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15 - Aprenda a investir no mercado financeiro

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APRENDA A INVESTIR
NO MERCADO FINANCEIRO
J. GALTI
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APRENDA A INVESTIR NO MERCADO FINANCEIRO
J. Galti
www.investindo.org
Copyright © 2015 J. Galti
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser
reproduzida ou retransmitida em qualquer forma por qualquer meio,
eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a prévia autorização
por escrito do autor. Para mais informações envie um email para:
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Embora o autor e editor tenham feito todos os esforços para garantir que as
informações contidas neste livro estivessem corretas na época da publicação, o
autor e editor não se responsabilizam perante qualquer perda, dano ou
inconvenientes causados a pessoas ou a organizações que utilizarem as
informações e estratégias descritas neste livro.
Os nomes dos personagens, eventos, lugares e negócios citados neste livro são
ou produto da imaginação do autor ou usados de forma fictícia. Qualquer
semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas ou eventos reais é mera
coincidência.
Todas as marcas registradas citadas neste livro são propriedades de seus
respectivos donos e foram utilizadas sem intenções de infringir os direitos da
marca, apenas de forma descritiva e sem ter qualquer vínculo com este livro.
Ilustrações pelo autor.
ISBN:978-85-920498-0-5(Epub)
3
ÍNDICE
INTRODUÇÃO V
PARTE UM 1
POR QUE INVESTIR? 3
O GRANDE OBJETIVO 7
VOCÊ ESTÁ PERDENDO DINHEIRO! 11
O QUE É INVESTIR? 15
POR ONDE COMEÇAR? 17
PARTE DOIS 21
ANALISANDO UM INVESTIMENTO 23
O RENDIMENTO 27
RISCOS 37
VALOR INICIAL 43
LIQUIDEZ 47
APLICANDO O CONHECIMENTO5 3
MONTANDO SEU PLANO 57
SEGUINDO EM FRENTE 65
PARTE TRÊS 67
RENDA FIXA E RENDA VARIÁVEL 69
APLICAÇÕES DE RENDA FIXA 71
POUPANÇA 75
CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO (CDB) 85
LETRA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (LCI) 91
LETRA DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO (LCA) 95
CERTIFICADO DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS (CRI) 97
DEBÊNTURES 103
TESOURO DIRETO 107
4
APLICAÇÕES DE RENDA VARIÁVEL 123
AÇÕES 133
EVENTOS COM AÇÕES 141
ESCOLHENDO UMA AÇÃO 147
RESUMO DE AÇÕES 185
FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO 193
FUNDOS DE INVESTIMENTO 209
PARTE QUATRO 217
ESCOLHENDO UM BANCO 219
ESCOLHENDO UMA CORRETORA DE VALORES 221
USANDO O HOMEBROKER 229
OPERANDO NO TESOURO DIRETO 251
ADMINISTRANDO SEU PATRIMÔNIO 261
ESTUDO DE CASO 285
CONCLUSÃO 305
APÊNDICE 309
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INTRODUÇÃO
Durante a nossa vida, seja na escola, na televisão ou em casa, pouco nos é
ensinado sobre a arte dos investimentos. Há aqueles que se arriscam e acabam
aprendendo na prática e há aqueles que têm a sorte de receber o
conhecimento de seus familiares ou conhecidos. Porém, de forma geral, a
maioria de nós conhece muito pouco sobre o assunto e alguns tremem só de
pensar em coisas como Bolsa de Valores e Ações.
Infelizmente, muitos dos que tentam melhorar a qualidade de seus
investimentos, na maioria das vezes, o fazem sem o conhecimento adequado e,
despreparados, sofrem perdas que não podem suportar, abandonando o
assunto cabisbaixos e consolando-se com um “Isso é coisa pra rico, deixa pra
lá!”.
Há ainda os que tratam dinheiro e investimentos, assuntos presentes em
nossa vida cotidiana, como tabu, preferindo ignorar o tema como um todo.
Não é o intuito principal deste livro convencê-lo a deixar os preconceitos
de lado e se aprofundar no assunto, no entanto, acredito que a leitura da parte
inicial já será suficiente para lhe mostrar as vantagens e a necessidade de dar
atenção, mesmo que pouca, ao seu dinheiro.
Para os que se encontram dispostos a iniciar, a falta de informação,
principalmente dos aspectos práticos de se investir no mercado financeiro, cria
uma barreira que nem sempre é fácil de romper. O objetivo deste livro é
ajuda-lo a superar essa barreira.
Este livro foi escrito pensando naqueles que já estão dispostos a melhorar
seu conhecimento a respeito das ferramentas disponíveis para proteger e
aumentar seu patrimônio.
Serão comentados aspectos que são comuns a todos os tipos de
investimento e que todo investidor deve conhecer profundamente. Eles lhe
permitirão analisar com facilidade os ativos em que deseja investir o seu
dinheiro e selecionar as melhores opções.
Também serão detalhadas as opções de investimentos em renda fixa e renda
variável disponíveis ao pequeno investidor pessoa física, como os fundos de
investimento oferecidos pelos bancos, os títulos do governo (Tesouro Direto)
e as ações negociadas em Bolsa de Valores.
De nada adianta o conhecimento teórico se você não souber aplicá-lo. As
informações práticas contidas na parte quatro do livro vão lhe ensinar a
selecionar os melhores serviços, a utilizar as ferramentas de operação e a fazer
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um controle rápido e eficaz dos seus investimentos e do imposto de renda.
Você se sentirá mais seguro para começar e não perderá seu tempo e seu
dinheiro com erros desnecessários.
Ao final da leitura, você terá o conhecimento teórico e prático necessário
para realizar seus investimentos de forma segura e tranquila, iniciando da
forma correta o seu caminho para o sucesso.
7
PARTE UM
8
CAPÍTULO 1
POR QUE INVESTIR?
Muitos encerram sua vida no mundo dos investimentos antes mesmo de
começar, simplesmente se perguntando “Para que isso?”, “Vou perder meu
tempo com isso, com tanta coisa para fazer na vida?” ou “Isso não é para
mim, exige muita dedicação.”.
De fato, em geral nossa sociedade não é orientada à poupança e sim ao
consumo. Quem, quando discutindo sobre o assunto com seus amigos, nunca
ouviu aquela frase de efeito “Eu não quero juntar um milhão, quero é gastar
um milhão!”?
Alguma vez você viu na televisão alguém falar para você: “Poupe agora e
tenha mais para gastar depois.”, ou: “Proteja o valor do seu dinheiro, estude
sobre investimentos.”? Pelo contrário, o que mais se vê por aí é “Para que
esperar pelo carro dos seus sonhos, faça um empréstimo e tenha ele agora!”
ou “Leve o produto para casa agora e comece a pagar só no final do ano em
vinte pequenas parcelas!”.
Não costumamos ver isso por aí!
Essa ideia predominante de que o prazer advindo do dinheiro não precisa
esperar é incutida em nossas mentes o tempo todo e pensar diferente
provavelmente vai lhe custar algumas gozações por aí.
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Porém, pense no seguinte: para a grande maioria (aqueles que não nasceram
reis ou não tiveram a facilidade de herdar a coisa toda pronta) qualquer
objetivo mais complexo a ser atingido na vida vai exigir grande dedicação e
abnegação. Para conseguir o emprego com o qual você sonha, você terá de
passar anos estudando, deixará de ir em festas para conseguir ir bem na prova,
irá se render ao terno e à gravata quando sempre esteve mais satisfeito usando
bermuda. Para tocar na guitarra o solo de sua banda favorita, serão necessárias
horas de estudo e repetição, você terá que aprender diversas músicas simples e
estúpidas e guerrear com seus dedos teimosos por dias até, finalmente, poder
impressionar a vizinhança com suas notas precisas. Para surfar as gigantes
ondas do Havaí será preciso engolir muita água nas marolinhas, remar muito
sem chegar a lugar nenhum e levar muita “vaca” para a alegria dos banhistas
na areia. Ainda assim, com todo esse sacrifício, você se dedicará e manterá seu
plano pois acredita que o objetivo que traçou valerá a pena. A satisfação final
irá superar todo o esforço realizado. A vida é assim, mesmo sendo um gênio e
tendo uma boa coordenação motora, será preciso se dedicar e deixar de lado
algumas coisas para conseguir o que se quer.
Ora, se muitas coisas são assim, exigem esforço e abnegação, por que,
quando se trata de dinheiro, tem que ser diferente? Por que, para comprar o
carro dos seus sonhos, ao invés de se endividar, você não pode economizar
durante um tempo e efetuar a compra à vista, quem sabe até com um
desconto, e ficar livre de uma dívida que lhe custará boa parte do salário pelos
próximos 10 anos? Ou ainda, por que ao invés de viajar agora e ficar se
preocupando em economizar na passagem, no hotel, na comida e nos passeios,
você não pode juntar um pouco de dinheiro e deixar a viagem parao ano que
vem, quando poderá comprar uma passagem que não faça 5 escalas em países
de índole duvidosa, transformando uma viagem de 5 horas em dois dias ou
escolher ficar em hotéis confortáveis e jantar nos restaurantes que têm vários
desenhos de talheres ao lado do nome no guia de restaurantes, ao invés de fast-
food?
Pode ser que você ache tudo isso besteira, que não há por que esperar só
para poder ter essas “pequenas” vantagens, ou que você ache que nunca vai
conseguir juntar todo esse dinheiro e o único jeito é se endividar para ter o
que quer.
Nesse caso, há alguns outros fatores que devem ser considerados quando
falamos de investimentos e os próximos capítulos vão fazer você pensar
melhor sobre o assunto.
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Por que não escolher um restaurante melhor?
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CAPÍTULO 2
O GRANDE OBJETIVO
Existem aqueles que, privilegiados, podem gastar seus dias passeando por aí e
usando sua criatividade pensando em como tornar sua própria vida mais
agradável, sem preocuparem-se com atividades “frívolas” como cumprir o
prazo dado pelo seu chefe insuportável ou colocar “comida na mesa”.
Mas como é possível que, enquanto você se mata trabalhando por alguns
trocados, eles fiquem por aí gastando dinheiro sem se preocupar? Você já deve
ter se deparado com a expressão “quanto mais dinheiro você tem, mais
dinheiro você ganha” ou deve imaginar que quando você é estupidamente
rico, não é possível torrar todo esse dinheiro.
Na vida é assim, você está cercado por tubarões.
