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Prévia do material em texto

História das Religiões: 
Religiões Africanas 
e Orientais
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Rosenilton Silva de Oliveira
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
• Introdução;
• Características das Religiões Orientais;
• A Presença das Religiões Orientais no Brasil;
• Considerações Finais: Os Movimentos (NEO) Esotéricos.
 · Apresentar panoramicamente as características teológicas das religi-
ões orientais a fim de refletir sobre a sua presença no contexto brasi-
leiro e a configuração dos movimentos (neo)esotéricos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Introdução
Olá!
Você já ouviu falar em carma, nirvana, impermanência, castas...? 
Esses termos dizem respeito ao universo religioso que classificamos como “reli-
giões orientais”, mais precisamente, filosofias e cosmologias religiosas originárias 
na Índia e na Ásia. E é sobre elas que vamos tratar nesta Unidade.
Nosso objetivo será apresentar panoramicamente as características teológicas 
das religiões orientais, a fim de refletir sobre a sua presença no contexto brasileiro 
e a configuração dos movimentos (neo) esotéricos.
Figura 1 – Om ou Aum: símbolo do Hinduísmo
Fonte: Wikimedia Commons
Primeiramente, faremos um percurso visando a compreender as origens e as 
principais características das religiões orientais, colocando em evidência alguns dos 
seus modelos rituais mais difundidos (ou que tenham maior presença no cenário 
global, como, o Hinduísmo, o Budismo, o Xintoísmo, o Taoísmo etc.). 
Em seguida, observaremos mais especificamente a presença dessas religiões 
ou alguns de seus aspectos no contexto brasileiro. Por exemplo, a difusão da 
prática da ioga e dos exercícios de meditação e de autoconhecimento para, na 
parte final da Unidade, refletirmos sobre os chamados “movimentos esotéricos ou 
neoesotéricos” que ganharam proeminência no cenário nacional, com a profusão 
de espaços de terapia, divulgação por meio da mídia de aspectos da filosofia oriental 
e do movimento da “Nova Era”.
Ioga ou Yoga qual o correto?
O termo “ioga” grafo com “i” é a forma de escrita da palavra em português, enquanto que 
“yoga” deriva da língua inglesa. Não há alteração no significado caso ela seja escrita de um 
ou de outro modo.
Ex
pl
or
8
9
Características das Religiões Orientais
A primeira coisa que precisamos ressaltar é que quando falamos em religiões 
orientais de modo genérico, estamos nos referindo a todas aquelas expressões 
religiosas que tiveram origem no extremo oriente, isto é, na Ásia, mais especifi-
camente no Japão e na China. Entretanto, é preciso lembrar que algumas delas, 
como o Budismo (amplamente difundido nesses dois países), têm origem na Índia. 
Tal expressão, portanto, é insuficiente para dar conta da diversidade religiosa 
dessa região. De todo modo, assim como fazemos no caso das religiões tradicio-
nais africanas e das religiões abraamicas (surgidas no Oriente Médio: judaísmo, 
cristianismo e islamismo), faremos uso desses termos “guarda-chuva” cientes de 
que a realidade é muito mais complexa. 
Nesse sentido, tomamos aqui o termo “oriental” no sentido empregado pelos 
orientalistas, isto é, no sentido de que posições políticas estabeleceram uma 
cisão cultural, linguística, econômica, filosófica, religiosa e intelectual entre o 
Ocidente e o Oriente. 
Mais do que posições geográficas, são modos de ser e de estar, que foram 
constituídos opondo as metrópoles europeias (a partir do século XVII) às demais 
sociedades, sobretudo às asiáticas, como chinesas e japonesas.
Trata-se de tomar o termo religiões orientais como o conjunto das expres-
sões religiosas e filosóficas cuja origem ou presença deu-se na Ásia, mas que, em 
determinados momentos, pode englobar as filosofias esotéricas ou as religiões de 
origem indiana. 
Com o se vê na figura a seguir, algumas religiões classificadas como orientais são: 
Hinduísmo e Budismo, que tiveram origem na Índia; Taoísmo e Confucionismo, de 
origem chinesa, e Xintoísmo, originário do Japão. Cada uma dessas filosofias reli-
giosas possui um conjunto de ramificações; muitas delas desenvolvidas em contextos 
geográficos distintos daqueles onde surgiram, como ocorreu com o Budismo, que 
passou por grande reformulação na China e, posteriormente, no Japão.
• Hinduísmo
• Budismo
Religiões com 
origem na Índia
• Xintoísmo
Religiões
Orientais: Japão
• Taoísmo
• Confucionismo
Religiões
Orientais: China
Figura 2 – Religiões classifi cadas como orientais
9
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Essa classificação didática tenta dar conta dos fluxos e refluxos religiosos exis-
tentes. Alguns estudiosos tentaram classificar as principais religiões mundiais (prin-
cipais no sentido de seu peso político no cenário internacional e de número de 
adeptos) em “ocidentais” e “orientais”.
Judaísmo, Islamismo e Cristianismo seriam as “religiões ocidentais” (embora 
sua origem tenham sido o Oriente Médio), e Hinduísmo, Budismo e Taoísmo 
seriam as principais representantes das “religiões orientais”. 
Importante!
A classificação das várias religiões em “orientais” ou “ocidentais” é sempre provisória e 
contextual, isto é, precisa ser entendida a partir do ponto de vista proposto pelo analis-
ta, vez que no dia a dia a realidade é mais complexa e as tradições religiosas se mesclam, 
colocando em xeque essas categorias. De todo modo, essa organização é útil do ponto 
de vista didático e nos ajuda a ter linhas gerais para entender o fenômeno religioso 
numa escala global.
Importante!
No quadro a seguir, vemos a sistematização das principais diferenças entre os 
dois grupos.
Quadro 1 – Síntese das diferenças entre as religiões orientais e ocidentais
Ocidental Oriental
Visão da história
Visão linear da história, isto é, a história tem 
um começo e um fim; o mundo foi criado num 
certo ponto e um dia irá terminar.
