Prévia do material em texto
1 Disciplina: Análise Criminal II Autores: Esp. Raíssa Quintino de Paula Xavier Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Raíssa Quintino de Paula Xavier Análise Criminal II 1ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Revisão de Conteúdos Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA XAVIER, Raíssa Quintino de Paula. Análise Criminal II / Raíssa Quintino de Paula Xavier. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 68 p. ISBN: 978-85-5475-367-2 1.Análise Criminal. 2. Estatística. 3. Segurança Pública. Material didático da disciplina de Análise Criminal II – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio ................................................................................................................. 07 Aula 1 – Análise estatística criminal ....................................................................... 08 Apresentação da Aula 1 ......................................................................................... 08 1.1 Conceitos básicos ..................................................................................... 08 1.2 Estatística e análise estatística criminal .................................................... 08 1.3 Séries estatísticas ..................................................................................... 09 1.4 Apresentação de dados ............................................................................ 10 1.4.1 Construção de tabelas ........................................................................... 10 1.4.2 Construção de gráficos .......................................................................... 11 1.5 Estatística descritiva ................................................................................ 12 1.6 Parâmetros para comparação relativa ..................................................... 12 1.7 Distribuição de frequências ...................................................................... 12 1.8 Medidas de tendência central .................................................................. 15 1.9 Medidas de dispersão .............................................................................. 19 1.10 Coeficiente de correlação ...................................................................... 19 1.11 Estatística descritiva x estatística inferencial ......................................... 20 Resumo da Aula 1 ................................................................................................. 21 Aula 2 – Estatística e análise espacial ................................................................... 22 Apresentação da Aula 2 ......................................................................................... 22 2.1 Análise de regressão ................................................................................ 22 2.2 Análise criminal espacial ........................................................................... 24 2.3 Estatística espacial – princípios básicos ................................................... 25 2.4 Geoprocessamento .................................................................................. 25 2.5 Coleta de dados georeferenciados ........................................................... 26 2.5.1 Métodos de aquisição de dados ............................................................. 27 2.5.2 Natureza dos dados ............................................................................... 28 2.5.3 Qualidade dos dados ............................................................................. 28 2.6 Coordenadas geográficas ......................................................................... 29 2.6.1 Pontos cardeais ..................................................................................... 30 2.6.2 Longitude ............................................................................................... 30 2.6.3 Latitude .................................................................................................. 31 Resumo da Aula 2 ................................................................................................. 33 Aula 3 – Sistemas de informações ......................................................................... 33 Apresentação da Aula 3 ......................................................................................... 33 3.1 O uso de informações e diagnósticos em segurança urbana .................... 34 3.2 Operacionalização da análise criminal ...................................................... 34 6 3.2.1 Teorias científico-sociais que contribuíram para a análise criminal ........ 35 3.2.2 Cuidados a serem tomados na análise de dados ................................... 35 3.3 Estrutura dos relatórios ............................................................................. 38 3.3.1 Seções dos relatórios ............................................................................ 38 3.4 Sistemas de informação geográfica e mapeamento criminal .................... 39 3.5 Armazenamento de dados ........................................................................ 40 3.5.1 Dados vetoriais ...................................................................................... 40 3.5.2 Dados raster .......................................................................................... 41 3.6 Consulta de dados .................................................................................... 42 3.7 Análise de dados ...................................................................................... 43 3.8 Visualização de dados ..............................................................................44 3.9 Saída de dados ......................................................................................... 44 3.10 Mapeamento criminal ............................................................................. 45 Resumo da Aula 3 ................................................................................................. 46 Aula 4 – Cartografia................................................................................................ 47 Apresentação da Aula 4 ......................................................................................... 47 4.1 Projeções cartográficas ............................................................................ 48 4.2 Tipos de projeções .................................................................................... 48 4.2.1 Projeções azimutais (planas) ................................................................. 49 4.2.2 Projeções cônicas .................................................................................. 49 4.2.3 Projeções cilíndricas .............................................................................. 50 4.3 Escala cartográfica ................................................................................... 51 4.3.1 Forma numérica ..................................................................................... 52 4.4 Forma gráfica ............................................................................................ 52 4.5 Construção de mapas do SIG ................................................................... 53 4.6 Sobreposição de temas ............................................................................ 53 4.7 Tipos de mapas ........................................................................................ 54 4.7.1 Mapa de pontos ..................................................................................... 55 4.7.2 Mapa hot spots ...................................................................................... 55 4.7.3 Vantagens e desvantagens do mapa hot spots ...................................... 57 4.7.4 Mapa temático ....................................................................................... 57 Resumo da Aula 4 ................................................................................................. 58 Índice Remissivo ................................................................................................... 62 Referências ........................................................................................................... 63 7 Prefácio A presente disciplina tem como objetivo dar continuidade ao conteúdo iniciado na disciplina de Análise Criminal I. Nesse sentido, serão aprofundados conteúdos como: estatística descritiva; análise criminal espacial; conceitos básicos da estatística espacial; projeções cartográficas; construção de mapas do SIG; séries estatísticas; operacionalização da análise criminal, dentre outros. Todos os tópicos aqui abordados têm a finalidade de contribuir para o trabalho do analista criminal, tendo em vista que fazem parte do dia a dia deste profissional, que deve dominá-los. 8 Aula 1 – Análise estatística criminal Apresentação da aula 1 Na presente aula serão apresentados os conceitos básicos para melhor compreensão das técnicas utilizadas em análise criminal. É importante lembrar aqui que serão também utilizados conceitos apresentados ao longo da aula 03 do primeiro módulo. Do mesmo modo, será abordado acerca das séries estatísticas, explicando o seu conceito, os tipos existentes e onde são normalmente utilizadas. Assim, também será explicado acerca dos meios de apresentação que o analista criminal pode optar para transmitir os dados coletados, bem como sobre o que é e quais são os parâmetros de descrição da estatística descritiva e sua diferença em relação à estatística inferencial. 