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Introdução a segurança pública

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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6525-7
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 2 5 7
Código Logístico
58851
IN
TR
O
D
UÇÃO
 A SEG
UR
AN
ÇA PÚBLICA
M
AR
CELO
 TR
EVISAN
 K
AR
PIN
SKI
Onde há aglomeração de pessoas, seja no campo 
ou na cidade, haverá a presença do crime e da 
violência que o acompanha, em maior ou menor 
intensidade. Nesse sentido, os olhos treinados dos 
profissionais de segurança pública são essenciais 
para identificar esses problemas e apontar soluções 
adequadas e eficientes para cada uma das formas 
pelas quais o crime pode se manifestar.
A segurança pública tem sido tema recorrente e 
abordado em muitos debates. Neste livro, busca- 
-se trazer informações úteis e inaugurais que 
permitirão ao leitor um maior aprofundamento 
nesse tema. Certamente, esse é um campo fértil 
para aquele que busca o extraordinário e deseja 
compreender a vida em sociedade.
Introdução à 
Segurança Pública
IESDE
2019
Marcelo Trevisan Karpinski
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos 
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Macrovector /MicroOne/VectorPot/Macrovector/Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
K28i
Karpinski, Marcelo Trevisan
Introdução à segurança pública / Marcelo Trevisan Karpinski. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : IESDE Brasil, 2019.
102 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6525-7
1. Segurança pública - Brasil. I. Título.
19-59919 CDD: 363.106981
CDU: 351.74(81) 
Marcelo Trevisan Karpinski 
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em 
Administração Pública pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Especialista 
em Administração com ênfase em Segurança Pública pela Faculdade Educacional Araucária 
(Facear). Especialista em Políticas Públicas pela Faculdade São Braz. Graduado em Direito pela 
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Bacharel em Segurança Pública pela Academia Policial 
Militar do Guatupê, Escola Superior de Segurança Pública da Polícia Militar do Estado do Paraná 
(APMG/Esusep/PMPR). Instrutor dos cursos de formação de oficiais e demais cursos de formação, 
atualização e aperfeiçoamento da Academia Policial Militar do Guatupê. Instrutor da Secretaria 
Nacional de Segurança Pública (Senasp) e do Programa Educacional de Resistência às Drogas e 
à Violência (Proerd). Oficial da Polícia Militar do Estado do Paraná. Membro da Academia de 
Letras dos Militares Estaduais do Paraná (Almepar – Patrono Capitão PM João Alves da Rosa 
Filho), ocupante da cadeira n. 14 “Coronel PM José Scheleder”. Palestrante de temas que envolvem 
Segurança Pública e privada.
Sumário
Apresentação 7
1 Evolução da Segurança Pública 9
1.1 O que se entende por Segurança Pública 9
1.2 Segurança Pública – tema multidisciplinar 12
1.3 Violência 14
1.4 Segurança Pública – conceito em construção 16
1.5 História da Segurança Pública 17
2 O direito fundamental à Segurança Pública 27
2.1 Direitos do Homem, Direitos Humanos e Direitos Fundamentais 28
2.2 Tratados internacionais sobre Direitos Humanos 30
2.3 Classificação Legal dos Direitos Fundamentais 30
2.4 Classificação Temporal dos Direitos Fundamentais 32
2.5 Características dos Direitos Fundamentais 33
2.6 O Direito Fundamental à Segurança Pública na Constituição brasileira 33
3 Segurança Pública na Administração Pública 41
3.1 Princípios orientadores 41
3.2 Serviço público 50
4 Órgãos de Segurança Pública 57
4.1 Ordem e Segurança Pública na Constituição brasileira 57
4.2 As atividades policiais de Segurança Pública no Brasil 59
4.3 Ciclo da persecução criminal e o ciclo de polícia 70
5 Sistema Único de Segurança Pública (Susp) 77
5.1 Segurança Pública como política pública 77
5.2 Da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social 80
5.3 Origem e integrantes do Susp 81
5.4 Composição formal e do funcionamento do Susp 95
Gabarito 99
Apresentação
A Segurança Pública tem sido tema recorrente e abordado em muitos debates. Especialistas e 
profissionais da área se revelam a todo momento, opinando e discutindo a melhor configuração do 
Sistema de Segurança Pública Nacional. Neste livro, procuramos trazer a esse debate informações 
úteis e inaugurais que lhe permitirão um maior aprofundamento nesse tema. 
Faz-se necessário ter muita disposição para se debruçar sobre esse assunto, pois, como você 
constatará, a Segurança Pública é um tema multidisciplinar, que envolve saberes dos mais diversos, 
perpassando pela história, geografia, sociologia etc. Certamente, é um campo fértil para aquele que 
busca o extraordinário e deseja compreender a vida em sociedade.
Onde há aglomeração de pessoas, seja no campo ou na cidade, haverá a presença do crime e da 
violência que o acompanha, em maior ou menor intensidade. Nesse sentido, os olhos treinados dos 
profissionais de Segurança Pública são essenciais para identificar esses problemas e apontar soluções 
adequadas e eficientes para cada uma das formas pelas quais o crime pode se manifestar. 
Este livro é dividido em cinco capítulos, e você encontrará os seguintes pontos para dar 
início à sua jornada de estudos e muito trabalho: no Capítulo 1, conduzimos à reflexão sobre o 
que realmente é a Segurança Pública e o quão equivocados podem ser os conceitos em relação a 
esse tema tão amplo. Com base em uma abordagem multidisciplinar, chegamos aos vários tipos 
de violência que surgem na sociedade, o que nos mostra como é imprescindível aprofundarmos o 
conceito de Segurança Pública, que continua mudando ao longo da história.
No Capítulo 2, é discutida a questão do direito fundamental à Segurança Pública, em que 
demarcamos, no campo do ordenamento jurídico, a Segurança Pública como direito fundamental, 
compreendendo-a à luz da Constituição Federal e de documentos internacionais.
Na sequência, no Capítulo 3, abordamos a Administração Pública, elucidando que todos 
os membros do Estado e seus administrados, em maior ou menor proporção, estão sujeitos aos 
princípios que regem a Administração. Nesse capítulo, buscamos possibilitar que você compreenda 
ao máximo os princípios que regem o Estado, para reconhecer que a vocação do ente estatal é o 
serviço público destinado ao cidadão.
No Capítulo 4, já conhecendo sobre Segurança Pública, os deveres e as prerrogativas do 
Estado, vamos abordar o Sistema de Segurança Pública – previsto na Constituição Federal de 
1988 –, saber sobre os órgãos que o compõem e abordar as competências específicas de cada um. 
Além disso, aprenderemos que segurança pública não é trabalho apenas da polícia, pois envolve 
muito mais.
Por fim, no Capítulo 5, trataremos do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Instituído 
legalmente, ele somou à Segurança Pública órgãos que já atuavam na causa, porém, com a 
edição de legislação adequada, tais órgãos passaram a compor um projeto de unificação de forças 
empreendedoras no combate ao crime e à violência, valorizando os profissionais da área, investindo 
recursos de maneira assertiva e fiscalizando passo a passo cada uma das ações desenvolvidas. Essas 
medidas inovadoras são fruto de uma Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social que 
passou a vigorar no Brasil.
Boa leitura!
1
Evolução da Segurança Pública
Falar sobre Segurança Pública é sempre um grande desafio, até mesmo para os profissionais 
que se dedicam ao tema há anos. Tal dificuldade ocorre devido à pertinência dessa temática, pois 
Segurança Pública se trata de um anseio nacional e global.
Quando pensamos nos milhares de pessoas que circulam pelas ruas das cidades ao redor do 
mundo, levando consigo a esperança de uma vida feliz e próspera, podemos imaginar que essas 
pessoas almejam estar e ter seusentes queridos em segurança antes de qualquer coisa.
A segurança física, psicológica e emocional garante ao ser humano vontade de prosseguir 
com sua caminhada diária em busca da felicidade.
Ao nos referimos à segurança psicológica e emocional, é importante refletirmos sobre o seu 
oposto, ou seja, a insegurança. Esse sentimento, devastador em todas as suas formas, permeia a 
discussão da Segurança Pública no que tange à violência social e ao crime. Você já imaginou que 
o medo do crime pode ser tão ou ainda mais perverso que o próprio crime? Se não, saiba que há 
estudos que comprovam isso1.
É neste contexto que convidamos você para iniciar os estudos em Segurança Pública, a fim 
de lhe proporcionar um sólido alicerce para transitar pelos temas mais complexos que envolvem 
essa temática. Acredite, o mundo precisa de você e de seus estudos!
Então, vamos ao primeiro capítulo do nosso trabalho, iniciando no aprofundamento do 
conceito de Segurança Pública, sua importância e historicidade. Para começar a compreender o 
tema, já lançamos a primeira questão: o que você entende por Segurança Pública?
1.1 O que se entende por Segurança Pública
Ao pensar em Segurança Pública, quais são as primeiras imagens que vêm à sua cabeça?
Podemos presumir que algumas sejam imagens como estas:
• Viaturas policiais em perseguição.
• Locais de crime com pessoas vitimadas, feridas ou mortas.
• Cenas de confronto entre supostos bandidos e policiais.
• Comunidades pobres sendo patrulhadas por policiais.
• Roubos à mão armada.
• Arrastão nas praias; pessoas sendo roubadas.
