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2 Copyright © 2016-2018 Leandro Ávila Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais os meios empregados como eletrônicos, fotográficos, mecânicos, gravação ou quaisquer outros sem a prévia autorização do autor. O conteúdo desta obra ampara-se no direito fundamental à manifestação do pensamento, previsto nos arts. 5º, IV e 220 da Constituição Federal de 1988. Vale-se do “animus narrandi”, protegido pela lei e pela jurisprudência (conferir AI nº 505.595, STF). Importante: O conteúdo deste livro é apenas educativo e informativo. Não se trata de recomendação, indicação ou aconselhamento de investimento. O conteúdo pode conter erros, pode estar desatualizado ou não ser próprio para a sua realidade pessoal. Qualquer decisão tomada após a leitura desta página é de responsabilidade do leitor. Site Oficial: www.clubedospoupadores.com/reeducacaofinanceira E-mail: contato@clubedospoupadores.com A958l Ávila, Leandro Investidor Consciente / Leandro Ávila. –- Fortaleza, 2016-2018. Biblioteca Nacional - ISBN: 978-85-915672-5-6 1. Educação Financeira 2. Dinheiro 3. Finanças pessoais I. Título. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm http://www.clubedospoupadores.com/reeducacaofinanceira 3 Sugestões Estou sempre trabalhando para melhorar a qualidade do trabalho que ofereço para pessoas especiais, como você, que estão comprometidas com a própria educação. Se você encontrou algum erro de digitação ou tem alguma sugestão para melhorar os textos deste livro, preencha o formulário do link abaixo. Conto com a sua ajuda: http://www.clubedospoupadores.com/sugestoes-livros http://www.clubedospoupadores.com/sugestoes-livros 4 SUMÁRIO .............................................................................................. 4 O MELHOR INVESTIMENTO ................................................................... 8 RENTÁVEIS, LÍQUIDOS E COM BAIXA SEGURANÇA .................................................. 9 RENTÁVEIS, SEGUROS E COM BAIXA LIQUIDEZ .................................................... 10 SEGUROS, LÍQUIDOS E COM BAIXA RENTABILIDADE .............................................. 11 RELAÇÕES ENTRE RISCO, RENTABILIDADE E LIQUIDEZ ............................................ 11 APRENDER SOBRE CADA INVESTIMENTO ............................................................ 12 SEU PERFIL COMO INVESTIDOR ........................................................... 15 CLASSIFICANDO AS PESSOAS ........................................................................... 15 CONSERVADORES, MODERADOS E ARROJADOS .................................................. 16 COMO ELES AVALIAM SEU PERFIL? ................................................................... 18 CARTEIRA DE INVESTIMENTOS ......................................................................... 25 CARTEIRA CONSERVADORA ............................................................................. 26 ULTRACONSERVADORES ................................................................................ 27 AJUDAR A PANEJAR ................................................................................. 28 CARTEIRA AGRESSIVA .................................................................................... 29 CADA UM INVENTA A SUA CARTEIRA: ................................................................ 31 INFINITOS TONS DE CINZA .............................................................................. 32 CONSERVADORES CONSCIENTES OU IGNORANTES? .............................................. 33 CICLOS DA SUA VIDA FINANCEIRA ....................................................... 35 TOMANDO DECISÕES .......................................................................... 46 COMO TOMAR UMA DECISÃO ......................................................................... 48 ETAPAS DE UMA BOA DECISÃO ........................................................................ 50 PROBLEMA OU OPORTUNIDADE ...................................................................... 51 DIAGNÓSTICO:............................................................................................. 52 ALTERNATIVAS ............................................................................................. 54 DECISÃO: ................................................................................................... 56 Sumário 5 FERRAMENTAS: ....................................................................................... 58 NINGUÉM PODE DECIDIR POR VOCÊ ............................................................. 63 OBJETIVOS PRECISAM DE ESTRATÉGIAS .............................................. 65 QUAL SUA JUSTIFICATIVA? ......................................................................... 67 DEFININDO OBJETIVOS FINANCEIROS ................................................. 72 ORÇAMENTO FAMILIAR PARA INVESTIR MAIS .................................... 77 EMPRESTAR DINHEIRO EM TROCA DE JUROS ...................................... 82 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO .................................................................... 87 NOTA DE RISCO DO BRASIL ........................................................................ 90 TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ........................................................... 91 O SIGNIFICADO DE CADA NOTA ................................................................... 95 MELHOR RELAÇÃO ENTRE NOTA E RENTABILIDADE .......................................... 98 GRAU DE INVESTIMENTO E GRAU DE ESPECULAÇÃO ..................................... 103 AS AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO SÃO CONFIÁVEIS? ....................................... 104 COMO CONSULTAR O RATING (NOTAS DE RISCO) .......................................... 105 CONSULTANDO OUTRA AGÊNCIA ............................................................... 109 CURIOSIDADE: RISCO DOS PAÍSES .............................................................. 110 COMO LER AS NOTÍCIAS SOBRE NOTAS DE RISCO ........................................... 114 FAZENDO BUSCAS DE PUBLICAÇÕES: .......................................................... 118 FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITOS .................................................. 121 INVESTIMENTOS GARANTIDOS PELO FGC.................................................... 122 QUANDO O FGC NÃO OFERECE GARANTIAS ................................................ 125 RISCO DE INVESTIMENTOS GARANTIDOS PELO FGC ....................................... 127 INVESTIR POR CORRETORAS ..................................................................... 129 EXTRATOS E COMPROVANTES ................................................................... 133 EMPRESTAR DINHEIRO PARA O GOVERNO ........................................ 137 VANTAGENS DOS TÍTULOS PÚBLICOS .......................................................... 144 RISCO DE INVESTIR EM TÍTULOS PÚBLICOS .................................................. 146 O que acontece se o país quebrar? .............................................. 152 É MELHOR EMPRESTAR PARA BANCOS OU GOVERNOS? .................................. 154 QUANDO A ECONOMIA VAI MAL, A RENDA FIXA VAI BEM ............................... 155 6 O COPOM CONTROLA OS JUROS ....................................................... 157 O TRIPÉ .................................................................................................... 160 CONFIANÇA NA EQUIPE ECONÔMICA .............................................................. 163 O QUE ACONTECE NAS REUNIÕES ................................................................... 164 VIÉS DOS JUROS .........................................................................................167 RELATÓRIO TRIMESTRAL DA INFLAÇÃO ............................................................ 168 POLÍTICA MONETÁRIA ....................................................................... 171 O QUE ACONTECE QUANDO OS JUROS SOBEM .................................................. 173 JUROS SOBEM (↑) PARA A INFLAÇÃO DIMINUIR (↓) ........................................ 175 JUROS SUBINDO(↑) REDUZ (↓) DA BALANÇA COMERCIAL ................................ 176 JUROS SUBINDO (↑) AUMENTA (↑) A DÍVIDA PÚBLICA .................................... 177 JUROS SUBINDO (↑) FORÇA A QUEDA (↓) DO PIB .......................................... 177 POLÍTICA FISCAL ................................................................................ 179 INFLAÇÃO ................................................................................................. 180 DÓLAR ..................................................................................................... 180 DÍVIDA PÚBLICA ......................................................................................... 181 PIB ......................................................................................................... 182 POLÍTICA CAMBIAL ............................................................................ 183 REAL DESVALORIZADO (DÓLAR CARO) = INFLAÇÃO SOBE (↑) ............................. 185 REAL DESVALORIZADO = ALTA DA BALANÇA COMERCIAL (↑) ............................. 186 REAL DESVALORIZADO (DÓLAR CARO) = PIB SOBE (↑) ..................................... 187 TIPOS DE DÓLAR ......................................................................................... 188 A INFLAÇÃO É UM CONFISCO ........................................................................ 