1.1 Conceitos básicos Neste primeiro tópico serão apresentados alguns conceitos básicos sobre estatística, conceitos esses que são de extrema importância para a realização do trabalho do analista criminal, estando presentes no seu dia a dia de maneira imprescindível. 1.2 Estatística e análise estatística criminal A estatística é a parte da ciência responsável pela coleta, organização e interpretação de dados experimentais e pela extrapolação dos resultados da amostra para a população. A análise estatística criminal nada mais é do que a aplicação da análise estatística geral aos dados específicos acerca da criminalidade e segurança pública. 9 1.3 Séries estatísticas Séries estatísticas consistem em uma coleção de dados estatísticos referentes a uma mesma ordem de classificação, isto é, uma sequência de números referentes a uma variável. As séries estatísticas são estruturadas por três fatores básicos: época (fator temporal a que se refere o fenômeno analisado); local (fator geográfico de onde o fenômeno acontece) e fenômeno (a espécie descritiva do fator). É com base nesses fatores que se originam os três tipos de séries estatísticas: série temporal; série geográfica e série específica. A série temporal é aquela em que o fator cronológico é variável. Pode ser aplicada em diversas áreas, como: finanças, marketing, economia etc. Por exemplo: a quantidade de roubos ocorridos ao longo dos anos de 2016 a 2018; A série geográfica, por sua vez, é aquela em que o fator geográfico, o local, é variável. Por exemplo: quantidade de acidentes de trabalho ocorridos em cada região do país; Por fim, a série específica é aquela na qual o fator fenômeno é variável, sendo discriminado por categorias ou espécies existentes dentro de uma mesma variável. Por exemplo: a quantidade de determinada espécie de animal por alqueire em determinada fazenda. Apresenta-se aqui uma tabela para auxiliar na distinção entre as séries: TEMPORAL GEOGRÁFICA ESPECÍFICA Parte fixa Local e fenômeno Época e fenômeno Época e local Parte variável Tempo Local Fenômeno Fonte: elaboração do autor (2019). 10 1.4 Apresentação de dados Após a coleta dos dados, é possível que o conjunto de valores seja muito extenso ou esteja desorganizando, podendo gerar complicações para a análise geral do fenômeno-objeto da pesquisa. Por essa razão é que se utilizam tabelas, gráficos ou mapas, que irão facilitar a organização e melhor compreensão dos dados. 1.4.1 Construção de tabelas A tabela é um instrumento de sistematização dos valores que uma ou mais variáveis podem possuir, possibilitando uma visão global da situação, pois apresenta os dados de maneira resumida. Todas as tabelas devem conter três elementos básicos: título da tabela, corpo da tabela e rodapé. Localizado no topo da tabela, o título deve conter informações mais completas possíveis, devendo constar a palavra TABELA e sua respectiva numeração. Um bom título é aquele que responde às perguntas: o quê? quando? e onde? O corpo da tabela é composto por linhas e colunas, nas quais estarão contidas informações sobre a variável-objeto do estudo. É possível substituir informações da tabela por símbolos, como: (-) informação não coletada; (...) informação coletada, mas indisponível; (?) dúvida acerca da validade da informação. Utilizar estas substituições permite a construção de uma tabela mais limpa, mais clara e de fácil compreensão, lembrando também que, sendo possível, seja colocada legenda sobre os significados. Por fim, é no rodapé da tabela que encontram-se as informações adicionais, como a fonte (quem realizou a pesquisa), notas de esclarecimentoacerca de um ponto geral ou específico da tabela, bem como chamadas, que são símbolos remissivos atribuídos para explicar pontos da tabela que necessitem de nota específica. 11 Havendo esses elementos, a tabela estará completa de fácil interpretação, possibilitando que os dados possam ser lidos e interpretados de maneira clara para aqueles que forem utilizar da pesquisa. 1.4.2 Construção de gráficos Assim como as tabelas, os gráficos também possibilitam a sistematização de dados, visando que estes sejam representados de forma simples e clara, permitindo demonstrar a evolução do fenômeno em estudo. Para a sua construção, são necessários os mesmos elementos utilizados para a construção das tabelas, somente diferenciando quanto ao título, que deve conter a palavra "GRÁFICO" e sua respectiva numeração. Os demais elementos e símbolos de substituição são os mesmos. Os gráficos podem ser apresentados por meio de colunas, em que há um conjunto de retângulos dispostos verticalmente, separados por um espaço; ou em barras, em que há também um conjunto de retângulos, mas que se encontra posicionado horizontalmente, também com um espaço entre eles. Há também como apresentar dados por meio de gráficos em setores (conhecidos como “gráfico em forma de pizza”), em que a representação ocorre sob a forma de um círculo, utilizando setores, de ocorrência muito comum quando se pretende comparar proporção (cada valor de uma série em relação ao total). Quando se trata da representação de séries temporais, é muito comum a utilização de gráficos em linhas ou curvas, por exemplo: Fonte: https://support.minitab.com/pt-br/minitab/18/help-and-how-to/graphs/how- to/time-series-plot/before-you-start/overview/ https://support.minitab.com/pt-br/minitab/18/help-and-how-to/graphs/how-to/time-series-plot/before-you-start/overview/ https://support.minitab.com/pt-br/minitab/18/help-and-how-to/graphs/how-to/time-series-plot/before-you-start/overview/ 12 Os aplicativos e programas existentes atualmente possuem uma infinidade de modelos de gráficos disponíveis, possibilitando ao analista optar pelo mais adequado para apresentar os dados coletados. 1.5 Estatística descritiva A estatística descritiva é o ramo da estatística utilizado para organizar, descrever e sistematizar os dados coletados em determinada pesquisa. Para melhor compreensão dos métodos utilizados pela estatística para descrever, organizar e sistematizar dados, dividem-se em cinco grupos os parâmetros usados para descrever os dados de uma pesquisa sobre segurança. 1.6 Parâmetros para comparação relativa a) Proporção: é o resultado obtido a partir de uma parte sobre seu conjunto total, por exemplo: dos 10 crimes ocorridos no último mês, 5 são homicídios, ou seja, a proporção de homicídios é de 5/10, ou que 1/2 (metade) dos crimes ocorridos no último mês são homicídios; b) Porcentagem: é o resultado obtido mediante a proporção, apenas multiplicando o quociente por 100. Isso porque, uma vez que a soma das proporções é igual a 1, a soma das porcentagens é igual a 100. Utilizando o exemplo acima citado, a porcentagem de homicídios é de 50% de todos os crimes ocorridos no último mês; c) Razão: a razão de um número A em relação a um número B é traduzida pela divisão de um número A por B. Busca relacionar quantidade de itens diferentes. Ainda tomando por base o exemplo acima, a razão então seria 2, pois são 10 crimes divididos pelos 5 homicídios. 1.7 Distribuição de frequências A distribuição de frequência é o parâmetro que consiste no conjunto de mensurações de frequências para os dados observados. 13 a) Frequência absoluta: o número de vezes que o valor de uma determinada variável é observado na pesquisa; b) Frequência absoluta acumulada: consiste na soma das frequências absolutas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado; c) Frequência relativa: é a razão da frequência absoluta pelo número total de observações; d) Frequência relativa acumulada: é a soma das frequências relativas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado; e) Distribuição de frequência: é a forma de apresentar uma frequência, sendo as variáveis apresentadas primeiro, seguidas pelas frequências. Na tabela a seguir, verifica-se a montagem da distribuição de frequência: Tabela 1 – Número de homicídios em cada bairro LOCAL HOMICÍDIOS Bairro 1 5 Bairro 2 3 Bairro 3 0 Bairro 4 8 Bairro 5 3 Bairro 6 0 Fonte: elaboração do autor (2019). Tabela 2 – Distribuição de frequência dos homicídios Número de homicídios Frequência absoluta Frequência absoluta acumulada Frequência relativa Frequência relativa acumulada 0 2 2 0,33333 0,33333 3 2 4 0,33333 0,66666 5 1 5 0,16666 0,83332 8 1 6 0,16666 0,99998 Fonte: elaboração do autor (2019). Para encontrar a frequência absoluta, foi preciso somente verificar quantas vezes o valor de determinada variável é visto. No exemplo acima, o valor 14 0 e o valor 3 são vistos duas vezes cada, tendo os demais sido observados apenas uma vez. Já para encontrar a frequência absoluta acumulada, a primeira linha coincidirá com a frequência absoluta. Para encontrar o valor da segunda linha, somou-se a primeira linha da frequência absoluta acumulada com a segunda linha da frequência absoluta e assim sucessivamente. Para calcular o valor da frequência relativa, foi dividida a frequência absoluta pelo número de bairros, ou seja, 2/6, resultando em 0,33333. Repetiu- se o processo até a última linha da frequência relativa. A frequência relativa acumulada foi encontrada da mesma forma que a frequência absoluta acumulada, em que o valor da primeira linha coincide com a frequência relativa e o valor da segunda linha é a soma da frequência relativa acumulada mais a frequência relativa da segunda linha, e assim sucessivamente. Para demonstrar a distribuição de frequência, pode-se utilizar também o histograma, que consiste em um gráfico de barras justapostas, cujas áreas das barras são proporcionais à frequência absoluta. Outras duas formas de representação são: o polígono de frequência, que consiste em uma representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas, sendo um gráfico de linhas que unem os pontos médios das bases dos retângulos de um histograma; e os polígonos de frequência acumulada, que consistem na representação gráfica de frequências absolutas acumuladas, sendo gráficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequência acumulada. 