Visão cíclica da história, isto é, a história se 
repete num ciclo eterno e o mundo dura de 
eternidade em eternidade.
Conceito de Deus Deus é o criador; ele é todo-poderoso e é único. O monoteísmoé tipicamente ocidental.
O divino está presente em tudo. Ele se 
manifesta em muitas divindades (politeísmo) 
ou como uma força impessoal que permeia 
tudo e a todos (panteísmo).
Noção de humanidade
Há um abismo entre Deus e o ser humano, 
entre o criador e a criatura. O grande pecado é 
o homem desejar se transformar em Deus em 
vez de se sujeitar à vontade de Deus.
O homem pode alcançar a união com 
o divino mediante a iluminação súbita 
e o conhecimento.
Salvação
Deus redime o ser humano do pecado, julga 
e dá a punição. Existe a noção de vida após a 
morte, no céu ou no inferno.
A salvação é libertar do eterno ciclo da 
reencarnação da alma e do curso da ação. 
A graça vem por meio de atos de sacrifício 
ou do conhecimento místico.
Ética
O fiel é um instrumento da ação divina e deve 
obedecer à vontade de Deus, abandonando o 
pecado e a passividade diante do mal.
Os ideais são a passividade e a fuga 
do mundo.
Culto Orar, pregar, louvar Meditação, sacrifícios
Fonte: Gaarder; Hellern; Notaker, 2005, p. 42
Não estão contempladas no quadro acima as religiões tradicionais africanas, nem 
as cosmologias indígenas (seja americana, seja aborígene, na Oceania), justamente 
porque o lugar de observação dos analistas é o próprio Ocidente. 
10
11
Além do Hinduísmo, Budismo, Taoísmo e Xintoísmo, há um conjunto de con-
cepções filosófico-religiosas que foram se desenvolvendo no Oriente, a partir de 
vários elementos dessas religiões e do contato direto entre os vários povos. A diver-
sidade religiosa é observada, inclusive, no interior dos próprios sistemas religiosos. 
Assim como há várias formas de viver o Cristianismo (inclusive com divergências 
teológicas), da mesma maneira se dá com o Budismo ou o Hinduísmo. 
De todo modo, podemos perceber concepções filosóficas semelhantes no 
Hinduísmo e no Budismo (por exemplo, com relação à doutrina do carma e da 
salvação), do mesmo modo em que encontramos divergências sobre a concepção 
de Tao e entre o Confucionismo e o Taoísmo.
De fato, um dos elementos centrais, tanto no Budismo quanto no Hinduísmo, é 
a busca pela iluminação, a fim de romper a necessidade da reencarnação. 
Essas duas religiões indianas tiveram destinos distintos: enquanto a segunda segue 
sendo a religião mais praticada na Índia, a primeira desenvolveu-se enormemente 
na Ásia, sobretudo na China, no Tibete e no Japão. 
Sem negar a existência dos deuses ou restringir o seu culto, “os indianos já não 
viam os deuses como outros seres, exteriores a ele, mas, ao contrário, buscavam 
uma compreensão interior da verdade” (ARMSTRONG, 2008, p. 45).
Desse modo, o Hinduísmo e o Budismo elaboraram novas formas de se relacionar 
com o divino e de transcendê-los. Nesse processo, os mestres passaram a exercer 
papel fundamental. 
Buda, por exemplo, ao atingir a iluminação, tornou-se livre do carma (e, por 
extensão, da necessidade de reencarnar) e permaneceu na Terra para transmitir 
seus ensinamentos, porque teve compaixão dos homens; a partir daí, surge uma 
nova religião, o Budismo.
Movimento semelhante atingiu o Hinduísmo. Karen Armstrong afirma que:
No século VIII a.C., alguns sábios começaram a tratar dessas questões nos 
Aranyakas e Upanishads, tratados conhecidos coletivamente como Vedan-
ta: o fim dos Vedas. Surgiram tantos Upanishads que, ao encerrar-se o sé-
culo V a. C., havia cerca de duzentos. A religião que chamamos de Hinduís-
mo não permite generalizações, porque evita sistemas e nega a validade de 
uma interpretação exclusiva. Os Upanishads, porém, desenvolveram uma 
concepção distinta da divindade, que transcende os deuses e, não obstante, 
está em todas as coisas (ARMSTRONG, 2008, p. 46).
Diferenças teológicas à parte, essas duas tradições religiosas consideram que as 
ações (físicas, pensamentos, atitudes e palavras) realizadas numa vida produzem 
carma (palavra sânscrita que significa “ato”). 
11
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
O carma pode ser positivo ou negativo e, vez o sujeito morre, ele precisa reen-
carnar tantas vezes quantas necessárias até atingir a iluminação (ou o Nirvana) e 
se liberar.
Alguns estudiosos consideram que o Sidarta Gautama precisou reencarnar 
mais de quatrocentas vezes antes de atingir a iluminação e se tornar o Buda (que 
significa iluminado). 
A partir dessa ideia central, hinduístas e budistas elaboram complexos e diversos 
rituais, doutrinas e reflexões filosóficas que permitem ao fiel alcançar a salvação. 
Algumas dessas práticas, como o Ioga (que coloca em prática exercícios de 
controle do corpo e da mente) e a meditação, chegam ao Ocidente de modo 
autônomo, apesar de sua estreita relação com essas religiões, do mesmo modo 
que alguns rituais ganham independência e passam a configurar outras religiões.
Processo semelhante ocorre no diálogo entre o Confucionismo e o Taoísmo, 
duas religiões de origem chinesa. Aqui, é a noção de tao (ordem do mundo) que 
aparece com significados distintos, tanto para Confúcio quanto para Lao-Tse:
A diferença mais importante entre a concepção de Lao-Tse sobre o tao 
e as outras é que Lao-Tse acreditava ser impossível descrever o tao de 
maneira direta e racional. “O tao que pode ser descrito não é o tao real”, 
disse ele. Isso significa que o homem não pode investigar ou estudar a 
verdadeira natureza do tao, não pode usar o intelecto para compreendê-
lo. Ele deve meditar, imerso numa tranquilidade sem nexos e esquecer 
todos os seus pensamentos a respeito das coisas externa, o progresso na 
vida. Só então irá alcançar a união com o tao e será preenchido pelo te, 
força vital (GAARDER et al., 2005, p. 89).