191 CONFISCO PELA INFLAÇÃO ............................................................................ 192 CONFISCO PELO FGTS................................................................................. 194 CONFISCO PELA RENTABILIDADE DA POUPANÇA ................................................ 194 CONFISCO PELA DA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA .......................................... 194 A GRANDE ARMADILHA:............................................................................... 196 PREJUÍZO BILIONÁRIO .................................................................................. 197 COMO SE PROTEGER DA INFLAÇÃO ................................................... 199 DINHEIRO PERDE VALOR .............................................................................. 199 COMO PREVER A INFLAÇÃO FUTURA ............................................................... 201 7 INFLAÇÃO: CADA UM TEM A SUA .............................................................. 203 COMO REDUZIR OS EFEITOS DA INFLAÇÃO NA SUA VIDA ................................. 207 HIPERINFLAÇÃO .................................................................................... 213 JUROS REAIS...................................................................................... 214 COMO CALCULAR OS JUROS REAIS ............................................................. 215 JUROS REAIS ESTÃO CAINDO NO BRASIL ...................................................... 216 GRÁFICO DOS JUROS REAIS: ..................................................................... 218 COMO ISSO INTERFERE NOS SEUS INVESTIMENTOS ........................................ 222 TAXA REAL NO MUNDO: .......................................................................... 223 BRASIL É CAMPEÃO MUNDIAL: ................................................................. 226 VOCÊ VAI DEIXAR PARA DEPOIS? ...................................................... 228 COMO VOCÊ FUNCIONA POR DENTRO ........................................................ 232 O PARQUE DAS TREVAS .......................................................................... 239 ANJO DA GUARDA DO PROCRASTINADOR .................................................... 240 QUANDO O MONSTRO FALHA .................................................................. 242 Um bom investimento precisa ser rentável, líquido e seguro. O problema é que ainda não inventaram um investimento que atenda estas três características ao mesmo tempo. Para tornar as coisas mais difíceis, destas três características, você só poderá escolher duas. Para escolher duas, você terá que deixar uma de fora. O critério que você utilizará para decidir qual ficará de fora não depende do investimento, depende de você, depende do seu plano para o dinheiro que pretende investir. Por isso, não é nada bom perguntar para os outros qual é o melhor investimento, pois o melhor investimento para mim pode não ser o melhor para você. Com base na regra que exige a exclusão de uma das três características, podemos dizer que os investimentos se dividem em três grandes grupos: 1) Investimentos que são rentáveis, líquidos e com baixa segurança (maior risco); 2) Investimentos que são rentáveis, seguros e com baixa liquidez; O melhor investimento 9 3) Investimentos que são seguros, líquidos e com baixa rentabilidade. Ainda não inventaram um investimento que garanta o máximo de rentabilidade, o máximo de liquidez e o máximo de segurança contra perdas. Por este motivo, não existe o melhor investimento do mundo. Se existisse, já seria de conhecimento de todas as pessoas, todos os outros investimentos deixariam de existir e todos concentrariam suas economias no investimento perfeito. Vou comentar cada uma das três possibilidades que listei acima. As ações de empresas que você pode comprar na Bolsa de Valores são um bom exemplo de investimento que pode oferecer rentabilidade elevada, se você souber comprar e vender no momento certo, ou se for capaz de selecionar as melhores empresas para investir. A liquidez das ações de grandes empresas costuma ser alta, ou seja, você pode vender suas ações imediatamente sempre que desejar. O problema é a segurança. É preciso contar com possíveis perdas. Nada garante que você terá ganhos investindo em ações. O risco de perdas é elevado, já que os preços das ações mudam a cada segundo, dependendo das leis de oferta e procura. Quando você compra ações, os ganhos não são garantidos. Rentáveis, líquidos e com baixa segurança 10 Os produtos de renda fixa, principalmente os pré-fixados, são rentáveis, seguros, mas com baixa liquidez. Quando você compra um título público pré-fixado como Tesouro Prefixado (LTN) ou Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal), fica sabendo antecipadamente qual será a sua rentabilidade. Normalmente, as taxas oferecidas são elevadas, já que o Brasil paga um dos maiores juros reais do planeta. Ao investir nestes títulos públicos, você tem a segurança de que irá receber os juros prometidos se for capaz de esperar até o vencimento do título. Não existem surpresas. Por ser um título garantido pelo Tesouro Nacional (Governo Federal), o risco de inadimplência é praticamente zero. O problema é que você será obrigado a esperar o vencimento do título para receber exatamente o que foi prometido e isto pode demorar alguns anos ou décadas. Existem títulos com vencimento nos próximos 2 anos e títulos com vencimento em 2050. O mesmo acontece com o CDB prefixado. Você tem uma boa rentabilidade, com segurança de retorno, desde que esteja disposto a perder a liquidez que é a capacidade de transformar seu investimento em dinheiro no momento que desejar. Os CDBs com as melhores taxas costumam ser os que possuem vencimento mais longo ou que exigem um investimento mínimo maior. Rentáveis, seguros e com baixa liquidez 11 Aqui temos a Poupança, títulos como o Tesouro Selic (LFT), CDB pós-fixado e LCI e LCA pós-fixadas. Não é possível ter rentabilidade negativa nestes investimentos pós-fixados. Por este motivo, são investimentos que atraem os investidores maisconservadores. A rentabilidade não é das maiores. No caso da LCI e LCA, quanto maior a liquidez, menor tende a ser a remuneração. Já o título público Tesouro Selic (LFT), por ter maior liquidez e segurança, é o título vendido pelo Tesouro Direto que rende menos. A poupança e CDB pós-fixado são mais líquidos e oferecem baixa rentabilidade. Infelizmente, não existe alta rentabilidade sem riscos já que a rentabilidade é a remuneração pelo risco que corremos. Taxa de juros é uma remuneração pelo risco. Quando você compra um imóvel na planta, os riscos são muito maiores e, por isso, o retorno do investimento é maior se comparado ao imóvel pronto para morar. Quem prefere comprar o imóvel pronto para morar sabe que está pagando mais caro por correr menos risco com relação ao atraso na entrega e outros problemas dos imóveis adquiridos na planta. O mesmo acontece com quem deseja comprar um imóvel para alugar. A melhor forma de fazer isso é comprar um bom terreno Seguros, líquidos e com baixa rentabilidade Relações entre risco, rentabilidade e liquidez 12 para correr os riscos de construir o imóvel que será locado. O retorno do aluguel será muito maior, já que os custos da construção são menores do que o preço do imóvel pronto. A mesma coisa acontece com todos os investimentos. É importante que você perceba que nem sempre o risco é bem remunerado. Nem sempre o investimento em ações será bem remunerado em relação ao risco. Nem sempre abrir um negócio garantirá boa remuneração em relação aos riscos. Nem sempre um imóvel alugado garantirá boa remuneração se comparado ao risco de ter um estranho dentro do seu imóvel. O mesmo vale para os investimentos de menor porte. Normalmente, os bancos pequenos e médios oferecem taxas de juros melhores para investimentos em títulos com CDB, LCI e LCA, mas nem sempre isso acontece. Iremos aprender como fazer este tipo de avaliação mais à frente. O principal objetivo desse livro é permitir que você se torne um investidor consciente. Somente desta forma você poderá tomar as melhores decisões sobre o seu dinheiro sem depender das opiniões dos outros. Você irá descobrir quais são os seus objetivos financeiros; Quais são as características de cada investimento que está a sua disposição no mercado; O que fazer para ter acesso a estes Aprender sobre cada investimento 13 investimentos e como escolher os melhores investimentos com base nos seus objetivos, nas características de cada investimento e no cenário econômico que estamos vivendo. O objetivo é que você tenha autonomia para tomar decisões sem depender dos outros. Você precisa aprender a administrar seu dinheiro da mesma forma que os grandes fundos e gestores de riqueza fazem com o dinheiro dos outros. Não é difícil. Quem entende do assunto faz questão de complicar para afastar as pessoas. O primeiro e mais importante passo é adquirir a consciência de que não existe investimento perfeito, sem riscos, com alta rentabilidade e liquidez. Aceite que isso não existe. Dessa forma, você nunca mais irá perguntar para ninguém onde investir o seu dinheiro. Ninguém pode responder onde você deveria investir a não ser que essa pessoa conheça você profundamente e conheça seus objetivos. O segundo passo é conhecer cada opção de investimento oferecida no mercado. Você será mais livre quando conhecer as características de cada investimento com seus pontos fortes e fracos. Também é importante conhecer o comportamento do investimento diante das variáveis econômicas (juros, inflação, PIB etc). 