1.8 Medidas de tendência central São os indicadores utilizados quando há objetivo de comparar distintos grupos de dados, pois resumem a distribuição de um conjunto de dados. Por exemplo, quando se pretende comparar o índice de criminalidade em diferentes cidades, utilizam-se as médias de tendência central. Para a aplicação deste parâmetro, é necessário familiarizar-se com alguns termos, tais como: 15 a) Média: a soma de todos os resultados divididos pelo número total de casos; b) Moda: observação que ocorre com maior frequência em uma amostra; c) Mediana: é o valor que divide a amostra ao meio, sendo a variável que ocupa a posição central nos dados; Apresenta-se aqui um exemplo fictício para melhor elucidar a questão abordada: Local Número de roubos Bairro 1 10 Bairro 2 22 Bairro 3 6 Bairro 4 28 Bairro 5 10 Bairro 6 12 Bairro 7 9 Fonte: elaboração do autor (2019). Com base na tabela acima, pode-se concluir que: Variável Média Moda Mediana N. de roubos 13,8571 10 14,5 Fonte: elaboração do autor (2019). Portanto, para calcular a média, utilizou-se a soma de todos os casos de roubo ocorridos e dividiu-se esse valor pelo número de bairros. Ou seja: (10+22+6+28+10+12+9)/7 = 13.8571. Para o cálculo damoda, foi necessário apenas verificar a quantidade de roubos que apareceu com mais frequência, que, no exemplo, foi o número 10, com duas aparições, sendo então este o valor da moda. 16 Já no cálculo da mediana, tendo em vista que o número de observações da amostra é ímpar, calcula-se com a seguinte fórmula: X {(n+1)/2}. Se o número de observações fosse par, a fórmula seria: (X(n/2)+ X{(n/2)+1}). Além dos termos já abordados, cabe aqui salientar alguns outros termos complementares para a realização do resumo da distribuição de um conjunto de dados. d) Taxa bruta: é desenvolvida quando há necessidade de comparar a incidência de fenômenos entre diferentes regiões, com população diferente, ou em uma mesma região onde a população varie de acordo com o tempo. Para realizar este cálculo, divide-se o número de vítimas efetivas pelo tamanho da população de risco (aquela mais suscetível a sofrer aquele tipo de crime), multiplicando o valor obtido por 100 mil; e) Quartis: são valores que determinam a divisão de um conjunto de dados em quatro partes iguais; f) Decis: são valores que determinam a divisão de um conjunto de dados em dez partes iguais; Exemplo: Ranking Estado Nº absoluto de estupros Taxa (por 100 mil habitantes) Nº absoluto de tentativa de estupro Taxa de tentativas de estupro (por 100 mil habitantes) 1º Mato Grosso do Sul 1.458 54,4 166 6,2 2º Amapá 385 49,2 28 3,6 3º Mato Grosso 1.614 48,8 163 4,9 4º Roraima 234 45,5 37 7,2 17 5º Santa Catarina 3.084 44,6 702 10,2 6º Rondônia 790 44,2 97 5,4 7º Paraná 4.164 37 488 4,3 8º Rio Grande do Sul 4.144 36,7 654 5,8 9º Pará 3.002 36,3 176 2,1 10º Rio de Janeiro 4.308 25,9 408 2,5 11º Tocantins 385 25,1 34 2,2 12º Sergipe 541 23,9 51 2,3 13º Amazonas 930 23,2 116 2,9 14º São Paulo 10.055 22,5 1.218 2,7 15º Distrito Federal 666 22,4 79 2,7 16º Pernambuco 1.976 21 273 2,9 17º Piauí 653 20,3 160 5 18º Minas Gerais 3.926 18,7 380 1,8 19º Bahia 2.709 17,7 … … 20º Ceará 1.538 17,2 265 3 21º Alagoas 500 14,9 52 1,5 18 22º Maranhão 995 14,3 229 3,3 23º Goiás 670 10 321 4,8 24º Paraíba 376 9,4 14 0,4 25º Rio Grande do Norte 206 5,9 52 1,5 26º Espírito Santo 188 4,7 215 5,4 *Não foram disponibilizados dados sobre o Acre Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/os-estados-com-as-maiores-taxas-de-estupro- do-pais-ms-lidera/. Os estados com maiores taxas de estupro no país; MS lidera. Com base na tabela apresentada, é possível concluir que o grupo de risco mais comum são as mulheres. Portanto, o cálculo realizado para encontrar a taxa bruta foi: (número de estupros ocorridos) x (população feminina do Mato Grosso do Sul) x (100.000), totalizando o valor de 54,4 estupros por mil habitantes. O mesmo raciocínio foi utilizado para realizar o cálculo da taxa bruta referente à tentativa de estupro. Embora muitos outros estados tenham registrado maior número de ocorrências de casos de estupro, como ocorreu com São Paulo, isso por si só não significa que a taxa bruta de estupros é maior. Isso porque, em razão da densidade populacional, o índice de São Paulo, por exemplo, foi de 22,5 vítimas para cada grupo de 100.000 mulheres, ou seja, foi menor do que o constatado no Mato Grosso do Sul, onde o índice é de 54,4 mulheres para cada grupo de 100.000, em razão do tamanho da população. Sendo assim, é visível na tabela acima a importância do cálculo da taxa bruta, pois apenas verificar o número de ocorrências não exprime corretamente a proporcionalidade em que os crimes ocorrem, pois deixa de considerar o tamanho da população, fato importante para mensurar a situação da segurança pública. 19 1.9 Medidas de dispersão A medida de dispersão é um conjunto de medidas que descreve a variabilidade de um conjunto de dados, permitindo verificar como estes estão distribuídos em torno da tendência central, conforme os seguintes conceitos: a) Amplitude: consiste na diferença entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Caso os dados sejam categóricos, será a diferença entre o limite superior da última categoria e o limite inferior da primeira categoria; b) Variância: é a medida do grau de dispersão dos dados em torno da média; c) Desvio padrão: é obtido por meio da raiz quadrada da variância. 1.10 Coeficiente de correlação A análise de correlação possui o intuito de medir a intensidade ou o grau de associação linear entre duas variáveis, sem, contudo, determinar a relação funcional entre elas, ou seja, não determina que uma variável seja responsável pela alteração ocorrida na outra. O processo para realizar a análise da correlação é a interpretação do coeficiente de correlação, cujo cálculo se realiza com base na variância da amostra. Por meio desse processo é que se pode, por exemplo, afirmar que o desemprego está associado ao aumento da criminalidade. Entretanto, não é possível exprimir da mesma frase se é a criminalidade que afeta o emprego ou é o emprego que ocasiona o aumento de crimes. Atualmente, os pacotes estatísticos de fácil acesso realizam o cálculo do coeficiente de correlação automaticamente, não havendo necessidade de o analista realizar o cálculo propriamente dito, mas sim de interpretar o resultado obtido. 20 Importante Note-se: Se o resultado for igual a 0, significa que não há correlação; Quanto mais próximo de -1 ou +1 for o resultado, mais forte será a correlação; Se o resultado for menor que 0, significa que existe uma correlação negativa, isto é, quando uma variável cresce, a outra decresce. 1.11 Estatística descritiva x estatística inferencial Conforme conceituado anteriormente, a estatística descritiva é aquela que envolve técnicas para organizar, resumir e descrever os dados coletados em uma pesquisa. A estatística inferencial, por sua vez, utiliza amostra aleatória dos dados de uma população para descrever e fazer inferências sobre este público. São comumente utilizadas quando não é possível ou conveniente examinar cada membro da população toda. Por exemplo: não é nada prático nem conveniente realizar a pesagem de todos os pães produzidos por uma padaria, mas pode-se utilizar do peso de um dos pães para generalizar acerca do peso dos demais, com base na probabilidade. Portanto, é visível aqui que para a estatística inferencial possibilita a realização de uma pesquisa mesmo quando não há meios ou recursos para coleta total de dados. Assim, embora possua papel importante, o principal método utilizado em matéria de análise estatística criminal ainda é a estatística descritiva. Nesta aula, é possível concluir que o trabalho do analista criminal não consiste apenas na mera coleta e sistematização dos dados. É preciso que este profissional saiba também trabalhar com esses dados de modo que sejam apresentados de maneira clara e de fácil compreensão. Ademais, cabe ao analista criminal possuir conhecimento básico sobre matemática, mesmo com a existência de diversos programas e aplicativos que 21 hoje realizem automaticamente os cálculos, pois haverá a necessidade de apresentar e interpretar os resultados obtidos. Portanto, conclui-se que o trabalho de análise estatística criminal engloba diversos fatores, não estando restrito apenas a um compilado de dados, mas sim em