Não se engane, sempre é possível gastar tudo o que se tem, não importa se
são centenas, milhares ou milhões e, mesmo que você tenha muito dinheiro, se
não o administrar bem, rapidamente você ficará sem ele. Imagine o mundo
como um oceano cheio de tubarões sedentos por sangue (no caso, dinheiro). É
preciso ser inteligente se quiser sobreviver nessas águas infestadas. Quanto
mais dinheiro você tem, mais você se destaca e chama a atenção dos
predadores, sejam eles os impostos, inflação, governos, processos judiciais,
concorrentes, contadores, ladrões, erros, família, etc.
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Assim, mesmo aqueles que herdam fortunas tiveram alguém que antes deles
sabia o que estava fazendo e foi capaz de multiplicar o patrimônio. Além
disso, é preciso que saibam gerir toda essa grana para que ela não se perca.
No mundo capitalista, se quisermos sobreviver, precisamos de dinheiro.
Nós o usaremos para trocar por produtos e serviços que necessitamos. Todo
mundo sai satisfeito e há uma certa sinergia, pois, as tarefas são divididas e
sobra tempo entre o almoço e o jantar para assistir a um filme ao invés de ter
que ir lá fora cuidar do rebanho. Esse dinheiro vem da nossa renda,
normalmente oriunda do nosso trabalho, seja ele qual for. No final das contas,
se você quer ter o que comer e não nasceu privilegiado, será preciso trabalhar.
“Gostaria de estar assistindo ao Exterminador do Futuro.”
Mas e se eu quiser passar o resto dos meus dias na praia contando as ondas?
Bom, você pode achar alguém que lhe pague para fazer isso e passar os dias na
praia será o seu trabalho. Caso você não tenha essa sorte, você pode encontrar
alguém que trabalhe por você. Monte uma empresa, contrate empregados e
quando a empresa der lucro, faça as malas e vá para a praia. Compre imóveis e
alugue-os, vivendo da renda do aluguel. Ou, quem sabe, coloque um monte de
grana em uma aplicação que renda o suficiente para pagar suas contas pelo
resto da vida.
Nestas últimas três opções há algo em comum. Em todas será preciso que
você invista seu dinheiro e seu tempo, algumas um pouco mais disso, outras
um pouco mais daquilo e se tudo der certo, com o tempo, você precisará se
dedicar menos e poderá colher os frutos do que plantou. E nesse momento,
em todas essas opções, haverá alguém que estará trabalhando e não será você.
Quem então? A resposta é: o seu dinheiro!
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Quando investimos em alguma coisa, na verdade estamos colocando nosso
dinheiro para trabalhar, gerando renda, aumentando nossa riqueza e nosso
poder de compra.
Portanto, o grande objetivo de todo investidor é fazer o dinheiro trabalhar.
Com seu dinheiro trabalhando, você terá tempo para se dedicar ao que gosta
e, quando fazemos o que gostamos, costumamos fazer mais e melhor, o que
provavelmente irá aumentar os seus ganhos e você entrará em um círculo
virtuoso. Chegará o dia em que seus investimentos sozinhos lhe trarão o
suficiente para levar uma boa vida e ainda sobrará para investir mais um
pouquinho, aumentando seu patrimônio e sua renda, permitindo que você
gaste mais e melhore sua qualidade de vida.
O que o verdadeiro investidor busca não é simplesmente juntar um monte
de dinheiro, ele quer é ver o seu patrimônio provendo-lhe a renda da qual
necessita para viver.
Pense nisso.
Coloque sua grana para trabalhar!
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CAPÍTULO 3
VOCÊ ESTÁ PERDENDO DINHEIRO!
Há ainda um outro detalhe que merece sua atenção quando se trata de cuidar
do seu dinheiro. Na verdade, não é um detalhe e sim um grande problema, e
todo aspirante a investidor terá de lidar com ele antes de mais nada. O fato é
que, se você não faz nada, a todo momento, agora mesmo enquanto você lê
este livro, você está perdendo dinheiro.
Mas como?
Imagine que você tenha hoje R$10,00 na sua carteira. Você vai até a
lanchonete e compra o trio (hambúrguer + refrigerante + batata) da
promoção e ainda leva batata grande. Seu almoço está garantido e a
mensalidade da academia justificada. Imagine então que essa mesma nota de
R$10,00 passou o ano dentro da sua carteira. Todo dia você olhava e lá estava
ela, um bom almoço em forma de papel, esperando a oportunidade de ser
utilizado.
Passado um ano, em determinada ocasião, você se vê meio sem tempo e,
influenciado pela fome voraz e pelos cartazes chamativos, resolve “converter”
os R$10,00 em uma refeição. Mas eis que, para sua surpresa (e desgosto), seus
R$ 10 agora mal conseguem pagar por um hambúrguer simples e refrigerante
pequeno.
Mas que bruxaria é essa? São os mesmos R$10,00, a mesma nota, está com o
mesmo risco de caneta que tinha um ano atrás... O que aconteceu?
O monstro por trás dessa estória é a inflação, a qual discutiremos com mais
detalhes em breve. No momento, basta você saber que, enquanto houver
inflação, seu dinheiro perderá poder de compra ou, em outras palavras, você
perderá dinheiro.
A lição a ser tirada aqui é: Antes de pensar em qualquer coisa, você deve se
preocupar em proteger o valor do seu dinheiro.
15
Não fique aí parado enquanto a inflação come seu dinheiro!
Vou me permitir ser um pouco repetitivo aqui para que você fixe a ideia:
A primeira regra de todo o investidor é “NÃO PERCA DINHEIRO!”.
Se todo investidor tivesse um livro de cabeceira, nele estaria escrito “NÃO
PERCA DINHEIRO!” na primeira página.
A partir do momento em que temos o dinheiro em mãos, já o estamos
perdendo. Sua primeira prioridade é evitar que isso ocorra. NÃO PERCA
DINHEIRO.
“Me parece uma boa idéia.”
Além da inflação, há diversos outros fatores que podem levá-lo a ver seu
patrimônio minguando. Felizmente, há maneiras de evitar que sua grana
escorra pelo ralo. E uma das melhores é estudar o assunto. Lendo este livro
você já está no rumo certo.
Para concluir, tenha em mente que o caminho entre parar de perder
dinheiro, acertar suas finanças, juntar o suficiente para melhorar sua qualidade
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de vida e atingir o objetivo de fazer o dinheiro trabalhar para você é longo e
exigirá esforço e dedicação.
Mas calma! Nesta longa estrada você estará constantemente vendo os
resultados (e sentindo no bolso e na vida), a satisfação de atingi-los será
constante e se o que você deseja é ver o seu dinheiro trabalhar enquanto você
relaxa, quando chegar lá, tudo valerá a pena. Tome uma água de coco por
mim!
Este vai para o autor do livro!
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CAPÍTULO 4
O QUE É INVESTIR?
Mas afinal, o que exatamente é investir? Pare e pense a respeito. O que, para
você, é investir? Seria juntar um monte de dinheiro? Ou deixar de gastar com
algumas coisas para poder comprar outras? “Pão durisse”?
Se olharmos nos dicionários poraí, e eu olhei para você1, encontraremos
para o significado de “investir” coisas como:
Dar posse, empossar, como em ‘Investiu-lhe o cargo de
chefe.”—Hmmm, não, acho que não é bem isso que queremos.
Atacar, acometer, atirar-se com ímpeto, como em “César investiu
contra a Gália.”—Fôssemos conquistadores em busca de terras e riquezas
alheias este significado nos viria bem a calhar, porém não somos.
Aplicar, empregar, inverter capitais com finalidade lucrativa.—Ah!
Agora sim.
“Hora de ficar rico!’
Investir então, quando falamos de dinheiro, é usar o seu dinheiro para ter
lucro. Quando você tem lucro, você aumenta sua quantidade de dinheiro
inicial, e pode comprar coisas mais caras. Dessa forma, investir também pode
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ser entendido como deixar de gastar agora para aumentar seu poder de
compra no futuro.
Como você irá fazer isso é o “x” da questão e este livro está aqui para
ajudá-lo.
1 Fonte: www.dicionariodoaurelio.com/investir.html
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CAPÍTULO 5
POR ONDE COMEÇAR?
Se você pretende investir o seu dinheiro, para começar é necessário que você
tenha a matéria prima: dinheiro! Para alcançar esse primeiro objetivo, é preciso
que você cumpra alguns passos:
1º PASSO: Se você já não nasceu com ele ou ganhou por acaso, será
necessário que você encontre alguma forma de obter renda (ganhar
dinheiro), seja ela qual for. Para a maioria, será algum tipo de
trabalho.
“Até aqui tudo bem, trabalhar parece lógico.”
2º PASSO: O próximo passo será não gastar tudo o que você ganha.
“Certo. Então eu arrumo um trabalho, ganho meu salário e não gasto
tudo o que recebo. Moleza!”
Mas será mesmo?
A maioria das pessoas, cedo ou tarde, consegue cumprir o primeiro passo e
obter renda, mas quando se trata do segundo passo, gastar menos do que
ganha, aí a coisa já não é tão simples. Seja lá qual for o motivo, elas têm uma
grande dificuldade em gastar menos do que recebem. O comum mesmo é se
endividar, comprometendo o que nem receberam ainda. Pense nas pessoas que
você conhece, por exemplo, ou em você mesmo. Alguma se encaixa nessa
situação?
Perceba que para enriquecer é necessário acumular riqueza, logo, se você
gasta tudo o que recebe, você não acumula nada, portanto não enriquece.
Parece óbvio, mas há quem não perceba esse fato. Cumprir o segundo passo e
não gastar toda a sua renda é essencial.
Há diversos livros e materiais por aí que podem lhe ensinar a sair do
vermelho. Comece agora mesmo a resolver esse problema, sua vida melhorará
muito.
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Para dormir tranquilo, faça sua reserva de emergência.
3º PASSO: Agora que você consegue juntar um dinheirinho todo
mês, faça sua reserva de emergência, uma quantidade de dinheiro que
vai ser responsável pelo seu sono tranquilo nas noites vindouras.
Como o próprio nome diz, esse será aquele valor que, em um
imprevisto, vai evitar que você se endivide ou que seja preciso vender
sua carteira de ações justamente na pior baixa dos últimos séculos.
“Hummm...Fazer uma reserva de emergência é interessante. Me sentirei
mais seguro sabendo que, se for preciso, terei essa grana em mãos. Mas
quanto eu devo guardar?”