14 Quase todos os dias recebo mensagens e comentários, no site Clube dos Poupadores, de pessoas que fizeram maus negócios depois que seguiram recomendações de gerentes de bancos, corretores de seguros, vendedores de consórcios, planos de previdência, corretoras de imóveis etc. A recomendação que dou é esta: Não pergunte para o açougueiro se você deveria comer mais carne. Não pergunte para o dono da vinícola se vinho faz bem para sua saúde. Não pergunte para o gerente do banco qual banco oferece os melhores investimentos. Você já sabe a resposta. Você fez a pergunta certa para a pessoa errada. O importante é não ter pressa para aprender. O processo de aprendizagem pode ser lento, mas deve ser constante e acompanhado de um pouco de prática para que se torne sólido. 15 Não existe um investimento melhor que o outro. Existem pessoas diferentes que precisam de investimentos diferentes de acordo com seu perfil de investidor e seus objetivos. Você sabe qual é o seu perfil e quais investimentos se adaptam melhor ao seu perfil? Respondendo um simples questionário é possível saber se você tem um perfil conservador, moderado ou agressivo de investimento. Antes disso, é importante entender como tudo isso funciona de verdade. Tenho algumas críticas sobre a maneira como essa classificação é utilizada pelas instituições financeiras. Quando um investidor conservador faz investimentos de risco elevado e experimenta prejuízo, a insatisfação com a instituição financeira que vendeu o produto é quase certa. No passado, as instituições não se importavam com o perfil do investidor. Na ânsia por atingir metas, pouco importava se o cliente entendia o investimento que estava fazendo e se era capaz de aceitar os riscos de perda. Para evitar insatisfações, e até processos na justiça destes clientes, foi necessário criar uma forma de classificar as pessoas e os investimentos por perfis de exposição ao risco. Hoje, sempre Seu perfil como investidor Classificando as pessoas 16 antes de fazer seu primeiro investimento através de bancos e corretoras, você será obrigado a preencher um formulário que avalia seu perfil. Esse formulário é chamado de “Avaliação de Perfil do Investidor” (API) e deve ser aplicado por determinação da ANBIMA, que é a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. Essa entidade representa as instituições do mercado de capitais brasileiro, possui mais de 340 associados, entre bancos comerciais, bancos múltiplos e bancos de investimento, empresas de gestão de ativos, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e gestores de patrimônio. Eles fazem uma autorregulamentação do mercado. Sempre que você tentar fazer um investimento fora do seu perfil de investidor, o banco ou a corretora poderão tentar entrar em contato para questionar se você sabe o que está fazendo. Eles verificam se o investimento que você pretende fazer é compatível com o resultado da sua Avaliação de Perfil do Investidor (API). É claro que as instituições financeiras não podem te impedir de fazer investimentos fora do seu perfil, mas elas são orientadas a verificar se você sabe os riscos que está assumindo. Ela pode solicitar que você aceite um termo atestando que está ciente dos riscos. Normalmente, eles mostram esse termo no próprio site do banco ou da corretora antes de concluir o investimento. Conservadores, Moderados e Arrojados 17 Os funcionários das instituições onde você tem conta também fazem uso do seu perfil para tomar a decisão de oferecer ou não um determinado investimento para você, pelo menos é isso que deveriam fazer. Se você tem um perfil hoje, pode ser que ele mude no futuro. Para isso, basta investir na sua educação financeira que a transformação é inevitável. Se você acredita que mudou de perfil, pode pedir para preencher o formulário novamente, refazendo sua classificação como investidor. Atualmente, a classificação prevê três tipos básicos de investidores: Investidor Conservador: Busca o máximo de segurança, mesmo que isso signifique menor retorno. Prefere investimentos de renda fixa e de grande liquidez. Investidor Moderado: É o meio termo. Investe em renda fixa e em renda variável, buscando o melhor equilíbrioentre segurança, liquidez e rentabilidade. Investidor Agressivo: Busca a maior rentabilidade possível. Faz gerenciamento de risco e aceita rentabilidades negativas no curto e no médio prazo para ter um potencial de retorno superior ao da renda fixa no longo prazo. Prefere investimentos de renda variável. Para saber mais sobre essas determinações da ANBIMA, visite aqui. http://www.anbima.com.br/data/files/7B/67/76/3F/7C7675106582A275862C16A8/Deliberacao_06_1_.pdf http://www.anbima.com.br/data/files/7B/67/76/3F/7C7675106582A275862C16A8/Deliberacao_06_1_.pdf 18 Os questionários de Análise de Perfil de Investidor atribuem uma quantidade de pontos para cada resposta. Analisei alguns questionários de bancos e corretoras e fiz as seguintes considerações: Idade: Quanto mais velho, mais conservador você deveria ser segundo os questionários dos bancos. Eles entendem que quando você é jovem, pode fazer investimentos de maior risco, sem se preocupar com perdas no curto prazo, esperando uma maior possibilidade de rentabilidades elevadas no longo prazo. O problema é que os jovens não possuem muito dinheiro, não Como eles avaliam seu perfil? 19 possuem experiência e nem muito conhecimento para fazer investimentos de maior risco. Como vivemos no país que paga as maiores taxas de juros reais do mundo, os jovens também devem fazer investimentos conservadores com foco no longo prazo. Na teoria, um senhor de 70 anos não deveria investir em ações com foco no longo prazo (10, 20 ou 30 anos). Isso não significa que um investidor idoso e experiente não possa ter ações ou fundos imobiliários que paguem bons dividendos. Os investidores mais ricos do mundo possuem mais de 70. Nada impede que um idoso aposentado utilize o tempo livre que possui e uma pequena parte do seu patrimônio (sem comprometer o principal) para investir em ações com foco no curto prazo, desde que esteja preparado tecnicamente para isso. Essa questão da idade é bem relativa, como tudo que apresentarei aqui. Grau de Escolaridade: Nos questionários, quem possui menos escolaridade tende a ser classificado como investidor conservador, já alguém com ensino superior ou pós-graduado, tende a ser classificado como investidor agressivo. Eu conheço diversas pessoas que possuem nível superior e que não deveriam fazer investimentos destinados ao perfil mais agressivo. Ter nível superior não significa estar preparado tecnicamente para tomar decisões de investimento de risco mais elevado. Também já vi casos de jovens que só terminaram o ensino médio e que possuem conhecimentos avançados para investir na bolsa de valores. Um adulto que só possui o ensino fundamental não deveria priorizar investimentos financeiros, deveria investir na própria educação para concluir o ensino médio. O adulto que só possui o ensino médio, deveria investir em um curso técnico ou em um 20 curso superior para conseguir elevar a própria renda. É desse investimento na sua capacidade de produzir riquezas através do trabalho, que você irá gerar a renda necessária para poupar e investir durante a vida. Quanto você tem para investir: Quem possui pouco dinheiro, tende a ser mais conservador segundo os questionários. É fundamental ter reservas para emergências em aplicações seguras e com boa liquidez. Os investimentos de renda variável (ações, fundos imobiliários, imóveis para locação) devem ser feitos por aqueles que já possuem uma boa reserva financeira em renda fixa. Quanto mais dinheiro você tem para investir, mais pode assumir uma posição de investidor agressivo. Quanto menos dinheiro você tem, mais conservador deveria ser. Isso também não impede que você faça pequenos investimentos mensais, regulares, por longos anos, adquirindo ações de boas empresas. 21 Seu conhecimento e sua experiência: Se você não tem conhecimento e não tem experiência, deve se manter no perfil conservador. Isso é o que os formulários dizem. Para se tornar mais arrojado ou agressivo, é necessário investir em livros, cursos e novos conhecimentos. O seu risco é proporcional ao seu nível de ignorância. Para um piloto com conhecimento técnico e experiência, pilotar um avião não oferece qualquer risco. Para alguém que só sabe pilotar bicicletas, aviões são extremamente arriscados. Prazo: Quanto mais longo for o prazo que você pode deixar o dinheiro investido, mais agressivo poderá ser o investimento. Quanto menor o prazo, mais conservador ele deveria ser. Como já falei, não existe nada de errado em fazer investimentos de 22 longo prazo utilizando investimentos conservadores de renda fixa, afinal de contas, moramos no Brasil, onde a rentabilidade da renda fixa é elevadíssima. Mesmo na renda fixa, existem riscos maiores em investimentos prefixados e indexados à inflação de longo prazo. Veja no gráfico abaixo o exemplo de um título prefixado do Tesouro Direto. Ao comprar esse título Tesouro Prefixado, você tem a certeza que receberá R$ 1.000,00 na data de vencimento do título. O problema é que, se você resolver vender o título antes do vencimento, o preço de mercado do mesmo pode sofrer muitas variações (acima ou abaixo do esperado). Veja como isso funciona. Investir em renda fixa também pode ser arriscado se você não entender o que está fazendo. 