1 Para mais informações, acesse: http://www.assor.org.br/wp-content/uploads/2017/06/O-Medo-do-Crime.pdf 
e http://www.researchgate.net/profile/Braulio_Silva/publication/274855460_Ecologia_social_do_medo_avaliando_a_
associacao_entre_contexto_de_bairro_e_medo_de_crime/links/569e6afe08ae2c638eb55560/Ecologia-social-do-
medo-avaliando-a-associacao-entre-contexto-de-bairro-e-medo-de-crime.pdf.
http://www.assor.org.br/wp-content/uploads/2017/06/O-Medo-do-Crime.pdf
Introdução à Segurança Pública10
• Acidentes de automóveis e pessoas exaltadas com os engarrafamentos.
• Pessoas com medo, prisioneiras em suas casas, e ruas vazias.
Figura 1 – Segurança Pública: o que se entende
Perceba que a pergunta foi: “ao pensar em Segurança Pública, quais são as primeiras imagens 
que vêm à sua cabeça?”.
A resposta que induzimos você a ter, a partir das imagens, provavelmente foi de cenários de 
violência urbana, imagens com tudo girando em torno de uma possível catástrofe, do caos que se 
torna a vida quando há uma perturbação da ordem, da rotina.
Esses pensamentos e emoções acerca deste assunto são criados pela Síndrome da Violência 
Urbana2, que já está impregnada em nossas mentes, fazendo, inclusive, com que muitas pessoas 
sucumbam adoecidas pela sensação de desamparo frente aos problemas da violência urbana.
De fato, gostaríamos de estar enganados a respeito do que presumimos que você responderia 
ao questionarmos o que vem à sua mente sobre Segurança Pública. Compreensível seria que 
2 Expressão que se refere ao medo do crime, medo que surge devido à exploração inadequada e sensacionalista, 
principalmente pelos meios de comunicação.
G
et
m
ili
ta
ry
ph
ot
os
/A
.P
AE
S/
sp
ot
te
rs
/P
ho
to
 S
pi
rit
/S
hu
tt
er
st
oc
k
Evolução da Segurança Pública 11
assumíssemos o oposto como o correto e, ao pensarmos em Segurança Pública, tivéssemos as 
seguintes imagens, que conduzem a emoções prazerosas:
• Viaturas policiais estacionadas ao lado de praças e policiais conversando com as pessoas.
• Pessoas brincando em parques, com carrinhos de bebês, ou conversando; jovens e idosos, 
com animais de estimação etc. Todos em fraternidade, aproveitando uma tarde de sol.
• Pessoas caminhando pelas ruas, integração entre carros, ônibus, bicicletas e pedestres.
• Casas, prédios e comércios; tudo bem distribuído e limpo.
• Praias com pessoas felizes, sorveteiros etc.
• Trânsito calmo e pessoas tranquilas.
• Pessoas colaborando umas com as outras; jovens ajudando cadeirantes, idosos etc.
• Pessoas confiantes no futuro.
Figura 2 – Segurança Pública: o que se deveria entender
No entanto, a partir dessa reflexão, podemos constatar que tudo está associado à violência, 
ao crime, à interação entre as pessoas e o Estado organizado, à realidade com a qual, na maioria das 
vezes, convivemos, e não àquilo que idealizamos do conceito Segurança Pública.
Até aqui pretendemos refletir sobre o nosso entendimento primário de Segurança Pública 
Continuemos nossos estudos pontuando, em cada uma das seções, aquilo que irá nos conduzir ao 
maior entendimento da temática.
M
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Bu
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Introdução à Segurança Pública12
1.2 Segurança Pública – tema multidisciplinar
O entendimento primário que podemos ter sobre Segurança Pública certamente está ligado 
à violência, à criminalidade e a tudo o que orbita em torno deste elemento social que chamaremos 
de abstrato. É abstrato devido à característica do sentimento que temos quando o assunto é o 
crime. Assim como os demais sentimentos humanos, quando falamos em crime, sabemos o que 
estamos sentindo, mas para explicar é preciso divagar um pouco e/ou recorrer a outros conceitos.
Assim, tratar do crime necessita de explicações que não são terminativas em uma única 
palavra. Talvez, por vezes, as imagens nos ajudem mais.
A Segurança Pública, que está diretamente ligada à prevenção e ao combate ao crime, é um 
assunto complexo, que envolve ciências ligadas à história, à geografia, à sociologia, ao direito, ao 
jornalismo e muitas outras áreas, por isso a consideramos um tema multidisciplinar.
A Segurança Pública é um tema multidisciplinar, que não se esgota em si mesmo, 
mas flui mediante o estudo de outros temas, categorias, como controle social, 
ordem pública, participação, descentralização, cidadania, direitos humanos, 
dignidade da pessoa humana, violência, criminalidade, dentre outros. (SOUSA, 
2013, p. 29)
Dialogando com Sousa (2013), percebemos que o raciocínio que construímos aqui é por ele 
ratificado. O autor ainda contribui com nosso estudo apresentando conceitos como controle social, 
ordem pública, cidadania, direitos humanos e dignidade da pessoa humana, definições que, por si 
só, elevam a condição da temática Segurança Pública a patamares de interesse incomensuráveis.
Como exemplos dessa multidisciplinaridade, podemos relacionar a Segurança Pública à 
sociologia. Isso fica claro quando verificamos que a sociologia se dedica ao estudo das relações 
sociais, da organização e do funcionamento das sociedades. Estando os seres humanos inseridos 
em contextos sociais e sabendo que a Segurança Pública tem como objetivo manter a ordem social, 
não podemos dissociar o interesse dessa ciência da Segurança Pública.
Outro ponto a se refletir é em relação à violência urbana, tema atinente à sociologia que 
é também alvo de interesse daqueles que labutam com a segurança da população. O combate à 
vitimização e à repetição da vitimização faz com que profissionais da sociologia, junto com os de 
Segurança Pública, discutam aspectos de comportamento pessoal nos grandes e pequenos centros, 
assim como no campo.
Acrescentamos que há ramos do Direito que regram de maneira especial o serviço de 
Segurança Pública: Direito Constitucional, Direito Administrativo e Processual Penal, entre outros.
Sendo o Direito uma ciência também multidisciplinar, traz em seu bojo uma gama 
de conhecimentos em relação à formação e administração do Estado, bem como a atuação de 
cada órgão da administração pública, conhecimentos que são indispensáveis ao profissional de 
Segurança Pública.
Evolução da Segurança Pública 13
Ainda podemos somar a tudo isso a preocupação das ciências jurídicas com os administrados 
do Estado, a proteção do indivíduo e da coletividade, garantindo direitos e cobrando deveres – 
onde atua o profissional de SegurançaPública como o mais próximo do cidadão.
Já quando nos referimos ao jornalismo como integrante interessado nas questões 
relacionadas à Segurança Pública, remetemos à importância dos órgãos de comunicação, que levam 
a informação para a população. Assim como o policial, na sua missão-fim, deve levar sensação de 
segurança, com sua presença, nas atividades de Segurança Pública, os meios de comunicação têm 
tarefa semelhante quando informam ao cidadão as boas práticas comportamentais em seus jornais 
e/ou telejornais ou quando divulgam casos concretos de criminalidade.
Contudo, quando o trabalho de comunicação e informação é malconduzido, pode levar ao 
aumento da sensação de insegurança, trazendo prejuízos à Segurança Pública e levando o cidadão 
a ter medo exagerado.
O modo como vemos cada segmento da ciência, assim como cada segmento social, podemos 
relacionar às questões de segurança, pois segurança é algo que nós sentimos. O principal produto 
dos agentes de Segurança Pública é a sensação de segurança, que é construída em conjunto com a 
sociedade e demais profissionais. Todos somos responsáveis.
Mas você, como aluno, deve buscar uma definição concreta de Segurança Pública para 
simplificar seu entendimento do assunto. É compreensível, mas acreditamos que o processo de 
aprendizagem se torna mais proveitoso se formos construindo juntos e comentando os pormenores 
do assunto. Garantimos que seu entendimento da questão será macro ao final da leitura. Vamos 
juntos!
Falando em macro, ou seja, aquilo que dá visão geral, no início do capítulo, perguntamos a 
você quais eram as imagens que vinham à sua cabeça ao falar em Segurança Pública, certo? Não 
questionamos os conceitos que você sabia, mas as ideias pré-concebidas, as quais estimulamos por 
meio de imagens, porque, segundo o ditado popular, uma imagem vale por mil palavras e dela já 
começamos a extrair muita coisa boa.
Agora é preciso nos perguntarmos: em relação às imagens que foram apresentadas no início 
da leitura, quais são os conceitos que derivam delas e que podemos relacionar à Segurança Pública?
Vejamos alguns a seguir.
Introdução à Segurança Pública14
Figura 3 – Segurança Pública: alguns conceitos
Comunidade
Direitos humanos
Crime
Até agora, temos 14 conceitos. Pode ter escapado algum em meio a tantos, mas isso não é o 
mais importante, o que importa é que nós possamos, juntos, refletir como realmente é complexo o 
assunto, como ele é rico, quantos temas paralelos ele envolve... multidisciplinar, lembra?
É importante frisar nesse início de conversa que, além de denso, rico e até mesmo intrigante, 
o assunto é revestido de muita responsabilidade, pois abarca dimensões que vão além do alcance 
dos olhos daqueles que não se dedicam ao tema.
1.3 Violência
Nas palavras de Sousa (2013), na primeira citação deste capítulo, surgiu a menção à violência, 
um dos mais temidos conceitos envolvendo Segurança Pública e que está contido naquele elemento 
social abstrato: o crime. Não há como falar em crime e sua prevenção ou em Segurança Pública 
sem entrar nessa discussão.
Há muitas maneiras de definir violência, mas, segundo a Organização Mundial da Saúde 
(KRUG et al., 2002, p. 5), violência pode ser definida como:
o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si 
próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, 
que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano 
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.