Qual é o valor necessário para sua reserva de emergência? Só você pode
responder a essa pergunta. Procure encontrar um ponto de equilíbrio entre o
que você imagina que poderia cobrir todas as possibilidades (acidentes,
despesas de saúde, desemprego, etc.) e um valor que possa realmente ser
atingido. E esse valor não é imutável, inicialmente basta que ele garanta que
você não vai abandonar seus investimentos sem necessidade. Comece com um
valor próximo a seis vezes os seus gastos mensais e com o tempo vá ajustando
conforme achar necessário.
4º PASSO: Tendo seu sono garantido e a certeza de que não é
qualquer crise que vai te derrubar, finalmente é hora de investir a sua
grana. E é aqui que este livro vai te ajudar. Será preciso que você
conheça os tipos de investimentos que existem e suas características,
para então montar uma estratégia e, com tranquilidade e segurança,
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ver as coisas darem certo e saber como corrigir o que porventura der
errado.
Os quatro passos para começar a investir.
22
PARTE DOIS
23
CAPÍTULO 6
ANALISANDO UM INVESTIMENTO
De forma geral, para qualquer investimento, há certos aspectos básicos que
devem ser observados para que possamos saber com clareza suas vantagens e
desvantagens.
Inicialmente você deve estar pensando ”Qual a dúvida? O melhor
investimento é aquele que me dá mais dinheiro!”. Está certo em partes, porém,
como diz o velho ditado: Não existe almoço grátis!
Normalmente, alto rendimento vem acompanhado de um amigo chato, o
risco. Em tudo o que fazemos as coisas podem dar errado, nos investimentos
não é diferente. Nas finanças, quanto maior a chance de as coisas darem
errado, maior será o retorno oferecido para quem quiser entrar na jogada.
Afinal, a sobrevivência é nossa maior prioridade e não somos bobos de nos
arriscarmos sem que haja uma boa recompensa em troca.
Na vida real, para ganhar mais, você aumenta seus riscos.
Digamos, por exemplo, que você tem dois amigos, o Sílvio e o Santos, que
resolveram lhe pedir dinheiro emprestado. Sílvio é um funcionário público
que tem seu salário garantido, não tem dívidas e você o tem na mais alta
confiança. Querendo adiantar a compra de uma TV em promoção e não tendo
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o valor total disponível, ele lhe pede uma grana emprestada, para lhe pagar,
junto com os juros de 1%, dali a dez dias quando o salário dele cair.
O Santos é autônomo, trabalha fazendo bicos, nos últimos meses não
conseguiu nenhum serviço. Como tem ficado muito em casa e o campeonato
começará em breve, achou que era hora de trocar sua TV. Te pede um
dinheiro emprestado para a nova TV e diz ter uma ótima oportunidade de
trabalho, ainda não confirmada, dali a cinco dias. Garante que te pagará o
valor do empréstimo mais juros de 1% em no máximo dez dias, quando
receber pelo serviço.
Sabendo que você só pode ajudar um deles e que perder esse dinheiro pode
lhe trazer problemas, analise friamente e diga: para quem você emprestaria seu
dinheiro?
Digamos agora que o Santos, sabendo que vai ganhar uma bolada pelo
futuro trabalho, disse que lhe pagaria 5% de juros. E agora? Para quem você
emprestaria?
E se o montante a ser emprestado para o Santos fosse o dobro do pedido
pelo Sílvio?
Enriqueça seu vocabulário
Montante: Na matemática financeira e quando se trata de finanças em geral,
utilizamos a palavra montante com o significado de quantidade.
Você pode ver que analisar somente o rendimento de um investimento não
lhe oferece uma visão de todos os aspectos envolvidos.
Além do risco, de que falaremos bastante no decorrer do livro, você pode se
deparar também com outros problemas.
Para investir em imóveis você vai precisar, logo de início, de um valor
elevado de dinheiro. No entanto, para comprar uma ação, bastam alguns reais.
Portanto, é preciso conhecer qual a quantia necessária para se iniciar um
investimento.
Para fazer os rendimentos de um determinado fundo de investimento serem
maiores, os administradores normalmente têm que trabalhar mais, e em troca
eles vão cobrar taxas mais altas do que em outros fundos. É preciso analisar se
os valores cobrados pelos administradores não são excessivos quando
comparados aos serviços prestados. Para investir em ações, será preciso
contratar uma corretora e pagar as taxas de negociação que podem ser
significativas. Portanto, para analisar um investimento é preciso conhecer as
taxas cobradas e quais os serviços que estão sendo oferecidos em troca.
25
Nunca se prenda somente ao rendimento de um investimento.
Alguns tipos de investimento têm isenção de imposto de renda sobre os
ganhos, em outros o valor varia com o tempo e há ainda aqueles em que o
valor será um percentual fixo do rendimento. Conclui-se que é preciso levar
em consideração as possíveis vantagens com relação ao pagamento de
impostos que podem melhorar o seu rendimento.
Enriqueça seu vocabulário
Ativo: No contexto desse livro, a palavra ativo se origina do significado
utilizado na Contabilidade,onde o ativo representa os direitos que uma
empresa possui. Ativo financeiro é, portanto, algo (Ações, Poupança, Títulos)
que dá ao investidor o direito sobre algum valor financeiro. Pense no ativo
como aquele investimento que está ativamente contribuindo para o seu
enriquecimento.
Há também a possibilidade de você não conseguir vender ou converter o
seu ativo para dinheiro porque não há ninguém desejando comprar ou realizar
a conversão. Para saber o quão fácil é transformar um investimento em
dinheiro no seu bolso é preciso conhecer uma característica chamada liquidez.
Para se analisar um investimento e poder compará-lo a outro é preciso ir
além apenas do rendimento oferecido. Felizmente, todos os investimentos
existentes podem ser analisados utilizando somente alguns aspectos básicos.
Procure iniciar a sua análise de um investimento observando as seguintes
características:
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RENDIMENTO (aqui entram também fatores como TAXAS,
INFLAÇÃO e IMPOSTO DE RENDA);
RISCO;
VALOR INICIAL A SER APLICADO; e
LIQUIDEZ.
Vamos discutir com detalhes cada um deles.
27
CAPÍTULO 7
O RENDIMENTO
O rendimento de uma aplicação caracteriza-se pelo valor acima do valor
aplicado que será recebido ao término de um período. Normalmente, é
expresso em percentagem por período. Por exemplo: 10% a.m. (ao mês) ou
15% a.a. (ao ano).
Enriqueça seu vocabulário
O rendimento de um investimento também pode ser chamado de juro.
Diferente de uma dívida em que o tomador da dívida paga juros, no caso de
um investimento, o investidor recebe os juros.
Rendimento é o que você recebe além do valor aplicado.
O que isso quer dizer? Digamos que você aplique R$100,00 em um ativo
que lhe renda 10% a.m. Isso significa que, ao término de um mês, você terá
R$110,00, ou seja, 10% a mais do valor que você investiu inicialmente.
Você deve estar pensando: “Então nesse exemplo, passado um mês, eu
embolsei R$10,00, é isso?”
No mundo cor-de-rosa dos exemplos teóricos, tal afirmação estaria correta,
no entanto, no mundo real a coisa não é bem assim. Lembra dos tubarões?
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“Acho que vou ficar com um pouco desse rendimento!”
Conforme comentado anteriormente, o seu dinheiro está sempre perdendo
poder de compra devido à inflação. Além disso, na vida real, será necessário
pagar taxas e impostos, diminuindo o valor a ser recebido realmente.
O valor de rendimento que você vê no folheto do seu banco ou em sites por
aí e que normalmente é informado (no nosso caso, os 10%) é o chamado
rendimento NOMINAL bruto.
Rendimento nominal bruto
NOMINAL, porque é o rendimento previsto, teórico, daquela aplicação.
BRUTO, porque nas finanças todo resultado considerado antes do pagamento
das taxas e dos impostos é chamado de resultado BRUTO, no nosso caso,
RENDIMENTO BRUTO.
Continuando com o exemplo, digamos que para retirar o dinheiro de onde
ele foi investido paga-se uma taxa de R$2,00 e que esse investimento seja
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isento de imposto de renda (ou seja, não há imposto sobre o lucro obtido).
Nesse caso, ao retirar o dinheiro, cairá na sua conta R$108,00 (R$110,00
menos os R$2,00 das taxas) ao invés dos R$110,00 que teoricamente receberia
ao término do período.
Ao valor de rendimento obtido após descontadas as taxas (no nosso caso, os
R$8,00), damos o nome de rendimento nominal LÍQUIDO.
Rendimento nominal líquido
Nominal você já conhece, e LÍQUIDO é porque já foram descontadas as
taxas e impostos.
Qual foi então, no nosso exemplo, o rendimento nominal líquido em
percentual? Se o lucro obtido após aplicar o dinheiro durante um mês,
descontando-se as taxas, foi de R$8,00, e o valor investido inicialmente foi de
R$100,00, resulta um rendimento nominal líquido de 8% em um mês, ou 8%
a.m.
Como se taxas e impostos não fossem o bastante, levando embora mais um
pedaço do seu rendimento, surge a inflação. A inflação nada mais é que o
aumento dos preços dos produtos, o que faz com que seu dinheiro perca
poder de compra e, consequentemente, perca seu valor.
Lembra-se quando comentamos que quem não faz nada já está perdendo
dinheiro? Você agora entenderá isso na prática e verá por que o investidor
esperto está, em primeiro lugar, preocupado em não deixar sua grana
desvalorizar.
30
A inflação quer o seu dinheiro!
Digamos que a inflação no período do nosso exemplo (um mês) foi de 2%.
Teoricamente, isso significa que o preço de todos os produtos aumentou em
2%. Portanto, se o seu dinheiro não acompanhou esse aumento, você perdeu
poder de compra. Para facilitar, considere este exemplo:
Você vai na sua livraria preferida e vê que o livro “Aprenda a Investir” está
custando exatos R$100,00. Olha na sua carteira e vê, solitária, aquela nota de
R$100,00 que poderia pagar o livro naquele momento. Alguém grita lá de
longe seu nome dizendo que estão atrasados. Resignado, você deixa a compra
para depois e vai embora.
Um mês depois, lá está você novamente na livraria, dessa vez sozinho,
preparado para levar o livro para casa. Porém, ao passá-lo no leitor de código
de barras, vem a surpresa: O preço mostrado é de R$102,00.
