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sistema sensorial IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 1 sistema sensorial O olho humano é o órgão responsável pela visão no ser humano e é um sistema óptico complexo, formado por vários meios transparentes além de um sistema fisiológico com inúmeros componentes. Todo o conjunto que compõe a visão humana é chamado globo ocular. • EMBRIOLOGIA DO OLHO: os olhos começam a se desenvolver no embrião de 22 dias, quando os sulcos ópticos surgem. Derivam de 4 fontes: I) Neuroectoderma do prosencéfalo à retina, as camadas posteriores da íris e nervo óptico; II) Ectoderma da superfície da cabeça à cristalino e epitélio da córnea; III) Mesoderma localizado entre as duas camadas anteriores à envoltórios fibrosos e vasculares do olho; IV) Células da crista neural migram para o mesênquima à coroide, esclera e endotélio da córnea. O desenvolvimento das estruturas do sistema visual termina na 26° semana. - DETALHAMENTO DA EMBRIOLOGIA DO OLHO: a primeira indicação do desenvolvimento dos olhos são os sulcos ópticos nas pregas neurais na extremidade craniana do embrião. Os sulcos se formam no início da quarta semana e se aprofundam para formar a cavidade das vesículas ópticas que se projetam do prosencéfalo. As vesículas ópticas entram em contato com o ectoderma de superfície e induzem o desenvolvimento dos placoides do cristalino. Conforme o placoide do cristalino se espessa para formar a fosseta do cristalino e as vesículas do cristalino, as vesículas ópticas se invaginam para formar o cálice óptico. A retina deriva das duas camadas do cálice óptico. A retina, as fibras do nervo óptico, os músculos e o epitélio da íris, e o corpo ciliar são derivados do neuroectoderma do prosencéfalo. O esfíncter e o músculo dilatador da íris se desenvolvem a partir do ectoderma da borda do cálice óptico. O ectoderma da superfície dá origem ao cristalino e ao epitélio das glândulas lacrimais, pálpebras, conjuntiva e córnea. O mesênquima forma os músculos do olho, com exceção daqueles da íris, e a todos os tecidos conjuntivos e vasculares na córnea, íris, corpo ciliar, corioide e esclera. • ANATOMIA DO OLHO: o olho se localiza na cavidade orbital. Os ossos da órbita, que podem ser únicos (esfenóide, etmóide, frontal) ou duplos (maxilar superior, zigomático, lacrimal e palatino), são o olho IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 2 sistema sensorial inteiramente forrados pelo periósteo, que nesse local toma o nome de periórbita. O limite anterior da cavidade orbitária é o septo orbitário, que funciona como uma barreira entre as pálpebras e a órbita. Além disso, o cristalino divide o olho em câmaras anterior e posterior. Na porção anterior, há uma substância aquosa de cor clara, o humor aquoso, o qual é produzido no corpo ciliar. Já na porção posterior, o cristalino, está o humor vítreo, que se diferencia por ser mais gelatinoso. • HISTOLOGIA GERAL DO OLHO: o olho é formado por três túnicas: a mais externa, formada pela esclera e pela córnea; a túnica média (ou vascular), formada pelo coróide, corpo ciliar e íris; e a túnica mais interna, que é constituída pela retina. • ANEXOS OCULARES: as estruturas acessórias da visão são: a) PÁLPEBRAS: limitam as órbitas anteriormente, controlam a exposição da região anterior do bulbo do olho e secretam, distribuem e drenam a lágrima. b) CÍLIOS: proteção contra entrada de impurezas nos olhos e auxilia no fechamento completo das pálpebras. c) MÚSCULOS EXTRÍNSECOS DO BULBO DO OLHO: posicionam os bulbos dos olhos e levantam as pálpebras superiores. d) NERVOS E VASOS: encontrados no trajeto para os bulbos dos olhos e músculos. e) FÁSCIA ORBITAL: circunda os bulbos dos olhos e os músculos. f) APARELHO LACRIMAL: sua função é a de proteger o globo ocular de estranhos sólidos e corpos pequenos. • PÁLPEBRAS: são estruturas que, quando fechadas, cobrem o bulbo do olho anteriormente, protegendo-o contra lesão (entrada de corpos estranhos) e contra a luz excessiva. Também mantêm a córnea úmida por espalhamento do líquido lacrimal, pelo ato de piscar. - ANATOMIA DAS PÁLPEBRAS: a pálpebra é constituída por duas lamelas, a anterior (pele e músculo orbicular) e a posterior (tarso e conjuntiva), separadas no bordo pela linha IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 3 sistema sensorial cinzenta, e na pálpebra superior pela aponevrose do músculo levantador da pálpebra superior. - VASCULARIZAÇÃO DAS PÁLPEBRAS: o suprimento sanguíneo para as pálpebras é derivado das artérias lacrimal e oftálmica, pelos seus ramos palpebrais lateral e medial. A drenagem venosa das pálpebras é feita pela veia oftálmica e veias que drenam a testa e a têmpora. As veias estão dispostas nos plexos pré e pós-tarsais. - DRENAGEM LINFÁTICA DAS PÁLPEBRAS: a pálpebra superior drena para os linfonodos pré-auriculares e a pálpebra inferior drena para os linfonodos submandibulares. - INERVAÇÃO DAS PÁLPEBRAS: o suprimento sensorial para as pálpebras é derivado do 1° e 2° ramos do nervo trigêmeo, sendo a pálpebra superior (ramo oftálmico) e a pálpebra inferior (ramo maxilar). A inervação motora é feita pelo nervo facial (músculo orbicular do olho) e pelo nervo oculomotor (músculo levantador da pálpebra). - HISTOLOGIA DAS PÁLPEBRAS: são cobertas por uma fina camada de pele constituída por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado e internamente por uma túnica mucosa transparente, a túnica conjuntiva da pálpebra. Entre essas camadas, possui o músculo estriado orbicular do olho e densas faixas de tecido conectivo (tarsos superior e inferior), onde são encontradas as glândulas. As glândulas da pálpebra são: a) TARSAIS: Glândula de Meibômio (secretam lipídios). b) CONJUNTIVAIS: Glândula de Krause e Wolfring (ajudam na produção da lágrima constante para lubrificação) e glândula produtora de muco (secretora de mucina). c) BASE DOS CÍLIOS: Glândula de Zeiss (glândulas sebáceas) e Moll (glândula sudorípara modificada). - REFLEXO/ATO DE PISCAR: o piscar é responsável pela distribuição da lágrima sobre a superfície ocular, contribuindo com a integridade da córnea e conjuntiva. A via aferente é nervo trigêmeo (NC V), com seus IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 4 sistema sensorial núcleos localizados na ponte e sua via eferente é o nervo facial (NC VII). • APARELHO LACRIMAL: o aparelho lacrimal consiste em: § GLÂNDULA LACRIMAL: secreta líquido lacrimal, uma solução salina fisiológica aquosa que contém a enzima bactericida lisozima. O líquido umidifica e lubrifica as superfícies da conjuntiva e córnea e fornece à