Buscar

40-Métodos de Estudos Bíblicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO TEOLÓGICO JEOVÁ RAFÁ 
 
O Itef – É Amparado pela FAITE – Faculdade Internacional de 
Teologia. 
 
 
 
Apostila de 
 
Metodos de Estudos 
Bíblicos 
 
 
Diretor: 
Clesilvio de Castro Sousa 
Prof. e Bacharel em Teologia. 
 
 
(85) 98696-3869 
www.itef-cursosdeteologia.com 
Diretor: Pr. Dr. Clesilvio de Castro Sousa 
 
http://www.itef-cursosdeteologia.com/
2 
 
 
 
Tema: Palavra do Diretor 
 
Antes de começar nossos estudos, quero agradecer por ter se matriculado 
no nosso Seminário Maior de Estudos Teológicos, quero dar-te as boas vindas e te 
desejar bons estudos. Quero que saiba que estarei aqui pra te auxiliar no que for 
necessário, contudo, quero que se esforce com toda dedicação pra obter um bom 
estudo. 
Fazer um estudo teológico não é algo difícil, mas também não é tão fácil, 
contudo, quando buscamos a direção do Espírito Santo, com toda dedicação e 
devoção, somos levados a ter toda revelação que necessitamos. 
Tenho total confiança em você, querido aluno, confiança essa que me leva a 
saber que no futuro próximo, será um grande defensor da fé, e quem sabe um grande 
obreiro capaz de pregar o evangelho com toda excelência e amor. 
Quero aqui fazer uma aliança com você, uma aliança a qual primeiramente 
será feita com o Senhor JESUS CRISTO, filho de Deus. A aliança é que irá estudar 
com desejo de aprender mais de Deus, com intenção de ser edificado, com amor e 
alegria, e quando possível, poder falar e compartilhar tudo quanto tem aprendido a 
outros para a glória de Deus. 
Busquem estudar a Bíblia todos os dias com a intenção de conhecer 
intimamente seu autor, o Espírito Santo, que a Palavra de Deus seja seu alimento 
constante, isso fará que venhas a ter um conhecimento e crescimento espiritual. 
Não estude e não leia a Bíblia somente com um objeto de estudo, mas 
estude com os olhos espirituais pedindo sempre a revelação de Deus e aplicando 
tudo que aprender e ler em sua vida, tudo que ler, veja como um espelho pra você e 
não como algo que somente serve pra outras pessoas, e o mais importante, leia 
crendo sem duvidar. (Hebreus 11.1) 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Poucas observações bastariam para ressaltar nosso dever como estudantes de 
teologia do estudo diário das Escrituras. Note que é um dever e não uma opção, 
considerando que este era o proceder de Nosso Mestre, da Antiga Comunidade e dos próprios 
escritores bíblicos. O que conhecemos da Revelação de Deus está na forma compreensão 
dessa revelação. Este estudo pressupõe, ou parte do pressuposto que o futuro pastor (ou 
líder de Comunidade Evangélica) é e será um estudioso das Escrituras, por essa razão este 
estudo dará uma orientação metodológica para que esse estudo seja eficaz. 
 
Todos os que se aproximam das Escrituras, utilizam‐se de um método de estudo da 
mesma, consciente ou inconscientemente. Não há problema em ter um método de estudo 
dasEscrituras, desde que esse método seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros. 
É necessário verificar se o método que utilizamos para estudar as Escrituras é bom. Mesmo 
aqueles grupos que afirmam não estudar a Bíblia, têm seu modo especial de basear nela 
os seus pensamentos. Outros, mas conscientes da necessidade de estudo, utilizam‐se de 
Comentários, Dicionários Bíblicos, livros de estudo dirigido e outras obras, para obter 
compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas, “garimpar” estudos na Internet, 
comprar muitos livros e assistir a pregações é para a maior parte das pessoas o único método 
de estudar as Escrituras que conhecem. Uma pergunta aqui é oportuna: Por que devo 
estudar as Escrituras com um método específico? Uma infinidade de pessoas já não fez 
estudos que estão em bons livros, enciclopédias e dicionários bíblicos? Qual é a razão 
de tentar estudar de novo? Como resposta apresentamos quatro boas razões: 
 
Razão 1‐ Não podemos absorver a “teologia” dos que nos rodeiam. Uma leitura atenta nas 
Escrituras comprova que esta sempre foi a causa principal do desvio da fé do povo de Israel, 
ele absorveu os conceitos e costumes dos povos vizinhos, apesar das claras advertências 
que lhe foram dadas. “Modismos” criam teologiase tendências doutrinárias que, por se 
tornarem populares, agradam a multidões de pessoas despreocupadas com o estudo sério e 
a comprovação acurada da verdade. O que chamamos de “modas” teológicas não é 
necessariamente sinônimo de sucesso espiritual correto, pois, esse sucesso na maioria das 
vezes está fundamentado numa mentira. 
 
 
 
Vejamos como exemplo: As multidões seguiram aqueles homens que se revelaram 
contra Moisés no deserto, o bezerro de ouro teve sucesso como atrativo visível para uma 
Usando um método correto 
 
Primeira razão para o estudo das 
Escrituras: Não podemos absorver a “teologia dos que nos rodeiam 
4 
 
 
 
nova fé, nesse momento o povo de Deus criou uma nova “teologia”. Era a moda do momento 
cantar e dançar em volta do novo ídolo que brilhava sob os 
 
raios do sol matinal. Era contagiante a alegria desse povo, eles pareciam tão felizes! Josué 
pensou até que eram gritos de batalha. Porém, não havia nada de verdade, era a alegria e 
o entusiasmo momentâneo de uma falsidade religiosa nova e atraente, uma falsidade 
cheia de dança e euforia. Condenável condição do povo! Triste desvio da fé! Tudo era vão 
e ilusório (Leia atentamente: Êxodo 32:4‐7 e versos 17‐19). 
 
Na sua misericórdia, porém, O Eterno corrigiu o povo, com severidade, é certo, mas 
deveriam aprender uma dura lição, uma amarga experiência que ficaria marcada para 
gerações futuras. Examinemos a fé à luz da razão e da revelação que foi dada. 
Examinemos pelas próprias Escrituras toda nova tendência, todo modismo e teologia nova. 
Sejamos, especialmente como futuros líderes, de uma fé madura suficiente para poder 
discernir o certo do errado. Com certeza o Pai Celestial se agrada de “verdadeiros 
adoradores”. João 4:23. Razão 2 ‐ Para termos um método correto de estudo das Escrituras: 
Evitar a má exegese encontrada na literatura “cristã” sobre a Bíblia. Se um teólogo preparar 
seus comentários sobre as Escrituras Sagradas fundamentado na consulta de alguns 
comentários bíblicos suspeitos de heresias como, por exemplo: de Testemunhas de Jeová, 
Ciência Cristã, Reverendo Moon, etc, ou até comentários e dicionários bíblicos editados pelo 
cristianismo, porém de autores cuja opinião não se ajusta com a Bíblia, vai acabar ensinando 
mentiras em nome da fé. O teólogo deve aprender que o único critério de verdade das 
Escrituras Sagradas é a própria Escritura Sagrada. O ponto fundamental é que não 
podemos ensinar opinião humana incorreta, porém, ao mesmo tempo devemos ser 
honestos em reconhecer que entre toda a palha há comentários que se ajustam com a 
verdade, a esses comentários corretos, dentro do padrão da verdade, daremos o maior 
valor. Aqui convêm citar o critério bíblico: “examinai tudo e reter o bem” (I Tessalonicenses 
5:21). Devemos aprender a ter uma perfeita noção de discernimento para distinguir o trigo 
da palha, o ouro da escória. Esperamos que neste curso o futuro teólogo aprenda a ter esse 
discernimento. 
 
Entendemos em primeiro lugar que Deus deseja ser buscado para ser conhecido, 
portanto, se Deus ama suas criaturas, cuida delas e anela traze‐las de volta à Sua 
comunhão, então, com certeza a revelação é possível e necessária. Necessária porque as 
opiniões humanas são pessoais, e, portanto, não são guias seguras e nem suficientes nas 
questões como a vida, a fé e o destino eterno. As opiniões humanas 
são variadas e sempre contraditórias. 
 
 
Isto nos leva a compreender a necessidade de Deus se revelar mediante Sua 
Palavra, de maneira escrita, clara, objetiva, simples e compreensível. Se o Eterno falasse 
com cada homem em segredo, o homem poderia dizer em público o que achasse ser 
mais de acordo com seu próprio proveito, enquanto outro homem diria justamente o 
contráriodo primeiro, resultando daí a confusão. 
5 
 
 
 
 
Razão 3 – O teólogo não tem um “interprete oficial” da Bíblia. Como por exemplo: 
 
Acreditam os católicos que seja o papa o único a determinar o que é certo ou errado 
em questões de doutrina, ou como os Russelitas (Testemunhas de Jeová) que afirmam 
que o único interprete correto da Bíblia é o chamado “corpo governante”. O teólogo deverá 
aprender a estudar de forma correta para determinar com exatidão o que a Escritura está 
dizendo. Se não fizermos isto, estaremos de alguma forma endossando uma espécie de 
“credo oral” que substitui as Escrituras como critério de verdade. Deve perceber que 
inúmeras vezes o “credo oral” passou a ser “credo escrito” (Exemplo: credo de Nicéia). E se 
estabeleceu definitivamente na igreja como doutrina. Não é assim que um verdadeiro 
teólogo deve agir, se ele é e continuará a ser um estudante espiritual da Palavra ele 
mesmo deverá aprender de Deus a encontrar o sentido correto das palavras bíblicas que 
encontra em seu estudo. Deverá ser estabelecido como verdade unicamente o que as 
Escrituras realmente ensinam e nunca uma tradição, por mais anos ou séculos que ela 
tenha. Há nos Evangelhos evidente condenação por manter tradições que não são verdades. 
(Mateus 15:6). 
 
 
 
Razão 4 – Reconhecimento da autoridade das Escrituras com Sagradas. Com toda certeza 
Deus deveria dar à humanidade perdida uma revelação por escrito, para revelar‐se desde 
o início e dando assim, a conhecer o Plano de Salvação. Deveria ser uma Revelação com. 
 