resultados a serem interpretados, que visam transmitir a real situação da segurança pública no local onde foi realizada a pesquisa, permitindo assim que possam ser realizadas ações e/ou políticas de segurança pública de maneira assertiva e eficiente. Resumo da aula 1 Nesta aula foi abordado sobre a análise estatística criminal, apresentando o conceito do que é análise estatística criminal e desenvolvendo e exemplificando sobre o conceito de séries estatísticase seus tipos. Foi discorrido também acerca de quais são os instrumentos utilizados para a apresentação de dados, sendo eles a construção de tabelas e gráficos, permitindo assim que os dados coletados sejam explanados de maneira mais direta e clara, tornando-os de fácil acesso. Por fim, no tópico de estatística descritiva, além do conceito em si, foram também explicados os parâmetros utilizados para descrever os dados de uma pesquisa. São eles: parâmetro de comparação relativa, onde se realizam os cálculos de porcentagem, proporção e razão; dispersão de frequência, cujo objetivo é mensurar a frequência sob os dados observados; medidas de tendência central, cuja utilização ocorre quando o objetivo é comparar grupos de dados distintos; medidas de dispersão, em que se calcula a amplitude, a variância e o desvio padrão; e, por fim, coeficiente de correlação, que tem por objetivo medir o grau de associação linear que duas variáveis possam possuir. Em mesmo tópico, distinguiu-se a diferença entre estatística descritiva e estatística inferencial, demonstrando que a estatística descritiva apresenta suas conclusões com base nos dados coletados, ao passo que a estatística inferencial trabalha com a teoria da probabilidade. 22 Atividade de Aprendizagem Disserte acerca da importância do cálculo da taxa bruta. Aula 2 – Estatística e análise espacial Apresentação da aula 2 Dando continuidade ao tema abordado na aula passada, nesta aula será abordada a análise de regressão, método utilizado para determinar a relação funcional entre duas ou mais variáveis, cujo objetivo é modelar o relacionamento entre uma variável e as outras. Será trabalhado também acerca da análise criminal espacial, cujo entendimento depende dos conhecimentos acerca dos princípios básicos da estatística espacial. Portanto, esses princípios serão trabalhados em tópico próprio, no qual serão apresentados os conceitos necessários para o entendimento da matéria. 2.1 Análise de regressão A análise de regressão busca determinar a relação funcional entre duas ou mais variáveis. Seu objetivo principal é modelar o relacionamento entre uma variável e outras variáveis. A primeira variável é chamada de dependente e as outras são chamadas de explicativas. Ou seja, tem como objetivo determinar de que maneira as variáveis explicativas se relacionam com a variável dependente. Para realizar o cálculo, estima-se o valor médio da variável dependente com base nos valores das variáveis explicativas. Por exemplo: a relação entre armas e homicídios. Nesse exemplo, o objetivo não é apenas saber a correlação entre armas de fogo e homicídios, mas 23 sim em que medida o aumento ou diminuição de armas de fogo influencia no aumento ou diminuição dos homicídios. Para a realização deste cálculo, estima-se uma regressão linear, tendo como variável determinante o número de homicídios e o número de armas como variável explicativa. É por meio dessa estimativa que é possível obter uma equação que irá determinar o número médio de homicídios em relação ao número de armas. Contudo, tendo em vista que a análise de regressão estima uma relação estatística, esta está sujeita a erro, o qual pode ser corrigido por meio de diversos métodos, de acordo com o tipo e distribuição de dados. Realizar análise de regressão exige um conhecimento aprofundado em estatística e álgebra, cujo conteúdo exigiria um curso próprio para ser abordado de maneira completa, fugindo do objetivo desta aula. A exemplo, tem-se o modelo de análise de regressão: Fonte: http://recologia.com.br/tag/regressao-linear/ Na imagem acima, o objetivo era saber como a altitude influencia no diâmetro da altura do peito de uma determinada espécie de árvore. Como se pode observar, quanto maior a altitude, maior o diâmetro. 24 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Para agregar aos estudos, sugere-se aqui a leitura da obra Introdução à trigonometria, escrita pelo autor Jeffrey M. Wooldridge, no qual o objetivo é auxiliar na interpretação das hipóteses à luz das aplicações empíricas reais: a matemática requerida não vai além da álgebra dos cursos de graduação e da probabilidade e estatística básicas. 2.2 Análise criminal espacial A análise criminal espacial é uma das muitas etapas para o desenvolvimento de políticas públicas e para a profissionalização das polícias, logo, não é um fim em si mesma. Por óbvio que não se pretende, por meio da análise criminal espacial, medir qual a quantidade de crimes ocorridos, visto que isso é uma tarefa impossível. O que pode ser mensurado são apenas as notificações dos crimes. Portanto, a análise criminal espacial deve contribuir no fornecimento de subsídios para ações do Estado, seja na dimensão estratégica, em que os gestores possam formular políticas com base na projeção dos cenários, seja na dimensão tático/operacional, possibilitando aos policiais que estes realizem com mais assertividade suas investigações e patrulhamentos. Existem seis tipos de padrões criminais que podem ser detectados: a) Séries: vários crimes praticados com o mesmo modus operandi contra uma ou mais vítimas; b) Spree (farra): frequência alta de crimes que aparentam ter atividade contínua; c) Hot spot (ponto quente): será abordado a fundo nas aulas seguintes, mas é um local com alta incidência de crimes; d) Hot dot (entidade quente): indivíduos que possuem relação direta com vários eventos criminosos. Podem ser criminosos, vítimas ou testemunhas; 25 e) Hot product (produto quente): produtos que possuem alto índice de serem alvos de eventos criminosos; f) Hot target (alvo quente): locais considerados como potenciais alvos para criminosos. Para melhor compreender sobre a análise criminal espacial é necessário, antes de tudo, entender os princípios básicos da estatística espacial. 2.3 Estatística espacial – princípios básicos Este tópico se destina a desenvolver alguns princípios básicos da estatística espacial. Tais princípios merecem destaque, visto que são importantes no tocante à análise criminal espacial, na qual os termos e conceitos aparecem com frequência, devendo o analista criminal dominar este conhecimento. 2.4 Geoprocessamento O geoprocessamento é a disciplina que utiliza técnicas matemáticas, computacionais e geográficas, destinando-as à coleta e tratamento de informações espaciais. Este processo também envolve a criação de softwares (sistemas) para a utilização desses dados. Esses sistemas são chamados de SIG – Sistema de Informações Geográficas. Um exemplo de geoprocessamento é o Google Earth, que permite que qualquer pessoa, mesmo que não conheça sobre geoprocessamento, tenha acesso a mapas de qualquer região do mundo, contando ainda com GPS, imagens de satélite e modelos tridimensionais. 26 Google Earth Fonte: https://nova-escola- producao.s3.amazonaws.com/k8mt493jArbkyuMGJxW46vcfGmkHB5ZuYpad8sFp37J ApHhNrQ49D6jUaW7S/ne-262-geografia-mapa-google-earth-localizacao-espaco- lugar-7.jpeg O processo de geoprocessamento consiste em quatro etapas: coleta, armazenamento, tratamento e análise de dados e uso integrado das informações. Essas etapas podem ser realizadas por diversas ferramentas, por exemplo: GPS (Global Position System – muito utilizada para realizar a coleta de dados georeferenciados); o Oracle – que é um sistema gerenciador de bancos de dados utilizado para armazenar informações e o SPRING – sistema de informações geográficas, com função de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta de bancos de dados. 2.5 Coleta de dados georeferenciados Para dar início aos trabalhos de análise espacial, é necessário, primeiramente, uma base cartográfica ou, ao menos, um mapa digital da regiãoa ser estudada. E, para construir mapas ou a base cartográfica é preciso realizar a coleta de informações, seja por meio de levantamentos terrestres, seja por sensoriamento remoto. 27 Curiosidade Sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas que possibilita a obtenção de informações sobre alvos localizados na superfície terrestre, por meio de registro de interação de radiação eletromagnética com a superfície, cuja realização se dá por sensores distantes/remotos. Levantamento terrestre, por sua vez, é aquele cujo objetivo principal é determinar o relevo da superfície terrestre, assim como a localização dos acidentes naturais e artificiais presentes nessa superfície. Entretanto, a realização desses processos é demasiadamente onerosa, o que acaba por dificultar o acesso gratuito a mapas e bases cartográficas. Isso porque o processo é bem mais complexo do que se comparado à maioria das aplicações convencionais, pois a entrada de dados não se limita a simples operações de inserção. As dificuldades para realizar o processo de coleta variam de acordo com o tipo de aplicação. A exemplo, algumas vezes os dados precisam ser obtidos diretamente da fonte real (de fonte bruta), pois nem sempre existem mapas prontos e na escala apropriada. 