeita na integridade dos documentos; complexidade e alto custo para preservação e a dependência social da informação digital. A literatura consultada nos meios impressos e eletrônicos possibilitou o expor neste trabalho o conhecimento adquirido. O sistema de informação hospitalar é um sistema desenhado para auxiliar na gestão de toda a informação clínica e administrativa da instituição, para melhorar a qualidade dos serviços prestados a seus pacientes, integrando outros sistemas já existentes, integrando a equipe de saúde e o paciente, reduzindo custos e proporcionando o avanço do conhecimento clínico. É preciso que os profissionais de saúde e as associações médicas, participem conjuntamente para o desenvolvimento do SIH – Sistema de Informação Hositalar, para garantir a integração dos dados administrativos e clínicos possibilitando o bom funcionamento do sistema e atender as solicitações tanto dos profissionais em saúde como dos pacientes. Apesar da tecnologia trazer mudanças e às vezes não tão seguras, é preciso que os profissionais estejam familiarizados com os avanços tecnológicos e estudá-los para que não se torne uma ameaça. A tecnologia também tras benefíciosque atendem as necessidades dos usuários. Teresa Cristina Ferreira da Silva Gestão de Documentos em Arquivo Hospitalar 41 REFERÊNCIAS AMA gestão documental e comunicação. O que é gestão documental. Disponível em: <http://www.gestaodocumental.com.br/pagina.php?id=1882>. Acesso em: 14 out. 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação: apresentação de trabalhos acadêmicos. NBR 14724. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação: citações em documentos: apresentação. NBR 10520. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação: referências: elaboração. NBR 6023. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação: resumo: apresentação. NBR 6028. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação: sumário: apresentação. NBR 6027. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento escrito: apresentação. NBR 6024. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. BRASIL. Lei n. 8.159, de 8 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências. 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Define prontuário médico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de Prontuário nas instituições de saúde. Resolução n. 1.638, de 10 de julho de 2002. Disponível em: <http//www.portalmedico.org.br/resoluções/cfm/2002/1638_2002.html>. Acesso em: 20 out. 2008. DORILEO, Éderson A. Gomes et al. Estruturação da evolução clínica para o prontuário eletrônico do paciente. São Paulo: USP, 2006. Disponível em: <http://www.Sbis.org.br/cbis/arquivos/838.pdf>. Acesso em: 14 out. 2008. ECM e GED são a mesma coisa? O que é GED? Jornal do GED, São Paulo: CENADEM, jan./fev. 2004. Disponível em: <http://www.cenadem.com.br/ged03.php>. Acesso em: 14 out. 2008. GESTÃO documental: o que é, para que serve. Jornal do GED, São Paulo: CENADEM, [200?], p. 11-13. LUBISCO, Nídia M. L.: BRANDÃO, M. B. (Org.). Informação & informática. Salvador: EDUFBA, 2000. MATOS, Aluísio Magela Gonçalves; CORREIA, Ednaldo Alves; PAIVA, Stella Maria Martins. Digitalização de documentos: conceitos e políticas. 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O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições que lhe confere a Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e CONSIDERANDO que o médico tem o dever de elaborar o prontuário para cada paciente a que assiste, conforme previsto no art. 69 do Código de Ética Médica; CONSIDERANDO que o prontuário é documento valioso para o paciente, para o médico que o assiste e para as instituições de saúde, bem como para o ensino, a pesquisa e os serviços públicos de saúde, além de instrumento de defesa legal; CONSIDERANDO que compete à instituição de saúde e/ou ao médico o dever de guarda do prontuário, e que o mesmo deve estar disponível nos ambulatórios, nas enfermarias e nos serviços de emergência para permitir a continuidade do tratamento do paciente e documentar a atuação de cada profissional; CONSIDERANDO que as instituições de saúde devem garantir supervisão permanente dos prontuários sob sua guarda, visando manter a qualidade e preservação das informações neles contidas; CONSIDERANDO que para o armazenamento e a eliminação de documentos do prontuário devem prevalecer os critérios médico-científicos, históricos e sociais de relevância para o ensino, a pesquisa e a prática médica; CONSIDERANDO a legislação arquivística brasileira, que normatiza a guarda, a temporalidade e a classificação dos documentos, inclusive dos prontuários médicos; CONSIDERANDO o teor do Parecer CFM nº 30/2002, aprovado na Sessão Plenária de 10 de julho de 2002; CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em Sessão Plenária de 10 de julho de 2002. RESOLVE: Art. 1º - Definir prontuário médico como o documento único constituído de um conjunto de informações,
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