(1) autoridade suficiente para não ser questionada, e para que a mensagem divina 
pudesse ser (2) preservada para todas as gerações. Deveria ser ao mesmo tempo uma 
Revelação (3) escrita, para evitar que a mensagem seja esquecida, alterada ou distorcida. 
Deveria ser (4) inspirada e (5) conclusiva, para impedir que seja substituída por outra de 
opiniões humanas, variadas e contraditórias. Finalmente, deveria a Revelação ser (6) 
compreensível, objetiva e clara, ao alcance de todos, para que todo aquele que deseje 
alcançar a salvação prometida, encontre na simplicidade da Revelação esse Caminho. Em 
resumo acreditamos que Deus nos deu uma revelação com autoridade, por escrito, inspirada 
e compreensível. 
Usando um método correto 
Segunda razão para o estudo das 
Escrituras: Evitar a má exegese encontrada na literatura sobre a Bíblia. 
Usando um método correto 
Terceira razão para o estudo das 
Escrituras: Determinar com exatidão o que as Escrituras estão dizendo, pois não 
temos um interprete oficial. 
 
 
 
 
O Eterno quer que o teólogo se aproxime o máximo possível de sua Vontade. As Escrituras 
é o registro dessa Vontade divina. Logo, é essencial que estudemos a Palavra de Deus e 
procuremos compreendê‐la. Um dos conselhos mais repetidos nas Escrituras, direta ou 
indiretamente é justamente para que procuremos entender a Revelação. 
 
Deus é sábio. Se Ele, na Sua sabedoria deixou Sua Vontade revelada em um livro, então 
temos a certeza de que é possível compreender a vontade de Deus pelo estudo Das Escrituras. 
Se não o fizermos ou desistirmos da tarefa, estaremos desconsiderando a sabedoria divina. 
 
 
Num curso teológico deve haver necessariamente um método de estudo das Escrituras, 
pois, já analisamos em detalhes as razões e a necessidade de ter um método adequado 
de estudo. O Texto Sagrado deve ser estudado seguindo um padrão, uma forma que seja 
correta e evite os desvios “teológicos”, devemos seguir um método que nos aproxime com 
exatidão da verdade bíblica. Se falarmos em método, falaremos em metodologia. Vejamos a 
definição de conceitos: 
 
Método: 
 
1. Procedimento organizado que conduz a certo resultado. 
 
2. Processo ou técnica de ensino. 
 
3. Modo de agir, de proceder. 
 
4. Regularidade e coerência na ação. 
 
Metodologia: Conjunto de métodos, regrase postulados utilizados em determinada 
disciplina e sua aplicação. 
 
O método para o estudo que prepara um pastor é conhecido como método histórico‐ 
crítico. 
Usando um mét
5 
do correto. o 
Quarta razão para o estudo das. 
Escrituras: Reconhecimento da autoridade das Escrituras como Sagradas – 
Necessária, por escrito, inspirada, conclusiva e compreensível. 
6 
 
 
 
O que chamamos de histórico‐crítico é o método de estudo e pesquisa bíblica que 
procura levar em consideração o contexto histórico que envolve o texto, fazendo uma análise 
e avaliação profunda, acurada (crítica) de todas as relações desta informação com o 
sentido original do texto. É importante notar a frase: “sentido original”, pois uma ênfase 
quanto ao sentido gramatical e histórico da narrativa bíblica é a meta ou alvo deste 
método. Realiza‐se com o texto bíblico a tarefa de um pesquisador, o mesmo trabalho de 
um historiador que avalia um documento antigo 
com o propósito de compreende‐lo, pois acreditamos que essa é a única maneira de 
encontrar o significado original do texto. 
 
Deve‐se, antes de tudo, ao estudar um texto levar em conta a época e a situação original 
em que o texto foi escrito. Considere: A Escrituras Sagradas é a palavra do Eterno dada 
através de pessoas históricas ‐ Ele “falou pelos profetas” (Hebreus 1:1‐2), portanto, o trabalho 
de compreender as Escrituras é o trabalho de um historiador, e a história é uma ferramenta 
de trabalho. O próprio texto bíblico, em geral, contém elementos históricos suficiente 
para nós dar uma idéia da situação original. Neste ponto dois elementos precisam ser 
levados em consideração quando tratamos das Escrituras Sagradas: 
 
Elemento 1 – Sua particularidade histórica contrabalançada por sua validade eterna. 
O que isto significa? A particularidade histórica diz respeito ao que estava acontecendo na 
situação original, porém a relevância eterna leva em conta que mesmo em uma situação 
diferente, a mensagem original tem importância para cada geração posterior. 
 
Elemento 2 – Nosso método é um método crítico porque requer o uso de nossas 
faculdades mentais em raciocínios, julgamentos, estudos, pesquisa, esforços. Lembremos 
que a Eterna Inteligência e Bom Censo de Deus estão refletidos em Sua Palavra. É necessário 
que usemos a inteligência que ele nós deu para compreende‐la. 
 
A palavra: “crítico” tem geralmente um sentido negativo, não queremos usa‐la nesse 
sentido. O método é crítico porque pretende avaliar os resultados obtidos e em construir 
um pensamento correto, portanto, é uma crítica construtiva e nunca contra 
as Escrituras. 
 
Sendo assim, a tarefa de um teólogo na sua aproximação da Bíblia é dupla; 
 
Primeiro, um teólogo deve descobrir o que o texto significa originalmente, esta tarefa tem 
um nome científico, é chamada deexegese. Em segundo lugar, devemos aprender a 
discernir o mesmo significado na multiplicidade de contextos novos ou diferentes dos 
nossos próprios dias, esta é a tarefa da hermenêutica. Em definições clássicas você poderá 
encontrar que a hermenêutica abrange ambas tarefas, mas em tratados mais recentes a 
tendência tem sido separar as duas. 
7 
 
 
 
Para um estudo correto, na forma e no método de estudo de um teólogo, exegese 
é ler e explicar os textos sagrados em empatia com os escritores bíblicos. O teólogo é 
primeiramente, no estudo exegético, um historiador que analisa os documentos. Todavia, o 
teólogo deve ir além da análise puramente interpessoal, ele deve assumir a fé que o escritor 
possuía para entender seus escritos e sua forma de pensar. Exegese no método de um 
teólogo é um trabalho: científico, crítico, histórico, literário e espiritual, sendo que, a ordem 
destes fatores poderá ser primeiramente espiritual, sem deixar de usar o resto das 
ferramentas. 
 
A seguir, devemos acrescentar que a hermenêutica é necessária para a exegese. 
 
Exegese é uma palavra que vem da língua grega, sendo composta da preposição EK 
(de) e da forma substantiva do verbo HEGEOMAI (ir, guiar, conduzir) e significa “conduzir 
parafora” o sentido original de um texto. Na exegese nos procuramos entrar no texto 
(EIS), e ficar nele (EM), para então sairmos dele (EK) tirando lições para nós. A 
hermenêutica é a síntese dos resultados da exegese, tornado‐a relevante para o leitor, ou 
auditório. 
 
O trabalho de estudar as Escrituras Sagradas é um grande projeto, mas também um 
grande desafio. Deve ser conduzido com todo cuidado e perseverança. Excelência e 
compenetração são o mínimo que se pode almejar no estudo do Livro. 
 
O trabalho de um teólogo deve ser caracterizado pela alta qualidade. Na exposição 
e no ensino dos preceitos e conceitos bíblicos, esta alta qualidade só é atingida com 
empenho e dedicação. No prefácio de sua edição Manual do Novo Testamento Grego, 
edição de 1735, J. A. Bengel, escreveu: “aplica‐te totalmente ao texto: aplica‐o totalmente a 
ti”. 
 
A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a palavra dos homens 
e a Palavra do Deus. (lembre‐se da questão da tradição, no estudo T_0031). Pelo estudo 
acurado e cuidadoso da palavra Divina devemos nos assegurar de transmitir a mais pura 
vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela. A Escritura não pode falhar (João 
10:35), este é um dos pressupostos de Jesus, devemos aprender a pensar e acreditar dessa 
maneira também. 
 
A inescrutabilidade – O que isso significa? (Deuteronômio 29:29) Existem coisas que 
nunca saberemos agora, deste lado da eternidade. Diante disso devemos ter especial 
cuidado ao lidar com o que não foi claramente revelado nas Escrituras, não estamos 
autorizados a fazer conjeturas ou construir suposições sobre assuntos obscuros, pois muitas 
coisas foram guardadas sob o conhecimento apenas de Deus. 
 
(Atos 1:7, é um exemplo disto). 
8 
 
 
 
O que se requer de um teólogo é um trabalho em três etapas: Estudar exaustivamente o 
texto), compreender (o texto no seu contexto histórico) e explicar (com exatidão e correção). 
 
Vejamos um exemplo: Em Atos 8, podemos notar estes três elementos. 
 
A Escritura estava sendo lida (pelo etíope – verso 28), mas não estava sendo 
compreendida (versos 30‐31). Filipe, quando entrou em contato com o etíope, já 
compreendia o texto (porque tinha estudado em profundidade), e, portanto, explicou 
corretamente a passagem (versos 32‐36). O etíope não entendia o texto apesar de fazer 
a pergunta correta: “a quem se refere o profeta?” (verso 34). Faltava‐lhe informações 
históricas e textuais; de fato; faltava‐lhe uma visão maior do plano de Deus, ou seja, do 
significado das promessas messiânicas no livro de Isaías. 
O grande perigo que existe em esboçar uma metodologia é levar alguém a pensar que 
cada item é independente dos outros. Na verdade todos os itens do método proposto 
são interdependentes e formam um conjunto inseparável. Quatro palavras‐chaves resumem 
o método: TEXTO – CONTEXTO – PALAVRAS – IDÉIAS. Estas são as ferramentas empregadas 
na busca de informações fundamentais para a compreensão 
das Escrituras. 
 
No próximo estudo iniciaremos as considerações sobre estas quatro palavras‐ 
 
Chaves da metodologia para o estudo das Escrituras. Esta ordem deve ser mantida em 
toda aproximação da Palavra do Eterno. 
 
Quem estuda somente os homens, adquire o corpo do conhecimento sem a alma; e 
quem estuda somente os livros, a alma sem o corpo. Quem adiciona observação àquilo 
que vê, e reflexão àquilo que lê, está no caminho certo do conhecimento, com a certeza que 
ao sondar os corações dos outros, não negligencie o seu próprio. Caleb Colton. 
 
O propósito de ter um método de estudo é a total transformação da pessoa. 
 
O método visa a substituição de velhos e destruidores hábitos de pensamento por 
novos hábitos vivificadores. Em parte alguma este propósito é visto mais claramente do que 
na forma em que um teólogo se aproxima do texto. E texto é a primeira palavra‐chave 
que define o método (veja de novo estudos anteriores). É no texto que devemos aplicar toda 
nossa energia mental, pois o primeiro passo no estudo das Escrituras, seguindo o método 
histórico‐crítico, é estabelecer o texto. 
 