No conceito da OMS está presente a intencionalidade diretamente associada ao ato praticado, 
às motivações que conduziram a tal atitude, independente do resultado alcançado (KRUG et al., 
2002).
Ainda, vamos acrescentar que a violência se apresenta de vários tipos; todos cruéis, concorda? 
Em sua forma física ou psicológica, qualquer violência é terrível. No site do Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ, 2019), encontramos os tipos de violência e suas respectivas definições; dentre elas 
IE
SD
E
Evolução da Segurança Pública 15
está a violência contra a mulher, que está entre as mais urgentes a serem debatidas e combatidas. 
Com as informações, construímos o Quadro 1, a seguir. Estes tipos de violência simbolizam todos 
os demais que estão relacionados com as possíveis crueldades que assolam o meio social.
Quadro 1 – Tipos de violência, segundo o CNJ
Tipos de violência Definições
Violência contra a mulher
Ação ou omissão de discriminação, agressão ou coerção ocasionada pelo fato de a 
vítima ser mulher e que cause danos, morte, constrangimento, limitação, sofrimento 
físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico, ou perda patrimonial. 
Pode acontecer tanto em espaços públicos como privados.
Violência de gênero
Sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade 
ou qualquer outra condição; produto de um sistema social que subordina o sexo 
feminino.
Violência doméstica
Ocorre em casa, no ambiente doméstico, ou em uma relação de familiaridade, 
afetividade ou coabitação.
Violência familiar
Acontece dentro da família, formada por vínculos de parentesco natural ou civil, por 
afinidade ou afetividade.
Violência física
Ação ou omissão que coloque em risco ou cause danos à integridade física de uma 
pessoa.
Violência institucional
Motivada por desigualdades predominantes em diferentes sociedades. Essas 
desigualdades se formalizam e institucionalizam nas diferentes organizações 
privadas e estatais.
Violência intrafamiliar/
violência doméstica
Acontece dentro de casa ou unidade doméstica e geralmente é praticada por um 
membro da família que viva com a vítima. As agressões domésticas incluem abuso 
físico, sexual e psicológico, negligência e abandono.
Violência moral Ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação.
Violência patrimonial
Implica dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos 
pessoais, bens e valores.
Violência psicológica
Destinada a degradar ou controlar ações, comportamentos, crenças e decisões 
de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, 
humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde 
psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal.
Violência sexual
Obrigar uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras 
relações sexuais com o uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, 
manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade 
pessoal. Também considera-se como violência sexual o fato de o agressor obrigar a 
vítima a realizar alguns desses atos com terceiros.
Fonte: Adaptado de CNJ, 2019.
Introdução à Segurança Pública16
Não poderíamos ter deixado de comentar a questão da violência, que certamente tem estreita 
relação com todo o nosso debate, mas, para aprofundar o assunto, sugerimos que você visite os sites 
da Organização Mundial da Saúde3 e do Conselho Nacional de Justiça4.
1.4 Segurança Pública – conceito em construção
Estudiosos da violência têm discutido o assunto e, de maneira especial, defendido a tese 
de que devemos adotar um novo modelo de Segurança Pública, integrando órgãos do governo 
e da sociedade civil organizada. Sousa (2013, p. 23) diz que, assim, “a Segurança deixa de ser um 
assunto exclusivamente policial, passando a envolver diversas áreas da administração pública, nos 
três níveis de governo – Federal, Estadual e Municipal – e a sociedade civil”.
Sobre a importância, complexidade e profundidade da temática, agora adicionaremos o 
conceito de democracia, que é o sistema político em que o povo exerce a soberania por meio da 
escolha de seus representantes. Eis que, ao falar em democracia, escolha do povo e representantes 
eleitos, chegaremos à responsabilidade que é prevista constitucionalmente. Veremos isso à frente.
A responsabilidade é de todos nós, inclusive por força constitucional, e principalmente 
dos que se apoderamdesse conhecimento. Ela pertence, sobretudo, a nós porque somos pessoas 
privilegiadas por podermos ler, estudar, debater ideias. Somos cidadãos de plenos direitos e 
também de deveres.
Mas é preciso simplificar. Qual é a nossa responsabilidade?
A resposta é simples, mas não é fácil, pois simplificar algo tão complexo não é fácil. Nossa 
responsabilidade é transformar esse tema em algo acessível às pessoas e difundir o conhecimento, 
a informação àqueles que estiverem dispostos, para que o mundo possa ser um lugar ainda melhor 
e mais seguro para todos.
Até aqui, é possível dizer que obtivemos êxito em nosso intento de refletir sobre o quão 
importante é a seara da Segurança Pública e como sabemos tão pouco ainda.
Sobre isso, é importante frisar que estudar Segurança Pública é estudar o mundo de modo 
geral, global, sabendo que os acontecimentos do outro extremo do Planeta podem ser familiares ao 
nosso cotidiano, em nosso bairro, e que todos somos suscetíveis a tais acontecimentos. Pense nisso!
Ah, sim! Precisamos de um conceito para trabalhar. Bem, citamos democracia, direitos 
humanos, e estudaremos a Segurança Pública como um direito fundamental, garantidor da cidadania.
Como propõe Sousa (2013, p. 24), “segurança pública é um conceito em construção, porém, 
pode-se afirmar que é um processo sistêmico [...]”. Sistêmico porque envolve muitos segmentos 
públicos e da sociedade. Ainda podemos acrescentar que “a segurança pública corresponde, 
pois, a um estado que possibilita (viabiliza) o livre exercício dos direitos, liberdades e garantias 
consagrados na Constituição e na lei” (SOUSA, 2009, p. 30).
Agora mais uma questão para respondermos juntos: de onde surgiu essa tal Segurança Pública?
Vejamos a próxima seção, que vai nos remeter aos primórdios do tema.
3 Disponível em: https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/; https://www.paho.org/hq/index.php?lang=es.
4 Disponível em: http://www.cnj.jus.br.
https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/
https://www.paho.org/hq/index.php?lang=es
http://www.cnj.jus.br
Evolução da Segurança Pública 17
1.5 História da Segurança Pública
Para falarmos da história da Segurança Pública, temos que falar da história da polícia e como 
ela surgiu. Parece óbvio, mas é necessário dizer que são assuntos que caminham juntos. Vamos 
compreender isso ao longo desta seção.
Também é importante lembrarmos que Segurança Pública se faz para o cidadão. Sem os 
indivíduos, não há por que nos preocuparmos com segurança. O conceito de cidadão, tão caro para 
nós, vamos aprofundar em momento oportuno.
Por ora, fazemos um passeio pela história e retornamos ao Império Romano, a fim de 
compreender o conceito de cidadão. Com base no conceito romano, Brito (2005, p. 5) traz que 
cidadão é “aquele a quem é dado o direito de influir na gestão da coisa pública, da civita, no sentido 
primitivo, os que se domiciliavam na cidade, os civis”.
Naquela época, havia um grupo de homens romanos que não viviam na civita, ou seja, na 
cidade, e ficavam acampados nos arredores para garantir a segurança de quem gozava o status de 
cidadão. A esse grupo de romanos dava-se o nome de militares e – pasmem! – eles não detinham 
o status de cidadãos, isto é, seus direitos eram mais restritos. Até mesmo para entrarem na cidade, 
quando retornavam dos acampamentos, tinham de pedir permissão aos governantes. A missão 
diuturna dessas legiões romanas era proteger os cidadãos e seus direitos contra possíveis invasores, 
garantindo segurança à cidade (KARPINSKI, 2013).
Karpinski (2013, p. 23) comenta que, “no final do Império Romano, surge o fenômeno 
denominado ‘pretorianismo’, a militarização provisória das funções estatais ligadas à Segurança 
Pública, que ocorria em casos excepcionais de anormalidade, quando o poder estatal estava 
ameaçado”.
Cabe destacar, do parágrafo anterior, o trecho “militarização provisória das funções estatais 
ligadas à segurança pública”; isso denota que as funções de segurança pública, já no Império 
Romano, eram administradas pelo Estado. E mais: elas já existiam, tanto é que eram militarizadas 
provisoriamente para a proteção do próprio Estado, isso, inclusive, em detrimento do cidadão e de 
seus direitos.
Quando falamos da Segurança Pública e sua trajetória paralela ao surgimento da Polícia, 
atentamos para o fato de que não há uma data exata para o surgimento de ambas. Corroboram com 
nossas pesquisas os escritores Hipólito e Tasca (2012, p. 33), acrescentando que:
o surgimento da polícia não encontra nos relatos dos diversos autores uma data 
certa, ou mesmo um determinado período bem delimitado, pois ao longo da 
história das civilizações a tarefa de manter a ordem na cidade, aldeia, clã, esteve 
afeta a uma variedade de autoridades, ou mesmo ao sobrenatural.
Os autores comentam que manter a ordem na cidade, aldeia ou clã estava “afeta a uma 
variedade de autoridades”, até mesmo ao sobrenatural. A partir disso, vamos desde já enaltecer 
a importância do conceito de ordem pública, ressaltando que ele é o objeto central da Segurança 
Pública e, como comentam Hipólito e Tasca (2012, p. 33), para manter tal ordem “houve época, 
Introdução à Segurança Pública18
inclusive, que magistrados acumulavam funções policiais e mesmo aos Deuses foram atribuídas 
funções policiais”.
Do que vamos consolidando em nosso estudo, o caráter multidisciplinar vai se firmando, 
e o multissetorial da administração da Segurança Pública vai se evidenciando passo a passo. Isso 
fica claro ao vermos que até mesmo aos deuses, segundo Hipólito e Tasca (2012), eram atribuídas 
funções policiais. Reflita, então, sobre a dificuldade que houve, no decorrer da história, em se tratar 
do tema Segurança Pública em um âmbito específico.