23 Na bolsa de valores, a questão é semelhante. O gráfico abaixo mostra o índice que mede o desempenho da bolsa brasileira desde 1963 (fonte). É fácil observar que existe uma tendência de alta no longuíssimo prazo (várias décadas) e ciclos de altas e de baixas que podem durar vários anos. Por isso, dizem que o risco de perdas na bolsa no longo prazo é menor do que o risco de perdas no curto prazo. http://www.enfoque.com.br/poster/ibovespa/view_ibovespa_enfoque.aspx 24 O que pretende fazer com o dinheiro: Se você pretende comprar um imóvel nos próximos 5 anos, não deveria fazer investimentos agressivos de renda variável. Já se o seu objetivo é uma aposentadoria tranquila nos próximos 10, 20 ou 30 anos, não existe nada de errado em destinar uma parte do valor investido em renda variável como ações e fundos imobiliários, mesmo sendo um investidor conservador. Você só não pode investir sem entender o que está fazendo. Aceitar perdas: Existem pessoas que perdem o sono quando os preços das ações estão em queda. Isso, provavelmente, é um sinal de que você investiu um valor superior ao aceitável para o seu perfil. O investidor conservador tende a comprar ações quando os preços estão altos e vender quando os preços estão baixos. O investidor mais agressivo tende a avaliar se a empresa em que investiu 25 continua tendo bons fundamentos. Se ele avaliar e considerar que no médio ou longo prazo os preços irão se recuperar, ele tende a comprar ainda mais ações, aproveitando a queda dos preços. Sua reação diante da perda depende do seu nível de conhecimento e experiência. Nível de informação: Se você não acompanha a economia e o mercado, deveria preferir os investimentos mais conservadores, principalmente os de renda fixa pós-fixada. Eles acompanham a taxa básica de juros da economia. Para investir em renda variável, é importante que você faça um acompanhamento mínimo da situação econômica e da empresa que investiu ou pretende investir. Nunca compre ações seguindo recomendações de analista sem ser capaz de avaliar essas recomendações. Quanto mais bem informado, melhores serão suas decisões, menores serão seus riscos. Cada instituição financeira (bancos, corretoras etc) tende a recomendar uma carteira de investimentos diferente para seus clientes. Alguns adotam mais classificações de perfil do que as três tradicionais: conservador, moderado e agressivo. A corretora XP também adota o perfil "moderado-agressivo", que seria o meio termo entre um investidor moderado e agressivo. Vou comentaras sugestões de carteira da corretora XP. Depois vou mostrar a sugestão de bancos para que você verifique as diferenças. Vale lembrar que eu não estou recomendando esse tipo de carteira, apenas preciso de um exemplo para comentar e ensinar como elas funcionam. Depois, você verá que não existe uma regra rígida para compor sua própria carteira. Carteira de Investimentos 26 O gráfico acima mostra como a corretora que estamos usando no exemplo recomenda que seus investidores com perfil conservador distribuam seu dinheiro entre diversos tipos de investimento. A leitura do gráfico acima fica assim: vamos imaginar que você tem R$ 100 mil na caderneta de poupança e que pretende criar sua carteira de investimentos com base na distribuição do gráfico acima. Eles recomendam que você invista 45% (ou R$ 45 mil) em renda fixa. Podemos chamar de renda fixa o CDB e LC pós-fixado e LCI e LCA, Títulos Públicos e Debêntures. Carteira conservadora 27 Eles recomendam 30% (R$ 30 mil) em Fundos de Renda Fixa. Isso seria a reserva de emergência, já que fundos de renda fixa e fundos DI oferecem liquidez diária e imediata (você pode sacar seu dinheiro todos os dias). Quando as taxas de juros estão elevadas, os fundos de renda fixa superam a Caderneta de Poupança, mesmo com a cobrança de taxa administrativa e imposto de renda sobre os rendimentos. Eles recomendam 10% (R$ 10 mil) para investimento em fundos multimercado, que são justamente aqueles que investem parte do dinheiro dos investidores em renda variável. É um investimento com risco de perdas no curto prazo (rentabilidade negativa) e possibilidade de ganhos no longo prazo (não é garantido, é apenas uma possibilidade). O mesmo vale para a recomendação de investir outros 10% (R$ 10 mil) em ações. Por último, eles sugerem 5% (R$ 5 mil) investido em Previdência Privada. Escolher um bom plano de previdência privada não é tarefa fácil, praticamente todos os planos de previdência oferecidos pelos grandes bancos são muito ruins, pois as taxas são muito elevadas e a rentabilidade muito baixa. Recomendo muito cuidado ao seguir qualquer recomendação que envolva previdência privada. Grande parte dos investidores brasileiros deveriam ser classificados como ultraconservadores. São aqueles que deixam grandes quantias paradas na conta corrente ou na poupança. A falta de conhecimento e o medo de investir costumam ser tão grandes que estas pessoas preferem perder da inflação do que aprender a investir em outras modalidades da renda fixa. Ultraconservadores 28 Acredito que o mínimo que todos deveriam fazer é aprender a investir nas diversas modalidades de renda fixa que superam a poupança e que são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito. Vamos falar sobre o FGC mais na frente. Também é muito importante aprender a investir em títulos públicos. Nem todo mundo tem recursos suficientes para investir em fundos de investimento com taxas baixas e rentabilidade maior. Nem todo mundo tem dinheiro para investir em LCI, LCA e CDBs, que oferecem taxas maiores e por este motivo exigem um valor mínimo elevado.. Acima, temos a carteira sugerida pela corretora para o investidor classificado como moderado. Observe que o mesmo percentual destinado para a renda fixa é destinado para o investimento em ações. Aqui você pode ver a sugestão de investimento em fundos imobiliários. ajudar a panejar 29 Você vai perceber que as corretoras tendem a recomendar mais ações e os bancos tendem a recomendar mais fundos de ações e fundos multimercado. As instituições tendem a recomendar os investimentos que geram maiores lucros para elas. Corretoras lucram sempre que você compra ou vende ações. Os bancos lucram sempre que você investe em seus fundos. Na carteira para o investidor Moderado-Agressivo, eles recomendam alocar 65% do seu patrimônio em renda variável (ações, fundos imobiliários e fundos multimercado). Carteira agressiva 30 Por fim, o investidor agressivo, segundo a sugestão da corretora que adotamos como exemplo, deveria investir somente 10% do patrimônio que possui em renda fixa. É fundamental perceber que ser um investidor agressivo é para quem pode e não para quem quer. A pessoa precisa estar preparada, precisa ter experiência, precisa ter passado pela fase do conservadorismo, precisa ter adquirido conhecimento técnico, precisa gostar de investimentos e precisa ter tempo livre para continuar estudando e acompanhando o mercado. Se o questionário indicar que você tem perfil agressivo, isso não significa que você já está preparado para ser um investidor agressivo. Apenas significa que você respondeu o questionário de uma forma que te fez ser classificado como agressivo. Para fazer meus investimentos de renda variável eu assino uma ferramenta profissional que me fornece os dados que necessito para avaliar boas empresas (veja aqui) e fiz um curso para aprender como analisar os fundamentos das empresas (veja aqui). Mesmo assim, meus investimentos em renda variável não são agressivos e representam uma parte pequena do meu patrimônio Para ser um investidor agressivo, será necessária uma rotina de estudos regular e um monitoramento permanente dos seus investimentos de maior risco. Isso exigirá boas ferramentas, tempo e investimento em conhecimento. https://go.hotmart.com/A2368976L?src=IQRM https://go.hotmart.com/A2722249L?src=IQRMAR 31 Encontrei no site do Banco Santander a seguinte carteira: É fácil observar que existem diferenças entre o que eles recomendam e o que uma corretora recomenda. Se você visitar a página sobre investimentos de diversos bancos, verá que existem muitas diferenças. Cada instituição inventa sua própria carteira. Na próxima página você verá como é a carteira sugerida pelo Banco Citibank. Observe que eles utilizam uma forma diferente de apresentar os perfis. Cada um inventa a sua carteira: 32 Outra coisa interessante de observar nessa representação do Citibank é que existe um degradê entre conservadores e agressivos. Eles colocaram apenas 5 tons de cinza. Na vida real, existem infinitos tons de cinza entre o conservador mais extremo e o agressivo mais extremo. O seu perfil se encontra em algum ponto entre os dois extremos. Classificar todos os investidores em apenas 3 categorias é muito limitado, muito simplista e só funciona na teoria. Na prática, cada pessoa tem um perfil único e difícil de avaliar. Infinitos tons de cinza 33 Para complicar, o seu perfil não é constante. Você pode acordar mais conservador ou mais agressivo. Eventos na sua vida (como o casamento e a chegada de um filho) podem mudar o seu perfil. Mudanças nas expectativas sobre o futuro da economia também podem fazer você mudar de perfil temporariamente. Existe aquele investidor conservador por consciência e existe o conservador por ignorância. O conservador consciente sabe o que está fazendo, conhece os produtos financeiros, sabe que está abrindo mão de uma rentabilidade possivelmente maior, mas que não é uma certeza, por uma rentabilidade menor e mais previsível. O problema está no conservador por ignorância. Se não fosse esse perfil, os gerentes dos grandes bancos teriam dificuldades para bater as metas impostas pelas instituições onde trabalham. Não seria fácil vender tantos títulos de capitalização, fundos de investimento com taxas administrativas elevadas e planos de previdência privada de baixa rentabilidade. Se não fosse esse conservador por ignorância, não existiriam centenas de bilhões investidos na poupança, perdendo para a inflação. Não existe nada de errado em ser um investidor conservador, principalmente com as taxas de juros praticadas no Brasil. O importante é que você combata sua ignorância financeira para que se torne um investidor conservador consciente ou um investidormoderado ou agressivo consciente. Conservadores conscientes ou ignorantes? 