É preciso ler com cuidado a passagem, notando qualquer dificuldade textual, palavras 
desconhecidas e estruturas gramaticais. Também é necessário observar o gênero literário 
(se é epístola, narrativa, poesia, alegoria, parábola, etc.), e se dedicar ao estudo do texto. 
9 
 
 
 
O teólogo é um homem transformado pela Palavra de Deus. Como se processa isto? 
Em Romanos 12:2 lemos que a transformação é mediante a renovação da mente. A 
mente é renovada quando colocamos nela as coisas que a transformarão: “tudo o que é 
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é de boa fama, se 
alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” 
(Filipenses 4:8). Você notou a virtude que encabeça a lista? “Tudo o que é verdadeiro”, 
isto é significativo, pois indica a prioridade a ser buscada 
no estudo. 
 
O estudo é o veículo básico que nos leva a ocupar o pensamento, quando estamos 
concentrados no estudo, o pensamento não está por conta de seus próprios inventos. (mente 
desocupada, oficina do diabo – Já ouviu este velho provérbio?). Estudo é um tipo 
específico de experiência em que, mediante cuidadosa observação de estruturas objetivas, 
levamos os processos do pensamento a moverem‐se numa determinada direção. As 
Escrituras Hebraicas instruem no sentido de as leis serem escritas nas portas e nos 
umbrais das casas, e atadas aos punhos, de sorte que “estejam por frontal entre os vossos 
olhos” (Deuteronômio 11:18). A finalidade desta instrução era dirigir a mente de forma 
repetida e regular a certos modos de pensamentos referentes a Deus e suas ordenanças 
e às relações humanas. O que estudamos determina que tipos de hábitos devem ser 
formados. 
 
O processo que ocorre no estudo deve distinguir‐se da meditação. 
A meditação é um processo mais devocional; o estudo é analítico. 
 
A meditação saboreará o texto; oestudo deveexplicar o texto. Embora a meditação e o 
estudo muitas vezes se superponham e funcionem concorrentemente, constituem dois 
processos diferentes. Acreditamos que o estudo do texto deve vir primeiro, pois 
proporciona ao texto uma determinada estrutura, objetiva, e dentro da qual a meditação 
pode funcionar com êxito, o estudo estará a serviço da meditação, precedendo‐a. 
 
O método histórico‐crítico aplicado: O primeiro passo no estudo de um texto é a: 
 
 
 
 
 
A repetição é uma forma de canalizar a mente de modo regular, numa direção 
específica, firmando assim hábitos de pensamentos. A repetição desfruta, hoje de certa 
má fama. Contudo, é importante reconhecer que a pura repetição, mesmo sem entender o 
que está sendo repetido, em realidade, afeta a mente interior. Hábitos arraigados de 
10 
 
 
 
pensamentos podem ser formados apenas pela repetição, mudando assim o 
comportamento. Esse é o princípio lógico central da psicologia, que treina a pessoa para 
repetir certas afirmações regularmente (por exemplo, para quem tem problema de auto‐ 
afirmação ou problema de auto‐imagem negativa, deve repetir a frase, acreditando na 
verdade nela contida: amo a mim mesmo incondicionalmente). 
 
Nem mesmo é importante que a pessoa esteja consciente do processo mental que 
está desenvolvendo; basta que a afirmação seja repetida. A mente interior é assim 
treinada, e afinal responderá modificando o comportamento para conformar‐se à 
afirmação. Naturalmente, este princípio tem sido conhecido durante séculos, mas só em 
anos mais recentes recebeu confirmação científica. É por isso que a programação de televisão 
tem tanta importância, os anunciantes sabem disso e fazem da repetição uma forma de fixar 
na mente do tele espectador um determinado produto. O mesmo processo é aplicado na 
música, pela repetição constante de uma letra musical, a verdade nela contida se fixa 
também mentalmente.A concentração é o segundo elemento prático no estudo. Se além de conduzir a mente 
repetidas vezes ao assunto em questão a pessoa concentrar‐se no que está sendo 
estudado, a aprendizagem aumenta sobremaneira. A concentração centraliza a mente. Ela 
prende a tenção em detalhes específicos. A mente humana tem a capacidade incrível de 
concentrar‐se. Ela está a todo instante recebendo milhares de estímulos, cada um dos quais 
capaz de armazenar‐se em seus bancos de memória enquanto se concentra nuns poucos 
apenas. Esta capacidade natural do cérebro aumenta quando, com unidade de propósito, 
concentramos nossa atenção num desejado objeto de estudo. 
 
Quando não apenas de maneira repetida canalizamos a mente num determinado sentido, 
concentrando nossa atenção no assunto, mas entendemos o que estamos estudando, 
então atingimos um novo nível. 
 
 
 
A compreensão nos leva ao discernimento da verdade contida no texto e provê uma 
base sólida na percepção dessa verdade, de maneira que se torna clara para nós e para ser 
11 
 
 
 
explicada. O estudo das Escrituras, como feita por um teólogo, começa com as Escrituras 
e com a mente aberta para ela. O Texto é a passagem ou trecho das Escrituras que vai ser 
estudado envolvendo os três itens acima: Repetição, concentração e compreensão, na 
verdade três passos que não podem deixar de ser levados em conta na hora do estudo. 
 
Voltamos nossa atenção para os estudos anteriores, onde definimos as palavras‐ 
Chaves da metodologia de estudo das Escrituras, a primeira palavra‐chave é: Texto. 
Um resumo do que temos considerado até aqui. 
Abordamos o texto para o estudo seguindo os três passos definidos nesta lição: 
 
 
Repetição, concentração e compreensão. 
 
 
“O vocábulo texto deriva do latim texere, que significa tecer, e que figurativamente quer 
dizer reunir, construir, compor e expressar o pensamento em contínuo discurso ou escrita. 
O substantivo textus indica então o produto do ato de tecer, o tecido, a trama, e, assim, no 
uso literário, a trama do pensamento de alguém, uma composição contínua” J. A. Broadus, 
O Sermão e o seu Preparo – Casa Publicadora Batista, 1967, Segunda edição, Rio de Janeiro, 
pág. 15. 
 
Primeiro Passo No Estudo Crítico‐Histórico‐Literário das Escrituras – Estudo do Texto 
Considere com atenção esta declaração de Jerônimo a propósito da Vulgata: 
 
“De velha obra me obrigais a fazer obra nova... Qual de fato, o sábio e mesmo o ignorante 
que, desde que tiver nas mãos um exemplar (novo, ou da Vulgata), depois de o haver 
percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a 
ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego, um falsário, porque terei 
a audácia de ACRESCENTAR, SUBSTITUIR, CORRIGIR alguma coisa nos antigos livros? Um 
duplo motivo me consola desta acusação. O primeiro é que vós, que sois o soberano 
pontífice, me ordenou que o fizesse, o segundo é que a verdade não poderia existir em 
coisas que divergem...” Enciclopédia Barsa – Serviço de Pesquisa, N
o 
1.976 – Carta de S. 
Jerônimo ao papa Damaso, a propósito da Vulgata. Extraído de: Introdução à Bíblia (I – 
Introdução Geral) de Caetano M. Perella, O. M. e Luigi Vagaggini, O. M. Edição da Editora 
Vozes. (parêntese e destaque são nossos). 
 
Todo estudante do Curso de Teologia tem a obrigação de examinar com atenção a 
declaração de Jerônimo em que ele reconhece ter feito mudanças, acréscimos e alterações 
na Bíblia. Uma outra conceituada obra de consulta, a Enciclopédia Delta. Larousse nos 
informa que por outras obras de Jerônimo sobre as Escrituras e por causa, especialmente, 
12 
 
 
 
de sua tradução para o latim (Vulgata), Jerônimo tornou‐se o fundador “da exegese 
católica” Delta‐Laroussse, Vol. VI pág 3.131. Surge assim uma interpretação muito apropriada 
aos interesses da Igreja que se configurava através de Concílios, pois sabemos que exegese 
é uma interpretação da Bíblia, que se for moldada nos padrões católicos resulta numa 
teologia católica. 
 
O professor presbiteriano B. P. Bittencourt que é Doctoris Philosophian Pela Boston 
University, USA, e compós‐graduação na Rüprecht Kart Univertät, de Heidelgerg, 
Alemanha, no seu excelente livro: O Novo Testamento – Metodologia da Pesquisa Textual, 
Terceira Edição, Revista, Atualizada e Ampliada, Editora JUERP, Rio de Janeiro, na página 167, 
escreve: 
 
“Sabe‐se que a Vulgata é base sumamente fraca para uma tradução da Bíblia. Deve‐ 
se lembrar que Figueiredo traduziu a Bíblia no século 18, depois de muitas tentativas 
para a publicação de uma edição crítica dos textos originais e da Vulgata, e essas tentativas 
tornaram‐se fonte de corrupção textual em vez de melhora. Frederic. Kenyon, grande crítico 
inglês, diz sobre a Vulgata, quanto ao Novo Testamento, o que, sem dúvida, se poderia 
aplicar também ao Antigo: „Tanto quanto interessa a uma tradução do Novo Testamento, 
a Vulgata é meramente revisão das velhas versões latinas, mais ou menos boa, embora 
não exata nos Evangelhos, muito superficial nos outros livros‟” Citando Handbook, pág. 218. 
 
Notamos, portanto, que os eruditos reconhecem que a Vulgata não é exata nos Evangelhos, 
e muito superficial no resto dos livros, uma base sumamente fraca para uma tradução. 
Qualquer que se aventurar a fazer uma tradução da Vulgata para outra língua estará 
cometendo um sem número de erros. Portanto, a Vulgata Latina é uma clara demonstração 
de como a corrupção textual pode se perpetuar. Na página 127, o Dr. Bittencourt afirma o 
seguinte: 
 
“Acaba o estudante de ver, metodicamente apresentado, as múltiplas e variadas formas 
que a corrupção textual tomou nos primeiros séculos da transmissão do texto do Novo 
Testamento”. 
 
Diante de uma afirmação tão clara, como podem algumas pessoas ainda afirmar que 
a Bíblia não sofreu corrupção textual? 
 