Agora, aproveitando os profícuos estudos de Souza e Albuquerque (2017), vamos entender 
que a Segurança Pública como a conhecemos teve sua evolução por meio da formação política da 
sociedade, seguindo com a organização urbana de quem habitava a urbe.
Nesse sentido, a Polícia se transformou na ferramenta da Segurança Pública, sendo necessário 
seu emprego para a manutenção da ordem pública, próximo conceito que aprofundaremos.
Ainda contando com os autores (2017), tomamos posse da informação de que os povos 
antigos tinham normas simples e por vezes rudimentares, com as quais buscavam alcançar o bem 
social. Além disso, queriam também atingir “a defesa, a ordem e a segurança de suas comunidades, 
das autoridades e dos poderes instituídos que se referiam ao seu grupamento social” (SOUZA; 
ALBUQUERQUE, 2017, p. 24).
Constatamos que a normatização das sociedades começava a ocorrer desde os tempos antigos. 
Relembrando as lições de direito, temos que um sistema normativo pode ser consuetudinário, ou 
seja, fundamentado nos costumes de uma sociedade até que se transforme, ou não, em direito 
positivo, no sentido de positivado, escrito em documentos ou códigos mais elaborados.
Com o comentário de Souza e Albuquerque (2017, p. 24), reafirmamos o entendimento que 
já temos de que a falta de regramento social, estabelecido por meio de normas, por mais simples 
que possam ter sido, teria causado um atraso na evolução da humanidade. Eles esclarecem:
Os primeiros agrupamentos humanos necessitavam de um código de convivência 
e de alguém que garantisse o cumprimento desse código. Na tradição africana, 
os responsáveis eram os anciões; na greco-romana, os sacerdotes e, mais tarde, 
os governantes e magistrados, os quais, para realizar seu mister, se valiam de 
forças policiais.
No que tange à atuação das autoridades, garantindo o cumprimento dos códigos e normas 
e também exercendo o papel de forças policiais, encontramos em Souza e Albuquerque (2017) a 
ratificação do que já foi explanado por Hipólito e Tasca (2012), quando envolvem nas atividades 
policiais os magistrados. Contudo, Souza e Albuquerque falam do magistrado valendo-se de forças 
policiais, enquanto Hipólito e Tasca (2012) fazem referência a tais autoridades acumulando funções 
policiais,o que tomamos por igual importância.
Ainda é possível constatar que as normas, por si só, são inócuas, de nada servem, pois 
é necessário um agente capaz para fazer valer os direitos e deveres que estão normatizados de 
acordo com a vontade do legislador, que se espera estar de acordo com a vontade dos membros da 
sociedade.
urbe: cidade
inócua: 
inofensivo, que 
não provoca 
prejuízo.
Evolução da Segurança Pública 19
Também já fizemos referência ao Império Romano, aos militares e aos pretorianos, agindo 
como forças de segurança para proteger ora o cidadão, ora o cidadão e a cidade e, por vezes, somente 
o governo. Segundo Bayley (apud SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017, p. 24), “não foi apenas no 
Império Romano, mas também na Índia e na China que surgiram as forças policiais, principal fator 
de segurança pública”.
Para complementar a informação, Souza e Albuquerque (2017) apresentam John Roberts. 
Em seu livro, History of China (2006), Roberts relata que, na China, os primeiros registros de 
policiais datam de 771 a 403 a. C., período em que a aplicação da lei ficava a cargo dos “prefeitos”, 
que eram como senhores feudais, nomeados pelo Imperador para cuidar das cidades conquistadas.
Este sistema chinês estava envolto em filosofias como confucionismo e taoísmo. Outro dado 
interessante que os autores apresentam é o surgimento das guardas imperiais, responsáveis pela 
segurança do Imperador, que atuaram como sua polícia secreta durante toda a Dinastia Ming 
(1368-1644).
De tudo o quanto vamos estudando, algo que fica latente, você perceberá, é que não existe 
uma lógica estabelecida, planejada para a criação de um sistema de Segurança Pública, o que vai 
ocorrendo é o improviso ao acaso das necessidades do momento. Segundo Monet (2006, p. 31), “não 
há uma história ‘natural’ da polícia: a função policial como hoje é compreendida nem sempre existiu. 
Ela é mais o produto de uma sucessão de rupturas do que a consequência de um desenvolvimento”.
O autor traz exemplos de sociedades antigas, como a dos esquimós, que resolviam problemas 
sociais e delituosos, como roubo, adultério e outras quebras das normas, de maneira privada; assim, 
cabia à vítima e a seus parentes todo o processo do julgamento até o castigo do culpado.
No tocante às sociedades antigas, os nueres, pastores e criadores de gado do Sudão, com 
o aperfeiçoamento da organização social entre eles, passou a contar com a presença de um 
mediador para os conflitos. Pessoas com prestígio e independência socioeconômica entre os 
nueres eram responsáveis por ajustar as demandas relativas ao roubo de gado, sem poder impor 
suas decisões. Em caso de permanecer a discordância entre as partes, poderia acontecer disputa 
privada entre elas.
Os nueres são um dos exemplos de sociedades que foram se aperfeiçoando e contando com 
mediadores. Nesta senda, ocorre o surgimento concreto da função policial, que vem também do 
citado aperfeiçoamento da sociedade, quando o controle social passa a ocorrer e, conforme já 
sabemos, estabelece-se por várias formas.
A presença de uma função policial só é detectada a partir do momento em que a 
divisão do trabalho se acentua e estruturas diferenciadas de dominação política, 
religiosa e militar aparecem. Assim, entre os cheienes, os crimes mais graves – 
assassinatos, caça e pesca clandestina – dependem de um conselho judiciário que 
pode infligir as mais severas penas, como o banimento. A execução das decisões 
é atribuída às sociedades de guerreiros, grupos de homens organizados para a 
guerra, mas encarregados, em tempo de paz, de manter a ordem nas cerimônias 
rituais e de fazer respeitar – pela aplicação de uma sanção imediata – as decisões 
do conselho tribal em matéria de caça aos búfalos. (MONET, 2006, p. 32)
Introdução à Segurança Pública20
Extrai-se do trecho que a divisão do trabalho e a dominação política, religiosa e militar são 
preponderantes para o surgimento da função policial. Às sociedades de guerreiros foi atribuída 
a execução de penalidades para aqueles que infringissem as normas da sociedade e, sobretudo, a 
manutenção da ordem em tempos de paz.
No modelo grego de polícia, filósofos, como Aristóteles, e dramaturgos helênicos 
reivindicavam ordem pública aos governantes, deixando claro que na Grécia surgiram especialistas 
em fazer respeitar as leis, muitas vezes, utilizando a força física, a intimidação psicológica e o temor 
de sanções penais (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).
Mas como eram essas polícias helênicas da Antiguidade? Segundo Monet (2006, p. 32),“eram 
múltiplas e pouco profissionalizadas, provavelmente pouco coordenadas entre si”. Havia uma 
polícia para cada interesse:
1. Polícia do mercado.
2. Polícia das águas.
3. Polícia dos reservatórios de cereais.
4. Polícia dos portos, entre outras.
Depreendemos dos estudos que, na época, século V a.C., o exercício das atividades de 
polícia conferia prestígio a quem por elas fosse responsável. Personalidades como Temístocles5 e 
Demóstenes6 assumiram, respectivamente, a polícia das águas e dos cereais.
Tentar dar uma sequência cronológica ou atribuir a uma personagem as ideias 
correspondentes à criação da polícia é um equívoco, pois não há precisão nessa empreitada.
Em Atenas, a especialização de agentes pela autoridade pública, em tarefas referentes à 
ordem e à segurança, tornou-se imprescindível. A consulta aos oráculos, a exemplo de Delfos, tido 
como um centro de espionagem, era algo de suma importância para a tomada de decisões. Esse 
dado nos remete a Hipólito e Tasca (2012), quando se referiram aos deuses e ao sobrenatural no 
cuidado com a Segurança Pública.
Saindo da Grécia Antiga e adentrando o Império Romano, temos o édito de Caracala 
(211 a.C.), que marca a perda da autonomia das cidades gregas. Passa a prevalecer, então, o modelo 
de organização policial romana, que tem em sua essência muito do modelo grego.
Ao contrário do que possamos imaginar, a organização policial grega estava à disposição 
dos governantes, não dos simples cidadãos, a quem era permitida a defesa de seus interesses de 
maneira privada. Concluímos que apenas aos governantes era dado o poder de instaurar processos 
criminais que poderiam culminar na prisão de quem os tivesse lesado.
No modelo romano de polícia, havia a distinção entre o público e o privado. Cabia ao cidadão 
levar as queixas aos magistrados, que pronunciavam a condenação; contudo, a execução caberia às 
vítimas. Esse momento da história está entre 450 a.C., que tem como marco a publicação da Lei das 
12 Tábuas, a primeira legislação escrita dos romanos, em meados do século III a.C.
5 Temístocles foi um político e general ateniense.
6 Demóstenes foi um orador e político grego.
Evolução da Segurança Pública 21
A violência fazia parte do cotidiano de Roma, assim como a desorganização social. Sabemos, 
atualmente, que desorganização social conduz a mais violência, ao crime e também ao medo 
do crime. Nessa fase, Roma atravessa profundas divisões religiosas, culturais, étnicas, pois atrai 
pessoas vindas de todas as províncias e sua população chega próximo a um milhão de habitantes. 
Contudo, a tradição de agitação popular e violência e, agora, a necessidade de lidar com a multidão 
faz o governo organizar a distribuição de trigo mensalmente para cerca de 200 mil deserdados, no 
intuito de minorar os problemas e manter os ânimos tranquilos.