Esse modo de compreender o tao e o te implicará a forma de atuação no mundo. 
O Taoísmo implica passividade e não atividade. Para um sábio taoísta, a 
ação mais importante é a “não-ação”. Isso obviamente tem uma grande 
influência em sua visão da vida comunitária. Enquanto Confúcio desejava 
educar o homem por meio do conhecimento, Lao-Tse preferia que as 
pessoas permanecessem ingênuas e simples, como crianças. Enquanto 
Confúcio ansiava por regras e sistemas fixos na política. Lao-Tse acredita-
va que o homem deveria interferir o mínimo possível no desdobramento 
natural dos fatos. Confúcio queria uma administração bem ordenada, mas 
Lao-Tse acreditava que qualquer administração é má. “Quanto mais leis 
e mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões haverá”, diz o Tao Te 
Ching [O Livro do Tao e do Te]” (GAARDER et al., 2005, p. 89).
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13
Por fim, entre o Budismo e o Xintoísmo observamos alguns diálogos que per-
mitem certa convergência e algumas divergências. Na atualidade, sobretudo no 
Japão, observa-se que não há concorrência entre essas duas religiões e algumas 
justificativas são dadas pela história desse país. 
Diferente das religiões monoteístas ou do Budismo, o Xintoísmo não tem um 
fundador e não se sabe ao certo quando ele passou a ser praticado. Fato é que, 
no decurso da História ele se apresentava como uma religião nacional (a exemplo 
das religiões tradicionais africanas), de sorte que marca toda a vida do sujeito e 
da comunidade. 
Seus ritos estão intricados na tessitura social. Desse modo, mesmo que o 
sujeito seja praticante de outra religião (mesmo que seja monoteísta, como o Islã 
ou o Cristianismo), realizará algumas dessas cerimônias, mesmo que elas sejam 
vivenciadas como “expressões da cultura japonesa”. 
Portanto, enquanto o Xintoísmo organiza a vida social do fiel (cerimônias de 
nascimento, casamento, funeral etc.), o Budismo fornece certos parâmetros para 
a vida cotidiana, sobretudo no processo de enfretamento do sofrimento que atinge 
todas as pessoas: a doença, o envelhecimento e a morte.
Se a prece é o elemento primordial, presente em todas as religiões, conforme 
demonstrou o antropólogo francês Marcel Mauss (2001), a meditação (como 
elemento relacionado à prece) é uma prática presente em todo escopo das religiões 
tradicionais. Tomado de forma distinta e seguindo uma variedade de técnicas, fato 
é que, pormeio dos exercícios meditativos, o sujeito entra em contato com o 
transcendente e é capaz de romper com a realidade extra mundana, seja de modo 
efetivo e duradouro (no caso da iluminação budista), seja de forma passageira, 
como êxtase. 
Marcel Mauss considera a prece:
“[...] um fenômeno religioso, ou mesmo o fragmento de uma religião, 
sendo esta definida como um sistema de crenças e práticas coletivas 
dirigidas a seres sagrados reconhecidos pela tradição. Portanto, ao 
considerar a prece narrativa religiosa, produto do esforço acumulado dos 
homens e gerações, o autor afirma que ela é antes de tudo um fenômeno 
social, pois mesmo quando o crente seleciona a seu modo os termos da 
oração, naquilo que diz ou pensa, nada mais faz do que recorrer a frases 
consagradas pela tradição” (HAIBARA, Alice; OLIVEIRA, Maria Isabel. 
Verbete A prece. In: Enciclopédia de Antropologia). 
Disponível em: <http://ea.fflch.usp.br/obra/prece>
13
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
A Presença das Religiões Orientais no Brasil
Esse conjunto de religiões orientais chega ao Brasil, sobretudo, a partir do século 
XIX, com a chegada dos primeiros chineses e, posteriormente, com a presença 
japonesa, a partir de 1908. Budismo, Xintoísmo e Hinduísmo estão presentes no 
território nacional, contando entre seus adeptos não apenas com imigrantes, mas 
também com brasileiros.
De acordo com os dados censitários oficiais, o Brasil é indiscutivelmente um país 
no qual a maioria da população se declara cristã, cerca de 86% dela (sendo 64% 
católicos e 22% evangélicos). 
Entre os adeptos das religiões orientais, os budistas acumulam o maior número, 
com cerca de pouco mais de 240 mil fiéis; entretanto, o conjunto dessas religiosidades 
corresponde a cerca de 0,33% dos residentes, de um total de 489.280 mil pessoas.
No Gráfico, apresentamos a distribuição dos adeptos às religiões orientais no 
Brasil, de acordo com o Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2010).
As porcentagens demonstram a relação desse grupo de religiões entre si, vez 
que a comparação do cenário nacional demonstra a sua proporção diminuta.
Tradições Esotéricas (15%)
Outras Religiões Orientais (2%)
Outras Novas Religiões Orientais (11%)
Igreja Messiânica Mundial (21%)
Hinduismo (1%)
Budismo (50%)
Distribuição dos Adeptos das
Religiões Orientais no Brasil
Gráfico 1 – Distribuição dos adeptos das religiões orientais no Brasil
Fonte: IBGE, 2010
14
15
Apesar do pequeno número de fiéis, a presença pública das religiões orientais é 
visível, sobretudo o Budismo e as chamadas “tradições esotéricas”.
De fato, a maioria dos brasileiros, em algum momento, já teve algum contato ou 
já ouviu falar em Ioga, Tai-Chin, Buda, Krishna etc. Ou seja, o universo filosófico-
religioso oriental já permeia o cenário nacional, mesmo que isso não se reverta 
especificamente em conversões religiosas.