Começou a corrupção textual apenas com Jerônimo no quarto século? Não, a 
corrupção textual já tinha começado muito tempo antes dele. Tertuliano (anos 160‐ 220) 
e que, portanto, viveu muito antes de Jerônimo já mencionava o fato de que os originais da 
Bíblia se tinham perdido e o que existia eram copias adulteradas, corrompidas da Bíblia. 
De Tertuliano o professor Dr. Bittencourt escreve: 
 
“Embora Tertuliano faça referência a cartas autênticas em sua época, os originais já se 
haviam perdido e a corrupção textual já tivera início”. Pág. 118 Ainda sobre essa época 
13 
 
 
 
chamada de “patrística” (relacionada com os „pais da Igreja‟) e sobre a corrupção do texto 
o Dr. Bittencourt acrescenta: 
 
“Orígenes... no seu comentário sobre Mateus queixa‐se de que as diferenças entre os 
escritos dos Evangelhos se haviam tornado grandes, quer através da negligência de alguns 
copistas, quer através da perversidade audaz de outros, que alongam ou abreviam o texto”. 
Pág. 118. 
 
Por favor, leia de novo o documento acima, examine cada frase e comprovará que 
nos primeiros séculos a Bíblia sofreu grande influência e muita coisa foi mudada, quer seja 
intencional ou casual. “Diferença entre os escritos dos Evangelhos”, isso não lhe diz nada? 
Não? Não é possível que você não veja o alcance desta frase de um erudito. Por essa razão, 
única razão, como teólogo, ou futuros teólogos, devemos ter em alta estima o texto original, 
na busca do mais autêntico e na restauração do sentido original da Palavra. Como 
verdadeiros e sinceros estudantes da Palavra de Deus voltamos nosso olhar e 
entendimento para o sentido semítico, isso para o Antigo Testamento, ou seja, o 
entendimento hebreu das Escrituras Hebraicas, posicionando o texto em estudo, se for 
do Antigo Testamento, no seu contexto histórico, que era o mundo semítico, numa cultura 
hebraica, da época da Palestina . 
 
Onde, como exemplo muito comum, o ato de rasgar a roupa e encher a cabeça de 
cinza era uma expressão de luto, dor e tristeza. Com relação ao Novo Testamento, cujas 
obras foram escritasem grego, nosso olhar como estudantes da Bíblia e nossa aproximação 
dela deve ser crítico (no sentido científico que essa palavra tem), devemos estar 
examinando cada frase, cada palavra somente à luz do que é mais próximo do original. 
Lembrando que o escritor da Bíblia quer sejam profetas, quer seja apóstolo, com raras 
exceções eram semitas, eram hebreus, numa época distante da nossa em que muitas 
palavras por eles usadas têm um sentido e um significado próprio para essa cultura e 
época. Como Teólogos devemos sempre confessar nossa fidelidade às Escrituras nos seus textos 
originais. 
 
A Vulgata Latina, de Jerônimo ganhou valor e prestígio na Igreja de Roma, e foi 
considerada como a rainha das versões, tanto é, que até pouco tempo, no mundo inteiro, 
a missa (liturgia Católica) era ministrada em latim, porém, a Vulgata prevaleceu e prevalece 
ainda até hoje, mesmo que outras vozes se tenham levantado em protesto contra ela, como 
exemplo: pessoas que levantaram seu grito de protesto contraa Vulgata podemos citar 
um documento extraído da Enciclopédia Delta‐ Larousse, Vol. III, pág 1.116: 
 
“Ulrico de Hutlen, defensor do humanista Reuchlin, que iniciara as controvérsias 
religiosas chamando a atenção para as traduções defeituosas da Vulgata”. 
 
Ora! De novo você encontra uma declaração honesta, e se você é também honesto 
em sua fé, acredite que a Bíblia sofreu por causa de traduções defeituosas. Estamos 
considerando a Vulgata Latina porque foi ela que formou a base da maioria das traduções 
14 
 
 
, 
 
das Bíblias chamadas de Católicas. Nota: Isso será assunto de estudos mais detalhados na 
disciplina “História do Texto Bíblico”. Apenas mais um pequeno acréscimo sobre a Vulgata 
Latina. 
 
Os Discursos Mudam a Mentira em Verdade Gostaríamos agora que o estudante prestasse 
especial atenção nesta declaração de um cônego católico: 
 
“O católico recebe a Sagrada Escritura como sendo a própria Palavra de Deus, recebe 
a garantia de que todos os livros da Bíblia, com suas diversas partes, tais como 
se apresentam na versão Latina chamada Vulgata, são inspiradas, isto é, têm como autor o 
próprio Deus, e assim sendo não podem conter erro algum”. Artigo do cônego Gustave Bardy, 
com imprimatur da Igreja Católica Apostólica Romana: Divione, dei XX
a 
octobris 1935 – 
Assinado por G. Jacquin, v. g. para a Enciclopédia Delta‐Larousse, Vol. IV, pág 1.839. 
 
Esta é uma afirmação, talvez, arrogante demais. Atribuir à Vulgata inspiração divina, 
é um discurso bem preparado para induzir os católicos a crer que a Bíblia não contem erros. 
Se nos já sabemosque o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata confessa que fez 
acréscimos, mudanças e correções nos Livros tradicionais, então é obvio que uma afirmação 
como a de cima é uma declaração improcedente. 
 
 
 
 
 
Posteriormente, os papas Gregório VII (1073‐1085) e Inocêncio III (1198‐1216), usaram a 
autoridade da Igreja para conservar unicamente essa versão latina, a Vulgata, evitando 
qualquer outra versão ou tradução feita dos originais. O Concílio de Tousousse na França, em 
1229, decretou que ninguém poderia usar outra versão da Bíblia que não fosse a Vulgata 
Latina, e para impor esse decreto a Igreja usou a Inquisição, que durante 400 anos 
perseguia e mandava matar qualquer pessoa que tivesse uma versão diferente da Vulgata 
Latina, como exemplo desses fatos podemos citar vários, bastam dois exemplos para uma 
amostra. Francisco Enzinas na Espanha foi encarcerado pela inquisição católica (1544), por 
ter traduzido e publicado o Novo Testamento em espanhol. Da mesma maneira 
lembramos de Miguel Servet, condenado à fogueira, sendo queimado lentamente pelo 
“crime” de discordar de traduções mal feitas. 
 
Com estas considerações não queremos desfazer da Bíblia, mas fazer com que todo 
estudante de Teologia compreenda que devemos ter o máximo de cuidado no estudo da 
Bíblia para não cometer os mesmos erros do passado e ensinar o que não era original dos 
apóstolos e profetas. Quando ensinar um “assim diz o Senhor” que não seja falso, mas 
firmemente fundamentado no alicerce da Palavra. 
15 
 
 
 
Ainda hoje, em nossos dias, depois de 1965, logo após o Concílio Vaticano II, a Igreja 
de Roma começou as comemorações do dia da Bíblia, na semana do dia de 30 de setembro, 
data do falecimento de Jerônimo, que traduziu para o Latim a versão chamada Vulgata, 
versão que foi definitivamente oficializada no Concílio de Trento (1545). 
 
Finalmente, para concluir esta parte relacionada com a Vulgata citamos de novo o Dr. 
Bittencourt: 
 
“A fim de purificar o texto da Vulgata, várias edições foram feitas por Alcuino, 
Teodulfo, Lanfrano e Estevão Harding, durante a Idade Media. Cada tentativa de restaurar 
o trabalho de Jerônimo piorou o que existia. Daí resultar que os 8 mil manuscritos da 
Vulgata hoje conhecidos apresentam as mais curiosas contaminações. Chama‐se Vulgata esta 
tradução de Jerônimo por ter esta versão grande circulação na Igreja Católica desde o sétimo 
século, e gozar da aprovação da Igreja Católica como versão autorizada, o que aparece, 
depois na forma explícita na primeira edição do papa Sixto V, em 1590, e do papa 
Clemente II, em 1592, até a Nova Vulgata, esta última edição foi feita por iniciativa do 
papa Paulo VI pela constituição apostólica em 25 de abril de 1979, época em que começou a 
circular. Esta nova Vulgata... apresenta inumeráveis alterações do texto de Jerônimo em 
matéria puramente estilística... sendo que a edição de 1590 já havia sofrido mais de 5 mil 
alterações”. Pág. 95‐96. 
 
Este documento do Dr. Bittencourt nos apresenta a informação de que a Vulgata foi tão 
infiel ao original que em 1590 foram feitas mais de cinco mil alterações e mesmo assim 
não foram suficientes para purificar o texto de Jerônimo. Terminando está primeira parte, 
em que foram examinados fatos e conclusões de eruditos sobre a Vulgata, fazemos algumas 
perguntas: Como um teólogo deve encarar os fatos? Como podemos ter certeza de que a 
Bíblia que temos em mãos não é mais uma outra “vulgata” com seus inúmeros erros? 
Como foi que a Versão de João Ferreira de Almeida chegou até nós? Como estudar a 
Bíblia? A resposta então se torna óbvia: Devemos aprender a estudar a Bíblia de maneira 
correta, para não fazer interpretações erradas que levem a conclusões também erradas. 
Neste Curso estamos aprendendo uma metodologia de estudo da Bíblia que nos levará 
a conclusões verdadeiras sobre a revelação divina. 
 
Estamos na primeira parte do estudo ‐ O texto – Considerando o que foi exposto sobre a 
Vulgata, concluímos que o Texto Bíblico em estudo, Deveria representar o conteúdo da 
mensagem que o escritor bíblico quis transmitir. Deveriaser a mensagem original, no 
seu contexto literário histórico. Deveria expressar a verdade. Quando usamos a palavra 
“deveria” no condicional, é porque todos sabemos a dificuldade que qualquer, estudante 
das Escrituras encontra, pois as Bíblias em português são traduções e muitas vezes não 
é a mensagem nas palavras literais dos escritores originais. Muitas traduções já são, na 
verdade, uma INTERPRETAÇÃO do texto, portanto, NÃO é o texto original. Por causa disto 
devemos aprender a conferir a fidelidade da tradução que vamos estudar. Está ela de 
acordo com o sentido original? Expressa corretamente o pensamento do autor? Não houve 
16 
 
 
 
modificação de palavras e frases no texto em estudo? Esta disciplina responderá essas 
questões teológicas. 
 
A maioria dos brasileiros sabe que a Bíblia não foi escrita originalmente em 
português. De alguns anos para cá se tem popularizado em especial duas versões 
bíblicas uma chamada de Corrigida e outra chamada de Atualizada. Lembremos que a palavra 
“Versão” indica uma tradução da Bíblia para uma determinada língua e indica sua 
modalidade específica, por isso falamos em Versão Corrigida e Versão Atualizada. Nestas 
duas versões encontramos numa leitura de um mesmo texto diferenças em algumas 
palavras, na sua maior partesão diferenças de estilo (estilísticas) e não de conteúdo. 
Essas diferenças entre Corrigida e Atualizada, porém, não tem causado tantas questões como 
as suscitadas por Versões mais recentes que não são baseadas na tradução tradicional de 
João de Ferreira de Almeida, de 1748. 
 