córnea alguns nutrientes e oxigênio dissolvido; quando produzido em excesso, o líquido forma lágrimas; § DÚCTULOS EXCRETORES DA GLÂNDULA LACRIMAL: conduzem líquido lacrimal das glândulas lacrimais para o saco da conjuntiva; § CANALÍCULOS LACRIMAIS: começam em um ponto lacrimal na papila lacrimal perto do ângulo medial do olho e drenam líquido lacrimal do lago lacrimal (um espaço triangular no ângulo medial do olho, onde se acumulam as lágrimas) para o saco lacrimal (a parte superior dilatada do ducto lacrimonasal); § DUCTO LACRIMONASAL: conduz o líquido lacrimal para o meato nasal inferior (parte da cavidade nasal inferior à concha nasal inferior). A abertura do ducto é parcialmente coberta por uma prega da mucosa (válvula de Hasner). - LÁGRIMA E FILME LACRIMAL: a glândula lacrimal secreta líquido lacrimal, uma solução salina fisiológica aquosa que contém a enzima bactericida lisozima e lactoferrina, além de IgA e lipocalina. O líquido umidifica e lubrifica as superfícies da conjuntiva e córnea e fornece àcórnea alguns nutrientes e oxigênio dissolvido; quando produzido em excesso, o líquido forma lágrimas. O filme lacrimal é uma quantidade basal de lágrima, produzido principalmente pelas glândulas acessórias. Possui função de hidratação, lubrificação, nutrição e proteção do olho. - CAMADAS DO FILME LACRIMAL: são 3 camadas: I) SUPERFICIAL: é uma película monomolecular de lipídios derivados das glândulas meibomianas. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 5 sistema sensorial II) AQUOSA INTERMEDIÁRIA: é elaborada pelas glândulas lacrimais maiores e menores e contém substâncias hidrossolúveis (sais + proteínas). III) CAMADA MUCINOSA PROFUNDA: é composta por glicoproteínas e reveste as células epiteliais da córnea e da conjuntiva. - DRENAGEM DA LÁGRIMA: Glândulas Lacrimais → Ductos Excretores Lacrimais → Lagos Lacrimais → Pontos Lacrimais Superior e Inferior (situados no canto nasal palpebral) → Canalículos Lacrimais (superior e inferior) → Canalículo Comum → Saco Lacrimal → Ducto Nasolacrimal → Meato Nasal Inferior. • CONJUNTIVA: membrana mucosa e transparente/incolor que reveste posteriormente as pálpebras e cobre a superfície anterior do olho até a córnea. É firmemente aderida às pálpebras e forma o fundo de saco, chamado fórnice. A conjuntiva é composta de uma camada epitelial e de um estroma subjacente. Na camada epitelial encontramos as células caliciformes, responsáveis pela secreção de mucina (importante componente do filme lacrimal). Outras glândulas conjuntivais contribuem ainda na formação das camadas aquosa e lipídica do filme lacrimal. A conjuntiva facilita o livre movimento do globo ocular e promove uma superfície lisa para que as pálpebras deslizem sobre a córnea. • ÓRBITAS: são cavidades ósseas no esqueleto da face que se assemelham a pirâmides quadrangulares ocas, cujas bases estão voltadas na direção anterolateral e os ápices, na direção posteromedial. • TÚNICA FIBROSA DO OLHO: constituída de esclera, córnea e limbo da córnea. Focaremos nas duas primeiras estruturas. § ESCLERA: parte opaca resistente da túnica (camada) fibrosa do bulbo do olho. É o local de fixação dos músculos extrínsecos e intrínsecos do bulbo do olho. § CÓRNEA: parte transparente da túnica fibrosa do olho. É muito sensível, têm sua inervação realizada pelo nervo IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 6 sistema sensorial oftálmico e é nutrida por vasos do limbo e filme lacrimal. • TÚNICA VASCULAR DO OLHO: constituída de coroide, corpo ciliar, íris, lente (cristalino) e humor vítreo. § COROIDE: camada marrom- avermelhada escura situada entre a esclera e a retina, reveste a maior parte da esclera. § CORPO CILIAR: é o local de fixação da lente. § ÍRIS: um diafragma contrátil fino com uma abertura central, a pupila, para dar passagem à luz. § CRISTALINO: estrutura biconvexa e transparente encerrada em uma cápsula e situa-se posteriormente à íris e anteriormente ao humor vítreo do corpo vítreo. • TÚNICA INTERNA DO OLHO: constituída pela retina, uma camada neural sensitiva do bulbo do olho. • NERVO ÓPTICO: os sinais visuais saem das retinas pelos nervos ópticos. No quiasma óptico, as fibras do nervo óptico das metades nasais das retinas cruzam para o lado oposto, onde se unem a fibras das retinas temporais opostas, para formar os tratos ópticos. As fibras de cada trato óptico, por sua vez, fazem sinapse no núcleo geniculado dorsolateral do tálamo e, daí, as fibras geniculocalcarinas se projetam, por meio da radiação óptica para o córtex visual primário na área da fissura calcarina do lobo occipital medial. - GLAUCOMA: doença que possui a função do humor aquoso desregulada, ou seja, o líquido produzido não flui para fora do olho corretamente. Essa deficiência faz com que a pressão do líquido restante no olho aumente, acarretando danos ao nervo óptico, podendo levar à perda da visão de forma gradual, até a cegueira. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 7 sistema sensorial • ACUIDADE VISUAL: o exame da acuidade visual avalia o funcionamento da fóvea, área da retina responsável pela melhor acuidade visual. Ao encontrar distúrbios na acuidade, deve ser feita uma investigação oftalmológica completa. A acuidade visual é testada em cada um dos olhos separadamente. O método mais usado é o da carta ou quadro de Snellen, no qual o paciente fica sentado a aproximadamente 6 m (20 pés) de distância dele. • FUNDOSCOPIA: é um procedimento que serve para examinar as condições do seguimento posterior do olho, das artérias, veias e nervos da retina, auxiliando no diagnóstico de doenças como glaucoma. Na fundoscopia normal, observa-se: § CRISTALINO: transparente e apresenta reflexo vermelho sem opacidades. § RETINA: cor vermelho alaranjada, homogênea. § DISCO ÓPTICO: coloração rósea, com bordas bem-definidas; está na parte nasal da retina § ESCAVAÇÃO FISIOLÓGICA: área de penetração do nervo óptico, localiza- se na porção central do disco, sendo de cor branca ou amarelo-pálida. § VASOS RETINIANOS: projetam-se radialmente a partir do disco óptico, com a veia acompanhando a artéria na maioria das vezes. § MÁCULA: lateralmente, no mesmo plano horizontal do disco óptico, e de coloração rosa-pálida. § FÓVEA: pequena área vermelho- escura no centro da mácula. • TESTE DO REFLEXO VERMELHO: o teste do reflexo vermelho ou “Teste do olhinho” é um exame simples, rápido, indolor e de baixo custo realizado em recém-nascidos e seu objetivo é a detecção precoce de problemas oculares congênitos que comprometem a transparência dos meios IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 8 