Ainda sobre a conversão às religiões orientais é preciso ter em mente que, entre 
os brasileiros, é comum a enunciação pública de pertencimento à determinada 
religião, mas, no dia a dia, adota práticas rituais de outras cosmologias ou 
compartilha da doutrina de outras religiões. Por exemplo, um católico que consulta 
pai ou mãe de santo, ou que acredita em reencarnação.
Retraçar a história da presença das religiões orientais no Brasil esbarra em 
algumas dificuldades: a diversidade das tradições e grupos religiosos, o baixo 
número de adeptos (proporcionalmente à população brasileira), o lento processo 
de institucionalização da religião no contexto brasileiro e o número ainda limitado 
de pesquisas sobre o tema.
Todos esses fatores devem ser considerados em conjunto e, dependendo do 
interesse da análise, um ou outro pode ganhar mais ou menos peso. 
Do ponto de vista das análises sociológicas sobre as religiões orientais no Brasil, 
percebe-se uma produção maior sobre o Budismo e, a partir dos anos 1990, dos 
movimentos neoesotéricos, o que dialoga com o aumento sistemático do número 
de imigrantes budistas vindo do Japão e da China, e o interesse crescente dos 
brasileiros por essas práticas.
Nesse diapasão, encontramos alguns trabalhos sobre o Xintoísmo, o Taoísmo, 
a Igreja Messiânica e outras religiosidades que dialogam com a população chinesa 
e japonesa. Por outro lado, o número de trabalhos sobre o Hinduísmo no Brasil é 
mais limitado, proporcionalmente ao número de imigrantes indianos.
Hinduísmo
Percebemos que aqueles grupos religiosos que já se consolidaram no território 
nacional atraem para si maior número de fiéis e também a atenção da imprensa e 
dos pesquisadores. Assim, quando falamos, investigamos a presença hinduísta no 
Brasil (cujo número de fiéis aferido pelo IBGE, em 2010, não chega a cinco mil 
pessoas. Em 2005, havia hinduístas em apenas 48 cidades brasileiras, conforme 
demonstra o mapa a seguir.
15
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Quase inexistente (22) ou não existente
Presente em 48 municipios
Hinduísmo no Brasil
Figura 3 – Hinduísmo no Brasil
Fonte: IBGE, 2005
Uma das vertentes hinduístas com presença marcante no cenário público 
nacional é a Vedanta, isto é, o ramo hindu que coloca em evidência os aspectos 
práticos da vivência descritos na parte final dos Vedas, chamado Upanishads. 
Além das bases filosófico-religiosas, nessa parte do livro são descritas ações 
práticas a serem adotadas para preparar o corpo e a mente para a iluminação. 
A ioga, que em muitos lugares é praticada apenas como um conjunto de 
exercícios visando ao bem do corpo, é uma das práticas com base Vedanta, pois 
ela serve para preparar o corpo para a meditação.
Os Vedas constituem as escrituras sagradas centrais do Hinduísmo. Escrito em forma de 
poemas, apresenta os elementos centrais da prática hindu, embora não possa ser confundido 
com um livro normativo. Vedanta é o nome que se dá a parte final dos Vedas, na qual estão 
reunidos os ensinamentos da prática Veda, chamada Upanishads. A Vendanta está presente 
em todas as vertentes do Hinduísmo.
Ex
pl
or
16
17
Umas das instituições hindu com presença forte no Brasil é a Ordem Ramakrishna, 
fundada na Índia, no final do século XIX, a partir dos ensinamentos do líder 
espiritual Sri Ramakrishna, o qual inspirou um movimento mundial conhecido 
como Ramakrishna (ou Movimento Vedanta, ou ainda, Neo Vedanta). 
Essa ordem, presente em vários países no mundo, atua nos campos educacio-
nais, religiosos, na saúde e na assistência social, por meio de duas instituições au-
tônomas, mas que trabalham em parceria e são administradas por um mesmo con-
selho diretor: a Ramakrishna Math e a Ramakrishna Mission. A primeira dedica-se 
à vida espiritual, à religião e à sua divulgação; a segunda desenvolve atividades 
humanitárias, praticadas numa perspectiva espiritual. A sede mundial da Ordem 
encontra-se em Belur Math, Calcutá, Índia.
Em 1974, fundou-se em São Paulo o Ramakrishna Vedanta Ashrama, uma 
instituição voltada à divulgação da prática e da filosofia hinduísta, por meio de 
formações, publicações, retiros, celebrações e atividades filantrópicas. Em 1999, 
filiou-se à Ordem Ramakrishna.
Atualmente a Ordem está presente no Distrito Federal e nas capitais de cinco 
estados brasileiros: São Paulo (também com um tempo em Embu-Guaçu), Paraná, 
Rio de Janeiro, Minas Gerais (com filial também em Betim) e Ceará. 
Taoísmo e Confucionismo
A presença do Taoísmo e do Confucionismo no Brasil está relacionada tanto 
à presença de imigrantes chineses, quanto japoneses, num primeiro momento, e 
depois à presença de tailandeses (sobretudo, na cidade de São Paulo).
É preciso ter sempre presente, como já assinalamos, que essas religiões podem 
ser praticadas de modo concomitante com outras filosofias e religiosidades. Desse 
modo, há certa dificuldade em identificar e classificar taoístas e confucionistas por 
meio de pesquisas censitárias. 
Observando os dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), percebemos que só são discriminados os praticantesdo Budismo 
e do Hinduísmo, sendo que as demais religiões orientais aparecem agrupadas em 
cerca de 10 mil adeptos. Um número bastante reduzido, se levarmos em conta que 
a Igreja Messiânica (de origem japonesa), possui mais de cem mil membros.
Por outro lado, embora o número reduzido de fiéis, símbolos, ritos e elementos 
da filosofia dessas religiosidades permeie o espaço público e o imaginário das 
pessoas, é difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar do Yin e Yang ou 
no grande filósofo chinês Confúcio.