Os seus R$100,00 agora não são mais capazes de comprar o livro. Consegue
perceber como o resultado da inflação no seu poder de compra equivale a
perder dinheiro?
Para conseguir manter o seu poder de compra e acompanhar a inflação
desse mês, seria necessário ter feito seu dinheiro render 2% no mesmo
período, acompanhando a inflação. Repare que para ter lucro e efetivamente
ganhar alguma coisa, é preciso, além de ganhar os 2% da inflação, obter um
rendimento acima desse valor que seja suficiente também para pagar as taxas e
impostos e, por fim, obter algum lucro. Como eu disse, não ache que é fácil
sair por aí ganhando dinheiro nos investimentos. Procure primeiro evitar
perder o que já possui.
No início do capítulo, aplicaram-se R$100,00 durante um mês, a uma taxa
nominal bruta de 10% a.m. Dos R$10,00 de lucro obtidos, pagaram-se as taxas
31
de R$2,00 e restaram R$108,00 de resultado, ou 8% de rendimento nominal
líquido.
Se a inflação do mês foi de 2%, num cálculo simplificado para obter o valor
do rendimento que realmente se obteve, ou seja, o rendimento líquido REAL,
basta subtrair o valor da inflação do rendimento nominal líquido (8%),
ficando então com 6% de rendimento líquido real.
Em valores isso significa que dos R$10,00 que você ganhou investindo seu
dinheiro, somente R$6,00 foram lucro. O restante foi comido pelas taxas e
pela desvalorização causada pela inflação.
Rendimento real é o que você realmente ganha.
Relembrando:
Rendimento nominal bruto: quanto um investimento rendeu sem
descontar taxas e impostos.
Rendimento nominal líquido: encontrado descontando do
rendimento nominal bruto os impostos e taxas a serem pagos.
Rendimento líquido real: é o rendimento nominal líquido menos a
inflação do período. É o lucro real que você obteve.
Você consegue imaginar porque o valor informado amplamente aos
investidores é o rendimento nominal bruto e não o real?
Matemática, oh não!
32
Todos esses cálculos podem ter assustado você. Acalme-se. Não é preciso ter
conhecimentos complexos de matemática para se iniciar nos investimentos.
Com as operações básicas e uma calculadora você já estará pronto para
começar.
Além disso, com o uso de algumas fórmulas amigas, tudo ficará mais fácil.
No exemplo desse capítulo, ao calcular o rendimento real, simplesmente
subtraímos a inflação do rendimento líquido. Na verdade o valor exato deve
ser obtido através da fórmula:
Onde:
Ireal = rendimento real (em decimal, ou seja 8% = 0,08)
Inominal = o rendimento nominal líquido (também em decimal)
No nosso exemplo tínhamos um rendimento nominal líquido de 8% a.m. e
a inflação de 2% a.m., portanto:
Inominal = 0,08
Inflação = 0,02
O rendimento real seria igual a 5,882% a.m.
Fique atento ao lidar com taxas de rendimento ou juros pois, além do valor,
sempre haverá um período (mês, ano, dia) e para realizar os cálculos é
necessário que todas as taxas sejam relativas a um mesmo período. Por
exemplo, se você possui a taxa mensal de rendimentoda sua aplicação e a taxa
anual da inflação, para calcular o rendimento real de sua aplicação, antes, será
preciso que você iguale o período das taxas (transformar o rendimento em
taxa anual ou a inflação em taxa mensal).
Para converter o período de uma taxa (por exemplo, transformar 2% a.m.
em uma taxa equivalente anual), utilize a fórmula das taxas equivalentes:
33
Onde:
Iq = taxa que eu quero
It = taxa que eu tenho
q = período que eu quero
t = período que eu tenho (no exemplo, temos a taxa de um mês)
Observação: t e q devem estar na mesma unidade de tempo, ou em anos (onde
q seria igual a 1 e t igual a 1/12) ou em meses (onde q seria igual a 12 e t igual
a 1).
Para descobrir a taxa equivalente anual de 2% a.m. teríamos:
It = 0,02
q = 12
t = 1
Ou seja, 2% a.m. equivalem a 26,82% ao ano.
Filosofia do Investidor
Não existe melhor investimento do que aquele que fazemos em nós mesmos.
Dedicar uma parte do tempo a aperfeiçoar nossas habilidades e a adquirir
conhecimento pode trazer resultados surpreendentes no futuro.
Ter algum conhecimento no cálculo de porcentagens, conversões de taxas e
juros compostos lhe será muito útil. Quanto mais você souber, melhor será
sua análise das opções disponíveis, permitindo-lhe alcançar melhores
resultados.
34
Como se calcula a inflação?
Para se calcular com exatidão o valor da inflação seria preciso conhecer a
variação de preço de todos os produtos e serviços em um determinado
período de tempo, fazer uma média e então obter um valor para a inflação
desse período.
Não parece ser uma tarefa simples.
A solução encontrada foi analisar somente a variação de preço dentro de
um determinado universo amostral, atendendo ao interesse de quem está
analisando.
Dessa forma, o que você vai encontrar por aí são os chamados “Índices de
Inflação”, que calculam a variação de preços analisando uma parcela específica
dos produtos.
Há diversas variáveis: é possível analisar os preços de somente algumas
cidades do país, de somente algum tipo específico de produto ou serviço, de
produtos disponíveis a pessoas com uma renda específica e o que mais você
conseguir imaginar. E é por isso que os valores que você vê divulgados nem
sempre refletirão a sua realidade.
No Brasil, o Índice de Preços adotado como oficial pelo governo para
análise da inflação é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA).
O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e tem as seguintes características1:
As informações são coletadas no período do dia 1° ao dia 30 do mês
de referência;
Abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre
1 e 40 salários mínimos, residentes nas áreas urbanas das regiões
pesquisadas;
Abrangência geográfica: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba,
Vitória, Porto Alegre, Brasília e municípios de Goiânia e Campo
Grande;
Os dados são obtidos em estabelecimentos comerciais e de prestação
de serviços, concessionárias de serviços públicos e domicílios (para
levantamento de aluguel e condomínio); e
35
Para o cálculo, considera os seguintes grupos de despesas:
Alimentação e Bebidas, Habitação, Artigos de Residência, Vestuário,
Transportes, Saúde e Cuidados Pessoais, Despesas Pessoais, Educação
e Comunicação.
Observe as características acima e repare: são analisadas somente algumas
cidades do país, somente alguns grupos de produtos e a coleta de informações
é feita somente em alguns estabelecimentos. Além disso, depois de coletados,
esses valores entrarão na fórmula de cálculo estabelecida pelo IBGE que,
como qualquer fórmula, pode alterar o resultado dependendo do peso dado a
cada componente.
A importância do IPCA está no fato de que ele é considerado como o valor
da inflação oficial do país e portanto, influencia na economia como um todo.
Existem outros índices? Sim, existem diversos Índices de Preços divulgados
periodicamente e calculados por diversas instituições. Alguns você encontrará
no seu dia a dia, como o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado),
calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), muito utilizado em
transações financeiras de longo prazo (como em imóveis).
O IGP-M resulta da média de três outros índices: o Índice de Preços por
Atacado (IPA-M) com 60% de peso, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-
M) com 30% e o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC-M)
com 10% de peso.
Ao verificarmos a forma de cálculo do IGP-M descrita acima, fica ainda
mais claro como o valor obtido pode ser influenciado pelo peso dado aos
índices. Por exemplo, uma variação grande de preços no mercado de atacado
(transações feitas entre empresas antes das vendas para o consumidor final)
terá grande influência no índice, já que seu peso é de 60%, enquanto uma
variação grande dos custos na construção civil terá pouca influência, pois tem
somente 10% de peso.
Agora que você já conhece os fatores envolvidos no cálculo de Índices de
Preços, fique atento ao fazer transações que envolvam reajuste de preço
baseados em um Índice (como contratos de aluguel ou pagamento de
imóveis). Procure conhecer a metodologia de cálculo desse índice e qual foi o
objetivo com que ele foi criado. Comparar os valores dos índices em um
determinado período também lhe dará uma ideia interessante de como eles se
comportam.
Observe, por exemplo, os valores anuais do IPCA e do IGP-M em um
período de 10 anos2:
36
ANO IPCA IGP-M
2013 5,91% 5,53%
2012 5,83% 7,81%
2011 6,50% 5,09%
2010 5,90% 11,32%
2009 4,31% -1,71%
2008 5,90% 9,80%
2007 4,45% 7,74%
2006 3,14% 3,84%
2005 5,69% 1,20%
2004 7,60% 12,42%
2003 9,30% 8,69%
Perceba que em alguns anos há uma diferença grande entre os índices, o
que influenciará diretamente no seu bolso ou, no caso do investidor, nos seus
rendimentos.
As metodologias completas de cálculo dos índices não serão comentadas
aqui, mas você poderá facilmente obtê-las fazendo uma pesquisa nos sites das
instituições que os divulgam.
1 Fonte: www.ibge.gov.br
2 Fonte: www.ibge.gov.br e www.portalibre.fgv.br
37
CAPÍTULO 8
RISCOS
Risco é a probabilidade que as coisas têm de dar errado. Quanto mais coisas
podem dar errado, maior será o risco. E quanto maior for a chance de algo
dar errado, maior será o risco. Além disso, o que acontece quando as coisas
dão errado pode afetar o modo como você percebe o risco.
Ao falarmos de risco, portanto, falamos sobre:
O que pode dar errado;
Qual a chance de dar errado; e
O que acontece se der errado.
O risco está presente em tudo o que fazemos. Considere o ato de atravessar
a rua. Quais são os riscos que existem quando você está lá parado na calçada e
resolve ir para o outro lado da rua?
Quais são o riscos de se atravessar a rua?
Se você tentou imaginar, verá que os riscos são vários. Coisas que vão de
raios caindo na sua cabeça, passando por carros desgovernados saindo da
pista e te atropelando e chegando a explosões nucleares podem acontecer
38
enquanto você está ali parado dando chance ao acaso. Parece óbvio também
que a maior probabilidade existente é a de ser atropelado.
São tantos riscos!
No entanto, você corriqueiramente atravessa as ruas de sua cidade, muitas
vezes só se preocupando em aguardar o sinal dos pedestres abrir e dando uma
rápida olhada para ver se todos os carros pararam.