Se hoje um brasileiro, recém convertido, entrar numa livraria evangélica e perguntar 
por uma Bíblia para comprar ficará consternado e até confuso ao ver tantas Versões. 
Então surgem algumas perguntas que necessariamente devem ser respondidas. Pois na 
maioria das vezes é o pastor, ou líder de uma Comunidade Cristã que deve responder: Por 
que existem tantas Versões da Bíblia? Por que aquela Versão não tem todas as palavras 
que minha Versão tem? E se há palavras diferentes, e até palavras omitidas, qual é a Versão 
mais certa? Será que mais de uma pode ser correta? Se há somente uma certa, porque 
existem as outras e são também “Bíblia” – Palavra de Deus? Como pode uma instituição 
cristã vender aos crentes Versões contraditórias até? 
 
Você está percebendo que estas perguntas podem surgir na mente de qualquer novo 
convertido e ir com essa pergunta para o pastor? Qualquer pessoa que entra numa livraria 
evangélica verá uma infinidade de Versões. Já fiz a experiência de fazer essas perguntas para 
um irmão encarregado de uma livraria, e a impressão que me causou a resposta foi que 
não havia tanto interesse no conteúdo da Bíblia, mas em 
ter uma variedade delas para poder vender a pessoas com diferentes gostos. Não queria 
ter saído da livraria pensando que era apenas uma questão de “comércio”, gostaria de 
ter recebido uma resposta mais perto da adequada. 
 
Como então tirar proveito do estudo da Bíblia: Lembre que estamos até aqui 
estudando a primeira parte do método, ou seja, o que se refere ao TEXTO. Então, é 
significativo a esta altura ter uma resposta correta da pergunta: Por que existem tantas 
Versões da Bíblia? Se nos estamos estudando um texto, como podemos saber se o texto em 
estudo é o correto de acordo com a Versão que tenho em mãos? 
 
A Importância de uma Tradução. 
 
Quando o salmista escreveu que as Escrituras era uma luz no seu caminho (Salmo 
119:105), com certeza estava se referindo às Escrituras Hebraicas que ele conhecia. 
17 
 
 
 
Mas, para a maioria dos brasileiros que não conhecem Hebraico, não seria uma luz, 
pois, não entenderiam nada do que está escrito. A menos que as palavras hebraicas fossem 
traduzidas para o idioma nacional. 
 
Se a fé vem pelo ouvir a pregação e o ouvir da pregação é da Palavra de Cristo 
(Romanos 10:17). Como então poderíamos ter fé se as Palavras de Cristo não fossem 
traduzidas. Agradecemos a Deus pelas traduções, e agradecemos mais ainda pelas 
traduções que se aproximam das fontes originais. 
 
Voltemos nossa atenção para a problemática das Versões: imaginemos um professor de 
Bíblia ensinando sobre a parábola dos dois filhos (Mateus 21:28‐32) e não entender 
porque seus alunos insistem em dizer que o primeiro obedeceu a seu pai, enquanto ele 
está lendo claramente em sua Bíbliaque o segundo é que obedeceu. Se ele tivesse tomado 
conhecimento dos problemas crítico‐textuais envolvidos neste texto, não teria sido 
apanhado de surpresa. A resolução deste enigma é que o professor está usando a Almeida 
Revista e Atualizada (desde agora: ARA) e os alunos estão usando a Versão de Almeida 
Revista e Corrigida (desde agora: ARC). Uma versão diz que é o segundo filho que 
obedeceu, enquanto que outra diz que foi o primeiro. 
 
(Nota: O aluno deve guardar as abreviaturas das versões ARA e ARC). 
 
Um bom modo de procurar estabelecer o texto certo, mesmo quando não se tem acesso 
ou condições de consultar um texto original com aparato crítico (veja nota), é consultar muitas 
versões do texto bíblico em estudo. Ler e comparar várias traduções pode mostrar variações 
devidas a problemas textuais (diferentes manuscritos usados como fonte de tradução), ou 
mudanças de entendimento na tradução do original. É importante lembrar que a maior 
parte das diferenças entre traduções (versões) é devida a este segundo fator. Entretanto, 
há casos em que um estudo minucioso comparando as diversas traduções ajuda a ver as 
diferenças devidas a problemas de transmissão do texto. 
 
 
Nota: Aparato Crítico são as explicações em pé de página que se encontram nas Bíblias 
em Hebraico e Grego, explicando a razão das variantes. Variantes: são as diferenças de 
um mesmo versículo que se encontra entre vários manuscritos antigos. 
 
A leitura de Colossenses 3:4 em várias versões mostra que há uma possível 
divergência de origem crítico‐textual sobre qualo pronome certo que deve ser colocado 
ali: “nossa” (apoiado por ARA, ARC) ou “vossa” (apoiado pela Bíblia de Jerusalém [BJ], 
Bíblia na Linguagem de Hoje [BLH] e pela versão revisada de Almeida [VR]). Neste caso a 
divergência tem pouca importância para o sentido geral do texto (como a maior parte das 
variações textuais da Bíblia), mas é bom saber usar as traduções para encontrar estas 
variações. E, uma vez encontradas, elas são uma alerta para prestar maior atenção. 
18 
 
 
 
Antes de continuar, é importante dar uma palavra sobre as versões bíblicas. A ARC 
é geralmente a mais problemática nas questões crítico‐textuais, por basear‐se num texto 
grego preparado antes do desenvolvimento da crítica textual. Ela foi baseada no chamado 
Texto Recebido (Textus Receptus). Versões católicas como BJ e a Bíblia editora Ave Maria 
(BAM) são úteis por usarem textos críticos mais modernos. Porém, é necessária uma 
palavra de cuidado: as versões católicas são sempre influenciadas pela Vulgata Latina; e, por 
isso, muitas de suas decisões crítico‐textuais não são imparciais. Sobre a BJ é necessário 
dizer algo mais: o espírito não ortodoxo de alguns comentários textuais aconselha o uso da 
mesma com reservas. A BLH e VR parecem ser as mais atualizadas no que diz respeito às 
variações dos textos, assim mesmo, parece que a BLH tem a tendência de emendar 
muito o texto do Antigo Testamento. A ARA é boa, embora não tão atualizada quanto 
esta última. A Mattos Soares (MS) serve para ver o que diz a Vulgata, já que não é uma 
tradução dos originais, mas da famosa versão de Jerônimo. Estas palavras sobre as 
versões são gerais, havendo necessidade de avaliar, em cada leitura, os méritos de 
cada uma delas. 
 
Em Colossenses 2:2 vemos que a BJ segue um texto inferior ao seguido por ARC, ARA, 
BAM, BLH e VR. Como era de se esperar MS segue a Vulgata. Assim cada leitura das versões 
merece análise cuidadosa. No caso de Mateus 21:28‐32, o texto da ARC é melhor do que o da 
ARA e VR. 
 
Imaginemos uma cena: A Igreja onde foi convidado usava a Versão chamada: NVI Nova 
Versão Internacional, sabendo disso, e como a palestra tratava justamente sobre Versões, 
para iniciar pedi que abrissem a NVI em Atos 8:37, então eu li a passagem na minha 
versão: “Disse Filipe: Você pode, se crê de todo o coração. O eunuco respondeu: Creio 
que Jesus Cristo é o Filho de Deus” Atos 8:37. 
 
Os irmãos ficaram procurando o texto na NVI e para supressa comprovaram que Atos 8 
tem o versículo 36 e então pula para o 38, omitindo o 37! A NVI não tem o verso 37 de 
Atos 8. Você estudante de teologia pode também fazer essa comprovação em qualquer 
livraria evangélica que venda a NVI. Isso ilustra o que estamos tentando ensinar. As 
Versões apresentam diferenças, e elas devem ser consideradas com cuidado a fim de não 
sair por ai pregando o que não é original. 
 
Uma “Testemunha de Jeová” (errados na doutrina da Trindade) está visitando de casa 
em casa e para tentar provar a malfadada teoria antitrinitária faz com que o novo 
convertido leia 1
a 
João 5:7‐8 e apela para o argumento de que esse texto é uma interpolação 
(acréscimo posterior) e confunde o pobre irmão dizendo que todos os outros textos que 
falam da Trindade na Bíblia também foram acrescentados. 
 
O que é falso. Uma afirmação verdadeira,1
a 
João 5:7‐8 foi de fato um acréscimo 
posterior, mas é falso afirmar que outros textos também são acréscimos. 
19 
 
 
 
 
a 
Sobre 1 João 5:7‐8, inserimos a seguir a explicação dada pela Sociedade Bíblica do 
Brasil SBB. 
 
Estimado irmão, Recebemos mensagem eletrônica do irmão argüindo‐nos acerca do 
motivo por que algumas palavras de 1João 5.7‐8 aparecem entre colchetes na tradução 
de Almeida Revista e Atualizada. 
 
Sobre esta questão, precisamos compreender o significado dos colchetes na RA. Isto nos 
aprendemosao ler no artigo "Explicação de Formas Gráficas Especiais, Títulos, Referências 
e Notas", adendo ao "Prefácio à 2a. Edição": algumas passagens do Novo Testamento 
aparecem entre colchetes. Estas passagens não se encontram no texto grego adotado 
pela Comissão Revisora, mas haviam sido incluídas por Almeida com base no texto 
grego disponível na época (Mt 6.13). 
 
Almeida traduziu a Bíblia para a Língua Portuguesa no século XVII. O Novo Testamento 
em português ficou pronto em 1681. Almeida traduziu‐o a partir de um texto grego 
denominado Textus Receptus ("o texto recebido"), que fora compilado pelo famoso 
humanista holandês Erasmo de Roterdã no início do século XVI. A tradução de Almeida 
a partir dos manuscritos que ele possuía em sua época cristalizou‐se na chamada Edição 
Revista e Corrigida (RC), publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil e adotada por inúmeras 
denominações evangélicas em países de fala portuguesa, destacando‐se Portugal e Brasil. A 
RC espelha bem o teor do Textus Receptus utilizado por Almeida. 
 