17
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Figura 4 – Yin-Yang ou Taiji: Símbolo do Taoísmo
Fonte: Wikimedia Commons
Tanto a tradição taoísta, quanto a confucionista baseiam-se no livro Tao Te 
Ching (O livro do Tao e do Te), sendo tao a ordem do mundo e te a força vital. 
O modo pelo qual Confúcio e Lao-Tse interpretam o Tao marca a diferença entre 
as duas religiões. Nesse sentido, há também diferentes formas de representar e 
interpretar o Taiji (ou Yin-yang). 
Em geral o Yin-yang é representado de modo esférico, dividido em duas partes 
(uma branca e outra preta) com um pequeno círculo em cada uma dessas partes de 
cor distinta do seu entorno. 
Essa representação, utilizada como símbolo do Taoísmo, em geral é interpretada 
como o princípio da mudança, na qual o Yin é o princípio masculino (sol, diurno, 
a força, ação, claro, princípio ativo) e o Yang o feminino (lua, noturno, princípio 
passivo, escuro, reação).
Importante!
Mesmo que não tenhamos contato com o Taoísmo ou com o Confucionismo dire-
tamente, certamente já ouvimos falar de algumas de suas práticas como a ioga, o 
I-Ching, o Tai chi chuan e inúmeras outras artes marciais em que os princípios filosó-
fico-religiosos estão presentes.
Você Sabia?
Assim como ocorre com as demais religiões orientais, o Taoísmo possui algumas 
vertentes, as quais podemos classificar em cinco grupos:
• A primeira delas chama-se Dan Ding, que significa literalmente Caldeirão 
e Elixir; é a que nós chamamos no Ocidente de Escola da Alquimia;
• A segunda chama-se Fú Lù, Fú significa literalmente Correspondência, 
e Lù quer dizer ordenar. Ou seja, é a Escola da Correspondência e da 
Ordenação, referindo-se à Escola Ritualística e da Lei Cósmica;
18
19
• A terceira chama-se Jing Dian, que literalmente significa Textos Clássi-
cos. São escolas que enfatizam mais os estudos clássicos, podem ser cha-
madas de Escolas Filosóficas ou Escolas de Estudos filosóficos do Taoísmo;
• A quarta chama-se Ji Shàn, que significa Acumulação da Bondade: 
aplica os conhecimentos taoístas em benefício da sociedade, da pessoa, 
da vida; é a escola voltada para a doação e para as práticas taoístas na 
vida quotidiana;
• A última chama-se Zhan Yuàn, que significa Oráculos e Experiências, ou 
seja, Yi Jing (I Ching), Astrologia, Artes Marciais, Acupuntura, incluindo 
conhecimentos de cura através das ervas da medicina Taoísta e diversos 
trabalhos energéticos.
(Vertentes do Taoísmo. Disponível em: <http://sociedadetaoista.com.br>).
No Brasil, duas tradições taoístas se destacam: a Tradição Zheng Yì e a Tradição 
Jiulong Kunlun. A primeira difundia, por meio do trabalho da Sociedade Taoísta do 
Brasil, que é vinculada à Sociedade Taoísta da China, representa os ensinamentos 
trazidos pelas principais linhagens clássicas e possui dois templos, um no Rio 
de Janeiro e outro em São Paulo. A segunda tradição – Jiulong Kunlun – está 
presente em Ribeirão Preto, cidade do interior de São Paulo, onde se encontra a 
sede nacional, e em cinco outros estados: Amapá, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia 
e Santa Catarina.
Com presença mais tímida no cenário nacional, encontramos templos xintoístas 
e confucionistas no estado de São Paulo. Esse número reduzido deve-se, em parte, 
ao trânsito religioso entre os praticantes das religiões orientais e à forte adesão dos 
imigrantes asiáticos ao Budismo.
Importante!
Os imigrantes japoneses instalaram-se majoritariamente nos estados de São Paulo e 
Paraná, concentrando-se a oeste do estado paulista e a norte no estado paranaense. 
O terceiro estado brasileiro com maior número de japoneses é o Mato Grosso do Sul. 
No entanto, o bairro da Liberdade, na capital paulista, concentra a maior comunidade 
japonesa do mundo fora do Japão.
Você Sabia?
Budismo
De acordo com Frank Usarski (2016), a presença do Budismo no Brasil pode ser 
dividida em quatro fases, sendo que cada uma delas não é necessariamente sucessiva 
a outra no tempo, mas dize respeito à dinâmica de integração dos imigrantes, 
sobretudo japoneses, na sociedade brasileira, e à receptividade da filosofia budista.
A primeira abrange as últimas décadas do século XIX e a primeira metade do sé-
culo XX, correspondendo à chegada dos primeiros imigrantes chineses e japoneses:
19
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Mais relevante para a história do Budismo brasileiro, do que os tímidos 
movimentos imigratórios de chineses no decorrer do século XIX, foi a 
chegada de 186.272 imigrantes japoneses oficialmente registrados entre 
1908 e o início da Segunda Guerra Mundial (IZUMI, 2012, p.30). Nos 
meios dos imigrantes japoneses da época, a prática budista predominante 
era associada ao Budismo Shin, caracterizado pela devoção coletiva ao 
Buda Amida em desfavor de aspectos meditativos típicos para o Budismo 
Zen ou de exigências intelectuais típicas de um Budismo “erudito”. 
(USARSKI, 2016, p. 719)
A principal característica desse período é que a religião ficou restrita aos 
imigrantes e a seus descendentes por dois motivos principais: ele servia de base 
para a coesão do grupo em meio às diversidades enfrentadas no Brasil e, sobretudo, 
parte dos japoneses não tinha expectativa de fixar residência em terras brasileiras, 
portanto, não havia a preocupação em se integrar à sociedade nacional.