Isso acontece porque antes de sair atravessando ruas por aí, você aprendeu
que respeitando o sinal, suas chances de ser atropelado diminuem
drasticamente e, verificando que todos os carros pararam, elas diminuem
ainda mais. As chances de ser atingido por um raio são pequenas e
normalmente você evita sair andando a pé em dias de chuva com raios. E
quanto a explosões nucleares, não há muito o que você possa fazer quando
elas acontecerem.
Essa análise que fazemos das coisas que podem dar errado em uma
situação, das chances de elas acontecerem e o que podemos fazer para evitá-las
é a chamada análise do risco. Fazemos isso naturalmente em certas ocasiões,
está em nossos genes, é um fatorprimordial para a sobrevivência das espécies.
Em outras, é necessário colocar o cérebro para funcionar e imaginar o que
pode dar errado.
Agora, imagine uma pessoa que salta de paraquedas. Quais são os riscos
envolvidos? Logo de cara, podemos considerar a chance do paraquedas não se
abrir. Nesse caso o paraquedista poderá fazer uso do paraquedas reserva. Mas
e se o reserva falhar? E se não houver tempo para abri-lo? A morte
provavelmente será inevitável.
39
Conheça os riscos para agir com confiança.
Compare com as consequências de atravessar a rua. Ao atravessar a rua
pode acontecer de você inicialmente não perceber um carro vindo, mas, num
reflexo, conseguir sair da frente no último momento. Esse mesmo carro pode
frear bruscamente e evitar o atropelamento no último instante, ou, na pior das
hipóteses, você pode ser atropelado com chances de sair levemente machucado
a fatalmente ferido. Ao saltar de paraquedas se as coisas derem errado ou você
sairá muito machucado ou não sobreviverá.
Analisando essas duas atividades vemos que para atravessar a rua há
diversas formas de diminuirmos o risco de sermos atropelados e, se ainda
assim isso acontecer, há chances de que possamos continuar as nossas vidas
normalmente depois do incidente. No salto de paraquedas os aspectos são
diferentes. Não há outra forma de sobreviver senão com o paraquedas
funcionando e normalmente só há o principal e o reserva, em caso de ambos
falharem a chance de não sobreviver é enorme.
Atravessar a rua nessa comparação pode ser considerada uma atividade de
baixo risco. O principal risco existente (o de ser atropelado) pode ser evitado
de inúmeras maneiras e mesmo que ele aconteça há boas chances de continuar
vivo. Os demais riscos (raios por exemplo) podem ser praticamente
cancelados, ou são muito raros (explosão atômica).
Já no caso do salto de paraquedas, o risco é alto. O risco principal (falha no
paraquedas) pode ser evitado somente com a abertura do paraquedas reserva,
e se esse falhar (outro risco) não há solução. Pode ser que, estatisticamente, a
chance de ser atropelado seja maior do que a de seus dois paraquedas
falharem, no entanto, um salto mal sucedido terá consequências devastadoras.
40
Por que saltar de paraquedas então? Quem pratica esse esporte certamente
lhe dirá que a emoção e a adrenalina são incomparáveis, ainda mais quando
colocadas ao lado da emoção e da adrenalina ao se atravessar uma rua. Para os
paraquedistas, a satisfação do salto compensa o risco envolvido.
A pessoa que atravessa ruas todos os dias certamente não deseja que essa
atividade corriqueira seja emocionante, e, portanto, deseja que o risco seja
mínimo.
Todos os aspectos considerados nessas duas atividades podem ser
estendidos a diversas atividades humanas, entre elas, os investimentos.
Quando se trata de investimentos, podemos considerar a emoção e a
adrenalina como o rendimento. Em outras palavras, altos rendimentos estarão
diretamente ligados a riscos elevados. É uma troca, assim como no exemplo de
atravessar a rua, o investidor que recebe menos rendimentos espera ter riscos
menores. Bem como o investidor que está disposto a aceitar riscos elevados
espera, em troca, receber altos rendimentos.
Riscos e rendimentos estarão sempre atrelados, do contrário, imagine uma
aplicação que oferecesse rendimento maior e com riscos menores do que
todas as outras. Certamente todo o dinheiro do mundo seria investido ali.
É importante que você analise os riscos de forma objetiva. Não se deixe
levar pela emoção, procure conhecer o que realmente pode dar errado nos
investimentos que irá realizar e quais as chances de isso acontecer. Finalmente,
imagine o que poderá resultar se tudo der errado: Você perderá todo o
dinheiro investido? Perderá somente uma pequena fração? Não perderá
dinheiro mas terá rendimentos abaixo do esperado?
Conhecendo os riscos você saberá como combatê-los e para quais deve dar
maior atenção. Mais à frente discutiremos com detalhes como fazer isso. No
momento, faça um exercício de autoconhecimento imaginando as respostas
para as seguintes perguntas:
Você prefere aplicações de risco alto, mas que podem dar bons rendimentos,
ou prefere baixo risco com rendimento pequeno, porém garantido? Perder
todas as suas economias afetará sua vida? Você é um funcionário com
estabilidade e salário garantido e pode arriscar o que guarda sem medo de
ficar na mão no futuro? Você se sentirá mais tranquilo aplicando uma pequena
parte de seu dinheiro em investimentos de risco alto se a maioria de seu
patrimônio estiver em uma aplicação segura?
Enriqueça seu vocabulário
41
Investidor Agressivo: É aquele investidor que está disposto a arriscar mais,
procurando obter maiores rendimentos.
Investidor Conservador: É o investidor que busca segurança, está disposto a
receber rendimentos menores, porém garantidos e com risco reduzido.
E então, você se considera um investidor agressivo ou conservador? Não se
preocupe se não chegar a nenhuma conclusão por enquanto.
É comum que, inicialmente, você se considere um investidor conservador,
na maioria das vezes porque a falta de conhecimento o faz enxergar
investimentos classificados como de alto risco com aversão.
Naturalmente, à medida que você for se desenvolvendo como investidor e
compreendendo melhor as coisas ganhará confiança em suas análises, fará uso
de novas ferramentas de forma inteligente e estará disposto a aceitar riscos
maiores.
Ao final, você verá que o investidor inteligente é na verdade uma mistura
dos dois e, mesmo quando agressivo, saberá arriscar somente aquilo que pode
perder.
42
CAPÍTULO 9
VALOR INICIAL
O Valor Inicial de um investimento é aquele montante de dinheiro que você
precisa para fazer a primeira aplicação. Em certos ativos o valor necessário
para iniciar no investimento é maior do que o valor mínimo para fazer
movimentações. O Valor Inicial é um conceito simples e parece estranho que
seja preciso falar dele, mas este será um fator importante em suas atividades
financeiras.
Qualquer aplicação financeira tem um valor mínimo a ser investido. Por
exemplo:
Uma ação que seja negociada a R$15,00. No mercado acionário é
necessário comprar no mínimo uma ação, portanto, você terá que
possuir pelo menos R$15,00 para poder investir naquela ação.
Um apartamento que custa R$300.000,00. Você pode negociar com o
vendedor de pagar uma entrada de R$50.000,00 e o restante em
parcelas. Nesse caso será preciso ter esses R$50.000,00 logo de início
para poder fechar o negócio.
Um fundo de investimento cuja aplicação inicial mínima seja de
R$100.000,00, o saldo mínimo de R$5.000,00 e aplicações adicionais
de R$100,00. Para começar a investir nesse fundo será preciso dispor
dos R$100.000,00 iniciais exigidos. Depois, é possível fazer aplicações
adicionais de no mínimo R$100,00, sendo que você sempre terá que
deixar investidos os R$5.000,00 de saldo mínimo.
Há diversos outros exemplos. O importante aqui é perceber que este será
um fator limitante nas suas opções de investimento e que será preciso avaliar
quais são os benefícios oferecidos em troca do valor de investimento inicial
exigido.
Observe a tabela 9-1:
Aplicação Aplicações Saldo Taxa de Rendimento
43
Mínima Adicionais Mínimo Administração 12 meses
A Baixo 50,00 50,00 50,00 1,60% 7,92%
B Baixo 10.000,00 500,00 1.000,00 1,50% 8,07%
C Baixo 30.000,00 500,00 3.000,00 1,00% 8,65%
Tabela 9-1: Opções de fundos de investimento de um banco.
Analise os seguintes aspectos: taxa de administração em relação à aplicação
mínima e aplicação mínima em relação ao rendimento dos últimos 12 meses.
O que você conclui?
Em troca de um valor maior a ser aplicado, este banco lhe oferece taxas de
administração menores (o que impacta no seu rendimento nominal líquido) e
o rendimento tende a melhorar em fundos de aplicação inicial maiores.
Essas observações estão diretamente ligadas à análise do risco que vimos no
capítulo anterior.
Se os fundos A,B e C (Tabela 9-1) investem no mesmo tipo de coisa, eles
possuem risco semelhante. Portanto,fazer uma aplicação inicial maior, por
exemplo no fundo C, você estará comprometendo uma parte maior do seu
patrimônio e expondo-o aos riscos do fundo. Se o seu patrimônio não for
muito grande, a escolha do fundo C poderá ser desvantajosa, pois como verá
adiante, diversificar seus investimentos é uma das melhores formas de se
combater os riscos.
Mas então qual é a vantagem de arriscar uma maior parte do seu
patrimônio, tendo que comprometer mais dinheiro ao aplicar no fundo C, ao
invés de aplicar uma quantia menor no fundo A, sendo que ambos possuem
os mesmos riscos?
A vantagem está na menor taxa de administração e nos rendimentos
maiores que o fundo C consegue obter, o que é possível notar na coluna
“Rendimento 12 meses”.
Encare aplicações financeiras como um produto (Tabela 9-2). O valor
inicial a ser aplicado é o preço que você irá pagar para comprar esse produto:
Produto Preço Características
A 50,00 Bom
44
B 30,00 Bom
C 30,00 Bom
Tabela 9-2: Produtos para compra.
Imagine que você tem em mãos R$60,00 e está escolhendo entre os
produtos da tabela 9-2. Se o produto A custa mais caro que o B e, no seu
ponto de vista, ambos têm as mesmas características, por que você iria
comprar o produto A? Especialmente quando ao invés de comprar apenas um
A, pode comprar dois do produto B, ou ainda um produto B e um produto C,
diversificando suas compras?
Investimentos são como produtos em uma vitrine.