Quando a tradução de Almeida já estava concluída, Deus permitiu que arqueólogos, 
historiadores e teólogos verificassem um considerável avanço no achado, recuperação e 
decifração de manuscritos bíblicos, alguns dos quais indisponíveis a Almeida na época 
em que traduziu a Bíblia.A Edição Revista e Atualizada (RA) surgiu em 1956 em decorrência 
dessas novas descobertas, quando a Comissão Revisora da Sociedade Bíblica do Brasil achou 
por bem confrontar o texto de Almeida com os novos manuscritos encontrados. A RA 
passou por uma segunda revisão em1993, afinando ainda mais o texto bíblico aos textos 
originais em hebraico, aramaico e grego, pelo que é uma das mais amadas e adotadas 
traduções da Bíblia Sagrada no Brasil e no exterior. 
 
Dito isto, fica um pouco mais simples compreender a diferença de tratamento dado 
àquelas palavras de 1João 5.7‐8 na RC e na RA. Na primeira ‐ que corresponde à tradução 
mais antiga de Almeida ‐ as palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes 
três são um. E três são os que testificam na terra" constavam do texto original grego utilizado 
pelo tradutor. Já na RA, confrontando‐se a tradução de Almeida com os manuscritos 
encontrados (mais antigo e, portanto, mais próximos do tempo em que João escreveu sua 
primeira carta) e desde que as referidas palavras não contradizem nem ofendem a 
mensagem bíblica da salvação em Cristo Jesus, estas palavras foram colocadas entre 
20 
 
 
 
colchetes. Com isto, a RA respeitou o trabalho valioso de João Ferreira de Almeida, sem, 
contudo, ter aberto mão da fidelidade ao melhor texto original grego a que se tem acesso 
nos dias atuais. 
 
(Nas traduções desenvolvidas pela própria Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica 
do Brasil, todavia, como é o caso da Bíblia na Linguagem de Hoje, as palavras questionadas 
de 1Jo 5.7‐9 foram eliminadas por completo do texto bíblico). 
 
Por fim, acerca da procedência das palavras questionadas de 1Jo 5.7‐8, convém 
mencionar a opinião do Dr. Bruce Metzger, uma das maiores autoridades atuais sobre os 
manuscritos gregos do Novo Testamento, que coopera com as Sociedades Bíblicas Unidas, a 
fraternidade da qual a Sociedade Bíblica do Brasil faz parte. Conforme o Dr. Metzger, todos 
os manuscritos gregos mais antigos do Novo Testamento (datados dos séculos II e III) 
omitem as palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três 
são os que testificam na terra" em 1Jo 5.7‐8. Estas palavras só começaram a aparecer em 
comentários e sermões sobre o texto de 1João no final do século IV e, muito posteriormente, 
em um manuscrito latino do século XIII. Segundo o Dr. Metzger, as palavras aqui 
em questão podem ter sido o comentário que um copista (pessoa encarregada de copiar 
a Bíblia na Idade Média) fez na margem do pergaminho em que trabalhava; 
um copista posterior, ao tomar o manuscrito mencionado como texto base para sua cópia, 
incorporou o comentário marginal do seu outro colega ao texto bíblico, erro que mais 
recentemente foi descoberto sem grandes dificuldades pela comparação dos manuscritos 
mais recentes com os mais antigos. 
 
Sendo isto para o momento, agradecemos muitíssimo sua paciência e atenção. A 
Sociedade Bíblica do Brasil faz votos de que o irmão continue sendo um leitor fiel e 
dedicado da Palavra do Senhor, fonte de orientação e consolo eternos. 
 
Cordialmente em Cristo, p/ Comissão de Tradução Sociedade Bíblica do Brasil 
traducao@sbb.org.br 
 
A leitura de várias versões contribui, como já dissemos, para a compreensão do TEXTO 
apresentando as diferentes maneiras de traduzir o original para o português. 
Geralmente as traduções convergem para um mesmo sentido,usando palavras diferentes. 
Isto jáexplica muitas coisas para o estudante de teologia. 
 
Ocasionalmente, haverá divergências de sentido entre elas: nestes casos é 
necessário um estudo mais detalhado. 
 
O texto de Colossenses 2:15 apresenta uma pequena dificuldade de tradução 
percebida pelos que não podem ler o original, na comparação das traduções. 
 
ARC diz: “... triunfou em si mesmo”, enquanto ARA (e também VR, BJ, BLH, BAM) 
diz: “... triunfando... na cruz”. A diferença de sentido não é grande, mas há uma diferença. 
mailto:traducao@sbb.org.br
21 
 
 
 
Neste caso as duas traduções são possíveis, mas a última é a melhor, pela gramática e pelo 
contexto. Entretanto, àqueles que não podem ler o texto grego resta apenas constatar 
o problema e aguardar auxílio externo para resolver a questão. De qualquer forma, é bom 
sempre antecipar os problemas, ficando atentos às possíveis contribuições na sua 
resolução. 
 
É importante NÃO usar versões esquisitas ou contaminadas como a dos auto‐ 
denominados “Testemunhas de Jeová”. Se tiver uma, veja a adulteração flagrante do texto 
em Colossenses 1:15‐20 em favor de sua blasfêmia da “criação” de Jesus. Versões desse 
tipo só atrapalham. Além de não terem sido feitas com base nos originais (são traduções 
de traduções), elas só podem nos fazer incorrer nos erros incorporados ao texto dessas 
“versões”. 
 
Um pouco deste cuidado deve ser usado com respeito a todo tipo de Bíblia com notas 
e auxílios nas margens e rodapés. A Bíblia de Scofield é uma destas que não 
recomendaríamos a quem deseja fazer um estudo sério. O sistema de notas empregado 
direciona o intérprete a um sistema teológico completamente estranho ao dos escritores 
inspirados. A Bíblia Vida Nova é menos culpável de direcionamento doutrinário do que a 
de Scofield, mas também se deve ter cuidado ao examinar algumas de suas orientações 
doutrinárias. Não deve ser usada como ferramenta inicial de trabalho. Se o aluno quiser, 
pode usar a Bíblia Vida Nova no momento que for consultar os comentários: neste ponto 
ela é uma fonte útil de informação e esclarecimentos. O mesmo conselho se estende às 
versões católicas com anotações. 
 
Com relação à chamada de Bíblia Viva, na verdade ela não é uma versão; mas uma 
paráfrase. É quase um comentário, e sendo assim, é melhor utiliza‐la mais tarde, nos 
estudos. A consulta de comentários bíblicos encontrados ao pé de página de muitas Bíblias 
comentadas, não deve servir de base para a formação doutrinária, mas apenas como fonte 
de consulta crítica e geral. Por que? Por esses comentários tem o sabor e influência de seus 
autoreshumanos, da mesma forma como será um absurdo elaborar uma teologia e uma 
doutrina com base nos títulos de parágrafos e de capítulos, esses títulos de parágrafos e 
capítulos são acréscimos posteriores. 
 
Uma vez estabelecido o texto certo pela consulta do texto original, seja hebraico, 
aramaico ou grego e a comparação de várias traduções, ficamos prontos para a segunda 
etapa do tratamento do texto: estabelecer a estrutura do texto. Assunto de nossa próxima 
lição. 
 
Estabelecer a estrutura do texto é compreender que tipo de material escrito está diante de 
nós e qual a forma de sua apresentação. É neste momento que devemos compreender as 
relações gramaticais e sintáticas do texto. Também é o momento de avaliar os recursos 
literários de que o autor lançou mão. 
22 
 
 
 
A simples divisão dos capítulos e dos versículos não pode ser usada como base para a 
estruturação do texto bíblico. A divisão em capítulos do Novo Testamento foi feita em 1206 
por Stephan Langton, (posteriormente arcebispo de Cantuária); a divisão em versículos 
é de 1551, feita por Roberto Estevão (Stephanus) impressor parisiense. “Tem sido dito 
freqüentemente que Stephanus fez sua divisão em versos enquanto andava a cavalo e ao 
sabor do balanço do animal, o que, embora não se possa provar, perece ser verdade, 
pois há lugares onde a divisão é inteiramente arbitrária”. Bittencourt, B P. – “O Novo 
Testamento – Língua – Cânon – Texto”, São Paulo, ASTE, 1965, 1ª Edição, págs 172‐173. 
 
A divisão em parágrafos já constitui melhor ajuda parao estudante. Em Colossenses 
4:1 temos o exemplo de uma divisão de capítulos infeliz. O problema se agrava em 
Versões como a ARA que transformam 4:1 em um parágrafo novo, destacado de 3:18‐25. 
 
Devemos compreender que 3:18 até 4:1 é uma estrutura literária única e deve ser 
tratada como tal. É possível dividi‐la em subparágrafos como fez a BLH, mas mesmo 
assim, deve ficar claro que todos eles formam uma “tábua de conselhos domésticos”. 
 
Os livros bíblicos podem ser encarados como representantes de diferentes tipos de 
literatura. As epístolas são comparadas a cartas, enquanto o livro de Apocalipse já pertence 
a outro gênero literário (Apocalíptico‐profético). Isaías tem características completamente 
diferentes dos evangelhos. 
 
Na medida do possível ler e adquirir o livro: “Entendes o que Lês?” de G. D. Fee e D. Stuart 
– Edições Vida Nova. 
 
O entendimento do tipo ou natureza de literatura não deve abranger apenas o aspecto 
global do livro, mas também o trecho específico que estamos estudando. Os gêneros 
literários podem variar muito dentro de um mesmo documento. 
 
 
Nos Evangelhos (que são um gênero literário incomparável) temos discursos, narrativas, 
parábolas, citações do Antigo Testamento, milagres e sumários. No livro de Daniel; metade 
do livro é composta de narrativas e a outra metade de visões e interpretações das 
mesmas. Devemos então especificar a natureza literária do texto que estamos tratando em 
particular. Podemos ter oração a Deus, exortação, discurso profético, citação do Antigo 
Testamento, narrativa, alegoria, discurso didático, polêmica, citação de um documento 
histórico, explicação editorial, sumário ou resumo, cântico ou poesia, simbolismo, parábola, 
relato de milagre, etc. Uma variedade enorme de gêneros e tipos pode compor um único 
documento. Não devemos ser absolutamente técnicos na classificação destes gêneros, mas 
é preciso aprender a diferencia‐los e entende‐los. Por exemplo: A carta aos Colossenses 
de Paulo tem sido dividida em duas partes: Doutrinária e Parenética (ou prática). Embora esta 
classificação seja primária, é, em geral verdadeira. 
23 
 
 
 
Saber situar um texto em uma ou outra destas partes da carta está incluído no processo 
de caracterizar o tipo de texto que estamos estudando. Sendo assim, notamos que o 
texto de 4:7‐17 de Colossenses pode ser classificado como “notícias”, notas pessoais, 
recados e saudações. O importante é notar que tem características próprias em relação ao 
resto do livro. 
 