Fixados na capital e no interior paulista, os japoneses se deslocaram para o 
norte do estado do Paraná e no Mato Grosso do Sul. Os primeiros templos foram, 
portanto, fundados nessas regiões, que até hoje lá se concentram, enquanto, em 
1923, no Rio de Janeiro, a comunidade chinesa fundou a Sociedade Budista do 
Brasil, por intermédio do teósofo Loureço Borges.
Essa Sociedade era, originariamente, destinada aos budistas ocidentais, entre-
tanto, ela foi fechada e reaberta em 1967, como uma instituição voltada à promo-
ção do Budismo de tradição Theravada.
Importante!
O bairro da Liberdade, na capital paulista, concentra a maior comunidade de japoneses 
fora do Japão no mundo.
Você Sabia?
A segunda fase corresponde ao período pós-guerra, quando o sonho de retornar de 
muitos imigrantes japoneses não se concretizou, iniciando um processo de integração 
à sociedade brasileira e ao enfrentamento dos preconceitos ainda presentes:
A derrota do Japão e a posterior desistência pública do Imperador do seu 
tradicional status como figura divina tiveram um impacto profundo sobre 
a tradicional relação complementar entre as religiões. Privado da sua base 
legitimadora, o culto ao Imperador perdeu sua conotação imediatamente 
religiosa o que, no caso da colônia japonesa no Brasil, coincidiu com o 
desafio ambíguo de preservar a cultura do país de origem e ao mesmo 
tempo de se manter aberto para os desafios do abrasileiramento 
(USARSKI, 2016, p. 722).
Nesse período um conjunto de instituições budistas foi fundado em São Paulo e 
no Paraná, todas associadas à comunidade japonesa, como, por exemplo: expan-
são da escola Honmon-Busutryu-shu, Taubaté/SP (1949), Londrina/PR (1950), 
20
21
Itaguaí/RJ (1950) e a sede em São Paulo (1962); a Escola Tendai e o ramo Otani 
da Escola Jodo Shinshu abrem seus tempos na década de 1950. O ramo Honpa 
da Escola Jodo Shinshu estabeleceu sua sede nacional na cidade de São Paulo; 
início das missões do Outras Soto-Zen e do Nichiren-shu, no Brasil, e a fundação 
da Federação das Seitas Budistas no Brasil (1958).
Importante!
“Quanto ao Budismo, vale a pena lembrar que, no geral, no Japão, o Xintoísmo, o Bud-
ismo e,na maioria dos casos, as mais recentemente fundadas novas religiões coexistem 
harmoniosamente em termos institucionais. Ao mesmo tempo, devido às suas caracte-
rísticas específi cas e lógicas particulares, as correntes cumprem funções diferentes, isto 
é, complementam-se em termos de apoio e conforto diante de problemas experimenta-
dos em diferentes níveis da existência. Nesse sentido, é comum que o mesmo indivíduo 
se identifi que como “xintoísta” e, como “budista”, às vezes, também como aderente de 
um movimento, como Seicho-no-Iê. Segundo Maeyama, do ponto de vista histórico, 
o Confucionismo e o associado culto ao Imperador eram mais associados ao ethos na-
cional em prol da coesão coletiva no nível “macro”. O Budismo era, em primeiro lugar, 
relacionado ao “lar” e ao parentesco, enquanto a maioria das novas religiões japonesas 
direcionava-se ao indivíduo (MAEYAMA, 1983, p.205); (USARSKI, 2016, p. 721).
Importante!
A partir da década de 1960, inicia-se a terceira fase do Budismo no Brasil, a 
qual reflete o interesse de intelectuais pela a Soto Zen, em particular, e pelo Budis-
mo japonês, em geral. 
De acordo com Usarski, esse fenômeno se deu por três motivos: primeiramente, 
houve uma positivação da imagem do Oriente no Ocidente, proporcionada por obras 
filosóficas e literárias; o segundo, a ampliação do conhecimento sobre o Budismo 
em geral, e pelo Budismo Zen, promovido pela popularização de publicações sobre 
o tema; por fim, o terceiro aspecto foi:
[...] o papel catalizador do já citado templo soto-zen Busshinji, na cidade 
de São Paulo, que durante o período em questão abriu-se gradativamente 
para uma clientela mais ampla. Uma das figuras-chave para este processo 
era o mestre Rosen Takashina Roshi, que tinha visitado a “colônia 
japonesa” pela primeira vez em 1955. Um ano mais tarde, sua ordem 
mandou-lhe novamente para o Brasil, desta vez por ocasião da fundação 
do templo Busshinji (USARSKI, 2016, p. 725).
Por fim, a quarta fase, iniciada nos anos 1980, marcada pela diversidade e 
expansão da presença budista no Brasil. Multiplica-se o número de instituições, os 
ramos do Budismo, e cresce o número de adeptos entre brasileiros e não japoneses.
Do ponto de vista demográfico, conforme vimos acima, o Budismo é a religião 
oriental (assim considerada, embora a origem seja indiana) com o maior número 
de adeptos no país. 
21
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
O aumento de imigrantes coreanos, chineses e tibetanos tem colaborado para 
o aumento dessas cifras; mas é sobretudo entre brasileiros que cresce o número 
de adeptos, compondo o chamado “Budismo de conversão”, principalmente, pela 
ação de instituições budistas tibetanas.
No gráfico a seguir, apresentado por Shoji (apud Frank Usarski – 2008, p. 142), 
com base no Censo Demográfico de 2000, percebemos que ainda há concentração 
das instituições budistas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
Outros (16%)
Distrito Federal (3%)
Minas Gerais (4%)
Rio Grande do Sul (5%)
Paraná (10%)
Rio de Janeiro (11%)
São Paulo (51%)
Gráfico 2 – Distribuição Geográfica das Instituições Budistas no Brasil
Fonte: Adaptado de Shoji, 2004
Considerações Finais: 
Os Movimentos (NEO) Esotéricos
Os assinantes de muitos dos grandes jornais e revistas no Brasil não se sur-
preendem mais com determinado tipo de anúncio que continua a ocupar 
espaço no caderno de classificados, oferecendo consultas por meio do tarô, 
numerologia, runas, I-Ching, astrologia e outros sistemas oraculares. Os 
frequentadores de livrarias, por sua vez estão já acostumados com o desta-
que, nas estantes colocadas estrategicamente na entrada da loja, para livros 
rotulados sob a rubrica “esotéricos”, “místicos” ou de “autoajuda”. Isso sem 
mencionar os programas de televisão dedicados a divulgar terapias alterna-
tivas, ou ainda os diversos espaços, lojas, agências e comunidades também 
voltadas para essas atividades (MAGNANI, 2000, p. 7).
