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Ancilostomose PARASITOLOGIA ASPECTOS GERAIS Habitat: intestino delgado de humanos. Não possuem hospedeiro intermediário. A doença é mais comum em populações que não tem acesso a rede sanitária, como em áreas rurais e em locais com poucos recursos financeiros. MORFOLOGIA Ancylostoma duodenale Macho e fêmea cilindriformes com coloração avermelhada a fresco e esbranquiçada após mortos por solução fixadora. Cápsula bucal profunda com dois pares de dentes e um par de lancetas no fundo da cápsula bucal. Possui dimorfismo sexual (macho morfologicamente diferente da fêmea): Machos: medem cerca de 8 – 11 mm de comprimento. Possui bolsa copuladora. Fêmeas: medem 10 – 18 mm de comprimento. Necator americanus Cápsula bucal profunda, com duas lâminas cortantes, semilunares. Possuem coloração avermelhada a fresco e esbranquiçada após mortos por solução fixadora. Macho menor que a fêmea, possui bolsa copuladora bem desenvolvida. As fêmeas medem de 9 – 11 mm de comprimento. Ovos São morfologicamente indistinguíveis de uma espécie para outra. Ovo embrionado Ovo larvado CICLO BIOLÓGICO Os ovos presentes nas fezes contaminadas e sob condições favoráveis (umidade, calor e sombra) eclodem um a dois dias após serem lançados no ambiente. As larvas rabditoides crescem nas fezes e/ou no solo e, depois de cinco a dez dias, tornam-se larvas filarioides, que são as infectantes, as quais podem sobreviver de três semanas a seis meses em condições ambientais corretas. Ao entrar em contato com o hospedeiro humano, seja pela pele ou por ingestão, as larvas penetram e são transportadas através dos vasos linfáticos, ganhando a corrente sanguínea, chegando ao coração e depois aos pulmões, através da artéria pulmonar, onde alcançam os alvéolos pulmonares, ascendem pelos brônquios para a faringe e são engolidas. As larvas, então, alcançam o intestino delgado, onde habitam e amadurecem, tornando-se vermes adultos, os quais vivem no lúmen do intestino delgado (comumente no duodeno, mas podem fixar-se no jejuno e, mais raramente, no íleo), aderidos à parede do órgão. TRANSMISSÃO Ancylostoma duodenale: As larvas filarioides penetram tanto por via oral quanto por via transcutânea. Necator americanus: Possui maior infectividade quando as larvas filarioides penetram por via transcutânea. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Fase aguda A fase aguda é determinada pela migração das larvas no tecido cutâneo e pulmonar e pela instalação do verme adulto no intestino delgado (duodeno). Ao penetrar na pele do hospedeiro, o parasito causa: Prurido local, eritema, hiperemia e sensação de picada. Todas essas reações são decorrentes do processo inflamatório local. A intensidade das lesões está relacionada ao número de larvas invasoras e à sensibilidade do hospedeiro. As lesões cutâneas são mais frequentes por N. americanus do que por A. duodenale. Sintomas gastrintestinais: Dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, pode ocorrer ou não diarreia sanguinolenta. Sintomas pulmonares: Síndrome de Löeffler: tosse não produtiva, febre baixa, dor torácica discreta, dispneia leve, astenia e, em alguns casos, náuseas e vômitos. Outros sintomas: infiltrado de eosinófilos e alterações na radiografia de tórax. Infecções maciças: pneumonia, febre elevada, astenia, cefaleia, mal-estar geral, dor torácica e tosse produtiva com catarro amarelo-esverdeado. Fase crônica Determinada pela presença do verme adulto que, associado à espoliação sanguínea e à deficiência nutricional irão caracterizar a fase de anemia. A perda paulatina de sangue, em decorrência das necessidades de consumo do helminto, é uma das principais características da doença crônica. É o parasitismo intestinal que caracteriza a ancilostomose e a sintomatologia é proporcional à quantidade de vermes presentes no intestino. Sintomas primários: decorrentes da atividade dos parasitos. Esses sinais primários cessam com o tratamento (vermífugo). Sintomas secundários: decorrentes da anemia e da hipoproteinemia. Esses sinais desaparecem após a reversão da anemia, sem necessariamente remover os vermes. Sintomatologia: Manifestações clínicas de maior importância: anemia acompanhada de deficiência de ferro e hipoalbuminemia. Infecções maciças: obstrução do lúmen intestinal, dor epigástrica, náuseas, dispneia de esforço, dor nas extremidades inferiores, palpitações, dor torácica, cefaleia, fadiga, impotência, desejo de comer terra e giz (síndrome de pica). A pele pode adquirir coloração amarelada. DIAGNÓSTICO Diagnóstico epidemiológico: Observa-se o quadro geral da população. Diagnóstico individual: Anamnese e associação de sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia. Mais utilizado: exame parasitológico de fezes, método de Willis (flutuação espontânea). Pelo exame parasitológico de fezes, não é possível distinguir as duas espécies de ancilostomídeos. Para isso, é necessário fazer a coprocultura, cultivo realizado para a obtenção da larva L3. TRATAMENTO Pamoato de pirantel: mata os parasitos através do bloqueio neuromuscular, provocando paralisia muscular. Mebendazol e Albendazol: interferem na estrutura dos microtúbulos das diferentes células, provocando degeneração nas células do tegumento e do intestino do parasito. É contraindicado durante a gestação. Suplementação com sulfato ferroso, dependendo do grau de anemia. PROFILAXIA E CONTROLE Dar destino seguro às fezes humanas. Lavar sempre as mãos antes das refeições. Lavar os alimentos que são consumidos crus. Beber água filtrada ou previamente fervida. Incorporar suplementação de proteínas e ferro à dieta diária. Usar calçados e luvas ao frequentar locais ou manipular objetos contaminados. Aplicar anti-helmínticos. REFERÊNCIAS NEVES, David Pereira; FILIPIPIS, Telma; DIAS, Artur; ODA, Welton Yudi. Parasitologia Básica. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2019 SIQUEIRA-BATISTA, R et al., Parasitologia: Fundamentos e Prática Clínica. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guarnabara Koogan, 2020.
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