sistema sensorial oculares e que podem impedir o desenvolvimento visual cortical. O TRV é realizado com o oftalmoscópio direto, cuja luz projetada nos olhos, atravessa as estruturas transparentes, atinge a retina e se reflete, causando o aparecimento do reflexo vermelho observado nas pupilas. • RETINA: a retina é um folheto fino, semitransparente e de múltiplas camadas que recebe os raios que se convergem no cristalino. - CAMADAS DA RETINA: é formada por 10 camadas, sendo elas: 1) EPITÉLIO PIGMENTAR DA RETINA: camada externa, que esta associada a camada neural; 2) CAMADA DE BASTONETES E CONES: segmentos interno e externo das células fotorreceptoras; 3) MEMBRANA LIMITANTE EXTERNA: limite apical das células de Müller; 4) CAMADA NUCLEAR EXTERNA: corpos celulares de bastonetes e cones da retina; 5) CAMADA PLEXIFORME EXTERNA: prolongamentos dos bastonetes e cones + das células horizontais, amácrinas e bipolares que os conectam; 6) CAMADA NUCLEAR INTERNA: corpos celulares de células horizontais, amácrinas,bipolares e de Müller; 7) CAMADA PLEXIFORME INTERNA: prolongamentos de células horizontais, amácrinas, bipolares e ganglionares que se interconectam; 8) CAMADA DE CÉLULAS GANGLIONARES: corpos celulares de células ganglionares; 9) CAMADA DE FIBRAS DO NERVO ÓPTICO (neuro fibrilas): prolongamentos de células ganglionares que vão da retina ao encéfalo; 10) MEMBRANA LIMITANTE INTERNA: lâmina basal das células de Müller. • CONE: é um fotorreceptor que percebe cores e detalhes, pela presença do pigmento conhecido como iodopsina que percebe e discrimina cores azul, verde e vermelha. Quando excitados, os sinais são transmitidos, primeiramente, através de sucessivas IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 9 sistema sensorial chamadas de neurônios na própria retina e, por fim, propagam-se pelas fibras do nervo óptico e para o córtex cerebral. - MECANISMO TRICROMÁTICO DE DETECÇÃO DAS CORES: todas as teorias da visão em cores se baseiam na observação bem conhecida de que o olho humanoconsegue detectar quase todas as graduações de cores, quando apenas luzes monocromáticas vermelhas, verdes e azuis são apropriadamente misturadas em diferentes combinações. A estimulação aproximadamente igual de cones vermelhos, verdes e azuis dá a sensação de ver branco. Ainda assim, não existe comprimento de onda único correspondente ao branco; em lugar disso, o branco é a combinação de todos os comprimentos de onda do espectro. • BASTONETE: são fotorreceptores responsáveis pela detecção da penumbra e pela visão em preto e branco. Possui a rodopsina como substância fotoquímica. - MECANISMO DA VISÃO PELOS BASTONETES: o segmento externo dos bastonetes, que se projeta para a camada pigmentar da retina, tem concentração de 40% de pigmentos fotossensíveis, chamado de RODOPSINA. Essa substância é a combinação da proteína ESCOTOPSINA. O RETINAL é tipo particular, chamado 11-cis retinal, sendo a forma cis importante, porque somente ela pode se ligar à escotopsina, para sintetizar a rodopsina. Quando a energia luminosa é absorvida pela rodopsina, essa começa a se decompor dentro de uma fração muito pequena de segundo. A causa dessa rápida decomposição é a fotoativação de elétrons, na parte retinal da rodopsina, o que leva à mudança instantânea da forma cis do retinal para a forma trans. A forma trans-retinal não se ajusta mais nos locais de encaixe (reativo) da escotopsina, fazendo com que não produza mais rodopsina e sim, transforme em outra molécula. Com isso, o retinal todo-trans começa a se afastar da escotopsina. O produto imediato a ser formado é a Batorrodopsina, que é uma combinação muito instável da escotopsina e uma parte IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 10 sistema sensorial parcialmente degradada da retinal todo- trans. Como é muito instável, decai para Lumirrodopsina. Esse produto decais para metarrodopsina I e depois para metarrodopsina II (RODOPSINA ATIVA) e, por fim, muito mais lentamente (em segundos), decai para os produtos de degradação completos escotopsina e retinal todo-trans. A rodopsina ativa (metarrodopsina II), provoca alterações elétricas nos BASTONETES, e os bastonetes transmitem a imagem visual para o SNC sob a forma de potencial de ação do nervo óptico. • VISÃO FOTÓPICA, MESÓPICA E ESCOTÓPICA: a visão à luz do dia (fotópica) é mediada principalmente pelos cones, a visão ao entardecer (mesópica) por meio de uma combinação de cones e bastonetes, e a visão noturna (escotópica) pelos bastonetes. • VITAMINA A E A VISÃO: o retinol é uma forma de vitamina A. O retinol é convertido e combinado com a escotopsina para formar a rodopsina. A cegueira noturna (nictalopia) ocorre em indivíduos com deficiência de vitamina A, porque os bastonetes são os fotorreceptores maximamente utilizados quando há pouca luz no ambiente e a formação de rodopsina diminui drasticamente por causa da ausência da vitamina A. A vitamina A está presente no citoplasma dos bastonetes e na da camada pigmentar da retina. Portanto, a vitamina A normalmente está sempre disponível para formar novo retinal quando necessário. Inversamente, quando houver excesso de retinal da retina, será convertido de volta à vitamina A, reduzindo, assim, a quantidade de pigmento fotossensível na retina. • ADAPTAÇÃO AO ESCURO: se a pessoa permanecer no escuro por longo período, o retinal e as opsinas nos bastonetes e nos cones serão convertidos de volta a pigmentos sensíveis à luz. Além disso, a vitamina A é convertida de volta em retinal para aumentar os pigmentos sensíveis à luz, sendo o limite final determinado pela quantidade de opsinas nos bastonetes e nos cones, para se combinarem com o retinal. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 11 sistema sensorial • FORMAÇÃO DA IMAGEM NA RETINA E INTERPRETAÇÃO PELO CEREBRO: a imagem é focalizada à invertida e reversa em relação pelo objeto. No entanto, os objetos são percebidos na posição correta, a despeito da orientação invertida da retina, porque o cérebro é treinado para codificar uma imagem invertida como normal. • MEIOS DIÓPTRICOS DO OLHO: o olho é opticamente equivalente à câmera fotográfica comum. Tem sistema de lentes, sistema de abertura variável (a pupila) e a retina que corresponde ao filme. O sistema de lentes do olho é composto por quatro interfaces refrativas: 1) Interface entre o ar e a superfície anterior da córnea; 2) Interface entre a superfície posterior da córnea e o humor aquoso; 3) Interface entre o humor aquoso e a superfície anterior do cristalino e; 4) Interface entre a superfície posterior do cristalino e o humor vítreo. O índice interno do ar é 1; o da córnea é 1,38; o do humor aquoso é 1,33; o do cristalino (em média) é 1,40; e o do humor vítreo é 1,34. O MAIOR PODER DE REFRAÇÃO É A CÓRNEA. • ERROS REFRACIONAIS: normalmente, o olho apresenta-se em emetropia (visão normal). Porém, os seguintes erros podem ocorrer: a) HIPERMETROPIA: à Cegueira para objetos próximos. à Os raios de luz são focalizados atrás da retina. à Correção: lente convexa. b) MIOPIA: à Cegueira para objetos distantes. à Os raios de luz são focalizados na frente da retina. à Correção: lente côncava. c) ASTIGMATISMO: à Diferenças substâncias nas curvaturas do olho ao longo de diferentes planos. à Os raios de luz entram e focalizam em pontos diferentes. à Correção: lente cilíndrica. d) CATARATA: à Opacidade que se forma em uma região da lente. à Correção: substituição da lente. e) CERATOCONE: à Córnea com um formato anômalo, com abaulamento proeminente em um dos lados, causando problemas de refração. à Correção: lente personalizada que adere a superfície da córnea. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 12 sistema sensorial • ESTRUTURA DO CRISTALINO: é uma lente biconvexa que, em seu estado normal, funciona para colocar as imagens em foco na retina. Está posicionado imediatamente atrás da íris e é sustentado por fibras zonulares que surgem do corpo ciliar. Pelo fato de ser avascular e não ter inervação, o cristalino é suprido por nutrientes do humor aquoso. • MECANISMO DE ACOMODAÇÃO VISUAL: quando o cristalino está relaxado, ele assume um formato quase esférico, principalmente em virtude da retração elástica de sua cápsula. Os ligamentos suspensores fixam-se ao redor do cristalino e são constantemente tensionados por suas fixações na borda anterior da coroide e da retina à cristalino permaneça relativamente plano sob condições normais do olho. Os músculos ciliares estão localizados nas fixações laterais dos ligamentos do cristalino ao globo ocular e apresentam dois conjuntos de fibras musculares lisas, as fibras meridionais e as fibras circulares. O controle do mecanismo da acomodação é realizado quase que completamente por sinais transmitidos pelos nervos parassimpáticos para o olho através do nervo oculomotor que promove a contração das fibras e relaxamento dos ligamentos do cristalino. Isso gera um abaulamento e aumento da potência refrativa, ou seja, o olho focaliza objetos mais proximamente. Portanto, é compreensível que a estimulação simpática provoque relaxamento da musculatura ciliar. • HUMOR AQUOSO: produzido na câmara posterior pelos processos ciliares do corpo ciliar, é responsável por nutrir a córnea avascular e a lente. - CIRCULAÇÃO E DREGANEM DO HUMOR AQUOSO: Interior da câmara anterior do olho à vai para o ângulo entre a córnea e a íris à segue para o seio venoso da esclera à indo para as veias extraoculares. • HUMOR VÍTRO: é uma substância gelatinosa transparente nos quatro quintos posteriores do bulbo do olho, posterior à lente. Além de dar passagem à luz, o humor vítreo mantém a retina no lugar e sustenta a lente.• VIA VISUAL: as vias visuais são as vias da retina até o córtex visual. Sinais visuais saem das retinas pelos nervos ópticos. No quiasma óptico, as fibras do nervo óptico das metades nasais das retinas cruzam para o lado oposto, onde se unem a fibras das retinas temporais opostas, para formar os tratos ópticos. As fibras de cada trato óptico, por sua vez, fazem sinapse no núcleo geniculado dorsolateral do tálamo e, daí, as fibras geniculocalcarinas se projetam, por meio da radiação óptica (também chamada trato IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 13 sistema sensorial geniculocalcarino) para o córtex visual primário na área da fissura calcarina do lobo occipital medial. • DALTONISMO: também chamado de discromatopsia, é a redução da capacidade de perceber diferenças de cores. A visão de cores normal requer função saudável da mácula e do nervo óptico. A anormalidade mais comum é o “daltonismo em vermelho-verde”, que está presente em aproximada mente 8% da população do sexo masculino. É causado por uma deficiência congênita ligada ao X de um tipo específico de fotorreceptor da retina. - DIAGNÓSTICO DE DALTONISMO: um método rápido de determinar o daltonismo baseia-se no uso do quadro de pontos (Teste de Ishihara) onde são dispostos com uma mistura de pontos de diferentes cores. • CATARATA: é uma anormalidade ocular especialmente comum e que ocorre principalmente em pessoas idosas à é uma área enevoada ou opaca no cristalino. No 1° estágio, as proteínas em algumas das fibras do cristalino se tornam desnaturadas e, posteriormente, se coagulam, formando áreas opacas onde existiam fibras de proteínas transparentes normais. Quando a catarata obscurece a transmissão se luz de maneira tão intensa que compromete gravemente a visão, a condição pode ser corrigida por remoção cirúrgica do cristalino. • DMRI – DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADO A IDADE: é uma doença degenerativa multifatorial progressiva que afeta a mácula. É caracterizada pela presença de drusas (exsudação mais profunda) e alterações no EPR (epitélio pigmentar da retina. Os estágios tardios da doença estão associados à deficiência visual. A patogênese é ainda pouco compreendida; no entanto, a degeneração do epitélio pigmentário da retina, ligada ao estresse oxidativo, parece ser um elemento essencial. Mudanças na matriz extracelular adjacente da membrana de Bruch e a formação de depósitos sub-retinianos são fundamentais para a evolução da doença. A orelha ou órgão vestibulococlear (parte externa) e o ouvido (parte interna), constituem os órgãos do sistema auditivo responsáveis pela audição e equilíbrio. • EMBRIOLOGIA DA ORELHA: - ORELHA INTERNA: composta pelo órgão vestibulococlear e atua na audição e no equilíbrio; a orelha interna é a primeira das três partes a se formar. Têm origem do ectoderma de superfície + mesênquima. a orelha IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 14 sistema sensorial A formação termina na metade do período fetal (20-22 semanas). - ORELHA MÉDIA: formada pelos três ossículos da audição. Têm origem do mesoderma e células neurais. - ORELHA EXTERNA: formada pelo pavilhão auricular, meato acústico externo e pela camada externa da membrana timpânica (tímpano). Têm origem do ectoderma e mesênquima. • ANATOMIA DA ORELHA EXTERNA: é composta por pavilhão, meato acústico externo e parede externa da membrana timpânica (tímpano). - PAVILHÃO: o pavilhão da orelha é constituído por um esqueleto fibrocartilagíneo e possui uma face externa e outra interna. A face externa está voltada para fora e para diante, apresentando saliências e depressões que lhe conferem aspecto característico. Na porção média do pavilhão, observa-se uma escavação profunda, a concha. Em torno da concha encontramos quatro saliências: o hélix, a antélice, o trago e o anti- trago. Na porção inferior do pavilhão, encontra-se o lóbulo da orelha. A face interna do pavilhão está voltada para a apófise mastóide e limitando-se com a região mastóidea por meio do sulco retroauricular. - MEATO ACÚSTICO EXTERNO: o meato acústico externo é um canal sinuoso que prolonga a concha até a membrana do tímpano. É cartilagíneo no terço externo e ósseo nos dois terços internos. É constituído por quatro paredes: 1) ANTERIOR: em relação com a articulação temporomandibular. 