22
23
Depois de dez anos de haver escrito essa introdução, a reflexão do antropólogo 
José Guilherme Magnani sobre o fenômeno conhecido como “nova era” (new 
age, em inglês), neoesoterismo, misticismo contemporâneo ou Era de Aquário, 
continua atual. 
Acrescentaríamos, talvez, na lista acima, as redes sociais e o papel crucial da 
Internet em substituição aos 0900 tão populares na década de 1990.
Quanto ao movimento da Nova Era, nome emprestado da Cosmologia 
Astrológica, em que é dado destaque a mudanças estruturais na sociedade, devido 
à passagem de um ciclo zodíaco a outro:
De acordo com o esquema dos ciclos do ano zodiacal, a era de Touro, 
por exemplo, correspondeu às civilizações mesopotâmicas, a de Áries, à 
religião mosaico-judaica e a de Peixes – que teve início com o advento do 
cristianismo – ao término dos 2.100 anos de sua duração, levou ao limite 
os valores identificados com o mundo de vida ocidental. A nova era agora 
se inicia é a Era de Aquário, trazendo ou anunciando profundas alterações 
para os homens em sua maneira de pensar, sentir, agir e relacionar-se uns 
com outros, com a natureza e com a esfera do sobrenatural (MAGNANI, 
p. 2000, p. 10).
A virada do segundo para o terceiro milênio, portanto, seria marcada por 
transformações profundas no modo de ser e estar no mundo. Essa leitura mística 
da realidade, encontra respaldo nos grandes eventos observados na virada do 
século XIX para o XX: duas grandes guerras, descolonização da África, mudança 
de regimes políticos, descobertas científicas e tecnológicas, conquista do espaço, 
revoluções culturais como os movimentos de contracultura experimentados nos 
Estados Unidos e na Europa (merecendo destaque os movimentos xamânicos, os 
conflitos de maio de 1968 na França e a primavera de Praga); a descoberta de 
novos psicoativos, a revolução sexual (com a aprovação do divórcio em muitos 
países e a popularização do contraceptivo e da fertilização in vitro).
Do ponto de visto da reflexão que fazemos nessa Unidade, todos esses eventos 
ganham novo realce quando percebemos, após a Segunda Guerra, uma aproxima-
ção cultural entre o Ocidente e o Oriente. Isto é, a presença de gurus indianos na 
Europa e nos Estados Unidos, a divulgação de práticas de meditação e novas for-
mas filosóficas de vida impactam o modo pelo qual alguns vivem suas experiências 
sociais e religiosas.
A partir dos anos 1970, cresce enormemente a procura pela espiritualidade 
oriental, ganhando destaque o Hinduísmo, o Budismo e Taoísmo, religiosidades 
são rapidamente associadas às cosmologias ameríndias, celtas etc. 
Em síntese, o mundo ocidental que havia racionalizado a transcendência por 
meio dos dogmas cristãos, vê-se agora povoado por seres e orientado por fluxos 
energéticos em que as divindades participam da realidade humana de modo muito 
mais palpável e observável.
23
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
No Brasil, conforme Magnani (2000), esse movimento ganha força a partir dos 
anos 1960 entre a juventude intelectualizada. Embora, conforme vimos acima, as 
religiões de origem oriental estejam presentes no país desde a virada do século 
XX, é a partir desse período que práticas orientais como a ioga, a acupuntura, 
a meditação etc. são difundidas com maior intensidade, saindo do círculo dos 
asiáticos e de seus descendentes.
O movimento da Nova Era contribui, portanto, para familiarizar entre os 
ocidentais princípios e práticas das religiões orientais. Se, por um lado, há um 
interesse crescente pelas filosofias budistas, taoístas ou indianas, por outro, 
missionários dessas religiões também estão empenhados em difundir cada vez mais 
suas crenças:
Procurando colocar um pouco de ordem nessa imensa heterogeneidade, 
Magnani estabeleceu uma tipologia classificatória, considerando os 
objetivos a que se dedicam, as normas de funcionamento e os produtos 
oferecidos. Num primeiro grupo, denominado Sociedades Iniciáticas, 
aglutinou as práticas que se caracterizam por apresentar um sistema 
doutrinário com princípios filosóficose religiosos definidos, com corpo de 
rituais próprios e níveis de iniciação codificados. Nesse grupo, à guisa de 
exemplo, estão a Sociedade Eubiose, A Sociedade Teosófica, a Sociedade 
Antroposófica, a Ordem Rosacruz AMORC, as instituições religiosas 
estruturadas etc. No segundo grupo, Centros Integrados, estão aqueles 
que reúnem e organizam, num mesmo espaço, vários serviços e atividades, 
tais como consultas oraculares, terapias e técnicas corporais, palestras, 
cursos, venda de produtos etc. No terceiro grupo, Centros Especializados, 
Magnani inclui as associações, academias, clínicas e institutos, como 
Associação Palas Athena por exemplo. Num quarto grupo, denominado 
Espaços Individualizados, estariam aquelas organizações sem linha 
doutrinária e a cargo de uma ou poucas pessoas, que oferecem produtos 
variados, como astrologia, shiatsu, acupuntura etc. Magnani chama 
a atenção para o fato de tal grupo apresentar, num de seus extremos, 
uma aproximação com a religiosidade popular, como a leitura de búzios 
e cartas. No último grupo, Pontos de Vendas, estão aqueles que possuem 
um aspecto mais comercial e mantém com o esoterismo uma ligação 
mais pragmática que doutrinária, comercializando imagens, incensos, 
cristais, viagens, discos de música New Age etc. Exemplo típico são as 
lojas Além da lenda em qualquer grande Shopping Center de São Paulo 
(GUERRIEIRO, 2003, p. 130)
24
25
Embora o Brasil seja majoritariamente cristão, a relação de longa duração entre 
Cristianismo e religiões afro-brasileiras de certo modo favoreceu certa abertura 
para a incorporação no cotidiano religioso cristão de elementos de outras religiões. 