34 A ignorância financeira é o maior risco de todos. Tudo, em qualquer área da sua vida é possível, desde que você adquira o conhecimento, desenvolva sua experiência e aprenda a controlar riscos e medos. Assista este vídeo para sentir o que podemos fazer na vida quando dominamos esses fundamentos. https://www.youtube.com/embed/WRqnTODwvEA 35 Você sabe em qual parte do seu ciclo de vida financeira você se encontra? Sabe quanto precisa poupar durante a fase produtiva da sua vida para conseguir uma boa aposentadoria quando não for mais possível trabalhar? Você não deve desrespeitar as três regras abaixo em nenhuma das fases que iremos estudar a seguir. 1. Você não pode gastar tudo que ganha; 2. Você não pode gastar mais do que ganha; 3. Você não pode gastar antes de ganhar. Se você não seguir esses princípios durante sua vida, será obrigado(a) a sabotar o seu próprio futuro. Não conseguirá as reservas necessárias para melhorar sua qualidade de vida futura. Não conseguirá evitar transtornos financeiros diante dos imprevistos. Não conseguirá se manter, sem depender dos outros, após sua aposentadoria. Terá que comprometer seu futuro financeiro fazendo dívidas. Ciclos da sua vida financeira 36 O economista italiano Franco Modigliani (prêmio Nobel de economia de 1985) realizou vários trabalhos sobre o ciclo de vida e criou um gráfico simplificado como este: https://pt.wikipedia.org/wiki/Franco_Modigliani 37 O gráfico do autor supõe que as pessoas possuem 40 anos de vida produtiva. No gráfico, a pessoa teria uma renda constante durante os 40 anos. Seu consumo deveria ser 20% menor que a renda durante toda a vida. Isso permitiria acumular um patrimônio suficiente para manter o mesmo padrão de consumo por mais 15 anos depois da aposentadoria. Fiz um gráfico que retrata o que seria uma situação ideal de quem poupa uma parte do que ganha com o objetivo de atingir a independência financeira antes dos 65 anos. A linha azul representa o aumento da renda gerada pelo trabalho com o passar do tempo. Teoricamente, todos deveriam buscar aumento de renda no decorrer da carreira profissional. Alguns profissionais possuem a carreira engessada. Passam décadas fazendo o mesmo trabalho, recebendo o mesmo salário, sem crescimento profissional e financeiro. Vamos supor que este profissional fez investimentos mensais de uma parte da sua renda. Investiu em renda fixa, renda variável, imóveis e outras fontes. Quanto maior o patrimônio acumulado, maior tende a ser a renda passiva gerada por juros, dividendos, lucros e aluguéis dos investimentos. Em algum momento, essa renda dos investimentos ultrapassará a renda do trabalho. Neste ponto, a pessoa atingiria a independência financeira. 38 No gráfico, é possível observar que o ideal seria atingir sua independência financeira antes da sua aposentadoria, ou seja, antes do fim do ciclo onde sua principal renda é gerada através do trabalho. Pesquisas mostram que 57% dos brasileiros não fazem nenhuma economia pensando na aposentadoria (leia aqui). A renda do trabalho destas pessoas irá zerar depois da aposentadoria (caso a pessoa pare de trabalhar) e será substituída pela renda do benefício do INSS (caso a pessoa tenha contribuído) que ficará entre o salário mínimo e o benefício máximo que hoje é pouco mais de R$ 5 mil. http://www.valor.com.br/financas/3996104/mais-da-metade-dos-brasileiros-nao-poupa-para-aposentadoria-diz-spc 39 Podemos dividir a vida das pessoas em duas grandes fases , veja o gráfico acima. Na primeira, acumulamos patrimônio, ou seja, enriquecemos. Na segunda, consumimos a renda gerada pelo patrimônio que acumulamos ou consumimos o próprio patrimônio acumulado. Na primeira fase, somos jovens, temos tempo, força de trabalho e nossa renda cresce na mesma medida que ganhamos novos conhecimentos, mais experiência e juízo. Após a aposentadoria, provavelmente ainda teremos que trabalhar, mas iremos desacelerar. A renda do trabalho poderá diminuir ou até zerar se a renda dos nossos investimentos for suficiente para garantir essa liberdade financeira. 40 No gráfico abaixo, podemos ver a fase do trabalho intenso e acumulação de capital para a construção de patrimônio. Esse crescimento pode ser acelerado pelo efeito dos juros compostos nos investimentos. Depois, temos a aposentadoria e o desfrute do nosso patrimônio. Entre o primeiro e o décimo ano na fase de acumulação de patrimônio você deve buscar conhecimentos sobre como ganhar mais, valorizando sua hora trabalhada, e como poupar mais. Nenhum investimento nessa fase inicial será mais importante do que aquele capaz de ampliar sua capacidade de gerar mais renda através do trabalho. Se você ganha pouco, procure meios de ganhar mais. Invista na sua profissão. É importante que você adquira consciência financeira nessa fase para não desperdiçar dinheiro e poupar o máximo possível. 41 No início, quando você tem pouco dinheiro para investir, as oportunidades de investimento oferecidas pelo mercado financeiro são limitadas. Aprender mais sobre como investir em títulos públicos seria um bom começo. Acompanhe no gráfico: Na segunda década, ainda na fase de acumulação, você terá mais recursos e deverá buscar mais conhecimento sobre como obter taxas de juros melhores. É nessa fase que você poderá expor uma parte do seu patrimônio em investimentos de maior risco, de longo prazo e que ofereçam rentabilidades maiores (ações de boas empresas, fundos imobiliários, imóveis etc). Quanto mais cedo você conseguir se tornar financeiramente independente, maior será o tempo que você terá para desfrutar da liberdade de escolha que isso proporciona. 42 Com mais independência, você pode optar por um trabalho menos estressante, pode desacelerar, pode dedicar mais tempo para coisas que considera mais importante que o trabalho, pode iniciar um negócio, pode até mudar de profissão na busca de uma experiência mais gratificante com o trabalho. Assista um exemplo de alguém que teve a oportunidade de desacelerar e pensar na qualidade de vida depois de 30 anos trabalhando dentro de um escritório. A grande riqueza da independência financeira não é ter mais dinheiro para gastar, é ter mais liberdade de escolha. No gráfico abaixo, podemos observar que antes da aposentadoria, no final da fase de acumulação de patrimônio, você deve começar a se preocupar com a manutenção das riquezas que conseguiu construir durante a juventude. Isso significa reduzir seus investimentos de maior risco e concentrar em investimentos mais conservadores. É nessa fase que o seu custo de vida está mais elevado devido a formação de família (casamento, filhos etc). Você terá mais responsabilidades, custos mais elevados e não poderá poupar como poupava antes. https://www.youtube-nocookie.com/embed/9cLGfnyx3DY 43 Seu custo de vida tende a cair quando seus filhos terminarem os estudos e começarem a trabalhar. Tome cuidado para não cair na armadilha de sustentar filhos adultos por muito tempo. Além de prejudicar seu ciclo de vida financeira, você também estará prejudicando o ciclo dele. Depois da aposentadoria, a sua renda tenderá a cair. Quando a pessoa para de trabalhar, a renda originada do trabalho acaba. Quando ela continua trabalhando na terceira idade, ela tende a buscar trabalhos mais gratificantes, mesmo que represente uma remuneração menor. Algumas pessoas gostam da ideia de deixar heranças para os filhos. Outras, programam a vida de tal forma que possam aproveitar o máximo do que acumularam. Como não sabemos o 44 dia da nossa morte, é desejável terminar a vida com algum patrimônio. Pessoalmente, sou contra a ideiado idoso passar por privações com o objetivo de deixar o máximo de herança para os filhos. É responsabilidade de cada filho construir seu próprio ciclo de vida financeira, a não ser que estes filhos tenham alguma deficiência. É importante aproveitar o máximo do patrimônio que você acumulou enquanto existir lucidez. Quando a lucidez começa a falhar, é comum os filhos tentarem obter controle sobre o patrimônio dos pais por meio de ações de interdição judicial. Com isso, a pessoa deixa de ter poder de decisão sobre o próprio patrimônio e outras questões da vida. Não tenho meios de saber qual é o seu ciclo de vida, mas sei que tenho leitores que estão passando pelas mais diversas etapas. Cada pessoa tem o seu próprio ciclo, sua própria vida, valores etc. Os gráficos que mostrei são apenas exemplos. Cada um segue uma vida diferente do outro. Por isso, o objetivo é motivar você a refletir sobre o seu ciclo. Isso também mostra que somente você pode tomar decisões sobre seus investimentos, já que cada pessoa tem uma história e um projeto de vida único. Nunca pergunte o que você deve fazer com o seu dinheiro para outra pessoa. Ela não sabe em qual fase da vida você está, não conhece seu passado, seu presente, seus planos para o futuro e seus valores. 