2) POSTERIOR: correspondendo à apófise mastóide (o que explica o edema e até as fístulas dessa parede no decurso das masteoidites). 3) SUPERIOR: em relação com a fossa cerebral média. 4) INFERIOR: em relação com a glândula parótida. - TÍMPANO: é um tecido semitransparente, elástico, com forma cônica e elíptica que forma uma fronteira entre a orelha externa e a orelha média. • ANATOMIA DA ORELHA MÉDIA: é responsável pela transmissão, amplificação do som e proteção contra sons muito intensos. É composta de ossículos da audição, IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 15 sistema sensorial músculos estapédio e tensor do tímpano, o nervo corda do tímpano (ramo do NC VII) e plexo timpânicos de nervos. Além disso, a orelha média possui uma parede côncava que possui 6 paredes, que constituem a cavidade timpânica. - OSSÍCULOS DA AUDIÇÃO: formam uma cadeia móvel de pequenos ossos através da cavidade timpânica, desde a membrana timpânica até a janela do vestíbulo. Os ossículos são os primeiros ossos a se ossificar por completo durante o desenvolvimento e estão praticamente maduros ao nascimento. Os ossículos são cobertos pela túnica mucosa que reveste a cavidade timpânica; mas, ao contrário dos outros ossos, não têm uma camada adjacente de periósteo osteogênico. - MÚSCULOS ESTAPÉDIO E TENSOR DO TÍMPANO: § MÚSCULO ESTAPÉDIO: é um pequeno músculo no interior da eminência piramidal, uma proeminência cônica oca na parede posterior da cavidade timpânica. O músculo estapédio traciona o estribo posteriormente e inclina sua base na janela do vestíbulo, tencionando, assim, o ligamento anular e reduzindo a amplitude oscilatória. Também impede o movimento excessivo do estribo. O nervo para o músculo estapédio origina-se do nervo facial (NC VII). § MÚSCULO TENSOR DO TÍMPANO: é curto e se origina da face superior da parte cartilagínea da tuba auditiva, da asa maior do esfenoide e da parte petrosa do temporal. O músculo se insere no cabo do martelo e reduz a amplitude das oscilações da membrana timpânica. O músculo tensor do tímpano é suprido pelo nervo mandibular (NC V3). - CAVIDADE TIMPÂNICA: espaço diretamente interno à membrana timpânica que contêm 6 paredes: § PAREDE TEGMENTAL (TETO): lâmina fina de osso separa a cavidade da dura máter no assoalho da fossa média do crânio. § PAREDE JUGULAR (ASSOALHO): lâmina de osso que separa a cavidade do bulbo superior da veia jugular interna. § PAREDE MEMBRANÁCEA (PAREDE LATERAL): formada pela convexidade em pico da membrana timpânica e superiormente é formada pela parede óssea lateral do recesso timpânico. § PAREDE LABIRÍNTICA (MEDIAL): separa a cavidade timpânica da orelha interna, tem o promontório da parede labiríntica (parte inicial da cóclea) e as IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 16 sistema sensorial janelas oval e redonda que se comunicam com a orelha interna. § PAREDE MASTÓIDEA (PAREDE POSTERIOR): abertura na sua parte superior (ádito) ao antro mastoideo que une a cavidade timpânica e as células mastoideas. O canal para o nervo facial desce entre a parede posterior e o antro. § PAREDE CARÓTICA (ANTERIOR): separa a cavidade timpânica do canal carótico; superiormente tem a abertura da tuba auditiva e o canal para o músculo tensor do tímpano. • ANATOMIA DA ORELHA INTERNA: contém o órgão vestibulococlear relacionadocom a recepção do som e a manutenção do equilíbrio. Constitui-se em labirinto ósseo (cóclea, vestíbulo e canais semicirculares) e labirinto membranáceo (labirinto vestibular, labirinto coclear e três ductos semicirculares, contendo endolinfa e perilinfa) e meato acústico interno. - LABIRINTO ÓSSEO: § CÓCLEA: parte em forma de concha que contém o ducto coclear associada a audição. § VESTÍBULO: pequena câmara oval que contém o utrículo e o sáculo e partes do aparelho do equilíbrio (labirinto vestibular). É continuo com cóclea anteriormente, os canais semicirculares posteriormente e a fossa posterior do crânio pelo aqueduto do vestíbulo. § CANAIS SEMICIRCULARES: comunicam- se com o vestíbulo do labirinto ósseo. - LABIRINTO MEMBRANÁCEO: § ENDOLINFA: líquido aquoso cuja composição é semelhante à do líquido intracelular. § PERILINFA: semelhante ao líquido extracelular, preenche o restante do labirinto ósseo. § LABIRINTO VESTIBULAR: composto de utrículo e sáculo, dois pequenos sacos comunicantes no vestíbulo do labirinto ósseo. § LABIRINTO COCLEAR: ducto coclear na cóclea. § DUCTOS SEMICIRCULARES: abrem-se para o utrículo através de cinco aberturas, refletindo a forma como os canais semicirculares adjacentes abrem-se no vestíbulo. Ainda na anatomia da orelha interna, é preciso compreender que, ondas de pressão hidráulica geradas na perilinfa do vestíbulo pelas vibrações da base do estribo IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 17 sistema sensorial ascendem até o ápice da cóclea por um canal, a rampa do vestíbulo. As ondas de pressão então atravessam o helicotrema e voltam a descer até a volta basal da cóclea pelo outro canal, a rampa do tímpano. Aqui, mais uma vez as ondas de pressão tornam-se vibrações, dessa vez da membrana timpânica secundária na janela da cóclea, e a energia inicialmente recebida pela membrana timpânica (primária) acaba por se dissipar para o ar da cavidade timpânica. O teto do ducto coclear é formado pela membrana vestibular. O assoalho do ducto também é formado por parte do ducto, a lâmina basilar, mais a margem externa da lâmina espiral óssea. O receptor dos estímulos auditivos é o órgão espiral (de Corti), situado sobre a lâmina basilar. É coberto pela membrana tectória gelatinosa. - MEATO ACÚSTICO INTERNO: é um canal estreito que segue lateralmente por cerca de 1 cm dentro da parte petrosa do temporal. O poro acústico interno do meato acústico interno está situado na parte posteromedial deste osso, alinhado com o meato acústico