2.5.1 Métodos de aquisição de dados Os métodos mais utilizados na aquisição de dados são a digitação manual, a leitura ótica por meio de dispositivos de varredura, a digitação via teclado e a leitura de dados provenientes de fontes de armazenamento secundário. É devido à utilização desses métodos que se permite a transferência de dados obtidos por meio de mecanismos de captura para a base de dados do SIG. A digitalização é o método no qual se coloca sobre uma mesa digitalizadora uma folha de papel contendo um mapa. Por meio de um dispositivo de apontamento (caneta ótica), o usuário irá assinalar vários pontos, que serão calculados como pares de coordenadas x e y (cartesianas). É comum que no início do processo sejam cadastrados no sistema três ou mais pontos de coordenadas conhecidas, para servirem de ponto de referência para os cálculos. 28 A eficiência do processo irá depender da qualidade do software utilizado, bem como da experiência do usuário em operá-lo, pois é uma tarefa cansativa, em que podem ocorrer erros, embora estes possam ser apontados pelo software para serem solucionados. Além do cálculo das coordenadas, podem ser realizadas outras tarefas, por exemplo, a construção da topologia, identificação de objetos etc. O método de leitura ótica por meio de dispositivo de varredura permite a obtenção de imagens digitais a partir da movimentação de um detector eletrônico sobre um mapa. Embora seja um processo mais rápido que a digitalização, não é adequado para todos os tipos de situações, pois, para poder ser lido por um scanner, o mapa precisa apresentar algumas características que vão permitir que as imagens geradas sejam de boa qualidade. 2.5.2 Natureza dos dados Os dados georeferenciados possuem quatro componentes principais que armazenam informações sobre o que é a entidade, onde ela se localiza, qual seu relacionamento com outras entidades e em que momento ou período de tempo esta entidade é válida. a) Atributos qualitativos e quantitativos: são os componentes que armazenam as características das entidades, podendo ser representados de forma numérica e possuindo aspecto não-gráfico; b) Atributos de localização geográfica: envolvem conceitos de métrica, sistema de coordenadas, distância entre pontos, medidas de ângulos etc; sendo referentes à geometria dos objetos; c) Relacionamento topológico: são os componentes que representam as relações de vizinhança espacial interna e externa dos objetos; d) Componente tempo: faz referência às características temporais, sazonais e periódicas dos objetos. 2.5.3 Qualidade dos dados Mesmo em matéria de software, é possível que existam erros, que devem ser identificados e corrigidos. Os erros podem acabar sendo introduzidos no 29 banco de dados por diversas formas: por erro nas fontes originais, erros adicionados ao longo do processo de obtenção e armazenamento, gerados durante a exibição ou impressão, ou decorrentes de resultados equivocados em operações de análise de dados. A acurácia dos dados pode ser definida como a estimativa dos valores serem verdadeiros, ou como a probabilidade de estarem corretos. Contudo, o objetivo de encontrar os erros não é, necessariamente, eliminá-los, mas sim gerenciá-los, pois sempre haverá, mesmo que mínimo, algum erro associado às informações espaciais. Assim, é um elemento essencial para que os usuários confiem no sistema, pois erros significativos podem afetar os resultados das análises por longos períodos de tempo até serem descobertos. Já a precisão pode ser definida como o número de casas decimais ou dígitos significativos de uma medida. Ou seja, se um objeto especial possui atributos de posicionamento com vários dígitos significativos, não implica que esta informação seja acurada. Entretanto, embora todos os dados espaciais sejam representados com algum grau, mesmo que mínimo, de erro, geralmente são representados computacionalmente com alta precisão. Para medir a qualidade dos dados, podem ser usados os seguintes componentes: acurácia posicional, acurácia dos atributos, consistência lógica, resolução de imagens, fator tempo, completude de informações e histórico do processo de obtenção dos dados. 2.6 Coordenadas geográficas As coordenadas geográficas constituem um sistema de linhas imaginárias que dividem a Terra, facilitando, assim, determinar a localização de áreas. Este sistema foi criado com o intuito de padronizar a localização espacial de qualquer ponto do globo terrestre, criando uma linguagem universal. Para entender esse sistema de coordenadas, é preciso, antes de tudo, estar familiarizado com os conceitos de longitude, latitude e com os pontos cardeais. 30 2.6.1 Pontos cardeais São pontos básicos utilizados para determinar as direções, e são concebidos a partir da posição na qual o Sol se encontra ao longo do dia. São eles: norte, sul, leste e oeste. Na figura abaixo, a denominada Rosa dos Ventos, há a representação dos quatro principais pontos: os cardeais, assim como os colaterais – nordeste, sudeste, noroeste e sudoeste. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_cardeal 2.6.2 Longitude A longitude se determina por linhas que cortam o globo terrestre no sentido norte-sul, passando pelos dois polos e sendo denominadas de meridianos. Todos os meridianos dividem a terra ao meio, pois passam pelos dois polos. O mais famoso dos meridianos é o Meridiano de Greenwich, que foi determinado em 1884 como o "marco zero", e que até hoje é utilizado universalmente para a localização de pontos da Terra. A partir do Meridiano de Greenwich são calculados os demais, se situando 180° a leste e a oeste do marco zero, totalizando assim os 360° da Terra. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_cardeal 31 Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/meridiano-greenwich.htm Conforme pode ser visto no mapa, os meridianos localizados a oeste do Meridiano de Greenwich são longitudes negativas, ao passo que os meridianos localizados a leste são longitudes positivas. Cada grau da longitude é dividido em 60 (sessenta) minutos e esses se subdividem em 60 (sessenta) segundos. Assim, o formato utilizado para informar uma longitude é: graus°, minutos' e segundos''. 2.6.3 Latitude A latitude se determina por paralelos, que são linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido leste-oeste, tendo a linha do Equador como latitude zero. A linha do Equador corta o globo terrestre exatamente ao meio, dividindo a Terra em duaspartes iguais (hemisfério norte e hemisfério sul), tendo sido convencionado como a latitude zero. Ao norte do equador, a latitude é positiva e ao sul, negativa. Conforme se desloca para o norte ou para o sul, a latitude aumenta em proporções iguais, conforme é possível verificar na imagem abaixo. 32 Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/geografia/latitudes-longitudes.html Existem também dois paralelos muito conhecidos: o Trópico de Câncer, localizado nas coordenadas 23°26'00'', e o Trópico de Capricórnio, localizado nas coordenadas -23°,27'09", onde está situada a Zona Tropical. Fonte: https://www.todamateria.com.br/tropicos-de-cancer-e-capricornio/ A partir do conteúdo apresentado nesta aula, é possível vislumbrar que a análise criminal espacial está diretamente vinculada à estatística espacial, visto que é necessário conhecimento sobre os princípios básicos da estatística espacial, para então aplicá-los na análise criminal espacial. Realizar estatística espacial não é um trabalho simples, pois vai além da mera inserção de dados, sendo necessária uma gama de cálculos, medições e https://www.todamateria.com.br/tropicos-de-cancer-e-capricornio/ 33 processos para sua construção, tendo em vista que muitas vezes não há mapas prontos ou escalas adequadas para a realização do trabalho. É por isso que saber ler e interpretar um mapa é uma necessidade para o analista criminal, devendo ele entender os conceitos de latitude, longitude e conhecer os pontos cardeais e colaterais, possibilitando, assim, que se construam bons mapas e que os resultados obtidos pela pesquisa se aproximem de maneira mais próxima da realidade. Resumo da aula 2 Nesta aula abordou-se a análise de regressão, instrumento de apresentação de dados cujo objetivo é determinar a relação de duas ou mais variáveis distintas. Ingressou-se, então, no tópico acerca da análise criminal espacial que, para ser melhor compreendida, necessita o entendimento de princípios básicos da estatística espacial. Então, foi abordado acerca da estatística espacial e seus conceitos básicos (geoprocessamento, latitude, longitude e pontos cardeais), apresentando exemplos para facilitar a visualização. Atividade de Aprendizagem Elabore um texto apresentando os princípios básicos da estatística espacial, desenvolvendo acerca dos conceitos apresentados em aula. Aula 3 – Sistemas de informações Apresentação da aula 3 Nesta aula será trabalhado o uso de informações e diagnósticos em segurança urbana, bem como a operacionalização da análise criminal. 34 Posteriormente, será adentrado no tema Sistema de Informações Geográficas – o SIG – explicando e exemplificando suas funções. 