Do ponto de vista institucional, cada religião ocupa seu espaço (e observa-se, 
inclusive, ações de conflito e intolerância religiosa); entretanto, na prática, o trânsito 
entre os universos cosmológicos é bastante atuante.
Esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pelo fato de que, assim como 
as religiões afro-brasileiras, as religiões orientais não exigem exclusividades de 
seus fiéis (como no Cristianismo, Judaísmo e Islamismo) e alguns de seus rituais 
e filosofia dialogam com o universo cristão: a prática da caridade, a busca pelo 
equilíbrio e a evitação do mal. 
Importante!
“O fenômeno da Nova Era está, sim, relacionado a modifi cações que vêm ocorrendo no 
campo dos comportamentos e das práticas religiosas contemporâneas, mas não constitui 
uma religião específi ca (ao menos no molde eclesiástico), pois não se encaixa em seu 
formato canônico, com hierarquia, dogmas, culto organizado, doutrina revelada. Insere-
se nesse campo porque abre espaço e condições para o exercício de novas formas de 
manifestar o sentimento religioso. Nesse sentido inclui, favorece e desenvolve aspectos 
de religiosidade, pois em muitos de seus arranjos há ritos e celebrações como forma 
de expressão coletiva da experiência religiosa. E certamente incorpora o elemento da 
espiritualidade, entendida como forma mais individualizada de expressar a vivência 
do sagrado em seu sentido mais amplo” (MAGNANI, 2000, p. 52).
Em Síntese
Por fim, convém destacar que a marca do Brasil é a diversidade cultural, racial e 
também religiosa. Portanto, como num grande mosaico, religiosidades de origem 
africana, europeia e oriental dialogam com as cosmologias ameríndias. Embora os 
conflitos não estejam ausentes nesses diálogos, vemos a cada dia florescer novas 
formas dos sujeitos relacionarem-se com o transcendente.
25
UNIDADE Religiões Orientais: Aspectos Teológicos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Budismo
https://goo.gl/1egcuo
O Tao e o Taoísmo
https://goo.gl/bFp5Rx
Taoísmo
https://goo.gl/UqzVMY
Filosofia Vedanta
https://goo.gl/Baxzwp
 Livros
Mystica urbe: um estudo antropológico sobre o circuito neo-esotéricos na metrópole
MAGNANI, José Guilherme. Mystica urbe: um estudo antropológico sobre o circuito 
neo-esotéricos na metrópole. São Paulo: Studio Nobel, 1999. Resumo: o livro descreve 
e analisa um conjunto particular de atividades e comportamentos, que, não obstante a 
heterogeneidade que à primeira vista exibe, configuram um circuito bem delimitado na 
dinâmica e na paisagem da cidade;
História, religiões e religiosidade: da antiguidade aos recortes contemporâneos, novas abordagens e debates 
sobre religiões
RODRIGUES, André Figueiredo; AGUIAR, José Otavio (org.). História, religiões 
e religiosidade: da antiguidade aos recortes contemporâneos, novas abordagens e 
debates sobre religiões. São Paulo: Humanitas, 2016. v. 1. p. 1-488.
As máscaras de Deus: mitologia oriental
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus: mitologia oriental. São Paulo: Palas 
Athena, 1999.
Nova Era: uma manifestação de fé da contemporaneidade
Fernandes Serrano Birchal, Fabiano. Nova Era: uma manifestação de fé da 
contemporaneidade, Horizonte: Revista de Estudos de Teologia e Ciências da 
Religião, Minas Gerais, v. 5, n. 9, p. 97-105, 2006. 
As Novas Religiões Japonesas e suas Estratégias de Adaptação no Brasil
Peter B. Clarke. As Novas Religiões Japonesas e suas Estratégias de Adaptação no 
Brasil, REVER: Revista de Estudos da Religião, São Paulo, n. 02, p. 22-45, 2008.
O Budismo em São Paulo
Usarski, Frank. O Budismo em São Paulo, REVER: Revista de Estudos da Religião, 
São Paulo, v.13, n. 2, p.83-99, 2013.
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Referências
ARMSTRONG, Karen. Uma história de Deus: quatro milênios de busca do 
judaísmo, cristianismo e islamismo. São Paulo: Cia das Letras, 2008.
GAARDER, Joistein et al. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2005.
GUERRIEIRO, Silas. A Diversidade Religiosa no Brasil: A Nebulosa do Esoterismo 
e da Nova Era, Revista Eletrônica Correlatio, n. 3, p. 128-140, abr. 2003.
HAIBARA, Alice; OLIVEIRA, Maria Isabel. Verbete: prece. In: Enciclopédia de 
Antropologia. Disponível em: <http://ea.fflch.usp.br/obra/prece>. Acesso em: 
01/02/2018.
MAGNANI, José Guilherme. O Brasil da Nova Era. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2000.
SHOJI, Rafael. The nativization of East Asian buddhism in Brazil. PhD Thesis, 
University of Hannover, 2004. Apud. USARSKI, Frank. Declínio do Budismo 
“amarelo” no Brasil. Tempo Social, revista de sociologia da USP, São Paulo, v. 
20, n. 2, 2008.
USARSKI, Frank. O Budismo de imigrantes japoneses no âmbito do Budismo 
brasileiro, Horizonte, Belo Horizonte, v. 14, n. 43, p. 717-739, jul./set. 2016.
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