Digamos que você optou pelo produto A. Restaram-lhe R$10,00. Algum
tempo depois você passa de novo na loja e observa uma mudança nos preços
(Tabela 9-3).
Agora você tem disponível o produto D, com características melhores, mas
não possui o dinheiro necessário para comprá-lo. Se anteriormente você
tivesse optado pela compra do produto B, você teria adquirido um produto
semelhante ao produto A e agora teria o suficiente para adquirir o produto D
também. Assim como os preços dos produtos mudam com o tempo, opções
de investimento podem se tornar melhores ou piores, abrindo novas
oportunidades para o investidor.
45
Produto Preço Características
A 50,00 Bom
B 30,00 Bom
C 30,00 Bom
D (promoção) 30,00 Ótimo
Tabela 9-3: Surge um novo produto em promoção.
Um investimento que exija um grande valor inicial e que equivale a uma
grande parte do seu capital disponível, aumentará sua exposição a um risco
conhecido como “custo de oportunidade”.
Enriqueça seu vocabulário
Custo de oportunidade: É o que você deixa de ganhar ao escolher entre
duas coisas.
Sacrificando grande parte do seu capital, caso você venha a encontrar
opções melhores de investimento ou precise de dinheiro para alguma outra
coisa, não poderá fazer nada por não ter dinheiro disponível em mãos.
46
CAPÍTULO 10
LIQUIDEZ
Para compreender o que é liquidez, considere a seguinte situação:
Você tem R$10.000,00 em dinheiro na sua mão e não quer ficar andando
por aí com tudo isso nas mãos. Decide então ir até o banco para guardar seu
dinheiro. Chegando lá, entrega o dinheiro ao caixa e em troca ele lhe dá um
papel escrito: “Este papel vale R$10.000,00 depositados na conta X”. Para
pegar o seu dinheiro de volta basta voltar ao caixa, durante o horário de
funcionamento do banco, portando o papel e ele lhe dará o valor descrito.
“Aqui está seu comprovante, senhor.”
Observe que ao entregar o seu dinheiro no banco, em troca o caixa entrega-
lhe um papel que representa um direito: o direito a retirar R$10.000,00 em
dinheiro, que estão depositados na conta X.
O quão fácil é exercer esse direito? Não parece ser difícil, certo? Basta ir até
o banco quando você quiser e pegar seu dinheiro de volta. Mas e se, por acaso,
o dinheiro for necessário justamente quando o banco estiver fechado? Você
será obrigado a esperar até o próximo dia em que o banco abrir.
Agora, digamos que, devido a uma regra do banco, você só possa retirar o
dinheiro às terças e quintas-feiras. O que fazer se for necessário retirar o
dinheiro na segunda-feira?
47
Nesses momentos em que a retirada dos seus R$10.000,00 não é possível, o
papel que lhe dá esse direito perde seu valor, afinal, o que você precisa é do
dinheiro e não de um comprovante de depósito.
A velocidade e a facilidade com que o seu comprovante de depósito (o
papel que o caixa lhe entregou quando você deixou o dinheiro no banco) ou
qualquer outro ativo financeiro tem de ser trocado por dinheiro é a chamada
liquidez.
Se o banco do nosso exemplo funcionasse 24 horas por dia e você pudesse
retirar o seu dinheiro a qualquer momento, a liquidez do seu comprovante é
grande, afinal é fácil trocá-lo de novo por dinheiro.
Se por acaso o banco só aceitasse retiradas às terças e quintas, a liquidez do
seu comprovante seria menor, pois agora será mais difícil retirar o dinheiro. Se
você precisar ter os R$10.000,00 em mãos na segunda, não conseguirá, e terá
que esperar até terça.
Agora imagine que o seu banco faliu: em alguma manobra financeira
desastrosa, todo o dinheiro dos clientes foi perdido e não há mais como fazer
retiradas. Qual é a liquidez do seu comprovante agora? Não tem liquidez, pois
o banco não efetua mais a troca de comprovantes por dinheiro e
consequentemente seu comprovante de depósito não tem mais valor, passou a
ser só um pedaço de papel sem significado. O direito que ele dava de ser
trocado por R$10.000,00 a quem o possuía já não pode ser exercido.
Lá se vai sua liquidez.
Sabendo o que é liquidez, fica simples visualizar como ela pode influenciar
nos seus investimentos.
Digamos que você foi até o banco, depositou R$10.000,00, em troca o caixa
lhe deu o comprovante de depósito, que dá a quem o possuir o direito de
48
retirar naquele banco R$10.000,00 em dinheiro da conta X.
Suponha que seu banco funcione vinte e quatro horas por dia e a retirada
de valores pode ser feita a qualquer momento. Para retirar o dinheiro não é
necessário que você pessoalmente vá ao banco. Você pode pedir para outra
pessoa fazer isso, basta que ela leve o comprovante, pois ele dá o direito aos
R$10.000,00 a quem o possuir e não a quem fez o depósito.
Certo dia, você vai até a concessionária com um amigo e surpresa! A moto
dos seus sonhos está à venda por R$15.000,00, somente em dinheiro e só há
uma disponível. Vários ao seu redor também estão interessados, quem sacar a
grana do bolso e alcançar o vendedor primeiro levará a moto para casa.
Sua garganta seca ao perceber que só tem R$5.000,00 naquele momento.
Não há como ir ao banco retirar os R$10.000,00 sem perder a oportunidade.
Você propõe ao seu amigo: ele lhe empresta R$10.000,00 e em troca fica com
o comprovante de depósito, bastando que ele vá ao banco e troque pelo
dinheiro. Na prática, você vendeu o seu comprovante de depósito (e o direito
aos R$10.000,00 que ele representa) ao seu amigo.
Ele concorda, afinal, assim que sair dali ele já poderá exercer o direito e
recuperar os R$10.000,00 que te emprestou.
Agora imagine que o seu banco é aquele que só aceita retiradas às terças e
quintas-feiras e vocês estivessem olhando as motos justamente na sexta-feira?
Seu amigo pensaria duas vezes, pois agora ele teria que esperar até a próxima
terça para poder recuperar o dinheiro que te emprestou. Infelizmente, ele
estava querendo usar aquela grana antes disso. Vendo seu desespero, ele te
oferece R$9.800,00 pelo comprovante e o restante ele lhe emprestará com
juros. Sem ter o que fazer, você aceita. Observe: a falta de liquidez do seu
comprovante, aliada à sua necessidade por dinheiro rápido, fez você aceitar
um valor menor pelo seu comprovante, vendendo-o com um deságio em
relação ao seu valor de face.
Em palavras claras, por estar desesperado por dinheiro em mãos, você
aceitou vender seu comprovante por um valor menor do que ele realmente
valia. Era isto ou ficar sem a moto.
Enriqueça seu vocabulário
Ágio: Valor que se paga a mais do que o valor de face.
Deságio: Valor que se paga a menos do que o valor de face.
Valor de face: Valor nominal ou previsto de alguma coisa.
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Talvez você nunca tenha ouvido falar em liquidez até hoje. Isto porque os
investimentosmais comuns, como a poupança, têm liquidez imediata. No
momento em que você desejar o dinheiro, o banco lhe fornecerá. Essa
característica faz com que as pessoas encarem a poupança ou a conta corrente
como uma caixinha onde o banco guarda seu dinheiro e da qual é possível
tirá-lo quando quiserem. Na verdade, o que ocorre é o que exemplificamos, ao
aplicar seu dinheiro na poupança, o banco lhe dá o direito de retirar aquela
quantia quando solicitado, apesar de hoje em dia não existir o “papel” (como
no caso do certificado de depósito). Sua garantia é a palavra do banco e as leis
que regem esse tipo de transação. Se o banco vier a falir ou mudar a política
de retiradas, você poderá ser prejudicado.
Agora, considere a situação em que foi preciso vender o direito ao seu
amigo por um preço abaixo do valor. Quando alguma coisa a ser vendida não
possui compradores, ou o inverso, algo para comprar não possui vendedores,
você está numa situação de baixa liquidez. Neste caso, aqueles que estão
dispostos a fazer negócio podem oferecer valores muito abaixo (ou acima) do
que você desejaria, buscando se aproveitar da sua necessidade e da falta de
concorrência.
Isso ocorre muito na venda de imóveis, onde o vendedor, para vender logo
e conseguir o dinheiro em mãos, se vê obrigado a ir baixando o preço até
encontrar algum comprador ou até se dar por vencido e aceitar uma proposta
abaixo do preço que gostaria.
Essa diferença entre os preços de venda e os preços oferecidos para compra
é chamada spread.
Enriqueça seu vocabulário
Spread: É a diferença de preço entre a melhor oferta de compra e a melhor
oferta de venda de alguma coisa.
Em ativos de baixa liquidez, o spread tende a ser grande, o que o obrigará,
no caso de precisar de dinheiro rápido, a aceitar as propostas disponíveis, e
não a melhor ou a mais justa. Se não houver liquidez alguma (ou seja,
ninguém quer vender ou comprar) você se verá preso com um ativo que não
quer mais possuir e também não consegue vender. É o caso do detentor do
comprovante de depósito de um banco falido, aquele direito que ele possuía já
não tem mais valor.
Diversos fatores podem influenciar a liquidez: poucos compradores, poucos
vendedores, valor muito alto, garantias, qualidade do ativo, etc. Será
50
importante que você avalie a liquidez de seu investimento para analisar com
clareza os riscos envolvidos, evitar ter de pagar o spread e não acabar tendo um
ativo sem liquidez nas mãos.
Com pouca liquidez é difícil sair negócio!
51
CAPÍTULO 11
APLICANDO O CONHECIMENTO
Começamos o livro discutindo sobre o quão bom seria para você estar agora
na praia tomando água de coco enquanto seu dinheiro se multiplica.
Analisando o assunto, vimos que para atingir esse objetivo é preciso primeiro
cumprir duas metas: obter renda e acumular patrimônio.
Para a grande maioria das pessoas, obter renda significa conseguir um
emprego ou abrir um negócio que proporcione algum dinheiro no final do
mês. O primeiro passo seria então: ganhar dinheiro.
Em seguida, observamos que enriquecer significa acumular patrimônio, em
outras palavras, juntar dinheiro. Para cumprir essa meta foi estabelecido o
segundo passo: gastar menos do que ganha.
Quando você conseguir uma fonte de renda e estiver guardando uma parte
dela no fim do mês estará cumprindo as duas metas. E depois?