3.1 O uso de informações e diagnósticos em segurança urbana Conforme comentado no módulo anterior, junto com o surgimento das novas tecnologias vem também a modernização da criminalidade, que se adapta e encontra novas formas para se manifestar. Em razão destes avanços, cabe também aos órgãos de segurança pública se modernizarem, buscarem outras formas de prevenir e reprimir o crime. E é neste ponto que o uso de informações e diagnósticos se faz importante. Construir um banco de dados sólido permite que se acompanhe de maneira incisiva a situação da criminalidade. O Brasil ainda se encontra atrasado nesse contexto, mas caminha lentamente para uma mudança de paradigma. Para que o banco de dados seja alimentado, é necessário que sejam analisados determinados aspectos, como: identificação de tendências e padrões que permitam avaliar de maneira adequada a relação entre percepções sociais de medo e as taxas reais de criminalidade, o perfil dos agressores e vítimas, a distribuição espacial dos delitos, a incidência em diferentes grupos sociais, as chances de punibilidade e o real impacto das ações e políticas públicas de segurança nas taxas de criminalidade. Entender a necessidade da existência e manutenção de um banco de dados referentes à segurança pública é imprescindível para que o processo de modernização finalmente se desenvolva de maneira plena, possibilitando que sejam desenvolvidos novos métodos de prevenção e repressão ao crime. 3.2 Operacionalização da análise criminal A operacionalização de uma análise criminal é feita a partir da formulação de um quadro de compreensão sobre o problema analisado, buscando identificar suas causas. É a partir desse quadro que serão criados os subsídios necessários para o processo de tomada de decisão quanto às estratégias a serem adotadas para solucionar o problema. 35 3.2.1 Teorias científico-sociais que contribuíram para a análise criminal Dentre todas as abordagens que podem ser utilizadas para fins de análise criminal, destaca-se a abordagem ecológica do crime, que analisa os processos sociais a partir da perspectiva da comunidade, dando ênfase nos conceitos epidemiológicos, biológicos e geográficos para explicar a distribuição das taxas de criminalidade. O que faz essa abordagem ser tão importante é o fato de que o analista criminal não pode restringir seu trabalho apenas em analisar se os recursos, ações e políticas de segurança pública empregados pelos órgãos de segurança pública têm incidência sobre o crime. Afinal, são vários os fatores que aumentam ou diminuem a incidência de crimes, seja direta ou indiretamente. É por essa razão que as teorias provenientes das ciências sociais se fazem tão necessárias e têm utilidade direta no trabalho do analista criminal. São elas: a) Teoria das atividades rotineiras: é a teoria do delito em que a análise é feita com base em um aspecto situacional, analisando o contexto da situação em que o crime ocorreu; b) Teoria dos locais desviantes: tem como base a premissa de que o meio modifica o homem, explicando o crime também como algo associado ao meio físico em que o criminoso está inserido; c) Teoria da desorganização social: toma por base que a desorganização social contribui para o fortalecimento do crime, visto que nos locais onde está presente há estrutura suficiente para as organizações criminosas se apoiarem. Para esta teoria, esta seria a explicação do porque a criminalidade é tão fortalecida nas favelas, visto que são desestruturadas, alvos fáceis para o tráfico de drogas. 3.2.2 Cuidados a serem tomados na análise de dados Apresentam-se aqui alguns dos problemas enfrentados quando da análise de dados, prejudicando sua aplicação: 36 a) Sazonalidade: a existência de diversos fatores e situações relacionados ao calendário anual podem explicar porque a criminalidade cresce ou diminui em determinadas épocas do ano. Portanto, é sempre necessário comparar períodos de tempo equivalentes, para que não haja erro nos relatórios. No verão, por exemplo, as pessoas costumam ficar até mais tarde nas ruas, ou viajar e deixar suas casas vazias, pouco ou nada protegidas, propiciando oportunidades para a ocorrência de crimes. b) O problema da unidade de análise: é cediço que um pequeno número de membros de uma comunidade é que são responsáveis pela ocorrência de muitos crimes – o chamado fenômeno da concentração espacial do crime. Portanto, quando forem realizadas comparações, é necessário que estas sejam feitas entre unidades territoriais equivalentes administrativamente, ou seja, bairro com bairro, estado com estado etc., e também que possuam características sociais, culturais e econômicas semelhantes, sempre que possível. c) A escolha do período-base de comparação deve ser realizada de maneira muito bem pensada, pois é de extrema importância, visto que, dependendo do crime estudado e do período base de comparação utilizado, podem haver divergências nos dados, fazendo com que os dados coletados sejam incorretos. Portanto, é necessário que sejam tomados dois cuidadosespeciais: utilizar um período "normal", ou seja, em que os valores não sejam muito altos nem muito baixos e não escolher um período base muito distante do período de comparação. d) Cálculo de porcentagens e taxas com bases muito pequenas: quanto maior a base, menores serão as oscilações percentuais. Deve-se tomar demasiado cuidado neste ponto, para não alardear percentuais exorbitantes de crimes quando foram baseados em um número absoluto pequeno. e) Tomar dados de notificação de crime como se fossem o universo dos crimes: é fato que nem todas as vítimas de crime relatam o ocorrido às autoridades policiais, fazendo com que as estatísticas oficiais sobre os crimes não estejam completamente corretas. Portanto, muitas vezes, o aumento da estatística de determinado crime pode apenas significar o aumento de notificações acerca deste crime, devendo então sempre levar em consideração 37 quais foram as medidas que foram tomadas para que se estimulasse a notificação. f) Atividade policial: é sempre importante verificar os indicadores positivos do trabalho realizado pela polícia, ou seja, o número de veículos e armas apreendidos, o número de cargas recuperadas, de prisões efetuadas. Isso porque estes indicadores podem ter relação com a diminuição ou o aumento da criminalidade. Entretanto, deve-se tomar cuidado para não analisar esses números de forma absoluta, correndo-se o risco de chegar a resultados enganosos. g) Certos indicadores refletem simultaneamente atividade policial e fenômenos criminais: as estatísticas relacionadas à existência de entorpecentes, armas, crimes de trânsito etc., podem ser positivas quando estiverem aumentando, se este aumento se der por conta da intensificação do trabalho policial. Em contrapartida, este mesmo dado, se não vinculado à intensificação da atividade policial, pode significar apenas que há mais drogas e armas em circulação. h) Identificação de tendências: para que seja possível conferir o grau de confiabilidade sobre uma tendência, seja ela de aumento ou de queda dos índices de criminalidade, devem ser feitas pelo menos três observações consecutivas que apontem para a mesma direção, excluindo, assim, os efeitos sazonais e outros. Quanto mais observações consecutivas na mesma direção existirem, é sinal de que ali há uma tendência. i) População flutuante e pendular: diversas cidades, bairros, estados e países possuem altos índices de população flutuante, visto que são locais turísticos ou grandes centros que possuem trabalhadores de outras cidades laborando nestes locais. Portanto, é importante sempre considerar esses dados, para que o resultado obtido se aproxime ao máximo da realidade. j) Hierarquização de cidades, bairros e outros rankings: quando são realizadas comparações entre cidades etc., principalmente em jornais e veículos de mídia, deixa-se de levar em consideração uma gama enorme de variáveis que existem entre os locais comparados. Realizar esse tipo de comparação é um erro ingênuo, que afeta de maneira direta os resultados, pois estes não irão transmitir a realidade. 38 Logo, nota-se que o trabalho realizado pelo analista criminal deve levar em conta diversos fatores e dados, não estando restrito à utilização apenas de dados oficiais, o que pode acarretar em erros. Portanto, é um trabalho dinâmico e que deve buscar sempre por atualizações. 3.3 Estrutura dos relatórios Um breve conceito de relatório é: uma apresentação lógica, simples e sistemática das ideias, trazendo conclusões referentes ao objeto de estudo. Deve conter uma descrição geral do trabalho realizado, bem como os resultados e sua importância. O relatório deve ser escrito de modo a garantir sua compreensão por parte do pessoal técnico e que possa ser utilizado por ele como instrumento de trabalho. Tendo em vista que um relatório formal nem sempre é direcionado apenas para quem domina o assunto, é importante que quando se referir a um assunto, seja dada explicação prévia sobre ele. Tendo em vista o dinamismo existente no ambiente de trabalho, é importante que o relatório apresente um breve sumário que contenha o tema do trabalho, como foi realizado e quais foram os resultados e as conclusões. 