É nesse cenário que, com Augusto, relata Monet (2006, p. 34), “aparece uma verdadeira 
administração policial pública, profissional e especializada. [...] o prefeito encarregado de comandar 
os vigiles7 que patrulham as ruas a serviço da polícia noturna e da luta contra os incêndios”. Os 
stationarii8 ficavam em postos fixos, que Monet compara a departamentos de polícia.
A organização policial de Augusto continua com seus sucessores, inclusive com Trajano, 
mas tem sua derrocada com a queda do Império Romano, desaparecendo da Europa por muito 
tempo. Depois da queda do Império Romano, organizou-se a sociedade feudal, seguindoo Período Merovíngio e após o Período Carolíngio9 (742-814 d.C.), como ficou conhecido o 
reinado de Carlos Magno.
Com o fracasso do projeto unificador de Carlos Magno, “a divisão da autoridade política é 
acompanhada de um desmembramento das funções de justiça e de segurança” (MONET, 2006, p. 35).
Tamanho é o problema social, que insegurança e violência são as marcas da Europa durante 
séculos.
Na prática, a fragmentação do poder político e a subdivisão das funções 
policiais e judiciárias assumem um grau então desconhecido na França ou na 
Inglaterra. Embora teoricamente protetor do direito e submetido à obrigação 
moral e religiosa de garantir a justiça a todos os súditos do Império, o monarca, 
cujos magros recursos financeiros e militares são inteiramente dedicados à 
defesa de suas próprias terras, é incapaz de assegurar a paz pública e limitar a 
arbitrariedade de múltiplos potentados locais. (MONET, 2006, p. 36)
Do que extraímos, é notório que a Segurança Pública era inexistente na época, restando a 
cada um a sua própria defesa, inclusive o rei buscava apenas os seus interesses. Os poderes judiciais 
são ainda mais estratificados, e
cada senhor em suas terras se torna o verdadeiro detentor dos poderes 
judiciários e dos meios de coação necessários para tornar quase efetivas as 
sentenças proferidas. Mas, por falta de órgãos de polícia especializada, essas 
funções judiciárias são exercidas com o concurso dos habitantes. (MONET, 
2006, p. 37)
7 Os vigiles (vigias) eram os bombeiros e policiais da Roma Antiga. Eram responsáveis por patrulhar as ruas, sobretudo 
durante a noite.
8 Postos fixos, onde os policiais da Roma Antiga ficavam para atender às demandas da segurança. Eram como os 
antigos módulos policiais ou as nossas delegacias de hoje.
9 Impérios do reino Franco, que se expandiu na Europa central, atual França, Bélgica e parte da Alemanha, após a 
queda do Império Romano.
Introdução à Segurança Pública22
Conforme o pesquisador esclarece, a justiça era aplicada em nome do rei, por aquele que 
possuía terras. Do nome do rei e, em nome dele, emanava toda a justiça.
Com essa cultura instalada, há o reconhecimento da vingança privada, de fazer justiça com 
as próprias mãos; assim, a violência se potencializa mais e mais, e a ordem e a segurança se tornam 
um negócio particular.
1.5.1 Tithings, Hundreds e os Sheriffs
Partindo para a Inglaterra, temos o sistema romano de organização, principalmente policial, 
elaborado por Augusto, que não teve grande aceitação. Lá, surgiram os conhecidos Tithings, grupos 
de dez famílias reunidas em Hundreds, ou seja, em cem famílias, cada uma é responsável pela 
segurança e pelos delitos cometidos pelos outros membros; uma espécie de polícia privada.
O termo Tithings desapareceu do texto do Estatuto Winchester10, de 1285. Esse 
desaparecimento marcou o início do processo que, na Inglaterra, substituiu progressivamente as 
formas privadas de polícia por formas públicas.
Com isso, é possivelmente na Inglaterra que nascem as primeiras formas de polícia pública. 
“O Sheriff aparece, assim, como o representante da Coroa em nível local. Exerce ao mesmo tempo 
funções policiais e judiciárias, pois pode infligir multas àqueles que contravenham certas leis. Mas 
também é responsável pelo bom andamento dos Tithings e dos Hundreds” (MONET, 2006, p. 42).
Porém, o sistema proporcionou que abusos passassem a ocorrer por parte dos Sheriff. As multas, 
aplicadas por irregularidades praticadas pelos particulares, eram aplicadas pelos homens das leis, 
e, em parte, destinadas a pagar seus salários, o que fez com que se perdesse o controle do que era 
justo e o que viria a ser interesse dos Sheriffs.
Na França, também no fim do século XIII, surgem os “guardas de feiras”, que podiam usar a 
força física para manter a ordem e a segurança local. Paris do século XIII tem as ruas patrulhadas dia 
e noite, seja pela cavalaria ou por vigias. Com isso, surgem os primeiros comissários-examinadores, 
auxiliados pelos sargentos, que acumulam as funções de investigadores e de juízes (MONET, 2006).
1.5.2 Polícias modernas da Europa
Segundo Monet (2006, p. 47), encontramos a informação de que “entre 1650 e 1850, grosso 
modo, todos os países europeus se munem de formas de polícia que podem ser qualificadas 
como modernas”. Abaixo elencamos algumas das datas de criação das polícias organizadas em 
países da Europa.
• Dinamarca: em Copenhague, final do século XVI, o primeiro embrião de polícia 
profissional se firma.
• Suécia-Finlândia: em Estocolmo, em 1776, é instituída a primeira polícia organizada.
• Alemanha (Monet chama de espaço germânico): em Mogúncia, um diretor de polícia é 
mencionado pela primeira vez em 1732.
10 O Estatuto de Winchester foi um diploma legal que instituía, entre outras obrigações, que cada homem válido, entre 15 
e 60 anos, possuísse em sua casa, para se defender, uma arma em bom estado de funcionamento.
Evolução da Segurança Pública 23
• Espanha: na Catalunha, em 1690, são criados os Los Mozos de Escuadra, oficialmente 
reconhecidos em 1721.
• Áustria: em Viena, a partir do século XVI, surge a “Guarda da Cidade” um dos primeiros 
órgãos de polícia pública especializada.
• Irlanda: pelo Dublin Police Act, de 1786, é criada uma polícia moderna.
• Inglaterra: em 1829, com Robert Peel, Ministro do interior, é instituída uma polícia 
moderna em Londres.
Até aqui falamos sobre Segurança Pública e polícia, mas o contexto apresentado não falou 
nada do nosso país, o Brasil. Vamos, então, trazer algumas informações sobre o início da Segurança 
Pública e da polícia brasileira.
1.5.3 Início da Segurança Pública e polícia no Brasil
Vamos pousar nossos estudos sobre terras brasileiras para falar um pouco sobre o surgimento 
da polícia no Brasil.
De acordo com Hipólito e Tasca (2012, p. 48), é necessário “esclarecer que a leitura histórica 
da origem de um corpo policial profissionalizado no Brasil surgiu em meio a um Estado Unitário 
Monárquico, que vai se transformar em República Federativa somente em 1889”.
Como os autores colocam, a família real chega ao Brasil em 1808 e, em 10 de maio do 
mesmo ano, é criada a Intendência Geral da Polícia e da Corte, no Estado do Rio de Janeiro. Esta 
é considerada por muitos como a primeira instituição policial brasileira (HIPÓLITO; TASCA, 
2012).
Holloway (apud HIPÓLITO; TASCA, 2012, p. 50) nos esclarece que o modelo de Polícia 
em nosso país seguiu os moldes franceses.
A nova instituição baseava-se no modelo francês introduzido em Portugal em 
1760. Era responsável pelas obras públicas e por garantir o abastecimento da 
cidade, além da segurança pessoal e coletiva, o que incluía a ordem pública, a 
vigilância da população, a investigação dos crimes e a captura dos criminosos.
Como já foi dito por muitos pesquisadores, a Intendência Geral da Polícia de 1808 é 
considerada a primeira instituição policial brasileira. Para a maioria deles, ela “é o marco do início 
da formação de um modelo profissional de Polícia no Brasil” (HIPÓLITO; TASCA, 2012, p. 50).
Como é de se concluir, a Polícia no Brasil se formou com a configuração da Polícia portuguesa, 
inclusive com o mesmo molde de hierarquia, trazendo junto consigo toda a herança cultural da 
época, que foi difundida em nosso território.
Foi o Decreto de 13 de maio de 1809, baixado pelo príncipe regente após a vinda da família 
real para o Brasil, um dos primeiros documentos que dispôs sobre a Guarda Real da Polícia 
da Corte.
Introdução à Segurança Pública24
Para Valla (2012), os pontos essenciais do Decreto de 13 de maio de 1809 são:
a. A subordinação do comandante da Guarda Real era dada ao Governador das Armas da 
Corte e ao Intendente Geral de Polícia.
b. A missão era manter a boa ordem e o sossego, sendo esta a preocupação principal.
c. Os fatos marcantes à época: tráfico e contrabando, crescimento populacional, crescimento 
da economia. O Rio de Janeiro passa a ser capital de Portugal e do Brasil.
d. A Companhia de Dragões vindade Portugal, formada pelos melhores homens, forneceria 
o efetivo para formar a Guarda.
e. Cuidados na escolha do efetivo, pessoas de vida exemplar, boa conduta, moralidade e 
robustez para aguentar o serviço policial que é penoso e aturado.
Ainda com Valla (2012), podemos aprender os principais momentos das polícias no Brasil, 
bem como da Segurança Pública, conforme elencado a seguir:
• No Brasil-Colônia, as Companhias de Ordenanças mantinham a segurança nas cidades.