45 É interessante que você tente desenhar o seu ciclo, tente se localizar dentro de uma jornada que tem início, meio e fim. Ninguém gosta de pensar no fim, mas, se você parar para pensar, o fim é a nossa única certeza. Tudo começa traçando objetivos para sua vida. Todos nós temos alguma ideia de missão a ser cumprida. Se você não tem, deveria ter. Sua felicidade depende disso, o resto é distração e fuga. 46 Muitas pessoas me escrevem diariamente querendo ajuda para tomar decisões sobre o que deveriam fazer com o dinheiro que possuem. Estas pessoas estão fazendo a pergunta errada. Eu não posso tomar decisões por elas, apenas posso orientar sobre o que deveriam aprender ou o que deveriam estudar para que possam tomar decisões sem depender dos outros. Este é o papel de um educador. Existem métodos para tomar decisões da forma correta. Você deveria ter aprendido alguma coisa sobre processo decisório na escola ou na universidade. Afinal de contas, na nossa vida pessoal e profissional, estamos sempre tomando decisões. Infelizmente, a escola nos obriga a decorar muitas coisas e esquece de nos preparar para a vida lá fora. Com isso, a maioria das pessoas tomam decisões movidas pelas emoções ou sem nenhum critério lógico. Isso induz a levar uma vida inteira tomando decisões erradas. Neste contexto, fica fácil colocar a culpa no destino, na falta de sorte ou em fatores externos. Muitas vezes existe alguém tirando vantagem das decisões erradas que você toma. Costuma ser a mesma pessoa que te influenciou, de forma direta ou indireta, a tomar uma decisão errada. Tomando decisões 47 Situações assim acontecem por todas as partes. Quando você vai comprar um imóvel, quando você vai escolher um presidente da república ou quando vai decidir o que vai almoçar ou jantar. No mundo do dinheiro, perguntar para os outros o que você deveria fazer com o seu dinheiro é um erro gravíssimo. Quando você transfere para outra pessoa a responsabilidade por uma decisão, está correndo sérios riscos. 48 Tomar uma decisão significa fazer uma escolha entre duas ou mais alternativas e depois se responsabilizar pelas consequências. Quando você precisa tomar uma decisão, significa que está diante de um problema ou de uma oportunidade. Problemas precisam ser resolvidos e oportunidades precisam ser aproveitadas. Temos uma enorme tendência a tomar decisões sem pensar, como se nossa mente preferisse funcionar no piloto automático. Não é culpa nossa. Nossa cabeça vem de fábrica programada para trabalhar desta forma. Com base nas nossas experiências passadas, com base nas histórias que ouvimos, nas opiniões de amigos, parentes e até de estranhos, tendemos a tomar decisões sem pensar. Estamos sempre procurando um atalho. Também queremos evitar a dor do arrependimento. Por este motivo, tentamos compartilhar a responsabilidade pela decisão com outras pessoas; assim, podemos culpar estas pessoas quando as coisas derem errado. Outro problema de toda decisão é que para cada "sim" precisamos de vários "nãos". Se existem 10 alternativas para solucionar um problema, ao escolher uma destas alternativas, você obrigatoriamente estará negando as outras 9 possibilidades. Como tomar uma decisão 49 Quando você escolhe uma mulher ou um homem para casar, significa que está dizendo "sim" para uma pessoa e "não" para o resto do mundo. Provavelmente, você nunca saberá o que teria acontecido se a sua escolha tivesse sido outra. Isso representa um enorme peso na consciência de quem decide. Também vale para as decisões relacionadas aos investimentos e ao seu dinheiro. O importante é aceitar que a vida nada mais é do que uma sequência de escolhas. A vida que você leva hoje é a consequência de escolhas passadas e a vida que você levará amanhã será a consequência das decisões que você irá tomar hoje. As piores decisões da vida são aquelas que não são tomadas quando deveriam. Também é muito ruim quando você toma uma decisão que não concorda, por ser obrigado a fazer isto. Dizem que o pior sofrimento vem do arrependimento, principalmente quando percebemos que deixamos de tomar decisões que poderiam ter mudado a nossa vida para melhor. 50 Etapas de uma boa decisão 51 As pessoas só costumam sair da zona de conforto quando estão diante de um sofrimento, frustração, irritação ou incômodo. Mesmo assim, não são todas. Muitas conseguem se adaptar. O ser humano é especialista em se adaptar diante de situações ruins. Também existem aquelas pessoas que saem da zona de conforto quando estão diante de uma oportunidade. Infelizmente, é a minoria. São pessoas com perfil proativo, que fazem as coisas acontecerem arquitetando o próprio futuro. Os problemas são fáceis de perceber, sentimos eles na pele. Já as oportunidades são difíceis de perceber, exigem olhos treinados e experientes. Olhos que não estão preparados não conseguem enxergar oportunidades, mesmo que estejam a um palmo de distância. Se já faz muito tempo que você não precisa tomar decisões importantes na sua vida, pode significar acomodamento. Também pode significar que você está cego diante de novas oportunidades. Você pode estar parado no tempo sem perceber. A busca continuada faz parte da nossa natureza, a felicidade humana depende de conquistas contínuas, precisamos evoluir moralmente, intelectualmente, financeiramente, cientificamente, espiritualmente etc. A vida é a busca. Quando a busca para, a vida para. Problema ou Oportunidade 52 Não tome decisões permanentes sobre emoções passageiras. Exemplo de problemas: • Minhas despesas são maiores do que a minha renda. Vivo endividado; • No meu atual emprego, ganho muito pouco; • Não consigo economizar. Não sobra nada no final do mês; • Não consigo rentabilizar meus investimentos. Estou perdendo dinheiro; • Só sei investir na poupança. Estou perdendo da inflação; • Não sei investir. Tenho medo de arriscar em outras modalidades de investimento; • Só sei investir em renda fixa. Perco dinheiro por não saber nada sobre renda variável; • Não tenho tempo para cuidar do meu dinheiro. Perco dinheiro seguindo a opinião dos outros; • Gostaria de empreender, mas não sei por onde começar. Depois de perceber a existência de problemas ou oportunidades, é necessário entender o que está Diagnóstico: 53 acontecendo. Na fase de diagnóstico, você vai buscar informações para ter uma visão clara da realidade. Precisamos saber onde estamos para que possamos traçaronde queremos chegar. Precisamos identificar as causas da situação que vivemos e quais são suas consequências no presente e no futuro. Também é necessário determinar prioridades, somente assim podemos encontrar as alternativas. Exemplos de diagnósticos: Problema: Por que minhas despesas são maiores que minhas receitas? Diagnósticos possíveis: 1. Não tenho um planejamento ou um orçamento familiar para seguir; 2. Não anoto minhas despesas e, por isso, não sei para onde vai meu dinheiro; 3. Não controlo os pagamentos, por isso sempre atraso e pago juros e multas; 4. Não controlo meus impulsos, compro sem pensar quando estou feliz ou quando estou triste; 5. Tento levar uma vida mais cara do que o meu salário é capaz de pagar; 6. Tenho muitas dívidas e a maior parte do que ganho é para pagar juros e prestações; 7. Não faço absolutamente nada para ser promovido ou para conquistar um emprego com salário maior; 8. Não invisto na minha carreira profissional; 9. Não sei nada sobre matemática financeira, não sei fazer contas de juros e, assim, tomo decisões erradas; 54 10. Não sei nada sobre educação financeira e investimentos; 11. Dou mais importância para o presente e pouco me importo com o futuro. Nesta fase, você precisa buscar alternativas para solucionar o problema ou para conseguir aproveitar a oportunidade. Você deve relacionar todos os pontos fortes e fracos, vantagens e desvantagens de cada alternativa. Todos os problemas relacionados com a falta de educação financeira se resolvem investindo tempo na sua própria educação financeira. Normalmente, as pessoas que enfrentam problemas na área financeira se dividem em quatro grandes grupos: 1. Endividadas: Gastam mais do que ganham. Colecionam dívidas; 2. Paradas: Gastam tudo que ganham. Não poupam nada; 3. Poupando: Gastam menos do que ganham. Deixam dinheiro na conta corrente, no bolso ou rendendo pouco na poupança; 4. Investindo errado: Perdem dinheiro por não saberem investir ou por tomarem decisões erradas de investimento. Identifique em qual nível você se encontra e busque meios de aprender mais. A solução dos problemas e a abertura de um universo de oportunidades dependem da sua educação. Alternativas 55 Depois que você estiver bem informado, é necessário agir e ter suas próprias experiências. Muitos param na teoria e não percebem que precisam experimentar, colocar em prática, aos poucos, para que possam ganhar experiência. Intuição é a experiência em ação. Sem experiências, suas grandes decisões serão tomadas com insegurança e medo. Tudo depende do que você precisa saber ou o que você precisa fazer para ter sucesso. Podemos escolher o que plantar mas somos obrigados a colher o que semeamos 56 Nesta etapa, você vai comparar todos os pontos fortes e fracos de cada alternativa. Lembre-se que toda decisão possui consequências positivas e negativas. As pessoas fazem escolhas diferentes, pois cada pessoa atribui pesos diferentes para cada característica daquilo que avalia. Cuidado com aqueles que trabalham para influenciar suas decisões. Nem sempre eles estão pensando nos seus resultados. Existem três ambientes onde precisamos tomar decisões: Ambiente de Certeza: Situação onde temos acesso a todas as informações e conhecimentos necessários para tomar a melhor decisão entre as alternativas que estamos avaliando. Exemplo: Existe uma certeza de que o investimento em educação, seja na área financeira ou em qualquer área, melhora a qualidade de vida das pessoas. Todo tempo ou dinheiro que você investir no seu desenvolvimento pessoal sempre trará bons frutos e projetará um futuro melhor. Ambiente de Risco: Situação onde não é