3.3.1 Seções dos relatórios Para evitar que o leitor tenha que ficar procurando demasiadamente pelos resultados, é necessário que o relatório seja dividido em seções, facilitando sua compreensão e leitura. O relatório deve conter, no mínimo, as seguintes sessões: 1 – Página de Título; 2 – Sumário; 3 – Índice; 4 – Introdução aos resultados obtidos; 5 – Metodologia de análise; 6 – Observações experimentais e resultados; 7 – Discussão dos resultados e conclusões; 39 8 – Bibliografia; 9 – Apêndices. 3.4 Sistemas de informação geográfica e mapeamento criminal Em breve definição, o Sistema de Informação Geográfica – também conhecido como SIG – consiste em sistemas de gerenciamento de banco de dados que trabalham com dados que possuam uma variedade espacial, ou seja, trabalham com dados que possuam sua localização espacial descrita e individualizada na base de dados. Possui seis funções básicas, que qualquer SIG deve ser capaz de executar, para, assim, ser útil na busca de soluções para problemas reais. São elas: capturar dados: armazenar dados, consultar dados, analisar dados, exibir dados e saída. Apresenta-se, aqui, a especificação de cada uma dessas funções: a) Capturar dados: o SIG mais versátil é aquele que possibilita mais métodos de entrada, ou seja, fornece métodos de entrada de dados geográficos: as coordenadas, tabelares e atributos (dados que têm uma característica de qualidade, que atendem ou não às especificações do produto); b) Armazenar dados: existem dois modelos de dados básicos para armazenamento dos dados geográficos: o raster e o vetor, devendo todo o SIG ser capaz de armazenar dados nestes dois modelos; c) Consultar dados: o SIG deve fornecer meios para localizar feições específicas, com base no local ou valor do atributo; d) Analisar dados: capacidade de responder às perguntas referentes à interação dos relacionamentos espaciais entre múltiplos conjuntos de dados; e) Exibir dados: o SIG deve possuir ferramentas que permitam a visualização de feições geográficas utilizando uma variedade de simbologias; f) Saída: a capacidade do SIG de exibir os dados de diversas maneiras (formatos), seja por meio de gráficos, mapas ou relatórios. Tendo em vista que o Banco de Dados Geográficos é o componente mais caro e duradouro do SIG, a entrada de dados deve ser tratada com extrema 40 importância. A figura a seguir tem como objetivo demonstrar a estrutura pela qual a SIG é formada: Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/2758061/ 3.5 Armazenamento de dados Conforme mencionado anteriormente, existem dois modelos de dados básicos para armazenamento de dados geográficos, que serão desenvolvidos separadamente. 3.5.1 Dados vetoriais É o modelo que representa feições geográficas de maneira semelhante aos mapas, por meio de áreas, linhas e pontos, utilizando o sistema Cartesiano (x;y). A título de explicação, relaciona-se aqui um exemplo para melhor visualização: Fonte: https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/cursos_online/gvsig/estrutura_de_dados_geogrficos.html https://slideplayer.com.br/slide/2758061/ https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/cursos_online/gvsig/estrutura_de_dados_geogrficos.html 41 3.5.2 Dados raster Ao contrário do modelo vetorial, o modelo de dados raster não representa as feições pelo método cartesiano (x;y), mas sim, atribui valores para as células que cobrem os locais das coordenadas. É um formato bem apropriado para análise espacial e também para armazenar dados colecionados em formatos grandes. A quantidade de detalhes irá depender do tamanhodas células na grade, tornando esse modelo impróprio para aplicativos em que se deve conhecer discretos limites. Apresenta-se, aqui, para melhor visualização do modelo, um exemplo de dados raster: Fonte: https://pt.slideshare.net/guest72086/introduo-ao-sig Também com o objetivo de melhor exemplificar os modelos, evidencia-se uma figura comparativa entre os dois modelos – vetorial e raster – e o mundo real: 42 Fonte: https://pt.slideshare.net/guest72086/introduo-ao-sig 3.6 Consulta de dados Neste tópico, será trabalhada a maneira pela qual se identificam as feições, sejam elas específicas ou com base nas condições. a) Identificando feições específicas: é o tipo mais comum de consulta do SIG, que serve para identificar o que existe em um determinado local específico. Para realizar esse tipo de consulta, o usuário já sabe onde as feições de interesse estão, mas almeja saber quais são as características associadas às feições; b) Identificando feições com base nas condições: é o tipo de consulta utilizada para determinar locais que satisfazem determinadas condições. Nesta consulta, o usuário já sabe quais são as características importantes e tem como objetivo descobrir onde estão as feições com estas características. Para melhor entendimento deste tópico, fornece-se aqui uma imagem comparativa das duas maneiras, a título de exemplificação: https://pt.slideshare.net/guest72086/introduo-ao-sig 43 Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/2758061/ Veja-se então que estes dois meios de consulta não são excludentes entre si, pois, ao passo que um busca encontrar as características associadas às feições, o outro tem como objetivo encontrar onde estão as feições que possuem determinadas características. 3.7 Análise de dados A análise geográfica envolve muito mais que um conjunto de dados geográficos, exigindo que o analista realize uma série de etapas, para então encontrar um resultado. Existem três tipos mais comuns de análise geográfica: análise de proximidade, análise de sobreposição e análise de rede. Na análise de proximidade, a tecnologia SIG utiliza um processo chamado mapa de distância, cujo objetivo é determinar a proximidade entre as feições. Esse tipo de análise é muito utilizado para responder perguntas como: quantas casas estão localizadas a 100 metros do rio? Qual o número plantações em um raio de 50 metros de um determinado ponto específico? A análise de sobreposição, por sua vez, combina as feições de duas camadas para criar uma terceira camada, que irá conter os atributos de ambas 44 as camadas sobrepostas. Ao analisar a camada resultante, é possível determinar quais feições se sobrepõem ou quantas feições estão presentes em uma ou mais áreas. Já a análise de rede tem como objetivo examinar como as feições lineares estão conectadas e como os recursos podem atravessá-las. 3.8 Visualização de dados A visualização dos resultados, em determinadas operações geográficas, é muito melhor quando é feita por meio de mapas ou gráficos. Afinal, os mapas são ótimos instrumentos para armazenar e distribuir informações geográficas, podendo ser integrados com relatórios, imagens tridimensionais, fotos e demais recursos. 3.9 Saída de dados Uma das principais justificativas para investir em recursos SIG é a possibilidade de compartilhar os resultados do trabalho gráfico realizado, sendo importante fornecer uma saída em um formato que permita distribuição. Logo, quanto mais opções de saída um SIG oferecer, melhor será, pois terá maior potencial para alcançar o público. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/2758061/ 45 3.10 Mapeamento criminal O mapeamento criminal é uma ferramenta importante para a redução do problema da criminalidade, pois, mediante a sua realização, é possível concluir determinadas informações e, com base nelas, formular e implementar políticas que permitam prevenir e reduzir a criminalidade de maneira mais efetiva. Por meio do mapeamento criminal é que se podem compreender melhor as causas do fenômeno da criminalidade, assim como permite gerar uma base de dados sólida para monitorar e melhorar o entendimento das tendências espaciais e temporais da criminalidade. É nesse contexto que a tecnologia SIG, assim como o geoprocessamento, se mostram ferramentas computacionais importantes, pois, por meio delas é possível, por exemplo, mensurar os índices de criminalidade, a segurança do cidadão em determinada localidade etc. No mapeamento criminal, há a combinação dos dados geográficos, proporcionando oportunidade de exploração e análise de dados que não existem na ausência de dados geográficos. Com base em todo o conteúdo exposto na presente aula, é visível que o SIG é um instrumento-chave para a realização da análise criminal, visto que possibilita a união de diversos dados e sua transformação em gráficos, tabelas, mapas e relatórios. O SIG é um instrumento de muita importância para análise criminal, pois permite que dados sejam combinados, possibilitando, por exemplo, que sejam encontradas as zonas quentes, identificação de territórios de gangues, construção da superfície da criminalidade, cálculo das taxas específicas para determinada área etc. Portanto, dominar essa ferramenta é de extrema necessidade para o analista criminal, pois, por meio dela, pode desempenhar suas tarefas de maneira mais ágil, completa, lhe sendo permitida a construção de mapas que apresentem feições claras de onde há maiores índices de criminalidade. É nesse sentido que a modernização, não só do modo de fazer segurança pública, mas também de se analisar o fenômeno da criminalidade, se faz mais presente, utilizando de tecnologias para calcular e mapear a real situação da 46 segurança pública, permitindo, assim, que o mundo real seja traduzido em dados e as melhores providências possam ser tomadas. Resumo da aula 3 Nesta aula foi explanado acerca dos sistemas de informação, da operacionalização da análise criminal e sobre o mapeamento criminal. Primeiramente, foi demonstrado