Como não se mostraram eficientes, foram substituídas pelas Companhias de Dragões, 
constituídas por soldados profissionais, treinados de acordo com os padrões portugueses.
• Já em 1775, havia sido criada, em 09 de julho, o Regimento Regular de Cavalaria. Desde 
então tinha uma dupla função: a) civil para prevenir e reprimir o crime, como força 
policial; b) para enfrentamento das insurreições e defesa da Pátria, como força militar.
• No Brasil-Império, as forças públicas desgastadas mantinham-se para dar sustentação à 
Independência, originando o Exército Brasileiro. Em 10 de outubro de 1831, assinado pelo 
regente Padre Feijó, surgem os Corpos de Guardas Municipais Permanentes (VALLA, 
2012).
• Com o Brasil-República vêm as Brigadas Policiais. A partir de 1934, as polícias militares 
passam a figurar no texto constitucional, e a União passa a ter o controle sobre essas forças. 
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro criam a estrutura básica de suas organizações 
policiais: a) Polícia civil, com delegados, escrivães, médicos legistas e guardas civis; 
b) Polícia militar, com estrutura, estética, hierarquia e disciplina militar.
Assim seguiram as instituições policiais até alcançarem a atual configuração, fazendo- 
-se presentes nos textos constitucionais até a promulgação da Constituição Federal de 1988, 
acompanhando sempre o desenvolvimento histórico do Brasil.
Em capítulo específico de nosso livro, falaremos um pouco mais sobre a Polícia brasileira no 
contexto da Segurança Pública. Por ora, vamos encerrando esse ponto do aprendizado.
Passamos, no próximo capítulo, a analisar a Segurança Pública como um direito fundamental. 
Entenderemos, inclusive, o que é direito e direito fundamental.
Evolução da Segurança Pública 25
Considerações finais
A Segurança Pública tem relação direta com os problemas sociais e com as questões culturais 
e econômicas. O desenvolvimento de uma nação, em todos os aspectos, contribui para que a 
sensação de segurança seja potencializada e para que as pessoas vivam em harmonia. Esse sistema 
de crescimento se retroalimenta.
Durante a construção do texto, buscamos ofertar o máximo de informações possíveis, a fim 
de conduzir uma reflexão sobre as bases da Segurança Pública e aquilo que com ela se relaciona.
Um aspecto que ressaltamos neste capítulo que introduz nossos estudos é a importância de 
se ter um olhar global sobre o tema, pois, ao contrário do que possa ter ficado aparente aos olhos 
menos atentos, a questão da Segurança Pública não se limita à Polícia, vai muito além dela.
Segurança Pública, frisamos, é uma temática multidisciplinar que afeta toda a administração 
pública, a comunidade, e é responsabilidade de todos, conforme previsto constitucionalmente.
Segurança Pública é uma questão que engloba vários segmentos da sociedade não sendo 
apenas uma temática policial. Precisamos entender que a Polícia foi se desenvolvendo em paralelo 
com a evolução das questões relacionadas à Segurança Pública.
Então, seguimos até aqui com o amparo de pesquisadores consagrados e fizemos um 
apanhado do que seria o mais importante em relação ao surgimento formal das polícias.
Deixamos para o momento oportuno tratar das características específicas de cada uma das 
polícias que compõe o Sistema de Segurança Brasileiro. Pensamos, então, na polícia como todo o 
sistema que se desenvolveu ao longo da história.
Ampliando seus conhecimentos
• FÓRUM Brasileiro de Segurança Pública. 2019. Disponível em: http://www.
forumseguranca.org.br/. Acesso em: 6 ago. 2019.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresenta vasto material sobre o tema 
estudado, e o conteúdo pode ser encontrado no endereço eletrônico indicado. O processo 
de aprendizado será complementado de maneira eficaz com a leitura deste material, 
principalmente o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
• TERRADOIS. Terradois – Tolerância Zero. 05/06/2017. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=V2Lfcpa3Ujc. Acesso em: 06 ago. 2019.
O debate em torno das questões que tratam da Segurança Pública, de seus dramas 
individuais, coletivos e dos anseios da comunidade são mais densos ao ponto de se 
tornarem filosóficos. As artes, o cinema e o teatro se apoderam de temáticas como 
violência, crime e falta de segurança justamente para conduzir a reflexão em torno do 
assunto. No vídeo indicado, você poderá assistir e observar todos esses aspectos e refletir 
sobre o impacto da falta de segurança no cotidiano das pessoas.
http://www.forumseguranca.org.br/
http://www.forumseguranca.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=V2Lfcpa3Ujc
https://www.youtube.com/watch?v=V2Lfcpa3Ujc
Introdução à Segurança Pública26
Atividades
1. Conceitue Segurança Pública de acordo com o texto estudado.
2. Explique por que Segurança Pública não pode ser limitada ao entendimento equivocado de 
ser um assunto exclusivo de Polícia.
3. Qual a definição de violência, segundo a Organização Mundial da Saúde?
4. Apresentamos o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2019) e os tipos de violência e 
suas respectivas definições que lá podem ser encontradas. É possível associar a Síndrome da 
Violência Urbana, que é o medo concreto ou difuso do crime, com a violência, principalmente 
psicológica. Segundo nossos estudos, como é esse tipo de violência?
Referências
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da Paraíba. 101 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 
2005.
CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Formas de violência. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-e-
acoes/lei-maria-da-penha/formas-de-violencia. Acesso em: 5 de jun. 2019.
DANTAS, G. F. L, PERSIN, A., SILVA JUNIOR, A. P. O medo do crime. 2006. Disponível em: http://www.
assor.org.br/wp-content/uploads/2017/06/O-Medo-do-Crime.pdf. Acesso em: 8 ago. 2019.
GIRALDI, N. Segurança pública e polícia. Disponível em: http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/
conteudo.php?conteudo=725. Acesso em: 10 jun. 2019.
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KARPINSKI, M. T. Formação do oficial da polícia militar do Paraná. 127 p. Dissertação (Mestrado em 
Educação). Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, 2013. Disponível em: https://acervodigital.
ufpr.br/handle/1884/33832. Acesso em: 6 jun. 2019.
KRUG E.G, et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, 2002. 
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MONET, Jean-Claude. Polícias e sociedade na Europa. Trad. de Mary Amazonas Leite de Barros. 2. ed. 
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SOUSA, R. C. de. Introdução à segurança pública reflexões sobre polícia, sociedade e cidadania. Teresina: 
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SOUZA, C. A; ALBUQUERQUE, M. L. Segurança Pública: histórico, realidade e desafios. Curitiba: 
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Militar - Publicações Técnicas, 2012.
http://www.assor.org.br/wp-content/uploads/2017/06/O-Medo-do-Crime.pdf
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O direito fundamental à Segurança Pública
No início da história das civilizações humanas, as pessoas colocavam suas vidas nas mãos dos 
mais fortes, dos soberanos, ou a entregavam à sorte dos deuses, pois não havia quem as defendesse. 
Conforme Souza (2017, p. 28):
na Antiguidade, com os povos submetidos aos mitos, aos deuses ou aos 
representantes dos deuses, não havia a necessidade de polícia: os guardiões 
impunham a vontade dos soberanos e cobravam os tributos e vida dos povos 
que era regulada pela vontade do soberano e pelas guerras, que revezavam os 
tiranos com a promessa de proteger esses povos.
Naquela época, conforme menciona Souza (2017), “não havia justiça, apenas a vontade de 
quem governava, o representante dos deuses, ungido para guiar os povos. Se a vida não pertencia 
às pessoas, como teríamos direitos humanos?” (SOUZA, 2017, p. 28). 
Mas tudo tem seu limite. Como não existiam direitos e a tirania era aceita, a vida foi se 
tornando insuportável, e as pessoas acordaram diante de tanto sofrimento. Os tiranos, fazendo-se 
por governantes, viram-se obrigados a atender aos reclames do povo.
Figura 1 – A Liberdade guiando o povo
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A Liberdade guiando o povo, do francês Eugène Delacroix, foi inspirada na Revolução 
de 1830 (Revolução de julho) e se tornou um dos símbolos da Revolução e República 
francesas ao trazer a bandeira tricolor que representa os valores de “Liberdade, Igualdade 
e Fraternidade”. A mulher ao centro representa a Liberdade que guia seu povo na luta por 
direitos.
Fonte: DELACROIX, Eugène. La Liberté guidant le peuple. 1830. Óleo sobre tela: 260 x 325 cm. Museu do Louvre, Paris.
Introdução à Segurança Pública28
A segurança existente até então era contra as invasões e voltada à submissão dos povos, 
divididos em conquistadores e conquistados. Neste contexto, como tratado no Capítulo 1, as forças 
policiais e a Segurança Pública foram desenvolvendo-se em paralelo.
Dessa maneira, afirmamos neste capítulo que Segurança Pública, polícia e direitos – sejam 
direitos do homem, direitos humanos ou direitos fundamentais – são indissociáveis, e que a luta dos 
povos por tais direitos firmaram toda a gama de normas que conhecemos atualmente. Lembrando 
que muito sangue foi derramado para conquistá-los e a luta dos nossos antepassados não pode ser 
em vão, por isso, devemos conhecer, respeitar e continuar lutando pelo exercício da cidadania, que 
se trata do exercício dos direitos conquistados. 
O cidadão é livre em pensamento e atitudes e está apto a exercer tais direitos, com uma única 
ressalva: deve lembrar que os demais cidadãos também têm direitos que devem ser respeitados e 
que o direito coletivo se sobrepõe ao individual. Sendo a Polícia, conforme já sabemos, a principal 
ferramenta utilizada pela Segurança Pública na defesa desses direitos, pois é o esteio maior da 
Justiça e o único órgão do Estado que diuturnamente está nas ruas dos municípios trabalhando em 
prol da cidadania.