externo. Lateralmente, seguem através do plano do MAI, o nervo facial (NC VII), o nervo vestibulococlear (NC VIII) e suas divisões, além dos vasos sanguíneos. O nervo vestibulococlear divide-se perto da extremidade lateral do meato acústico interno em duas partes: um nervo coclear e um nervo vestibular. • INERVAÇÃO E DREGANEM LINFÁTICA DA ORELHA: - INERVAÇÃO: nervo auricular magno, nervo auriculotemporal e contribuições do nervo facial e vago. - DRENAGEM LINFÁTICA: a face lateral da metade superior da orelha drena para os linfonodos parotídeos superficiais, a face cranial para os linfonodos mastoideos e linfonodos cervicais profundos e, o restante da orelha, para os linfonodos superficiais. • CERA: a cera de ouvido ou cerume evita a entrada de pequenos corpos estranhos no meato, além de proteger seu revestimento de possível maceração pela retenção de água. Possui uma composição de secreções das glândulas ceruminosas e sebáceas, além de um pH ácido. • TUBA AUDITIVA: é um canal ósteo cartilaginoso que comunica a cavidade timpânica com a parte nasal da faringe. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 18 sistema sensorial Mede 35 a 38mm de comprimento, sendo 1/3 ósseo e 2/3 de fibrocartilagem e tem a função de igualar a pressão na orelha média à pressão atmosférica, permitindo o movimento livre da membrana timpânica. - HISTOLOGIA DA TUBA AUDITIVA: composta de osso na saída da cavidade timpânica à cartilagem elástica que se torna hialina na abertura na nasofaringe à o revestimento epitelial torna-se um epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. - TUBA AUDITIVA NA CRIANÇA E NO ADULTO: ao nascer, a tuba auditiva (TA) tem aproximadamente 50% do comprimento daquele do adulto e se mantém em uma posição quase horizontal, comunicando-se com a nasofaringe no nível do palato duro. Com o crescimento, a TA se alonga, se alarga e se torna mais verticalizada, alcançando sua posição nasofaríngea entre 5 e 7 anos de idade. A contração dos músculos tensor e elevador do palato causa a abertura da TA. • TESTE DA ORELINHA: teste rápido, simples, não invasivo, com alta sensibilidade e especificidade, capaz de identificar a maioria das perdas auditivas cocleares em torno de 30 – 35 dB. • PROPAGAÇÃO DO SOM PELA OPRELHA: ondas sonoras que entram na orelha externa causam a vibração da membrana timpânica. As vibrações são transmitidas através dos ossículos da orelha média e suas articulações. A base do estribo vibra com maior força e menor amplitude que a janela do vestíbulo. Vibrações da base do estribo geram ondas de pressão na perilinfa da rampa vestibular. Dessa forma, essas ondas deslocam a lâmina basilar do ducto coclear. Ondas curtas (agudas), fazem o deslocamento perto da janela do vestíbulo; ondas mais graves (longas) causam deslocamento perto do helicotrema. O movimento da lâmina basilar curva as células pilosas do órgão de Corti. Há, então, liberação de neurotransmissor, estimulando potenciais de ação conduzidos pelo nervo coclear até o encéfalo. As vibrações são transferidas através do ducto coclear até a perilinfa da rampa do tímpano. Ondas de pressão são dissipadas pela membrana timpânica secundária na janela da cóclea até o ar da cavidade timpânica. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 19 sistema sensorial • REFLEXO DE ATENUAÇÃO: quando sons intensos são transmitidos pelo sistema ossicular e, daí, para o sistema nervoso central, ocorre reflexo com período de latência de apenas 40 a 80 milissegundos, causando contração do músculo estapédio e, em menor grau, do músculo tensor do tímpano. O músculo tensor do tímpano puxa o cabo do martelo para dentro, enquanto o músculo estapédio puxa o estribo para fora. Essas duas forças se opõem entre si e assim fazem com que todo o sistema ossicular desenvolva aumento da rigidez, reduzindo muito a condução ossicular do som com baixa frequência, protegendo a cóclea. • MECANISMO DE IMPEDÂNCIA DO SOM: a impedância é a medida da resistência apresentada pela membrana timpânica ao ser colocada em movimento pelo som. É inversamente proporcional à velocidade de vibração do martelo. O sistema ossicular reduz a distância, mas aumenta cerca de 1,3 vezes a força de movimento, ou seja, na ausência dos ossículos e da membrana timpânica, as ondas sonoras ainda podem trafegar diretamente pelo ar da orelha média e adentrar a cóclea no nível da janela oval. Entretanto, a sensibilidade auditiva fica menor. • CÓCLEA: a cóclea tem o papel de converter a energia mecânica do som em impulsos elétricos, um processo denominado transdução mecanoelétrica. A cóclea diferencia a frequência dos sons pelo trajeto das ondas na membrana basilar. A onda sonora, inicialmente, faz com que a membrana basilar, na base da cóclea, se curve na direção da janela redonda. No entanto, cria-se uma tensão elástica nas fibras basilares durante esse processo, desencadeando uma onda de líquido que “trafega” ao longo da membrana basilar em direção ao helicotrema. Cada onda é relativamente fraca a princípio, mas se torna forte quando chega à parte da membrana basilar que tem frequência de ressonância natural, igual àrespectiva frequência do som. Nesse ponto, a membrana basilar pode vibrar para a frente e para trás com tal facilidade que a energia da onda se dissipa. Consequentemente, a onda morre nesse ponto e deixa de se propagar pela distância restante, ao longo da membrana basilar. Assim, tem-se: § Onda sonora de alta frequência tem trajeto apenas por curta distância ao IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 20 sistema sensorial longo da membrana basilar, antes que chegue a seu ponto de ressonância e se dissipe; § Onda sonora com frequência média trafega por cerca de meio caminho e, então, se dissipa; § Onda sonora com frequência muito baixa trafega por toda a distância ao longo da membrana. - POTENCIAL DE AÇÃO NA CÓCLEA (POTENCIAL ENDOCOCLEAR): a rampa média é cheia com líquido, chamado endolinfa, enquanto a perilinfa é o líquido presente na rampa vestibular e na rampa timpânica. A endolinfa contém alta concentração de potássio e baixa de sódio, o que é exatamente oposto ao conteúdo da perilinfa. A importância do potencial endococlear é que os topos das células ciliadas se projetam, através da lâmina reticular, sendo banhados pela endolinfa da rampa média, enquanto a perilinfa banha os corpos das células ciliadas. Além disso, as células ciliadas têm potencial intracelular negativo de −70 milivolts em relação à perilinfa, mas −150 milivolts em relação à endolinfa, nas suas superfícies superiores, onde os cílios se projetam através da lâmina reticular para a