o uso de informações e diagnósticos em matéria de segurança urbana. Após, foi apresentada a forma com que se realiza a operacionalização da análise criminal, discorrendo-se brevemente sobre as teorias provenientes das ciências sociais e suas contribuições em matéria criminal, sendo elas: teoria das atividades rotineiras, em que a análise do delito é feita com base no aspecto situacional oportunidade; a teoria dos locais desviantes, que desenvolve sobre a maneira com que o meio influencia o homem e, por fim, a teoria da desorganização social, que sustenta que os locais desprovidos de estrutura fornecem base para que as organizações criminosas se estabeleçam. Então, foi comentado acerca das dificuldades encontradas quando se realiza o trabalho de análise criminal. Em tópico específico, foi discorrido acerca dos problemas e apontados quais cuidados devem ser tomados no momento da análise, evitando possíveis resultados divorciados da realidade. Também foi comentado acerca da estrutura dos relatórios, o que devem conter, quais são as seções que devem existir e a necessidade da construção de um breve sumário, com a finalidade de facilitar a leitura do relatório. Finalmente, iniciou-se o tópico acerca do Sistema de Informações Geográficas, o SIG, que consiste em sistemas de gerenciamento de banco de dados, trabalhando com dados que possuam variedade espacial. O SIG possui seis funções básicas: capturar dados: armazenar dados, consultar dados, analisar dados, exibir dados e saída. Na função de captação de dados, o SIG que mais possibilitar métodos de entrada de dados geográficos é considerado o mais versátil. Existem dois modelos de dados básicos para armazenamento dos dados geográficos: oraster e o vetor, devendo todo o SIG ser capaz de armazenar dados nestes dois modelos. 47 Quanto à função de consulta de dados, o SIG deve fornecer meios para localizar feições específicas com base no local ou valor do atributo. Já para analisar dados, deve ter a capacidade de responder às perguntas referentes à interação dos relacionamentos espaciais entre múltiplos conjuntos de dados. A função de exibição de dados é aquela que permite a visualização de feições geográficas utilizando uma variedade de simbologias, por meio de várias ferramentas. Por último, na função de saída de dados, consiste na capacidade do SIG de exibir os dados de diversas maneiras (formatos), seja por meio de gráficos, mapas ou relatórios, possibilitando assim fácil acesso aos resultados. Atividade de Aprendizagem Sobre as funções do SIG: elabore um texto desenvolvendo acerca de cada função, demonstrando suas utilidades. Aula 4 – Cartografia Apresentação da aula 4 A presente aula tem como objetivo apresentar breves noções de cartografia, cujos conceitos são necessários para compreender o tópico de construções de mapas do SIG. Aqui serão apresentados os conceitos de projeções cartográficas, desenvolvendo e exemplificando cada um dos tipos existentes, bem como será discorrido acerca das escalas cartográficas, apresentando suas duas formas. Por fim, será tratado acerca da construção de mapas do SIG, onde serão exemplificados os tipos de mapa, quais as suas funções e como funciona o seu processo de construção. 48 4.1 Projeções cartográficas As projeções cartográficas são as formas de representar a superfície terrestre em um plano, ou seja, de representar inclusive aclives e declives de maneira plana. Vocabula rio Aclive: inclinação de terreno apontada para cima, considerada de baixo para cima. Declive: superfície cuja altura diminui gradualmente à medida que é percorrida. A maior dificuldade enfrentada por esse meio de representação foi a de como representar uma superfície esférica em um plano. Para sanar esta questão, ao longo dos séculos foram desenvolvidos diversos modelos, com base em cálculos matemáticos, cada um apresentando distorções diferentes em áreas distintas. 4.2 Tipos de projeções Dividem-se as projeções em três tipos básicos: plana, cônica e cilíndrica. Todos estes tipos podem ser secantes ou tangentes, isto é, quando foram tangentes, significa que a tangente coincide com o limite do globo terrestre, ao passo que quando forem secantes, significa que cortam o globo em sua extremidade. 49 4.2.1 Projeções azimutais (planas) Fonte: https://www.coladaweb.com/geografia/projecoes-cartograficas A projeção azimutal ou plana é realizada por meio de um plano tangente à esfera terrestre, de acordo com o que se vê na figura acima. É no ponto de tangência que se localiza o centro da representação cartográfica, sendo que as áreas mais próximas deste apresentam pequenas distorções. Ou seja, quanto mais distante estiver a área do centro da representação, mais distorções irá apresentar, ou talvez até desaparecerá. O uso mais comum deste tipo de projeção é geopolítico, pois permite realçar a posição de um país ao colocá-lo no ponto de tangência, transformando- o, assim, no centro da projeção. Também é utilizado para elaboração de mapas aeronáuticos e de navegação. 4.2.2 Projeções cônicas São aquelas que representam o globo terrestre sobre um cone imaginário que entra em contato com ele em um dado paralelo. Apresenta distorções pequenas nas áreas próximas ao paralelo e, quanto mais distantes as áreas estão do paralelo, mais as distorções aumentam. O uso mais comum para este 50 tipo de projeção é quando há necessidade de representar áreas com grande extensão latitudinal ou áreas de latitude entre 30° e 60°. Apenas para fins ilustrativos, segue uma figura da projeção cônica: Fonte: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/projecoes-cartograficas-cilind rica-conica-e-azimutal.htm 4.2.3 Projeções cilíndricas Fonte: https://escolaeducacao.com.br/projecoes-cartograficas/ São aquelas que projetam a esfera sobre um cilindro. Quando tangentes, sua distorção aumenta à medida que a latitude aumenta, isto é, quando se aproxima dos polos. Já quando secantes, as distorções aparecem de formas mais distribuídas e reduzem nas proximidades dos polos. Neste tipo de projeção, o espaçamento entre os paralelos adjacentes aumenta com a latitude, fazendo com que a distorção leste-oeste seja acompanhada pela distorção norte-sul. É a forma de representação mais conhecida, utilizada para a produção de mapas-múndi, pois representa toda a superfície terrestre. A projeção cilíndrica mais utilizada é a Universal Transversal de Mercator (UTM), cujo objetivo é abranger todas as longitudes. Para isso, divide a superfície terrestre em 60 fusos, com amplitude de 6° de longitude cada, e limita- 51 se a latitude para 84° Norte e 80° Sul, visto que, para latitudes maiores, as distorções são demasiadamente significativas. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-32-A-Projeccao-Universal-Transvers e-Mercator-UTM-System-V_fig3_303984517 Curiosidade A projeção cilíndrica mais antiga é a de Mercator, datada de 1569. Entretanto, se diferencia da Universal Transversal de Mercator, pois na projeção de Mercator o cilindro é paralelo ao eixo de rotação da Terra, já na UTM, é perpendicular. Concluídos os conceitos acerca da projeção gráfica, passa-se à explicação sobre as escalas cartográficas. 4.3 Escala cartográfica A escala cartográfica é um dos principais elementos de um mapa, pois é por meio dela que se identifica a proporção existente entre a representação e o mundo real. Ou seja, é a escala cartográfica que permite que seja calculado o tamanho real de uma área. Existem duas formas de escala: https://www.researchgate.net/figure/Figura-32-A-Projeccao-Universal-Transvers%20e-Mercator-UTM-System-V_fig3_303984517 https://www.researchgate.net/figure/Figura-32-A-Projeccao-Universal-Transvers%20e-Mercator-UTM-System-V_fig3_303984517 52 4.3.1 Forma numérica É a forma que se apresenta a partir de uma função ou proporção, indicando a relação entre a distância do mapa e a distância real. Exemplo: Uma escala 1:1.000.000 (um por um milhão) pode ser traduzida como: cada centímetro do mapa corresponde a um milhão de centímetros no mundo real. Portanto, cada centímetro do mapa equivale a 10 quilômetros na área real. Fonte: https://pt.slideshare.net/abnerdepaula/escala-cartogrfica 4.4 Forma gráfica A escala gráfica é representada por um segmento de reta em que uma unidade de medida na reta equivale a determinada medida real. Por exemplo: https://pt.slideshare.net/abnerdepaula/escala-cartogrfica 53 Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/escalas.htm Na figura acima, cada sequência da reta possui um centímetro. Logo, cada um centímetro do mapa equivale a 50 metros na área representada. 4.5 Construção de mapas do SIG A representação de um objeto gráfico em um mapa pode se dar por linhas, pontos ou polígonos, elementos que podem estar ligados a vários atributos (base que define o objeto). a) Linhas: são um conjunto de pontos conectados. São utilizadas, em sua maioria, para representar ruas, rios, trajetos etc; b) Pontos: têm a função de abranger as entidades gráficas que são representadas por um par de coordenadas de latitude e longitude, permitindo, assim, sua localização espacial. Por exemplo: registros de determinadas doenças, estações de trem, terminais de ônibus, lojas de uma rede de comércio, ocorrências criminais determinadas; c) Polígonos: consiste em um conjunto de linhas fechadas sobre uma área. Utilizado