Uma melhor análise sobre o significado de investir leva a conclusão de que
investir nada mais é que colocar o dinheiro para trabalhar. O grande objetivo
de um investidor é chegar ao ponto em que seus investimentos se tornem sua
fonte de renda e sejam suficientes para lhe proporcionar boa qualidade de vida
com alguma sobra para ser reinvestido.
Para chegar nesse patamar é preciso de dinheiro cuja única função seja ser
investido, ou seja, dinheiro que você não irá precisar utilizar com outra coisa.
Como o futuro é incerto, deve-se ter certeza de que jamais utilizará essa grana.
Para isso, nada é mais eficaz do que ter uma reserva de emergência, aquela
quantia de dinheiro que servirá para situações inesperadas. Surge o terceiro
passo, criar uma reserva de emergência.
Uma vez tendo garantido seu sono tranquilo, você pode começar a pensar
em colocar o seu dinheiro para trabalhar. É hora de pensar em investir, o
quarto passo.
A maioria das pessoas acha que o segredo da riqueza reside no quarto
passo. Basta encontrar o pote de ouro, o investimento que lhe dará mil por
cento de rendimento em poucos dias e pronto, é só fazer as malas e ir
aproveitar a vida.
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Ao aprender sobre o cálculo dos rendimentos, você viu que não é bem
assim. A inflação faz com que você comece o jogo perdendo e mesmo o mais
habilidoso dos investidores tem de se esforçar muito só para conseguir manter
o valor de seu patrimônio. Além disso, altos rendimentos estarão associados a
altos riscos, e não é uma boa ideia para o pequeno investidor, com suas
pequenas economias, colocar-se em risco, podendo perder tudo e voltar à
estaca zero.
Se o segredo não está no quarto passo, em qual passo ele está?
Enriquecer nada mais é do que acumular patrimônio. O raciocínio é lógico:
quanto mais dinheiro você juntar mais rico você será. Esta ideia está presente
no segundo passo: gastar menos do que se ganha. E é aqui que a maioria das
pessoas desiste. A ideia de economizar é rapidamente considerada como
sacrifício e uma consequente diminuição da qualidade de vida.
Uma abordagem radical do assunto certamente exigirá o corte de gastos
com atividades não essenciais para gerar mais economia, no entanto, nada
disso é necessário. Investir e economizar não devem exigir sacrifício ou
esforços desproporcionais. Finalizar o mês com saldo positivo não exige
radicalismo, basta um uso inteligente e eficiente do dinheiro disponível.
Trate bem o seu dinheiro.
Mas se somente o uso eficiente do dinheiro não é o segredo, o que resta?
Restou o primeiro passo: obter renda. Focar no aumento da sua renda pode
ser a única solução para que você consiga enriquecer. Porém, não se esqueça
que a riqueza consiste no acúmulo de patrimônio, portanto não adianta você
ganhar milhões por mês e gastar tudo.
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Inicie sua riqueza e seu patrimônio.
A melhor abordagem para acelerar o seu enriquecimento é o foco no
primeiro e segundo passos. Aumente sua renda e junte mais dinheiro no final
do mês, isso acelerará o crescimento do seu patrimônio como nenhum
investimento será capaz de fazer.
Acelere seu enriquecimento aumentando seu patrimônio.
Para a maioria das pessoas isto significa concentrar-se em sua atividade
principal, seja um emprego ou algum tipo de comércio ou empreendimento, e
fazer um bom uso do dinheiro que ganha para ter o que investir no final do
mês. Observe que aumentar sua renda, aumentará sua qualidade de vida ao
mesmo tempo em que pode aumentar o valor que você economiza ao final do
mês, impulsionando seus investimentos.
Lidar com seus investimentos pode ser uma atividade muito
recompensadora, pois quanto mais você aprende mais pode melhorar seus
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resultados, uma característica estimulante que nem sempre se encontra em
ambientes rotineiros de trabalho ou no dia a dia. No entanto, não se esqueça
que no início nada será melhor para seus investimentos do que aumentar sua
renda e juntar mais dinheiro. Por isso, foque seus esforços em crescer em seu
emprego ou em alguma outra atividade que poderá lhe render mais alguns
trocados no fim do mês.
Trate seus investimentos com paciência e tranquilidade, sem gastar mais do
que o tempo necessário ou preocupar-se em excesso.
Não cometa o erro dos principiantes, perdendo seu tempo, e provavelmente
o seu dinheiro, procurando o investimento que lhe deixará rico. Foque em
aumentar sua renda e turbinar suas economias e concentre suas energias em
procurar investimentos que protejam seu patrimônio.
Proteja seu patrimônio.
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CAPÍTULO 12
MONTANDO SEU PLANO
Você já viu características importantes a serem analisadas quando for escolher
onde investir:
O rendimento, principalmente o rendimento líquido real, que é o que
efetivamente vaiganhar depois de pagar as taxas e os impostos;
O risco, que consiste na análise do que pode dar errado, quais as
chances de dar errado e as consequências que isso lhe trará;
O valor inicial a ser aplicado, que pode comprometer grande parte do
seu capital, deixando você fora de futuras oportunidades ou
aumentando demais o seu risco; e
A liquidez, que é a facilidade com que você pode trocar seus
investimentos por dinheiro.
Primeiramente defina seu objetivo: acumular patrimônio suficiente para
viver de rendimentos? Juntar dinheiro para comprar um imóvel daqui há dois
anos? Acumular uma quantia para pagar a faculdade dos filhos?
Com um objetivo em mente fica mais fácil escolher entre as possibilidades
de investimento. Principalmente porque, dependendo do objetivo, suas opções
serão limitadas.
Por exemplo, se o seu objetivo é acumular um certo valor para usá-lo no
futuro, você ficará restrito a investimentos que garantam uma renda conhecida
e que ao final do período lhe assegurem a possibilidade de retirar o valor
investido somado aos juros. Você verá que, com essas caraterísticas, existem os
investimentos de renda fixa. Restará escolher entre eles qual o mais adequado.
Se o seu objetivo é acumular patrimônio, protegê-lo da inflação e talvez até
obter um bom rendimento, você terá muitas opções. Será preciso analisar
todas frente às quatro características discutidas, sempre focando na mais
importante: o risco.
Para o investidor iniciante, que tem pouco conhecimento e pouco capital, a
principal prioridade deve ser reduzir o risco.
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Lembra-se do exemplo de atravessar a rua que viu quando aprendeu sobre
risco? Quando você era pequeno, até mesmo o ato de atravessar a rua era
considerado perigoso. Em algum momento da sua vida, um adulto mais
experiente foi lá e lhe deu a mão, chamando sua atenção para a cor do sinal e
falando sobre a importância de olhar para os dois lados antes de atravessar.
Deixe-me dar-lhe a mão, caro leitor, chamando-lhe a atenção para o fato de
que, para quem inicia nos investimentos, não existe nada mais eficiente para
reduzir o risco do que a diversificação.
Diversificar significa variar, aplicar pouco capital em diversos investimentos
com características diferentes.
Diversifique para reduzir o seu risco.
É um raciocínio contraditório para a maioria das pessoas. Vai contra o
senso comum de que com pouco dinheiro deve-se focar no rendimento e
concentrar as apostas em um único alvo para conseguir ganhar mais. Não há
ideia mais arriscada. É esse tipo de abordagem que faz milhares de pessoas se
frustrarem e perderem seu dinheiro todos os anos.
A LEBRE E A TARTARUGA
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Os iniciantes querem ser lebres.
Há uma conhecida fábula de Esopo, sobre uma lebre que gabava-se de ser o
animal mais rápido da natureza e foi desafiada para uma corrida por uma
tartaruga. Confiante na vitória, a lebre resolveu tirar uma soneca no meio
caminho. Dormiu demais e foi ultrapassada pela tartaruga, que acabou
vencendo a corrida. A estória trás uma moral de que a constância e a
persistência levam ao êxito.
Influenciadas pelas estórias fantásticas de enriquecimento rápido, as pessoas
iniciam querendo ser lebres. Querem os maiores rendimentos e passam
movimentando seu dinheiro de um lugar para o outro procurando o campeão
da vez. Ao final, a soma das taxas pagas por toda essa movimentação sacrifica
todo o rendimento que esperavam receber e elas continuam onde estavam no
início. Ou pior, um único erro, aquele investimento que dá errado e
desvaloriza 30% em uma semana, e elas se veem fora do jogo e sem dinheiro.
O pequeno investidor iniciante deve ser como a tartaruga. A persistência e
a constância lhe trarão vantagens que ao final tornarão seus investimentos
vencedores.
JUROS COMPOSTOS
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O efeito mais sensacional e eficaz do investimento de longo prazo está nos
juros compostos. Este tipo de juros está presente no dia a dia das pessoas,
porém a maioria só conhece seu lado negativo. Os juros compostos são
utilizados em empréstimos, tornando a dívida cada vez maior, e, por mais que
a pessoa pague suas parcelas, o valor devido continua aumentando.
O investidor inteligente joga com os juros compostos a seu favor, deixando
seu dinheiro aplicado e permitindo que os juros rendam sobre os juros já
ganhos, num ciclo que poderá deixar-lhe rico.
Para que você possa entender melhor, saiba que existem dois tipos de juros,
o simples e o composto.
Os juros simples são aqueles aplicados somente sobre o valor inicial.
Por exemplo: você aplica R$100 com juros de 1% ao mês na modalidade de
juros simples. Passado o primeiro mês você ganhará R$1 de juros. Na sua
conta agora existem R$101 (R$100 aplicados mais R$ 1 de juros). Mais um
mês se passa. Como você recebe juros simples, você receberá novamente R$1
de juros (1% de R$100). Depois de dois meses você terá na conta R$102.
Os juros compostos incidem não só sobre o valor aplicado inicialmente
como também sobre os juros já recebidos.
Se os R$100 forem aplicados na modalidade de juros compostos, também
com juros de 1% a.m, após o primeiro mês, você terá na sua conta R$101
(R$100 aplicados mais R$1 de juros). Após o segundo mês, você receberá 1%
de juros sobre o valor aplicado (R$100) somado aos juros do mês anterior
(R$1), ou seja, receberá 1% de juros sobre R$101, que equivale a R$1,01.
Portanto, ao final do segundo mês você terá R$102,01.
Pode parecer pouco, somente 1 centavo de diferença, no entanto imagine
isso acontecendo pelos próximos 10 anos.