endolinfa. Acredita-se que esse alto potencial elétrico nas pontas dos estereocílios sensibilize a célula em grau extra, aumentando, assim, sua capacidade de responder ao som mais discreto. • FREQUÊNCIA E INTENSIDADE DO SOM: § FREQUÊNCIA: o principal método usado pelo sistema nervoso para detectar diferentes frequências é determinar as posições ao longo da membrana basilar que são mais estimuladas (princípio do lugar). § INTENSIDADE: uma maior intensidade sonora leva a um aumento da amplitude de vibração da membrana basilar + células ciliadas à excitação das terminações nervosas com frequências + rápidas. Esse aumento da amplitude leva a estimulação de + células ciliadas a fazerem a somação espacial de impulsos. As células ciliadas externa só são estimuladas quando a vibração da membrana basilar esteja em uma intensidade IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 21 sistema sensorial elevada (notifica o sistema nervoso que o som é intenso). • FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO: o som entra pelo pavilhão auricular através do meato acústico externo que segue pela: membrana timpânica à camada média da membrana timpânica (responsável pela vibração de alta qualidade) à cabo do martelo à cabeça do martelo (que é articulada com o corpo da bigorna à ramo longo da bigorna (que é articulado com a cabeça do estribo). A base do estribo é aderida na janela oval, onde há a rampa vestibular (coberta por perilinfa), que se relaciona com o helicotrema, indo para a rampa timpânica e, em seguida, para a janela redonda. A movimentação da perilinfa ao redor do ducto coclear (rampa média) – membrana basilar, estimula o órgão de Corti: responsável pela transformação de vibrações em impulsos nervosos. Em sua base existem fibras curtas e rígidas, que vibram melhor em ondas de alta frequência (perto da janela oval). Em seu ápice, existem fibras longas e flexíveis, que vibram melhor em ondas de baixa frequência (perto do helicotrema). As células ciliadas, importante estrutura no órgão de Corti, são células sensoriais eletromecânicas, que, ao receberem um estímulo mecânico, despolarizam-se, gerando impulsos nervosos para o nervo coclear. Na região apical das células ciliadas, existem os estereocílios (microvilosidades especiais). As células ciliadas estão fixadas na lâmina reticular, que é sustentada pelos bastonetes de Corti. Os ligamentos anulares frouxos evitam a movimentação da membrana tectónica. → Despolarização: quando a membrana basilar se eleva, pela movimentação da perilinfa, os estereocílios tocam a membrana tectorial, que realiza um estímulo mecânico nos estereocílios. Sendo assim, suficiente para realizar a despolarização das células ciliadas, por meio do deslocamento dos estereocílios para o lado do cinocílio, há abertura dos canais de potássio. - VIA AFERENTE DA AUDIÇÃO: Glânglios Espirais → Núcleo Coclear Dorsal e Ventral (Parte superior do bulbo) → Complexo Olivar Superior (Principalmente Contralateral) → Lemnisco Lateral (Ponte) → Colículo Inferior (Mesencéfalo) → Núcleo Geniculado Medial → Córtex Auditivo Primário (Área 41 e 42 de Brod.) → Córtex Auditivo Secundário (Do lado do córtex primário). IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 22 sistema sensorial - ESTÍMULO SONORO E SUA CONDUÇÃO AO CÉREBRO: Orelha Externa → Membrana Timpânica → Ossículos → Janela vestibular → Vibração da perilinfa → Lâmina Basilar (órgão de Corti) → Nervo coclear → Gânglios Espirais → Núcleo Coclear Dorsal e Ventral (Parte superior do bulbo) → Complexo Olivar Superior (Principalmente Contralateral) → Lemnisco Lateral (Ponte) → Colículo Inferior (Mesencéfalo) → Núcleo Geniculado Medial → Córtex Auditivo Primário (Área 41 e 42 de Brod.) → Córtex Auditivo Secundário (Do lado do córtex primário). • TIPOS DE PERDAS AUDITIVAS: podem ser: § PERDA AUDITIVA CONDUTIVA: alteração nas orelhas externa e média. § PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL: alteração na orelha interna e/ou nervo auditivo. § PERDA AUDITIVA MISTA: presença das duas perdas auditivas acima. § PERDAS AUDITIVAS CENTRAIS: comprometimento das vias auditivas centrais. § PERDAS AUDITIVAS FUNCIONAIS: comprometimento da função auditiva, sem haver alteração anatômica ou lesão orgânica que justifique esse comprometimento (de origem psicogênica ou simulação de perda auditiva). • SÍNDROME DE MENIÉRE: também conhecida como hidropisia endolinfática, caracteriza-se por um distúrbio funcional da orelha interna decorrente de mudanças na pressão e no volume da endolinfa labiríntica. É causada por obstrução do ducto ou suco endolinfático, alteração na absorção da endolinfa e lesão imunológica no ouvido interno à níveis elevados de Ig na endolinfa. O paciente apresenta, na clínica, sensação vertiginosa, zumbidos auriculares, hipoacusia e plenitude auricular. O nariz é a parte externa do sistema respiratório dos humanos, é o órgão do olfato o nariz IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 23 sistema sensorial e a principal via de passagem do fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. • EMBRIOLOGIA DO NARIZ: os folhetos que dão origem ao nariz são mesoderma e ectoderma. • ANATOMIA DO NARIZ: • VASCULARIZAÇÃO DO NARIZ: artéria etmoidal, artéria esfenopalatina e ramo septal da artéria labial. • INERVAÇÃO DO NARIZ: a porção posteroinferior é inervada pelo nervo maxilar e nervo palatino maior. Já a porção anterossuperior, pelo nervo oftálmico (nervos etmoidais anterior e posterior). IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 24 sistema sensorial • HISTOLOGIA DO NARIZ: a lâmina própria da mucosa olfatória é diretamente contínua com o periósteo do osso subjacente. Esse tecido conjuntivo contém numerosos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos olfatórios não mielinizados, nervos mielinizados e glândulas olfatórias. A região olfatória está localizada em parte da cúpula de cada cavidade nasal e, em grau variável, nas paredes nasais lateral e medial contíguas. O epitélio olfatório, assim como o epitélio da região respiratória, também é pseudoestratificado, mas contém tipos de células muito diferentes. Além disso, carecem de células caliciformes. O epitélio olfatório é formado pelosseguintes tipos de células: § CÉLULAS RECEPTORAS OLFATÓRIAS: são neurônios olfatórios bipolares, que se estendem pela espessura do epitélio e entram no sistema nervoso central. § CÉLULAS DE SUSTENTAÇÃO: são células colunares, que se assemelham às células neurogliais e fornecem suporte mecânico e metabólico às células receptoras olfatórias. Sintetizam e secretam proteínas de ligação de odores. § CÉLULAS BASAIS: são células-tronco a partir das quais se diferenciam novas células receptoras olfatórias e células de sustentação. § CÉLULAS EM ESCOVA: são o mesmo tipo celular que ocorre no epitélio respiratório. • FISIOLOGIA DO OLFATO: Substância odorífera → difunde-se no muco → liga-se às proteínas receptoras (parte extracelular) na membrana dos cílios → parte intracelular acoplada à proteína G → separação da subunidade alfa → ativação da adenilciclase → conversão de ATP em AMPc → ativação de um canal iônico dependente de sódio → influxo de sódio → despolarização da célula olfatória → excitação do neurônio olfatório → nervo olfatório → SNC. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 25 sistema sensorial - TRANSMISSÃO DOS SINAIS OLFATÓRIOS PARA O SNC: a maioria das substâncias odorantes induz a despolarização da membrana da célula olfatória, reduzindo o potencial negativo da célula do nível normal de -55 milivolts para -30 milivolts ou menos — isto é, a voltagem passa a ser mais positiva. Paralelamente, o número de potenciais de ação aumenta para 20 a 30 por segundo, que é frequência alta para as fibras do nervo olfatório. Aproximadamente, 50% dos receptores olfatórios se adaptam em cerca do primeiro segundo de estimulação. Em seguida, eles se adaptam muito pouco e lentamente. Além disso, todos nós sabemos, por experiência própria, que as sensações de olfação se adaptam quase até a extinção em torno de 1 minuto após entrar em ambiente fortemente odorífico. Por causa disso, a adaptação psicológica é muito maior do que o grau de adaptação dos receptores e é quase certo que a maior parte da adaptação adicional ocorre no sistema nervoso central, o que parece ser verdadeiro também para a adaptação das sensações gustatórias. O mecanismo neuronal, postulado para o fenômeno da adaptação, é o seguinte: fibras nervosas vindas dos receptores olfatórios à atravessam a lâmina cribiforme à nervo olfatório à bulbo olfatório à glomérulos olfatórios à trato olfatório. • SNC E MEMÓRIA OLFATIVA: considerando que o bulbo olfativo é parte do sistema límbico, muitas vezes chamado de cérebro emocional, o olfato desperta lembranças e respostas poderosas instantaneamente, graças ao seu íntimo acesso a amigdala (emoções) e ao hipocampo (aprendizado associativo). Assim, quando um cheiro é percebido pela primeira vez ocorre uma associação a um evento, a um indivíduo, a uma coisa ou mesmo a um momento. A língua é órgão muscular recoberto de mucosa, situado na boca e na faringe, responsável pelo paladar e auxiliar na mastigação, na deglutição e na fonação. • EMBRIOLOGIA DA LÍNGUA: o folheto embrionário que dá origem a língua é o mesênquima. A língua começa a se formar no final da quarta semana. As respostas faciais fetais podem ser induzidas por substâncias de gosto amargo, com 26 a 28 semanas, indicando que as vias de reflexo entre os corpúsculos gustativos e os músculos faciais estão estabelecidas. Por volta dos 4 anos de idade, o terço posterior da língua desce para a orofaringe (parte oral da faringe). a língua IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 26 sistema sensorial • ANATOMIA DA LÍNGUA: • INERVAÇÃO DA LÍNGUA: todos os músculos da língua, com exceção do palatoglosso, recebem inervação motora do nervo hipoglosso. Para sensibilidade geral (tato e temperatura), a túnica mucosa dos dois terços anteriores da língua é suprida pelo nervo lingual, um ramo do NC V3. Para sensibilidade especial (paladar), essa parte da língua, com exceção das papilas circunvaladas, é suprida pelo nervo corda do tímpano, um ramo do NC VII. O nervo corda do tímpano une-se ao nervo lingual na fossa infratemporal e segue anteriormente em sua bainha. A mucosa do terço posterior da língua e as papilas circunvaladas são supridas pelo ramo lingual do nervo glossofaríngeo (NC IX) para sensibilidade geral e especial. • HISTOLOGIA DA LÍNGUA: os 2/3 anteriores da língua possuem feixes musculares esqueléticos em três direções (longitudinal, transversal e oblíqua). Já o 1/3 posterior, é composto de tecido linfoide (tonsilas linguais). § PAPILAS CIRCUNVALADAS: grandes e com topo plano, situam-se diretamente anteriores ao sulco terminal e são organizadas em uma fileira em formato de V. São circundadas por depressões circulares IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 27 sistema sensorial profundas, cujas paredes estão repletas de calículos gustatórios. Os ductos das glândulas serosas da língua abrem-se nas depressões. § PAPILAS FOLHADAS: pequenas pregas laterais da túnica mucosa lingual. São pouco desenvolvidas nos seres humanos. § PAPILAS FILIFORMES: longas e numerosas, contêm terminações nervosas aferentes sensíveis ao toque. Essas projeções cônicas e descamativas são rosa-acinzentadas e estão organizadas em fileiras com formato de V, paralelas ao sulco terminal, exceto no ápice, onde tendem a se organizar transversalmente. § PAPILAS FUNGIFORMES: pontos em formato de cogumelo, rosa ou vermelhos, dispersos entre as papilas filiformes, porém mais numerosos no ápice e nas margens da língua. § BOTÕES GUSTATIVOS: possuem células de sustentação e células gustativas (contornadas pelo poro gustativo). Do ápice projetam-se para fora das células gustativas microvilosidades ou cílios gustativos (fornecem a superfície receptora para o sabor). • FISIOLOGIA DA GUSTAÇÃO: a aplicação de uma substância gustativa nos cílios gustativos leva a uma despolarização da célula gustativa (potencial receptor do paladar). A ligação da substância a uma molécula receptora encontrada na superfície externa das células gustativas leva a abertura de canais iônicos (influxo de cátions Na+ e H+) que provoca a despolarização da negatividade normal da célula. Para os sabores salgado e azedo (íons Na+ e H+), há abertura do canal de sódio epitelial (NaEC) que promove a ativação dos receptores. Já para os sabores doce e amargo, receptores acoplados à proteína G levam a ativação de substâncias transmissoras do tipo segundo mensageiro (alterações químicas intracelulares levam à sinais de sabor). • TESTE DA LINGUINHA: é um exame cujo objetivo é de identificar precocemente a anquiloglossia em recém-nascidos, uma anomalia congênita que se caracteriza por um frênulo lingual anormalmente curto e espesso ou delgado, que pode restringir em diferentes graus os movimentos da língua. A avaliação não dói e permite detectar se há alguma alteração na membrana da língua capaz de interferir diretamente na qualidade da amamentação do bebê e no desenvolvimento da fala, mastigação, deglutição e higiene oral.
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