Trazendo a reflexão máxima de que a Segurança Pública faz parte do rol de direitos 
fundamentais, consideraremos as palavras de Moraes (2010, p. 116, grifo nosso): “o direito 
à Segurança Pública não pode ser estudado como um direito a ser objetivado, pois não 
representa um fim em si mesmo, deve ser considerado um direito meio para a realização de 
outros direitos fundamentais”.
Assim, pretendemos acentuar a necessidade de se estudar os Direitos Humanos e refletir que 
eles estão entre as maiores razões para a existência da Segurança Pública.
2.1 Direitos do Homem, Direitos Humanos 
e Direitos Fundamentais
Morais (2015) nos apresenta o seguinte questionamento: “Afinal, direitos do homem, direitos 
humanos e direitos fundamentais são expressões sinônimas?”. A resposta que a autora nos dá é uma 
negativa, deixando claro que eles se aproximam, mas não tratam da mesma coisa. Pontuando 
também que “não é correto afirmar que os direitos fundamentais são, na mesma proporção, 
direitos humanos, ou que ambos não representam outro instituto que não os direitos do homem” 
(MORAIS, 2015, p. 70).
Sinteticamente, contando com a experiência dos pesquisadores e para somar com a resposta 
de Morais (2015), apresentamos a seguir o quadro com as diferenças básicas entre os três conceitos:
O direito fundamental à Segurança Pública 29
Quadro 1 – Diferença entre direito dos homens, direitos humanos e direitos fundamentais
Direitos Conceito
Direitos do Homem
São direitos que se aplicam para os povos, de todas as épocas, de uma forma geral. 
Estão ligados à noção de direitos naturais, inerentes a cada indivíduo.
Direitos Fundamentais
São os direitos que foram recepcionados pelas cartas constitucionais ou ordenamento 
jurídico de cada país ou Estado. Estando positivados e protegidos até mesmo das 
ações do Estado.
Direitos Humanos
Estão consignados, positivados em documentos que dão legitimidade internacional 
pública aos direitos, como, por exemplo, a convenção americana de direitos humanos.
Fonte: Adaptado de Gonçalves, 2019.
Porém, para este estudo, é interessante tratarmos dos direitos fundamentais com maior 
profundidade, pois são eles que nos conduzirão em nosso aprendizado sobre Segurança Pública 
enquanto Direito Fundamental.
Contudo, Silva (2000) alerta para a dificuldade de sintetizar o conceito Direitos Humanos devido 
às várias expressões que, na opinião do autor, servem para designá-lo. São exemplos de tais expressões:
Quadro 2 – Expressões que se referem a direitos fundamentais
Direitos Conceitos
Direitos Naturais Direitos próprios da natureza do ser humano, pelo simples fato de ser.
Direitos Humanos É a expressão mais usada internacionalmente nos documentos.
Direitos Individuais Próprios do ser individualmente, único.
Direitos Públicos Subjetivos
No Estado liberal, está sujeito à ideia individual do ser humano, como titular de 
direitos, trata-se de um conceito técnico-jurídico que resta insuficiente para 
expressar o verdadeiro significado de direitos fundamentais.
Liberdades Fundamentais e 
Liberdades Públicas
De pouca significância no contexto desejado.
Direitos Fundamentais do 
Homem
São os direitos fundamentais do ser humano, expressos na Constituição Federal.
Fonte: Adaptado de Silva, 2000.
Para reforçar o entendimento sobre direitos humanos e direitos fundamentais, que serão os 
dois conceitos mais utilizados neste capítulo, Gomes (2017, p. 16, grifos nossos) acrescenta que:
na doutrina brasileira, a expressão direitos fundamentais é reservada a direitos 
positivados, enquanto direitos humanos se referem a tais direitos proclamados 
no plano da comunidade internacional, tais como aqueles direitos consagrados 
nos tratados e convenções internacionais [...].
Segundo Gomes (2017), Direitos Fundamentais são aqueles “direitos positivados”, 
ou seja, que foram escritos, estão nas leis, por exemplo, na Constituição Federal – essa é a 
definição mais compreendida.
Já os Direitos Humanos, nos valendo da explicação de Gomes (2017), são aqueles que estão 
consagrados nos tratados e convenções. Contudo, podem não ter sido recepcionados pelas leis de 
determinado país, até mesmo o nosso.
Introdução à Segurança Pública30
2.2 Tratados internacionais sobre Direitos Humanos
A questão da Segurança Pública está diretamente ancorada, e somente é requisitada, devido 
à necessidade de preservar direitos, principalmente aqueles ditos humanos e fundamentais, sempre 
com os olhos voltados para o seu foco principal: os seres humanos.
Nesse sentido, conforme Moraes (2010, p. 84), “o aspecto pessoal (físico) da segurança 
pessoal é amplamente regrado em diversos tratados internacionais sobre Direitos Humanos”, 
dentre eles os que apresentamos no Quadro 3, a seguir, juntamentecom os seus respectivos artigos 
diretamente ligados à segurança:
Quadro 3 – Direito à segurança na legislação internacional
Declaração Universal dos Direitos do Homem (art. 3º)
“Artigo 3º Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal.” (UNIC/Rio/ONU, 2009)
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (arts. 1º e 28)
“Artigo 1º Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança de 
sua pessoa.”
“Artigo 28 Os direitos do homem estão limitados pelos direitos do próximo, 
pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem-estar geral e do 
desenvolvimento democrático.” (COMISSÃO..., 1948)
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 9)
“Artigo 9
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém 
poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado 
de liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os 
procedimentos nela estabelecidos.
(...)” (BRASIL, 1992a)
Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º)
“Artigo 7º Direito à Liberdade Pessoal
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
(...)” (BRASIL, 1992b)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em documentos oficiais.
A documentação, mostrada anteriormente, mantém estreita relação com as cartas maiores 
de cada Estado, ou seja, suas constituições, que são ferramentas legais de salvaguarda dos direitos, 
bem como proteção contra possível descontrole ou abuso de poder por parte do Estado.
2.3 Classificação Legal dos Direitos Fundamentais
A ideia de que todo Estado deve ter uma Constituição parte do pressuposto de que os textos 
destas constituições devem conter regras de limitação do poder autoritário e de prevalência dos 
direitos fundamentais, buscando afastar-se da opressão dos regimes antigos (LENZA, 2015).
O surgimento do Estado marca a origem do constitucionalismo, conforme menciona Gomes 
(2017, p. 13):
O direito fundamental à Segurança Pública 31
o constitucionalismo é marcado pelo surgimento do Estado em sua concepção 
moderna, surgido no século XVIII, caracterizado pela autolimitação do poder 
estatal por meio de uma Constituição, regulamentadora da estrutura do ente 
estatal, com a previsão de separação entre os Poderes, e com a consagração e 
garantia de um rol de direitos individuais conferidos aos seus cidadãos.
De acordo com os autores citados e verificando a Constituição Brasileira, constatamos a busca 
pela limitação do poder por meio da tripartição do poder em: Legislativo, Executivo e Judiciário. Tal 
medida visa o equilíbrio entre os citados poderes no intuito de garantir direitos.
Para facilitar nossos estudos, criamos o Quadro 4, o qual nos indica de maneira rápida onde 
estão consignados os direitos fundamentais na Constituição Federal Brasileira. Cabe destacar que 
a primeira classificação com a qual estamos entrando em contato em nosso estudo é a classificação 
legal dos direitos fundamentais, que estão positivados na Carta Magna do Brasil.
Quadro 4 – Localização na Constituição Federal de 1988 dos direitos e garantias fundamentais – 
classificação legal
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo I
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Art. 5º
Capítulo II
Dos Direitos Sociais
Art. 6º ao art. 11
Capítulo III
Da Nacionalidade
Art. 12
Capítulo IV
Dos Direitos Políticos
Art. 14 ao art. 16
Capítulo V
Dos Partidos Políticos
Art. 17
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Brasil, 1998.
Do quadro evidenciado anteriormente temos um Título1, cinco Capítulos2 e treze Artigos3 
da Constituição Federal para tratar dos direitos e garantias fundamentais4.
Cabe ainda, a título de enriquecimento do conteúdo, destacar que os Direitos Fundamentais, 
são cláusulas constitucionais pétreas. Mas o que são Cláusulas Pétreas?
Cláusula pétrea
Dispositivo constitucional que não pode ser alterado nem mesmo por Proposta 
de Emenda à Constituição (PEC). As cláusulas pétreas inseridas na Constituição 
do Brasil de 1988 estão dispostas em seu artigo 60, § 4º. São elas: a forma 
federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação 
dos Poderes; e os direitos e garantias individuais. (SENADO FEDERAL, 2019, 
grifos nossos)
1 Título é um conjunto de Capítulos.
2 Capítulo é um conjunto de Seções.
3 Artigos podem ser agrupados em Seções.
4 Para mais informações sobre a elaboração de leis procurar por Legística ou Teoria da Legislação.
Introdução à Segurança Pública32
Note que, como nos alertou Silva (2000), são várias as expressões possíveis para se falar 
em direitos fundamentais. Na citação anterior encontramos a expressão direitos individuais e nos 
deparamos com um conceito diferente, o de garantias fundamentais.
Contudo, Lenza (2015, p. 1144, grifos do original) nos ajuda a esclarecer que “os direitos são 
bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos 
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos (previamente) ou prontamente os 
repara, caso violados”. 
Fica a dica sobre o assunto garantias fundamentais, para você poder pesquisar a respeito.