A observação de partículas como: “portanto”, “porque”, “pois” e “ora” é muito 
importante. Elas mostram o relacionamento de subordinação ou coordenação de frases 
ou de seções inteiras da carta. Em Colossenses 3:5 a palavra “pois” liga o que segue com 
o que foi dito anteriormente. Os colossenses deviam “fazer morrer a natureza terrena” 
por participar das coisas do alto (3:1‐4). A palavra “pois” está ligando os pensamentos. 
Está marcando a transição da causa para o efeito. 
 
 
Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é também parte 
da boa observação da estrutura do texto. Recomendamos que o estudante da Bíblia saiba 
identificar figuras de linguagem no texto (figuras de palavras, de construção, e de 
pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Esta compreensão ajuda a 
não perder a mensagem do escritor por não entender o veículo que ele utiliza para transmiti‐ 
la. 
 
“Língua dos anjos” em 1ª Coríntios 13:1 é uma hipérbole. Há uma fina ironia na palavra 
“justos” em Marcos 2:17. A designação de Cristo como “cabeça” da igreja, o “corpo” é uma 
metáfora (Efésios 5:22‐33). A expressão “carne e sangue” como se encontra em Gálatas 
1:16 substitui a ideia de pessoas, sendo, portanto, uma sinédoque. Mais importante do 
que saber nomear estas figuras de linguagem ou modos de falar é identificá‐las. 
 
“Produzindo fruto” em Colossenses 1:6 é uma destas figuras (metáfora) e é 
facilmente entendida como tal, mas o que dizer de “toda criatura debaixo do céu” em 1:23: é 
literal (impossível), é sinédoque (criaturas – homens), ou é uma hipérbole (exagero)? 
Neste último caso a compreensão fica muito alterada, conforme a figura que identificamos. 
“Luta” em 2:1 é uma bela metáfora para descrever o ministério cristão! E assim, a estrutura 
e natureza do texto ficam cada vez mais claras. 
 
Enfim, mesmo sem buscar termos técnicos para definir o que está vendo, o estudante 
da Bíblia deve ficar atento a todo tipo de padrão ou estrutura que o ajude a entender a 
direção que o texto está tomando. 
O USO DO DICIONÁRIO PORTUGUÊS 
 
 
O dicionário português é uma das primeiras necessidades do leitor da Bíblia. A 
linguagem da Escritura é nobre, e muitas vezes a dificuldade de compreensão começa no nível 
de entendimento dos vocábulos. Os exemplos são muitos: o que são “chocarrices” em 
24 
 
 
 
Efésios 5:4? Poucas pessoas sabem o que quer dizer esta palavra em português “normal”. 
O que é “dolo”? Talvez os advogados conhecem bem o termo, mas não as pessoas 
comuns. O que é o “geco” (Provérbios 30:28)? Há bons dicionários que não definem este 
termo, quanto mais os que não conhecem este regionalismo. O uso do dicionário 
português, nestes casos, é essencial. 
 
Neste momento do estudo, procura‐se ter uma compreensão inicial do que o texto 
estaria dizendo. Será uma compreensão provisória, mas importante como alicerce do 
trabalho posterior. Não é possível ir até as próximas etapas se não conseguirmos ler o 
que o texto pode estar dizendo O dicionário português não será usado apenas para 
palavras que não entendemos, mas para todas as palavras que julgarmos necessário 
estudar. Isto é recomendável, pois a função do bom dicionário é definir o sentido das 
palavras no uso cotidiano. Precisamos saber todas as possíveis significações atuais do 
vocábulo, para buscar, posteriormente, a que mais se adapta ao sentido bíblico naquele 
texto e contexto. O dicionário, portanto, não está errado em definir “batizar” como “pôr 
nome, alcunha ou epíteto a” entre outras coisas: ele está mostrando como as pessoas usam 
e compreendem este verbo na atualidade. Este não é o significado bíblico do termo, mas é 
como muitos entendem erroneamente o texto bíblico. Torna‐se então, importante saber 
como o dicionário classifica e ressalta o uso comum de um termo para saber explicar o que 
realmente a palavra de Deus querdizer com ele. 
 
Todo cuidado é pouco no uso do dicionário português. Ele se assemelha a uma 
pesquisa de mercado: não emite juízos sobre o certo ou o errado, mas apenas diz 
qual o uso popular do termo. O dicionário define palavras pelo uso que se faz delas, logo 
o dicionário em português não basta em nosso estudo. De forma alguma ele deve ser 
considerado um “juiz” para resolver os dilemas de significado. 
 
Em boa parte dos casos o dicionário português nos dá sinônimos da palavra, o que 
é muito útil no entendimento e transmissão do seu significado a outros. A paráfrase 
utilizará muitos destes significados paralelos ou sinônimos, se forem corretos. 
 
Estabelecer o texto certo, assim como estabelecer a estrutura do texto, são as 
primeiras tarefas do estudante da Bíblia (teólogo). A partir de então há segurança para 
uma análise do contexto, a estrutura maior onde o nosso texto está inserido. 
 
Este trabalho se faz por meio de leituras repetidas do texto, inclusive de versões 
diferentes. O teólogo conhece bem o texto antes de fazer seu estudo mais detalhado. Porém 
o texto está rodeado de um contexto, não é uma ilha literária, o texto faz parte de 
um conjunto e será esse conjunto que nos vamos estudar agora: 
 
CONTEXTO. 
 
Estudando uma abordagem ao contexto em estudo, vamos definir o que é um 
contexto: É o ambiente da passagem bíblica. Ele é composto pelos versículos que 
25 
 
 
 
rodeiam a passagem estudada: os anteriores e posteriores, no livro estudado. É também 
o mundo que rodeia a passagem, sendo especificamente o mundo do escritor e dos 
receptores dessa mensagem bíblica. O contexto contém, portanto, elementos históricos, 
culturais, literários, lingüísticos, além de espirituais. Em alguns textos o contexto pode ter 
vários níveis: o contexto histórico da narrativa, o contexto literário da narrativa no livro que a 
contém e o contexto do autor e dos leitores, que pode ser diferente dos dois primeiros. 
Sendo o contexto “o todo do qual o texto é parte”, ele é a chave para compreender o 
argumento inteiro. 
 
 
Usando a metáfora do teatro, o contexto é principalmente o cenário e o “pano de 
fundo” onde a peça se desenrola; secundariamente é também o “pano de frente”, isto é, as 
cortinas, a reação do público, etc. Ou seja, tudo o que contribui para a melhor 
compreensão da peça. 
 
A importância do contexto. 
 
Não é possível falar demais sobre a importância do estudo do texto no seu contexto. 
Iremos apresentar agora alguns itens para mostrar este fato. Os princípios e exemplos citados 
servem de incentivo a uma boa pesquisa do contexto, e já ensinam como trabalhar com ele. 
 
1 O contexto ajuda a não torcer a Palavra de Deus. 
 
a 
Os que deturpam ou torcem a Palavra são chamados de ignorantes e instáveis (2 
Pedro 3:16). Estes termos descrevem não apenas o caráter destes “torturadores da 
Palavra”, mas também seu modo de estudar a Bíblia: são despreparados e sem alicerce 
para o estudo. O contexto fornece preparo e alicerce sólido para uma boa exegese. Uma 
frase como “a ressurreição já se realizou” pode ser a afirmação de uma verdade, como 
a ressurreição espiritual que indica o cumprimento da “nova vida em Cristo” (Colossenses 
a 
2:12 e 3:1), ou a declaração de uma heresia (2 Timóteo 2:17‐18); tudo depende do 
contexto em que essa frase é interpretada. 
 
 
2 O sentido correto da Bíblia vem do contexto. Esta é quase uma repetição do que 
dissemos acima. 
 
Pensemos em um caso específico como, por exemplo: o que é a blasfêmia contra o Espírito 
Santo? Todo tipo de resposta tem sido dada para esta questão. Há quem associe este 
pecado com a de “mentir ao Espírito Santo” de Atos 5:3, 4, 9. Outros gostam de responder 
citando o misterioso “pecado para a morte” de 1
a 
João 5:16‐17. Hebreus 6:4‐8 também entra 
na lista das explicações propostas. Qual destas é a melhor explicação? 
26 
 
 
 
O problema mencionado acima seria facilmente resolvido se, antes de tudo, 
tivéssemos buscado o texto que fala da blasfêmia contra o Espírito Santo e estudado o texto 
no seu contexto. Marcos 3:28‐29 é um dos trechos que falam deste assunto. Observando o 
contexto notamos que os escribas estavam atribuindo o poder de Jesus sobre os demônios 
ao próprio diabo. Jesus argumentou mostrando que isso não era lógico, pois o diabo não 
iria destruir seu próprio domínio. A expulsão dos demônios, ao contrário, apontava para o 
fato de que Jesus era mais poderoso de que Satanás. 
 
Foi neste momento que Jesus falou sobre o pecado contra o Espírito. No último 
versículo deste parágrafo há uma explicação chamada “editorial”, ou seja, do autor e não de 
Jesus. “Isto porque diziam: está possesso de um espírito imundo” Marcos 3:30. Grifamos 
a expressão “isto porque” para mostrar que ela já é uma resposta, mostrando do que 
se trata a blasfêmia contra o Espírito Santo. Blasfemar contra o Espírito, em Marcos, é 
atribuir ao diabo a obra do Espírito; é a rebeldia de não aceitar a maior evidência que Deus 
pode dar, na atuação de Seu Espírito. 
 
Poderíamos trabalhar mais ainda com o contexto de Marcos e ampliar a resposta, mas o 
que foi feito basta para mostrar a importância do contexto e para deixar uma advertência: 
cuidado com as associações de certos textos com outros que nunca foram escritos para 
serem ligados entre si num mesmo contexto. 
 
3 O sentido correto das palavras vem do contexto. Isto é normal em qualquer língua 
do mundo. O verbo “apanhar” pode ter sentidos completamente diferentes. 
 
Por exemplo: “O menino desobediente apanhou do pai” usa o verbo em um sentido 
diferente da frase: “O menino apanhou do chão a carteira do pai”. 
 