Depois de 10 anos da aplicação rendendo juros simples, haveria na conta
R$220. O mesmo período rendendo juros compostos resultaria em R$330 na
conta.
Observe, com juros simples seu capital rendeu 120%, enquanto que pelos
juros compostos foram 230% de rendimento, 110% a mais.
Deixe os juros compostos fazerem seu trabalho, evite movimentar seu
dinheiro de um investimento para outro.
DIVERSIFIQUE
Você, como pequeno investidor iniciante, deve procurar ter consciência da sua
falta de conhecimento e experiência. Este livro está aqui para ajudá-lo a livrar-
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se de erros logo no início e agir de forma inteligente desde o começo,
aumentando suas chances de sucesso.
Combata seu pouco conhecimento utilizando a diversificação, inicie com
pouco dinheiro em cada aplicação e observe o que acontece. À medida que
você se tornar mais experiente e tiver mais capital poderá arriscar mais e
redistribuir seus investimentos da maneira que lhe parecer melhor.
Diversifique e fique tranquilo!
Por que a diversificação é a forma mais eficiente de reduzir o risco? A
explicação é matemática. Diversificação significa menos dinheiro aplicado em
um único ativo. Consequentemente, uma queda no valor daquele ativo terá
menor impacto no seu patrimônio total. Observe a tabela 12-1:
Pouca diversificação
Investimento Valor Percentagem
A 100,00 100%
TOTAL 100,00 100%
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Tabela 12-1: Investindo sem diversificação.
No caso acima, se o investimento A tiver uma queda de 50%, você perderá
50%, ou metade do seu capital.
Diversificado
Investimento Valor Percentagem
A 25,00 25%
B 25,00 25%
C 25,00 25%
D 25,00 25%
TOTAL 100,00 100%
Tabela 12-2: Investindo com diversificação.
Se você tivesse diversificado como na tabela 12-2, uma queda de 50% no
investimento A, representaria uma perda financeira de R$12,50, ou apenas
12,5% do seu capital total.
Além disso, imagine que os investimentos B, C e D tivessem rendido 20%
cada um. Você teria ganho R$5,00 em cada um, R$15,00 no total. Somando
seus ganhos e suas perdas (R$15,00 menos R$12,50) você ainda teria, ao final,
um ganho de R$2,50.
A grande crítica à diversificação vem da situação inversa. Por exemplo: no
caso de pouca diversificação, um rendimento de 50% no investimento A
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representaria um ganho de R$50,00 no seu capital. Já no caso diversificado,
com esse mesmo rendimento no investimento A você teria ganho apenas
R$12,50.
Não diversificar pode trazer-lhe surpresas desagradáveis.
A resposta a essa crítica vem do que já foi discutido. É impossível acertar
qual éo melhor investimento sempre, mesmo grandes instituições como
bancos, que com equipes de profissionais experientes, erram constantemente.
Além disso, o foco deve ser no risco e não no rendimento. Os grandes bancos
podem perder bilhões. Você não.
Para finalizar, há um outro detalhe sobre focar apenas no rendimento e ficar
pulando de galho em galho em busca das melhores valorizações, que vai
contra a ideia de um dia viver da renda de seus investimentos. Buscar os
melhores rendimentos exigirá um estudo continuado das opções disponíveis e
dedicação exclusiva. Para conseguir pagar suas contas, este tipo de investidor
estará sempre consumindo os juros que ganhou, tendo a obrigação de
continuar se dedicando e acertando, num jogo onde mesmo os grandes podem
perder.
Considere quais são as possibilidades de um investidor pequeno e
inexperiente efetivamente ter sucesso nessa atividade. E ainda que tenha, sua
vida não será nada além dessa busca pelos melhores investimentos. Não se
engane achando que o dia em que tiver a quantidade certa de dinheiro basta
parar e colocar tudo na renda fixa para então descansar. Enquanto este
investidor passou a vida nesta “guerra” com o seu dinheiro, o investidor
inteligente enriqueceu e teve tempo para aproveitar a melhora contínua e
gradual em sua qualidade de vida, acumulando durante o caminho a
experiência e o conhecimento para administrar de forma eficaz seu
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patrimônio, provavelmente tendo aproveitado também para separar um capital
de risco e obtido rendimentos formidáveis.
Não há motivos para achar que o foco no rendimento é a melhor
abordagem de investimento. Preocupe-se sempre em reduzir o seu risco
Diversificando, você pode ter bons resultados.
Enriqueça seu vocabulário
Capital de risco: Quantidade de dinheiro separada para ser aplicada em
investimentos ou operações de alto risco. Uma quantidade que, se for perdida,
não afetará sua vida.
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CAPÍTULO 13
SEGUINDO EM FRENTE
Agora você está pronto para começar. O restante do livro irá lhe apresentar
uma grande quantidade de aplicações financeiras disponíveis ao pequeno
investidor e suas características dentro dos critérios que foram estudados.
Além disso, você verá de forma prática como efetivamente abrir uma conta
em uma corretora, comprar uma ação, movimentar seu dinheiro e esses tipos
de coisas que não ensinam na escola.
Aproveite agora para definir seu objetivo e analisar quais as características
que você quer em seus investimentos. Com as informações que virão, você
será capaz de escolher as melhores opções e aprofundar seus estudos.
Porém, não se esqueça: foque em diminuir o risco e diversifique.
Para o pequeno investidor, rendimentos pequenos e constantes são
melhores do que crescimentos acelerados intercalados por quedas abruptas,
não só por uma questão de disponibilidade de capital, como também por uma
questão psicológica, e só a diversificação poderá te protegê-lo com eficácia dos
seus próprios erros.
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PARTE TRÊS
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CAPÍTULO 14
RENDA FIXA E RENDA VARIÁVEL
Existem basicamente dois tipos de investimentos financeiros: os de renda fixa
e os de renda variável. O próprio nome já diz bastante sobre suas diferenças.
Mas você verá que esta nomenclatura pode enganar.
Aplicações de renda fixa são aquelas onde o rendimento para um
determinado período de tempo é conhecido antes de se fazer a aplicação.
Observe, existem dois fatores:
Rendimento: a taxa de juros que será paga; e
Período de tempo: é o período ao término do qual você receberá o
rendimento combinado.
A maioria das pessoas entende renda fixa como investimentos que só
rendem positivamente, ou seja, só sobem, e cuja taxa de rendimento é fixa.
Observando os fatores que caracterizam a renda fixa você verá que não é bem
assim.
Em primeiro lugar, o rendimento previsto não necessariamente será um
número positivo fixo, muitas vezes o rendimento a ser pago por uma
aplicação de renda fixa é baseado em um índice ou taxa, o qual pode em
algum momento tornar-se negativo.
Em segundo lugar, a taxa combinada só será paga ao término do período.
Pode ser que em algum momento desse intervalo de tempo seu investimento
esteja desvalorizado em relação à sua aplicação inicial.
O fato é que, mesmo sendo renda fixa, seu resultado pode acabar sendo
negativo ou desconhecido. Portanto, conheça bem as regras e características
das aplicações em que pretende colocar seu dinheiro para não ter surpresas
desagradáveis.
Renda variável é aquela em que seu rendimento é desconhecido para
qualquer período. Os valores podem subir, cair ou ficar onde estão, tudo isso
em amplitudes que ninguém sabe.
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Portanto, ao lidar com renda variável não é possível saber qual será o
rendimento de sua aplicação. Por que investir em renda variável então?
Só porque o rendimento de um investimento é desconhecido, não quer
dizer que ele seja ruim. Aplicações classificadas como renda variável, como as
ações, trazem inúmeras outras vantagens e possibilidades a que investimentos
de renda fixa não dão oportunidade.
Você gostaria de se tornar sócio de um empresa que tem bilhões de reais de
lucro e receber a sua parte do bolo? Você gostaria de ser dono de um prédio
inteiro e receber os aluguéis de todos os andares? Ver valorizações que
nenhuma renda fixa poderá lhe proporcionar? Com as aplicações de renda
variável tudo isso será possível, no entanto, você verá que esse tipo de
aplicação é ideal para o longo prazo e exige um bom controle de risco e algum
estudo e dedicação.Não se preocupe, você aprenderá tudo o que precisará
saber.
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CAPÍTULO 15
APLICAÇÕES DE RENDA FIXA
Existem diversos tipos de aplicações financeiras de renda fixa. Para ter acesso
a elas você deve utilizar alguma instituição financeira, normalmente um banco
ou uma corretora de valores.
Na parte quatro, este livro irá ajudá-lo a escolher uma instituição adequada
para suas necessidades e a abrir uma conta naquela em que escolher.
Entre as aplicações de renda fixa mais conhecidas serão discutidas:
poupança, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito
Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificado de
Recebíveis Imobiliários (CRI), Debêntures e Tesouro Direto.
FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO
Um dos principais riscos inerentes aos investimentos é a falência da
instituição financeira onde seu dinheiro está guardado. Por exemplo, se o
banco onde você tem sua Conta Poupança falir, ele não será capaz de lhe
devolver o dinheiro que você tinha investido e você acaba sem ver um
centavo de volta.
Para evitar esse tipo de situação e dar mais confiabilidade ao sistema
financeiro, existem organizações responsáveis por garantir o crédito de certas
aplicações. Em outras palavras, estas organizações garantem que você não irá
perder seu dinheiro mesmo com a falência da instituição onde ele está
investido.
No Brasil existe o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), ao qual
determinadas instituições têm adesão obrigatória por lei, isto é, para existirem
elas obrigatoriamente devem se associar a ele.
Imagine que por algum motivo a economia do país andasse mal das pernas
e alguns bancos e instituições começassem a falir deixando famílias inteiras
com as contas bancárias vazias. A população assustada, temendo perder suas
economias, iniciaria uma retirada em massa de suas aplicações achando mais
seguro guardar dinheiro em baixo do colchão do que nos bancos. Os bancos
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não seriam capazes de atender essa demanda por dinheiro o que resultaria
numa falência do sistema como um todo. O FGC serve para tentar evitar esse
tipo de coisa.
Como Funciona?
Basicamente as instituições financeiras guardam uma parte de tudo o que
recebem no FGC , que é administrado como uma entidade particular sem fins
lucrativos, e esse dinheiro garante o pagamento quando for necessária uma
intervenção.
São garantidos pelo FGC:
depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio;
depósitos de poupança;
depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado;
depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques
destinadas

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