possível prever as consequências associadas a cada alternativa, mas existem informações para que possamos considerar as probabilidades, ou seja, a maior ou menor chance de as coisas acontecerem conforme previsto. Exemplo: Quando a economia passa por um ciclo de alta nas taxas de juros, existe uma probabilidade maior de ganhos na renda fixa e de perdas na renda variável. Decisão: 57 Ambiente de Incertezas: Situação na qual a informação sobre as alternativas e suas consequências é incompleta ou imprecisa. As decisões neste ambiente são praticamente chutes, apostas ou especulações. Exemplo: Comprar um imóvel financiado para pagar em 35 anos movido pela fé de que nas próximas três décadas a situação econômica e política do país sejam favoráveis e que você terá uma situação financeira estável até a quitação total da dívida. Tomar decisões é difícil, pois existem muitas limitações: 1. Não podemos prever o futuro. O futuro é composto por infinitas possibilidades; 2. Na maioria das vezes, não temos experiência ou conhecimento para avaliar riscos e prever as consequências das nossas decisões; 3. Em muitos casos, é difícil ou até impossível reverter uma decisão errada; 4. Emoções e decisões não combinam. Corremos riscos de tomar decisões erradas quando estamos sob a influência da tristeza, raiva, euforia, felicidade, ganância, inveja, medo, soberba etc. 5. Não temos todo o tempo do mundo para tomar decisões; 6. Não temos todas as informações do mundo para tomar uma boa decisão; 7. Não gostamos de assumir responsabilidades, pois temos medo da decepção e do arrependimento; 8. Não sabemos avaliar os custos ou os lucros de uma decisão. 58 Existem muitas ferramentas que podemos importar do mundo corporativo para a nossa vida pessoal. Elas não garantem que você tomará a decisão correta, mas permite que você saiba o porquê da decisão que tomou. Se fosse aprofundar sobre cada ferramenta, seria necessário escrever um novo livro sobre o tema e não um simples capítulo. Por isso, vou apenas listar algumas ferramentas para que você possa pesquisar. Matemática Financeira: Existem decisões que são puramente matemáticas e, se existe uma área da matemática que você deveria rever nos seus livros do ensino médio, é a matemática financeira. Faça uma revisão sobre os seguintes temas: Ponto de Equilíbrio, Valor Presente, Valor Futuro, Fluxo de Caixa, Cálculos com Porcentagens, Juros Compostos, Juros Simples, Conversão de Taxas, Taxa Nominal e Efetiva. Tudo isso pode parecer chato, só que mais chato ainda é passar a vida toda sendo enganado por aqueles que sabem fazer estas contas melhor do que você. Análise de prós e contras: No papel, você vai listar todas as vantagens e desvantagens de cada alternativa com base no seu conhecimento, na opinião de terceiros e pesquisas que possam ser feitas na internet. Quanto maior a variedade de fontes, melhor. Também é possível fazer isto utilizando a Análise de Swot. Basta criar um quadro com quatro caixas: Forças são os pontos fortes da alternativa. Fraquezas são os pontos fracos ou pontos negativos da alternativa. As oportunidades se referem a influência do ambiente que pode Ferramentas: 59 estar gerando uma boa oportunidade. As ameaças se referem aos riscos externos com relação a uma alternativa. Ponderação de critérios e pesos: Essa ferramenta aqui é importante quando a decisão não depende dos números, mas de valores pessoais. Podemos atribuir pesos para questões subjetivas. Cada pessoa valoriza determinadas características ou critérios de uma forma diferente da outra. É por isso que não existe um investimento perfeito. 60 Vamos imaginar que você precise comprar um imóvel. Vamos imaginar que você considere três critérios importantes: Preço, Área útil e Localização. Os dois primeiros podem ser medidos numericamente: Você terá dificuldade para avaliar a localização, pois uma boa localização depende de segurança, vizinhança, comércio, paisagem e transporte. Para escolher o melhor imóvel, será necessário usar o método de ponderação por pesos. Cada pessoa dá peso diferente para cada critério.Uns acham a segurança mais importante do que a existência de comércios próximos e outras podem dar um peso maior para a facilidade de transporte em relação a paisagem do local. No quadro abaixo, temos um exemplo de tabela que você pode criar com uma escala de pontos para cada critério. 61 Exemplo: Se você considerar que a segurança do primeiro imóvel é ótima, a nota para o critério segurança deste imóvel será 5. É claro que aqui temos somente alguns critérios. Cada pessoa pode considerar critérios diferentes. Exemplo: proximidade do imóvel em relação ao seu emprego, existência de vaga na garagem, andar onde o imóvel se localiza e assim por diante. Veja uma tabela de pontos onde você vai transformar julgamentos subjetivos como ótimo, muito bom, bom, regular e aceitável em números ou notas. Agora, você precisa atribuir um peso para cada critério, pois para cada pessoa um critério pode ser mais importante que outro. Veja o exemplo: Para esta pessoa, a segurança tem peso 5 e a paisagem tem peso 3. Se a paisagem for ótima, a nota será 5 e esta nota será multiplicada pelo peso que no quadro abaixo podemos ver que é 3. Assim, a nota total para a paisagem seria 15 (5 x 3). Já se a segurança for ótima, a nota será 5, que multiplicada pelo peso 5 resultará em uma nota 25 (5x5). 62 Agora, você vai multiplicar a nota que deu para cada critério de cada imóvel pelo peso de cada critério. Vai encontrar a pontuação final para cada imóvel Depois disso, você já sabe qual é o imóvel com melhor e pior localização com base em critérios e no peso 63 (importância) que você determinou. Observe que cada pessoa poda chegar a conclusões diferentes. Espero que você tenha percebido que tomar decisões não é simples. Não existe fórmula mágica. Existem muitas formas e ferramentas que podem ajudar no processo de decisão, mas nenhuma é perfeita e os resultados não servem para todos. Todas elas, de alguma forma, levam em consideração fatores pessoais. Por isso, uma decisão boa para uma determinada pessoa pode ser uma péssima decisão se for tomada por outra pessoa. Também vale quando estamos diante de decisões sobre investimentos ou decisões pessoais, profissionais etc. Eu não conheço sua história de vida, não sei qual bagagem de experiências e conhecimentos você carrega, desconheço suas habilidades, qualidades e defeitos. Não sei em qual realidade de vida, em qual cenário de oportunidades e ameaças você está inserido(a). Ninguém pode decidir por você 64 Somente você conhece você mesmo, somente você conhece a sua realidade. Se você acredita que ainda não se conhece, então este autoconhecimento deve ser o princípio de tudo. Infelizmente, não existem atalhos, não existem gurus. Quanto mais estudo, mais percebo que ainda sei pouco. Quanto mais aprendo, mais tenho a certeza que a única coisa que posso fazer é te estimular a aprender também, para que você possa desenvolver sua autocrítica, para que você tenha mais autonomia, mais liberdade sobre as decisões da sua vida, mais certezas e menos dúvidas. 65 Se você já traçou objetivos a serem atingidos na sua vida, falta agora definir as estratégias. De nada adianta ter um objetivo para este ano ou para as próximas décadas se você não dedica tempo e energia para traçar a estratégia que utilizará para atingir seus objetivos. É por isso que os anos passam e você não consegue atingir todos os objetivos que traçou. A palavra "estratégia" vem do grego e está relacionada com a guerra. Viver não deixa de ser uma longa batalha, onde seu principal inimigo é você mesmo (embora você tente encontrar inimigos nos outros). Veremos, mais à frente, que grande parte dos inimigos que te impedem de atingir seus objetivos estão dentro de você. A luta é entre você e você mesmo. Uma definição de estratégia que gosto muito: Estratégia é a arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando o alcance de determinados objetivos. Objetivos precisam de estratégias 66 Você possui uma estratégia (um plano) para aproveitar as oportunidades e os recursos que você possui (seu dinheiro, seu conhecimento, sua força de trabalho, seu tempo etc) para atingir os objetivos que você escolheu para sua vida? Se você ainda não definiu objetivos para sua vida, comece agora. Defina seus objetivos. Se você já tem objetivos, comece a pensar nas estratégias. Se você já tem estratégias, avalie os resultados e, se for o caso, mude suas táticas. Normalmente, as pessoas se preocupam mais em aprender táticas sem terem uma estratégia definida. A pessoa que pretende aprender como obter uma rentabilidade maior nos investimentos está preocupada com táticas e nem sempre possui uma estratégia para sua vida. Muitos leitores do Clube dos Poupadores se preocupam muito com táticas e esquecem- se do plano, ou seja, esquecem-se de elaborar uma estratégia. Tática é a habilidade de fazer enquanto a estratégia é planejar o que deve ser feito para atingir seus objetivos. A felicidade é um objetivo na vida de todos nós. O que você acredita que fará você feliz é o que te difere de mim e de todos os outros. O que fazemos para buscar o que nos trará felicidade também nos difere e, por isso, temos uma enorme diversidade de caminhos para escolher e seguir. Assista este vídeo rápido do Prof. Heni Ozi Cukier (ESPM e FGV). https://www.youtube-nocookie.com/embed/8babtMVFydU?rel=0&controls=0&showinfo=0 67 Se você não conseguiu atingir seus objetivos no ano passado, é provável que você tenha algumas histórias para justificar o seu insucesso. Como disse anteriormente, o nosso maior inimigo é interno e não externo. Nossas estratégias (nosso plano de guerra) precisam combater nossos pontos fracos, vícios e maus hábitos para que possamos atingir nossos objetivos de agora em diante. “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha, sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.” Sun Tzu Essa afirmação vale para todas as áreas da nossa vida e não apenas para sua vida financeira. Tudo está conectado. Na verdade, os nossos vícios e hábitos que interferem na nossa estagnação profissional e financeira são os mesmos que nos impedem de manter uma vida mais saudável e de manter boas relações com as pessoas que nos cercam. Qual sua justificativa? 