No estudo da Bíblia, e esse é o tema desta disciplina, isto é muito importante. Há uma 
tendência de definir uma palavra de antemão e depois tentar impor esse sentido a todos os 
textos em que ela ocorre. A Melhor prática é observar o sentido que a palavra assume 
em função dos vários contextos em que essa palavra é usada, e só então definir o 
conceito geral do texto em questão. Uma comparação entre Tiago 2:24 com Efésios 2:8‐ 
9 leva alguns a pensarem numa contradição. Quem estaria errado: Paulo ou Tiago? 
Martinho Lutero ficou do lado de Paulo, e considerou o escrito de Tiago como algo de 
pouco valor. Não precisamos ir a extremos como estes, basta reconhecermos que as palavras 
“fé” e “obras” estão sendo usadas em sentidos diferentes em cada um dos textos, pois 
se trata de épocas diferentes na vida de Abraão. Esta atribuição de significados não é 
arbitrária: é decorrente de uma análise cuidadosa dos contextos. 
 
4 O contexto é a garantia da verdade nas escrituras. “Um texto fora do 
contexto é um pretexto” diz o adágio dos estudos de exegese. 
Qualquer um pode ensinar o que quiser usando a Bíblia, se conseguir ignorar o contexto. 
Até o diabo fez isso, tirou o texto do contexto para tentar Jesus. Satanás citou parte do 
Salmo 91 (verso 11 em parte e todo o verso 12) fora do contexto. Ele até omitiu uma parte 
27 
 
 
 
de sua citação, a fim de favorecer seu argumento. De qualquer forma, o Salmo 91 fala de 
confiar em Deus e não de usar Deus. É Deus quem decide (verso 14), e não há como obrigar 
Deus a fazer de outra maneira. (Lucas 4:10‐11). 
 
Muitos livros de “doutrina” ou de apologética (polêmica religiosa) têm essa tendência. 
No calor da disputa, quase ninguém se lembra de perguntar o que o texto significa no seu 
contexto, mas apenas se ele é conveniente para “dizer o que eu quero que ele diga”. 
O melhor modo de estudar as Escrituras é aprender a pensar de acordo com o contexto: é 
aprender a extrair a mensagem inteira de textos longos; é também ler como leram os 
primeiros leitores. 
 
Lembro de uma história que ouvi, se ela é verdade não posso afirmar, por isso a passo 
aos alunos da forma como a escutei. Um certo obreiro foi convidado a participar de 
um congresso. Ele viu nesse convite uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra, e 
mandou imprimir mil camisetascomo logotipo e o lema do congresso. Arrumou uma 
mesinha na entrada do local de reuniões e colocou o filho como encarregado de vender as 
camisetas. No último dia de reuniões, foi verificar o resultado se seu negócio e viu com 
surpresa que só tinha vendido vinte camisetas, horrorizado comprovou que estava com 
um prejuízo de 980 camisetas. Como ele tinha o sermão de encerramento, subiu aquela 
noite no púlpito, e disse: 
 
Exclamou entusiasmada a plateia que continuou o pregador – ele diz. 
 
 
“Amados irmãos, hoje eu tenho uma mensagem de Deus para vocês”. – Aleluia! 
 
Lotava o recinto – “Deus falou comigo!” – voz clara e audível que eu deveria seguir 
a Bíblia e que eu deveria obedecer também o que ela diz. Então eu pergunte a Deus. O que 
eu devo fazer Senhor? Eu fiz a mesma pergunta de Paulo no Caminho de Damasco. 
Então o Senhor me respondeu: “Abra a Palavra e leia, leia e obedeça!”. 
 
“Irmãos, então, tomei a minha Bíblia e abri, a leitura que o Senhor me mostrou estava 
em Marcos 10:21. O Senhor me diz, pela sua Palavra: “Vai, vende tudo...”. 
 
“Agora eu tenho que obedecer e vocês têm que cumprir essa ordem do Senhor, eu estou 
com 980 camisetas ali na entrada, elas são abençoadas pelo Senhor, e Deus me diz: Vai 
vendo tudo, por isso eu não posso sair daqui até não ter vendido até a última delas. 
Irmãos... Está escrito, vai e vende tudo, eu tenho que obedecer”. 
 
Não sei se é verdade, mas essa história ou estória ilustra muito bem o que estamos 
querendo passar a nossos alunos, muitos textos das Escrituras são usados para afirmar 
as mais estranhas coisas, e mal usados para desculpas suspeitas, sem falar nas 
inumeráveis heresias que são o fruto de um punhado de textos fora do contexto, 
Portanto, se não pesquisarmos bem o contexto de uma passagem bíblica, corremos o 
28 
 
 
 
perigo de ensina‐la fora de seu sentido original, em interpretações que não passam de 
tentativas de achar um significado para ela. 
 
 
No estudo do contexto há um fator importante a ser considerado, que é o estudo palavras 
é a chave numa comunicação correta. Se você deseja se comunicar e se fazer da palavra em 
se mesma. As palavras são comparadas a tijolos com os quais a comunicação seja ela 
faladaou escrita, é construída. O correto significado das entender, deve 
conseqüentemente empregar o correto uso das palavras, em especial com um significado 
apropriado. No estudo das Escrituras nada é tão importante como o estudo original das 
palavras. Depois de estudar o texto e seu contexto devemos fixar nossa atenção nas 
palavras. Vamos definir o estudo de palavras – É a atividade de descobrir o significado 
original de uma palavra no texto bíblico. Lembremos que as palavras transmitem idéias, 
expressam sentimentos, indicam ações e demonstram qualidades. Nosso alvo como 
teólogos será entender o significado que as palavras tinham para o autor bíblico que a 
empregou, e que conseqüentemente há de ser o significado dos primeiros leitores da 
obra. Devemos nos colocar como leitores na época em que autor usou a palavra para 
expressar suas idéias. Nos veremos porque. 
 
Um estudo cuidadoso é necessário, visto que as línguas se modificam de geração para 
geração, e não desejamos descobrir o que a palavra pode significar hoje, mas, sim, o 
que ela significou originalmente. 
 
 
Há palavras na Bíblia cujo significado bíblico difere do sentido moderno. É o caso da palavra 
“piedade” como é empregada no Novo Testamento. Conforme o uso dos autores do Novo 
Testamento “piedade” significa temor a Deus, respeito e reverência em relação a Deus. Ou 
seja, piedade é o que devemos ter em nosso relacionamento com Deus, um adjetivo 
derivado explica melhor este sentido: Piedoso. O sentido moderno da palavra “piedade” 
é completamente diferente, significando dó, pena, uma demonstração de compaixão. A 
palavra hebraica, empregada no Antigo Testamento também significa dó, pena e 
compaixão. Portanto, estamos também diante de um caso em que, pelo menos nas 
versões, há diferença de sentido das palavras de Testamento para Testamento. Se você 
consulta um dicionário verá a explicação dos dois sentidos, porém o mais conhecido é o 
sentido que expressa um sentimento de dó e pena por outros. No Novo Testamento não 
ocorre este uso, mas apenas aquele em que “piedade” é o modo certo de relacionar‐se 
com Deus. Este exemplo ilustra a necessidade de fazer um bom estudo de palavras na 
pesquisa e relação entre Texto, Contexto e Palavra. 
 
O estudo de palavras também é importante pelo fato de nossas versões fazerem 
uso de termos que mudaram de sentido. A palavra “caridade” é um bom exemplo. 
 
Nas versões antigas (como ARC) este termo é o principal para designar o “amor” 
(ARA). De acordo com o dicionário, este último uso é o mais correto. Mas talvez a 
29 
 
 
 
“caridade” seja entendida como amor a Deus em algumas regiões do Brasil, porém, em 
geral, o termo “caridade” é mais associado a atos de benevolência (dar esmolas) do que 
com a dedicação e amor a Deus. Os tradutores bíblicos, ao empregar a palavra “caridade” 
talvez desejassem imprimir um sentido mais nobre e elevado a esta palavra grega, pois 
geralmente se emprega em grego a palavra “ágape” em contraste com “fileo”. Portanto, as 
diferenças de sentido das palavras como usadas em versões bíblicas é um forte incentivo 
para o estudo das palavras. 
 
O estudo de palavras não é, porém, feito apenas para evitar usos seculares e 
errôneos de um termo. É bom lembrar que existem diferenças no sentido das palavras 
de contexto para contexto. A palavra “carne” é um exemplo deste tema. 
 
Esta palavra: “carne” pode significar literalmente a parte do corpo que está em 
contraste com os ossos (Lucas 24:39), onde Jesus mostra que mesmo após a ressurreição 
ele tem “carne” e ossos. Pode também significar o corpo todo (Colossenses 2:5 – “ausente 
quanto à carne...” Original grego) palavra que é traduzida corretamente como “corpo”. A 
palavra carne pode significar ser humano, como em João 1:14, onde se explica que o 
Verbo (Jesus) se fez carne (não só carne, mas também ossos, pele, sangue, etc), isto é, 
um ser humano. Pode também significar a descendência humana e mortal como em 
Romanos 1:3. Pode significar o lado exterior ou terreno da vida (Filipenses 3:3‐4). Pode 
ser usada para designar o instrumento voluntário do pecado, ou a nossa natureza cheia 
de pecado (Romanos 7:5, 18, 25; Gálatas 5:13, 16‐17; Judas 23). Notamos em especial 
que todos estes sentidos são bíblicos e corretos, mas o significado muda de acordo com 
o contexto. É possível indicar o sentido exato do termo em todos os contextos em que 
aparece. Aqueles que insistem em afirmar que uma palavra tem sempre o mesmo 
significado, sem ter feito antes uma boa pesquisa para chegar a essa conclusão, eles 
correm o risco de ensinar o erro e cair em contradição. Qual é então a regra? Há termos 
com um só significado, mas encontra‐los depende da pesquisa. Da mesma forma, afirmar 
vários sentidos para um termo é algo que tem de ser provado. Mais uma vez o contexto é a 
chave para encontrar o exato sentido das palavras. O estudo de palavras para uma 
explicação correta da Bíblia é encontrar o sentido da palavra no texto e contexto que 
está sendo estudado e analisado. 
 
Algumas palavras bíblicas evocam significados próprios à luz de sua história. É o caso da 
palavra “ágape” (traduzida como: amor), que é definida em termos bíblicos pelo ato de 
Deus em enviar Jesus ao mundo para ser oferta pelo pecado. Somente à luz da história 
bíblica é que o termo adquire seu sentido pleno. Assim também palavras como “Reino”, 
“sacerdócio” e “unção”. O estudo da sua história é a chave para entender o pleno 
significado dessas palavras. 
 
Certas palavras bíblicas têm um significado técnico específico, ou até podemos dizer, um 
uso teológico do termo. Por exemplo: a palavra “sacrifício” e seus cognatos, sempre evocam 
e se referem (literal ou figurativamente) às ofertas rituais