2.4 Classificação Temporal dos Direitos Fundamentais
De acordo com Moraes (2012, p. 29, grifos nossos), “modernamente, a doutrina apresenta-nos 
a classificação de direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira gerações, baseando-se na 
ordem histórica cronológica em que passaram a ser constitucionalmente reconhecidos”.
Aqui cabe fazer a justa referência ao jurista tcheco, naturalizado francês, Karel Vasak, que 
foi quem desenvolveu a teoria das gerações de direitos (OLIVEIRA, 2010). A referência histórica 
às três gerações é a mais aceita pela comunidade acadêmica, contudo, há autores que consideram a 
existência de quatro ou mais gerações. 
Quadro 5 – Classificação temporal dos Direito Humanos
Gerações
ou
dimensões
1ª Geração CF Arts. 5º e 14 Liberdade
2ª Geração CF Arts. 6º, 7º, 205 Igualdade
3ª Geração CF Art. 225 Fraternidade
Fonte: Adaptado de Moraes, 2012.
Temos que “os direitos fundamentais de primeira geração são os direitos e garantias 
individuais e políticos clássicos (liberdades públicas), surgidos institucionalmente a partir da 
Magna Charta” (MORAES, 2012, p. 29).
Aos direitos fundamentais de segunda geração, ou seja, direitos sociais, econômicos e 
culturais, Themistocles Bransão Cavalcanti (apud MORAES, 2012, p. 29) diz que:
o começo do nosso século viu a inclusão de uma nova categoria de direitos 
nas declarações e, ainda mais recentemente, nos princípios garantidores das 
liberdades das nações e das normas da convivência internacional. Entre os 
direitos chamados sociais, incluem-se aqueles relacionados com o trabalho, o 
seguro social, a subsistência, o amparo à doença, à velhice etc.
Para concluir, Moraes (2012, p. 29) acrescenta sobre as gerações clássicas que:
modernamente, protege-se, constitucionalmente, como direito de terceira geração 
os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam o direito a 
um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, ao progresso, à 
paz, à autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos, que são, no dizer 
de José Marcelo Vigliar, os interesses de grupos menos determinados de pessoas, 
sendo que entre elas não há vínculo jurídico ou fático muito preciso.
O direito fundamental à Segurança Pública 33
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (apud MORAES, 2012, p. 30) ensina que “a primeira 
geração seria a dos direitos de liberdade, a segunda, dos direitos de igualdade, e a terceira 
complementaria, assim, o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade”.
Como já expusemos, há autores que consideram a existência de outras gerações, mas, 
por ora, para nosso estudo, bastam essas. No entanto, continua o convite para você buscar mais 
informação e aprendizado.
2.5 Características dos Direitos Fundamentais
Estudiosos tomam como norteadoras as característicasdos direitos fundamentais, dizendo 
que estas antecedem o ordenamento jurídico. O Quadro 6, a seguir, nos mostra como podemos 
organizar essas características:
Quadro 6 – Características dos Direitos Fundamentais
Universais
Há o consenso na comunidade internacional de que todos os Estados devem reconhecer e 
positivar um rol de direitos fundamentais, de maneira que estes se caracterizem como 
universais.
Inalienáveis
Os direitos fundamentais são destituídos de conteúdo econômico-patrimonial, e, por esta razão, 
são intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis, pelo que se caracterizam como inalienáveis.
Irrenunciabilidade
Admite-se, no entanto, em alguns casos e sob específicas condições, a limitação voluntária 
ao gozo de certos direitos, desde que não implique a aniquilação do direito fundamental, como 
ocorre nas hipóteses de não exercício de determinado direito a que seu titular voluntariamente 
se compromete.
Relatividade
Significa que nenhum direito fundamental é absoluto, no sentido de seu gozo não admitir 
restrições, uma vez que em casos concretos em que outros direitos também consagrados na 
Constituição, como os fundamentais, se apresentem em colisão com os primeiros deverá haver 
a ponderação dos interesses em conflito.
Historicidade
Revela-se na circunstância de que estes direitos surgem e se desenvolvem de acordo com os 
valores e concepções vigentes em cada momento histórico da sociedade a que se destinam, 
o que possibilita a modificação de seus respectivos sentidos e conteúdos para a adaptação à 
dinâmica social.
Fonte: Adaptado de Gomes, 2017.
Das pesquisas que desenvolvemos, percebemos que as características acima estão entre as 
mais aceitas, bastando por ora para o propósito de introduzir o estudo do direito fundamental à 
Segurança Pública na Constituição, conforme segue na próxima seção.
2.6 O Direito Fundamental à Segurança Pública na Constituição 
brasileira
Dada a importância da preservação da Ordem Pública, da integridade física e patrimonial 
de todos os cidadãos, nada mais óbvio esperar que o tema Segurança Pública esteja inserido na 
Constituição Federal de nosso país.
Por esse motivo, vamos fazer uma análise do texto constitucional, desde o seu preâmbulo, 
para que possamos aprofundar nosso entendimento da matéria.
Introdução à Segurança Pública34
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Preâmbulo
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar 
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, 
o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, 
sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 1988, grifos nossos)
Transcrevemos acima o preâmbulo da Carta Magna, também conhecida como Carta Maior, 
Constituição Cidadã, Constituição Primavera, entre outras denominações, no intuito de refletirmos 
sobretudo o que nele consta, mas em especial sobre a segurança.
Podemos ainda extrair do texto que “a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, 
a igualdade e a justiça” são tidos como valores supremos de uma sociedade. Logo, podemos 
deduzir que a Segurança Pública é um valor supremo.
Foureaux (2019) corrobora com nosso entendimento quando, em análise do texto 
preambular, complementa que, além do valor supremo, a segurança se funda na harmonia social, e 
acrescenta: “a harmonia social, no âmbito do Brasil (ordem interna), relaciona-se diretamente com 
a pacificação social, preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, 
que constituem a Segurança Pública” (FOUREAUX, 2019, p. 16).
O art. 5º traz o rol de direitos e garantias fundamentais e trata da segurança, referindo-se à 
proteção contra possíveis arbitrariedades do Estado em desfavor do cidadão.
Genericamente, a segurança aparece no art. 6º da Carta Maior. Neste artigo, constam os 
direitos sociais, além de referir-se à equidade na aplicação desses direitos. Segundo Foureaux 
(2019, p. 16), tendo
em vista do rol de direitos e garantias fundamentais, bem como os direitos 
sociais, é possível afirmar que a Constituição traz um plexo de direitos voltados 
para a segurança pública e individual, de forma que seja possível ao estado 
preservar a ordem pública, sem, no entanto, massacrar aqueles que a violam 
quando praticam crimes. Busca-se um ponto de equilíbrio entre o direito à 
segurança pública e os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos de bem 
e daqueles que praticam crimes e venham a responder criminalmente e serem 
presos, em vista da dignidade da pessoa humana.
Nas palavras do autor, o conceito que surge e merece destaque é o de “dignidade da pessoa 
humana” contida no art. 1º, inciso III, da Constituição Federal:
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988, grifos nossos)
O direito fundamental à Segurança Pública 35
De acordo com Moraes (2010), a Constituição Federal adota o princípio da dignidade da 
pessoa humana partindo do pressuposto de que é somente pela condição biológica humana que o 
ser humano é titular de direitos, não há outro motivo.
Ainda, o pesquisador, corroborando com o nosso entendimento, acrescenta que os direitos 
fundamentais são inerentes ao princípio da dignidade da pessoa humana, ou seja, estão a eles 
unidos, presos.
Assim, toda a gama de movimentos libertários em prol da humanidade, nos sentidos físicos, 
intelectuais, religiosos e nos demais sentidos ligados aos direitos humanos fundamentais, está 
atrelada à nossa condição de seres humanos, bem como ao nosso direito de termos nossa dignidade 
respeitada e preservada.
Para Moraes (2010, p. 8), “o entendimento dominante é de que não há como se garantir o 
respeito à dignidade humana quando a estabilidade jurídica não for manifestamente aproveitada 
na realidade social”.
Porém, devemos ter em mente que a nossa condição suprema de seres humanos, juridicamente 
entendida, aumenta quando se refere ao coletivo de pessoas, isto é , à sociedade. Com isso, queremos 
enfatizar que os direitos coletivos se sobrepõem aos direitos individuais, resguardado o que é moral 
e eticamente plausível.
Em Moraes (2010), encontramos a ideia de que o Estado tem como fundamento a 
sobreposição do interesse geral aos individuais, podendo, inclusive, restringir direitos em prol da 
Segurança Pública.
Dessa forma, podemos concluir que em prol da coletividade pode-se aceitar como justo que 
algum direito individual, em determinado momento, seja cerceado em benefício da segurança de todos.
Ou seja, direitos positivados podem ser restringidos para o bem geral, desde que presentes os 
preceitos éticos e morais adequados. É para a garantia do funcionamento do Estado Democrático 
de Direito que a Segurança Pública se manifesta por meio de seus órgãos e membros.
Seriam estes órgãos e membros as Polícias? A resposta está em Foureaux (2019).
Como já comentamos, a Segurança Pública não é um problema exclusivo da Polícia, mas, 
sim, um reflexo do desenvolvimento do Estado e da condição da estrutura social. Devemos nos 
questionar como está a educação, moradia, trabalho e estrutura familiar – tudo isso e mais resultam 
em uma Segurança Pública melhor ou pior. “A segurança pública depende, ao mesmo tempo, de 
uma atuação positiva do estado, que assegure plenas e efetivas condições do exercício dos direitos 
sociais, bem como de uma atuação negativa, consistente em não violar o direito à vida, à liberdade 
e à propriedade” (FOUREAUX, 2019, p. 20).
A atuação

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