68 Usamos histórias que justificam, de forma inconsciente, para perpetuar resultados que não gostaríamos de manter na nossa vida. Esta forma de agir é que nos afasta das nossas estratégias para atingir nossos objetivos. Isso significa que, se não combater seus pontos fracos, não conseguirá colocar a estratégia em prática. Felizmente, ter consciência das suas fraquezas e refletir sobre elas já será grande parte da solução do seu problema. A sua reação é automática quando está consciente. Sem a conscientização, toda tentativa de mudança é inútil e insustentável. Preparei uma lista de sugestões para que você comece a traçar seus planos para o ano. 1) Defina objetivos de curto, médio e longo prazo. Curto (1 ano), Médio (5 anos), Longo (10 anos). Estes prazos são apenas uma sugestão. Nosso cérebro só funciona com objetivos claros. 2) Se você não tem um objetivo, você não sabe para onde ir, não sabe que caminhos seguir, não conseguirá enxergar as oportunidades que aparecerão a todo o momento. 3) Reflita sobre o que você precisa fazer agora para atingir estes objetivos no futuro. Você precisa elaborar um plano de ação e isso vai exigir tempo. Não se prepara um plano em alguns minutos e nem do dia para a noite.Um plano é uma coisa que você precisa elaborar com paciência e muita reflexão. Materialize este plano tirando ele da sua cabeça 69 e colocando no papel ou no seu computador. Seu cérebro precisa de números, datas, prazos e dados concretos. Descreva claramente onde você se encontra, para onde pretende ir e o que falta (novos conhecimentos, decisões, atitudes, recursos etc) para atingir seus objetivos. 4) Aprenda mais. Esteja aberto para aprender mais. Invista mais tempo estudando (estudar não é chato, mude primeiro este conceito limitador). Se duas pessoas estiverem diante de uma oportunidade, só aquela que teve mais acesso à educação terá capacidade de enxergar e aproveitar esta oportunidade, mesmo que esteja diante dos olhos. Aprenda mais sobre aquilo que você sabe pouco. Não preciso dizer o que você precisa aprender. Você já sabe quais são suas dificuldades e limitações. Você sabe o que deveria aprender para melhorar diversos aspectos da sua vida profissional, financeira e até emocional. As livrarias estão repletas de livros que custam valores insignificantes. Muitos autores gastam uma vida inteira estudando um assunto para disponibilizar tudo que aprenderam de forma didática a troco de algumas dezenas de reais. Normalmente, as pessoas gastam mais dinheiro com bebidas alcoólicas durante a vida do que com livros e cursos. Geralmente, as pessoas reclamam mais dos preços dos livros do que do preço da pizza. Não existe nada que justifique viver na ignorância nos dias de hoje, a não ser a sua escolha por viver na ignorância. 5) Duvide das suas certezas. Você tem uma opinião formada sobre tudo? Você pode ter um problema. Duvide um pouco de você mesmo e esteja mais aberto para aprender mais e mudar de opiniões. Muitas vezes, acumulamos crenças 70 limitadoras sobre diversos assuntos, principalmente na área financeira e profissional. 6) Acompanhe mais o noticiário econômico e político. Acompanhar notícias sobre esporte, novela, filmes, celebridades, é um entretenimento como qualquer um, só que muitas vezes consome todo tempo que você poderia utilizar para saber mais sobre a realidade econômica e política que estão interferindo na sua vida neste momento. 7) Para ter resultados diferentes no futuro você precisa fazer alguma coisa diferente agora. Fazer o mesmo, como sempre foi feito, te levará para os mesmos resultados. Se você deve, quite suas dívidas. Se você não poupa, comece a poupar. Se você poupa, comece a investir. Se você investe, comece a diversificar e quem sabe empreender no seu próprio negócio. Não importa em que degrau você se encontra, sempre existem mais degraus para subir até atingir sua autorrealização. 71 72 Muitos definem seus objetivos mentalmente, outros colocam em uma folha de papel. O ideal seria colocar esses objetivos em uma planilha. Se você não tem um software de planilha como o Excel no seu computador, utilize o software de planilha gratuita do Google (neste endereço aqui). Também existe o Excel Online que é gratuito e pode ser acessado aqui. Você só precisa ter um cadastro no Google (que é gratuito) ou um cadastro na Microsoft (que também é gratuito) para usar esses serviços online. Criei uma planilha Excel com um exemplo de tabela que você pode utilizar para definir seus objetivos financeiros. Você vai informar: 1) Seu objetivo que será um valor em R$ (O que?); 2) Em quanto tempo pretende atingir esse objetivo (Quando?); 3) Qual a taxa de juros do investimento compatível com seu objetivo (Como?). A planilha informará quanto você precisa poupar todos os meses para atingir esse objetivo. Ao preencher a planilha com todos os objetivos, você provavelmente irá perceber que seus objetivos financeiros são maiores do que sua capacidade de poupar. Definindo objetivos financeiros https://www.google.com/docs/about/ https://office.live.com/start/Excel.aspx?omkt=pt-BR 73 Vamos utilizar um exemplo: Iremos imaginar que você tem apenas quatro objetivos neste momento. 1. Comprar um apartamento de R$ 400 mil nos próximos 120 meses. 2. Atingir sua aposentadoria com R$ 1 milhão de reais em investimentos nos próximos 360 meses. 3. Comprar um carro no valor de R$ 70 mil nos próximos 60 meses. 4. Fazer uma viagem no valor de R$ 5 mil nos próximos 12 meses. Agora, vamos adicionar esses dados na planilha chamada “Planilha_Livro_CP_Quanto_Investir.xlsx” que acompanha esse livro. A planilha preenchida ficará assim: 74 Vamos imaginar que você conseguiu taxas de juros de 14% ao ano para investimentos entre 120 e 360 meses (longo prazo). Para o investimento de 60 meses, você conseguiu 12% (médio prazo) e, para 12 meses, você conseguiu 9% (curto prazo). Mais à frente, iremos falar sobre cada investimento e você verá que existem taxas diferentes dependendo do prazo e do montante que você pretende investir. No nosso exemplo, seria necessário poupar e investir R$ 3.113,64 por mês para atingir seus objetivos dentro dos prazos e taxas informadas. 75 Agora, vamos imaginar que você não tem condições de poupar toda essa quantia mensalmente. O que fazer? 1. Iniciar ações para aumentar sua renda. Ganhando mais, você poderá poupar mais. 2. Iniciar ações para poupar mais. É possível que você esteja desperdiçando dinheiro por falta de controle. Veremos mais à frente como é possível elaborar um orçamento familiar. O objetivo do orçamento será aumentar a quantidade de dinheiro disponível para investir mensalmente. 3. Avaliar se o valor que você precisa para atingir seus objetivos deve ser revisado. Talvez você não tenha renda suficiente para possuir um carro de R$ 70 mil. Você pode avaliar a possibilidade de comprar um carro de menor valor. 4. Avaliar a possibilidade de cortar objetivos não prioritários. Talvez a viagem não seja tão importante em relação aos outros objetivos. Determine suas prioridades. 5. Avaliar se os prazos não poderiam ser maiores. Quando você aumenta o prazo para atingir seus objetivos, o valor investido mensalmente cai drasticamente. 6. Avaliar se existem investimentos que oferecem taxas de juros maiores para o prazo e a quantia investida. Você não vai conseguir bons resultados se investir seu dinheiro na Caderneta de Poupança ou em qualquer aplicação incapaz de manter o valor do dinheiro no tempo, ou seja, que ofereça uma rentabilidade acima da inflação. O mais importante na definição dos objetivos é fazer você perceber na prática que precisa aumentar sua renda, precisa economizar mais e precisa escolher quais são suas prioridades. 76 De nada adianta ganhar, de nada adianta saber investir se você não for capaz de economizar e poupar uma parte da sua renda para investir. Isso pode ser feito elaborando um orçamento familiar. 77 Você enfrenta dificuldades para gastar só aquilo que você ganha? Você já consegue poupar um pouco todos os meses, mas acredita que poderia economizar mais se tivesse um controle maior sobre suas despesas? A planilha de orçamento que acompanha esse livro vai te ajudar a planejar quanto você pretende gastar todos os meses com lazer, educação, transporte, habitação etc. Você vai determinar um orçamento para cada área da sua vida e depois vai verificar se atingiu sua meta. A planilha vai comparar o que você orçou (planejou) e o que você realmente gastou. Vai exibir a diferença entre suas projeções e a realidade através de números e gráficos. Com isso, você poderá prever todas as receitas que você terá durante o ano e planejar a maneira como você gasta seu dinheiro. Além de te ajudar a atingir o maior objetivo que é só gastar aquilo que você ganha, a planilha também ajuda a fazer escolhas inteligentes. Ela ajuda a aumentar seu nível de consciência sobre seus gastos e, por consequência, aumentar aquela parcela que você irá poupar para
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